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06 neoplasias (1)

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NEOPLASIAS 
 
A proliferação e a diferenciação das células são processos controlados por sistemas integrados 
que mantém a população celular dentro de limites fisiológicos. 
 
Porém, alterações nos mecanismos regulatórios podem fazer com que uma célula 
adquira autonomia de crescimento, gerando neoplasias (“neo” significa nova e “plasia” 
significa célula), cuja principal característica é uma proliferação celular acima do normal. 
 
Neoplasias são lesões produzidas por alterações em genes que regulam a multiplicação e 
a diferenciação celular. 
 
Quando a neoplasia ocorre em um órgão sólido, o aumento no número de células forma um 
inchaço, o que explica por que cânceres são frequentemente chamados de tumores, mas há 
que se lembrar que nem todo tumor é uma neoplasia, já que podem ser causados também 
por processos inflamatórios e hematomas, por exemplo. 
 
Neoplasias/tumores podem ser classificados em malignos ou benignos, mas o termo câncer 
é associado apenas aos tumores malignos. 
 
Isso se dá porque frequentemente as neoplasias malignas invadem o tecido adjacente, se 
espalhando como um caranguejo. 
 
 
O termo câncer, tradução da palavra grega karkinos (carcino = caranguejo) foi registrado 
pela primeira vez por Claudius Galeno, médico romano nascido no ano 129 da era comum, 
quando descrevia um tumor de mama que lembrava um caranguejo e suas patas. 
 
Entretanto, há autores que afirmam que a associação do tumor com caranguejo já havia surgido 
cerca de 500 anos antes a partir dos relatos do médico grego Hipócrates. 
 
Lesão pré-cancerosa é uma alteração morfológica que apresenta maior risco de evoluir para 
um câncer do que o tecido normal, mas há que se notar que nem toda lesão pré-cancerosa se 
tornará um tumor maligno. Essa é uma denominação probabilística e não um prognóstico! 
 
Metaplasias, hiperplasias, displasias e neoplasias benignas são consideradas lesões pré-
cancerosas porque frequentemente evoluem para “malignação”. 
 
Para determinar se uma neoplasia é benigna ou maligna (câncer) são analisados vários fatores, 
entre eles: 
• Se as células que formam o tumor são semelhantes ou diferentes das células dos 
tecidos adjacentes normais, 
• A velocidade de crescimento do tumor, 
• Se as células tumorais invadem outros tecidos e órgãos. 
 
Tumores benignos: 
 
• Não invadem tecido vizinhos, nem migram para outros locais do corpo, são quase sempre 
tratáveis e raramente levam a óbito, 
• Geralmente possuem crescimento lento, permanecendo em seu local de origem e 
frequentemente apresentam cápsula de tecido fibroso que delimita suas margens, 
• Por conta dessa cápsula, os tumores benignos são muitas vezes palpáveis e móveis, e 
na maioria das vezes é possível retirá-los por meio cirúrgico. 
• O crescimento lento permite a formação de vasos sanguíneos, assegurando nutrição e 
oxigenação das células, por isso, degenerações e necrose são incomuns. 
 
Mesmo assim, cuidado com o termo “benigno”! 
 
Tumores benignos podem causar complicações, sequela e morte, apesar do nome fazer 
parecer que nunca são perigosos. Por exemplo: 
 
• Nervos comprimidos podem causar dor, parestesia (sensações anormais, 
formigamento, “agulhadas”, doe, coceira ou queimação), astenia (fraqueza 
muscular) e até paralisia. 
• Vasos sanguíneos comprimidos podem causar isquemia e consequente necrose 
dos tecidos que sofreram privação de oxigênio. 
• Vasos linfáticos comprimidos podem gerar edema. 
• O tubo digestivo comprimido por causar disfagia (dificuldade para deglutição) e 
retenção do bolo alimentar, que além de prejudicar a absorção, pode levar à 
necrose. 
• As vias respiratórias sofrendo compressão podem produzir dispneia (dificuldade 
respiratória) e hipóxia. 
• Dentro da cavidade craniana causa aumento na pressão intracraniana, produzindo 
dor, tontura, desequilíbrio, alteração da memória e prejuízos potencialmente fatais 
aos tecidos nervosos. 
 
Tumores malignos: 
 
Uma célula se torna “cancerosa” quando sofre mutações em seu DNA que afetam a regulação 
do seu ciclo celular, com isso, as células neoplásicas apresentam características distintas das 
células normais, como maior capacidade de proliferação e de sobrevivência. 
Elas crescem mais rapidamente, podem invadir e destruir tecidos vizinhos, podem se espalhar 
para outras partes do corpo e formar novos tumores em outros locais do corpo. 
Suas mutações levam à ativação anormal de vias de sinalização celular, permitindo que 
cresçam e se dividam de maneira descontrolada, além de poderem possuir também 
características que permitem que evitem apoptose ou respostas imunológicas do corpo. 
Seu desenvolvimento é um processo complexo que envolve várias etapas, incluindo a iniciação, 
a promoção e a progressão. 
A iniciação envolve alteração no material genético das células, que pode ser causada por 
fatores internos, como mutações espontâneas ou fatores externos, como exposição a agentes 
químicos ou radiação. 
A promoção ocorre quando as células neoplásicas começam a crescer e se multiplicar 
descontroladamente, por influência de uma variedade de fatores, como hormônios, inflamação 
crônica ou novos danos ao seu DNA. 
Finalmente, a progressão do tumor ocorre quando as células neoplásicas começam a se 
espalhar para outras partes do corpo e a formar tumores secundários (metástases), se 
separando do tumor original e viajando pela corrente sanguínea ou linfática. 
Por que uma célula se torna um “câncer”? 
• A célula tem instruções genéticas que determinam como e quando ela deve crescer, 
amadurecer, se dividir e até sobre quanto tempo deve sobreviver e quando deve morrer. 
• Existe um equilíbrio entre “comandos” para se dividir ou permanecer estável, assim 
como os estímulos para sobrevivência ou morte. 
• Em cada fase da vida celular alguns genes são ativados enquanto outros são 
inativados, o que promove o controle desses processos. 
• Porém, se ocorrem erros nestas instruções, a célula pode perder a capacidade de 
morrer, perder os estímulos inibitórios de divisão, ou ainda, expressar constantemente 
substâncias estimuladoras da divisão, formando deste modo, um tumor. 
 
