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NEOPLASIAS A proliferação e a diferenciação das células são processos controlados por sistemas integrados que mantém a população celular dentro de limites fisiológicos. Porém, alterações nos mecanismos regulatórios podem fazer com que uma célula adquira autonomia de crescimento, gerando neoplasias (“neo” significa nova e “plasia” significa célula), cuja principal característica é uma proliferação celular acima do normal. Neoplasias são lesões produzidas por alterações em genes que regulam a multiplicação e a diferenciação celular. Quando a neoplasia ocorre em um órgão sólido, o aumento no número de células forma um inchaço, o que explica por que cânceres são frequentemente chamados de tumores, mas há que se lembrar que nem todo tumor é uma neoplasia, já que podem ser causados também por processos inflamatórios e hematomas, por exemplo. Neoplasias/tumores podem ser classificados em malignos ou benignos, mas o termo câncer é associado apenas aos tumores malignos. Isso se dá porque frequentemente as neoplasias malignas invadem o tecido adjacente, se espalhando como um caranguejo. O termo câncer, tradução da palavra grega karkinos (carcino = caranguejo) foi registrado pela primeira vez por Claudius Galeno, médico romano nascido no ano 129 da era comum, quando descrevia um tumor de mama que lembrava um caranguejo e suas patas. Entretanto, há autores que afirmam que a associação do tumor com caranguejo já havia surgido cerca de 500 anos antes a partir dos relatos do médico grego Hipócrates. Lesão pré-cancerosa é uma alteração morfológica que apresenta maior risco de evoluir para um câncer do que o tecido normal, mas há que se notar que nem toda lesão pré-cancerosa se tornará um tumor maligno. Essa é uma denominação probabilística e não um prognóstico! Metaplasias, hiperplasias, displasias e neoplasias benignas são consideradas lesões pré- cancerosas porque frequentemente evoluem para “malignação”. Para determinar se uma neoplasia é benigna ou maligna (câncer) são analisados vários fatores, entre eles: • Se as células que formam o tumor são semelhantes ou diferentes das células dos tecidos adjacentes normais, • A velocidade de crescimento do tumor, • Se as células tumorais invadem outros tecidos e órgãos. Tumores benignos: • Não invadem tecido vizinhos, nem migram para outros locais do corpo, são quase sempre tratáveis e raramente levam a óbito, • Geralmente possuem crescimento lento, permanecendo em seu local de origem e frequentemente apresentam cápsula de tecido fibroso que delimita suas margens, • Por conta dessa cápsula, os tumores benignos são muitas vezes palpáveis e móveis, e na maioria das vezes é possível retirá-los por meio cirúrgico. • O crescimento lento permite a formação de vasos sanguíneos, assegurando nutrição e oxigenação das células, por isso, degenerações e necrose são incomuns. Mesmo assim, cuidado com o termo “benigno”! Tumores benignos podem causar complicações, sequela e morte, apesar do nome fazer parecer que nunca são perigosos. Por exemplo: • Nervos comprimidos podem causar dor, parestesia (sensações anormais, formigamento, “agulhadas”, doe, coceira ou queimação), astenia (fraqueza muscular) e até paralisia. • Vasos sanguíneos comprimidos podem causar isquemia e consequente necrose dos tecidos que sofreram privação de oxigênio. • Vasos linfáticos comprimidos podem gerar edema. • O tubo digestivo comprimido por causar disfagia (dificuldade para deglutição) e retenção do bolo alimentar, que além de prejudicar a absorção, pode levar à necrose. • As vias respiratórias sofrendo compressão podem produzir dispneia (dificuldade respiratória) e hipóxia. • Dentro da cavidade craniana causa aumento na pressão intracraniana, produzindo dor, tontura, desequilíbrio, alteração da memória e prejuízos potencialmente fatais aos tecidos nervosos. Tumores malignos: Uma célula se torna “cancerosa” quando sofre mutações em seu DNA que afetam a regulação do seu ciclo celular, com isso, as células neoplásicas apresentam características distintas das células normais, como maior capacidade de proliferação e de sobrevivência. Elas crescem mais rapidamente, podem invadir e destruir tecidos vizinhos, podem se espalhar para outras partes do corpo e formar novos tumores em outros locais do corpo. Suas mutações levam à ativação anormal de vias de sinalização celular, permitindo que cresçam e se dividam de maneira descontrolada, além de poderem possuir também características que permitem que evitem apoptose ou respostas imunológicas do corpo. Seu desenvolvimento é um processo complexo que envolve várias etapas, incluindo a iniciação, a promoção e a progressão. A iniciação envolve alteração no material genético das células, que pode ser causada por fatores internos, como mutações espontâneas ou fatores externos, como exposição a agentes químicos ou radiação. A promoção ocorre quando as células neoplásicas começam a crescer e se multiplicar descontroladamente, por influência de uma variedade de fatores, como hormônios, inflamação crônica ou novos danos ao seu DNA. Finalmente, a progressão do tumor ocorre quando as células neoplásicas começam a se