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�1 AULA 17 GESTÃO TECNOLÓGICA NO SETOR PÚBLICO 1. INTRODUÇÃO Inspirado em um fenômeno bastante comum nas organizações e, em especial, no âmbito da administração pública contemporânea, o processo de apropriação de tecnologias gerenciais são produzidas, originariamente no setor privado. Torna-se imprescindível conviver com os processo tecnológicos gerenciais através da introdução de novas ideias gerenciais baseado no propósito de mudanças, de ampliação da capacidade gerencial e da racionalização. Implícito nesse processo está também as intenções e objetivos de outra ordem em relação à organização: a projeção pessoal e institucional com a manutenção e ampliação de espaços de poder. Esses processos, segundo Bergue (2011) são, por vezes, conduzidos de forma autocrática, apoiada 1 em equipes restritas, com expectativa imediata de resultados, sem conhecimento conceitual profundo sobre o conteúdo entrante, baseada em experiências pouco consolidada, precariamente estruturados em termos de projeto de transformação. 2. PROCESSO DE TRANSPOSIÇÃO DE TECNOLOGIAS GERENCIAIS Explicar o funcionamento e as transformações da administração pública exige que se reconheça e compreenda os limites do paradigma sobre o qual se fundamenta uma parcela substantiva da produção científica moderna no campo da gestão, para então perceber as condições necessárias à produção de conhecimento próprio e consistente com as realidades nacional, regional, local e organizacional, no âmbito desse setor. Os pressupostos racionalista e mecanicista, de orientação essencialmente reducionista, que informam as práticas gerenciais destacadamente a partir do século XX, não têm mais dado conta de explicar e enfrentar a complexidade dos fenômenos com que se deparam as organizações públicas contemporâneas. É importante assinalar que a administração pública não pode ser tomada como uma estrutura una, monolítica, senão uma complexa rede de atores com diferentes densidades institucionais, competências e objetivos. No contexto da administração pública gerencial, conforme explica Berguer (2011), pode-se identificar duas categorias de modelos e tecnologias gerenciais que variam em diferentes níveis de complexidade e amplitude: a primeira deriva de conceitos subjacentes à própria NAP, tais como as parcerias público-privadas (PPPs) e a segunda temos as tecnologias de foco mais específico e instrumental, como a gestão pela qualidade, o planejamento estratégico, o balanced scorecard etc. BERGUE, Sandro Trescastro. Modelos de Gestão em Organizações Públicas: Teorias e Tecnologias para Análise e 1 Transformação Organizacional. Caxias do Sul/RS: Editora EDUCS, 2011. UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA (UnB) FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE E GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS (FACE) DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO (ADM)� DISCIPLINA CÓDIGO CRÉDITOS TURMA PERÍODO PROFESSOR FUNDAMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 200794 04 B 2016/2 MARCOS ALBERTO DANTAS �2 Este último nível de categoria contempla um conjunto de tecnologias que são também conhecidos pela literatura acadêmica como “modismos gerenciais”. O modismo gerencial (management fashion), segundo uma perspectiva convencional caracteriza-se por parecer racional (eficiente) e progressista (que se sobrepõe a velhas técnicas). Segundo Abrahamson (1996) , essa perspectiva, pautada por uma crença na racionalidade perfeita 2 dos agentes, não condizem com a realidade, assentam-se me dois pressupostos: o de que as organizações são tomadoras de tecnologia do ambiente, agindo de forma independente e de que essa adoção é coerente com os objetivos previamente definidos de forma clara pelas organizações. A escolha da tecnologia, por parte da organização, é fortemente influenciada por outras organizações, e que, nesses processos de inovação tecnológica, há reduzida clareza em relação aos seus objetivos. Ainda que não se deva desprezar o impacto e a relevância da dimensão simbólica que envolve a apropriação de uma tecnologia gerencial estranha à administração pública, o caráter parcial dessa transferência sugere a necessidade de melhor compreender o fenômeno da efetiva absorção pela organização desses elementos gerenciais