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1 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA 20ª VARA DO TRABALHO DE CURITIBA – PARANÁ ATSum 0000407-10.2021.5.09.0029 AVENIDA EMPREENDIMENTOS HOTELEIROS LTDA - ME, pessoa jurídica de direito privado, CNPJ 04.004.502/0001-41, situada em endereço Alameda Doutor Carlos de Carvalho, número 784, Centro, Curitiba – PR, vem respeitosamente à presença Vossa Excelência, por seus advogados que abaixo subscrevem (Procuração em anexo), com fulcro no art. 847, da CLT, para apresentar CONTESTAÇÃO à Reclamatória Trabalhista movida por IRACEMA DO ROCIO RUTKOSKI, já qualificada nos autos em epígrafe, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas. i) PRELIMINARMENTE 2 1. DA TEMPESTIVIDADE Conforme fl. 85, a Reclamada foi intimada em 07/10/2021, para apresentar contestação no prazo de 15 dias úteis, assim, considerando que dia 12/10/2021 foi feriado nacional o prazo se finda em 29/10/2021, tendo então por tempestiva. 2. IMPUGNAÇÃO À JUSTIÇA GRATUITA Resta integralmente impugnado o pedido da parte Reclamante aos benefícios da justiça gratuita pelos seguintes motivos: Primeiramente não foi apresentado qualquer documento que comprove sua miserabilidade econômica da parte autora para pleitear os referidos benefícios. Ademais, após a vigência da Lei 13.467/2017 os requisitos para a concessão dos benefícios da justiça gratuita devem ser cabalmente comprovados, não havendo mais o que se falar em presunção. Este é o entendimento do nosso Tribunal Regional, sobre o assunto: TRT-PR-03-04-2018 EMENTA: JUSTIÇA GRATUITA. CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. REQUISITOS. Para que seja concedido o benefício da justiça gratuita é suficiente que a parte requerente receba salário igual ou inferior ao dobro do mínimo legal, ou declare sua situação de hipossuficiência econômica afirmando não ter condições de demandar sem prejuízo do sustento próprio e da família, nos termos do artigo 790, parágrafo 3º, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), combinado com o artigo 4º, parágrafo 1º, da Lei nº 1.060/1950, requisito preenchido na hipótese vertente. Recurso ordinário do reclamado conhecido e desprovido. (...) TRT-PR-08121-2014-005-09-00-6-ACO-05337-2018 - 7A. TURMA Relator: ALTINO PEDROZO DOS SANTOS Publicado no DEJT em 03-04-2018 Ainda sobre o mesmo assunto o Tribunal Superior do Trabalho dispõe: Súmula 463/TST - 01/06/2015. Assistência judiciária gratuita. Pessoa natural. Comprovação. (conversão da Orientação Jurisprudencial 304/TST-SDI-I, com alterações decorrentes do CPC de 2015). CPC/2015, art. 105 I - A partir de 26/06/2017, para a concessão da assistência judiciária gratuita à pessoa natural, https://www.legjur.com/sumula/busca?tri=tst&num=463#topo https://www.legjur.com/sumula/busca?tri=tst-sdi-i&num=304 https://www.legjur.com/legislacao/art/lei_00058691973 https://www.legjur.com/legislacao/art/lei_00131052015-105 3 basta a declaração de hipossuficiência econômica firmada pela parte ou por seu advogado, desde que munido de procuração com poderes específicos para esse fim (CPC/2015, art. 105); Res. 219, de 26/06/2017 - DJ 28, 29 e 30/06/2017 (acrescenta a súmula). Cabia à parte postulante juntar seu extrato bancário, declaração de imposto de renda, cópia integral da sua CTPS, dentre outros documentos que poderiam comprovam a sua efetiva ausência de condições financeiras para arcar com as custas da presente demanda, mas não o fez. Sequer a Reclamante juntou declaração afirmando sua condição econômica. Pelo todo o exposto, fica evidenciada a inobservância da parte Reclamante, nos ditames que determina a devida comprovação da condição financeira, não sendo merecedora de tal instituto. Assim, pela inobservância do artigo supra e pela não apresentação dos requerimentos necessários à concessão da gratuidade da justiça, requer a improcedência total do pedido, bem como requer seja a parte reclamante condenado a pagar as custas e honorários advindos do presente feito. Ademais, não há o que se falar em inconstitucionalidade do art. 791-A, parágrafo 4º, art. 844, art. 790-B, restando impugnadas as alegações e requerendo a improcedência dos pedidos (tópico II.1). 3. LIMITAÇÃO DOS PEDIDOS – JULGAMENTO ULTRA PETITA E EXTRA PETITA Em se tratando de processo trabalhista é pressuposto processual a liquidação dos pedidos e, quando a parte Autora “dá valor” a cada um de seus pedidos, ela os está limitando àquele montante. Veja-se que dispõe expressamente os arts. 141 e 492 CPC/2015 (equivalentes aos arts. 128 e 460 do antigo CPC/1973), que é dever do juiz decidir o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe vedado condenar em quantidade superior do que é https://www.legjur.com/legislacao/art/lei_00131052015-105 4 demandado: Art. 141 - O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe vedado conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa da parte. Art. 492 - É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado. Parágrafo único - A decisão deve ser certa, ainda que resolva relação jurídica condicional. Nesse sentido, é o entendimento recente, pacífico e consolidado pelo C. Tribunal Superior do Trabalho: [...] 