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Patologia das Doenças infecciosas Objetivos: a. Conhecer a etiologia, patogenia, aspectos clínicos, aspectos microscópicos e o tratamento de algumas das principais doenças infecciosas que acometem a nossa população. b. Conhecer: AIDS, Sífilis, Candidíase, Tuberculose, Infecção pelo HPV e Pneumonia c. Conhecer a etiologia, patogenia, aspectos clínicos, aspectos microscópicos e o tratamento de algumas das principais doenças infecciosas que acometem a nossa população. As doenças infectocontagiosas são causadas por agentes etiológicos biológicos como os vírus, as bactérias, os fungos, os protozoários e os helmintos (vermes). Podem ser transmitidas por meio de vetores biológicos, como os mosquitos, por contato direto com secreções de outro doente, por introdução mecânica, como nos acidentes por perfurocortantes ou o uso de drogas injetáveis, pela água e alimentos que a pessoa ingere, pelo contato sexual, por meio de aerossóis expelidos durante a respiração e fala, por contato direto com objetos contaminados, entre outros. Microrganismos patogênicos podem causar alterações teciduais por diversos mecanismos: • produção e acúmulo de metabólitos tóxicos no hospedeiro, • privação de nutrientes e oxigênio às células do hospedeiro, • efeito citopatológico causado pela replicação do agente e morte das células hospedeiras, • alterações no genoma da célula-alvo, • indução de respostas imunológicas que resultam na destruição dos tecidos, • desequilíbrio nos mecanismos de controle de replicação celular, • obstrução de vasos sanguíneos e linfáticos, • entre outros. Referências: BRASILEIRO FILHO G. Bogliolo, Patologia Geral. 5a edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2018. integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527733243/ Estudo de caso n.3 J.M.S., 28 anos, gênero masculino, procurou o Pronto Socorro relatando febre de 39oC com calafrios, de forma intermitente, diariamente, há uma semana. Também acusa diarreia aquosa, sem sangue, há pelo menos 5 dias, tosse há várias semanas, perda de peso nos últimos dois meses (5 quilos) e fadiga. Admite abandono de tratamento antirretroviral há 5 meses e relata que este era o quarto esquema antirretroviral que havia se submetido e abandonado por questões de intolerância medicamentosa e efeitos adversos. Prontuário demonstra que não comparece a consultas ambulatoriais da unidade há pelo menos um ano. Declara ser etilista social, mas nega tabagismo. Ao exame físico, encontra-se em bom estado geral, corado, hidratado e sem adenomegalias cervicais ou em outras áreas palpáveis. Relata que já teve sífilis e “crista de galo” (condiloma acuminado) no pênis, mas que já havia tratado as duas doenças há vários anos. https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527733243/ Descreve que teve diversas pneumonias nos últimos anos, mas não sabe precisar as causas ou medicamentos que tomou em cada uma delas, e acrescenta que a última vez que apresentou aqueles sintomas já fazia mais de um ano. Ao exame intraoral nota-se a presença de placas brancas, removíveis por raspagem com gaze, principalmente em língua e palato duro. Pressão arterial 120x80mmHg. Não relata dor. Ritmo cardíaco regular de 90bpm e pulsação normal. Frequência respiratória normal, de 15 mov/min, ritmo regular, mas apresenta murmúrio vesicular na ausculta respiratória. A radiografia de tórax não demonstrou alterações evidentes. Foi solicitado pesquisa para bacilos em material de escarro induzido, que se apresentou positivo. Prova tuberculínica (PPD) também foi positiva. Exames laboratoriais mostraram contagem de linfócitos T CD4+ com valor de 154 células/mm3 de sangue. Perguntas norteadoras: 1) Baseado na descrição acima qual é o diagnóstico para este caso clínico? 2) Qual o valor considerado normal para linfócitos T CD4+ em uma pessoa saudável não infectada e qual é a função destas células? 3) Que doenças oportunistas este paciente apresenta? Indique quais são seus respectivos agentes etiológicos. 