Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Movimento negro e suas estratégias 1ª SÉRIE Aula 7 – 4º Bimestre Sociologia Etapa Ensino Médio ● Compreender a necessária luta do movimento negro contra o racismo e o mito da democracia racial; ● Identificar diferentes frentes e estratégias do movimento negro. Conteúdo Objetivos ● Democracia racial; ● O negro na sociedade de classes; ● Movimento negro; ● Estratégias de luta. Para começar Segundo a Constituição Federal de 1988, a República Federativa do Brasil constitui-se como Estado Democrático de Direito e tem como objetivos fundamentais a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, a redução das desigualdades sociais e a promoção do bem de todos, sem preconceito e discriminação de raça, entre outros. Na sua opinião, somos efetivamente uma sociedade democrática? E, mais do que isso, temos uma democracia racial em nosso país? 3 min Foca no conteúdo Assista ao vídeo ao lado e reflita sobre as temáticas apresentadas, que serão abordadas nos slides seguintes. Foca no conteúdo Miscigenação à base de violências Ainda hoje ouvimos sobre o mito da democracia racial no Brasil, onde os processos de miscigenação e socialização da população acabam aparecendo como processos harmoniosos e homogêneos entre negros escravizados, negros libertos e brancos. “Na interpretação de Abdias do Nascimento (1978), o genocídio da população negra, além de ter atuado de forma física nos 388 anos da escravidão, teve forte carga simbólica quanto à imposição do quadro sociocultural da colonização portuguesa, por exemplo, com a catequização da religião cristã e a demonização das culturas africanas.” OLIVEIRA, Reinaldo José de; OLIVEIRA, Regina Marques de Souza. O professor e intelectual Kabengele Munanga no Brasil: observações sobre identidades, etnia, raça e políticas sociais. Disponível em: https://journals.openedition.org/ideas/9677. https://journals.openedition.org/ideas/9677 Foca no conteúdo Luta de classes e de raças Por outro lado, os estudos do sociólogo Florestan Fernandes, em especial A integração do negro na sociedade de classes, foram decisivos para desmistificar a tese da democracia racial: “[...] a democracia só será uma realidade quando houver, de fato, igualdade racial no Brasil e o negro não sofrer nenhuma espécie de discriminação, de preconceito, de estigmatização e segregação, seja em termos de classe, seja em termos de raça. Por isso, a luta de classes, para o negro, deve caminhar juntamente com a luta racial propriamente dita” (FERNANDES, 1965, p. 24). Foca no conteúdo Marcos do movimento negro Segundo Nelson Dácio Tomazzi, “conforme retratado por Florestan Fernandes, após a escravidão o negro liberto viu-se responsável por sua pessoa e por seus dependentes, embora não dispusesse dos meios materiais e morais para tal. Essa situação fez com que o movimento negro demorasse a se organizar em face da nova realidade, que se desenvolveu a partir da década de 1930. Com a fundação da Frente Negra Brasileira (FNB), em 1931, o movimento se politizou, adotando um discurso nacionalista que destacava o caráter mestiço da população brasileira e desconsiderava os laços históricos e culturais dessa população com a África”. (TOMAZZI, 2018, p. 51) Foca no conteúdo Marcos do movimento negro Em 1944, surge o Teatro Experimental do Negro (TEN), no Rio de Janeiro, como um projeto idealizado por Abdias Nascimento (1914-2011), com a proposta de valorização social do negro e da cultura afro-brasileira por meio da educação e arte, bem como com a ambição de delinear um novo estilo dramatúrgico, com uma estética própria, não uma mera recriação do que se produzia em outros países. (PALMARES, 2016, online) https://youtu.be/jNkrfakv4-Q http://www.youtube.com/watch?v=jNkrfakv4-Q https://youtu.be/jNkrfakv4-Q Foca no conteúdo Marcos do movimento negro Ao final dos anos 1970, o movimento negro reemergiu a partir do “acúmulo das experiências anteriores e a consciência de que a luta dos negros não deveria estar