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Unidade III Filosofia da Educação

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Formação filosófica do pensamento 
moderno 
 
 
A modernidade é um marco fundamental para o processo de desenvolvimento 
científico, filosófico e tecnológico, devido, especialmente, às consequências da 
Revolução Científica e da Revolução Industrial na modificação dos saberes e dos 
valores humanos. Nesta unidade, vamos destacar a relevância do conhecimento 
moderno e de sua influência na formulação das teorias pedagógicas. 
 
Objetivo 
 
Ao final desta unidade, você deverá ser capaz de: 
• Relacionar o progresso das ciências com o 
desenvolvimento das teorias educacionais. 
 
 
 
Conteúdo Programático 
 
Esta unidade está organizada de acordo com os seguintes temas: 
• Tema 1 - Filosofia e desenvolvimento científico 
• Tema 2 - A Pedagogia Realista 
• Tema 3 - Concepções cientificistas da Educação 
 
 
 
 
 
 
Qual a importância da tecnologia para a educação? 
 
 
 
Tema 1 
Filosofia e desenvolvimento científico 
 
 
 
A filosofia grega sempre buscou 
um conhecimento abrangente; 
isso quer dizer que, para os 
filósofos clássicos, as diversas 
áreas do saber – matemática, 
astronomia, física, gramática, 
metafísica, lógica, política, 
biologia, jurisprudência, medicina 
– estavam vinculadas ao 
conhecimento filosófico, com base 
em investigações teóricas e 
qualitativas. Ou seja, todas as 
áreas do saber faziam parte de um todo e eram estudadas de forma ampla pela 
filosofia, em uma relação dialógica que considerava todos os aspectos do campo 
racional. Este modelo, inter e transdisciplinar, era designado como um saber 
contemplativo e desinteressado (ou ciência contemplativa), pois não visava, 
propriamente, à aplicação ou ao uso do conhecimento para a transformação da 
realidade. 
 
 
Galileu Galilei 
 
Tal situação permaneceu por séculos, 
atravessando inclusive a Idade Média até o 
início da Modernidade, época que 
revolucionou as condições dos saberes, em 
especial com a criação do método científico, 
por Galileu e, consequentemente, o intenso 
desenvolvimento das ciências. 
 
 
A partir de diversas modificações subsequentes, surgiram novas formas de 
investigação, com propostas e experiências, fazendo com que a estrutura do saber 
fosse observada sob outra ótica, baseada em métodos científicos. Desse modo, a 
estrutura dos saberes se transforma e adquire uma função mais quantitativa, de busca 
de comprobabilidade, vinculada à vida prática, o que possibilita o desenvolvimento 
técnico e a transformação da realidade, pois aquele 
saber puro, teórico e contemplativo da Antiguidade é substituído pela união entre 
ciência e técnica. 
 
 
 
Galileu Galilei (1564-1642), cientista italiano. Embora o mérito de Galileu 
pertença mais à história da física e da astronomia do que à filosofia, sua 
concepção tardia da filosofia e da metodologia da ciência tem sido muito 
debatida [...] Galileu sustenta, de forma incontestável, que a ciência 
baseada na observação, que se opõe à autoridade tradicional e à 
especulação filosófica, é a verdadeira fonte do conhecimento do mundo 
físico. Defende também uma modéstia cautelosa sobre o nosso 
conhecimento da natureza, em oposição às certezas dogmáticas de muito 
do pensamento medieval tardio. [...] A concepção de mundo associada à 
ciência moderna é frequentemente referida como a concepção galileana do 
mundo. (BLACKBURN, 1997, p. 165) 
 
Saiba Mais 
 
Na tradição grega aristotélica, para entender uma coisa, não era preciso 
estudá-la experimentalmente. Bastava esforçar-se por compreender 
como essa coisa existe e funciona e, depois, elaborar uma teoria sobre 
isso. Assim, para grande parte dos pensadores antigos e medievais, 
observar as coisas, agir sobre a natureza e pensar como matemático eram 
práticas incompatíveis. Já Galileu – professor de matemática da 
Universidade de Pisa – decidiu, de forma inovadora, aplicar a matemática 
ao estudo experimental da natureza (COTRIM, G.; FERNANDES, M, 2010, 
p. 226). 
 
 
A metodologia científica pode, então, 
organizar de modo sistemático o raciocínio, no 
sentido de descrever, prever, verificar e criar 
leis que justifiquem os fatos ou fenômenos. 
Com base nesses dados, a ciência comprova 
e constata matematicamente as relações 
necessárias das investigações. 
 
A modernidade marca, assim, o início de um estudo recortado da realidade, isto é, os 
objetos de investigação científica passam a ser pesquisados de modo isolado, setorial 
e autônomo, desprendendo-se de seu conjunto geral. Essa fragmentação das ciências 
pode ser vista sob duas formas: positiva, já que o objeto de estudo é delimitado e 
específico; mas também negativa, ao restringir a pesquisa e perder a visão do todo. 
De qualquer modo, a relação entre a teoria e a prática possibilita a instauração de uma 
ciência ativa, a qual – ao contrário da ciência contemplativa da Antiguidade – vai atuar 
sobre o mundo. 
 
 
Isso significa que, a partir de então, o conhecimento científico passa a se desenvolver 
isoladamente, elegendo um determinado objeto de pesquisa. Cada área do saber é 
estudada, de modo independente e circunscrita, para investigar um fenômeno 
específico, desvinculando-se da reflexão filosófica. 
 
“ 
Durante a Idade Moderna, [...] o vasto campo filosófico entrou num processo de 
redução. A realidade a ser conhecida passou a ser dividida, recortada, despertando 
estudos especializados. Era a separação entre ciência e filosofia. Gradativamente, 
foram conquistando autonomia muitas ciências particulares, que se desprenderam 
do tronco comum da árvore abrangente do saber filosófico. Ao se constituírem por 
um processo de especialização, essas ciências passaram a direcionar suas 
investigações a certos campos delimitados da realidade, e o fazem ainda hoje de 
forma cada vez mais ‘localizada’. Exemplos dessas ciências são a matemática, a 
física, a química, a biologia, a antropologia, a psicologia, a sociologia etc. Os dias 
atuais caracterizaram-se como a ‘era dos especialistas’. O problema da 
especialização do mundo científico é que ela conduz a uma pulverização do saber, 
à perda da visão mais ampla do conhecimento humano. (COTRIM, 1999, p. 51). 
 
