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Contestação sub vinc

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Carlos Eduardo Brantes
Bruno Duarte Santos
Tomás de Sampaio Góes M. Costa
Júlia Leal Danzinger
Maria Carolina Bichara
Roberta Issa Maffei
Cláudia Tiemi Ferreira
Milene Pimentel Moreno
Amanda Titoneli
Carolina Bueno de Oliveira
Maria Eduarda Gamborgi
Isabela Rampini Esteves
Jacques Felipe Albuquerque Rubens
Marcela Ruzza Silva Quintana
Marcos de Souza Paula
Carolina Moura
Flavio Galdino
Sergio Coelho
Rafael Pimenta
Rodrigo Candido de Oliveira
Eduardo Takemi Kataoka
Cristina Biancastelli
Gustavo Salgueiro
Isabel Picot França
Marcelo Atherino
Marta Alves
Cláudia Maziteli Trindade
Pedro C. da Veiga Murgel
Gabriel Rocha Barreto
Diogo Rezende de Almeida
Renata Jordão Natacci
Felipe Brandão
Isabella Bandeira de Mello
Michelle Sorensen Camilo
Isabela Augusta Xavier da Silva
Leonardo Mucillo de Mattia
Yasmin Paiva
Ana Caroline S Gasparine
Carolina Pfeiffer Figueiredo
Yuri Athayde da Costa Nascimento
Maria Victoria Marins
Gabriela Santiago de Alencar
Mônica Franco Lima
Felipe Perretti
Felipe Gregório
Consultor
José Eduardo Guimarães Barros
Adrianna Chambô Eiger
Pedro Renato de Souza Mota
Wallace Corbo
Mauro Teixeira de Faria
Isadora A. R. de Almeida
Vanessa F. F. Rodrigues
Julianne Zanconato
Rodrigo Saraiva Porto Garcia
Camila Almeida
Giovanna Luz Podcameni
Luciana Barsotti Machado
Aline da Silva Gomes
Maria Flávia Junqueira F. Macarimi
Ivana Harter Albuquerque
Fernanda David
Luan Gomes Peixoto
EXMO. SR. DR. JUIZ DA 16ª VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO – 2ª REGIÃO
Proc. nº 1000982-35.2022.5.02.0716
	TENDA NEGOCIOS IMOBILIARIOS S.A, sociedade com sede na Rua Boa Vista, nº 280, Pavimento 08 e 09, Centro, São Paulo/SP, CEP 17190-005, inscrita no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas do Ministério da Fazenda (CNPJ/MF) sob o nº 09.625.762/0001-58, vem, por seu representante legal, nos autos da reclamação trabalhista que lhe move e a outro WILLIAM NASCIMENTO DE MOURA, vem, perante essa Vara do Trabalho, por sua advogada abaixo assinada, apresentar contestação, pelas razões abaixo expostas:
INICIALMENTE
1. Inicialmente requer a V. Exa. se digne determinar sejam as intimações, notificações, citações e publicações realizadas exclusivamente na pessoa da advogada MARTA CRISTINA DE FARIA ALVES, inscrita na OAB/RJ sob o nº 150.162, com escritório na Rua João Lira, 144, Leblon, Rio de janeiro – RJ – CEP nº 22430-210, sob pena de nulidade.
DO REQUERIMENTO DE SIGILO NESTA DEFESA
2. A Reclamada requer seja mantido o sigilo desta peça contestatória até a realização da audiência, haja vista que a legislação trabalhista vigente determina que a defesa será apresentada em audiência, caso não haja acordo, consoante disposto no art. 847 da CLT.
3. Além disso, o art. 844, do mesmo diploma legal, prevê o arquivamento do processo em caso de ausência da parte Autora, o que só é possível se a defesa ainda não estiver disponibilizada, caso em que se aplicaria a pena de confissão.
4. Não obstante, entende a Ré que a citação na justiça do trabalho é ato meramente cartorário e que o saneamento do processo se dá apenas em defesa, razão pela qual se faz necessário manter o sigilo até este momento.
DOS FATOS
2. 	Da análise dos autos, observa-se que o reclamante pretende, por meio da presente ação, obter (i) declaração de responsabilidade subsidiária; (ii) retificação da CTPS; (iii) FGTS +40%; (iv) verbas rescisórias; (v) multa 467 e 477; (vi) adicional de insalubridade; (vii) indenização por danos morais; (viii) reversão do pedido de demissão; e (ix) honorários advocatícios.
 
5. Sustenta, para tanto, que foi contratado em 09/03/2022 com sua CTPS assinada em 18/04/2022 pela 1ª Ré, para prestar serviços à 2ª Reclamada, requerendo sua demissão em 24/05/2022 e percebendo como último salário o valor de RS 1.668,90.
6. Entretanto, consoante se demonstrará a seguir, a pretensão do Reclamante não merece prosperar.
PRELIMINARMENTE
IMPUGNAÇÃO À GRATUIDADE DE JUSTIÇA
7. Ignorando as disposições legais constantes no artigo 790, parágrafo 3º e 4º da CLT, o autor requer que lhe seja deferido o benefício da gratuidade de justiça, contudo, não atende aos requisitos previstos no referido diploma legal, uma vez que não comprovou a insuficiência de recursos para o pagamento das custas do processo.