espalhar para outras partes do corpo e a formar tumores secundários (metástases), se separando do tumor original e viajando pela corrente sanguínea ou linfática. Por que uma célula se torna um “câncer”? • A célula tem instruções genéticas que determinam como e quando ela deve crescer, amadurecer, se dividir e até sobre quanto tempo deve sobreviver e quando deve morrer. • Existe um equilíbrio entre “comandos” para se dividir ou permanecer estável, assim como os estímulos para sobrevivência ou morte. • Em cada fase da vida celular alguns genes são ativados enquanto outros são inativados, o que promove o controle desses processos. • Porém, se ocorrem erros nestas instruções, a célula pode perder a capacidade de morrer, perder os estímulos inibitórios de divisão, ou ainda, expressar constantemente substâncias estimuladoras da divisão, formando deste modo, um tumor. A primeira menção de um provável caso de câncer, ainda que não usasse esse termo remonta 2625 anos antes de cristo, e foi feita pelo sacerdote egípcio Imhotep, que descreveu a massa protuberante no seio de uma paciente. Outro possível caso de câncer foi encontrado em um papiro egípcio datado de cerca de 1600 ac, que descreve uma série de casos, incluindo lesões que parecem ser de tumores no útero, nos seios e nos lábios, e que foram tratados com uma mistura contendo gordura de hipopótamo, chifre de touro, resina de árvores e cebola. No entanto, não se tem como saber com certeza se esses casos eram realmente descrições cânceres ou de outras formas de tumor. • 440 anos antes de cristo, o geógrafo e historiador grego Heródoto relatou um “caroço” que fazia sangrar a mama de Atossa, Rainha da Pérsia, mulher (e irmã) de Dario, filha de Ciro, o Grande, fundador do Império Persa. Na obra intitulada "Os Nove Livros de História", Heródoto declara que o nódulo no seio da rainha era muito doloroso e que cresceu gradualmente. Segundo ele, médicos persas tentaram tratar o tumor com cauterização e incisão, mas sem sucesso, já que o tumor progredia, porém, certo dia, o escravo Democedes realizou uma mastectomia na rainha, removendo o tumor, salvando sua vida. Embora não tenha sido especificamente usado o termo "karkinos", sua descrição é consistente com um possível caso de câncer de mama. • A primeira descrição indubitável e bem documentada de um caso de câncer é atribuída ao médico persa Rhazes, que descreveu em livro, no século X, o tumor maligno no útero de uma paciente. • Em 1531, o médico suíço Paracelsus percebeu que “mala Mallo rum” no pulmão era comum em trabalhadores das minas de carvão. "Mala mallorum" é uma expressão latina que significa “o mal dos males” e era frequentementeusada para descrever as piores doenças que um humano poderia enfrentar, como o câncer. • Em 1775, Percival Pott, médico cirurgião britânico, evidenciou câncer no escroto em vários homens que trabalharam como limpadores de chaminé quando eram crianças e em trabalhadores da indústria de curtume de couro. Ele concluiu que a exposição prolongada à fuligem e à poeira de couro era responsável pelo desenvolvimento do tumor, e recomendou medidas de prevenção, como manter as áreas de trabalho ventiladas e limpas, e evitar a exposição prolongada à poeira de couro. • Em 1795, Samuel Thomas, médico alemão, percebeu câncer de lábio em diversos pacientes que fumavam cachimbo. • Gaspard Laurent Bayle, em 1810, descreveu o primeiro caso indubitável de câncer do pulmão em um paciente fumante, com 72 anos, que observara cinco anos antes. De forma surpreendente e curiosa, o médico defendia que o câncer estava associado à tuberculose e não ao hábito tabagístico do paciente. Há que se comentar que nos séculos anteriores, Georgius “Agricola”, Paracelsus, Von Swieten, Morgagni e Boerhave já haviam feito descrições que “muito provavelmente” correspondiam a neoplasias broncopulmonares, mas que também podiam ser descrições de outros tipos de doença que não o câncer. • Em 1847, o patologista polonês/alemão Rudolf Ludwig Carl Virchow descreveu a leucemia e oito anos depois, em 1855, criou a teoria da patologia celular do câncer, inferindo que câncer era causado pela proliferação anormal de células que antes eram normais, mas que saiam do estado de dormência e proliferavam de forma descontrolada. Virchow também afirmou que uma célula somente poderia ser proveniente de outra célula e descreveu hipertrofia, hiperplasia e neoplasia. • Em 1859, Étienne-Frédéric Bouisson descreveu câncer oral em fumantes de cigarros e charutos. • No final do século 19 sugeriu-se que alguma substância seria responsável pelo desenvolvimento do câncer de pulmão, produzindo uma “irritação crônica”, que posteriormente induzia a formação dos tumores. Essa teoria conquistou adeptos sobretudo quando se constatou que diversos mineiros na Alemanha e na Checoslováquia desenvolviam pneumoconioses e posteriormente cânceres no pulmão. Pneumoconioses são inflamações causadas pela inalação crônica de poeiras minerais como sílica, asbesto, carvão e outros materiais, que se acumulam nos pulmões, causando fibrose e danos permanentes ao tecido, resultando dificuldade respiratória, tosse crônica e outros sintomas respiratórios, além, é