A primeira menção de um provável caso de câncer, 
ainda que não usasse esse termo remonta 2625 anos 
antes de cristo, e foi feita pelo sacerdote egípcio 
Imhotep, que descreveu a massa protuberante no 
seio de uma paciente. 
 
Outro possível caso de câncer foi encontrado em um 
papiro egípcio datado de cerca de 1600 ac, que 
descreve uma série de casos, incluindo lesões que 
parecem ser de tumores no útero, nos seios e nos 
lábios, e que foram tratados com uma mistura 
contendo gordura de hipopótamo, chifre de touro, 
resina de árvores e cebola. 
 
No entanto, não se tem como saber com certeza se esses casos eram realmente descrições 
cânceres ou de outras formas de tumor. 
 
• 440 anos antes de cristo, o geógrafo e historiador grego 
Heródoto relatou um “caroço” que fazia sangrar a 
mama de Atossa, Rainha da Pérsia, mulher (e irmã) de 
Dario, filha de Ciro, o Grande, fundador do Império Persa. 
 
Na obra intitulada "Os Nove Livros de História", Heródoto 
declara que o nódulo no seio da rainha era muito doloroso e 
que cresceu gradualmente. 
 
Segundo ele, médicos persas tentaram tratar o tumor com 
cauterização e incisão, mas sem sucesso, já que o tumor 
progredia, porém, certo dia, o escravo Democedes realizou 
uma mastectomia na rainha, removendo o tumor, salvando 
sua vida. 
 
Embora não tenha sido especificamente usado o termo "karkinos", sua descrição é 
consistente com um possível caso de câncer de mama. 
 
 
• A primeira descrição indubitável e bem documentada de um caso de câncer 
é atribuída ao médico persa Rhazes, que descreveu em livro, no século X, o 
tumor maligno no útero de uma paciente. 
 
 
 
• Em 1531, o médico suíço Paracelsus percebeu que “mala Mallo rum” 
no pulmão era comum em trabalhadores das minas de carvão. 
 
"Mala mallorum" é uma expressão latina que significa “o mal dos males” e 
era frequentementeusada para descrever as piores doenças que um 
humano poderia enfrentar, como o câncer. 
 
• Em 1775, Percival Pott, médico cirurgião britânico, evidenciou 
câncer no escroto em vários homens que trabalharam como limpadores 
de chaminé quando eram crianças e em trabalhadores da indústria de 
curtume de couro. 
 
Ele concluiu que a exposição prolongada à fuligem e à poeira de couro era 
responsável pelo desenvolvimento do tumor, e recomendou medidas de 
prevenção, como manter as áreas de trabalho ventiladas e limpas, e evitar 
a exposição prolongada à poeira de couro. 
 
• Em 1795, Samuel Thomas, médico alemão, percebeu câncer de 
lábio em diversos pacientes que fumavam cachimbo. 
 
 
 
 
 
 
• Gaspard Laurent Bayle, em 1810, descreveu o primeiro caso 
indubitável de câncer do pulmão em um paciente fumante, com 72 anos, 
que observara cinco anos antes. 
 
De forma surpreendente e curiosa, o médico defendia que o câncer 
estava associado à tuberculose e não ao hábito tabagístico do paciente. 
 
 
 
Há que se comentar que nos séculos anteriores, Georgius “Agricola”, Paracelsus, Von Swieten, 
Morgagni e Boerhave já haviam feito descrições que “muito provavelmente” correspondiam a 
neoplasias broncopulmonares, mas que também podiam ser descrições de outros tipos de 
doença que não o câncer. 
 
• Em 1847, o patologista polonês/alemão Rudolf Ludwig Carl Virchow 
descreveu a leucemia e oito anos depois, em 1855, criou a teoria da 
patologia celular do câncer, inferindo que câncer era causado pela 
proliferação anormal de células que antes eram normais, mas que 
saiam do estado de dormência e proliferavam de forma 
descontrolada. 
 
Virchow também afirmou que uma célula somente poderia ser proveniente de outra célula 
e descreveu hipertrofia, hiperplasia e neoplasia. 
 
• Em 1859, Étienne-Frédéric Bouisson descreveu câncer oral em fumantes 
de cigarros e charutos. 
 
 
 
 
 
• No final do século 19 sugeriu-se que alguma substância seria responsável pelo 
desenvolvimento do câncer de pulmão, produzindo uma “irritação crônica”, que 
posteriormente induzia a formação dos tumores. Essa teoria conquistou adeptos 
sobretudo quando se constatou que diversos mineiros na Alemanha e na 
Checoslováquia desenvolviam pneumoconioses e posteriormente cânceres no pulmão. 
 
Pneumoconioses são inflamações causadas pela inalação crônica de poeiras minerais 
como sílica, asbesto, carvão e outros materiais, que se acumulam nos pulmões, causando 
fibrose e danos permanentes ao tecido, resultando dificuldade respiratória, tosse crônica e 
outros sintomas respiratórios, além, é claro, de predispor o câncer, conforme fora observado. 
 
• Ludwig Rehn, em 1895, na Alemanha, descreveu alta incidência de 
câncer da bexiga em trabalhadores que usavam anilina para tingir 
tecidos. Hoje se sabe que o principal agente carcinogênico presente 
nesse corante era a naftilamina. 
 
 
 
 
 
• Em 1910, Pierre Marie, Jean Claunet e Gaston Raulot-Lapointe evidenciaram câncer 
de pele em pessoas que tiveram queimadura por exposição ao raio X, e em 1914 os 
pesquisadores induziram a formação de sarcomas, um tumor maligno, em ratos, com o 
uso de raio X. 
 
