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Ana Izabel - Resumo texto 3


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Universidade Federal do Rio de Janeiro 
Monitoria: Questão Social no Brasil. 
Texto: Questão social: particularidades no Brasil; Josiane S. Santos. 
Professora: Ana Izabel Moura. 
Monitora: Ana Paula de Oliveira Fagundes. 
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Objetivo e pensamento teórico 
 
 
O objetivo da autora é elucidar sobre as particularidades da questão social no Brasil, baseando-
se nas categorias formação social e modo de produção de maneira que se coloque em evidência 
a compreensão sócio histórica do Brasil e como ele se moldou no desenvolvimento de sua 
própria história (a partir dos sujeitos históricos!) 
 
Vale lembrar que: O resgate histórico que se faz necessário, não se trata de uma historiografia 
pura, mas sim relacionar elementos cruciais da história que ajudam na compreensão sócio 
histórica, estamos falando de cada sujeito histórico, as relações sociais e a concepção de espaço 
e tempo. 
 
Para se fazer então esse resgate histórico, cabe-nos aqui utilizar um pensamento teórico 
adequado: a tradição marxista. A autora nos alerta que nem toda aproximação à Marx é 
suficiente, devemos evitar aquelas que tratam a história como algo “naturalmente determinado”, 
como se a história tivesse a sua própria teleologia desvinculada dos sujeitos históricos. A 
proposta da autora é pautar numa perspectiva ontológica-social que em resumidas palavras: 
“formas de ser, determinações de existência” e uma “reprodução teórica que necessariamente 
vai a nível do intelecto, do movimento do real”, é necessário considerar a primazia da ontologia 
em relação à teoria. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O pensamento de Marx tem como categoria central a categoria de totalidade, o que se contrapõe 
ao determinismo histórico, pois a história não possui teleologia, ela não muda a partir de si mesma 
numa caracterização automática. 
Para Marx o ponto de partida é sempre um fato, uma expressão fenomênica do real, ou seja antes 
de pensar, temos que ter o real concreto. O aparente para Marx não é descartável, porém é 
repensado, o empirismo é analisado de maneira que se revele a essência e não fiquemos apenas 
na aparência: se a aparência revelasse de fato a essência, não precisaríamos de teorias 
reflexivas, bastava apenas olhá-las de forma imediata que encontraríamos automaticamente a 
sua verdadeira determinação. É por isso que devemos fazer a volta, ir além do aparente de 
modo reflexivo, ou seja à nível do pensamento e ter o real concreto pensado: o nosso ponto 
de partida é o nosso ponto de chegada. 
 
 
Quando falamos em particularidades da questão social no Brasil temos que nos ater ao seguinte: 
não estamos negando a universalidade, dentro do marxismo temos a categoria de totalidade e 
dentro dela temos determinações específicas, diversificadas que não devem ser excluídas, mas 
recolocadas em um todo universal. No objeto que estamos analisando, a questão social e as 
particularidades no Brasil, temos por exemplo as influências regionais, mas que não devem 
ser entendidas somente a partir delas. Na formação brasileira houve influências de diferentes 
projetos com a chegada dos colonizadores que foram disputados. Essa disputa é responsável 
por desenhos específicos no país. É importante ressaltar essas particularidades e é importante 
também reiterar que: não trata-se de um todo puramente harmônico, mas sim uma totalidade 
como uma síntese de múltiplas determinações. 
Como fazer isso? 
A questão social em suas particularidades tem uma orientação teórico metodológica que faz o 
corte temporal e espacial. Esse corte de tempo e espaço é feito em relação ao capital/ trabalho 
que tem categorias analíticas, categorias construídas a nível do pensamento. A partir dessa 
construção histórica é possível visualizar a questão social, ainda que não apareça nos escritos 
de Marx. 
A proposta de periodização consiste numa formação social como um concreto pensado que 
diferencia-se do mito, da naturalização e do divino. A partir disso, temos a possibilidade de 
instrumentalizar e chegar numa intervenção que permite a ruptura. Aqui devemos ter a 
concepção que a nossa história foi feita por diferentes homens e mulheres e é essa mistura que 
formou a nossa sociedade brasileira e a partir dessa afirmação não podemos ter uma concepção 
acrítica da história: a história contada não pode se esgotar na história dos vencedores. É com 
essa afirmação que começaremos a periodizar a nossa história: a historicidade da questão 
social no Brasil não é natural, devemos desnaturalizar os processos e não devemos 
atribuir interpretações que se limitam a responsabilização individual. 
 
