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Classificação de riscos infecciosos do sítio cirúrgico Infecções relacionadas à assistência ao paciente, às vezes podemos causar alguma infecção ao paciente - uma possibilidade de uma pessoa pegar alguma infecção, seja por via aérea, incisão cirúrgica, etc. Infecção é uma reação a agentes infecciosos de formas endógenas ou exógenas. Infecção Relacionada à Assistência à Saúde (IRAS) Condição localizada ou sistêmica, resultante de reação adversa à presença de agente infeccioso ou sua toxina, sendo causada por agentes infecciosos de fontes endógenas (por exemplo: presente na pele do paciente) ou exógenas (por exemplo: presente em equipamentos). Não pode haver evidências de que a infecção está presente ou incubada no momento da admissão do paciente no serviço de saúde. Ex: Sonda Uretral - uma sondagem errada, com uma técnica inadequada, pode causar uma infecção urinária (ITU). Em uma intubação pode causar uma pneumonia. infecção de sítio cirúrgico. São infecções relacionadas à ASSISTÊNCIA dos profissionais · Infecção do Trato Urinário (ITU) · Pneumonia Relacionada à Assistência à Saúde · Infecção de Sítio Cirúrgico · Infecção da Corrente Sanguínea Infecção de Sítio Cirúrgico (ISC): É a infecção “relacionada a procedimentos cirúrgicos, com ou sem colocação de implantes, em pacientes internados e ambulatoriais, sendo classificada conforme os planos acometidos” ANVISA Risco infeccioso: potencial de infecção de sítio cirúrgico (ISC), com base em culturas positivas obtidas no intra-operatório É necessário precaução com implantes e materiais usados na cirurgia Quantificando as infecções é possível montar uma tabela - taxa de infecção do sítio cirúrgico Ex: de 30 que eu operei, 15 foram infectados, tenho uma taxa de 50% de infecção Classificação da ferida cirúrgica quanto ao grau de contaminação Fórmula para o cálculo: Numerador, devem ser incluídas todas as infecções diagnosticadas no procedimento sob avaliação. As infecções devem ser computadas na data em que o procedimento correspondente foi realizado. Como denominador devem ser incluídos todos os procedimentos sob análise realizados no período. A razão é multiplicada por 100 (cem) e é expressa sob a forma percentual. Exemplo: Foram realizadas 40 herniorrafias no mês de março de 2008; dentre estas, verificaram-se uma ISC superficial, diagnosticada em 25 março, e uma ISC profunda, diagnosticada dia 3 de abril do mesmo ano. A taxa de ISC do mês de março de 2008 será de: (2 / 40) x 100 = 0,05 x 100 = 5%. As infecções do sítio cirúrgico: → Ocupam o 3° lugar entre as IRAS (Infecções relacionadas à assistência à saúde) → Acomete entre 14% a 16% de todos os pacientes hospitalizados. → Terceira complicação infecciosa mais frequente em cuidados de saúde. → Prejuízos físicos, psicológicos e financeiros Isso vai trazer prejuízos físicos, financeiros (uso de antibióticos caros) e psicológicos ao paciente · aumento da estadia do paciente · aumento da chance de readmissão hospitalar (reinternação) · cirurgias adicionais (ocupa centro cirúrgico, anestesia, mais gastos) · aumento de custos Fatores predisponentes de infecções de risco cirúrgicos Com relação ao microrganismo vai depender da: · quantidade que atingiu a região (quantidade de inóculo) · virulência Quanto ao procedimento cirúrgico: · Tipo de procedimento (classificação da ferida cirúrgica) · Duração da cirurgia · Hiperglicemia perioperatória (quando temos uma região hiperglicêmica a bactéria vai se aproveitar) · Hipotermia perioperatória Quanto ao paciente · Idade · Presença de doenças (obesidade, diabetes mellitus e outras) Classificação da ferida cirúrgica quanto ao grau de contaminação (ISSO CAI NA PROVA) A ferida cirúrgica pode ser dividida em 4 CLASSES: · LIMPA (probabilidade de infecção é de 1 a 5%) · LIMPA-CONTAMINADA ou POTENCIALMENTE CONTAMINADA (probabilidade de infecção é de 3 a 5%) · CONTAMINADA (probabilidade de infecção é de 10 a 17%) · INFECTADA FERIDA LIMPA: ● Tecidos estéreis e de fácil descontaminação. ● Ferida cirúrgica com ausência de processo infeccioso ou inflamatório. ● Sem penetração nos tratos