claro, de predispor o câncer, conforme fora observado. • Ludwig Rehn, em 1895, na Alemanha, descreveu alta incidência de câncer da bexiga em trabalhadores que usavam anilina para tingir tecidos. Hoje se sabe que o principal agente carcinogênico presente nesse corante era a naftilamina. • Em 1910, Pierre Marie, Jean Claunet e Gaston Raulot-Lapointe evidenciaram câncer de pele em pessoas que tiveram queimadura por exposição ao raio X, e em 1914 os pesquisadores induziram a formação de sarcomas, um tumor maligno, em ratos, com o uso de raio X. • Em 1915, Yamagiwa Katsusaburō e Ichikawa Koichi induziram câncer nas orelhas de coelhos que eram pintadas a cada 2 dias com alcatrão por mais de um ano. Os cientistas japoneses realizaram o experimento conhecido como o "experimento da pintura de carvão", que foi um marco na história da pesquisa sobre o câncer, pois demonstrou a capacidade de substâncias químicas do alcatrão de carvão causarem câncer. Esses achados foram posteriormente aplicados aos seres humanos, ajudando a estabelecer a relação entre exposição a substâncias químicas e risco de câncer ocupacional. • Em 1927, Hermann J. Muller demonstrou que a radiação poderia induzir mutações genéticas em moscas e sugeriu que este poderia ser o mecanismo por trás da indução do crescimento de tumores causados pelos raios X. • Em 1930, Izrael Hieger e Ernest Kennaway demonstram que uma substância chamada benzantraceno, encontrada no carvão e na fuligem, induzia a formação de tumores em animais. • Em 1936, o médico alemão R. Fleckseder publicou um artigo descrevendo que de 54 de seus pacientes com câncer do pulmão, 51 eram fumantes e 30 chegavam a fumar de 20 a 90 cigarros por dia. A associação do tabaco com o câncer foi confirmada por diversos outros pesquisadores como Ochsner e Debakey, em 1939, Muller, em 1940, Schairer e Schöniger, em 1943, entre outros. • Em 1938, Boris Sokoloff publicou o artigo “Predisposition to cancer in the Bonaparte family” no American Journal of Surgery, mostrando que o câncer também poderia ter um componente hereditário. • Em 1958, Dennis Burkitt descobriu que o linfoma que ganhou seu nome era causado pelo vírus Epstein-Barr, demonstrando que vírus também poderiam ser oncogênicos. • Howard Martin Temin e Renato Dulbecco, em 1964, conseguiram criar células tumorais por meio da infecção pelo vírus do sarcoma de Rouss (RSV) em animais. • De 1990 até hoje descobriram-se uma grande variedade de genes em humanos e em animais associados a diversos tipos de câncer. Por tudo isso, sabemos hoje que o câncer tem causas hereditárias e ambientais, que são chamados agentes carcinogênicos. Agentes Carcinogênicos são fatores indutores de transformações no genoma, e podem ser: • Agentes Físicos: Raio Ultravioleta (radiação solar, por exemplo), raio-X, radiação ionizante dos tipos alfa, beta e gama. • Agentes Químicos: Existe uma infinidade de substâncias químicas carcinogênicas, por exemplo, amianto/asbesto, hormônios, aflatoxina, ocratoxina, benzina, formol, etc. • Agentes Biológicos: os oncovírus induzem a formação de tumores, como o HPV – papilomavírus humano (carcinoma de colo de útero), EBV – Epstein-Barr (linfomas), HBV e HBC– vírus da Hepatite B e C (carcinoma hepático). O tumor é formado tanto pelo parênquima, quanto pelo estroma, entretanto, no início, enquanto ainda é pequeno apenas as células neoplásicas do parênquima são encontradas. O parênquima tumoral é formado pelas células neoplásicas que originaram o tumor. O estroma tumoral é a parte do tecido de sustentação não-neoplásico, formado por tecido conjuntivo, vasos sanguíneos e células inflamatórias, que permitem o desenvolvimento das células neoplásicas. Tumores pequenos, com até 2 mm, raramente possuem vasos, mas a partir daí, vasos costumam ser formados para garantir suprimento de nutrientes e oxigênio ao tumor. Mesmo assim, em certos casos, a progressão do tumor é maior do que a capacidade do organismo produzir novos vasos, o que pode levar a formação de áreas de necrose, sobretudo em tumores de dimensões mais elevadas. Por outro lado, a presença de novos vasos pode estimular o aumento do tumor, além de aumentar o risco de ocorrência de metástases. Neoplasias nunca apresentam formação de tecido nervoso novo. Assim, a dor que é frequentemente sentida pelos pacientes é devida a infiltração ou à compressão de nervos já existentes nos tecidos vizinhos ou no próprio tecido afetado. • Diferente da maioria das células, que costuma ter tempo de vida limitado, células cancerosas são virtualmente imortais enquanto receberem nutrientes. • Possuem crescimento autônomo, não necessitando estímulos externos para proliferar. • Possuem capacidade de invadir tecidos adjacentes e se deslocar, podendo proliferar em áreas distantes de onde o tumor primário se formou. Células tumorais podem ser insensíveis a sinais inibidores de mitose, por conta de mutações em genes que codificam moléculas reguladoras, deleção de genes supressores de mitose ou perda da inibição por contato com outras células, formando “pilhas” de células. Além disso, células tumorais podem apresentar mecanismos de evasão dos mecanismos de apoptose, como inibição de genes