8. Vejamos o disposto no artigo 790, § 3º e 4º da CLT:
“Art. 790 – Nas Varas do Trabalho, nos Juízos de Direito, nos Tribunais e no Tribunal Superior do Trabalho, a forma de pagamento das custas e emolumentos obedecerá às instruções que serão expedidas pelo Tribunal Superior do Trabalho.
(...)
§ 3º - É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles que percebem salário igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral da Previdência Social.
§ 4º - O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que comprovar insuficiência de recursos para o pagamento das custas do processo”.
9. Com a alteração trazida pela lei 13.467/2017, não cabe mais à parte tão somente declarar sua hipossuficiência econômica. Deve comprovar com necessária robustez a insuficiência financeira capaz de afastar eventual condenação a ela imposta.
10. Desta forma, impõe-se o indeferimento do pedido de gratuidade de justiça.
MÉRITO
DA AUSÊNCIA DE RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA 
11. Sob a alegação de que prestou serviços à 2ª Reclamada por intermédio da 1ª, o Reclamante pretende seja reconhecida a responsabilidade subsidiária daquela pelas verbas supostamente inadimplidas por esta última.    
12. Contudo, não se desincumbiu o Autor em comprovar o período de prestação de serviços em favor da Contestante, ônus que lhe competia por força do art. 818, I, da CLT.
13. Resta, de qualquer forma, afastada a responsabilidade subsidiária de que trata o   Enunciado 331 do TST, já que, como é de geral sabença, diz respeito tão somente à hipótese de uma empresa, denominada tomadora do serviço, contratar outra que tem por finalidade o fornecimento de mão de obra contínua.  
14. Admitir, portanto, a responsabilidade da 2ª Ré por eventual inadimplemento da 1ª Reclamada de verbas trabalhistas quanto aos supostos funcionários desta importaria em flagrante violação aos mais elementares princípios que regem as relações contratuais e grave comprometimento da segurança jurídica.  
15. Assim, nenhuma mácula pode ser atribuída ao negócio jurídico celebrado entre as empresas Rés, a ensejar qualquer responsabilidade da 2ª pelo pagamento de verbas trabalhistas ao Reclamante, mesmo porque, em que pese a fundamentação do reclamante, não se aplica, in casu, a regra contida na Súmula 331, do C. TST.  
16. Destaca a ora Contestante que em caso de uma eventual procedência, o que se admite apenas a título de argumentação, deverá ser delimitado ao período comprovado pelo Reclamante, conforme entendimento jurisprudencial abaixo:  
"RECURSO DE REVISTA. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. TERCEIRIZAÇÃO LÍCITA. ENTE PRIVADO. LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AO PERÍODO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À RECORRENTE. O TRT entendeu comprovado que o reclamante prestou serviços em favor da recorrente, o que a caracteriza como tomadora, de 1º/12/2009 a 10/2/2011, período pelo qual foi condenada subsidiariamente. Concluiu que está -correta a decisão de origem ao determinar que as tomadoras dos serviços prestados respondam, de forma subsidiária, pelas parcelas devidas pela primeira reclamada ao reclamante relativamente aos períodos definidos na decisão de origem, pois em consonância com o conjunto probatório dos autos-. Diante desse contexto, inviável de reexame por esta Corte, ante o óbice da Súmula nº 126 do TST. As recorrentes são responsáveis subsidiárias pelo adimplemento dos créditos trabalhistas do reclamante, tal como decidido pelo Regional. Constata-se, pois, que a decisão do TRT está em sintonia com a Súmula nº 331, IV, do TST, segundo a qual:"O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da relação processual e conste também do título executivo judicial." Recurso de revista de que não se conhece. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. AVISO-PRÉVIO INDENIZADO. NÃO INCIDÊNCIA. O aviso-prévio indenizado, como demonstra a própria denominação, tem natureza jurídica indenizatória, pelo que não incide a contribuição previdenciária sobre a parcela. Recurso de revista a que se dá provimento. (TST - RR: 4768320115040012, Relator: Kátia Magalhães Arruda, Data de Julgamento: 01/10/2014, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 10/10/2014)".  
17. Em que pese a falta de elementos para a elaboração de defesa, considerando que a documentação pertinente ao contrato de trabalho do Reclamante, por certo, está em poder do 1o Reclamado, seu empregador, não se absterá o ora Contestante de demonstrar a ausência de plausibilidade das alegações aduzidas na inicial na tentativa de obter o pagamento de verbas indevidas.  
18. Por fim, aduz por extrema cautela, que no caso de eventual condenação da 2ª Ré, deverá ser limitado eventualmente comprovado pelo Autor, o que se argumenta por amor ao debate e, caso seja a Ré condenada, esta somente poderá ser executada após esgotados todos os meios de execução em face da devedora principal, bem como de seus sócios.
DA IMPOSSIBILIDADE DE RECONHECIMENTO DE VÍNCULO E RETIFICAÇÃO DA CTPS
19. Alega o Autor que:
“O reclamante foi admitido aos préstimos da 1ª reclamada em 09/03/2022, porém só teve a CTPS anotada em 18/04/2022, na função de ajudante de serviços gerais, recebendo salário mensal de R$ 1.668,90.”