 
Brasil Colônia (1500-1822) 
 
 
Temos a origem da formação social brasileira: Brasil como colônia de Portugal ocasionado pela 
expansão marítima (alternativa a crise na Europa Ocidental). A nossa colonização em primeira 
instância foi para atender aos interesses comerciais da metrópole, voltados para o mercado 
externo europeu (pg.55). Em relação ao capitalismo europeu: vivia-se nesse momento (século 
XVI) a transição da cooperação para a manufatura (até século XVIII). 
No Brasil temos o primeiro momento: a extração do pau-brasil que rapidamente se esgotou, a 
necessidade de Portugal de defender o território contra outras metrópoles, assim como fiscalizar 
e evitar os contrabandos. A prerrogativa inicial que Portugal teve em relação ao Brasil foi a 
exploração comercial extensiva das potencialidades do território: Havia a necessidade de 
produzir gêneros alimentícios que a Europa não comportava, além disso a escassez populacional 
portuguesa impedia a ocupação do território. 
 
Periodização desse período: 
 
 Primeiro momento: reconhecimento do território e a instalação do Governo Geral em 
1549. 
 Segundo momento: A instalação do Governo Geral sinaliza o início da colonização. 
 O terceiro momento: a partir do século XVIII é sinalizado transformações na ordem 
mundial o que deflagra a decadência do sistema colonial. 
 
Em relação à força de trabalho: devida à escassez já mencionada, foi necessário 
revigorar a escravidão na era moderna, aqui temos a afirmação que apesar do 
anacronismo com a realidade europeia que já tinha a força de trabalho livre, a 
escravidão nesse período foi funcional e necessária ao desenvolvimento capitalista 
comercial. 
 
 As atividades econômicas e suas características: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A partir do século XVII temos a nova divisão internacional do trabalho capitalista, onde a 
Inglaterra e França disputam a hegemonia pelos mercados coloniais em decadência. O fim do 
período colonial é resultado do descompasso que se encontrava em relação ao contexto 
econômico mundial e que já não era funcional ao capitalismo internacional. 
 
Período monárquico (1822-1889) 
Diversidade regional relaciona-se à 
um política de ocupação que tem a 
primazia o lucro (Nordeste-sudeste-
centro-oeste) 
 A ideia de apenas extrair vantagens 
de uma natureza abundante teve 
suas consequências à nossa 
formação social. 
Grandes propriedades territoriais 
agrárias para poucos; a questão 
indígena jamais solucionada; papel 
secundário de subsistência; 
descompasso da educação com as 
demais regiões; corrupção e a 
fronteira inexistente do público e 
privado 
Em relação à força de trabalho: devida à escassez já mencionada, foi necessário 
revigorar a escravidão na era moderna, aqui temos a afirmação que apesar do 
anacronismo com a realidade europeia que já tinha a força de trabalho livre, a 
escravidão nesse período foi funcional e necessária ao desenvolvimento 
capitalista comercial. 
 