pró-apoptóticos, hiperexpresão de genes anti-apoptóticosou inativação de genes envolvidos na checagem e correção de lesões no DNA. Sob condições adversas, algumas células cancerosas podem ativar mecanismos de autofagia, reduzir seu volume e induzir um estado de dormência transitória, que pode ser erroneamente interpretado como remissão do tumor. Entretanto, isso dá ao tumores uma maior resistência à quimioterapia, podendo levar à recidiva após descontinuidade do tratamento. Células tumorais podem continuar replicando mesmo com telômero curtos, e em certos casos aumentam seus telômeros por conta da ativação de uma enzima chamada telomerase. Telômeros são subunidades TTAGGG repetidas, presentes na ponta dos cromossomos, que impedem que essas pontas do DNA se fundam umas às outras, permitindo a replicação do DNA, portanto, a mitose da célula. Células normais têm a diminuição dos telômeros em cada ciclo celular, limitando deste modo o número de divisões que ela pode fazer, pois quando os telômeros ficam muito curtos, a célula entra em um estado de senescência replicativa e normalmente ativa mecanismos de apoptose. Mutações no genoma da célula tumoral costumam ser progressivas: Algumas alterações genéticas são percebidas em apenas alguns subclones das células tumorais, o que demonstra que alterações genéticas continuam acontecendo conforme as células tumorais vão proliferando. O conceito de "progressão tumoral" sustenta que subclones podem surgir ao longo do tempo a partir do tumor original. Esses subclones podem diferir em características como capacidade de invasão, potencial metastático e resposta à terapia e surgem da aquisição de mutações adicionais. Em outras palavras, células tumorais mais novas frequentemente acumulam mais mutações genéticas que as células tumorais mais antigas. Isso acontece porque o genoma das células neoplásicas é muito instável e muitas lesões do DNA não são reparadas, o que repercute no aumento da agressividade do tumor e na resistência desses aos tratamentos, tornando o tumor cada vez pior nos estágios mais avançados da doença. Assim, subclones frequentemente são mais proliferativos, mais resistentes à morte, mais refratárias ao tratamento e mais propensos a metástases do que as células tumorais iniciais. Por isso, as células metastastticas podem ser bem diferentes das células do tumor original, ainda que derivem dele. Tudo isso reforça a necessidade de fazer diagnóstico e tratamento precoces, pois quanto mais cedo se inicia o tratamento, melhores são os resultados clínicos obtidos. Os principais motivos pelos quais os cânceres causam doença e morte são: • Células tumorais tomam o lugar das células funcionais, levando à redução na funcionalidade do órgão afetado. • Células tumorais consomem nutrientes em abundância, diminuindo ou esgotando a disponibilidade de nutrientes para tecidos normais. • Células tumorais podem produzir substâncias de outros tecidos, provocando descontrole endócrino. • A massa tumoral pode comprimir órgãos e vasos prejudicando a irrigação, diminuindo a oferta de nutrientes e oxigênio, dificultando a depuração de metabólitos tóxicos. “Sob o Trópico de Câncer (Vinicius de Moraes) Parte I Sai, Câncer Desaparece, parte, sai do mundo Volta à galáxia onde fermentam os íncubos da vida de que és a forma inversa. Vai, foge do mundo Monstruosa tarântula, hediondo caranguejo incolor, fétida anêmona, carnívora! Sai, Câncer. Furbo anão de unhas sujas e roídas. Monstrengo sub-reptício, glabro homúnculo que empestas as brancas madrugadas com teu suave mau cheiro de necrose Enquanto largas sob as portas Teus sebentos volantes genocidas Sai, get out, va-t-en, hinaus mit ihnen Tu e tua capa de matéria plástica Tu e tuas galochas Tu e tua gravata carcomida E torna, abjeto, ao Trópico Cujo nome roubaste. Deixa os homens em sossego Odioso mascate; fecha o zíper De tua gorda pasta que amontoa Caranguejos, baratas, sapos, lesmas Movendo-se em seu visgo, em meio a amostras De óleo, graxas, corantes, germicidas, Sai, Câncer Fecha a tenaz e diz adeus à Terra Em saudação fascista; galga aranha contra o teu próprio fio E vai morrer de tua própria síntese na poeira atômica que se acumula na cúpula do mundo. Adeus Grumo louco, multiplicador incalculável, Tu de quem nenhum Cérebro Eletrônico poderá jamais seguir a matemática. Parte, poneta ahuera, andate via Glauco espectro, gosmento camelô Da morte anterior à eternidade. Não és mais forte do que o homem - rua! Grasso e gomalinado camelô, que prescreves A dívida humana sem aviso prévio, ignóbil. Meirinho, Câncer, vil tristeza... Amada, fecha a porta, corta os fios, Não preste nunca ouvidos ao que o mercador contar! (....)” Nas neoplasias malignas, as células em geral têm alta taxa de multiplicação (alto índice mitótico) e seu crescimento em geral é rápido; o estroma e os vasos sanguíneos desenvolvem- se mais lentamente, resultando em degenerações, necrose, hemorragia e ulceração: as neoplasias malignas frequentemente sangram e apresentam áreas de necrose. No início as células neoplásicas ficam restritas ao local onde o tumor se formou, e é chamado carcinoma in situ (CIS) ou sarcoma in situ (SIS). Porém, com o tempo, tumores