exógenos. Assentada sobre o paradigma moderno de ciência, a aplicação de tecnologias gerenciais exógenas, na administração pública, convive atualmente com algumas lacunas e inconsistências inerentes ao correspondente modelo de sustentação da ciência normal, com especial destaque à acentuada ênfase em valores como o determinismo, a objetividade e a generalização. Na atualidade, os problemas com os quais se deparam os organismos da administração pública, nas suas diversas interfaces com a sociedade e demais agentes econômicos, são, por vezes, demasiadamente amplos e interconectados, exigindo respostas ou soluções transversais em correspondente grau de complexidade. A introdução de uma tecnologia gerencial não pode se processar tal qual a troca de uma peça, em face de um elevado número de implicações e interações, capazes de gerar diferentes e imprevisíveis perturbações no arranjo organizacional. 2.1. Fronteiras de Transferência de Tecnologias Não se pode desconsiderar contribuições que os conceitos e as tecnologias gerenciais gerados no campo privado possam, eventualmente, trazer à administração pública ou a uma organização em particular, notadamente o que diz respeito à introdução de transformações nos seus sistemas de gestão, justo porque os seus impactos em outras organizações revelam-se potencialmente positivos. Os processos de transferências de tecnologias abrange quatro grandes conceitos: a adaptação criativa, a tradução, a recombinação criativa e a redução. Esses conceitos analíticos têm relação entre si e são abordados sob perspectivas distintas e coincidentes, revelando uma mútua influencia. A importação de tecnologias gerenciais no Brasil, assinalam os contrastes entre imagem e substância, conforme destaca Caldas e Wood Junior (1999) , que admite três respostas organizacionais possíveis: a 3 adoção dessa tecnologia para inglês ver; a negação e a adaptação criativa. Dentre esses traços contrastante destacam-se as noções de plasticidade (contexto no qual emerge o conceito de adaptação criativa) e de formalismo. A plasticidade diz respeito à permeabilidade do brasileiro ao estrangeiro. Uma reação à apropriação excessiva e destituída de significado de elementos da cultura estrangeira foi o movimento literário modernista denominado “antropofagismo”. ABRAHAMSON, Eric. Management fashion: lifecycles, trigger, and collective learning processes. Administrative Science 2 Quarterly, v. 44, 1999. CALDAS, Miguel Pinto; WOOD JUNIOR, Thomaz. Transformação e realidade organizacional: uma perspectiva 3 brasileira. São Paulo: Atlas, 1999. �3 De acordo com Caldas e Wood Junior (1999) o principal motivo para essa inadequação está nos pressupostos básicos de muitos desses modelos estrangeiros que não são reproduzíveis ou transferíveis a contextos distintos do original. Então sugere-se a denominação de antropofagia organizacional para a metodologia de adaptação criativa. Também alinhados com o impacto dos contrastes entre contextos no processo de transposição de conteúdo gerencial, Morris e Lancaster (2005) apresentam a tradução de conceitos gerenciais como ideias 4 oriundas de um determinado contexto apropriadas em outro. Os referidos autores afirmam, no entanto, que as organizações receptoras desempenham um papel ativo no processo de transferência, promovendo a transformação ou a tradução de ideias. A definição de tradução remete a um processo pelo qual uma ideia gerencial geral é transferida e reinterpretado em um novo contexto. O sentido de tradução de ideias gerenciais como um processo interpretativo, mediante o qual novas tecnologias são institucionalizadas, em diferentes campos, circulam destiladas em conceitos abstratos. Nesse processo de tradução, tanto os fornecedores quanto os receptores colaboram para redefinirou privilegiar certas práticas e discordar de outras. Uma outra formulação conceitual que, em larga escala, abarca elementos já referenciados, propõe o conceito de recombinação criativa. Esse conceito refere-se à possibilidade, sempre presente, de combinar elementos preexistentes na organização e produzir algo novo. Esses elementos são os recombinantes: pessoas, redes, cultura, processo e estrutura. Essas recompilações de elementos pode ser vista a partir de diferentes técnicas: a clonagem, a customização e a tradução. A clonagem é definida como a