20. Inicialmente, destaca-se que o alegado pelo Autor de que o início do contrato de trabalho foi anteriormente ao registro em CTPS não procede, posto que a referida anotação tem presunção de veracidade, sendo certo ainda que não o Autor não comprovou suas alegações, ônus que lhe cabia, conforme o Artigo 818, I da CLT.
21. Não obstante, ressalta que o vínculo empregatício entre ao Autor e a 1ª ré, fora iniciado de acordo com os registros e anotação na CTPS. 
22. Argumenta-se, por cautela, que não há qualquer indício de que tenha havido qualquer relação entre o Autor e a 1ª Reclamada durante o período alegado, não havendo comprovação, portanto, acerca de todos os requisitos do art. 3º da CLT:
 “Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviço de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário.” (Grifos nossos)
23. Para a configuração do liame empregatício entre Autor e 1ª Ré, imprescindível a existência de todos os elementos dos dispositivos supracitados, sendo incumbência do Autor a comprovação, nos termos dos artigos 818, I, da CLT. Ressalta a Contestante o reconhecimento de vínculo de emprego não pode ser consequência de mera presunção, sob pena de imensurável insegurança jurídica.
24. A ora Contestante ressalta que o pedido de reconhecimento de vínculo do Autor é direcionado à 1ª Ré, não podendo ser aplicada qualquer penalidade ao devedor subsidiário, sob pena de sentença extra petita e, ainda que assim o fosse, trata-se de obrigação personalíssima do empregador não podendo ser estendidas a ora Contestante.
25. Ademais, certifica-se que a ausência de comprovação da relação de emprego pretendida acarreta na improcedência do pedido de retificação da CTPS, convolação do contrato por prazo indeterminado, verbas rescisórias e demais parcelas contratuais, devendo ser observada a limitação imposta na petição inicial, em observação aos artigos 141 e 492, ambos do CPC.
26. Portanto, improcede o pleito autoral.
DO FGTS 
27. Pretende o Reclamante o pagamento das diferenças de FGTS sob alegação de que a Reclamada deixou de efetuar corretamente os depósitos, restando pendente o depósito do mês de Maio de 2022.
28. Ora, veja que o Autor não comprova a ausência de recolhimento de tais valores, ônus que lhe competia por força do art. 818, I, da CLT, bem como não tem razão em nenhum de seus pleitos, posto que caberia ao Reclamante comprovar a ausência de recolhimento.
29. Este é o entendimento jurisprudencial nos autos do RO 00459-2006-041-12-00-7, senão vejamos:
‘’DEPÓSITO DO FGTS. APONTAMENTO DE DIFERENÇAS. ÔNUS DA PROVA. A conta vinculada de FGTS é de livre acesso pelo titular. E recaindo suspeita de insuficiência ou incorreção nos valores depositados em sua conta de FGTS, poderão os Reclamantes, antes mesmo do ajuizamento da ação, requerer à CEF o extrato correspondente. Logo, cabe à parte autora apontar a existência de diferenças, em face do disposto no artigo 22, parágrafo primeiro, do Decreto nº 99.684-90 e no artigo 2º da Lei nº 8.406-92, eis que trata-se de fato constitutivo de seu direito (art. 818, I da CLT c-c art. 333 do CPC).”
30. Além disso, como já informado e alegado pelo Reclamante, o mesmo foi contratado pela 1ª Ré, real responsável por todos os pagamentos.
31. De toda sorte, o extrato em anexo comprova o recolhimento de FGTS referente aos meses trabalhados, inclusive, ao mês de MAIO DE 2022. Ressalta-se, ainda, que o obreiro tem TOTAL acesso ao extrato do FGTS, refutando a Ré, qualquer pendência neste sentido.
32. Dessa forma, espera o indeferimento do pedido.
DAS VERBAS RESCISÓRIAS
33. O Autor pretende o pagamento das verbas rescisórias sob alegação de que:
“Em decorrência das irregularidades cometidas pela reclamada, o reclamante acabou por pedir demissão em 24/05/2022, contudo, a reclamada não procedeu o pagamento das verbas rescisórias. Objetivando esquivar-se do pagamento das verbas rescisórias, a reclamada entregou ao autor o TRCT “zerado”, no entanto, referido termo só restou “zerado” porque a reclamada efetuou o desconto do aviso prévio e da multa do artigo 480 da CLT, sendo que, se fosse o caso, deveria ter efetuado apenas o desconto da multa do artigo 480 da CLT.”
34. Inicialmente, ressalta a Ré que o obreiro era empregado da 1ª Ré, sendo esta responsável pelo pagamento das verbas rescisórias. 
35. De toda forma, os documentos entregues pela empregadora demonstram que o autor pediu demissão, o que demonstra o próprio TRCT apresentado pelo por ele.
36. Com relação ao desconto de aviso prévio, esclarece a Ré que o paragráfo 2º do artigo 487, da CLT preceitua que a falta de aviso prévio por parte do empregado dá ao empregador o DIREITO de descontar os salários correspondentes ao prazo respectivo.
37. Portanto, lícito o referido desconto no TRCT em razão do pedido de demissão do Autor e de dispensa do cumprimento do aviso prévio em 24/05/2022. Vejamos:
38. Dessa forma, evidente que a Reclamada não obteve tempo necessário para reequipar o seu quadro de pessoal com a admissão e treinamento de outro trabalhador para aquela vaga iminente.