respiratório, digestório e geniturinário. ● Fechamento por primeira intenção. ● Condições ideais de sala cirúrgica. ● Sem quebra de técnica. ● Drenagem fechada se necessária. ● Estimativa de ocorrência de ISC < 2%. · Fazemos um fechamento por primeira intenção (sutura a pele) · Não pode passar de 8 pessoas em uma sala cirúrgica se não pode aumentar o risco de infecção · Estimativa de ocorrência de ISC <2% Exemplos: safenectomia, revascularização do miocárdio FERIDA LIMPA-CONTAMINADA / POTENCIALMENTE CONTAMINADA ● Realizadas em tecidos de difícil descontaminação. ● Ferida cirúrgica com penetração nos tratos respiratório, digestório ou geniturinário. ● Condições controladas. ● Sem contaminação não usual. ● Especificamente cirurgias envolvendo o trato biliar, apêndice, vagina e orofaringe são classificadas nesta categoria, sem evidências de infecção ou grande quebra de técnica. ● Estimativa de ocorrência de ISC < 10%. · realizada em tecidos de dificil descontaminação (região interdigital, vc pode levar lavar lavar mas você sabe que ainda vai continuar contaminado, com algum funguinho etc. · Feridas cirurgica com penetração dos tratos respiratórios, digestório ou genitourinário · condições controladas · sem contaminação usal · Estimativa de ocorrência <10% Exemplos: colecistectomia, apendicectomia, perineoplastia, gastrectomia, prostatectomia, nefrectomia. FERIDA CONTAMINADA ● Ferida aberta, aguda e acidental. ● Cirurgia com grande quebra na técnica estéril. ● Derramamento grosseiro do trato gastrointestinal. ● Incisões em que se encontra inflamação aguda não purulenta, incluindo tecido necrótico sem evidência de drenagem purulenta. ● Estimativa de ocorrência de ISC 20%. · Ferida aberta, aguda e acidental (ferimento cheio de asfalto, suja) - contaminada é diferente de infectada - pode estar contaminado mas não infectado! pode ter pedaços de plástico, etc, você tem contaminação mas não infecção · cirurgia de grande quebra na técnica estéril Exemplo: apendicectomia na presença de processo inflamatório, colecistectomia na colecistite aguda, colectomia, redução de fraturas traumáticas recentes expostas (< 4h). FERIDA INFECTADA ● Feridas traumáticas antigas com tecido desvitalizado retido,supuração, necróticos, corpos estranhos. ● As que envolvem infecção clínica existente. ● Víscera perfurada. ● Secreções purulentas encontradas durante a cirurgia. ● Fraturas exposta (>4h). ● Estimativa de ocorrência de ISC 30 a 40%. · Feridas traumáticas antigas com tecido desvitalizado retido, supuração, necróticos, corpos estranhos · Víscera perfurada (escara) · Secreções purulentas encontradas durante a cirurgia · Fraturas expostas por mais de 4 HORAS · Estimativa de ocorrência de 30-40% Exemplos: apendicectomia supurada, debridamento de lesão por pressão com tecido desvitalizado, enterectomia secundária a ruptura de víscera. Se a bactéria ficar muito tempo na lesão, ela passa de CONTAMINADA para INFECTADA, o médico atua para que a CONTAMINAÇÃO não evolua para uma INFECÇÃO O diagnóstico de ISC · Presença de drenagem purulenta pela cicatriz · Sinais flogísticos (eritema, edema, calor, rubor, deiscência e abscesso) *Principal fonte de informação: exame da ferida operatória Critérios para definição de ISC Existem camadas pele, tecido subcutâneo, fáscias e músculos Vai ter uma classificação entre superficial e profunda ISC – incisional superficial (IS) “Ocorre nos primeiros 30 dias após o procedimento cirúrgico (sendo o 1 º dia a data do procedimento), envolve apenas pele e tecido subcutâneo e apresenta pelo menos UM dos seguintes critérios: ¨ ● Drenagem purulenta da incisão superficial. ● Cultura positiva de secreção ou tecido da incisão superficial, obtido assepticamente. ● A incisão superficial é deliberadamente aberta pelo cirurgião na vigência de pelo menos um dos seguintes sinais ou sintomas: dor, aumento da sensibilidade, edema local, hiperemiaou calor, EXCETO se a cultura for negativa. ● Diagnóstico de infecção superficial pelo cirurgião ou outro médico assistente”. · Envolve apenas a pele e o tecido subcutâneo ISC – incisional profunda (IP) “Ocorre nos primeiros 30 dias após a cirurgia (sendo