calcada na ideia de integração social. As novas organizações passaram a priorizar a desmistificação da democracia racial, negando o caráter cordial das relações raciais e afirmando que o racismo está entranhado na sociedade brasileira. A defesa de políticas públicas voltadas para a população negra ganhou espaço, derrubando interesses e privilégios consolidados”. (TOMAZZI, 2018, p. 51) Foca no conteúdo PUXE MAIS (Lemov, 2023, p. 161-173) O vídeo apresenta algumas das pautas dos movimentos negros na atualidade em torno da questão racial no Brasil. Comente sobre a relevância dessas demandas e como você as percebe em seu dia a dia. Justifique bem suas ideias, pois seu professor pedirá a você para desenvolvê-las de forma variada. https://youtu.be/8KUjHgQuJOE https://youtu.be/8KUjHgQuJOE http://www.youtube.com/watch?v=8KUjHgQuJOE Foca no conteúdo Movimento Negro Unificado (MNU) O MNU “nasceu em julho de 1978 para desmascarar o racismo velado da sociedade nacional. Foi também um marco na resistência contra a ditadura militar. Em 1978, em pleno regime de exceção, um ato público ocorreu na escadaria do Teatro Municipal, em São Paulo, para denunciar manifestações de racismo. Naquela data, a manifestação reportava o assassinato, por policiais, do trabalhador negro Robson Silveira da Luz, em Guaianazes, zona leste da cidade, além da segregação de atletas negros, jogadores de vôlei do Clube de Regatas Tietê, impedidos de entrar na piscina. Segundo seus fundadores, o Movimento colocou a termo ‘negro’ no vocabulário corrente” (UNESP, online - adaptado). Foca no conteúdo “Em sua história, o MNU teve o papel de transformar a forma como o negro enfrenta a discriminação racial e o racismo. De ações semiclandestinas, ocorridas em terreiros de candomblé e centros culturais periféricos, o MNU passou a priorizar ações públicas. Locais como escolas de samba, universidades, sindicatos, partidos políticos tornaram-se os espaços de discussão da questão racial” (UNESP, online). Fundado em 1978, o Movimento Negro Unificado derrubou o mito da “democracia racial” e denunciou o racismo como problema estrutural, que precisava ser enfrentado (Carrança, BBC, 2022) Foca no conteúdo “A luta contra o racismo, no Brasil, tomou um rumo contrário ao imaginário nacional e ao consenso científico, formado a partir dos anos 1930. Por um lado, o Movimento Negro Unificado, assim como as demais organizações negras, priorizaram em sua luta a desmistificação do credo da democracia racial, negando o caráter cordial das relações raciais e afirmando que, no Brasil, o racismo está entranhado nas relações sociais. O movimento aprofundou, por outro lado, sua política de construção de identidade racial, chamando de ‘negros’ todos aqueles com alguma ascendência africana, e não apenas os ‘pretos’.” (GUIMARÃES, 2012) Na prática 2 min O Movimento Negro Unificado (MNU) distingue-se do Teatro Experimental do Negro (TEN) por sua crítica ao discurso nacional hegemônico. Isto é, enquanto o TEN defende a plena integração simbólica dos negros na identidade nacional “híbrida”, o MNU condena qualquer tipo de assimilação, fazendo do combate à ideologia da democracia racial uma das suas principais bandeiras de luta, visto que, aos olhos desse movimento, a igualdade formal assegurada pela lei entre negros e brancos e a difusão do mito de que a sociedade brasileira não é racista teriam servido para sustentar, ideologicamente, a opressão racial. (COSTA, 2006) COSTA, S. Dois Atlânticos: teoria social, antirracismo, cosmopolitismo. Belo Horizonte: UFMG, 2006 (adaptado). Na prática 2 min No texto, são comparadas duas organizações do movimento negro brasileiro, criadas em diferentes contextos históricos: o TEN, em 1944, e o MNU, em 1978. Ao assumir uma postura divergente da do TEN, o MNU pretendia: a. pressionar o governo brasileiro a decretar a igualdade racial. b. denunciar a permanência do racismo nasrelações sociais. c. contestar a necessidade da igualdade entre negros e brancos. d. defender a