” 
 
 
Portanto, uma nova ordem foi instaurada, pois, em decorrência do desenvolvimento 
técnico e científico, retomou-se o conhecimento laico e modificaram-se as relações 
sociais. Não podemos nos esquecer também as inúmeras transformações ocorridas, 
como a recuperação das cidades, as novas terras encontradas, a ascensão da classe 
burguesa, as quais vão contribuir para a formação de uma nova mentalidade. 
 
 
René Descartes 
 
O avanço da ciência moderna com sua 
metodologia própria influencia, como já 
mencionamos, os mais variados campos 
do saber, atingindo também a reflexão 
filosófica e, consequentemente, a 
pedagogia, como veremos mais adiante. 
 
 
 
 
O filósofo francês René Descartes (1596-1650), considerado o “Pai da Filosofia 
Moderna”, não fica alheio a estas mudanças. Depois de terminar seus estudos no 
prestigioso colégio dos jesuítas de La Flèche, e, ainda insatisfeito com o ensino 
recebido, Descartes resolve, ele mesmo, criar um método seguro que o leve ao 
conhecimento verdadeiro. 
 
 
Saiba Mais 
 
Fui nutrido nas letras desde a infância, e por me haver persuadido de que, 
por meio delas, se podia adquirir um conhecimento claro e seguro de tudo 
o que é útil à vida, sentia extraordinário desejo de aprendê-las. Mas logo 
que terminei todo esse curso de estudos, ao cabo do qual se costuma ser 
recebido na classe dos doutos, mudei inteiramente de opinião. Pois me 
achava enleado em tantas dúvidas e erros, que me parecia não haver 
obtido outro proveito, procurando instruir-me, senão o de ter descoberto 
cada vez mais a minha ignorância. (DESCARTES, 1983, p. 30). 
 
 
Método dos geômetras Cogito ergo sum Solipsista 
Influenciado pelo “método dos geômetras”, Descartes desenvolve seu 
pensamento na busca de um caminho que o leve a atingir a verdade plena e 
evidente. Para tanto, concebe a dúvida metódica, isto é, a negaçãoinicial de 
tudo aquilo que não possibilita a certeza clara e segura. E assim segue, 
duvidando de tudo até chegar ao grau máximo do processo da dúvida – 
a dúvida hiperbólica –, quando fatos e fenômenos se sobrepõem ao ato de 
duvidar e podem garantir a certeza e o conhecimento pleno que resistam à 
dúvida. 
 
 
Não podemos confirmar se Descartes interessou-se efetivamente pela atividade 
pedagógica – embora seu método delineie uma organização racional do pensamento –
, mas a valorização que vai ser dada à capacidade individual e subjetiva apresenta um 
novo “modelo de homem”, autônomo e autossuficiente. 
 
 
 
 
 
 
“ 
O sujeito tem uma função pelo menos ordenadora do conhecimento. É ele a sede 
da certeza de todos os objetos. Subjetivismo não significa, obviamente, que a mente 
de cada um detenha os critérios que orientarão o conhecimento. Subjetivismo quer 
dizer apenas primado da subjetividade, precedência do sujeito no processo de 
conhecimento, e essa é, seguramente, a grande modificação introduzida por 
Descartes na filosofia. Significa ela que o pensamento, metodicamente conduzido, 
encontra primeiramente em si os critérios que permitirão estabelecer algo como 
verdadeiro. (SILVA, 1993, p.8). 
” 
 
 
Como observamos, as mudanças ocorridas na Modernidade, tanto no campo científico 
quanto filosófico, trazem novas possibilidades para o conhecimento, marcado agora 
por uma nova visão de mundo, cada vez mais distante da escolástica, alterando 
inegavelmente as concepções educacionais. 
 
 Vídeo 
Para saber mais sobre as influências políticas, assista agora ao 
vídeo: Filosofia, Ciência e Educação. 
 
 
 
Clique na imagem para visualizar o vídeo. 
 
https://player.vimeo.com/video/344184882?badge=0&autopause=0&player_id=0&app_id=58479
 
Tema 2 
A Pedagogia Realista 
 
 
O que significa ‘o primado do sensível’, em Comênio? 
 
A pedagogia realista, já antecipada pelo “sujeito pensante” cartesiano, se desenvolve 
efetivamente a partir da rejeição à vertente escolástica, do século XVI. Nesse novo 
tempo, a preocupação fundamental é buscar condições de um ensino realista, isto é, 
pautado nos problemas da época, na realidade do mundo. 
 
 
Saiba Mais 
 
Para compreender o século e todas as suas potencialidades e 
contradições, é útil e oportuno partir de Comenius e do seu modelo de 
educação universal que veio mediar reciprocamente ciência, história e 
utopia sobre um pensamento fortemente original e, ao mesmo tempo, rico 
de passado e carregado de futuro. (CAMBI, 1999, p. 280). 
 
 
Procura-se, assim, adaptar os processos educativos a essa nova realidade, a fim de 
instaurar modelos pedagógicos capazes de permitir a compreensão real, baseada no 
contexto histórico desse tempo e voltada, principalmente, para o interesse do 
educando. 
 
João Amos Comênio 
 
 
João Amos Comênio, ou, simplesmente 
Comenius (1592-1670), destaca-se como o 
“Pai da Didática” e é considerado o 
primeiro pensador da pedagogia moderna. 
Sua famosa expressão “aprender fazendo” 
perpassa todo seu processo educativo, 
pois proporciona um método de 
aprendizagem mais concreto e dinâmico. 
 
 
João Comênio 
 
É importante destacar, ainda, e considerando a época, que o papel de Comênio 
permite a total reformulação dos procedimentos educacionais, pois ele desenvolve 
também uma mudança estrutural com relação ao modelo escolástico e enfatiza as 
mudanças e os ideais da nova educação. 
 
