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Medicina - 6º Semestre - Ana Paula Cuchera e Eduarda Costa Profª Adelina 8 de ago. de 2023 Infecção Relacionada à Assistência à Saúde (IRAS) - Definição: (Pensando na Assistência em Saúde) ● Agente infeccioso pego no local de atendimento levando à uma reação sistêmica ou localizada ● Condição localizada ou sistêmica, resultante de reação adversa à presença de agente infeccioso ou sua toxina, sendo causada por agentes infecciosos de: ○ Fontes endógenas (por exemplo: presente na pele do paciente) ○ Exógenas (por exemplo: presente em equipamentos) ● Não pode haver evidências que a infecção está presente ou incubada no momento da admissão do paciente no serviço de saúde - Tipos de infecção: ● Infecção do trato urinário (ITU) ● Pneumonia Relacionada à assistência à Saúde ● Infecção de Sítio Cirúrgico: criou uma estimulação de proliferação do agente ● Infecção da Corrente Sanguínea Definições - Infecção de Sítio Cirúrgico (ISC): ● É a infecção “relacionada a procedimentos cirúrgicos, com ou sem colocação de implantes, em pacientes internados e ambulatoriais, sendo classificada conforme os planos acometidos” ANVISA ○ Às vezes implantes podem levar agentes para dentro do corpo e esses proliferarem - Risco infeccioso: ● Potencial de infecção de sítio cirúrgico (ISC), com base em culturas positivas obtidas no intra-operatório. ○ Alguns lugares já estão potencialmente contaminados. ■ Ex: cirurgia nasal → sítio é contaminado e de difícil limpeza, assim já entra com antibiótico ○ Na pele é mais fácil de limpar, então não precisa entrar com antibiótico Classificação da ferida cirúrgica quanto ao grau de contaminação - Fórmula para o cálculo: ● Numerador, devem ser incluídas todas as infecções diagnosticadas no procedimento sob avaliação. ○ As infecções devem ser computadas na data em que o procedimento correspondente foi realizado. ● Como denominador devem ser incluídos todos os procedimentos sob análise realizados no período. ● A razão é multiplicada por 100 (cem) e é expressa sob a forma percentual. - Exemplo: ● Foram realizadas 40 herniorrafias no mês de março de 2008; dentre estas, verificaram-se uma ISC superficial, diagnosticada em 25 março, e uma ISC profunda, diagnosticada dia 3 de abril do mesmo ano. ● A taxa de ISC do mês de março de 2008 será de: (2 / 40) x 100 = 0,05 x 100 = 5% 1 OBS! É para saber o índice de contaminação em determinado período apenas!!! - Se tiver um índice muito alto precisa de intervenções para diminuir essa contaminação. - O hospital tem um relatório com a porcentagem de contaminação de cada médico e se for muito alta, o médico é demitido. Infecção de Sítio Cirúrgico (ISC) - Ocupa o terceiro lugar entre o conjunto de IRAS (Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde). - Acomete entre 14% a 16% de todos os pacientes hospitalizados. ● Tem incidência alta, por isso necessário o check list para evitar - Terceira complicação infecciosa mais frequente em cuidados de saúde. - Prejuízos físicos, psicológicos e financeiros: ● Aumento da estadia do paciente (média 7 a 11 dias) ● Aumento da chance de readmissão hospitalar ● Cirurgias adicionais ● Aumento dos custos relativos ao tratamento Fatores Predisponentes de Infecções de Sítio Cirúrgicos - Microorganismo: ● Quantidade de inóculo ● Virulência ○ Varia de acordo com o agente, alguns são mais virulentos e outros menos. - Procedimento cirúrgico: ● Tipo de procedimento (classificação da ferida cirúrgica) ● Duração da cirurgia ● Hiperglicemia perioperatória ● Hipotermia perioperatória - Paciente: ● Idade ● Presença de doenças (obesidade, diabetes mellitus e outras) Classificação da Ferida Cirúrgica Quanto ao Grau de Contaminação - A ferida cirúrgica pode ser dividida em quatro classes: ● Limpa (probabilidade de infecção é de 1 a 5%) ● Limpa-contaminada ou potencialmente contaminada (probabilidade de infecção é de 3 a 5%) ● Contaminada (probabilidade de infecção é de 10 a 17%) ● Infectada (probabilidade de infecção é de 30 a 40%) Limpa - Tecidos estéreis e de fácil descontaminação. - Ferida cirúrgica com ausência de processo infeccioso ou