39. Quanto ao desconto da multa prevista no artigo 480, da CLT, o próprio Autor concorda com o referido desconto em exordial. Vejamos:
“Porque a reclamada efetuou o desconto do aviso prévio e da multa do artigo 480 da CLT, sendo que, se fosse o caso, deveria ter efetuado apenas o desconto da multa do artigo 480 da CLT.”
40. Além disso, verifica-se no contrato de trabalho assinado que o prazo deste é de 60 dias, com início em 18/04/2022 e término em 16/06/2022, portanto, impugna a Ré a alegação de que o contrato celebrado fora de 45 dias.
41. Destaca-se que os referidos descontos estavam previstos na cláusula 9 do contrato de trabalho assinado pelo Autor, senão vejamos:
42. Reitera, ainda, a ora contestante que o Reclamante jamais foi seu empregado, portanto, não há qualquer responsabilidade a se atribuir a aquela a tal requerimento e assim, a responsabilidade quanto ao pagamento das verbas rescisórias cabe apenas a empregadora do Reclamante, bem como expedição de TRCT. 
43. Diante do exposto, improcedente os pedidos contidos na presente demanda, sob pena de enriquecido ilícito do autor, que é vedado pelo art. 884 do CC, violando, ainda, o art. 5º, II e XXII da CF.
DA REVERSÃOPEDIDO DE DEMISSÃO, RETIFICAÇÃO NA CTPS, DIFERENÇAS DE VERBAS RESCISÓRIAS E GUIAS SD E CD
44. O Reclamante pretende a nulidade do pedido de demissão e a convolação para dispensa imotivada com consequente pagamento das verbas rescisórias, ou, alternativamente, a declaração de rescisão indireta do contrato de trabalho.
45. Ora, Exa. em momento algum trouxe o Reclamante aos autos comprovação de que suas alegações são verossímeis.
46. Dessa forma, vemos que não comprovou o Reclamante irregularidades efetivas por parte da Ré que pudesse ensejar a nulidade do pedido de demissão e tampouco na rescisão indireta, ônus que lhe compete por força do artigo 818, I, da CLT.
47. Ressalta que não pode o Reclamante se valer de uma insatisfação pessoal para pleitear a nulidade ou a rescisão indireta do contrato, até porque o próprio que REQUEREU DE LIVRE E ESPONTÂNEA VONTADE SUA DEMISSÃO.
48. Trata-se de mera alegação autoral que não pode ser alvo de presunção.  Fatalmente, não há comprovaçãode vícios no pedido de demissão ou que a Ré tenha praticado ato faltoso que conduza a nuliade de dispensa ou à aplicação de justa causa ao empregador e se enquadre em qualquer das hipóteses do art. 483, da CLT.
49. Salienta-se, que a 1ª Reclamada procedeu corretamente com a anotação da CTPS do Autor, bem como não há pendências de recolhimento do FGTS e verbas rescisórias. 
50. Esclarece também que o Reclamante SEMPRE recebeu corretamente os equipamentos de proteção individual e que houve a devida fiscalização do técnico de segurança.
51. Com relação a liberação das guias de seguro-desemprego e FGTS, não faz jus o reclamante, já que o mesmo que solicitou sua dispensa, de todo modo, na remota hipótese de ser deferido o presente pedido, o que se admite por extrema cautela, não poderá a 2ª Reclamada ser condenada à tradição das guias de FGTS e Seguro Desemprego, uma vez que podem ser substituídas, sem prejuízo ao Autor, por expedição de alvará e ofício por este MM Juízo. Ademais, por se tratar de obrigação personalíssima da primeira Reclamada, não poderia ser estendida a penalidade à Contestante.
52. Apenas por cautela, ressalta que no caso de deferimento dos pedidos, a ora Contestante não poderá ser responsável pela retificação da CTPS, pois trata-se de obrigação personalíssima da 1ª ré, sua real empregadora e na falta desta pelo empregador, poderá a secretaria da vara fazê-lo, sem prejuízo ao reclamante.
53. Desse modo, indevidas todas as parcelas pleiteadas.
NÃO CONFIGURAÇÃO DA HIPÓTESE PREVISTA NO ART. 477, § 8º E 467 DA CLT
54. Requer o Reclamante, a multa dos arts. 477 e 467 da CLT, sob alegação de que não recebeu suas verbas rescisórias. 
55. Todavia, seguindo o entendimento dos tribunais regionais do trabalho, como se sabe, não é possível a imputação ao tomador de responsabilidade quanto às penalidades em que incorreu o empregador, tais como as previstas nos artigos 467 e 477, § 8º, da CLT, diante da expressa vedação Constitucional de extensão da pena a terceiros.
56. Nesse sentido, imperioso aduzir ainda que Constituição da República consagrou, por meio de seu art. 5º, XLVI, 'c', o princípio da personificação das penas, que dispõe que "nenhuma pena passará da pessoa do condenado".
57. Além disso, como já informado, o Reclamante é empregado da 1ª Ré, laborava em regime intermitente e não laborava para ora Contestante quando da sua demissão. 