 
 
João Amos Comênio 
 
O religioso tcheco João Comênio (ou Jan Amos Komensky) esteve sempre 
ligado a lutas políticas e religiosas de seu tempo. Destacou-se por ser um 
incansável fundador de escolas, convocado pelos governos dos quatro 
cantos da Europa. Deixou uma obra pedagógica revolucionária. Em 
sua Didactica magna (1640), expõe suas ideias. Escreveu muitas obras 
concretas: gramáticas, guias, manuais etc. Redigiu um Guia da escola 
maternal e compôs o primeiro livro pedagógico ilustrado: Orbis 
pictus (1650). São três os seus princípios filosóficos fundamentais: 1. a 
igualdade dos seres humanos, de onde ele deduz a possibilidade de uma 
sociedade universal e o princípio da escola aberta a todos, sem distinção 
de sexo ou social; 2. o papel humanizante da educação: a educação da 
juventude é o único remédio para a corrupção da humanidade e suas 
dissensões; 3. o primado do sensível: tudo começa pelo sensível e tudo 
penetra pelos sentidos; portanto, a educação deve desenvolver-se pela 
intuição sensível. ‘A arte do ensino não exige outra coisa senão uma 
criteriosa disposição de tempo, das coisas e do método’. A educação 
forma os cidadãos do futuro: os homens só serão bons quando forem 
instruídos. (JAPIASSÚ; MARCONDES, 1991, p. 52). 
 
 
 
Saiba Mais 
 
Esse novo ideal encontra seu primeiro teórico em João Comênio. Para ele, 
o processo educativo deve ter por base o livro novo da Natureza e não os 
livros mortos, pois deve levar o educando a fazer. Somente fazendo se 
aprende a fazer, contemplando a essência profunda das coisas e seu lugar 
no universo. Trata-se de um processo que deve levar em consideração 
o pensar, o falar e o atuar. Tal plano é perfeitamente realizável, pois 
todos os homens são chamados a um mesmo destino. A sabedoria, a 
moralidade e a religião devem explicitar-se numa ciência universal em 
sentido cristão, sem ser polêmica ou confessional. O conhecimento só será 
verdadeiro quando as coisas forem conhecidas tais como são, isto é, na 
sua conexão harmoniosa. Portanto, o novo método de ensino é realista e 
se pauta na Natureza como sobre uma rocha inabalável. (GILES, 1983, p. 
73-74). 
 
 
É importante destacar, ainda, e considerando a época, que o papel de Comênio 
permite a total reformulação dos procedimentos educacionais, pois ele desenvolve 
 
também uma mudança estrutural com relação ao modelo escolástico e enfatiza as 
mudanças e os ideais da nova educação. 
 
 Para aprofundar seu conhecimento, assista ao vídeo “História da didática” e 
conheça um pouco mais sobre a evolução da didática ao longo dos séculos e 
sua relação com a filosofia. 
 
Podemos, então, antever os fundamentos para uma nova fase da educação, quando 
o mundo real – da pedagogia realista – adquire especial importância, no sentido de 
priorizar a realidade contextual e a vida natural. Sob este prisma, é possível observar 
também uma nova vertente filosófica, o empirismo, o qual, mantendo a linha realista 
de valorização dos sentidos, se contrapõe, no entanto, ao racionalismo cartesiano. 
 
Saiba Mais 
 
A pedagogia realista insurgiu-se contra o formalismo humanista, 
pregando a superioridade do domínio do mundo exterior sobre o domínio 
do mundo interior, a supermacia das coisas sobre as palavras. 
Desenvolveu a paixão pela razão (Descartes) e o estudo da natureza 
(Bacon). De humanista, a educação torna-se científica. O conhecimento só 
possuía valor quando preparava para a vida e para a ação. (GADOTTI, 
2001, p. 78). 
 
John Locke 
 
 
O filósofo empirista John Locke (1632-
1704), cujo pensamento reflete as 
mudanças de sua época, é também 
conhecido como pedagogo e um dos 
mais importantes teóricos 
do liberalismo político. Vinculado aos 
interesses burgueses, a teoria liberal 
defende o direito dos cidadãos e da 
iniciativa privada. 
 
 
John Locke 
 
Locke valorizou a cidadania plena dos componentes da sociedade (principalmente 
da burguesia). Além disso, para ele, o conhecimento empírico, das experiências 
sensíveis, deve constituir a base do saber humano. 
https://www.youtube.com/watch?v=UC7XZOSo5uo
https://www.youtube.com/watch?v=UC7XZOSo5uo
 
Locke 
 
Ao criticar o racionalismo de Descartes, Locke desenvolve uma concepção 
da mente infantil e da educação. Destaca o papel do mestre ao 
proporcionar experiências fecundas, que auxiliem a criança no uso correto 
da razão. Na linha dos principais críticos da velha tradição medieval, 
lamenta a ênfase no latim e o descaso com a língua vernácula e o cálculo. 
Sua pedagogia realista recusa a retórica e os excessos de lógica,ressaltando o estudo de história, geografia, geometria e ciências naturais. 
Locke valoriza a educação física e, sendo médico e de saúde frágil, dá 
inúmeros conselhos para o fortalecimento do corpo, o aumento da 
resistência e o autodomínio. [...] Ao contrário de Comênio, Locke não 
defende a universalização da educação. Para ele, a formação dos que irão 
governar e daqueles que serão governados deve ser diferente, 
configurando assim o aspecto elitista da sua pedagogia. (ARANHA, 2000, 
p. 108-109). 
 
 
Saiba Mais 
 
Um dos aspectos progressistas do pensamento liberal reside na origem 
democrática e parlamentar do poder político, determinado pelo voto e não 
mais pelas condições de nascimento, como na nobreza feudal. Embora a 
teoria liberal se apresente como democrática, é inevitável encontrar na sua 
raiz o elitismo que a distingue como expressão dos interesses da 
burguesia. Na vida em sociedade, somente aqueles que têm propriedades, 
no sentido restrito de fortuna, podem participar de fato e apresentam 
condições reais de exercer a cidadania. Essa mesma perspectiva elitista 
define a reflexão sobre a educação. (ARANHA, 2000, p. 105). 
 