3. JULGAMENTO ULTRA PETITA. CONFIGURAÇÃO. PEDIDOS LÍQUIDOS. LIMITAÇÃO DO VALOR DA CONDENAÇÃO. A jurisprudência desta Corte consolidou-se no sentido de que a atribuição de valor líquido e certo aos pedidos deduzidos na petição inicial vincula a condenação aos limites ali definidos. O Tribunal Regional, ao proferir acórdão sem observância dessa limitação, incorreu em violação aos artigos 128 e 460 do CPC. Recurso de revista conhecido e provido. (Processo: RR - 69600-05.2009.5.15.0082 Data de Julgamento: 16/03/2016, Relator Ministro: Douglas Alencar Rodrigues, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 22/03/2016.) I - RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI N° 13.015/2014 - LIMITES DA CONDENAÇÃO - JULGAMENTO EXTRA PETITA - A formulação de pedidos líquidos na petição inicial impede que o juízo condene a parte em montante superior, por força dos arts. 128 e 460 do CPC. [...] (Processo: RR - 52-30.2015.5.03.0141 Data de Julgamento: 24/02/2016, Relatora Ministra: Maria Cristina IrigoyenPeduzzi, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT 26/02/2016.) RECURSO DE REVISTA. LIMITES DA CONDENAÇÃO. 1. A Turma Regional considerou que os valores líquidos, referentes às parcelas postuladas, indicados na inicial produzem efeitos apenas para fins de fixação do rito processual. 2. No entanto, tratando- se de rito ordinário, ao formular pedidos de forma líquida é vedada a condenação em valores superiores aos especificados (art. 460 do CPC). 3. Recurso de revista de que se conhece e a que se dá provimento. (Processo: RR - 2359-24.2013.5.03.0012 Data de 5 Julgamento: 16/12/2015, Relatora Desembargadora Convocada: Rosalie Michaele Bacila Batista, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT 18/12/2015.) – destacamos [...] 2. JULGAMENTO "ULTRA PETITA". VALOR DA CONDENAÇÃO. LIMITAÇÃO AOS VALORES ATRIBUÍDOS AOS PEDIDOS. CPC, ARTS. 128 E 460. Restando clara a existência de pedidos líquidos e certos na petição inicial, deve ser limitado o montante da condenação aos valores ali especificados. Na esteira do que preceituam os arts. 128 e 460 do CPC, não havendo dúvidas quanto às restrições aplicadas aos pedidos, fixados em valores exatos, impossível o deferimento de parcelas que os superem. Recurso de revista conhecido e provido. [...] (Processo: RR - 657- 40.2013.5.15.0002 Data de Julgamento: 30/09/2015, Relator Ministro: Alberto Luiz Brescianide Fontan Pereira, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 02/10/2015.) No mais, destaca-se que o rito Sumaríssimo impõe a limitação aos valores lançados na exordial, sendo possibilitada somente a incidência de juros e correção monetária. Nesse sentido, colaciona-se o seguinte entendimento jurisprudencial: “(...) 3. LIMITAÇÃO AOS VALORES CONSTANTES NA PEDIDO. Pretende o autor a reforma da sentença que limitou o valor a ser apurado em execução aos valores dos pedidos contidos na exordial, a exceção dos juros de mora e da correção monetária. Não merece reparo a decisão de origem. Nos termos do art. 852-B, I, da CLT, nas reclamações enquadradas no procedimento sumaríssimo, o pedido deverá ser certo ou determinado e indicará o valor correspondente, requisito satisfeito pelo autor. Pelo princípio da celeridade processual, objetivo do procedimento sumaríssimo, correta a sentença que determinou a observância à limitação aos valores constantes na inicial, devendo incidir sobre os mesmos somente juros de mora e correção monetária. Mantenho." Custas acrescidas, pela reclamada, no importe de R$20,00, sobre o valor arbitrado de R$1.000,00." TRT-PR-53434-2005-006-09-00-4-ACO-04836-2006 Relator: MÁRCIO DIONÍSIO GAPSKI Publicado no DJPR em 17-02-2006 Assim sendo, em havendo eventual condenação nos presentes autos, o que não se espera e se admite apenas para fins argumentativos, requer-se, apenas por precaução, que sejam todos os pedidos expressamente limitados aos valores constantes na petição inicial a cada um, bem como, à causa de pedir a ele vinculada, sob pena de incorrer a sentença em julgamento ultra petita, ou extra petita, em violação aos arts. 141 e 492 do CPC/2015. É o que requer. 6 4. IMPUGNAÇÃO DE DOCUMENTOS Os documentos juntados pela parte Reclamante nada comprovam suas alegações. Impugna a defendente, pois, todos os documentos juntados e todos os documentos em desacordo com o art. 830, da CLT. A CTPS da obreira nada comprova suas alegações, ao contrário, demonstram que a Reclamante já possuía todos os requisitos para aposentadoria, antes da extinção contratual com a Reclamada. Resta impugnada a declaração de fls. 56, uma vez que conforme será amplamente demonstrado a Reclamante já possuía, antes da resilição contratual, todos os requisitos necessários para se aposentar, não tendo qualquer interferência o vínculo de emprego extinto com a ora Reclamada. Impugnam-se os documentos de fls. 58-59 porque nada interferem no feito. Impugnam-se os documentos de fls. 61 e seguintes porque não possuem datas, não sendo possível confirmar a data que foi feita a apuração., e não obstante, confirmam todo o exposto a seguir, que a Reclamante já possuía os requisitos para se aposentar, que não teve qualquer interferência quando da resilição contratual. PREJUDICIAL DE MÉRITO 1. DA PRESCRIÇÃO QUINQUENAL A Reclamante postula em sua reclamatória trabalhista ajuizada em 20/05/2021 o reconhecimento da estabilidade pré-aposentadoria, sua conversão de reintegração em 7 indenização, adicional de insalubridade, indenização por danos morais e multa normativa, do período de 15 de agosto de 2013 a 15 de maio de 2020 (data com a projeção