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Metodologias ativas no contexto universitário 59 Outra vantagem é a possibilidade de combinar a metodologia de sala de aula invertida com outras estratégias, como o estudo de caso, a ABP e outros, o que torna a aprendizagem mais ativa e possibilita, também, explorar diferentes estilos de aprendizagem nos grupos de estudantes (PASSOS, 2018). Essa abordagem requer mudança de postura tanto do professor quanto do aluno. É preciso, também, pensar nas condições para que se realize o preparo prévio, pois, muitas vezes, o estudante universitário também é um trabalhador e, por isso, o material deverá ser disponibili- zado com bastante antecedência, preferencialmente por meio digital, a m de acilitar o acesso em diversos locais e momentos. A sala de aula invertida contribui para um aprendizado mais efetivo, pois possibilita ao proessor identicar possíveis lacunas, visto que, ao mesmo tempo que torna o tempo pedagógico em sala de aula mais bem aproveitado, também amplia as condições de interação entre professor e aluno, proporcionando uma aprendizagemmais efetiva. CONSIDERAÇÕES FINAIS Oensino superior tem avançado não somente em termos de concepção – uma vez que não se trata mais de um ensino para uma classe especíca, que, emgeral, costumava ser amais abastada economicamente –,mas, tam- bém, em termos de qualidade dos processos de ensino e aprendizagem. Para exemplicar esses avanços, temos os investimentos em novas me- todologias, que requerem não somente recursos materiais, como é o caso de erramentas tecnológicas para a disponibilização demateriais, na sala de aula invertida, mas que também exigem, particularmente, investimento em ormação docente. Formação pedagógica e conhecimento didático são essenciais para o desenvolvimento de metodologias ativas. É preciso conhecer metodologias e, ao mesmo tempo, ter domínio didático para saber qual é a melhor a ser utilizada para que determinado objetivo seja atingido. É preciso que as metodologias ativas não sejam apenas uma bonita es- tratégia para tornar a aula mais divertida, mas que possibilitem de ato um aprendizado mais signicativo, o que implica uma ativa postura didática do proessor em preparar as estratégias e, ainda, preparar o aluno para essa nova orma de trabalho. A utilização de metodologias ativas requer mudança de postura de pro- essor e de aluno, ambos entendendo que o processo de ensino e aprendi- zagem é uma construção conjunta, em que o aluno assume um papel ativo e o proessor conduz o caminhar do aluno em direção ao aprendizado. 60 Didática do ensino superior REFERÊNCIAS ARAUJO, J. C. S. Fundamentos da metodologia de ensino ativa (1890-1931). In: REUNIÃO NACIONAL DA ANPED, 37, out. 2015. Anais [...] Florianópolis: UFSC, 2015. AZEVEDO, S. B.; PACHECO, V. A.; SANTOS, E. A. dos. Metodologias ativas no ensino superior: percepção de docentes em uma instituição privada do Distrito Federal. Revista docência do ensino superior, v. 9, p. 1-22, 2019. BOLLELA, V. R. et al. Aprendizagem baseada em equipes: da teoria à prática. Revista da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, v. 47, n. 3, p. 293-300, 2014. ESCRIVÃO FILHO, E.; RIBEIRO, L. R. C. Aprendendo com PBL: aprendizagem baseada em problemas: relato de uma experiência em cursos de engenharia da EESC-USP. Minerva, São Carlos, 2008. FARIAS, P. A. M. de; MARTIN, A. L. de A. R.; CRISTO, C. S. Aprendizagem ativa na educação em saúde: percurso histórico e aplicações. Revista Brasileira de Educação Médica, v. 39, n. 1, p. 143-150, 2015. MELO, R. dos A. A educação superior e as metodologias ativas de ensino-aprendizagem: uma análise a partir da educação sociocomunitária. 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A Escola Nova tem sua base pedagógica na aprendizagem por experimentação, valori- zando a vivência e a experiência do aluno. Assim, é preciso que o aluno experimente, faça e vivencie para construir as suas aprendizagens. A metodologia ativa parte dessa mesma premissa, de que o aluno tem que assumir um papel ativo, se envolvendo efetivamente em seu processo de aprendizagem. 2. A escolha de uma metodologia ativa não se dá aleatoriamente, uma vez que requer a análise dos objetivos estabelecidos, do conteúdo a ser desenvolvido e do perl do aluno. Não se trata, então, de utilizar uma metodologia ativa apenas para dinamizar a aula ou torná-la mais divertida, mas, sim, de atender aos objetivos pedagógicos. 3. O professor é responsável pela condução do aluno em direção ao seu aprendizado. Assim, o docente deve acompanhar o desenvolvimento das atividades – para que o grupo não se perca em relação aos objetivos estabelecidos –, estruturar as atividades e, também, disponibilizar os recursos materiais e teóricos, a m de que o aluno vá avançando em suas construções e aprendendo por experimentação. A avaliação como caminho para a aprendizagem 61 5 A avaliação como caminho para a aprendizagem A avaliação é um importante elemento didático que perpassa todooprocessodeensinoe aprendizagem, possibilitandooacompa- nhamento de todos os momentos e componentes desse processo, caracterizando-se também como um balizador das ações didáticas. É por meio da avaliação que o professor tem condições de perceber se a sua prática de ensino tem cumprido os