58. Desse modo, não é possível imputar a Contestante eventual responsabilidade pelo pagamento dessas penalidades.
59. Ademais, não há verba rescisória a ser quitada, posto que conforme ja demonstrado em linhas ao norte.
60. Com relação ao pedido do que trata o art. 467, da CLT deve ser julgado improcedente sendo que somente está autorizada em se tratando de verbas incontroversas, o que definitivamente não é o caso dos autos, valendo conferir, as ementas abaixo selecionadas:
TRT-PR-18-01-2012 MULTA DO ART. 467 DA CLT - NÃO CONFIGURAÇÃO - INEXISTÊNCIA DE PARTE INCONTROVERSA DAS VERBAS RESCISÓRIAS. Incontroverso significa aquilo sobre o que não há dúvida, que é incontestável, certo, inconcusso. Daí se pode concluir que deve ser tido como incontroverso o que o empregador acaba confessando que deve, que não foi por ele pago o que, a toda evidência, não é o caso dos autos. Sendo devidamente contestadas as pretensões do reclamante e necessitando de análise as questões suscitadas, verifica-se instaurada a controvérsia. Não há, portanto, como se aplicar a multa do art. 467 da CLT, pois é preciso ausência de animosidade sobre o ponto. Recurso do autor a que se nega provimento.
(TRT-9 4402009749908 PR 440-2009-749-9-0-8, Relator: SUELI GIL EL-RAFIHI, 6A. TURMA, Data de Publicação: 18/01/2012)
“MULTA DO ART. 467 DA CLT. VERBAS INCONTROVERSAS. PEDIDOS DEVIDAMENTE CONTESTADOS. MULTA INDEVIDA. A reclamada/recorrida contestou todos os pedidos de forma específica, ponto por ponto, em consonância com o princípio da eventualidade não se podendo falar em pedidos incontroversos. Recurso Ordinário improvido neste aspecto. (TRT-19 - RECORD: 708200205619001 AL 00708.2002.056.19.00-1, Relator: Nova Moreira, Data de Publicação: 08/05/2003).”
61. Assim sendo, deve ser julgado improcedente referido pleito.
DO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE
62. Informa o reclamante que durante todo o contrato de trabalho, laborou em ambiente insalubre, alegando que:
“Apesar de o reclamante laborar em atividade insalubre, mantendo contato com produtos químicos prejudiciais à saúde e exposto ao pó em suspensão, sem a adequada utilização de EPIs, muito menos treinamento para utilização destes, nunca percebeu qualquer adicional previsto na legislação vigente.”
63. Inicialmente, não comprovou o Reclamante que as atividades exercidas por ele estão enquadradas nas atividades insalubres de acordo com as normas regulamentadoras editadas pelo Ministério do Trabalho, tampouco se estava exposto aos agentes nocivos de forma habitual e permanente, ou ocasional e intermitente, bem como o grau de insalubridade a que supostamente estava exposto.
64. Dessa forma, carece de amparo fático e legal o pedido de condenação das Rés no pagamento do adicional de insalubridade.
65. Tanto é assim, que não há nos autos qualquer demonstração de que, de fato, o Autor desempenhasse suas atividades em condições nocivas à saúde, tampouco se desincumbiu de demonstrar que o suposto contato era habitual.
66. Não bastasse isso, considerando o Reclamante entender fazer jus ao recebimento do adicional de insalubridade, como já dito acima, cabe a este o ônus de tal prova, nos termos do artigo 818, I, da CLT, o que, todavia, somente poderá ser apurado através de perícia técnica, nos termos do artigo 195, da CLT.
Art. 195. A caracterização e a classificação da insalubridade e periculosidade, segundo as normas do Ministério do Trabalho, far-se-ão através de perícia a cargo de Médico do Trabalho ou Engenheiro do Trabalho, registrados no Ministério do Trabalho.
(...)
§ 2º Argüida em juízo insalubridade ou periculosidade, seja por empregado, seja por sindicato em favor do grupo de associados, o juiz designará perito habilitado na forma deste artigo e, onde não houver, requisitará perícia ao órgão competente do Ministério do Trabalho.” (grifos nossos)
67. Sendo assim, não há que se falar em pagamento do adicional pretendido pelo Autor, e, por conseguinte, dos reflexos pleiteados.
68. Além disso, informa a ora Contestante que todos os funcionários e prestadores SEMPRE receberam corretamente os equipamentos de proteção, havendo a devida fiscalização do técnico de segurança, de modo que qualquer desrespeito a esse procedimento é imediatamente reportado aos superiores hierárquicos para que novamente salientem a importância do uso dos Equipamentos de Proteção Individuais, sempre visando prevenir acidentes de trabalho e manter o bem-estar e segurança de todos os colaboradores.
69. Ademais, age de má fé o reclamante, uma vez que alega que nunca recebeu EPI e realizou treinamento, quando na verdade, juntaa ora contestante documentos que comprovam ao contrário, além de haver a assinatura do reclamante nos documentos e de que o Reclamante CONFESSA O USO NOS ÁUDIOS ANEXADOS JUNTO À INICIAL.
70. Logo, improcede o pedido em comento.
INDEVIDOS DANOS MORAIS
71. O Reclamante pretende o pagamento de indenização por danos morais alegando que: 
“Em decorrência de a reclamada não fornecer EPIs adequados para realização do labor, o reclamante machucou o olho com a poeira ao lixar as paredes, resultado em dor e sofrimento ao obreiro.”