inflamatório. - Sem penetração nos tratos respiratório, digestivo e geniturinário. - Fechamento por primeira intenção. - Condições ideais de sala cirúrgica. - Sem quebra de técnica. - Drenagem fechada se necessária (evitar risco de levar microorganismo para dentro do corpo) ● Dreno facilita o esvaziamento de algo ● Se esse dreno é aberto, ele está em contato direto commeio externo (pode ser canal de saída e entrada de microrganismos) - Estimativa de ocorrência de ISC < 2%. ● Exemplos: safenectomia, revascularização do miocárdio OBS! Em cirurgias limpas não precisa de uso de antibiótico, mas a maioria dos médicos usa para profilaxia, com isso aumenta o uso indiscriminado de antibióticos. - Na prática, todos os médicos entram com antibiótico para evitar 2 Ferida limpa-contaminada/Potencialmente contaminada - Realizadas em tecidos de difícil descontaminação. - Ferida cirúrgica com penetração nos tratos respiratório, digestório ou geniturinário. - Condições controladas. - Sem contaminação não usual. - Especificamente cirurgias envolvendo o trato biliar, apêndice, vagina e orofaringe são classificadas nesta categoria, sem evidências de infecção ou grande quebra de técnica. - Estimativa de ocorrência de ISC < 10%. ● Exemplos: colecistectomia, apendicectomia, perineoplastia, gastrectomia, prostatectomia, nefrectomia OBS! Nestes, a maioria pede o uso de antibiótico. Ferida Contaminada - Ferida aberta, aguda e acidental. - Cirurgia com grande quebra na técnica estéril. Ex: Mosca pousa - Derramamento grosseiro do trato gastrointestinal. - Incisões em que se encontra inflamação aguda não purulenta, incluindo tecido necrótico sem evidência de drenagem purulenta. - Estimativa de ocorrência de ISC 20%. ● Exemplo: apendicectomia na presença de processo inflamatório, colecistectomia na colecistite aguda, colectomia, redução de fraturas traumáticas recentes expostas (< 4h). Ferida Infectada - Feridas traumáticas antigas com tecido desvitalizado retido, supuração, necróticos, corpos estranhos. - As que envolvem infecção clínica existente - Víscera perfurada. - Secreções purulentas encontradas durante a cirurgia. - Fraturas expostas (>4h). - Estimativa de ocorrência de ISC 30 a 40%. ● Exemplos: apendicectomia supurada, debridamento de lesão por pressão com tecido desvitalizado, enterectomia secundária a ruptura de víscera OBS! Quando ocorre contaminação, precisa colher material e mandar para análise - É importante para avaliar se o antibiótico está fazendo efeito. - Muitos médicos não fazem pois o paciente paga, com isso é preciso avisar o paciente do risco e dos custos. - Em cirurgia de mama é importante mandar para análise para ver se não há risco de câncer de mama, principalmente para paciente que tem risco na família. Diagnóstico ISC - Presença de drenagem purulenta pela cicatriz - Presença de eritema, edema, calor, rubor, deiscência e abscesso OBS! Principal fonte de informação: exame da ferida operatória (precisa ver presencialmente) 3 - Critérios para definição de ISC: ISC - Incisional Superficial (IS): - Ocorre nos primeiros 30 dias após o procedimento cirúrgico (sendo o 1 º dia a data do procedimento), envolve apenas pele e tecido subcutâneo e apresenta pelo menos UM dos seguintes critérios: ● Drenagem purulenta da incisão superficial. ● Cultura positiva de secreção ou tecido da incisão superficial, obtido assepticamente. ● A incisão superficial é deliberadamente aberta pelo cirurgião na vigência de pelo menos um dos seguintes sinais ou sintomas: dor, aumento da sensibilidade, edema local, hiperemia ou calor, EXCETO se a cultura for negativa. ● Diagnóstico de infecção superficial pelo cirurgião ou outro médico assistente. ISC- Incisional Profunda (IP): - Ocorre nos primeiros 30 dias após a cirurgia (sendo o 1 º dia a data do procedimento), ou até 90 dias se houver colocação de implantes, envolve tecidos moles profundos à incisão (ex.: fáscia e/oumúsculos) e apresenta pelo menos UM dos seguintes critérios: ● Drenagem purulenta da incisão profunda, mas não originada de órgão/cavidade. ● Deiscência espontânea profunda ou incisão aberta pelo cirurgião e cultura positiva ou não realizada, quando