 
Processo Educativo Dualismo 
No que concerne ao processo 
educativo realista, a proposta 
pedagógica de John Locke assume 
características empíricas, quer dizer, 
privilegia as questões referentes à 
experiência sensível. 
Seu modelo pedagógico substitui o 
caráter abstrato da educação 
humanística pela preocupação com 
a vida prática do educando. 
Devemos destacar, no entanto, que 
Locke segue uma tendência 
dualista na educação: uma 
formação especial para os ricos; e 
outro tipo de educação para as 
camadas populares. 
 
 
 Para aprofundar seu conhecimento, assista ao vídeo “John Locke - 
Principais Conceitos”. 
 
 
Século das luzes 
 
 
Se a passagem para a modernidade deu 
início à laicização do conhecimento, foi 
no século XVIII que este processo se 
completou efetivamente. A partir de 
então, pode-se falar, de modo mais 
específico, de uma pedagogia laica e 
liberal. Com o movimento do Iluminismo 
– também conhecido como Século das 
Luzes –, o homem consegue se libertar 
dos entraves do critério de autoridade, a fim de dar vazão à racionalidade plena, sem 
os resquícios de crenças e superstições. Nesse contexto e sob tais condições, o 
conhecimento assume toda a sua força e expressão de uma racionalidade revigorada 
que busca incansavelmente a realização do homem livre. 
 
A característica específica do Iluminismo expressa no processo educativo é a 
convicção de que a única norma para se julgar a realidade é a luz da razão. Aquilo que 
não se justifica à luz da razão não pode ser julgado real. A razão é o princípio supremo 
de juízo diante da realidade. O progresso no campo do conhecimento é ilimitado, sob 
condição de emancipar a razão de todos os entraves que a tradição lhe opõe. Ela 
deve assumir os destinos do homem, garantindo-lhe liberdade, dignidade e felicidade 
fundamentadas na irmandade de todos. (GILES, 1983, p. 76). 
 
Um dos principais aspectos do Século das Luzes é, portanto, a diversidade a ser 
observada nas propostas pedagógicas dos pensadores dessa época, bem como o 
relevante espaço consagrado à emancipação da racionalidade, livre e desimpedia de 
empecilho relativo às crenças. 
 
 
Jean-Jacques Rousseau 
 
 
 
Dentre os principais filósofos representantes da 
corrente iluminista, cabe destacar, de início, as 
ideias do pensador francês Jean-Jacques 
Rousseau (1712-1778), que se desenvolvem em 
diferentes áreas do conhecimento, tais como a 
política, a moral e a educação. 
 
Jean-Jacques Rousseau 
 
https://www.youtube.com/watch?v=T3UVGyCcRxw
https://www.youtube.com/watch?v=T3UVGyCcRxw
https://www.youtube.com/watch?v=UC7XZOSo5uo
 
Jean-Jacques Rousseau 
 
Rousseau surge diante do Iluminismo, argumentando que a civilização e o 
progresso, bem como o domínio da razão, não conseguiram aumentar a 
moralização e a felicidade do homem. Pelo contrário, para Rousseau, o 
Iluminismo só serviu para tornar o homem mais infiel à sua verdadeira e 
mais profunda natureza. Nada mais foi que uma triste desavença que 
abafou os impulsos naturais do homem para torná-lo um egoísta 
desenfreado numa sociedade artificial. A propriedade privada, a divisão do 
trabalho e a separação de classes, as más paixões, são todos frutos do 
Iluminismo, situação antinatural. (GILES, 1983, p. 76). 
 
 
Priorizar a natureza e viver de acordo com os seus ditames consiste, para Rousseau, 
na valorização da própria vida humana. Nesse sentido, para a concepção 
rousseauniana, o privilégio dado ao desenvolvimento tecnológico artificial vai de 
encontro à harmonia que deve existir entre o homem e a natureza. Daí, a grande 
importância de uma reforma geral da sociedade e dos homens. Essa visão é 
ratificada na célebre frase de Rousseau: 
 
“ 
O homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe. 
 
” 
 
 
Como podemos perceber, Rousseau assume diretamente uma posição contrária 
àqueles que se deslumbravam com o movimento de racionalização exacerbada de 
seu tempo, buscando resgatar o contato mais direto do homem com a natureza, 
especialmente no que diz respeito ao processo educativo dos jovens. 
 
 
 
Saiba Mais 
 
O educando-criança deve ser o ponto de convergência de todo processo 
educativo, deixando a criança amadurecer na criança. A educação deve 
ser progressiva, adaptativa, seguindo as diversas etapas do 
desenvolvimento, os interesses, as aptidões e o crescimento do educando. 
Para realizar essa tarefa, o educador deve saber esperar com confiança o 
desenvolvimento natural do educando, intervindo o menos possível, 
reconhecendo que, não sendo a natureza humana intrinsecamente má, a 
única coisa que se deve fazer é preservar o educando contra o erro e não 
ensinar-lhe os princípios da virtude e da verdade. O educador não deve 
deixar o educando obter nada porque ele, o educador, o quer, mas porque 
o próprio educando disso necessita. [...] Não é necessário encher sua 
mente de conhecimentos, mas sim levá-lo ao ponto de poder julgar e 
avaliar a realidade que se lhe apresenta. (GILES, 1983, p. 78). 
 
 
 
Uma das características fundamentais 
destacadas por Rousseau é sua 
concepção do “conceito de infância” – 
uma ideia revolucionária para a época – 
que inaugura um novo modelo para 
a pedagogia, pois passa a considerar o 
educando de forma mais apropriada e específica, promovendo o resgate dos 
sentimentos humanos e, principalmente, a compreensão efetiva da vida conforme a 
intuição natural, pois, para ele, é de grande importância o lema “Voltar à Natureza”. 
 