72. Em que pese a apresentação de conversas de WhatsApp, e a alegação de culpa “da reclamada”, a Contestante IMPUGNA a narrativa autoral, não havendo histórico de acidente nas dependências desta Ré, sendo que a lesão retratada na inicial não foi oriunda das tarefas que ele desempenhou para a Tenda.
73. Esclarece que o CID 10 T15.1 constante no atestado anexado sob id. 2d06f7d, se trata de alteração ocular indefinida e momentânea, sendo caracterizada por um corpo estranho na parte interna do olho e com diversas possibilidades diagnósticas, inclusive, de alergia, a qual o Autor em áudio alega possuir.
74. Sendo assim, a causa do quadro de saúde do Autor pode ter como responsável diversos alergenos, como por exemplo, sabonete, shampoo e entre outros, bem como trauma ocular.
75. Não obstante, verifica-se pelo lapso temporal de dias de afastamento médico que não houve qualquer gravidade na suposta lesão.
76. Ressalta-se que o Autor sequer informa como ocorreu o suposto machucado, tampouco menciona quais atividades estava exercendo, data, local e se comunicou ao seu superior. Ainda, as falas do Autor sequer podem ser utilizadas como prova, uma vez que facilmente produzidas pelo indivíduo sem um receptor.
77. De toda sorte, ressalta a Ré que o Autor recebeu corretamente os equipamentos de proteção e que faz-se necessário comprovar não só o ato ilícito, mas, principalmente, o dano a ser reparado e o nexo causal com o suposto trabalho realizado em favor da Contestante, tendo em vista que não era sua empregadora.
78. O reclamante postula condenação ao pagamento de indenização por danos morais, sem, contudo, desonerar-se de demonstrar que faz jus à reparação. De fato, não comprovou ter suportado constrangimento público, vexame ou humilhação que pudesse causar algum reflexo em sua vida social. 
1. Vale lembrar, ademais, que a responsabilidade do empregador é sempre subjetiva, consoante disposto no art. 7ᵒ, XXVIII:
“Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: 
(...)
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa” (g.n.)
79. O eminente Ministro MOREIRA ALVES definiu, com absoluta precisão, o conceito de dano moral e sua ressarcibilidade, in verbis: 
“O dano patrimonial é direto quando acarreta diretamente diminuição do patrimônio, como no caso de alguém, por ser atingido em sua honra, é demitido do empregado que ocupava, ou sofre prejuízos materiais pelo abalo de sal saúde. Mas em qualquer hipótese , é preciso que haja um dano patrimonial efetivo, e não apenas possível e eventual. E isso porque, em se tratando de dano patrimonial direto ou indireto, a consequência dele é o ressarcimento, e só se ressarce o que efetivamente se perdeu ou não se continuou a ganhar e não o que, eventualmente, com a ocorrência de outros fatos que nada tem a ver como o ato ilícito, se pudesse vir a ganhar." (in RTJ 85/565)  
 
80. Como se pode inferir dessa definição, a pretensão indenizatória por danos morais deve ter espeque num ato ilícito que causa dano a outrem. Não configurada tal hipótese, não se há que falar em indenização por dano moral.  
81. O Prof. YUSSEF SAID CAHALI, por sua vez, em sua obra “DANO MORAL”, Editora Revista dos Tribunais, 23 edição, 23 Tiragem, pág. 702, adverte que:  
"Como em qualquer área da responsabilidade civil, põe-se em evidência como pressuposto da obrigação de reparar o dano moral o nexo de causalidade entre a ação ou omissão voluntária e o resultado lesivo; neste sentido, aliás; a regra geral do art. 159 do CC." (gn) " 
(...) em sede indenizatória por danos patrimoniais e morais, mesmo levando-se em conta a teoria da distribuição do ônus da prova, a cabência desta está ao encargo do autor a provar.o nexo causal constituidor da obrigação existindo causalidade jurídica, ausente está a relação de causa e efeito, mesmo porque actore non probante, reusabsolvitur”. (gn) 
82. A Constituição Federal, no seu art. 5°, inciso X, conforme já mencionado, enumera as hipóteses protegidas contra o dano moral, como sendo a honra, a imagem e a intimidade da pessoa. Daí, não poder o Julgador realizar interpretação ampliativa do preceito constitucional para albergar a pretensão posta nesta demanda, na qual os autores não provaram qualquer dano, mormente o dano moral.  
83. Ademais, como também já explorado em linhas ao norte, o reclamante foi empregado da 1ª Ré, portanto, não há que se falar em qualquer responsabilidade à contestante.
84. Por não demonstrar de forma fundamentada a existência do alegado dano, a mera imputação, de forma simplista, afronta o citado dispositivo constitucional.  
85. Improcede, portanto, os pedidos indenizatórios. 
86. De toda sorte, caso assim não se entenda, espera a Reclamada a aplicação do art. 223-G, da CLT, a fim de observar os requisitos que ensejam o dever de indenizar, bem como os limites de valores inseridos no parágrafo primeiro. 
87. Requer, outrossim, que sejam observados os princípios da razoabilidade e proporcionalidade no valor atribuído, impugnando, desde já, o valor pretendido pelo reclamante em sua inicial.
88. Por todas as razões expendidas, improcede o pedido de indenização por danos morais, eis que inexistente os requisitos essenciais. 