 
1822-1850: marca um período conturbado para o Brasil, temos aqui um reconhecimento da 
independência brasileira que resulta num empréstimo de indenização que inicia-se uma dívida 
externa. O processo de independência desmitifica o mito de harmonização e do homem cordial(apontado por Chauí e por outros autores), pois não foi um processo pacífico: conflitos militares 
portugueses presentes no Brasil; as elites que ascendiam ao poder que priorizavam os seus 
interesses pessoais e individuais; uma classe senhorial que tinha as relações sociais com 
outras classes de forma precária e autoritária. 
No aspecto econômico temos o déficits da balança comercial, resultante do descompasso da 
exportação em relação à importação. Era como produtor agroexportador que o Brasil funcionava 
no papel na divisão internacional do trabalho. No século XIX o café assume sua importância 
econômica como principal produto de exportação do país. 
Temos também a oposição internacional em relação ao trabalho escravo, onde a partir das 
pressões inglesas o tráfico escravo foi abolido em 1850 numa relação conflituosa. A abolição da 
escravidão resultou para o Brasil a escassez de força de trabalho, uma vez que abolida e dadas 
às péssimas condições de reprodução do escravo, essa força de trabalho foi esvanecendo-se 
cada vez mais. A luta inglesa para o fim do tráfico de escravo não partiu-se de um pretexto moral, 
mas sim econômico: era necessário um mercado consumidor que absorvesse a produção, agora 
num contexto industrial e com revoluções técnica-científica que baseava-se na universalização 
do trabalho assalariado. 
A inadequada oferta de trabalho no Brasil constitui-se um problema econômico que perpassou 
também os problemas políticos. Em relação à economia temos a expansão do café e a 
importância do sudeste devido à essa expansão, temos também a decadência da mineração 
devido ao seu exaurimento e o descompasso que o Brasil se via em relação ao capitalismo 
internacional. 
O plantio de café resultou uma classe senhorial que teve como caráter burguês devido às 
aplicações de capitais em investimentos econômicos que priorizava a expansão, porém não se 
voltava na melhoria dos métodos de cultivo. As consequências disso: 
 Superprodução e a política de valorização do café. 
 Revoltas regionais devido à importância política. 
 
Temos também um descompasso da manufatura aqui no Brasil em relação à conjuntura 
internacional devido principalmente ao atraso nas condições técnicas de produção. 
Em relação aos sujeitos históricos: a elevada disponibilidade de força de trabalho devido ao fim 
do tráfico negreiro, essa disponibilidade era perpassada por condições miseráveis de vida que 
levava à população à uma vida incerta e de crime. 
Os investimentos internacionais que tivemos aqui no Brasil permitiram construir um Estado que 
servisse a classe senhorial e ao mesmo tempo legitimasse a sua autoridade. Foi nas condições 
internas e externas atreladas às necessidades do capital de se expandir que altos investimentos 
em obras públicas, devido a disponibilidade de recursos foram feitos. Também, nesse processo 
que ocorre a transformação da população negra em classe trabalhadora (devido à imposição 
internacional de acabar com a escravidão). Nesse quadro, a população negra excluída de 
condições mínimas e dignas de trabalho, devido ao preconceito, ao racismo, ao ideário de que o 
trabalhador imigrante é mais eficiente, ao imaginário de sua desqualificação, é a partir disso que 
essa população se vê obrigada a se estabelecer na servidão (anacronismo). Ao mesmo tempo, 
temos a imigração de trabalhadores livres para fomentar a economia, as relações de trabalho 
ainda tinha continuidades das relações de poder que vigorava no Brasil. 
 
A República Velha (1889- 1930) 
 
Algumas modificações importantes: 
 
 Proclamação da República em 1889 com estrutura de divisão dos poderes comandada 
pelo presidencialismo; As oligarquias de SP, RS E MG se reversam no poder. 
 Atitude laica de separação entre Estado e Igreja, a liberdade de culto religioso para 
atender a adaptação dos imigrantes (não a dos ex-escravos) 
 Consolidação do Capitalismo no Brasil devido a abolição do trabalho escravo e a 
instituição do trabalho assalariado. As etapas do capitalismo no Brasil a partir desse 
período: economia exportadora, industrialização restringida e a industrialização pesada. 
 
