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O PRINCÍPIO DA LIBERDADE DE TRÁFEGO Esse princípio da liberdade de tráfego, previsto no Artigo 150, V, da CF/88, é mais uma forma de vedação aos entes públicos de instituírem tributos e, consequentemente, cobrarem, nos casos em que haja a locomoção de bens e pessoas entre municípios e estados do país. Como os abusos fiscais são constantes, o legislador pretendeu, com esse princípio, inibir qualquer tentativa dos entes estatais cometerem abusos fiscais. Analisemos: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado a União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: [...] V – estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público. Imagine a possibilidade da cobrança de tributos ser permitida para circulação de mercadorias e pessoas. Se fosse permitida, o próprio desenvolvimento do Estado seria ameaçado, pois haveria, dentre outras coisas, de ser considerada na formulação dos custos das mercadorias e serviços essa situação, e isso traria retração; assim, o legislador sabiamente previu e garantiu que essa atuação não fosse permitida. Ao impedir a cobrança de tributos pelo simples ato de bens e pessoas cruzarem um município ou estado, o legislador previu e agiu legalmente impedindo essa situação, ou seja, o tributo, nesse caso, oneraria o ato de trafegar; o ato de locomoção seria gerador de tributo, e esse fato iria imediatamente entrar em confronto com o princípio constitucional da liberdade de locomoção, presente no Artigo 5º, XV, da CF. Fica claro que esse princípio não possui como premissa a garantia da não proibição de tributar as operações entre municípios e estados, mas sim, garantindo a liberdade de locomoção dos contribuintes. Sobre o pedágio, sendo ele o pagamento pela utilização de uma via mantida pelo Poder Público e um tema amplamente discutido, é tratado como uma exceção a esse princípio, pois o valor pago no guichê de cobrança ocorre em função da utilização de uma estrada, ou seja, o valor não é pago pelo cruzamento de uma fronteira estadual ou municipal. Outro ponto que merece mencionarmos é em relação à cobrança de ICMS e o princípio aqui em análise, visto que não deve ser feita confusão, nesse caso; pois o ICMS possui como fato gerador a circulação de mercadorias e a prestação de serviços e, no caso aqui em estudo, estamos tratando do cruzamento de fronteiras existentes entre estados e municípios, sem nenhum tipo de cobrança tributária impeditiva de tal circulação. Fica evidente que o princípio da liberdade de tráfego está constitucionalmente assentado em nossa legislação, não contradizendo nenhuma de nossas normas jurídicas.
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