• Em 1915, Yamagiwa Katsusaburō e Ichikawa Koichi induziram 
câncer nas orelhas de coelhos que eram pintadas a cada 2 dias com 
alcatrão por mais de um ano. 
 
Os cientistas japoneses realizaram o experimento conhecido como o 
"experimento da pintura de carvão", que foi um marco na história da 
pesquisa sobre o câncer, pois demonstrou a capacidade de 
substâncias químicas do alcatrão de carvão causarem câncer. 
 
Esses achados foram posteriormente aplicados aos seres humanos, ajudando a estabelecer 
a relação entre exposição a substâncias químicas e risco de câncer ocupacional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
• Em 1927, Hermann J. Muller demonstrou que a radiação poderia induzir 
mutações genéticas em moscas e sugeriu que este poderia ser o 
mecanismo por trás da indução do crescimento de tumores causados 
pelos raios X. 
 
 
 
 
• Em 1930, Izrael Hieger e Ernest Kennaway demonstram que uma substância chamada 
benzantraceno, encontrada no carvão e na fuligem, induzia a formação de tumores 
em animais. 
 
 
• Em 1936, o médico alemão R. Fleckseder publicou um artigo descrevendo que de 54 
de seus pacientes com câncer do pulmão, 51 eram fumantes e 30 chegavam a fumar 
de 20 a 90 cigarros por dia. 
 
A associação do tabaco com o câncer foi confirmada por diversos outros pesquisadores como 
Ochsner e Debakey, em 1939, Muller, em 1940, Schairer e Schöniger, em 1943, entre outros. 
 
• Em 1938, Boris Sokoloff publicou o artigo “Predisposition to cancer in 
the Bonaparte family” no American Journal of Surgery, mostrando que o 
câncer também poderia ter um componente hereditário. 
 
 
 
• Em 1958, Dennis Burkitt descobriu que o linfoma que ganhou seu 
nome era causado pelo vírus Epstein-Barr, demonstrando que vírus 
também poderiam ser oncogênicos. 
 
• Howard Martin Temin e Renato Dulbecco, em 1964, conseguiram criar células tumorais 
por meio da infecção pelo vírus do sarcoma de Rouss (RSV) em animais. 
 
 
 
• De 1990 até hoje descobriram-se uma grande variedade de genes em humanos e em 
animais associados a diversos tipos de câncer. 
 
Por tudo isso, sabemos hoje que o câncer tem causas hereditárias e ambientais, que são 
chamados agentes carcinogênicos. 
 
Agentes Carcinogênicos são fatores indutores de transformações no genoma, e podem ser: 
 
• Agentes Físicos: Raio Ultravioleta (radiação solar, por exemplo), raio-X, radiação 
ionizante dos tipos alfa, beta e gama. 
• Agentes Químicos: Existe uma infinidade de substâncias químicas carcinogênicas, por 
exemplo, amianto/asbesto, hormônios, aflatoxina, ocratoxina, benzina, formol, etc. 
• Agentes Biológicos: os oncovírus induzem a formação de tumores, como o HPV – 
papilomavírus humano (carcinoma de colo de útero), EBV – Epstein-Barr (linfomas), 
HBV e HBC– vírus da Hepatite B e C (carcinoma hepático). 
 
O tumor é formado tanto pelo parênquima, quanto pelo estroma, entretanto, no início, 
enquanto ainda é pequeno apenas as células neoplásicas do parênquima são encontradas. 
 
O parênquima tumoral é formado pelas células neoplásicas que originaram o tumor. 
 
O estroma tumoral é a parte do tecido de sustentação não-neoplásico, formado por tecido 
conjuntivo, vasos sanguíneos e células inflamatórias, que permitem o desenvolvimento das 
células neoplásicas. 
 
Tumores pequenos, com até 2 mm, raramente possuem vasos, mas a partir daí, vasos 
costumam ser formados para garantir suprimento de nutrientes e oxigênio ao tumor. 
 
Mesmo assim, em certos casos, a progressão do tumor é maior do que a capacidade do 
organismo produzir novos vasos, o que pode levar a formação de áreas de necrose, 
sobretudo em tumores de dimensões mais elevadas. 
 
Por outro lado, a presença de novos vasos pode estimular o aumento do tumor, além de 
aumentar o risco de ocorrência de metástases. 
 
Neoplasias nunca apresentam formação de tecido nervoso novo. Assim, a dor que é 
frequentemente sentida pelos pacientes é devida a infiltração ou à compressão de nervos já 
existentes nos tecidos vizinhos ou no próprio tecido afetado. 
 
• Diferente da maioria das células, que costuma ter tempo de vida limitado, células 
cancerosas são virtualmente imortais enquanto receberem nutrientes. 
• Possuem crescimento autônomo, não necessitando estímulos externos para proliferar. 
• Possuem capacidade de invadir tecidos adjacentes e se deslocar, podendo proliferar 
em áreas distantes de onde o tumor primário se formou. 
 
Células tumorais podem ser insensíveis a 
sinais inibidores de mitose, por conta de 
mutações em genes que codificam 
moléculas reguladoras, deleção de genes 
supressores de mitose ou perda da 
inibição por contato com outras células, 
formando “pilhas” de células. 
 
Além disso, células tumorais podem 
apresentar mecanismos de evasão dos 
mecanismos de apoptose, como inibição 
de genes pró-apoptóticos, hiperexpresão 
de genes anti-apoptóticosou inativação de 
genes envolvidos na checagem e correção 
de lesões no DNA. 
 
Sob condições adversas, algumas células cancerosas podem ativar mecanismos de autofagia, 
reduzir seu volume e induzir um estado de dormência transitória, que pode ser erroneamente 
interpretado como remissão do tumor. 
 
Entretanto, isso dá ao tumores uma maior resistência à quimioterapia, podendo levar à recidiva 
após descontinuidade do tratamento. 
 