objetivos pedagógicos denidos no planejamento, vericar qual tem sido o impacto de sua prática para que o aluno aprenda e, caso isso não esteja ocorrendo, refetir sobre o porquê das possíveis lacunas. Logo, a avaliação é o norte do processo educativo. É por meio dela que o professor molda a sua prática em conformidade com as necessidades apresentadas pelo estudante no processo e consta- ta, inclusive, quais recursos cognitivos têm sido mobilizados pelo estudante em seu aprender, fazendo desses recursos uma alavan- ca para novas estratégias que atendam às condições do aluno. Entretanto, para que a avaliação tenha esse caráter de formar e de informar – uma vez que permite ao professor inferir os re- sultados de suas ações didáticas para o aprendizado do aluno –, é preciso que o professor tenha clareza quanto à concepção de avaliação que embasa a sua prática. É necessário que ele compreenda que avaliação não diz respei- to somente ao aprendizado do aluno, mas também à forma como ele é ensinado, e, ainda, que a avaliação não é instrumento de pu- nição, mas sim de emancipação, pois permite um novo e diferente olhar para o processo, buscando aperfeiçoar o ensino com vistas a um melhor aprendizado. 62 Didática do ensino superior Ao permitir aperfeiçoar a prática de ensino, a avaliação promove a emancipação do professor em busca de novos con- tornos para a sua prossionalização. Assim, a avaliação é um instrumento de autoformação para o professor, contribuindo para que ele refita sobre a sua prática e compreenda a ava- liação como ponto de partida para novos aprendizados para o estudante e, também, para ele, docente. Nesse contexto, propomos neste capítulo uma refexão quanto ao entendimento do que é avaliação, a evolução do conceito ao longo da história, a sua função no processo de ensino e aprendiza- gem, e, particularmente,o seu papel no ensino superior. 5.1 Avaliação a serviço da aprendizagem Videoaula O sentido da palavra avaliação tem origem no latim valere, ou seja, valor. Logo, avaliar implica conferir valor ou, ainda, atribuir qualidade a um produto ou processo, o que, por sua vez, remete à quanticação, a uma métrica, pois usualmente é a forma como se mensura um objeto. No caso da aprendizagem, como se mede o conhecimento, já que ele é o objeto? De que forma se identifica o que foi apreendi- do? E se não foi, por que não o foi? E que caminho percorrer para que aquilo que não foi apreendido possa, finalmente, ser contem- plado na aprendizagem do aluno? Esses são os caminhos da avaliação, contudo, entender tal sentido de avaliação de maneira processual requer compreender a avaliação em suas diferentes nuances e a sua relação com o processo formativo. A avaliação, historicamente, faz parte do processo educativo des- de a China antiga, em 1200 a.C. (SANTOS, 2008), e era usada para denir cargos e postos de trabalho. Desde então, a avaliação passou por diversas transformações contextuais e adentrou o sistema for- mal de ensino, como aporte para o avanço na aprendizagem de um ano escolar para outro. A avaliação como caminho para a aprendizagem 63 Na Idade Média, as universidades europeias, assim como os jesuí- tas, utilizavam-se de exercícios orais para vericação da assimilação dos conteúdos pelo aluno, os quais, contudo, avaliavam somente o de- sempenho do aluno, ou seja, somente o aprendizado, não o ensino. No século XIX, a prática de avaliação passa a ganhar espaço, agora não mais oralmente, mas com instrumentos para registrar o desem- penho do aluno. Emergem, nesse contexto, os exames como principal forma de avaliação, derivando daí o termo pedagogia do exame, que, se- gundo Luckesi (2011), centrava o processo nos exames, em detrimento da aprendizagem. Logo, os exames é que davam o tom do processo formativo, que girava em torno da certificação com base nos resultados obtidos neles. A aprendizagem real era menos importante que a nota re- sultante desse processo. O século XIX trouxe inovações às métricas utilizadas na aprendiza- gem. Saíram de cena os exames e entraram os testes psicológicos, os testes de QI (quociente de inteligência), os quais consistiam em testes padronizados com a pretensão de medir a inteligência do indivíduo e, de modo objetivo, indicar o seu desempenho. Obviamente, a história iria mostrar que determinado resultado quantificado da inteligência de uma pessoa – sem que haja uma or- ganização dos elementos didáticos em torno de um processo que envolva a ação pedagógica – não a faz apta a adquirir conhecimen- tos de maneira espontânea. Na segunda metade do século XX, a avaliação ganha espaço no pro- cesso educativo como forma de mensurar a aprendizagem, mas ainda lhe faltava o aspecto processual, o qual é conferido pela possibilidade de avaliar também o ensino, e não somente a aprendizagem. No contexto de seu surgimento, a avaliação tinha um caráter de controle do processo educativo, demodo a garantir ao professor o con- trole sobre o comportamento e o aprendizado do aluno, além da forma como ele seria preparado para atuar em sociedade. Por décadas a avaliação manteve esta conguração de controle social: ditando quais seriam os cidadãos prossionais atuantes na so- ciedade e excluindo aqueles julgados inaptos. Esse formato era con-
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