4) Qual exame complementar poderia ser solicitado para confirmar o diagnóstico das placas brancas na mucosa oral? - HIV/AIDS A AIDS é a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, ou SIDA, é causada pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), sendo o humano seu único reservatório conhecido. O HIV causa uma grave disfunção do sistema imunológico do paciente infectado, principalmente pela morte dos linfócitos T CD4+ (T helper), que é a principal célula-alvo desse retrovírus envelopado. A evolução natural da doença é o óbito, que ocorre principalmente pelas infecções oportunistas e tumores que o paciente desenvolve. ✓ www.youtube.com/watch?v=t0abywrm5VE (O que é o HIV e a AIDS? - Khan Academy - 15m) ✓ www.youtube.com/watch?v=wkB9GTdnzx8 (Como o HIV mata tantas células T CD4 - Khan Academy - 15m) Origem: Há evidências que o HIV tenha se originado a partir de mutações do vírus SIVcpz (Vírus da Imunodeficiência Símia para chimpanzés), e que deve ter sido transmitido ao homem, na década de 1930, durante a caça ou o preparo da carne desses macacos para alimentação dos habitantes de aldeias da região da República dos Camarões. Posteriormente foram identificados casos nos Estados Unidos, na década de 1980, portanto, apenas 50 anos depois do provável surgimento da doença entre humanos. O HIV pode ser transmitido por contato com sêmen, sangue, leite materno, saliva e quaisquer fluidos corpóreos contaminados, sendo que atualmente as principais formas de contágio são a sexual, o compartilhamento de seringas com drogas injetáveis e a transmissão vertical durante a gestação. http://www.youtube.com/watch?v=t0abywrm5VE http://www.youtube.com/watch?v=wkB9GTdnzx8 Entre a infecção e o surgimento dos primeiros sinais e sintomas de fase aguda podem passar de 5 a 30 dias: • febre, • calafrios, • fadiga, • linfoadenomegalia, • faringite, • mialgia, • artralgia, • rash cutâneo, • cefaleia, • fotofobia, • hepatoesplenomegalia, • perda de peso, • ulcerações nas mucosas oral, esofágica e genital, • náuseas, • vômitos, • candidíase oral, Esses sinais e sintomas duram em média 14 dias, desaparecendo espontaneamente na maioria dos casos. Após esse período a doença pode ficar latente por até 10 anos, com média de seis anos, mas depois disso, o paciente entra em uma fase sintomática inicial em que frequentemente apresenta sinais e sintomas inespecíficos e infecções oportunistas leves como: • candidíase oral, • diarreia, • febre e • sudorese noturna. Com o passar do tempo, entretanto, o portador apresenta mais e mais infecções oportunistas por vírus, bactérias, protozoários e fungos, tais como: • citomegalovirose, • herpes simples, • tuberculose, • hanseníase, • pneumonias, • salmonelose, • pneumocistose, • candidíase, • criptococose, • histoplasmose, • toxoplasmose, • criptosporidiose e • isosporíase, Além de neoplasias como: • sarcoma de Kaposi, • linfomas não Hodgkin e • neoplasias intraepiteliais anal e cervical. Nas fases mais avançadas também pode produzir alterações neurológicas, com manifestações como: • neuropatias periféricas, • mielopatia vacuolar, • atrofia cerebral e • demência progressiva. • Durante todas as fases o paciente pode transmitir a doença, sendo que a transmissibilidade é proporcional à viremia, ou seja, quanto maior a carga viral, maior o risco de transmissão da doença. O tratamento com um conjunto de antivirais combinados faz diminuir a viremia do paciente e aumentar a contagem de linfócitos T CD4+, melhorando a imunidade, reduzindo, portanto, infecções oportunistas e risco de transmissão. Artigo recomendado: CHAVES, L.L. et al. Prevalênciade infecções oportunistas em pacientes HIV positivos atendidos no Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) em município do Pará, em 2015 e 2016. (acervomais.com.br/index.php/saude/article/view/3554/2208) - Sífilis É uma doença sexualmente transmissível (DST) ou infecção sexualmente transmissível (IST), causada por uma bactéria chamada Treponema pallidum, que é uma espiroqueta. A doença se apresenta em fases com sinais e sintomas bem evidentes e fases com pouca ou nenhuma manifestação clínica evidente. A sífilis primária produz uma ferida de bordas endurecidas e tipicamente indolor (o "cancro duro"), nos órgãos sexuais ou nas suas proximidades, que usualmente regride sem tratamento. Essa lesão ocorre geralmente no local onde a bactéria iniciou a infecção, e leva em média três semanas após a infecção para aparecer. Esse estágio pode durar entre duas e seis semanas. Além da transmissão sexual, o agente pode ser transmitido de outras maneiras, como verticalmente pela mãe ao filho