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Psicologia Clínica e Cultura Contemporanea-63

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311A interação alimentar mãe-bebê em crianças com transtornos da alimentação
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313 O lugar do psicanalista com uma criança autista: estar lá para ser encontrado
 
 
 
 
 
O lugar do psicanalista com 
uma criança autista: estar 
lá para ser encontrado
�
Maria�Izabel�Tafuri
Gilberto�Safra
Na década de 1920, Melanie Klein recebera para tratamento uma criança com o diag-
nóstico de “Demência Precoce”. Chamado por ela de Pequeno Dick, com apenas três 
anos de idade, falava algumas palavras sem contexto, não manifestava angústia de 
separação, não fantasiava a realidade e não estabelecia relação afetiva com a analista. 
Segundo a autora, “senti-me obrigada a fazer minhas interpretações à base do meu 
conhecimento geral, sendo as representações do material de Dick, relativamente vagas” 
(Klein,1930:73). A psicanalista considerou à época que o simbolismo poderia ser revela-
do pela criança inibida por meio de alguns detalhes do comportamento, permitindo ao 
analista fazer interpretações para criar a relação transferencial, característica essencial 
de um tratamento psicanalítico. E, em oposição à Anna Freud, Klein enfatizara a prima-
zia do efeito da ação interpretativa na relação transferencial com Dick em detrimento 
das ações pedagógicas para adaptar o pequeno à escola. Em suma, o campo psicanalítico 
ficou marcado por um paradigma clássico: o analista precisa ser intérprete de gestos 
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pouco representativos das crianças inibidas para criar a relação transferencial, condição 
essencial para a clínica psicanalítica.
À época da publicação do caso clínico de M. Klein (1930), o Autismo infantil precoce 
ainda não havia sido descrito. Dick havia sido encaminhado com o diagnóstico de De-
mência Precoce. A psicanalista descartou a classificação enfatizando a potencialidade 
das capacidades cognitivas da criança que estariam preservadas, porém pouco desen-
volvidas de acordo com a idade cronológica. Segundo Klein, Dick apresentava uma ini-
bição afetiva que o impedia de entrar no processo simbólico e de fantasiar a realidade. 
Devido à ausência de fantasias associada ao isolamento afetivo, Klein chegara a pensar 
o quadro clínico da criança como uma primeira manifestação da Esquizofrenia Infantil 
(Potter,1933). Com o tratamento psicanalítico foi possível ver a franca evolução da crian-
ça e a sua inserção na escola e na sociedade. 
Na década de 1940, Léo Kanner, psiquiatra de origem austríaca, radicado nos Estados 
Unidos, publicou o primeiro Manual de Psiquiatria Infantil, que se tornou referência 
nesse campo. E, em 1943, apresentou ao mundo a descrição de uma doença psicopatoló-
gica rara, que afetaria as crianças desde o início da vida, o Autismo infantil precoce. Con-
tudo, não foi apenas mais uma classificação nosológica, ocorrera uma nova definição de 
autismo, contrária àquela que já existia no contexto psiquiátrico, a noção de pensamento 
autístico nas esquizofrenias (Bleuler, 1911).
Bleuler, influenciado pela obra de Freud sobre a interpretação dos sonhos, porém com 
restrições ao determinismo da sexualidade infantil na etiologia das neuroses, houve a 
subtração de Eros do conceito de auto-erotismo, ou seja, autismo seria o auto-erotismo sem 
Eros. Como se sabe, Bleuler ao descrever o pensamento fantasioso do esquizofrênico, 
denominado por ele de pensamento autístico, propiciou uma verdadeira revolução em 
relação ao pensamento psiquiátrico kraepeliano, distinguindo os estados de demência 
orgânica das doenças mentais. O pensamento autistico, por exemplo, foi definido por 
Bleuler como o sintoma secundário mais importante da esquizofrenia e, o mais signifi-
cativo, não estaria diretamente relacionado com o processo mórbido da afecção. 
Acompanhando o pensamento de Bleuler, Klein (1930) não considerou Dick uma crian-
ça com esquizofrenia justamente por causa da ausência do pensamento autístico da 
criança. O garoto não se refugiava em um mundo próprio, repleto de ideias fantasiosas. 
315O lugar do psicanalista com uma criança autista: estar lá para ser encontrado
Portanto, para Klein o mundo interno da criança não era povoado por fantasias e ex-
pressões verbais a serem interpretadas, como Bleuler passara a fazer com os esquizo-
frênicos. Tanto Bleuler quanto Klein enfatizaram o potencial das capacidades psíquicas 
de pacientes tidos até aquela época como dementes e incuráveis. Kanner, por sua vez, 
inverteu todo o processo iniciado por Klein e Bleuler, de distinguir os estados deficitá-
rios das doenças mentais, ao descrever o isolamentodo grupo das onze crianças como 
um distúrbio neurológico inato que incapacita todas as áreas do desenvolvimento da 
criança. E, o mais paradoxal, nomeou esse déficit de autismo. Daí em diante, o autismo 
passou a ser sinal de doença deficitária, assim como a descrição psiquiátrica das doen-
ças mentais deficitárias. 
Na década de 40, Kanner se mostrava otimista quanto à comprovação orgânica da nova 
síndrome, à medida que os exames laboratoriais se tornassem mais específicos e mais 
aprimorados. Hoje, mais de meio século de pesquisas científicas, com todo o avanço 
tecnológico alcançado, a procura continua pela comprovação de uma causa orgânica do 
Autismo infantil precoce. Entretanto, não se trata apenas de um otimismo em pesquisar 
as causas, passou a ocorrer, por parte de muitos profissionais e Associações de Pais, um 
patrulhamento radical contrário à visão psicodinâmica do Autismo infantil precoce. 
No Brasil, por exemplo, foi aberto, pela Secretaria de Estado da Saúde do Estado de São 
Paulo, em setembro de 2012, um Edital de Convocação para Credenciamento de Insti-
tuições Especializadas em Atendimento a Pacientes com Transtorno do Espectro Autista 
(Tea), para Eventual Celebração de Contrato de convênio com as instituições que tratam 
as crianças autistas. Dentre os pré-requisitos necessários à clínica e/ou hospital a serem 
credenciados, há uma determinação ao trabalho do psicólogo que deve comprovar espe-
cialização em terapia cognitivo comportamental. E mais, o Estado pretende determinar 
a metodologia de trabalho nesse campo clínico. O responsável legal pela Instituição 
deverá declarar a utilização de métodos cognitivos comportamentais validados na litera-
tura científica, tais como PECS (Picture Exchange Communication System) – Sistema 
de Comunicação por figuras); ABA (Applied Behavior Analysis) – Análise do Compor-
tamento Aplicada; TEACCH (Treatment and Education of Autistic and Communication 
Handiscapped Childrem) – Tratamento e Educação de Crianças Autistas com desvanta-
gem na Comunicação.
	
O lugar do psicanalista com uma criança autista: estar lá para ser encontrado
	Maria Izabel Tafuri
	Gilberto Safra

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