Células tumorais podem continuar replicando mesmo com telômero curtos, e em certos casos 
aumentam seus telômeros por conta da ativação de uma enzima chamada telomerase. 
Telômeros são subunidades TTAGGG repetidas, 
presentes na ponta dos cromossomos, que impedem que 
essas pontas do DNA se fundam umas às outras, 
permitindo a replicação do DNA, portanto, a mitose da 
célula. 
 
Células normais têm a diminuição dos telômeros em cada 
ciclo celular, limitando deste modo o número de divisões 
que ela pode fazer, pois quando os telômeros ficam muito 
curtos, a célula entra em um estado de senescência 
replicativa e normalmente ativa mecanismos de apoptose. 
 
Mutações no genoma da célula tumoral costumam ser progressivas: Algumas alterações 
genéticas são percebidas em apenas alguns subclones das células tumorais, o que demonstra 
que alterações genéticas continuam acontecendo conforme as células tumorais vão 
proliferando. 
O conceito de "progressão tumoral" sustenta que subclones podem surgir ao longo do tempo 
a partir do tumor original. Esses subclones podem diferir em características como capacidade 
de invasão, potencial metastático e resposta à terapia e surgem da aquisição de mutações 
adicionais. 
Em outras palavras, células tumorais mais novas frequentemente acumulam mais mutações 
genéticas que as células tumorais mais antigas. 
 
Isso acontece porque o genoma das células neoplásicas é muito instável e muitas lesões do 
DNA não são reparadas, o que repercute no aumento da agressividade do tumor e na 
resistência desses aos tratamentos, tornando o tumor cada vez pior nos estágios mais 
avançados da doença. 
 
Assim, subclones frequentemente são mais proliferativos, mais resistentes à morte, mais 
refratárias ao tratamento e mais propensos a metástases do que as células tumorais iniciais. 
 
Por isso, as células metastastticas podem ser bem diferentes das células do tumor original, 
ainda que derivem dele. 
 
Tudo isso reforça a necessidade de fazer diagnóstico e tratamento precoces, pois quanto mais 
cedo se inicia o tratamento, melhores são os resultados clínicos obtidos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os principais motivos pelos quais os cânceres causam doença e morte são: 
 
• Células tumorais tomam o lugar das células funcionais, levando à redução na 
funcionalidade do órgão afetado. 
• Células tumorais consomem nutrientes em abundância, diminuindo ou esgotando a 
disponibilidade de nutrientes para tecidos normais. 
• Células tumorais podem produzir substâncias de outros tecidos, provocando descontrole 
endócrino. 
• A massa tumoral pode comprimir órgãos e vasos prejudicando a irrigação, diminuindo a 
oferta de nutrientes e oxigênio, dificultando a depuração de metabólitos tóxicos. 
 
“Sob o Trópico de Câncer (Vinicius de Moraes) 
 
Parte I 
 
Sai, Câncer 
Desaparece, parte, sai do mundo 
Volta à galáxia onde fermentam os íncubos da vida 
de que és a forma inversa. 
 
Vai, foge do mundo 
Monstruosa tarântula, hediondo caranguejo 
incolor, 
fétida anêmona, carnívora! 
 
Sai, Câncer. 
 
Furbo anão de unhas sujas e roídas. 
Monstrengo sub-reptício, glabro homúnculo 
que empestas as brancas madrugadas 
com teu suave mau cheiro de necrose 
 
Enquanto largas sob as portas 
Teus sebentos volantes genocidas 
 
Sai, get out, va-t-en, hinaus mit ihnen 
 
Tu e tua capa de matéria plástica 
Tu e tuas galochas 
Tu e tua gravata carcomida 
 
E torna, abjeto, ao Trópico 
Cujo nome roubaste. Deixa os homens em 
sossego 
Odioso mascate; fecha o zíper 
De tua gorda pasta que amontoa 
 
 
 
Caranguejos, baratas, sapos, lesmas 
Movendo-se em seu visgo, em meio a amostras 
De óleo, graxas, corantes, germicidas, 
 
Sai, Câncer 
Fecha a tenaz e diz adeus à Terra 
Em saudação fascista; galga aranha 
contra o teu próprio fio 
 
E vai morrer de tua própria síntese 
na poeira atômica que se acumula na cúpula do 
mundo. 
 
Adeus 
 
Grumo louco, multiplicador incalculável, 
Tu de quem nenhum Cérebro Eletrônico 
poderá jamais seguir a matemática. 
 
Parte, poneta ahuera, andate via 
Glauco espectro, gosmento camelô 
Da morte anterior à eternidade. 
 
Não és mais forte do que o homem - rua! 
Grasso e gomalinado camelô, que prescreves 
A dívida humana sem aviso prévio, ignóbil. 
 
Meirinho, Câncer, vil tristeza... 
Amada, fecha a porta, corta os fios, 
Não preste nunca ouvidos ao que o mercador 
contar! (....)” 
 
 
 
Nas neoplasias malignas, as células em geral têm alta taxa de multiplicação (alto índice 
mitótico) e seu crescimento em geral é rápido; o estroma e os vasos sanguíneos desenvolvem-
se mais lentamente, resultando em degenerações, necrose, hemorragia e ulceração: as 
neoplasias malignas frequentemente sangram e apresentam áreas de necrose. 
 
No início as células neoplásicas ficam restritas ao local onde o tumor se formou, e é chamado 
carcinoma in situ (CIS) ou sarcoma in situ (SIS). 
 
Porém, com o tempo, tumores malignos invadem os tecidos adjacentes e disseminam-se 
para outros lugares por meio de metástases. 
 
Por uma série de fatores, como irregularidades na membrana, 
ausência de estruturas juncionais e moléculas de adesão como 
caderinas e fibronectina, células cancerosas possuem baixa 
adesão com outras células do tumor, o que facilita a metástase. 
 
Como são menos aderidas entre si, as células cancerosas 
movimentam-se e infiltram-se no estroma e nos tecidos 
adjacentes (Figura ao lado). 
 
Metástase: é a presença de células tumorais em tecidos que 
não apresentam continuidade com o tumor primário. 
 