DOS HONORÁRIOS ADVOCATICIOS
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89. Com relação aos honorários de sucumbência pretendidos pelo Reclamante, na remota hipótese de ser julgado procedente o pedido principal, requerem as Rés, que estes sejam fixados em patamar mínimo, tendo em vista a ausência de complexidade da demanda.
90. Sabe-se que quando do deferimento da verba pretendida, devem ser observados diversos critérios devidamente capitulados no artigo 791-A, § 2º da CLT, como “a natureza e a importância da causa” e “o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o serviço”.
91. Neste sentido é o artigo consolidado:
“§ 2º - Ao fixar os honorários, o juízo observará:
I – o grau de zelo professional; 
II – o lugar de prestação de serviço;
III – a natureza e a importância da causa;
IV – o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço”.
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92. Além disso, deverá o Reclamante pagar honorários sucumbenciais ao patrono que subscreve a presente defesa, em caso de sucumbência total, ou parcial, no mesmo percentual acima aduzido.
LIMITAÇÃO DOS PEDIDOS
93. O art. 840, §1º, CLT  dispõe que o pedido deve ser certo, determinado e com indicação do seu valor:
Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal.
§ 1o  Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser certo, determinado e com indicação de seu valor, a data e a assinatura do reclamante ou de seu representante.  
94. É evidente que o propósito do legislador infraconstitucional, ao redigir o referido dispositivo legal, não tinha como única pretensão que o litigante liquidasse seus pedidos, para fins de adequação do rito processual, pois esse procedimento já era feito antes das alterações promovidas pela Lei nº 13.467/2017.
95. A finalidade do legislador infraconstitucional era a de limitar a lide e a pretensão autoral,seja para fixação da reciprocidade da sucumbência, seja para limitar os efeitos da condenação. Entendimento em sentido contrário viola, flagrantemente, o princípio da congruência, esculpido no art. 492, CPC:
Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado.
96. Desse modo, em caso de procedência da ação, os valores eventualmente deferidos ao Autor devem se limitar à quantificação por ele apresentada, sob pena de decisão ultra petita.
97. A jurisprudência milita favoravelmente à tese patronal:
RECURSO DE REVISTA DA 1ª RECLAMADA. JULGAMENTO ULTRA PETITA. LIMITES DA CONDENAÇÃO. VALORES EXPRESSAMENTE INDICADOS NA PETIÇÃO INICIAL. Os foram apresentados de forma líquida. Desse modo, os valores principais apurados em liquidação não poderão ultrapassar os pedidos na inicial em cada título deferido, nos termos dos artigos 141 e 492 do CPC/2015. Precedentes. Recurso de revista que se conhece e que se dá provimento. (AIRR – 2354-08.2013.5.015.0096, Relatora Desembargadora Convocada: Cilene Ferreira Amaro Santos, 6ª Turma, Data de Publicação, 12.04.2019)
98. Logo, pugna-se para que este juízo, na remota hipótese de procedência do feito, limite à condenação aos valores liquidados pelo autor em sua petição vestibular.  
DOS RECOLHIMENTOS FISCAIS E PREVIDENCIÁRIOS
99. Em relação aos recolhimentos fiscais espera a Ré seja aplicado o disposto no art. 46 da Lei n° 8541/92, haja vista que o imposto incidente sobre os rendimentos pagos em cumprimento de decisão judicial deverá ser “retido na fonte pela pessoa física ou jurídica obrigada ao pagamento, quando, por qualquer forma, o rendimento se torne disponível para o beneficiário”.
100. Já no que concerne aos recolhimentos previdenciários, deverão ser observados os critérios insertos no art. 276 do Decreto nº 3.048/1999, observando-se as quotas-parte do empregado e do empregador. 
101. Em consonância com o exposto é o entendimento do C. TST, contido na Súmula 368:
DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS E FISCAIS. COMPETÊNCIA. RESPONSABILIDADE PELO PAGAMENTO. FORMA DE CÁLCULO (redação do item II alterada na sessão do Tribunal Pleno realizada em 16.04.2012) - Res. 181/2012, DEJT divulgado em 19, 20 e 23.04.2012
I - A Justiça do Trabalho é competente para determinar o recolhimento das contribuições fiscais. A competência da Justiça do Trabalho, quanto à execução das contribuições previdenciárias, limita-se às sentenças condenatórias em pecúnia que proferir e aos valores, objeto de acordo homologado, que integrem o salário de contribuição. (ex-OJ nº 141 da SBDI-1 - inserida em 27.11.1998 )
II - É do empregador a responsabilidade pelo recolhimento das contribuições previdenciárias e fiscais, resultante de crédito do empregado oriundo de condenação judicial, devendo ser calculadas, em relação à incidência dos descontos fiscais, mês a mês, nos termos do art. 12-A da Lei nº 7.713, de 22/12/1988, com a redação dada pela Lei nº 12.350/2010. 
III - Em se tratando de descontos previdenciários, o critério de apuração encontra-se disciplinado no art. 276, §4º, do Decreto n º 3.048/1999 que regulamentou a Lei nº 8.212/1991 e determina que a contribuição do empregado, no caso de ações trabalhistas, seja calculada mês a mês, aplicando-se as alíquotas previstas no art. 198, observado o limite máximo do salário de contribuição. (ex-OJs nºs 32 e 228 da SBDI-1 – inseridas, respectivamente, em 14.03.1994 e 20.06.2001)
DOS JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA
 
102. No que se refere aos juros e correção monetária, considerando o tema pacificado pelo E. STF, em recente decisão proferida nos autos da Ação Direta de Constitucionalidade nº 58, tornou-se compulsória a aplicação do Índice Nacional de Preço ao Consumidor Amplo Especial – IPCA-E somente na fase pré-judicial, sendo a partir do ajuizamento da ação, aplicável tão somente a correção pela taxa SELIC. 