 
 
Saiba Mais 
 
O ideal do processo educativo [em Rousseau] consiste em desenvolver o 
educando de acordo com a Natureza, na evolução harmoniosa do amor-
próprio e do amor ao próximo; levá-lo a desenvolver-se na liberdade 
iluminada pela razão. Assim, desenvolver-se-á nele a verdadeira 
felicidade, e o educando se elevará ao verdadeiro ideal de homem. [...] 
Para que o processo educativo não degenere num exercício estéril e até 
nocivo, é indispensável partir da estrutura específica do educando. Não se 
deve ver na criança um adulto em miniatura, como era costume na época, 
uma etapa passageira, provisória, da existência humana, pois a criança 
tem uma existência própria e acarreta direitos específicos. É preciso 
reconhecer e respeitar o que a criança é antes de chegar a ser adulto e 
não preocupar-se tanto com aquilo que o homem adulto deve saber, 
 
 
 
 
pois a própria Natureza quer que a criança seja criança antes de ser 
adulto. A infância é um modo peculiar e específico de ser, de perceber e 
de pensar. É preciso começar por estudar melhor a criança para conhecê-
la. (GILES, 1983, p. 77-78). 
 
 
A educação idealizada por Rousseau possibilita, assim, um novo olhar para a criança, 
que passa a ser considerada como ser em processo de desenvolvimento e de busca 
de liberdade. Sua pedagogia inaugura uma nova época com relação ao conceito de 
infância e,por isso mesmo, um novo modo de ação a ser desenvolvido pelo educador. 
Em sua obra, Emílio, Rousseau apresenta as linhas básicas que tornam possível uma 
educação ideal. 
 
 
 Sugerimos a leitura do artigo “A formação do homem no Emílio de 
Rousseau” para aprofundar seu conhecimento. 
 
 
Immanuel Kant 
 
 
 
Mantendo, ainda, o mesmo caminho proposto 
pelos novos tempos, o filósofo alemão Immanuel 
Kant (1724-1804) se destaca como pensador 
que volta seu interesse também para a 
educação. Suas reflexões críticas se apoiam, 
especialmente, nas condições de conhecimento 
da razão humana. 
 
 
 
Immanuel Kant 
 
 Em Reflexões sobre a Educação, Kant sustenta que o processo educativo deve 
ser aperfeiçoado progressivamente, na busca da realização universal do homem. 
Essa realização é alcançada a partir da própria racionalidade. Ou seja: “O que 
enfatiza o projeto de Kant é que não se trata de determinar a condição de uma 
simples instrução, mas de uma verdadeira formação do homem. A educação é 
substituída ou associada à própria realização da essência humana.” (MORANDI, 
2002, p. 90). 
 
http://www.scielo.br/pdf/ep/v33n2/a10v33n2.pdf
http://www.scielo.br/pdf/ep/v33n2/a10v33n2.pdf
 
Saiba Mais 
 
Razão humana 
 
Essa atividade racional será o fio condutor de toda educação e sua 
conduta. A ideia educativa, em Kant, é a de ‘orientação do pensamento’, 
de definição das condições do progresso humano. [...] Orientar-se, como 
se é orientado com os quatro pontos cardeais, é o exercício da faculdade 
de diferenciação do espírito humano. Esse poder de julgar é marcado ao 
mesmo tempo por uma ‘necessidade’ e pela ignorância devido ao limite de 
nosso saber. Kant situa essa obra da razão: ‘Pensar por si mesmo 
significa: procurar a pedra de toque da verdade em si – ou seja, de sua 
própria razão.’ (MORANDI, 2002, p. 88-89). 
 
 
Veja a seguir outros pontos importantes a serem destacados sobre as concepções de 
Kant. 
 
Instrução Normas morais 
Segundo Kant, não podemos deixar 
de considerar que a instrução faz 
com que o indivíduo amplie a sua 
visão de mundo, pois, nesse 
sentido, o homem resulta da 
educação recebida. Daí, a sua 
máxima: a educação é a saída do 
homem de sua menoridade. O que 
significa que o homem só se torna 
autônomo e capaz por intermédio da 
razão e da educação. 
Outro ponto a ser destacado 
no pensamento kantiano é a 
relação das condições de 
conhecimento com as normas 
morais. Isso porque há um vínculo 
indissolúvel entre a conduta ética e 
o aprimoramento humano. Tais 
normas estão, praticamente, 
reunidas em seu imperativo 
categórico , que estimula a ação 
válida: age de tal forma que tua 
ação possa servir de exemplo 
para toda a humanidade. 
 
 
 
Kant 
 
O que a moderna ciência da educação, na definição de seus conceitos 
básicos, chama ‘aculturação’, ‘socialização’ e ‘personalização’, representa 
algumas das descobertas de Kant. Para ele, o educando necessita realiza 
 
 
 
 esses atos: é o sujeito que tem de cultivar-se, civilizar-se, para assim 
corresponder à natureza. Assim, o verdadeiro objetivo do homem é que 
‘desenvolva inteiramente, por si mesmo, tudo o que está acima da ordem 
mecânica de sua existência animal e não participe de nenhuma outra 
felicidade ou perfeição que não tenha sido criada por ele mesmo, livre do 
instinto, por meio de sua própria razão”. (GADOTTI, 2001, p. 91) . 
 
 
 
Saiba Mais 
 
Pensamento kantiano 
 
De fato, Kant foi inflexível em sua insistência em que a moralidade deve 
fornecer sua própria justificação, sem depender de fontes e sanções 
religiosas. Assim, embora ele próprio fosse realmente religioso, a teoria 
moral de Kant era compatível com uma perspectiva secular ou ateia. Ele 
quis abrir espaço para a fé ao lado da liberdade. Sustentou que a fé é 
básica para nossa motivação racional [...]. Para persistir em nosso 
compromisso com a moralidade, precisamos acreditar que, finalmente, o 
comportamento moral e a felicidade convergem. E não basta que isso seja 
um mero desejo. Como a própria moralidade, deve ser uma crença 
racional. (SOLOMON; HIGGINS, 2003, p, 146). 
 
 
 Para aprofundar seu conhecimento, assista ao vídeo “Immanuel Kant-
resumo”. 
 