É durante República velha que temos a constituição do capitalismo no Brasil onde a sua situação 
econômica é de produção agroexportadora devido a nova ordem econômica mundial: cria-se 
uma nova divisão internacional do trabalho, adequada aos principais centros da indústria 
moderna, transformando uma parte do planeta em áreas de produção...agrícola e 
outra...industrial (pg.70). O café nesse momento é o principal produto a ser exportado, devido à 
sua importância teve nesse momento investimentos de capital financeiro internacional no país e 
são esses investimentos que são os responsáveis pelo equilíbrio na balança comercial do país. 
Devido aos grandes contingentes de produção de café, foram criadas soluções para a sua 
superprodução: a elevação artificial de seu preço, a destruição dos estoques. 
Os produtores de café apesar de conter esses estoques não conseguiam encontrar locais para 
aplicação de seu capital excedente, a solução surge com o capital financeiro que começa a 
investir técnicas na produção e passa a controlar essa atividade. 
Junto com café outras atividades econômicas que em sua maioria voltava-se ao mercado externo, 
exceto o açúcar, também foram feitas, tais como: a extração da borracha, o cacau para os países 
europeus amantes de chocolate. É esse caráter agroexportador do Brasil na consolidação do 
capitalismo. A crise de 29 ressalta a necessidade do país de ter tanto a produção agrícola quanto 
a produção industrial para o mercado interno. 
As expressões da questão social são vistas à medida que a classe detentora de terras 
agrícolas possuíam relações de trabalho pautadas na exploração. Os sujeitos a partir das 
precárias condições de vida, iniciam conflitos entre capital e trabalho. Tais manifestações eram 
tratadas na base da repressão, o não direito à expressão e criminalização de qualquer ação 
contra à sociedade. Surge nesse momento o Partido Comunista em 1922, como o único partido 
nacional do Brasil. 
Com a crescente urbanização, as bases sociais pautadas na oligarquia ruíram-se à medida que 
surgia uma nova produção econômica. Foi nesse contexto que após a política café com leite, 
ocorre a Revolução de 30 que depõe Washington Luís, dando posse à Getúlio. Aqui temos a 
premissa de uma oposição oligárquica e uma busca de uma alternativa além do café. 
 
Primeiro governo Vargas (1930-1945) 
 
No aspecto econômico trata-se de um período em que inicia-se o processo de substituição de 
manufaturados pelos da indústria nacional e dando início à industrialização restringida, é 
restringida porque eram insuficientes as bases técnicas e financeiras. Ocorre também uma 
política nacionalista que iniciou o desenvolvimento de setores importantes da indústria de base. 
A política industrialista não rompeu com a burguesia agrária. 
No aspecto político a centralização do poder é marca de Getúlio com um discurso nacionalista e 
uma autonomia de Estado, devido à incapacidade hegemônica das classes, em sua última fase 
em 1943, inicia-se o aprofundamento da intervenção do Estado na economia através da política 
trabalhista e do investimento direto na industrialização, com claras diretrizes nacionalistas. 
Getúlio contribui também para a universalização dos interesses burgueses e a formação do 
Estado capitalista como um agente econômico central 
As forças políticas que apoiaram Getúlio: tenentes, Igreja Católica, democratas e republicanos 
paulistas, a burguesia industrial (protecionismo estatal que tinha), esta última merece atenção, 
pois: não aderiu de forma instantânea ao novo governo, a sua resistência deve-se a política 
trabalhista. 
 
É nesse período que Vargas se transforma o “pai dos pobres”, pois capitaliza para o seu 
prestígio pessoal todas essas medidas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Em 1930 muda aorientação às respostas para a questão social: A 
constituição de 1934 o Estado preserva os direitos sociais e regula os 
contratos de trabalho, as profissões e sindicalismos com uma marca de 
controle ideológico nestes. 
Na política educacional investiu nos 3 níveis de ensino com a grande 
novidade da estruturação do nível secundário, com uma política 
profissionalizante e qualificadora da mão de obra nas indústrias. 
A sua queda se deu mais por questões de política externa: a entrada na Segunda Guerra 
evidenciou a contradição em seu governo, começa os sinais de enfraquecimento e as inflações 
na economia resultaram: uma alta dos preços da oferta de bens e serviços. A classe média 
urbana e os assalariados foram os que mais sofreram devido a redistribuição de renda que 
beneficiava empresários. Inicia-se então o processo de redemocratização, através de eleições 
convocadas para o Executivo Federal, os estaduais e o Legislativo. 
Período republicano democrático (1945-1964) 
O período a seguir foi extremamente heterogêneo tanto politicamente, socialmente quanto 
economicamente. Temos como características o planejamento econômico e do controle do 
Executivo pelo Legislativo. As dívidas herdadas do período anterior evidencia a preocupação 
permanente das classes dominantes em disputa pela hegemonia de seus interesses na direção 
da privatização do Estado. É nesse período que se completa a fase do capitalismo, conhecida 
como industrialização pesada e consequentemente, a revolução burguesa no Brasil. 
 