aplicação de soluções que sejam compatíveis em distintos ambientes. A customização ocorre quando uma solução precisa ser alterada e adaptada antes da transplantação. A tradução revela-se em um esforço mais intenso de compatibilização. Ela é requerida quando os contextos de origem e destinos dos elementos recombinantes mostram-se incompatíveis. Na abordagem da redução, o foco revela-se sobre o arranjo de conceitos e pressupostos de organização que subjazem à tecnologia, enfatizando uma perspectiva de análise que alcança as raízes do conteúdo gerencial transposto e reflete sobre não somente sua oportunidade e conveniência, mas seus pressupostos volorativos. Destaca-se que negligenciar a ressignificação dos conteúdos gerenciais nesses processos de transposição, influencia a adoção de estratégias de interpretação das normas descontextualizadas, que conformam as estruturas organizacionais. É importante assinalar que não é somente a partir das práticas formalísticas que uma organização burocrática sobrevive em um contexto de sucessivas inovações gerenciais diretamente transplantadas ou adaptadas, como é a partir desse conceito que esse fenômeno é explicitado. Sob outra perspectiva, o caráter multifacetado e a intensa dependência do contexto que conformam o fenômeno sinalizam a busca de suporte em um referencial teórico robusto e com identidade local. Sendo assim, o conceito de redução sociológica organizacional pode erigir novas perspectivas de análise, reflexão e capacidade explicativa, como pode, por conseguinte, o particular fenômeno de absorção de conteúdo gerencial nas organizações receber importante reforço de compreensão. 3. ESTRATÉGIA DE INTERPRETAÇÃO DAS TECNOLOGIAS GERENCIAIS Os conceitos de formalismo e de uma de suas variantes - o jeito - podem oferecer uma consistente contribuição para a compreensão do fenômeno da absorção de conceitos e tecnologias gerenciais, mais precisamente para a compreensão dos reflexos desses fenômenos. Essa vertente teórica de análise do fenômeno do formalismo descreve como um traço característico da sociedade brasileira, e sensivelmente associado à trajetória histórica da formação social, política e econômica do País, assinalando-o como um componente da estratégia de desenvolvimento nacional. MORRIS, Timothy; LANCASTER, Zoë. Translation management ideas. Organization Studies. v. 27, n. 2. 2005.4 �4 Para Riggs (1964) , o formalismo corresponde ao grau de discrepância entre o prescritivo e o 5 descritivo, entre o poder formal e o poder efetivo, entre o que está escrito nas leis e regulamentos da constituição e o que o governo e a sociedade realmente pratica. As sociedade denominadas prismática são entendidas como arranjos sociais em que se verifica um alto grau de heterogeneidade decorrente da coexistência do velho com o novo, do atrasado com o avançado. Segundo Ramos (1966) , os referidos contrastes expressam-se tanto no plano tecnológico quanto no das 6 atitudes e condutas das pessoas, podendo redundar em conflitos envolvendo diferentes critério de avaliação e ação individual. Esse aspecto identifica o formalismo com o fenômeno da reinterpretação das normas no âmbito da organização, como reação à percepção de conflito entre o real e o prescrito. Tal fato serve para explicar algo que pode ser considerado um dado do senso comum e que constitui um dos pontos focais de análise desse fenômeno - os contrastes das tecnologias gerenciais tomadas como modismo em relação à administração pública. Um dos aspectos que explicam a crise da nova administração pública é o fato dessa formulação discursiva não estar orientada para pontos essenciais coerentes com a evolução e o desenvolvimento da gestão pública, entre os quais podemos citar a elaboração de ideias e práticas administrativas específicas para o setor. Essa limitação do modelo gerencial está associado ao discurso da inadequada utilização das técnicas e práticas advindas do setor privado para o setor público. A despeito das significativas diferenças que demarcam os setores público e privado, não pode ser de todo afastada a potencial absorção da essência conceitual dessas tecnologias gerenciais, com vistas à produção de ideias coerentes com as especificidades da administração pública. Advindo diretamente da noção de formalismo está o que é chamado a “sociologia do jeito”. O jeito, como