É a principal característica das neoplasias malignas e a 
disseminação das células tumorais pode ocorrer por meio dos 
vasos sanguíneos, dos vasos linfáticos ou pelas cavidades e 
superfícies corporais: 
 
• Disseminação hematogênica é a via mais utilizada pelos 
sarcomas, porém também pode ocorrer nos carcinomas. 
 
Regra geral dos vasos, as artérias são mais resistentes que as 
veias no que se refere à invasão tumoral. 
 
Os órgãos mais acometidos pelas metástases são o fígado e o 
pulmão, que são órgãos bastante irrigados, destinos de grande 
parte do sangue. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
• Disseminação linfática: é a via preferencial dos carcinomas, e a menos frequente nos 
sarcomas. 
 
Os gânglios linfáticos (linfonodos) podem retardar a metástase, pois são frequentemente o 
primeirolocal onde células tumorais se depositam quando entram na circulação linfática. 
 
• Disseminação através de cavidades e superfícies corporais ocorre quando células 
neoplásicas penetram em uma cavidade como a peritoneal, pleural, pericardial e 
subaracnóide. 
 
Invasão de pequeno vaso por células 
de carcinoma indiferenciado. 
 
Em geral, as metástases apresentam-se 
macroscopicamente como nódulos múltiplos, bem 
delimitados, de tamanhos diversos, na superfície ou na 
intimidade de órgãos (Figura ao lado). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Canceres hematológicos (“cânceres do sangue”): 
Linfomas são cânceres que afetam linfonodos. Eles ocorrem quando leucócitos já formados 
sofrem alteração genômica, se desdiferenciam, e começam a se multiplicar 
descontroladamente formando tumores em um ou mais linfonodos ou mesmo em outros tecidos 
como baço, fígado, medula óssea e sistema nervoso central. 
Existem dezenas de subtipos de linfomas, que diferem em sinais, sintomas e agressividade, e 
que podem ser classificados inicialmente em dois tipos principais: linfoma Hodgkin e linfoma 
não Hodgkin. 
O linfoma Hodgkin afeta quase sempre apenas os linfonodos e é caracterizado pela presença 
de células de Reed-Sternberg e células de Hodgkin, duascélulas anormais originadas a partir 
de linfócitos B. 
 
Os linfomas não Hodgkin são os mais comuns e formam um grupo heterogêneo com mais de 
40 subtipos, que costumam afetar além dos linfonodos outros tecidos do sistema linfático e fora 
dele. Estima-se que para cada caso de linfoma Hodgkin, ocorram pelo menos 9 casos dos não 
Hodgkin. 
Cada subtipo apresenta características celulares distintas, que podem ser classificados de 
acordo com o tipo de célula afetada, determinada após biópsia, e o seu padrão de crescimento 
mais rápido ou mais lento. 
Os dois mais comuns são o linfoma difuso de grandes células B e o linfoma folicular. Sendo 
o primeiro deles mais agressivo, de desenvolvimento muito rápido de poucos meses, mas que 
responde bem à quimioterapia, e o segundo, de progressão mais lenta, de vários anos, mas 
bem mais difícil de tratar com medicamentos. 
A. Metástases pulmonares. Superfície externa do 
órgão mostrando nódulos de tamanhos variados, 
bem delimitados, fazendo saliência na pleura 
visceral. (Cortesia da Profa Virgínia Hora Rios 
Leite, Belo Horizonte-MG.) B. Metástases ósseas. 
Nódulos múltiplos na medular óssea. 
Outra diferença importante entre os dois linfomas principais é o padrão de disseminação. 
Enquanto o de Hodgkin geralmente se dissemina de forma ordenada e previsível, afetando 
grupos de linfonodos adjacentes, os não Hodgkin frequentemente se disseminam de forma 
mais aleatória e imprevisível, afetando outros tecidos como medula óssea, fígado e sistema 
nervoso central. 
As leucemias são cânceres que ocorrem na medula óssea quando células tronco se tornam 
anormais e se multiplicam descontroladamente. 
São classificadas de acordo com a linhagem de células afetadas (linfoides ou mieloides) e 
segundo a velocidade de crescimento do tumor (aguda ou crônica). 
Cada tipo de leucemia é mais comum em um grupo específico da população, ou crianças ou 
adultos. Além disso, apresentam agressividade, sinais e sintomas e resposta ao tratamento 
específicos entre eles. 
 
Oncologia é o estudo das neoplasias, e tem esse nome por conta do termo grego onkos, que 
significa aglomerado ou massa (inchaço, tumor). 
 
O diagnóstico de neoplasias é feito por meio de uma combinação de exames clínicos, 
laboratoriais e de imagem. 
 
A biópsia é o principal método utilizado para confirmar diagnóstico e determinar o tipo 
específico de neoplasia. 
 
Além da biópsia, exames de imagem são importantes para avaliar a extensão da doença e 
determinar se ela se espalhou para outras partes do corpo. 
 
Após o diagnóstico, é necessário determinar o estágio da neoplasia, que indica a gravidade 
da doença e ajuda a guiar o tratamento. 
 
Existem diferentes sistemas de estadiamento, como o sistema TNM e o sistema de Ann Arbor. 
 
Com base neles, o médico pode determinar o tratamento mais adequado, que pode incluir 
cirurgia, quimioterapia, radioterapia, anticorpos monoclonais ou uma combinação dessas. 
 
O câncer também pode ser classificado de acordo com o grau de diferenciação celular, que 
é a semelhança entre as células cancerosas e as células normais do tecido de origem. Essa 
classificação é importante, pois pode influenciar o prognóstico e o tratamento da doença. 
O grau de diferenciação celular é determinado pela análise histológica das células cancerosas 
em uma amostra de tecido obtida por biópsia. Existem três graus de diferenciação celular: bem 
diferenciado, moderadamente diferenciado e pouco diferenciado. 
 
Um tumor bem diferenciado é aquele cujas células cancerosas são semelhantes às células 
normais do tecido de origem e frequentemente têm um comportamento menos agressivo, com 
prognóstico mais favorável, pois geralmente são mais sensíveis à terapia. 
 