 
Filósofos e teóricos da educação – especialmente, de Lutero aos iluministas – como 
vimos, começam a elaborar metodologias de ensino que incentivam a investigação 
rigorosa dos procedimentos pedagógicos. Estes pensadores, cada qual à sua maneira, 
estão também preocupados com os contextos em que se desenvolvem as atividades 
educativas, acompanhando as transformações sociais, políticas e científicas que dão 
novo rumo às teorias educacionais. 
 
No contexto pedagógico da modernidade, a educação deixa de ser centrada nos 
valores religiosos e adquire contornos laicos e científicos. Desse modo, começa, 
também, a assimilar as mudanças na concepção moderna de ciência, valorizando a 
apreensão do conhecimento pelo nexo entre a teoria e a prática, a fim de possibilitar o 
real entendimento dos fatos, dados ou fenômenos. Na verdade, o nexo entre os 
componentes teóricos e práticos constituem a efetivação de uma ação completa: trata-
se da práxis educativa. 
 
https://www.youtube.com/watch?v=55agIQFlxmQ
https://www.youtube.com/watch?v=55agIQFlxmQ
 
Tema 3 
Concepções cientificistas da Educação 
 
 
Por que a tendência pedagógica tradicional é 
magistrocêntrica? 
 
 
A época moderna, com já observamos, 
possibilita uma nova fase para o 
conhecimento, baseada em metodologias 
científicas adequadas para o 
desenvolvimento dos saberes. Desde o 
século XVI, por exemplo, surgem modelos 
mais específicos para a aprendizagem. Isso 
coincide com a institucionalização da 
atividade educativa, quando o ensino é organizado e planejado de forma a atender, 
principalmente, aos anseios da classe burguesa em ascensão. A criação 
de colégios obedece a uma lógica determinada pela idade dos educandos, o que não 
acontecia anteriormente (na Idade Média), quando em um mesmo espaço de 
aprendizagem reuniam-se crianças e adultos. 
 
 
Saiba Mais 
 
A escola institucionalizada, semelhante àquela que hoje conhecemos, é 
uma criação burguesa do século XVI, época em que surge o “sentimento 
de infância e de família”. Um lento processo separou a criança do adulto, 
criando um ambiente segregado e “protegido das más influências do 
mundo”: caberá então, à escola não só instruir, como também educar. 
(ARANHA, 1998, p. 73). 
 
 
 
 
 
 
Desse modo, o modelo instaurado procura 
resguardar as crianças, situando-as em um 
determinado espaço físico distante da 
“promiscuidade” dos adultos. Note-se que, 
a partir de então, haverá um cuidado 
especial em preservar o educando dos 
“males do mundo”, separando-os por 
idade, como já mencionado. Tais 
procedimentos marcam o esforço de 
instaurar uma nova mentalidade para a 
atividade educativa pautada por uma visão 
mais elaborada dos processos 
educacionais. 
 
Conforme sejam os contextos históricos e 
sociais, bem como os interesses oficiais, 
surgem novas concepções de ensino e 
aprendizagem ligadas à influência dos 
governos nos planejamentos pedagógicos 
que moldam os processos educativos. 
 
Não existe, portanto, um único modelo de educação, que atenda a todos nem que 
prevaleça para todo o sempre. As próprias teorias pedagógicas refletem uma 
determinada concepção de mundo, adotando, em seus fundamentos, as 
transformações por que passam cada sociedade. Dentre a profusão de tendências 
educacionais que chegaram até nossos dias, costuma-se agrupá-las em duas grandes 
vertentes: a educação tradicional (também conhecida como educação diretiva, 
autoritária, heterônoma) – comumente associada à pedagogia essencialista ou 
metafísica – e a educação progressista (educação ativa, nova, da ação, do trabalho), 
que tende a estimular a criatividade e a consciência crítica do educando, propondo-se 
a formar um cidadão livre e espontâneo. 
 
 
Educação Tradicional 
 
 
A Educação Tradicional tem suas raízes na modernidade, assimilandoalgumas 
tendências educacionais que adquiriram feições diversas de acordo com mudanças 
sociopolíticas de cada época. Muito se tem falado, em tons de crítica radical, do 
modelo tradicional do ensino. De fato, um dos aspectos mais relevantes desta 
tendência é o privilégio dado à formação teórica em detrimento de uma visão mais 
reflexiva sobre a realidade contextual. 
 
 
Saiba Mais 
 
A pedagogia tradicional pode ser considerada como um sistema de 
processamento de informação, de transmissão e de comunicação 
escolares. Segundo a lógica deste modelo, a ação pedagógica se 
estabelece ou, mais exatamente, é identificada principalmente em torno da 
atividade do único ator reconhecido, que é o professor. Considera-se o 
ensino como o principal elemento realizador. O tradicional, como 
transmissão, descreve igualmente a suposta transitividade dos saberes e 
dos valores, reprodução de uma ordem estabelecida, conformidade a um 
modelo de conformidade, mesmo que esta última seja supostamente 
libertadora. (MORANDI, 2002, p. 27). 
 
 
A tendência tradicional é, 
portanto, magistrocêntrica, pois do 
professor decorre a responsabilidade de 
todo processo educativo. É ele quem 
determina e estabelece a transmissão dos 
conteúdos a serem seguidos e é dele que 
emana toda autoridade no controle da 
disciplina. Considerando, assim, esse tipo 
de aprendizagem, 
 
podemos perceber que tal tendência decorre do controle e da rigidez do modelo 
educacional, que privilegia, essencialmente, a disciplina rigorosa e a obediência 
passiva do educando. Outras características da escola tradicional se vinculam, em 
especial, aos seus aspectos conteudísticos, metodológicos e avaliativos, elaborados 
de modo a ressaltar os modelos culturais já sedimentados, distanciando-se, então, da 
realidade cotidiana do aluno. 
 
 
Saiba Mais 
 
Tendência tradicional 
 
O modelo tradicional vai sofrer várias críticas pelas novas teorias do início 
do século XX, pois tende ser vinculado, como vimos, à 
concepção essencialista ou metafísica da pedagogia, devido, 
especialmente à sua tendência de separar o ensino dos problemas 
concretos da sociedade. Isto é: o privilégio dado à essência abstrata do ser 
humano passa ao largo das especificidades de cada indivíduo no caso, do 
educando. Entretanto, a preocupação com os conteúdos constitui um dos 
positivos que não deve ser desconsiderado. 
 