categoria tipicamente associada à cultura nacional, como destaca Ramos (1966), consiste em um processo genuinamente brasileiro de resolver dificuldades, independentemente do conteúdo das normas, códigos e leis. Ao conceito de jeito pode-se associar o esforço da reinterpretação visada da norma. Destaca- se, então, o esforço de desbordar diretrizes da estrutura, reinterpretando-as segundo necessidades específicas. Segundo Motta e Alcadipani (1999) o jeitinho se dá quando a determinação que impossibilita ou 7 dificulta a ação pretendida por uma pessoa é reinterpretado pelo responsável pelo seu cumprimento, priorizando a peculiaridade da situação em foco e, assim, permitindo o não cumprimento da determinação, fazendo com que se atinja o objetivo pretendido. A estratégia do jeitinho está na busca de um "ponto de identidade" pessoal entre o usuário e o agente, conforme descreve Da Matta (2004) , quando associa o jeitinho a um modo simpático, e às vezes 8 desesperado de relacionar o impessoal com o pessoal, propondo juntar um objetivo pessoal com um obstáculo impessoal. O jeitinho é um modo pacífico e socialmente legítimo de resolver problemas (atraso, falta de dinheiro, ignorância das leis, má vontade do agente da norma ou do usuário, injustiça da própria lei etc.), provocando uma junção casuística da lei com a própria pessoa. O jeitinho tem ainda como requisito fundamental o controle da indignação frente à resistência advinda do “Não Pode” e que adota a estratégia do jeitinho sabe que a oposição frontal pode conduzir ao reforço da má vontade do agente, dificultando a possibilidade de contornar a norma. RIGGS, F. W. A ecologia da administração pública. Rio de Janeiro: FGV, 1964.5 RAMOS, Alberto Guerreiro. Administração e estratégia do desenvolvimento. Rio de Janeiro: FGV, 1966.6 MOTTA, Fernando Claudio Prestes; ALCADIPANI, Rafael. Jeitinho brasileiro, controle social e competição. Revista 7 de Administração de Empresas, v. 39, n. 1, jan./mar. 1999. DA MATTA, Roberto. O que é o Brasil? Rio de Janeiro: Rocco, 2004.8 �5 Mas o caminho pacífico não é uma única opção, principalmente quando a expressão “Você sabe com quem está falando?” se assenta no recurso da autoridade. Ao contrário do jeitinho e quase simétrico e inverso, não se busca uma igualdade simpática ou uma relação contínua com o agente da lei, mas faz-se um apelo à hierarquia com o intuito de inverter o elo entre o usuário e o atendente. Enquanto o "jeitinho" caminha pela via da harmonia, da paciência e da conciliação o “você sabe com quem está falando” adota o recurso da força, da hierarquia, da autoridade e do conflito. 4. ASSIMILAÇÃO CRÍTICA DE CONCEITOS E TECNOLOGIAS GERENCIAIS O referencial da Nova Administração Pública, seja nos conceitos ou na adoção de tecnologias gerenciais, tem origem nos diversos contextos, se constituindo num conjunto de elementos que precisa ser reconhecido como detentor de fundamentais contribuições para o desenvolvimento da administração pública brasileira. Esse conhecimento não pode prescindir da submissãoa um rigoroso processo de reflexão crítica, que vise somente em identificar sua pertinência ao contexto organizacional. O desenvolvimento de uma gestão genuinamente brasileira requer o reconhecimento dos componentes culturais e sociais, como elementos essenciais nas diretrizes transformadoras. O modelo gerencial que vem promovendo transformações na administração pública brasileira sofre forte influência da experiência britânica, onde há um esforço de transposição de conteúdo estrangeiro adaptado ao contexto nacional. Esse processo de transposição influencia os reflexos sobre as relações que se estabelecem entre Estado, seu aparelho e a sociedade. A possibilidade de produzir transformações substanciais - não meramente formalísticas - na gestão pública brasileira, com inspiração em experiências estrangeiras, existe desde que assentadas em elementos devidamente reduzidos, e observando os valores confortadores da identidade nacional. Estudos mais recentes sinalizam uma preocupação com a transferência de conceitos e tecnologias que alcance em profundidade a análise dos processos de mudança organizacional. Com ênfase nas atividades dos agentes de consultoria, em particular no que tange à metodologia de trabalho. Nesse particular, o processo de absorção de conceitos e tecnologias de gestão pode ser melhor compreendido se submetido a diferentes lentes de interpretação, que, a despeito de oferecerem perspectivas distintas, complementam-se especialmente no que diz respeito ao imperativo da reflexão não somente sobre os conceitos que subsistem às tecnologias gerenciais, mas aos pressupostos que as informam. 