o paciente apresentar pelo menos 1 dos seguintes sinais e sintomas: febre (T>38ºC), dor ou tumefação localizada. ● Abscesso ou outra evidência de infecção envolvendo tecidos profundos, detectado durante exame clínico, anatomopatológico ou de imagem. ● Diagnóstico de infecção incisional profunda feito pelo cirurgião ou outro médico assistente ISC - Órgão/Cavidade (OC): - Ocorre nos primeiros 30 dias após a cirurgia, ou até 90 dias, se houver colocação de implantes, envolve qualquer órgão ou cavidade que tenha sido aberta ou manipulada durante a cirurgia e apresenta pelo menos UM dos seguintes critérios: ● Cultura positiva de secreção ou tecido do órgão/cavidade obtido assepticamente. ● Presença de abscesso ou outra evidência que a infecção envolve os planos profundos da ferida identificada em reoperação, exame clínico, anatomopatológico ou de imagem. ● Diagnóstico de infecção de órgão/cavidade pelo médico cirurgião ou assistente. 4 Microrganismos Relacionados à ISC - Geralmente é causada por microrganismos colonizadores da pele e/ou mucosa do próprio paciente. - Os cocos Gram-positivos são os mais comuns: Staphylococcus aureus e o Staphylococcus coagulase negativo principais patógenos. - O principal mecanismo de contaminação de ISC é a inoculação direta da microbiota do próprio paciente, principalmente da pele e do sítio manipulado. Outros mecanismos: equipe cirúrgica, material, equipamento e o ambiente. - A ocorrência depende: capacidade de defesa do hospedeiro + quantidade do agente inoculado + virulência do microrganismo OBS! De acordo com a região tem ummicrorganismo mais comum de encontrar Recomendações no Pré-operatório 5 - Paciente: ● Banho/gluconato de clorexidina (recomendada é a clorexidina 2%) ○ Em hospitais de ponta dão banho no paciente com clorexidina ○ Pedir para o paciente fazer depilação no local, pois antes da cirurgia, a lâmina que faz a depilação pode estar contaminada ● Pomada de mupirocina (borda nasal). ● Preparo mecânico do intestino + antibióticos orais pré-operatórios em adultos a serem submetidos a cirurgia colorretal eletiva. ● Profilaxia antibiótica em até 120 minutos antes da incisão cirúrgica. ● Antissepsia sítio cirúrgico com CHG alcoólico (gluconato de clorexidina (CHG) em solução aquosa ou alcoólica) ○ Antes da prótese mamária, precisa lavar a mama no centro cirúrgico antes de passar a CHG para iniciar o procedimento. - Equipe cirúrgica: ● Escovação e lavagem das mãos Recomendações Intraoperatórias/Perioperatórias - Suporte nutricional → não fazer em pacientes desnutridos - Oxigenação (FiO2 80% intraop. e O2 suplementar 2 a 6h pós-operatório). - Controle glicêmico intensivo para diabéticos e não diabéticos: glicemia abaixo de 180 mg/dL até 24 horas após a anestesia - CDC: no perioperatório (durante cirurgia), glicemia < 200mg/dL. - Normovolemia. - Uso de campos estéreis. - Dispositivos de proteção de feridas em cirurgias abdominais potencialmente contaminadas. - Suturas com fios revestidos com antimicrobianos → maioria já vem estéril (não pode guardar no campo) - Antimicrobianos/antibióticos (protocolo da Comissão de Infecção Hospitalar por tipo de cirurgia). ● Uso de dose efetiva de 0 a 60 minutos antes da incisão cirúrgica. (Ideal é 2 horas) ● A cefazolina é um dos antibióticos mais utilizados. ● Se vancomicina e ciprofloxacina a infusão deve ser iniciada 1 a 2 horas antes da incisão. ● Na maioria das cirurgias uma única dose antes da incisão cirúrgica é suficiente. ● A profilaxia antibiótica não deve ser estendida por mais de 24 horas → na prática geralmente deixa de 3 a 7 dias. Recomendações Pós-operatório - Proteger a incisão primariamente fechada com curativo estéril por 24 a 48 horas. - Trocar o curativo (antes das 24 ou 48 horas) com técnica asséptica, se molhar, soltar, sujar ou a critério médico. - Uso de soro fisiológico 0,9% → por ser estéril - Educar pacientes e familiares quanto aos cuidados com a incisão, na identificação e notificação de sinais e sintomas relacionados à infecção. OBS! Sempre lembrar de orientar o paciente muito bem com os cuidados pós-operatório 6
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