 
 Para aprofundar seu conhecimento, assista ao vídeo “Educação no século 
21 pede que o ensino vá além do conteúdo tradicional” e perceba que, 
ainda nos dias atuais, a concepção da educação tradicional ainda persiste. 
 
 
Escola Nova 
 
 
A Escola Nova surge no final do século XIX, tendo como proposta substituir e renovar 
o processo educativo, em um mundo em transformações constantes e aceleradas. 
Uma das principais características desse modelo é o seu antagonismo com a 
tendência tradicional: ou seja, em lugar da pedagogia da essência, instaura-se 
a pedagogia da existência – do sujeito concreto diante do mundo real. O movimento 
escolanovista incentiva a autonomia e a criatividade do educando. 
 
 
Saiba Mais 
 
Escola Nova 
 
A Escola Nova representa o mais vigoroso movimento de renovação da 
educação depois da criação da escola pública burguesa. [...] A teoria e a 
prática escolanovistas se disseminaram em muitas partes do mundo, fruto 
certamente de uma renovação geral que valorizava a autoformação e a 
atividade espontânea da criança. A teoria da Escola Nova propunha que a 
educação fosse instigadora da mudança social e, ao mesmo tempo, se 
transformasse porque a sociedade estava em mudança. (GADOTTI, 2001, 
p. 142) 
 
 
Na concepção escolanovista, o aluno 
ocupa o lugar central e é a partir de seus 
interesses que a educação se 
desenvolve, pautando-se, então, 
pelo pedocentrismo ou puericentrismo. 
Desse modo, as características gerais da 
instrução – conteúdos, método de ensino, 
avaliação, normas disciplinares – vão 
girar em torno do educando, que é, afinal, o centro do processo de aprendizagem. 
 
 
 Para aprofundar seu conhecimento sobre o movimento escolanovista, assista 
ao vídeo “Aprender a aprender”. 
 
https://www.youtube.com/watch?v=L7m90TkDW9Q
https://www.youtube.com/watch?v=L7m90TkDW9Q
https://www.youtube.com/watch?v=eQ48lhWADLs
 
Movimento Tecnicista 
 
 
A tendência Tecnicista, do século XX, 
decorre do intenso desenvolvimento 
tecnológico e da solidificação do modelo 
capitalista, especialmente, nas 
sociedades ocidentais. A proliferação das 
indústrias, das fábricas, das empresas vai 
influenciar decisivamente a realidade 
social e profissional do ser humano, 
modificando sua vida e seus valores. 
 
A tendência tecnicista da educação surgiu nos Estados Unidos, sendo disseminada 
por vários países, especialmente, aqueles em que vigoravam ditaduras. A base em 
que se estrutura a tendência tecnicista vem da prioridade cientificista herdada do 
positivismo de Augusto Comte no século XIX, cujo objetivo seria galgar as diversas 
etapas do conhecimento para chegar à cientificidade plena, ao conhecimento positivo. 
Por isso, a importância de métodos técnicos e treinamento adequado, os quais são 
repassados sem que seja possível uma reflexão a respeito. 
 
 
Saiba Mais 
 
Tendência Tecnicista 
 
Em um primeiro momento, o tecnicismo estava atrelado ao modelo de 
racionalização do trabalho, conhecido como taylorismo ou fordismo, cuja 
função se voltava para o aumento da produção industrial, em larga escala, 
para atender e ampliar o consumo. O impacto desse modelo empresarial 
foi tão eficaz que atingiu vários setores da vida humana e, em especial, a 
escola. 
 
 
 
Sob essa perspectiva, o professor é um técnico que, assessorado por 
outros técnicos e intermediado por recursos técnicos, transmite um 
conhecimento técnico e objetivo. Como é de se esperar, a relação entre 
professor e aluno exige distanciamento afetivo e não está voltada para a 
abertura de discussões e debates. (ARANHA, 1998, p. 176). 
 
 
Construtivismo 
 
 
A teoria Construtivista se vincula à 
psicologia e busca desenvolver um 
processo de aprendizagem a partir de 
pesquisas sobre a dinamicidade da 
inteligência infantil, bem como da 
interação social das crianças na 
compreensão do mundo. Um dos 
pensadores mais importantes desta 
corrente é Jean Piaget (1896-1980), 
ligado à psicologia, à biologia e à filosofia. 
 
Para o construtivismo, portanto, o conhecimento será construído e conquistado graças 
ao processo da descoberta, que promove a interação do indivíduo com o seu meio, 
desligando-se, assim, da pura transmissão de verdades prontas e acabadas. 
 
 
Saiba Mais 
 
Piaget notabilizou-se sobretudo por seus estudos de psicologia cognitiva e 
por sua teoria sobre o processo de construção do conhecimento do 
indivíduo desde a infância, baseada em meticulosas pesquisas empíricas. 
Essa teoria teve grande influência nos métodos educacionais empregados 
pela pedagogia contemporaneamente. Examinou detidamente o 
desenvolvimento da inteligência na criança, em relação ao mundo que a 
cerca, distinguindo suas várias etapas desde o que chamou de fase 
sensoriomotriz, inicial, até a fase lógica e discursiva, já no começo da 
adolescência. (JAPIASSÚ; MARCONDES, 1991, p. 193). 
 
 Para aprofundar seu conhecimento, assista ao vídeo “Teórico 
construtivistas”. 
 