 
103. Naquela decisão, restou definido que diante da omissão quanto aos índices de correção monetária e juros nas decisões já transitadas em julgado, também deve ser adotado o critério de atualização ali definido. 
Confira-se: 
“Decisão: O Tribunal, por maioria, julgou parcialmente procedente a ação, para conferir interpretação conforme à Constituição ao art. 879, § 7º, e ao art. 899, § 4º, da CLT, na redação dada pela Lei 13.467 de 2017, no sentido de considerar que à atualização dos créditos decorrentes de condenação judicial e à correção dos depósitos recursais em contas judiciais na Justiça do Trabalho deverão ser aplicados, até que sobrevenha solução legislativa, os mesmos índices de correção monetária e de juros que vigentes para as condenações cíveis em geral, quais sejam a incidência do IPCA-E na fase pré-judicial e, a partir da citação, a incidência da taxa SELIC (art. 406 do Código Civil), nos termos do voto do Relator, vencidos os Ministros Edson Fachin, Rosa Weber, Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio. Por fim, por maioria, modulou os efeitos da decisão, ao entendimento de que (i) são reputados válidos e não ensejarão qualquer rediscussão (na ação em curso ou em nova demanda, incluindo ação rescisória) todos os pagamentos realizados utilizando a TR (IPCA-E ou qualquer outro índice), no tempo e modo oportunos (de forma extrajudicial ou judicial, inclusive depósitos judiciais) e os juros de mora de 1% ao mês, assim como devem ser mantidas e executadas as sentenças transitadas em julgado que expressamente adotaram, na sua fundamentação ou no dispositivo, a TR (ou o IPCA-E) e os juros de mora de 1% ao mês; (ii) os processos em curso que estejam sobrestados na fase de conhecimento (independentemente de estarem com ou sem sentença, inclusive na fase recursal) devem ter aplicação, de forma retroativa, da taxa Selic (juros e correção monetária), sob pena de alegação futura de inexigibilidade de título judicial fundado em interpretação contrária ao posicionamento do STF (art. 525, §§ 12 e 14, ou art. 535, §§ 5º e 7º, do CPC) e (iii) igualmente, ao acórdão formalizado pelo Supremo sobre a questão dever-se-á aplicar eficácia erga omnes e efeito vinculante, no sentido de atingir aqueles feitos já transitados em julgado desde que sem qualquer manifestação expressa quanto aos índices de correção monetária e taxa de juros (omissão expressa ou simples consideração de seguir os critérios legais), vencidos os Ministros Alexandre de Moraes e Marco Aurélio, que não modulavam os efeitos da decisão. Impedido o Ministro Luiz Fux (Presidente). Presidiu o julgamento a Ministra Rosa Weber (Vice-Presidente). Plenário, 18.12.2020 (Sessão realizada por videoconferência - Resolução 672/2020/STF).” (g.n.) 
104. Desta forma, deverá ser aplicada o entendimento do STJ na ADC 58 para fins de atualização, ou seja, IPCA-E na fase pré-judicial e Selic a partir do ajuizamento da ação.
TEORIA DA DISTRIBUIÇÃO DINÂMICA DAS PROVAS
105. Importante destacar, com o advento do Novo Código de Processo Civil, a necessidade de observância, seja qual for o objeto em análise, a exceção contida no art. 818, I, §1º, da CLT, acerca da distribuição do ônus da prova, prescindirá de fundamentação e oportunidade de realização da prova, sob pena de violação ao exercício do contraditório e da ampla defesa.
EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS
106. Ressalta a Reclamada que o art. 396, do CPC/2015 aduz que apenas o juiz é quem determina a juntada de documentos que entender necessário, assim, nesta oportunidade, junta-se a documentação pertinente ao processo.
COMPENSAÇÃO/DEDUÇÃO
107. Ad cautelam, na remota e improvável hipótese de deferimento de alguma verba ao Reclamante, requer sejam deduzidos/compensados os valores pagos pela primeira reclamada sob o mesmo título, a fim de se evitar o bis in idem e o enriquecimento ilícito, situações repudiadas nessa Justiça Especializada.
CONCLUSÃO
108. Ante o exposto, requer, inicialmente, seja acolhida a preliminar acima suscitada e, no mérito, seja julgado improcedente o pedido autoral, condenando o Autor nas custas atinentes a presente demanda,nos termos das razões acima expostas.
109. Por fim, na remota hipótese desta ação ser julgada procedente, requer seja determinada eventual compensação/dedução dos valores pagos ao Reclamante sob idêntico título.
110. Protesta pela produção de prova testemunhal, depoimento pessoal do Autor, além de documentação complementar.
111. Finalmente, a advogada que subscreve a presente defesa, declara a autenticidade dos documentos ora juntados, na forma do art. 830, da CLT.
Nestes termos,
P. Deferimento.
São Paulo, 07 de setembro de 2022.
MARTA ALVES
OAB/RJ 150.162
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