 
 
 
 
 
 
Aspecto político Aspecto econômico Aspecto social 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O Estado e a burguesia somam forças em poder unificado, onde o Estado como 
um porta-voz funciona como um intermediador dos interesses dessas classes, 
passando uma ideia de interesse nacional. 
 
Quanto as políticas sociais, as respostas foram mínimas em relação às 
mobilizações rurais e urbanas, eram tratadas na base de conciliação e repressão. 
Muitas sucessões 
presidenciais; instabilidade 
nas bases de apoio; o 
getulismo como divisor de 
águas; forças políticas 
como as facções da 
burguesia, proprietários 
fundiários, uma classe 
média urbana, movimentos 
sindicais e as ligas 
camponesas foram 
presentes e com interesses 
diversificados 
Todos os chefes de Estado 
não conseguiram superar o 
agravamento da crise; 
crescente dívida externa; 
fracasso no controle da 
inflação; a presença do 
populismo como ideologia 
de Estado; a política 
trabalhista acrescenta-se o 
direito à greve, mas que na 
prática era duramente 
reprimida. 
A deterioração da vida da 
maioria da população, 
especialmente nos centros 
urbanos; as condições 
precárias de ida e volta ao 
trabalho; o crescimento da 
opção de moradia nas 
favelas; o não acesso 
desses grupos à higiene e 
conforto. 
A volta de Getúlio em 1951 é marcada pela fragilidade econômica e política devido às políticas 
externas dos EUA: vigorou-se nesse momento um salto à industrialização com um setor de bens 
de produção que tinha como liderança a empresa pública e uma mínima participação da empresa 
estrangeira...esse conteúdo nacionalista despertou resistência por parte do capital estrangeiro. 
Nesse período temos uma relativa autonomia sindical derivado das condições péssimas de vida, 
greves que impactaram a governabilidade de Getúlio, levando ele afastar João Goulart do 
ministério do Trabalho. Temos também uma posição de radicalizar o nacionalismo e o anti-
imperialismo nas medidas econômicas, essas posições todavia deram fôlego aos militares de 
promover uma oposição. 
 
 
 
 
O suicídio de Getúlio antes do projeto militar de chegar ao poder, trouxe inúmeros protestos que 
fizeram os militares aguardarem 10 anos para empreitada. 
Em 1955 é eleito JK que teve como base uma política nacional-desenvolvimentista, uma 
intervenção estatal em áreas estratégicas, incentivo à industrialização nacional e atração do 
capital estrangeiros com facilidades fiscais. Tivemos então, o desenvolvimento econômico 
associado ao capital estrangeiro. O êxito econômico de JK se evidenciou à uma política 
econômica de autossuficiência. 
Em 1960 Jânio Quadros vence contra João Goulart, sua emblemática se baseava num “curso de 
combate à corrupção”, renunciou e ficou até 1961, mostrando inabilidade de conciliar forças da 
esquerda e direita e também ausência de condições histórico-concretas para implementar seus 
projetos. Jânio assume a presidência sendo visto pelos militares como um “amigo dos 
comunistas”, governou por dois anos e meio num período progressista devido ao seu 
comprometimento às reformas de base: apresentava um cunho de combate à desigualdade 
social, mas também um efeito econômico (expansão da economia financeira no setor rural), 
remessas de lucro. Suas medidas não visavam a implementação do socialismo. As forças 
militares o viram como ameaça, simplesmente porque ele queria mexer na estrutura distributiva 
de renda. Foi o acordo com os EUA para o investimento econômico que a sua fama esquerdista 
foi estremecida, inicia-se então oposições ao seu governo, a chamada “Marcha da família pela 
Liberdade”. 
 