e por transfusão de sangue, por exemplo. Sem tratamento, a sífilis secundária ocorre geralmente após um período de seis a oito semanas, mas pode acontecer após até seis meses, afetando a pele e órgãos internos, formando lesões cutâneas em forma de máculas ou pápulas principalmente no tronco; lesões eritematoescamosas palmo-plantares não pruriginosas, queda de cabelo, febre, mal estar, dor de cabeça. As regiões palmares e plantares são frequentemente afetadas nessa fase. Além desses sinais, alguns poucos pacientes podem ainda apresentar: • mal-estar, • astenia, • anorexia, • febre, • cefaleia, • artralgias, • mialgias, • faringite, • rouquidão, • hepatoesplenomegalia, • síndrome nefrótica e glomerulonefrite, • neurite do nervo auditivo e • iridociclite (Inflamação da íris). A evolução da doença não tratada, a sífilis terciária, pode ocorrer tipicamente entre dois e dez anos após a infecção original, mas existem casos descritos em que essa fase levou até 50 anos para se manifestar após a infecção inicial. Nesta fase a sífilis acomete o sistema nervoso central causando neurossífilis, problemas cardiovasculares e complicações ósseas. Nesse estágio costumam ocorrer: • a formação de tumores amolecidos na pele e mucosas de diversas partes do corpo, • deformidade articular e • complicações neurológicas, que incluem: • paralisia geral progressiva, • mudanças na personalidade e humor, • alterações na contração pupilar durante teste com foco de luz e • alterações de movimento, que resulta em marcha característica. Além disso, complicações cardiovasculares podem ocorrer, incluindo: ✓ aortite, ✓ aneurisma de aorta, ✓ aneurisma do seio de Valsalva, e ✓ regurgitação aórtica, que podem levar à morte. O tratamento em todas as fases envolve o uso de antibióticos. A neurossífilis pode se apresentar como encefalite difusa, parecendo um acidente vascular cerebral, ou como uma paralisia geral progressiva, mas certos casos podem progredir para um quadro clínico semelhante à de tumores cerebrais. Sífilis Latente é o período em que não se observa nenhum sinal ou sintoma da sífilis e pode ser dividida em recente ou tardia se tiver mais de um ano da infecção. Nos dois casos, apesar de não haver manifestações clínicas, a doença ainda pode ser transmitida. Sífilis congênita: A sífilis congênita pode ser assintomática ou ocasionar abortamento, óbito fetal ou morte neonatal em até metade dos conceptos infectados. A infecção pode acontecer na vida intrauterina ou pelo contato do recém-nascido com lesões genitais maternas no canal do parto. Quando a sífilis congênita se manifesta nos dois primeiros anos de vida é chamada sífilis congênita precoce, e após esse período, de sífilis congênita tardia. O neonato pode apresentar: • lesões cutâneo-mucosas e fissuras periorais e anais, • rinite mucossanguinolenta, • hepatoesplenomegalia, • linfadenopatia, osteocondrite, • anemia, edema generalizado, • palato em ogiva, • fissuras e rachaduras periorais, • tíbia em sabre, • ceratite (inflamação nos olhos, mais precisamente na córnea), • surdez e retardo mental, • dentes de Hutchinson e molares em formato de amora. ✓ www.youtube.com/watch?v=gS8sDZ1BRhg (O que é sífilis? - Khan Academy - 11m) Artigo recomendado: AVELLEIRA, JCR & BOTTINO, G. Sífilis: diagnóstico, tratamento e controle. An Bras Dermatol.;81(2):111-26, 2006. (scielo.br/pdf/abd/v81n2/v81n02a02) http://www.youtube.com/watch?v=gS8sDZ1BRhg http://(www.scielo.br/pdf/abd/v81n2/v81n02a02 - Candidíase (Monilíase, candidose) A candidíase é uma micose causada pelo fungo dimórfico do gênero Candida de várias espécies, sobretudo a Candida albicans. A “Candida” frequentemente faz parte da microbiota normal da pele e da mucosa do trato gastrointestinal e geniturinário, mas pode produzir quando ocorre algum desequilíbrio nos mecanismos de defesa do organismo. Torna-se patogênica com uso abusivo de antibióticos, alterações hormonais, stress, uso de corticoides, quimioterapias com antineoplásicos, AIDS e outras imunodeficiências. Pode produzir invasão da corrente sanguínea, tromboflebite, endocardite ou infecção dos olhos e de outros órgãos. A doença pode se apresentar desde branda até formas mais severas e potencialmente fatais. • Na pele: ataca principalmente as dobras do corpo em áreas mais úmidas como os espaços interdigitais, regiões das