do aviso prévio). Entretanto, conforme art. 7, XXIX, da CF/88, artigo 11, da CLT e súmula 308, I, do TST, a prescrição trabalhista concerne às pretensões imediatamente anteriores a cinco anos, contados da data do ajuizamento da reclamação. Ou seja, não há que se falar em viabilidade de análise de verbas trabalhistas de mais de 5 anos. Requer, portanto, o reconhecimento da prescrição quinquenal dos pedidos anteriores a 20/05/2016, com fundamento na súmula 308, I, do TST e artigos 7ª, XXIX da CF/88, com a extinção do processo com resolução do mérito sobre esses pedidos. MÉRITO 1. IMPUGNAÇÃO AOS PEDIDOS DA INICIAL – DO ÔNUS DA PROVA: Artigos 818 da CLT e 373, I, do NCPC Conforme disposto no artigo 373, I NCPC, o ônus da prova incumbe ao Autor quanto ao fato constitutivo de seu direito, e com a inteligência do artigo 818 da CLT, é sabido que a prova das alegações incumbe à parte que as fizer. Desta forma, impugnam-se todos os pedidos exordiais, porquanto não coadunam com a realidade do pacto laboral, cumprindo ao Autor provar de forma cabal todas as alegações narradas na inicial, sob pena de serem consideradas mendazes e, por conseguinte, não acolhido o pleito obreiro, devendo a presente demanda ser julgada totalmente improcedente, o que desde já se requer. 1. SÍNTESE DO CONTRATO DE TRABALHO 8 A Reclamante foi admitida pela Reclamada para exercer a função de camareira em 15/08/2013, mediante salário de R$ 862,00. Foi dispensada sem justa causa em 15/04/2020, com aviso prévio trabalhado, sendo sua última remuneração para fins rescisórios o importe de R$ 1.293,00 (mil duzentos e noventa e três reais). Desde logo, impugnam-se todas as ilações contrárias ao exposto acima, inclusive quanto ao salário recebido e a data da dispensa. E, conforme será demonstrado nos tópicos seguintes, todas as verbas contratuais e rescisórias devidas à parte Reclamante foram correta e tempestivamente quitadas, não havendo que se falar na condenação da Reclamada ao pagamento de qualquer uma das importâncias postuladas. 2. DA AUSÊNCIA DE JUNTADA DA NORMA COLETIVA DA CATEGORIA Os pedidos que têm por fundamento o descumprimento de cláusulas descritas na Convenção Coletiva de Trabalho exigem para a sua apreciação a juntada da CCT respectiva. No entanto, não há nos autos a juntada de qualquer instrumento coletivo. Por seu turno, não se justifica a juntada posterior, eis que a petição inicial deveria já ter trazido o referido documento, pois já estabelece os limites da lide, inclusive para fins de apresentação da presente contestação. Nesse sentido o Tribunal Superior do Trabalho traz que: (...) HORAS EXTRAORDINÁRIAS. AUSÊNCIA DE JUNTADA DE NORMA COLETIVA QUE FUNDAMENTA O PEDIDO INICIAL. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO. A petição inicial de fato deve ser instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação, sendo certo que a petição inicial será indeferida quando não atendidas as prescrições relacionadas à juntadas de tais documentos. Assim, não juntados os documentos essenciais à propositura da ação e indeferida a petição inicial por tal motivo, haverá a extinção do processo sem resolução de mérito, nos termos do art. 485, I, do 9 CPC, e não o julgamento de improcedência do pedido. Recurso de revista não conhecido. (TST - ARR: 3379520165170012, Relator: Aloysio Corrêa da Veiga, Data de Julgamento: 23/08/2017, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 25/08/2017) (Grifo nosso) Ainda sobre este tópico o Tribunal Regional da 2º Região, destacando-se que não pode ser admitida a juntada posterior, uma vez que já apresentar a contestação: AUSÊNCIA DE JUNTADA DE CCT. IMPROCEDÊNCIA DOS PEDIDOS. Não tendo a parte autora juntado a norma coletiva da categoria, não é possível deferir os pedidos que nela se fundamentam. A juntada posterior não pode ser admitida, uma vez que a inicial é que estabelece os limites da lide. Recurso Ordinário a que se nega provimento. (TRT – 2; RO 1000638-45.2019.5.02.0462 - 1ª TURMA; Rel. Des. RICARDO APOSTÓLICO SILVA; Disponibilizado no DJE em 24/06/2020) (...) Nem se avente a possibilidade de juntada posterior, como mencionado na peça de recurso, eis que é a petição inicial que estabelece os limites da lide, e, além disso, não se tratando de lei federal, não se aplica ao caso o princípio iuria novit curia, sendo obrigação da parte interessada, apontar o fundamento da pretensão. Ressalto que o momento processual para juntada de documentos é a inicial paraa parte autora e a contestação para a parte ré, sob pena de preclusão, salvo se destinados a prova de fato superveniente ou à contraprova, o que não é o caso da norma coletiva. (TRT – 2; RO 1000638-45.2019.5.02.0462 - 1ª TURMA; Rel. Des. RICARDO APOSTÓLICO SILVA; Disponibilizado no DJE em 24/06/2020) (Grifo nosso) Requer-se assim, a improcedência dos pedidos baseados em Convenção Coletiva não acostada aos autos em termos de inicial. Sucessivamente, sejam extintos sem resolução do mérito. 