malignos invadem os tecidos adjacentes e disseminam-se para outros lugares por meio de metástases. Por uma série de fatores, como irregularidades na membrana, ausência de estruturas juncionais e moléculas de adesão como caderinas e fibronectina, células cancerosas possuem baixa adesão com outras células do tumor, o que facilita a metástase. Como são menos aderidas entre si, as células cancerosas movimentam-se e infiltram-se no estroma e nos tecidos adjacentes (Figura ao lado). Metástase: é a presença de células tumorais em tecidos que não apresentam continuidade com o tumor primário. É a principal característica das neoplasias malignas e a disseminação das células tumorais pode ocorrer por meio dos vasos sanguíneos, dos vasos linfáticos ou pelas cavidades e superfícies corporais: • Disseminação hematogênica é a via mais utilizada pelos sarcomas, porém também pode ocorrer nos carcinomas. Regra geral dos vasos, as artérias são mais resistentes que as veias no que se refere à invasão tumoral. Os órgãos mais acometidos pelas metástases são o fígado e o pulmão, que são órgãos bastante irrigados, destinos de grande parte do sangue. • Disseminação linfática: é a via preferencial dos carcinomas, e a menos frequente nos sarcomas. Os gânglios linfáticos (linfonodos) podem retardar a metástase, pois são frequentemente o primeirolocal onde células tumorais se depositam quando entram na circulação linfática. • Disseminação através de cavidades e superfícies corporais ocorre quando células neoplásicas penetram em uma cavidade como a peritoneal, pleural, pericardial e subaracnóide. Invasão de pequeno vaso por células de carcinoma indiferenciado. Em geral, as metástases apresentam-se macroscopicamente como nódulos múltiplos, bem delimitados, de tamanhos diversos, na superfície ou na intimidade de órgãos (Figura ao lado). Canceres hematológicos (“cânceres do sangue”): Linfomas são cânceres que afetam linfonodos. Eles ocorrem quando leucócitos já formados sofrem alteração genômica, se desdiferenciam, e começam a se multiplicar descontroladamente formando tumores em um ou mais linfonodos ou mesmo em outros tecidos como baço, fígado, medula óssea e sistema nervoso central. Existem dezenas de subtipos de linfomas, que diferem em sinais, sintomas e agressividade, e que podem ser classificados inicialmente em dois tipos principais: linfoma Hodgkin e linfoma não Hodgkin. O linfoma Hodgkin afeta quase sempre apenas os linfonodos e é caracterizado pela presença de células de Reed-Sternberg e células de Hodgkin, duascélulas anormais originadas a partir de linfócitos B. Os linfomas não Hodgkin são os mais comuns e formam um grupo heterogêneo com mais de 40 subtipos, que costumam afetar além dos linfonodos outros tecidos do sistema linfático e fora dele. Estima-se que para cada caso de linfoma Hodgkin, ocorram pelo menos 9 casos dos não Hodgkin. Cada subtipo apresenta características celulares distintas, que podem ser classificados de acordo com o tipo de célula afetada, determinada após biópsia, e o seu padrão de crescimento mais rápido ou mais lento. Os dois mais comuns são o linfoma difuso de grandes células B e o linfoma folicular. Sendo o primeiro deles mais agressivo, de desenvolvimento muito rápido de poucos meses, mas que responde bem à quimioterapia, e o segundo, de progressão mais lenta, de vários anos, mas bem mais difícil de tratar com medicamentos. A. Metástases pulmonares. Superfície externa do órgão mostrando nódulos de tamanhos variados, bem delimitados, fazendo saliência na pleura visceral. (Cortesia da Profa Virgínia Hora Rios Leite, Belo Horizonte-MG.) B. Metástases ósseas. Nódulos múltiplos na medular óssea. Outra diferença importante entre os dois linfomas principais é o padrão de disseminação. Enquanto o de Hodgkin geralmente se dissemina de forma ordenada e previsível, afetando grupos de linfonodos adjacentes, os não Hodgkin frequentemente se disseminam de forma mais aleatória e imprevisível, afetando outros tecidos como medula óssea, fígado e sistema nervoso central. As leucemias são cânceres que ocorrem na medula óssea quando células tronco se tornam anormais e se multiplicam descontroladamente. São classificadas de acordo com a linhagem de células afetadas (linfoides ou mieloides) e segundo a velocidade de crescimento do tumor (aguda ou crônica). Cada tipo de leucemia é mais comum em um grupo específico da população, ou crianças ou adultos. Além disso, apresentam agressividade, sinais e sintomas e resposta ao tratamento específicos entre eles. Oncologia é o estudo das neoplasias, e tem esse nome por conta do termo grego onkos, que significa aglomerado ou massa (inchaço, tumor). O diagnóstico de neoplasias é feito por meio de uma combinação de exames clínicos, laboratoriais e de imagem. A biópsia é o principal método utilizado para confirmar diagnóstico e determinar o tipo específico de neoplasia. Além da biópsia, exames de imagem são importantes para avaliar a extensão da doença e determinar se ela se espalhou para outras partes do corpo. Após o diagnóstico, é necessário determinar o estágio da neoplasia, que indica a gravidade da doença e ajuda a guiar o tratamento. Existem diferentes sistemas