Um tumor pouco diferenciado é aquele em que as células cancerosas são muito diferentes 
das células normais e costuma ter um comportamento mais agressivo, com menor resposta à 
terapia. 
 
 
 
 
 
Nomenclatura para tumores: regra geral, para os tumores benignos, utiliza-se o sufixo “oma” 
adicionado ao nome do tecido onde o tumor se originou, por exemplo, rabdomioma, que é um 
tumor benigno da musculatura estriada. 
 
Exceções: linfoma, melanoma e mieloma, que se referem a neoplasias malignas, apesar de 
seus nomes serem formados segundo a regra geral dos tumores benignos. 
 
Para os tumores malignos, quando são originados de células epiteliais os cânceres são 
chamados carcinomas. 
 
Mas quando são originados de tecido mesenquimal os cânceres são chamados sarcomas. 
 
Obs, Sarkós, do grego, significa carne, sarcófago significa literalmente “comedor de carne” e 
sarcasmo significa “arrancar a carne”. 
 
Células epiteliais dos carcinomas são as que formam: 
• pele, 
• mucosa, 
• glândulas, 
• tecidos com função sensorial (por exemplo, retina), e 
• tecidos com função germinativa (testículos e ovários). 
 
Células mesenquimais dos sarcomas são aquelas que originam: 
• células do sangue, 
• células do tecido cartilaginoso, 
• osteócitos (células do osso), 
• adipócitos (células de gordura), 
• tenócitos (células dos tendões), 
• miócitos (células musculares), entre outros. 
 
Além disso, na oncologia existem vários epônimos que usam o nome de quem descreveu a 
neoplasia, como o tumor de Wilms, o linfoma de Hodgkin, o tumor de Burkitt, entre outros. 
 
• O nome do tumor também pode conter termos para indicar propriedades da lesão, por 
exemplo: 
 
o Carcinoma epidermoide, que é quando o epitélio neoplásico produz queratina, 
semelhante à epiderme ou 
o Adenocarcinoma cirroso, que é um tumor muito duro, produzindo consistência 
firme à lesão. 
 
• Neoplasias com mais de um tipo celular, que surgem de apenas uma camada 
germinativa, são "tumores mistos", como o adenoma pleomórfico da glândula salivar. 
 
• Neoplasias com mais de um tipo de célula, que surgindo de mais de uma camada 
germinativa são teratomas, e são mais comuns no ovário. 
 
• Neoplasias que se assemelham a tecidos embrionários primitivos terminam em 
"blastoma", e são muitas vezes neoplasias pediátricas, tais como: 
 
o Retinoblastoma 
o Neuroblastoma 
o hepatoblastoma 
o Meduloblastoma 
 
• Nem toda neoplasia maligna possui contraparte benigna: 
 
o células hematopoiéticas e linfoides dão origem a leucemias e linfomas e não 
possuem contrapartida benigna. 
o Gliomas (astrocitomas, oligodengrogliomas e glioblastomas) surgem de células 
da glia no SNC e não apresentam contrapartida benigna. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aspectos macroscópicos dos tumores. 
Tumores podem ser císticos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A. Cistadenoma seroso do ovário. Lesão cística volumosa, com 
parede delgada, bem vascularizada, bem delimitada e circunscrita 
por cápsula de tecido conjuntivo. 
 
 
 
 
 
 
 
Tumores malignos, em geral, são sólidos, pouco delimitados, não possuem cápsula e 
comumente invadem os tecidos e estruturas vizinhos. 
 
Os tumores sólidos apresentam-se macroscopicamente sob quatro tipos: 
• Nodular 
• Vegetante 
• Infiltrativo 
• Ulcerante 
 
No tipo nodular forma-se uma massa expansiva que tende a ser esférica; é visto em tumores 
benignos e em malignos originados em órgãos compactos (fígado, pulmões e rins). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fibroadenoma da mama. A. Lesão 
nodular, homogênea e bem delimitada do 
parênquima. 
Fibroadenoma da mama. B. Aspecto 
microscópico. A neoplasia está envolvida 
por cápsula de tecido conjuntivo (setas) 
Adenocarcinoma nodular do rim. 
 
A lesão apresenta áreas de necrose e de hemorragia. Apesar de 
parcialmente encapsulado, o tumor infiltra-se no parênquima renal 
(setas) 
O tipo vegetante, encontrado em tumores benignos ou malignos que crescem em superfície 
(pele ou mucosas), forma massa que pode ser poliposa, papilomatosa ou em couve-flor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O tipo infiltrativo é exclusivo de tumores malignos, 
penetra o órgão, sem formar nódulos. 
 
O tipo ulcerado é quase exclusivo de neoplasiasmalignas. 
 
Ambas aparecem na figura. A lesão infiltra-se nos 
tecidos adjacentes e ulcera-se, formando uma “cratera 
com bordas endurecidas”, elevadas e irregulares. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Adenocarcinoma do estômago, do 
tipo infiltrativo e ulcerado. 
 
Lesão crateriforme com bordas 
irregulares e elevadas. 
 A. Pólipo do intestino grosso. 
Tumor vegetante e papilífero do reto 
(aspecto de couve-flor) 
 B. Numerosos pólipos do intestino grosso, 
sésseis ou pediculados 
Tumor papilomatoso em paciente com 
papilomavírus humano (HPV) 
Estadiamento de tumores (SISTEMA TNM) 
 
O sistema desenvolvido em 1946 por Pierre Denoix, é um sistema de estadiamento utilizado 
para a maioria dos tipos de câncer sólidos. 
 
Ele se baseia na avaliação de três características da doença: tamanho do tumor primário (T), 
presença e extensão do envolvimento dos linfonodos (N) e presença de metástases à distância 
(M). 
 
Tumor (T): descreve o tamanho do tumor primário e sua invasão em tecidos adjacentes em 
uma escala de T0 a T4, onde T0 significa que não há evidência de tumor e T4 significa que o 
tumor é grande e invadiu tecidos próximos. 
 