assimilação do negro por meios não democráticos. e. divulgar a ideia da miscigenação como marca da nacionalidade. Na prática 2 min No texto, são comparadas duas organizações do movimento negro brasileiro, criadas em diferentes contextos históricos: o TEN, em 1944, e o MNU, em 1978. Ao assumir uma postura divergente da do TEN, o MNU pretendia: a. pressionar o governo brasileiro a decretar a igualdade racial. b. denunciar a permanência do racismo nas relações sociais. c. contestar a necessidade da igualdade entre negros e brancos. d. defender a assimilação do negro por meios não democráticos. e. divulgar a ideia da miscigenação como marca da nacionalidade. Correção Aplicando Compare os cartazes para perceber as semelhanças e as diferenças das estratégias comunicativas dos movimentos negros. A forma de representação do corpo negro nos dois cartazes pode render boas ideias! Cartaz do Movimento Negro Unificado Cartaz do Teatro Experimental Negro O que aprendemos hoje? ● Os estudos de Florestan Fernandes sobre o negro na sociedade de classes foram importantes para desmistificar a tese freyriana de que a miscigenação no Brasil é uma espécie de relação harmoniosa entre as diferentes “raças”; ● Segundo Fernandes, as lutas racial e de classe devem caminhar juntas; ● O movimento negro no Brasil não é único, tampouco seguiu uma trajetória histórica linear, contínua e ininterrupta; ● Há divergências dentro do próprio movimento negro acerca das suas estratégias e objetivos. Localizador: 102052 1.Professor, para visualizar a tarefa da aula, acesse com seu login: tarefas.cmsp.educacao.sp.gov.br 2.Clique em “Atividades” e, em seguida, em “Modelos”. 3.Em “Buscar por”, selecione a opção “Localizador”. 4.Copie o localizador acima e cole no campo de busca. 5.Clique em “Procurar”. Videotutorial: http://tarefasp.educacao.sp.gov.br/ Tarefa SP http://tarefas.cmsp.educacao.sp.gov.br/ http://tarefasp.educacao.sp.gov.br/ Referências FERNANDES, F. A integração do negro na sociedade de classes. São Paulo: Nacional, 1965. GUIMARÃES, A. S. A. Classes, raças e democracia. São Paulo: Editora 34, 2012. LEMOV, D. Aula nota 10 3.0: 63 técnicas para melhorar a gestão da sala de aula. Tradução de Daniel Vieira, Sandra M. Mallmann da Rosa. Revisão técnica: Fausto Camargo, Thuinie Daros. 3. ed. Porto Alegre: Penso, 2023. PORFÍRIO, F. “Democracia racial”. Mundo Educação, Uol. Disponível em: https://abre.ai/gOdH. Data de acesso: 10 ago. 2023. SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Material de Apoio ao Currículo do Estado de São Paulo: Caderno do Professor; Sociologia, Ensino Médio, 3a série. São Paulo: SE, 2014, v. 1, 112 p. UNESP. “Pioneirismo do Movimento Negro Unificado pela igualdade racial”. UNESP, 07/12/2021. Disponível em: https://abre.ai/gOdJ. Data de acesso: 10 ago. 2023. Referências Lista de imagens e vídeos Slide 4 - https://brasilescola.uol.com.br/historia/democracia- racial.htm. Slide 7 - https://www.gov.br/palmares/pt- br/assuntos/noticias/teatro-experimental-do-negro-ten. Slide 10 – https://youtu.be/8KUjHgQuJOE. Slide 12 - https://www.bbc.com/portuguese/brasil-63746502. Slide 17 - https://abre.ai/gOdX. Slide 17 - http://acervoaugustoboal.com.br/teatro-experimental-do- negro#gallery-2. https://brasilescola.uol.com.br/historia/democracia-racial.htm https://brasilescola.uol.com.br/historia/democracia-racial.htm https://www.gov.br/palmares/pt-br/assuntos/noticias/teatro-experimental-do-negro-ten https://www.gov.br/palmares/pt-br/assuntos/noticias/teatro-experimental-do-negro-ten https://youtu.be/8KUjHgQuJOE https://www.bbc.com/portuguese/brasil-63746502 https://abre.ai/gOdX http://acervoaugustoboal.com.br/teatro-experimental-do-negro#gallery-2 http://acervoaugustoboal.com.br/teatro-experimental-do-negro#gallery-2 Material Digital Slide 1 Slide 2 Slide 3 Slide 4 Slide 5 Slide 6 Slide 7 Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11 Slide 12 Slide 13 Slide 14 Slide 15 Slide 16 Slide 17 Slide 18 Slide 19 Slide 20 Slide 21 Slide 22
Compartilhar