de estadiamento, como o sistema TNM e o sistema de Ann Arbor. Com base neles, o médico pode determinar o tratamento mais adequado, que pode incluir cirurgia, quimioterapia, radioterapia, anticorpos monoclonais ou uma combinação dessas. O câncer também pode ser classificado de acordo com o grau de diferenciação celular, que é a semelhança entre as células cancerosas e as células normais do tecido de origem. Essa classificação é importante, pois pode influenciar o prognóstico e o tratamento da doença. O grau de diferenciação celular é determinado pela análise histológica das células cancerosas em uma amostra de tecido obtida por biópsia. Existem três graus de diferenciação celular: bem diferenciado, moderadamente diferenciado e pouco diferenciado. Um tumor bem diferenciado é aquele cujas células cancerosas são semelhantes às células normais do tecido de origem e frequentemente têm um comportamento menos agressivo, com prognóstico mais favorável, pois geralmente são mais sensíveis à terapia. Um tumor pouco diferenciado é aquele em que as células cancerosas são muito diferentes das células normais e costuma ter um comportamento mais agressivo, com menor resposta à terapia. Nomenclatura para tumores: regra geral, para os tumores benignos, utiliza-se o sufixo “oma” adicionado ao nome do tecido onde o tumor se originou, por exemplo, rabdomioma, que é um tumor benigno da musculatura estriada. Exceções: linfoma, melanoma e mieloma, que se referem a neoplasias malignas, apesar de seus nomes serem formados segundo a regra geral dos tumores benignos. Para os tumores malignos, quando são originados de células epiteliais os cânceres são chamados carcinomas. Mas quando são originados de tecido mesenquimal os cânceres são chamados sarcomas. Obs, Sarkós, do grego, significa carne, sarcófago significa literalmente “comedor de carne” e sarcasmo significa “arrancar a carne”. Células epiteliais dos carcinomas são as que formam: • pele, • mucosa, • glândulas, • tecidos com função sensorial (por exemplo, retina), e • tecidos com função germinativa (testículos e ovários). Células mesenquimais dos sarcomas são aquelas que originam: • células do sangue, • células do tecido cartilaginoso, • osteócitos (células do osso), • adipócitos (células de gordura), • tenócitos (células dos tendões), • miócitos (células musculares), entre outros. Além disso, na oncologia existem vários epônimos que usam o nome de quem descreveu a neoplasia, como o tumor de Wilms, o linfoma de Hodgkin, o tumor de Burkitt, entre outros. • O nome do tumor também pode conter termos para indicar propriedades da lesão, por exemplo: o Carcinoma epidermoide, que é quando o epitélio neoplásico produz queratina, semelhante à epiderme ou o Adenocarcinoma cirroso, que é um tumor muito duro, produzindo consistência firme à lesão. • Neoplasias com mais de um tipo celular, que surgem de apenas uma camada germinativa, são "tumores mistos", como o adenoma pleomórfico da glândula salivar. • Neoplasias com mais de um tipo de célula, que surgindo de mais de uma camada germinativa são teratomas, e são mais comuns no ovário. • Neoplasias que se assemelham a tecidos embrionários primitivos terminam em "blastoma", e são muitas vezes neoplasias pediátricas, tais como: o Retinoblastoma o Neuroblastoma o hepatoblastoma o Meduloblastoma • Nem toda neoplasia maligna possui contraparte benigna: o células hematopoiéticas e linfoides dão origem a leucemias e linfomas e não possuem contrapartida benigna. o Gliomas (astrocitomas, oligodengrogliomas e glioblastomas) surgem de células da glia no SNC e não apresentam contrapartida benigna. Aspectos macroscópicos dos tumores. Tumores podem ser císticos: A. Cistadenoma seroso do ovário. Lesão cística volumosa, com parede delgada, bem vascularizada, bem delimitada e circunscrita por cápsula de tecido conjuntivo. Tumores malignos, em geral, são sólidos, pouco delimitados, não possuem cápsula e comumente invadem os tecidos e estruturas vizinhos. Os tumores sólidos apresentam-se macroscopicamente sob quatro tipos: • Nodular • Vegetante • Infiltrativo • Ulcerante No tipo nodular forma-se uma massa expansiva que tende a ser esférica; é visto em tumores benignos e em malignos originados em órgãos compactos (fígado, pulmões e rins). Fibroadenoma da mama. A. Lesão nodular, homogênea e bem delimitada do parênquima. Fibroadenoma da mama. B. Aspecto microscópico. A neoplasia está envolvida por cápsula de tecido conjuntivo (setas) Adenocarcinoma nodular do rim. A lesão apresenta áreas de necrose e de hemorragia. Apesar de parcialmente encapsulado, o tumor infiltra-se no parênquima renal (setas) O tipo vegetante, encontrado em tumores benignos ou malignos que crescem em superfície (pele ou mucosas), forma massa que pode ser poliposa, papilomatosa ou em couve-flor. O tipo infiltrativo é exclusivo de tumores malignos, penetra o órgão, sem formar nódulos. O tipo ulcerado é quase exclusivo de neoplasiasmalignas. Ambas aparecem na figura. A lesão infiltra-se nos tecidos adjacentes e ulcera-se, formando uma “cratera com bordas endurecidas”, elevadas e irregulares. Adenocarcinoma do estômago, do tipo infiltrativo e ulcerado. Lesão crateriforme com