Crítico-Reprodutivistas 
 
 
As teorias crítico-reprodutivistas fazem parte das discussões acaloradas sobre o 
processo educacional das décadas de 60 e 70 (século XX). Uma das características 
mais marcantes dessa teoria é a crítica exacerbada aos aspectos ideológicos dos 
sistemas políticos da época, que simplesmente reproduziam os interesses da política e 
da economia de cada país. 
 
https://www.youtube.com/watch?v=jV0Fo7bJaAI
https://www.youtube.com/watch?v=jV0Fo7bJaAI
 
Saiba Mais 
 
A partir da segunda metade do século XX, a crítica à educação e à escola 
se acentuou. O otimismo foi substituído por uma crítica radical. Entre os 
maiores críticos, encontramos ofilósofo francês Louis Althusser [1918-
1990] e os sociólogos, também franceses, Pierre Bourdieu [1930-2002] e 
Jean-Claude Passeron [1930-], Claude Baudelot [1938-] e Roger Establet 
[1938-]. As obras desses autores tiveram grande influência no pensamento 
pedagógico brasileiro na década de 70. Elas demonstraram, sobretudo, o 
quanto a educação reproduz a sociedade, daí serem frequentemente 
chamados críticos-reprodutivistas. (GADOTTI, 2001, p. 187). 
 
 
Bourdieu e Passeron Althusser 
Os sociólogos franceses Pierre 
Bourdieu e Jean-Claude Passeron 
denunciaram o papel das escolas em 
impingir os modelos oficiais das 
sociedades, sem que fosse possível 
a apreensão crítica da verdadeira 
função dos processos pedagógicos. 
Trata-se, assim, da perpetuação dos 
aspectos ideológicos que a todo 
instante perpassa a sociedade. 
Segundo esses pensadores, a 
pretensa neutralidade da escola é 
uma grande ilusão, pois o que existe 
verdadeiramente é um 
mascaramento de uma violência 
simbólica, a qual, diferente da 
violência física e explícita, envolve o 
indivíduo de modo sutil, impedindo 
que este perceba sua condição de 
vítima do sistema capitalista. 
Seguindo a mesma linha crítica, o 
filósofo Louis Althusser ressalta a 
influência da ideologia na 
reprodução desse modelo, 
confirmando que a escola faz parte 
do Aparelho Ideológico de 
Estado, denominado AIE escolar, 
que abarca o sistema das diferentes 
escolas, públicas e particulares. A 
discussão sobre a reprodução 
ideológica nos processos 
educativos é denunciada também 
pelos franceses Roger Establet e 
Christian Baudelot, que destacam a 
função dualista e segregacionista 
da escola.. 
 
 
 
 
 
 
Teorias Progressistas 
 
 
As teorias Progressistas têm por base as severas críticas às tendências pedagógicas 
existentes, as quais, segundo os progressistas, estão distanciadas do mundo real, das 
vivências cotidianas e do trabalho. De acordo com esta visão, não é possível pensar 
em termos de educação sem situá-la no contexto histórico e social. 
 
 
 
Paulo Freire 
Foto: Wikipedia 
Evidentemente a pedagogia progressista não 
tem como institucionalizar-se numa sociedade 
capitalista; daí ser ela um instrumento de luta 
dos professores ao lado de outras práticas 
sociais. A pedagogia progressista tem se 
manifestado em três tendências: a libertadora, 
mais conhecida como pedagogia de Paulo Freire; 
a libertária, que reúne os defensores da 
autogestão pedagógica; a crítico-social dos 
conteúdos que, diferentemente das anteriores, 
acentua a primazia dos conteúdos no seu 
confronto com as realidades sociais. (LUCKESI, 
1994, p. 63-64). 
 
 
Assim, para os progressistas, a atividade educativa não pode se abster de considerar 
o caráter político da formação educacional, e, por isso mesmo, a escola deve estimular 
a consciência crítica do ser humano, a fim de que ele possa se emancipar das tutelas 
ideológicas que o aprisionam. 
 
De modo geral, as teorias educacionais se fundamentam em investigações 
metodológicas e científicas que permitem identificar as bases da atividade educativa, 
e, para isso, elaboram reflexões que não podem prescindir da ótica filosófica. Daí, a 
relevância da Filosofia da Educação para estimular o questionamento e levar o aluno 
a perceber criticamente a realidade que o cerca. 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Paulo_Freire
 
Saiba Mais 
 
A Filosofia da Educação procura aprofundar e compreender o processo 
educativo tal como ele é vivido, para poder enfrentar as questões 
fundamentais desse mesmo processo. Mas, ela pretende sobretudo levar 
aqueles que são responsáveis pela orientação do processo educativo a 
descobrir o sentido radical desse processo, mediante a compreensão 
radical daquilo que é, pois essa compreensão abre o caminho para aquilo 
que pode vir a ser. A Filosofia da Educação almeja levar à compreensão 
do processo educativo como tal, para que a escolha de objetivos e meios 
seja mais coerente com as necessidades fundamentais do homem. Ela 
não preconiza a aceitação automática de nenhuma imagem-ideal do 
homem, pois ela as interpreta e critica a todas, mostrando os pressupostos 
e as consequências de sua aceitação. (GILES, 1983, p. 29). 
 
 
 
Encerramento 
 
 
Como era a relação entre ciência e filosofia na 
Antiguidade? 
 
Na Antiguidade, a ciência fazia parte do saber filosófico e, por isso, vinculava-se aos 
procedimentos teóricos, abstratos e qualitativos, distantes da vida prática. 
 
O que significa ‘o primado do sensível’, em Comênio? 
 
Para Comênio, o primado do sensível corresponde à importância dada às atividades 
empíricas e sensoriais, e deveria ser o fundamento de toda educação. 
 
Por que a tendência pedagógica tradicional é 
magistrocêntrica? 
 
A tendência tradicional é magistrocêntrica, porque o processo educativo é centrado 
na figura do professor; é ele quem determina como deve ser conduzida a atividade 
educativa. 
 
 
Resumo da Unidade 
 
Na busca do conhecimento, o ser humano aperfeiçoou cada vez mais seu modo de 
perceber a realidade, criando técnicas que, posteriormente, iriam possibilitar o 
desenvolvimento das ciências. Nesta unidade, procuramos ressaltar as relações 
entre filosofia e ciência que influenciaram a pedagogia, bem como elaborar uma 
síntese das diversas teorias educacionais que moldaram o ensino no decorrer de 
cada época, enfatizando também a interação das tendências pedagógicas com a 
transformação do conhecimento científico e filosófico.

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