o 1 º dia a data do procedimento), ou até 90 dias, se houver colocação de implantes, envolve tecidos moles profundos à incisão (ex.: fáscia e/ou músculos) e apresenta pelo menos UM dos seguintes critérios: ● Drenagem purulenta da incisão profunda, mas não originada de órgão/cavidade. ● Deiscência espontânea profunda ou incisão aberta pelo cirurgião e cultura positiva ou não realizada, quando o paciente apresentar pelo menos 1 dos seguintes sinais e sintomas: febre (T>38ºC), dor ou tumefação localizada. ● Abscesso ou outra evidência de infecção envolvendo tecidos profundos, detectado durante exame clínico, anatomopatológico ou de imagem. ● Diagnóstico de infecção incisional profunda feito pelo cirurgião ou outro médico assistente” · Envolve tecidos moles profundos à incisão ISC – órgão/cavidade (OC) “Ocorre nos primeiros 30 dias após a cirurgia, ou até 90 dias, se houver colocação de implantes, envolve qualquer órgão ou cavidade que tenha sido aberta ou manipulada durante a cirurgia e apresenta pelo menos UM dos seguintes critérios: ● Cultura positiva de secreção ou tecido do órgão/cavidade obtido assepticamente. ● Presença de abscesso ou outra evidência que a infecção envolve os planos profundos da ferida identificada em reoperação, exame clínico, anatomopatológico ou de imagem. ● Diagnóstico de infecção de órgão/cavidade pelo médico assistente”. · Envolve qualquer órgão ou cavidade que tenha sido aberta ou manipulada Microrganismos relacionados à ISC ● Geralmente é causada por microrganismos colonizadores da pele e/ou mucosa do próprio paciente. ● Os cocos Gram-positivos são os mais comuns: Staphylococcus aureus e o Staphylococcus coagulase negativo principais patógenos. ● O principal mecanismo de contaminação de ISC é a inoculação direta da microbiota do próprio paciente, principalmente da pele e do sítio manipulado. Outros mecanismos: equipe cirúrgica, material, equipamento e o ambiente. ● A ocorrência depende: capacidade de defesa do hospedeiro + quantidade do agente inoculado + virulência do microrganismo. Geralmente microrganismos que colonizam a pele do paciente a depender da região, cada lugar tem seus bichinhos (no pé terá fungos, estafilococos aureus, na vagina terá candida, etc.) Recomendações no Pré-operatório → Paciente • Banho / gluconato de clorexidina (recomendada é a clorexidina 2%). • Pomada de mupirocina (borda nasal). • Preparo mecânico do intestino + antibióticos orais pré-operatórios em adultos a serem submetidos a cirurgia colorretal eletiva. • Profilaxia antibiótica em até 120 minutos antes da incisão cirúrgica. • Antissepsia sítio cirúrgico com CHG alcoólico (gluconato de clorexidina (CHG) em solução aquosa ou alcoólica). → Equipe cirúrgica • Escovação e lavagem das mãos. Recomendações intraoperatórias / perioperatórias ● Suporte nutricional. ● Oxigenação (FiO2 80% intraop. e O2 suplementar 2 a 6h pósop). ● Controle glicêmico intensivo para diabéticos e não diabéticos : glicemia abaixo de 180 mg/dL até 24 horas após a anestesia; - CDC : no perioperatório, glicemia < 200mg/dL. ● Normovolemia. ● Uso de campos estéreis. ● Dispositivos de proteção de feridas em cirurgias abdominais potencialmente contaminadas. ● Suturas com fios revestidos com antimicrobianos. ● Antimicrobianos (protocolo da Comissão de Infecção Hospitalar por tipo de cirurgia). Uso de dose efetiva de 0 a 60 minutos antes da incisão cirúrgica. A cefazolina é um dos antibióticos mais utilizados. Se vancomicina e ciprofloxacina a infusão deve ser iniciada 1 a 2 horas antes da incisão. Na maioria das cirurgias uma única dose antes da incisão cirúrgica é suficiente. A profilaxia antibiótica não deve ser estendida por mais de 24 horas Recomendações Pós-operatório ● Proteger a incisão primariamente fechada com curativo estéril por 24 a 48 horas. ● Trocar o curativo (antes das 24 ou 48 horas) com técnica asséptica se molhar, soltar, sujar ou a critério médico. ● Uso de soro fisiológico 0,9%. ● Educar pacientes e familiares quanto aos cuidados com a incisão, na identificação e notificação de sinais e sintomas relacionados à infecção.
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