3. DA ESTABILIDADE PRÉ-APOSENTADORIA A Reclamante alega que quando foi dispensada estava a 2 meses e 4 dias de completar os requisitos necessários para a aposentadoria por idade. Alega que tinha estabilidade pré aposentadoria prevista em CCT e, diante disso, pede que a dispensa imotivada seja 10 convertida em indenização (tópico II.1), assim como pede a conversão do pedido de reintegração em indenização substitutiva (tópico II.2). Sem nenhuma razão. Restam impugnadas as alegações da Reclamante. Inicialmente, resta impugnado o pedido uma vez que não há nos autos qualquer instrumento coletivo a amparar a pretensão obreira, não possuindo, portanto, qualquer direito alegado. Não obstante, ainda que se considerasse a existência de referido instrumento, não merece prosperar a alegação da Reclamante de que a demissão teria ocorrido durante seu período de pré-aposentadoria, uma vez que da superficial análise das Cópias da CTPS anexadas comprova que o período de aquisição do direito à aposentadoria já se havia cumprido há mais de um ano antes da rescisão contratual – considerando o tempo de serviço, o qual já perfazia mais de 192 meses de contribuição, ou seja, 16 anos de contribuição: 11 Portanto, a rescisão do contrato de trabalho em nada interferiu no período que faltava para a Reclamante se aposentar, uma vez que o tempo de contribuição já estava completo, tanto que na sequência a Reclamante já se aposentou e atualmente está aposentada. Quanto ao tempo de serviço, a simulação apresentada (fls. 61-66) pela outra parte na inicial padece de equívoco, pois desconsiderou o período de 01/10/2005 a 02/03/2007 no qual a reclamante se encontrava na vigência de contrato com a empresa Villanueva Hotéis e Turismos S/A (Seta Hotéis e Turismo). Ressalta, no mais, que em momento algum a Reclamante entregou qualquer documento demonstrando que teria a suposta estabilidade ou afirmando o que expõe na presente 12 demanda, ao contrário, a advogada Cheila Juliana enviou documento informando que a Reclamante já tinha direito à aposentadoria: Aproveitamos o ensejo para colacionar aos autos este documento, o qual, é hábil a demonstrar que a Reclamante já tinha ciência de ter atingido todo o prazo necessário para sua aposentadoria antes da rescisão contratual. Além disso, a Reclamante se absteve de apresentar ao Juízo o documento comprobatório da notificação de informação do início de período de estabilidade de pré- aposentadoria. E mais, a procuradora da Reclamante estava ciente de equívoco nos registros do INSS – que não tinha nenhuma relação com a Reclamada, porém, valeu-se a Reclamante desse prazo equivocadamente reduzido para fundamentar toda a sua causa, induzindo o Juízo a erro. Ainda, em referência ao prazo aquisitivo ao direito à aposentadoria, consta da simulação apresentada pela Reclamante (fls. 61-66) registros já aceitos pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), de outros dois empregadores que não constam em sua CTPS, cujo prazo, inclusive, deve ser agregado ao cômputo total. Ressalta-se, no mais, que a homologação da rescisão contratual foi realizada perante o sindicato da categoria, tendo aquele órgão realizado a total verificação da regularidade da extinção do contrato de trabalho, inclusive no que pertine à suposta estabilidade pleiteada pela Reclamante. Certamente o sindicato verificou pelas anotações constantes da CTPS que a outra parte já detinha prazo suficiente de contribuição para a aposentadoria. 13 Assim, quando da rescisão a Reclamante já possuía os requisitos para se aposentar, tanto que na sequencia já se aposentou, não havendo o que se falar, portando, em estabilidade. Nesse sentido: ESTABILIDADE PRÉ APOSENTADORIA. TEMPO DE SERVIÇO PARA APOSENTADORIA. BENEFÍCIO INDEVIDO. Foi ajustada coletivamente a garantia de emprego ao trabalhador que estivesse a menos de 12 meses de completar o tempo necessário para a obtenção da aposentadoria integral ou proporcional. Essa garantia de emprego pré-aposentadoria tem o intuito de assegurar o emprego do trabalhador no período que antecede ao preenchimento do requisito temporal para aquisição do direito à aposentadoria. Portanto, se a finalidade social da vantagem é possibilitar a implementação do direito à aposentadoria pelo trabalhador, não há dúvida de que, completado o tempo de serviço necessário para aquisição do direito à aposentadoria integral, cessa o direito do trabalhador à estabilidade no emprego. Mantido o indeferimento do pedido. (TRT 15ª R.; RO 0001529- 76.2012.5.15.0071; Ac. 4057/2015; Terceira Turma; Rel. Des. Lorival Ferreira dos Santos; DEJTSP 06/02/2015; Pág. 1153) (grifo nosso). Assim, considerando que a Reclamante, quando da rescisão, já tinha completado os requisitos necessários para aquisição do direito à aposentadoria, seja por tempo de contribuição, seja por idade, não há o que se falar em estabilidade. Ressalta, inclusive, que em sede de inicial a Reclamante alega já estar aposentada, ou seja, se realmente estivessem faltando esses dois meses alegados do tempo de contribuição, ela não teria conseguido se aposentar. Outrossim, mesmo que se aplicasse a necessidade de reintegração, não comprovada pela autora que a CCT prevê a conversão em indenização. O artigo 496 da CLT e a súmula 396 do TST mencionam a possibilidade de conversão da reintegração em indenização, desde que comprovado o comprometimento do período de estabilidade, o que não ocorreu no presente caso, uma vez que a Reclamante já se encontrava com os requisitos cumpridos para ser aposentada. 