Ditadura Militar (1964-1985) 
 
 
A ditadura empresarial militar brasileira se instalou em 1964 como resposta a um processo 
político que tomava forma desde 1961.O processo ditatorial se formou como uma contra 
revolução, visto que ela é uma réplica à ascensão política da classe operária e dos trabalhadores 
O poder militar sempre esteve em voga no Brasil desde a proclamação da 
República, ao posicionamento em favor a Vargas um primeiro momento e 
uma oposição ao último. 
rurais, já que desde o início dos anos 60 a classe trabalhadora urbana e rural havia se 
desenvolvido em termos de organização política, conscientização, reinvindicações e, claro que 
o desenvolvimento político dessa classe já ocorria há algum tempo, mas com o desenvolvimento 
do capitalismo no campo e da proletarização no campo e na cidade, as formas de organização 
foram ganhando cada vez mais força. Ademais, nesse mesmo momento a classe burguesa 
passava por um processo de crise interna, devido às divergências internas, uma parte da 
burguesia apoiava o governo de Goulart, outra parte o setor legislativo, somado a essa cisão 
ainda havia uma crise econômica. Nesse momento as opções de capitalismo dependente, 
capitalismo nacional, socialismo por via pacífica e socialismo por via revolucionária eram opções 
bem viáveis (IANNI, 1981, p. 197). O golpe militar de 1º de abril de 1964 tem em seu debate o 
apoio dos EUA como também as forças políticas que queriam o controle do Estado. Nenhuma 
das hipóteses são descartadas, uma vez que o governo norte-americano rapidamente 
reconheceu a ditadura militar no Brasil, atribuindo uma assistência econômica e financeira. Aqui 
temos o exército como o arbítrio da política nacional, a oposição ao populismo e a necessidade 
de uma limpeza ideológica em oposição as vertentes de esquerda. Com a ditadura o Estado se 
fortalece junto com o fortalecimento do bloco de poder burguês e se torna um órgão atrelado aos 
interesses da burguesia (IANNI, 1981, 197). A repressão atingiu principalmente as ligas 
camponesas, as posições nacionalistas e de esquerda, estudantes, universidades e sindicatos. 
Nesse momento, após o primeiro Ato institucional, foi criado o SNI para investigar atos 
subversivos que em resumo, significa torturas e desaparecimento. Foram medidas da ditadura: 
o arrocho salarial, combate à inflação, a recuperação creditícia do país e promoção do 
desenvolvimento. A forma pela qual a classe dominante garantiu a mais- valia extraordinária foi 
através da reorganização das formas de produção por meio da repressão, da militarização das 
fábricas, da violência política. Toda a repressão operária estampada precisamente nos Anos de 
Chumbo (1968-1973) ocorre concomitantementecom o “milagre econômico brasileiro” e a 
crescente concentração e centralização do capital. O “milagre” para a classe operária significou 
uma repressão política e econômica sistemática realizada pela necessidade da burguesa em 
criar condições para a produção da mais-valia extraordinária (o que se dá através do superlucro 
e a produção abaixo do tempo médio necessário). Nesse contexto, ocorreu uma pauperização 
tanto relativa quanto absoluta decorrente da reorganização das forças produtivas e o 
empobrecimento do trabalhador se deu ao mesmo tempo em que ele era controlado, subordinado 
e explorado pelo poder estatal. 
 O Brasil serviu palco de investimentos pelo capitalismo internacional marcado pelo crescimento 
dos monopólios. Temos então, o chamado milagre econômico. Após resultados das eleições 
estaduais em 1965 cujos resultados foram indesejáveis, foi promulgado o AI ns 2 e 3, que em 
resumidas palavras: dissolviam todos os partidos políticos, houve a restrição em apenas dois 
grupos: Arena e MDB (oposição). Em relação ao aspecto social temos as passeatas e greves, 
ao longo da ditadura a exploração dos trabalhadores foi sendo intensificada, como aponta o texto, 
o que se expressa no aumento significativo dos acidentes de trabalho e doenças que atingiam 
os trabalhadores, como a epidemia de meningite iniciada em 1974, consequências da 
precarização das condições de viva dos mesmos, visto que os salários diminuíam cada vez mais. 
O fim da ditadura: 
 
 
 
 
 
 
 
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A nossa redemocratização se dá pelo ‘’ alto’’ (acordos). O projeto de abertura é da classe 
dominante que deseja retomar a democracia de Estado de direito. O nosso processo de 
abertura teve uma dimensão conservadora, que ocasionou na ruptura com o período 
ditatorial, mas não com os traços autoritários.

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