bordas irregulares e elevadas. A. Pólipo do intestino grosso. Tumor vegetante e papilífero do reto (aspecto de couve-flor) B. Numerosos pólipos do intestino grosso, sésseis ou pediculados Tumor papilomatoso em paciente com papilomavírus humano (HPV) Estadiamento de tumores (SISTEMA TNM) O sistema desenvolvido em 1946 por Pierre Denoix, é um sistema de estadiamento utilizado para a maioria dos tipos de câncer sólidos. Ele se baseia na avaliação de três características da doença: tamanho do tumor primário (T), presença e extensão do envolvimento dos linfonodos (N) e presença de metástases à distância (M). Tumor (T): descreve o tamanho do tumor primário e sua invasão em tecidos adjacentes em uma escala de T0 a T4, onde T0 significa que não há evidência de tumor e T4 significa que o tumor é grande e invadiu tecidos próximos. Linfonodos (N): descreve a presença e a extensão do envolvimento dos linfonodos. É classificado de N0 a N3, onde N0 significa que não há envolvimento dos linfonodos e N3 significa que há envolvimento de linfonodos de várias regiões do corpo. Metástase (M): descreve a presença ou ausência de metástases à distância. É classificado como M0 para ausência de metástases e M1 para presença de metástases. Além disso, o sistema TNM inclui subcategorias para especificar características adicionais do tumor, como grau histológico, invasão vascular ou perineural e outros fatores. O sistema TNM ajuda a determinar o estágio do câncer e orienta o tratamento e a previsão do prognóstico. Quanto menor o estágio, mais favorável é o prognóstico, pois maior é a chance de cura. A partir da associação dos três fatores T (tumor primário), N (linfonodos) e M (metástase) pode- se classificar os tumores em 5 “estádios” clínicos numerados de zero a IV. Estadiamento de tumores (SISTEMA Ann Arbor): é utilizado para classificar linfomas. É amplamente utilizado na prática clínica e também ajuda a orientar tratamento e prognóstico do paciente. Quanto menor o estágio, mais favorável é o prognóstico e maior a chance de cura. É baseado na avaliação da extensão da doença, envolvimento dos linfonodos e presença de metástases. Também é composto por quatro estágios, além de subestágios adicionais. Os quatro estágios do sistema de Ann Arbor são: Estágio I: câncer presente em um único grupo de linfonodos ou em um único órgão. Estágio II: câncer presente em dois ou mais grupos de linfonodos do mesmo lado do diafragma ou em um órgão e em linfonodos próximos. Estágio III: câncer presente em grupos de linfonodos em ambos os lados do diafragma ou em um órgão e em linfonodos distantes. Estágio IV: câncer se espalhou para um ou mais órgãos distantes do local onde começou, como fígado, pulmões ou ossos. Os subestágios adicionais são indicados por letras: A: não há sinais e sintomas sistêmicos, como febre, sudorese noturna ou perda de peso. B: há sinais e sintomas sistêmicos presentes. E: o câncer se espalhou para órgão ou tecido adjacente ao local original do tumor. S: o câncer está presente em tecidos fora dos linfonodos, como ossos, pulmões ou fígado. Dados epidemiológicos: No Brasil, segundo o INCA (Instituto Nacional do Câncer), os cânceres que mais matam são: • Traqueia, brônquio e pulmão • Cólon e reto • Mama • Estômago • Próstata • Fígado • Pâncreas • Sistema nervoso Central (cérebro) • Esôfago Tipos de cânceres e lugares onde são mais e menos comuns, com risco relativo por países: Gráfico: Incidência do câncer em relação à idade. Observar o grande aumento na incidência de neoplasias a partir de 60 anos de idade, tanto em homens como em mulheres. A. Distribuição dos 10 tipos de câncer mais incidentes no Brasil estimados para 2016, exceto pele não melanoma, em ambos os gêneros, segundo o Instituto Nacional de Câncer (www.inca.gov.br). B. Representação espacial das taxas brutas de incidência por 100.000 pessoas, estimadas para o ano de 2016, em cada estado do país (todas as neoplasias, exceto as de pele não melanoma) http://www.inca.gov.br/ • youtube.com/watch?v=zb0e4etrkzY • youtube.com/watch?v=DkIeYNexgFw Distribuição dos tumores em crianças e adultos. Notar a grande diferença na prevalência dos tumores nessas duas faixas etárias. Em adultos, predominam carcinomas, enquanto em crianças as neoplasias mais comuns são leucemias e linfomas http://www.youtube.com/watch?v=zb0e4etrkzY http://www.youtube.com/watch?v=DkIeYNexgFw “Sob o Trópico de Câncer (Vinicius de Moraes) Parte I Sai, Câncer Desaparece, parte, sai do mundo Volta à galáxia onde fermentam os íncubos da vida de que és a forma inversa. Vai, foge do mundo Monstruosa tarântula, hediondo caranguejo incolor, fétida anêmona, carnívora! Sai, Câncer. Furbo anão de unhas sujas e roídas. Monstrengo sub-reptício, glabro homúnculo que empestas as brancas madrugadas com teu suave mau cheiro de necrose Enquanto largas sob as portas Teus sebentos volantes genocidas Sai, get out, va-t-en, hinaus mit ihnen Tu e tua capa de matéria plástica Tu e tuas galochas Tu e tua gravata carcomida E torna, abjeto, ao Trópico Cujo nome roubaste. Deixa os homens em sossego Odioso mascate; fecha o zíper De tua gorda pasta que amontoa Caranguejos, baratas, sapos, lesmas Movendo-se em seu