14 Diante do exposto, não há o que se falar em estabilidade pré aposentadoria, motivo pelo qual requer a total improcedência dos pedidos relacionados (Tópicos II.1, II.2, e todos os demais requerimentos). Sucessivamente, desde logo, resta impugnado o pedido de indenização de 16/05/2020 a 30/09/2020, uma vez que é contraditório com as alegações da Reclamante de que só faltavam dois meses para a aposentadoria. Ademais, não menciona a autora se recebeu retroativo à data do requerimento, tampouco qual foi a data do requerimento, sendo certo que eventual demora na aposentadoria – ou até mesmo eventual equívoco no cálculo – é de responsabilidade do INSS e não da Reclamada. Também não menciona se recebeu seguro desemprego no período, o que certamente deve ser levado em consideração. Diante disso, para fins argumentativos, tendo recebido retroativo, nada é devido, e, na remota hipótese de condenação, deve ser limitada a dois meses conforme alegação. Por fim, impugna-se o valor indicado, eis que não observa a própria limitação da petição inicial de dois meses. 4. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE A Reclamante alega que faz jus ao adicional de insalubridade, alegando que tinha contato com riscos biológicos, por recolher lixos e higienizar unidades sanitárias. fundamenta seu pedido de reconhecimento de adicional de insalubridade na súmula 448, II, do TST. Sem nenhuma razão. Restam veementemente impugnadas as alegações da Reclamante. Não merece guarida a pretensão obreira, posto que conforme pode ser visto da documentação anexa, a Autorajamais manteve contato com agentes considerados insalubres e, na eventualidade de ter sido exposta a qualquer um deles, utilizava equipamentos de proteção individual suficientes para neutralizá-los ou eliminá-los. 15 Mencione-se, ainda, que a Autora era empregada treinada e recebia todos os equipamentos de segurança necessários, conforme recibos de EPI, ordem de serviço, e demais documentos que seguem em anexo. Feitas tais observações, convém relembrar que o pagamento do adicional de insalubridade vindicado está condicionado à exposição da empregada a agentes nocivos à sua saúde, desde que acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e intensidade do agente e do tempo de exposição (art. 189 da CLT), considerando a eliminação ou neutralização pela adoção de medidas de proteção e uso de EPI. No entanto, do conjunto fático-probatório firmado, depreende-se que a Reclamante não se enquadra nas hipóteses de atividades insalubres, previstas no art. 189 da CLT, portanto, não tem direito à percepção do adicional em questão. Restam assim impugnadas todas as atividades alegadas pela autora, eis que inverídicas. Resta impugnada também a alegação de que fazia limpeza de banheiros públicos, pois não é verdade. Não se aplica no presente caso a Súmula 448, do TST, uma vez que não se trata a reclamada de local de grande circulação e não possui instalações sanitárias de uso público ou coletivo. Assim, a aplicação de referida súmula é restrita aos critérios de uso público ou coletivo e de grande circulação. Os serviços prestados pela Reclamante, não se enquadram nesses requisitos. Nesse sentido, o Tribunal Regional do Trabalho da 21ª Região traz que: Incidente de uniformização de jurisprudência. Art. 896, § 4º, da CLT, c/c art. 157 do regimento interno desta Corte Trabalhista. Adicional de insalubridade em grau máximo. Limpeza e higienização de quartos e banheiros de uso público em hóteis e móteis. Equiparação a lixo urbano. Súmula 448, II do c. TST. 1. As instalações sanitárias dos hotéis não podem ser enquadradas na categoria de uso público ou coletivo de grande circulação, porquanto a rotatividade é menor, em decorrência de: 1) tempo de permanência mínima 16 (24h); 2) estrutura mais diversificada (parques aquáticos, salão de jogos, clube de ginástica, ambiente para crianças etc); e 3) finalidade mais ampla do serviço prestado. O mesmo não pode ser dito das instalações sanitárias de um motel, cujo número de usuários é bem maior, com alta rotatividade, justamente pelas notas distintivas que qualificam tal tipo de empreendimento, a saber: 1) o tempo de permanência mínimo é imprevisível, sendo mais fácil afirmar que o tempo de permanência máximo num motel dificilmente chega a ser o tempo mínimo de permanência num hotel (24h); 2) a sua estrutura menos diversificada, correlacionada a 3) finalidade do serviço prestado, marcado pela sua especialidade e alta demanda. 2. Logo, os empregados de motel que trabalham na higienização e limpeza das instalações sanitárias de uso público ou coletivo de grande circulação ficam expostos a agentes biológicos nocivos à sua saúde, ensejando o pagamento do adicional de insalubridade em grau máximo, por equiparação aos trabalhadores que lidam com lixo urbano. 3. A fixação da tese jurídica não dispensa a exigência legal de verificação das condições ambientais de trabalho, através de laudo pericial elaborado por técnico (Art. 195 da CLT) cuja avaliação não vinculada à tese jurídica aqui fixada, mas à situação fática avaliada 4. Incidente de Uniformização da Jurisprudência Regional admitido e provido parcialmente. (TRT-21, Incidente de Uniformização de Jurisprudência nº. 0000083-50.2016.5.21.0000; Tribunal Pleno; Rel. Des. MARIA AUXILIADORA BARROS DE MEDEIROS RODRIGUES) (Grifo nosso). ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. CAMAREIRA. Considerando que um quarto de hotel é utilizado apenas pelos seus ocupantes, nele é produzido lixo na mesma quantidade e qualidade que seria num quarto residencial . Nesse sentido, não há identificação analógica entre a limpeza de vários quartos de hotel com a limpeza de instalações sanitárias de uso público ou coletivo de grande circulação, como exigido pela Súmula 448 do C. TST. Recurso ordinário conhecido e desprovido. (TRT-21, RO 0000832- 35.2014.5.21.0001; Primeira Turma; Rel. Des. BENTO HERCULANO DUARTE NETO) (Grifo nosso). Adicional de insalubridade. Limpeza e higienização de quartos e banheiros em hotel e a respectiva coleta de lixo. Incidente de Uniformização Jurisprudencial IUJ 0000083-50.2016-5-21-0000. Tendo em vista o acervo probatório sobre as condições de trabalho e os dados constantes na prova técnica e, considerando que o juiz não está adstrito às conclusões do perito, devendo fundamentar sua decisão nos termos do art. 479 do CPC, especialmente quando já se debruçou sobre questões análogas, há de se reconhecer que o estabelecimento hoteleiro analisado não se enquadra como de alta rotatividade. Impende acrescentar, mesmo assim, que o laudo pericial indicado como prova emprestada concluiu pela restrição da insalubridade ao serviço prestado pelos Auxiliares de Serviços Gerais, que higienizam as instalações sanitárias das áreas comuns dos hotéis, naturalmente de grande circulação de pessoas, excluindo as 17 camareiras, cujo trabalho é restrito aos cômodos dos hóspedes, de circulação reduzida. Assim, não há que se falar em equiparação dos serviços de higienização e limpeza das instalações sanitárias, e a respectiva coleta de lixo, realizados em hotéis com os desempenhados em locais de uso público ou coletivo de grande circulação, notadamente, por trabalhadores que lidam com lixo urbano, não incidindo o disposto no anexo 14 da NR n. 15 da Portaria do MTb n. 3.214/78, de modo que o rechaço ao pleito do pagamento de adicional de insalubridade e reflexos, sustentado pelo recorrente, é medida que se impõe. (TRT-21, RO 0000406- 57.2018.5.21.0009; Primeira Turma; Rel. Des. RICARDO LUÍS ESPÍNDOLA BORGES) (Grifo nosso). No perfil profissiográfico previdenciário, não só comprova a entrega e substituição regular dos devidos EPIS, bem como o seu uso ininterrupto e seu devido funcionamento. Sendo assim, tem-se como improcedente os pedidos expostos em inicial. Diante do exposto, requer a total improcedência do pedido – tópico II.3 – assim como a improcedência de todos os pedidos relacionados. De outro norte, na eventualidade de haver condenação, este deve incidir sobre o salário mínimo regional (art. 192 da CLT), e em grau mínimo. Já os reflexos, por serem verbas acessórias, devem seguir a sorte da verba principal. No mais, resta impugnado o valor do pedido, uma vez que não utilizada como base de cálculo o salário mínimo regional, tampouco limitado ao período que laborou como camareira. 18 5. GRATIFICAÇÃO DE APOSENTADORIA A Reclamante alega fazer jus à gratificação por aposentadoria prevista na CCT, cláusula 14. Sem razão, resta impugnada a pretensão. Inicialmente, ressalta mais uma vez que a Reclamante não anexa qualquer instrumento coletivo para o fim de embasar sua pretensão, nada comprovando a respeito, o que conduz automaticamente à rejeição. Não obstante, muito embora a Reclamante já tivesse adquirido os requisitos necessários para a aposentadoria, conforme amplamente demonstrado, verifica-se que quando ela se aposentou, o contrato de trabalho não produzia mais efeitos. Significa dizer que não foi cumprida a cláusula alegada pela Reclamante, pois ela não se aposentou durante o vínculo (o que frisa-se: não teve relação nenhuma com a reclamante e com o vínculo de emprego com esta). Assim, quando da aposentadoria da Reclamante, considerandoque o contrato de trabalho já havia se encerrado, não há o que se falar em dever da empresa no pagamento do referido salário. Diante do exposto, requer a total improcedência do pedido de gratificação por aposentadoria – tópico II.4, e todos os pedidos relacionados. 6. DANOS MORAIS Pede a Reclamante indenização por danos morais, alegando que o adicional pleiteado (ao que tudo indica se refere à suposta insalubridade), está causando aflição e constrangimento à Reclamante, e que o risco à saúde a que foi submetida gera o dano moral perseguido. 19 Sem nenhuma razão. Restam impugnadas as alegações. Conforme já exposto no item supra, não houve labor realizado em local insalubre, sendo assim não é devido tal adicional. Da mesma forma, não ocorreu por parte da Reclamada qualquer atitude ilícita, ou, ainda, qualquer ato a ensejar dano moral alegado. Não há, portanto, qualquer nexo de causalidade e, consequentemente, solo ou culpa por parte da Reclamada que ensejasse eventual indenização. Ressalta-se que o dever de indenizar vincula-se à prova de ocorrência do dano, ou seja, à demonstração do dano moral, bem como ao nexo de causalidade, condicionantes indispensáveis à procedência da indenização. Muito embora referido dano aconteça em um plano onde é mais difícil sua comprovação, não se pose pretender que simples presunção sirva para demonstrar sua ocorrência. O dano moral, mesmo não tendo expressão material de caráter patrimonial, deve ser provado. Nesse sentido: EMENTA: DANO MORAL. NÃO CARACTERIZADO. O reconhecimento de dano moral somente pode ser possível diante de prova inequívoca não só da conduta ilícita que é atribuída à empregadora, mas também da ocorrência do efetivo dano à imagem, à honra ou à moral do empregado, ônus que compete à reclamante, nos termos do artigo 818, I, da CLT, do qual não se