Linfonodos (N): descreve a presença e a extensão do envolvimento dos linfonodos. É 
classificado de N0 a N3, onde N0 significa que não há envolvimento dos linfonodos e N3 
significa que há envolvimento de linfonodos de várias regiões do corpo. 
 
Metástase (M): descreve a presença ou ausência de metástases à distância. É classificado 
como M0 para ausência de metástases e M1 para presença de metástases. 
 
Além disso, o sistema TNM inclui subcategorias para especificar características adicionais do 
tumor, como grau histológico, invasão vascular ou perineural e outros fatores. 
 
O sistema TNM ajuda a determinar o estágio do câncer e orienta o tratamento e a previsão do 
prognóstico. 
 
Quanto menor o estágio, mais favorável é o prognóstico, pois maior é a chance de cura. 
 
A partir da associação dos três fatores T (tumor primário), N (linfonodos) e M (metástase) pode-
se classificar os tumores em 5 “estádios” clínicos numerados de zero a IV. 
 
Estadiamento de tumores (SISTEMA Ann Arbor): é utilizado para classificar linfomas. 
 
É amplamente utilizado na prática clínica e também ajuda a orientar tratamento e prognóstico 
do paciente. Quanto menor o estágio, mais favorável é o prognóstico e maior a chance de cura. 
É baseado na avaliação da extensão da doença, envolvimento dos linfonodos e presença de 
metástases. Também é composto por quatro estágios, além de subestágios adicionais. 
Os quatro estágios do sistema de Ann Arbor são: 
Estágio I: câncer presente em um único grupo de linfonodos ou em um único órgão. 
Estágio II: câncer presente em dois ou mais grupos de linfonodos do mesmo lado do diafragma 
ou em um órgão e em linfonodos próximos. 
Estágio III: câncer presente em grupos de linfonodos em ambos os lados do diafragma ou em 
um órgão e em linfonodos distantes. 
Estágio IV: câncer se espalhou para um ou mais órgãos distantes do local onde começou, como 
fígado, pulmões ou ossos. 
Os subestágios adicionais são indicados por letras: 
A: não há sinais e sintomas sistêmicos, como febre, sudorese noturna ou perda de peso. 
B: há sinais e sintomas sistêmicos presentes. 
E: o câncer se espalhou para órgão ou tecido adjacente ao local original do tumor. 
S: o câncer está presente em tecidos fora dos linfonodos, como ossos, pulmões ou fígado. 
Dados epidemiológicos: 
No Brasil, segundo o INCA (Instituto Nacional do Câncer), os cânceres que mais matam 
são: 
 
• Traqueia, brônquio e pulmão 
• Cólon e reto 
• Mama 
• Estômago 
• Próstata 
• Fígado 
• Pâncreas 
• Sistema nervoso Central (cérebro) 
• Esôfago 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tipos de cânceres e lugares onde são mais e menos comuns, com risco relativo por países: 
 
 
Gráfico: Incidência do câncer em relação à idade. Observar o grande aumento na 
incidência de neoplasias a partir de 60 anos de idade, tanto em homens como em 
mulheres. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A. Distribuição dos 10 tipos de câncer mais incidentes no Brasil estimados para 2016, exceto pele não melanoma, em 
ambos os gêneros, segundo o Instituto Nacional de Câncer (www.inca.gov.br). B. Representação espacial das taxas 
brutas de incidência por 100.000 pessoas, estimadas para o ano de 2016, em cada estado do país (todas as 
neoplasias, exceto as de pele não melanoma) 
http://www.inca.gov.br/
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
• youtube.com/watch?v=zb0e4etrkzY 
 
• youtube.com/watch?v=DkIeYNexgFw 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Distribuição dos tumores em crianças e adultos. Notar a grande diferença na prevalência dos tumores nessas duas faixas 
etárias. Em adultos, predominam carcinomas, enquanto em crianças as neoplasias mais comuns são leucemias e linfomas 
http://www.youtube.com/watch?v=zb0e4etrkzY
http://www.youtube.com/watch?v=DkIeYNexgFw
“Sob o Trópico de Câncer (Vinicius de Moraes) 
 
Parte I 
 
Sai, Câncer 
Desaparece, parte, sai do mundo 
Volta à galáxia onde fermentam os íncubos da vida 
de que és a forma inversa. 
 
Vai, foge do mundo 
Monstruosa tarântula, hediondo caranguejo incolor, 
fétida anêmona, carnívora! 
 
Sai, Câncer. 
 
Furbo anão de unhas sujas e roídas. 
Monstrengo sub-reptício, glabro homúnculo 
que empestas as brancas madrugadas 
com teu suave mau cheiro de necrose 
 
Enquanto largas sob as portas 
Teus sebentos volantes genocidas 
 
Sai, get out, va-t-en, hinaus mit ihnen 
 
Tu e tua capa de matéria plástica 
Tu e tuas galochas 
Tu e tua gravata carcomida 
 
E torna, abjeto, ao Trópico 
Cujo nome roubaste. Deixa os homens em sossego 
Odioso mascate; fecha o zíper 
De tua gorda pasta que amontoa 
 
Caranguejos, baratas, sapos, lesmas 
Movendo-se em seu visgo, em meio a amostras 
De óleo, graxas, corantes, germicidas, 
 
Sai, Câncer 
Fecha a tenaz e diz adeus à Terra 
Em saudação fascista; galga aranha 
contra o teu próprio fio 
 
E vai morrer de tua própria síntese 
na poeira atômica que se acumula na cúpula do mundo. 
 
Adeus 
 
Grumo louco, multiplicador incalculável, 
Tu de quem nenhum Cérebro Eletrônico 
poderá jamais seguir a matemática. 
 
Parte, poneta ahuera, andate via 
Glauco espectro, gosmento camelô 
Da morte anterior à eternidade. 
 
Não és mais forte do que o homem - rua! 
Grasso e gomalinado camelô, que prescreves 
A dívida humana sem aviso prévio, ignóbil. 
 