visgo, em meio a amostras De óleo, graxas, corantes, germicidas, Sai, Câncer Fecha a tenaz e diz adeus à Terra Em saudação fascista; galga aranha contra o teu próprio fio E vai morrer de tua própria síntese na poeira atômica que se acumula na cúpula do mundo. Adeus Grumo louco, multiplicador incalculável, Tu de quem nenhum Cérebro Eletrônico poderá jamais seguir a matemática. Parte, poneta ahuera, andate via Glauco espectro, gosmento camelô Da morte anterior à eternidade. Não és mais forte do que o homem - rua! Grasso e gomalinado camelô, que prescreves A dívida humana sem aviso prévio, ignóbil. Meirinho, Câncer, vil tristeza... Amada, fecha a porta, corta os fios, Não preste nunca ouvidos ao que o mercador contar! (....)” Parte II “Senhora, Abre, por favor, porta, só um pouquinho. Preciso muito falar com senhora, pelo amor de Deus! Abre porta, eu mostro sem compromisso. Leva já, paga quando puder. Veja, senhora Quanta coisa, que beleza, tudo grátis Paga quando puder. Fibroma Carcinoma, osteossarcoma Coisa linda! Olhe só, senhora: Câncer do seio... Sempre volta. Do útero: Mais barato, mas leva artigo de qualidade. Em geral reproduz mais tarde, garantido. Para seu marido tem coisa linda, veja, senhora Que maravilha! Tumor sarcomatoso do intestino, Não falha. Espie só, madama: Câncer do fígado, câncer do rim, câncer da próstata Câncer da laringe, tudo é câncer Artigo exclusivo, palavra de honra Restitui dinheiro. Senhora tem filhos? Veja isto: Câncer da meninge: muita dolência... Câncer do sangue: criança vai enfraquecendo, quase não sofre Vai apagando como uma vela, muito carinho Dá, senhora e seu marido, para o menino. Morre bem, morre feliz, com todos os sacramentos Confortado pela excelentíssima família. E olhe aqui, senhora: isso eu só mostro em confiança, artigo conseguido com muita dificuldade: CÂNCER ATÔMICO! Artigo de luxo, paga à vista, não faz prestação Muito duro conseguir. Precisa muita explosão de bomba H, quantidade de estrôncio-90. Muito difícil. Artigo superior, não tem praça,conseguido Com contrabandista, senhora não conta... Artigos para casa? Tem cera para lustrar Inseticida, inalador: tudo Feito com substância cancerígena. Artigos de farmácia? Tem bom xarope Faz bem ao peito, muito alcatrão, mata Na velhice: câncer do pulmão. Bom câncer. Senhora não quer? Fica, senhora: é garantido, vendo barato, paga quando quiser. Olhe aqui: Deixo sem compromisso – mata moscas Baratas, ratos, crianças; tem cheiro De eucalipto, perfuma ambiente. Não quer? Adeus, Senhora, passo outro dia, não tem pressa A senhora pensa, tudo grátis, garantido O freguês paga quando quiser Morre quando puder!” Parte III Cordis sinistra - Ora pro nobis Tabis dorsalis - Ora pro nobis Marasmus phthisis - Ora pro nobis Delirium tremens - Ora pro nobis Fluxus cruentum - Ora pro nobis Apoplexia parva - Ora pro nobis Lues venérea - Ora pro nobis Entesia tetanus - Ora pro nobis Saltus viti - Ora pro nobis Astralis sideratus - Ora pro nobis Morbus attonitus - Ora pro nobis Mama universalis - Ora pro nobis Cholera morbus - Ora pro nobis Vomitus cruentus - Ora pro nobis Empresma carditis - Ora pro nobis Fellis suffusio - Ora pro nobis Phallorrhoea virulenta - Ora pro nobis Gutta serena - Ora pro nobis Angina canina - Ora pro nobis Lepra leontina - Ora pro nobis Lupus vorax - Ora pro nobis Tônus trismus - Ora pro nobis Angina pectoria - Ora pro nobis Et libera nobis omnia Câncer - Amém. Parte IV Há 1 célula em mim que quer respirar e não pode Há 2 células em mim que querem respirar e não podem Há 4 células em mim que querem respirar e não podem Há 16 células em mim que querem respirar e não podem Há 256 células em mim que quer respirar e não podem Há 65.536 células em mim que querem respirar e não podem Há 4.294.967.296 células em mim que quer respirar e não podem Há 18.446.744.073.709.551.616 células em mim que querem respirar e não podem Há 340.282.366.920.938.463.374.607.431.768.211.456 células em mim que querem respirar e não podem. Parte V - Minha senhora, lamento muito, mas é meu dever informá-la de que seu marido é portador de um tumor maligno no fígado... - Meu caro senhor, tenho que comunicar-lhe que sua esposa terá que operar-se de uma neoplastia do útero... - É, infelizmente a biopsia revela um osteo-sarcoma no menino. É impossível prever... - É a dura realidade, meu amigo. Sua mãe... - Seu pai ainda é um homem forte, vai agüentar bem a intervenção... - Sua avó está muito velhinha, mas nós faremos o possível... - Veja você... E é cancerologista... - Coitado, não tinha onde cair morto. E logo câncer... - Há muito operário que morre de câncer. Mas câncer de pobre não tem vez... - Era nosso melhor piloto. Mas o câncer de intestino não perdoa... - Qual o que, meu caro, não se assuste prematuramente. Câncer não dá em deputado... - Parece que o General está com câncer... - Tão boa atriz... E depois, tão linda... - Que coisa! O Governador parecia tão bem disposto... - Se for câncer, o Presidente não termina o mandato... - Não me diga? O Rei... - Mentira... O Papa?... - E atenção para a última notícia. Estamos ligados com a Interplat 666... - DEUS ESTÁ COM CÂNCER.
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