desincumbiu. Recurso ordinário a que se nega provimento. (TRT-2 10016297120195020607, Relator: SONIA MARIA FORSTER DO AMARAL, 2ª Turma – Cadeira 3, Data da Publicação: 03/06/2021) DANO MORAL. NÃO CARACTERIZADO. A indenização por danos morais (art. 5º, incisos V e X da Constituição Federal e artigos 186 e 927 do Código Civil) depende de prova de ato ilícito provocado pelo apontado como agressor, que atinja a honra, a imagem, intimidade, dignidade ou outros direitos da personalidade. (TRT-2 10007711320195020713, Relator: ROSANA DE ALMEIDA BUONO, 3ª Turma – Cadeira 5, Data da Publicação: 29/09/2020) E, ainda que fossem ser consideradas as alegações da Reclamante, o que não se espera e se admite para fins argumentativos, consoante pacífico entendimento jurisprudencial, 20 mero aborrecimento, dissabor, mágoa, irritação ou sensibilidade exacerbada estão fora da órbita do dano moral. É certo, destarte, que só se caracteriza o dever de indenizar quando o lesado prova a ocorrência do dano e a sua extensão. Sem isso, evidentemente, não se pode pretender qualquer ressarcimento. Da mesma forma, os tribunais, não dispensam a comprovação do nexo de causalidade quando a questão envolve indenização por dano moral oriundo de relação de emprego: “DANOS MORAIS E MATERIAIS. INDENIZAÇÃO INDEVIDA. AUSÊNCIA DE PROVA DO NEXO CAUSAL ENTRE O EVENTO DANOSO E A SUPOSTA AÇÃO ILÍCITA DO EMPREGADOR. Para que se impute a condenação ao pagamento de indenização por dano moral baseada na responsabilização subjetiva contemplada no art. 186 do Código Civil imperativa se torna a existência de ação ou omissão do agente ou de terceiro, dolo ou culpa dessas pessoas, nexo causal e lesão extrapatrimonial. Assim, para a caracterização da responsabilidade civil do empregador, em caso de dano causado a empregado em decorrência de acidente de trabalho, é necessária a ocorrência de nexo de causalidade entre a execução do serviço, o dano sofrido e a ilícita conduta patronal. Não demonstrado o nexo causal entre o evento danoso e a suposta ação ilícita do empregador, torna-se indevida a indenização pleiteada. (TRT – 12ª Região. RO 00283- 2006-050-12-00-4. Terceira Turma. Relª Desª Lília Leonor Abreu. DOESC de 29.02.2008) (Grifo nosso) DANO MORAL. NÃO CARACTERIZADO. Para que se seja caracterizado motivo que justifique o pagamento de indenização por danos morais é necessário a existência do dano, a conduta antijurídica do causador do dano e o nexo causal entre o resultado danoso e a conduta do agente, requisitos não preenchidos in casu. Recurso a que se nega provimento. (TRT-2 10019532120165020719, Relator: ROSANA DE ALMEIDA BUONO, 3ª Turma – Cadeira 5, Data da Publicação: 03/04/2018) A Reclamante, todavia não comprovou o dano que alega ter sofrido e tão pouco o nexo entre o dano e qualquer conduta da Reclamada, não se desincumbindo, portanto, do ônus probatório, como requer o artigo 818 da CLT. 21 Ante o exposto, vê-se que a indenização por dano moral é indevida, razão pela qual requer seja julgado improcedente o pleito obreiro – tópico II.5 e todos os pedidos relacionados. Em caso de eventual deferimento do pedido em tela, em se entendendo cabível a responsabilização da Reclamada pelos danos morais alegados, este deve ser fixado com moderação e estrita observância aos critérios da razoabilidade e proporcionalidade, bem como quanto ao disposto no artigo 944 do CC, sob pena de se estar dando ensejo a enriquecimento sem causa, repudiado pelo nosso ordenamento jurídico. 7. MULTA NORMATIVA Aduz a Reclamante multa de 50% prevista na cláusula trigésima oitava da categoria. Tal pedido não merece prosperar. Como demonstrado anteriormente a Reclamada não descumpriu quaisquer cláusulas da CCT em questão. A fundamentação apresentada pela Reclamante se restringiu a suposta negativa da Reclamada em conceder o período de estabilidade a alegação fica prejudicado como já demonstrado, pois a Reclamante já havia conquistado o tempo de serviço necessário para a aposentadoria antes da rescisão contratual. No mais, conforme amplamente demonstrado, a Reclamante não anexou o instrumento que embasa suas pretensões, não podendo fazê-lo após apresentação da defesa. Diante do exposto, requer a total improcedência do pedido - tópico II.6 e todos os relacionados. 8. DA LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ Conforme se depreende dos autos, a Autora de forma maliciosa e com evidente má- fé busca ludibriar o Poder Judiciário aproveitando-se do processo de forma temerária, na 22 tentativa de induzir o juízo em erro, restando flagrante o intuito de enriquecimento ilícito da Reclamante. A litigância de má-fé pode ser vislumbrada na dedução de pedidos infundados pela Autora, visto que não se configurou estabilidade pré-aposentadoria, adicional de insalubridade, conforme exaustivamente abordado. Ademais, verifica-se que a Autora não comprovou a veracidade das suas alegações, não se desincumbindo do ônus processual previsto no artigo 818, I, da CLT e artigo 373, I do CPC. Com efeito, restou demonstrada a má-fé processual da Reclamante, que expôs fatos e fundamentos não condizentes com a realidade, devendo ser condenada ao pagamento das multas por litigância de má-fé (artigo 81 do Código de Processo Civil). 9. DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS A reforma trabalhista incluiu, através do art. 791-A, que ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa. Importa relacionar que incluiu, também, o §3º do referido artigo, que trata de honorários de sucumbência recíproco, senão vejamos:“na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários de sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os honorários”. Assim, espera que ao final, julgue improcedentes os pedidos da exordial e condene a reclamante em honorários de sucumbência. 23 10. DAS RETENÇÕES PREVIDENCIÁRIAS E FISCAIS Em caso de eventual condenação devem ser abatidos todos os valores pertinentes às retenções previdenciárias (INSS) e fiscais (IR) na forma do que dispõem as Leis 8.218/91 e 8.541/92, assim como também dispõe a Súmula nº. 368 do C. TST e a OJ nº. 363 da SDI-1/TST. Em observância à determinação do art. 832 da CLT e do Provimento n. 001/96 da E. Corregedoria Geral da Justiça do Trabalho, as contribuições previdenciárias devem incidir sobre as cotas patronal e do empregado, sobre as parcelas da condenação que integram o salário de contribuição, na forma do Dec. n. 3.048/99 em seu artigo 214, que regulamentou a Lei nº. 8.212/1991. Portanto, a responsabilidade pelas verbas previdenciárias caberá a ambas as partes. Quanto à parcela das contribuições devida pela Autora, deve ser por esta suportada, sendo autorizados os respectivos descontos, que devem ser apurados na forma do disposto no art. 276, § 4º do Decreto n. 3.048/99. O mesmo se diga com relação aos descontos do Imposto de Renda. A base de cálculo dos tributos e a definição do contribuinte são estabelecidas pela legislação tributária, sendo inviável a alteração e/ou substituição, não havendo tributação de verbas indenizatórias. 11. DOS JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA Na remota hipótese de procedência de qualquer pedido, o que não se espera, nos termos do julgamento do dia 18/12/2020, das ADCs 58 e 59 e ADIs 5867 e 6021, o STF definiu a aplicação da SELIC tanto abrangendo a correção monetária como juros, determinando a aplicação para: (...) ii) os processos em curso que estejam sobrestados na fase de conhecimento (independentemente de estarem com ou sem sentença, inclusive na fase recursal) devem ter aplicação, de forma retroativa, da taxa Selic (juros e correção monetária), sob pena de alegação futura de inexigibilidade de título judicial fundado em interpretação contrária ao posicionamento do STF (art. 525, §§ 12 e 14, ou art. 535, §§ 5º e 7º, do CPC) Plenário, 18.12.2020 (Sessão realizada por videoconferência - Resolução 672/2020/STF) 24 Nesses mesmos termos, em recente decisão nos autos de Agravo de Petição nº 0000251- 88.2016.5.09.0872, de Relatoria da Exma. Desembargadora Marlene T. Fuverki Suguimatsu, a Seção Especializada deste Tribunal Regional manifestou entendimento em consonância com o STF: (...)b) verificada a hipótese de preclusão na fase de execução (coisa julgada formal), da mesma forma deve ser observada, situação que foi abrangida pela decisão do STF na medida em que, contrario senso ao critério definido para a fase de conhecimento ("(ii) os processos em curso que estejam sobrestados na fase de conhecimento (independentemente de estarem com ou sem sentença, inclusive na fase recursal) devem ter aplicação, de forma retroativa, da taxa Selic (juros e correção monetária), sob pena de alegação futura de inexigibilidade de título judicial fundado em interpretação contrária ao posicionamento do STF (art. 525, §§ 12 e 14, ou art. 535, §§ 5º e 7º, do CPC"), o mesmo não se definiu para incidência retroativa na fase de execução; (...) (grifos nossos) Na remota hipótese de procedência de qualquer pedido, o que não se espera, requer observância do critério da época própria para a incidência da correção monetária, de modo a respeitar o momento em que cada parcela se tornou exigívelAssim, para as parcelas que compõem os salários – cuja exigibilidade ocorre no 5ª dia útil do mês subsequente ao trabalhado, consoante disposição do artigo 459, parágrafo único da CLT, deverão ser adotados os índices dos meses subsequentes. Para as parcelas exigíveis em épocas diferentes, deverá ser adotado o índice do mês relativo à sua exigibilidade, conforme Súmula 381 do E. TST. Ademais, não há que se falar em juros sobre verbas indenizatórias. É o que requer. REQUERIMENTOS FINAIS Ante o exposto, REQUER o acolhimento da prejudicial de mérito com o reconhecimento da prescrição quinquenal dos pedidos anteriores a 20/05/2016, com fundamento na súmula 308, I, do TST e artigos 7ª, XXIX da CF/88, com a extinção do processo com resolução do mérito sobre esses pedidos. Ainda, requer que sejam julgados totalmente improcedentes os demais pedidos contidos na inicial. 25 Requer a produção de todas as provas admitidas em lei, testemunhal, o depoimento da Reclamante, sob pena de confissão, além da juntada e requisição de outros documentos que se façam necessários no curso da instrução. Sejam todas as intimações e notificações referentes a este feito realizadas apenas em nome de GELSON BARBIERI, OAB/PR 17.510, para fins de acompanhamento processual junto à imprensa oficial, sob pena de nulidade. Por fim, declara-se, sob pena de responsabilidade pessoal do subscritor, que as cópias dos documentos em anexo são autênticas, nos termos do art. 830, da CLT. Nestes termos, Pede deferimento. Curitiba, 25 de outubro de 2021. GELSON BARBIERI OAB/PR 17.510
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