Meirinho, Câncer, vil tristeza... 
Amada, fecha a porta, corta os fios, 
Não preste nunca ouvidos ao que o mercador contar! (....)” 
 
Parte II 
 
“Senhora, Abre, por favor, porta, só um pouquinho. 
Preciso muito falar com senhora, pelo amor de Deus! 
Abre porta, eu mostro sem compromisso. 
Leva já, paga quando puder. 
 
Veja, senhora 
Quanta coisa, que beleza, tudo grátis 
Paga quando puder. 
 
Fibroma Carcinoma, osteossarcoma 
Coisa linda! 
 
Olhe só, senhora: Câncer do seio... Sempre volta. 
 
Do útero: Mais barato, mas leva artigo de qualidade. 
Em geral reproduz mais tarde, garantido. 
 
Para seu marido tem coisa linda, veja, senhora 
Que maravilha! Tumor sarcomatoso do intestino, 
Não falha. 
 
Espie só, madama: 
Câncer do fígado, câncer do rim, câncer da próstata 
Câncer da laringe, tudo é câncer 
Artigo exclusivo, palavra de honra 
 
Restitui dinheiro. 
Senhora tem filhos? 
Veja isto: Câncer da meninge: muita dolência... 
 
Câncer do sangue: criança vai enfraquecendo, quase não sofre 
Vai apagando como uma vela, muito carinho 
 
Dá, senhora e seu marido, para o menino. 
Morre bem, morre feliz, com todos os sacramentos 
Confortado pela excelentíssima família. 
 
E olhe aqui, senhora: isso eu só mostro em confiança, artigo conseguido 
com muita dificuldade: CÂNCER ATÔMICO! 
 
Artigo de luxo, paga à vista, não faz prestação 
Muito duro conseguir. 
Precisa muita explosão de bomba H, quantidade de estrôncio-90. 
Muito difícil. 
 
Artigo superior, não tem praça,conseguido 
Com contrabandista, senhora não conta... 
Artigos para casa? 
Tem cera para lustrar 
 
Inseticida, inalador: tudo 
Feito com substância cancerígena. 
Artigos de farmácia? 
Tem bom xarope 
 
Faz bem ao peito, muito alcatrão, mata 
Na velhice: câncer do pulmão. Bom câncer. 
Senhora não quer? Fica, senhora: é garantido, vendo barato, paga quando 
quiser. 
 
Olhe aqui: 
Deixo sem compromisso – mata moscas 
Baratas, ratos, crianças; tem cheiro 
De eucalipto, perfuma ambiente. 
Não quer? 
 
Adeus, Senhora, passo outro dia, não tem pressa 
A senhora pensa, tudo grátis, garantido 
O freguês paga quando quiser 
Morre quando puder!” 
Parte III 
 
Cordis sinistra 
- Ora pro nobis 
Tabis dorsalis 
- Ora pro nobis 
Marasmus phthisis 
- Ora pro nobis 
Delirium tremens 
- Ora pro nobis 
Fluxus cruentum 
- Ora pro nobis 
Apoplexia parva 
- Ora pro nobis 
Lues venérea 
- Ora pro nobis 
Entesia tetanus 
- Ora pro nobis 
Saltus viti 
- Ora pro nobis 
Astralis sideratus 
- Ora pro nobis 
Morbus attonitus 
- Ora pro nobis 
Mama universalis 
- Ora pro nobis 
Cholera morbus 
- Ora pro nobis 
Vomitus cruentus 
- Ora pro nobis 
Empresma carditis 
- Ora pro nobis 
Fellis suffusio 
- Ora pro nobis 
Phallorrhoea virulenta 
- Ora pro nobis 
Gutta serena 
- Ora pro nobis 
Angina canina 
- Ora pro nobis 
Lepra leontina 
- Ora pro nobis 
Lupus vorax 
- Ora pro nobis 
Tônus trismus 
- Ora pro nobis 
Angina pectoria 
- Ora pro nobis 
Et libera nobis omnia Câncer 
 
- Amém. 
Parte IV 
 
Há 1 célula em mim que quer respirar e não pode 
Há 2 células em mim que querem respirar e não podem 
Há 4 células em mim que querem respirar e não podem 
Há 16 células em mim que querem respirar e não podem 
Há 256 células em mim que quer respirar e não podem 
Há 65.536 células em mim que querem respirar e não podem 
Há 4.294.967.296 células em mim que quer respirar e não podem 
Há 18.446.744.073.709.551.616 células em mim que querem respirar e não 
podem 
Há 340.282.366.920.938.463.374.607.431.768.211.456 células em mim 
que querem respirar e não podem. 
 
Parte V 
 
- Minha senhora, lamento muito, mas é meu dever informá-la de que seu 
marido é portador de um tumor maligno no fígado... 
- Meu caro senhor, tenho que comunicar-lhe que sua esposa terá que 
operar-se de uma neoplastia do útero... 
- É, infelizmente a biopsia revela um osteo-sarcoma no menino. É impossível 
prever... 
- É a dura realidade, meu amigo. Sua mãe... 
- Seu pai ainda é um homem forte, vai agüentar bem a intervenção... 
- Sua avó está muito velhinha, mas nós faremos o possível... 
- Veja você... E é cancerologista... 
- Coitado, não tinha onde cair morto. E logo câncer... 
- Há muito operário que morre de câncer. Mas câncer de pobre não tem 
vez... 
- Era nosso melhor piloto. Mas o câncer de intestino não perdoa... 
- Qual o que, meu caro, não se assuste prematuramente. Câncer não dá em 
deputado... 
- Parece que o General está com câncer... 
- Tão boa atriz... E depois, tão linda... 
- Que coisa! O Governador parecia tão bem disposto... 
- Se for câncer, o Presidente não termina o mandato... 
- Não me diga? O Rei... 
- Mentira... O Papa?... 
- E atenção para a última notícia. Estamos ligados com a Interplat 666... 
 
- DEUS ESTÁ COM CÂNCER.

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