4.1. Redução sociológica A transposição de tecnologias gerenciais, estimulada por traços historicamente constituídos da cultura nacional, constitui um objeto de análise que pode ser ainda melhor compreendido se explorado à luz do conceito de redução sociológica, especialmente no que diz respeito ao processo de assimilação desses objetos culturais de conteúdo e formato gerencial exógenos à organização. Em sentido genérico, segundo Ramos (1996) a redução sociológica consiste na eliminação de tudo 9 aquilo que, pelo seu caráter acessório e secundário, perturba o esforço de compreensão e a obtenção do essencial de um determinado dado. Tem por finalidade descobrir os pressupostos referenciais, de natureza histórica, dos objetos e fatos da realidade social. No campo da análise organizacional, o grande desafio é transpor para as ciências sociais um conceito originariamente desenvolvido no campo da filosofia. Admitindo essa atitude filosófica como necessária às ciências sociais notadamente no que concerne à oposição entre o conhecimento natural e o conhecimento RAMOS, Alberto Guerreiro. A redução sociológica. Rio de Janeiro. UFRJ, 1996.9 �6 filosófico. Ramos (1996) aponta a impossibilidade de transplantação plena de produtos culturais, levando em consideração todos os seus ingredientes circunstanciais. Em sentido amplo, pode-se verificar que a redução sociológica implica em buscar a essência de um determinado elemento, assim entendida como o seu conteúdo nuclear. Ao identificá-la no campo da sociologia, a redução sociológica é vista como uma atitude metódica a ser praticada por um sujeito comprometido com o seu contexto. A atitude metódica permite a obtenção dessa essência, explicitando os elementos periféricos que conferem identidade local a esses objetos culturais. Esses aspectos periféricos podem ser percebidos como o que de fato afeta a absorção do conteúdo essencial de um objeto em uma realidade distinta daquela em foi concebido. 5. MODELO DE ANÁLISE E IMPLEMENTAÇÃO DE TECNOLOGIAS GERENCIAIS O método de análise e implementação de tecnologias gerenciais implica a consecução dos momentos gerenciais correspondentes às seguintes categorias correspondentes analíticas, que subdividem em dois estágios: o de apropriação e o de absorção. Fonte: BERGUE (2011)10 Essas categorias não são estanques entre si, tampouco tem seus limites de fronteiras rigidamente definidos. São fluidas e, como referenciais analíticos, sobrepõem-se quando incidentes sobre os fenômenos estudados, gerando uma interação dinâmica que se reconfigura conforme a percepção de cada ator e a cada momento histórico. Assume-se, portanto, que o influxo de tecnologias gerenciais é capaz de transformar as organizações na proporção direta da capacidade de seus membros de reconhecerem a potencial contribuição desses objetos culturais exógenos e de refletirem não somente sobre a coerência entre as práticas organizacionais e o contexto em que se inserem, mas sobre a aderência dos elementos conceituais que suportam determinada tecnologia gerencial em relação à organização. Processos do fenômeno de transposição de tecnologias Categorias de Análise Processo de apropriação de tecnologias gerenciais ✓ Percepção do contexto na identificação e consideração das transformações no contexto de inserção da organização. ✓ Permeabilidade da organização a inovações gerenciais. Processo de absorção de tecnologias gerenciais ✓ Comprometimento e autonomia de pensamento dos agentes com a organização e a administração pública e a oposição a atitude subordinada e reprodutiva. ✓ Identificação dos conceitos e pressupostos essenciais das tecnologias. ✓ Ressignificação de conceitos subjacentes às tecnologias e construção de uma solução gerencial endogenamente orientadas. BERGUE, Sandro Trescastro. Modelos de Gestão em Organizações Públicas: Teorias e Tecnologias para Análise e 10 Transformação Organizacional. Caxias do Sul/RS: Editora EDUCS, 2011.
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