mamas, axilas, pregas das virilhas e debaixo de unhas. Geralmente são lesões vesiculosas e úmidas com intenso prurido. Quando as unhas são afetadas pela Cândida, pode, além da inflamação em sua base, apresentar deformidades. • Nas mucosas: Na vagina forma vulvovaginites com formação de placas brancas, presença de corrimento branco, espesso de odor fétido ou inodoro, e intenso prurido. Com frequência, a vulva e a vagina encontram-se edemaciadas e hiperemiadas, algumas vezes acompanhadas de ardor ao urinar e sensação de queimação. As lesões podem se estender pelo períneo, região perianal e inguinal. Em casos típicos, nas paredes vaginais e no colo uterino aparecem pequenos pontos branco- amarelados. A balanite (ou balanopostite, inflamação aguda ou crônica da glande do pênis) pode ser assintomática, com apenas um leve prurido, ou sintomática, iniciando-se com vesículas no pênis que evoluem nos casos intensos, gerando placas pseudomembranosas, eritema generalizado, prurido intenso, dor, fissuras, erosões, pústulas superficiais na glande e no sulco balanoprepucial. As lesões podem estender-se ao escroto e às pregas da pele, com presença de prurido, e em alguns casos, causar uma uretrite transitória. Na mucosa oral frequentemente acomete crianças formando "sapinhos", lesões pseudomembranosas, brancas com intensa ardência e dificultando sua alimentação. No adulto frequentemente produz lesões eritomatosas e aftas. A candidíase pseudomembranosa é chamada popularmente de “sapinho” e se manifesta como placas ou nódulos branco-amarelados na boca, palato, orofaringe ou língua. Nesse caso o paciente pode ser assintomático ou apresentar sensibilidade local, ardência e dificuldade de deglutição. A candidíase eritematosa é uma lesão erosiva que produz sensibilidade intensa e inflamação sobretudo ao longo do dorso da língua, podendo acompanhar ardência durante a ingestão de alimentos ácidos ou quentes. A candidíase atrófica crônica é conhecida como “estomatite por dentadura”, já que ocorre geralmente em pessoas utilizando próteses superiores completas. Apresenta-se com vermelhidão, aveludada ou pedregosa, circunscrita ou difusa e ulcerada ou não, geralmente no palato. Frequentemente o paciente apresenta dor, irritação e distúrbios da salivação. • Na candidíase sistêmica:frequentemente ocorre infecção pulmonar, renal, cardíaca, meninges, bexiga, articulações, fígado, coração, olhos ou esôfago. A forma disseminada (sistêmica) é bem rara e geralmente quando ocorre, pacientes imunodeprimidos, extremamente debilitados ou imunossuprimidos são os acometidos. Alguns dos fatores de risco para as candidíases são diabetes, gestação e obesidade, uso de antibióticos, corticoides orais e inalatórios e agentes contraceptivos orais, além do uso de medicamentos imunossupressores ou doenças que reduzam a imunidade, como a infecção pelo HIV. ✓ www.youtube.com/watch?v=CM-b6MAxpkQ (CANDIDÍASE ORAL – Dra. Danielle Sales - 8m) ✓ www.youtube.com/watch?v=ymwmSTyy3Qo (Candidíase Vaginal - Dra. Alessandra Barboza - 6m) Artigos recomendados: PEIXOTO et al. Candidíase - Uma Revisão de Literatura. Vol.8, n.2,pp.75-82. 2014. (mastereditora.com.br/periodico/20141001_074435.pdf) QUEIROZ, L.S.; NUCCI, A.; DE FARIA, L. Candidíase sistêmica com localização encefálica estudo anátomo-clínico de cinco casos. 1976. (scielo.br/j/anp/a/CmRrZY9WksDHhZqXypzVPDQ/) http://www.youtube.com/watch?v=CM-b6MAxpkQ http://www.youtube.com/watch?v=ymwmSTyy3Qo http://(www.mastereditora.com.br/periodico/20141001_074435.pdf http://www.scielo.br/j/anp/a/CmRrZY9WksDHhZqXypzVPDQ/ - Tuberculose A tuberculose (TB) é uma doença infectocontagiosa, causada por um bacilo gram positivo aeróbio chamado Mycobacterium tuberculosis (bacilo de Koch) que ocorre principalmente em países subdesenvolvidos e em desenvolvimento. Frequentemente ataca os pulmões causando tosse persistente, emagrecimento, febre, fadiga e hemoptise (escarro com sangue). O tratamento é feito com antibióticos e medidas preventivas incluem vacinação e saneamento ambiental. Baixo nível de instrução e renda são alguns dos principais fatores de risco e a coinfecção da tuberculose com HIV é bastante elevada. As populações mais vulneráveis são os indígenas, as pessoas privadas de liberdade, pessoas com HIV/AAIDS, e pessoas em situação de rua, mas a doença pode ocorrer em pessoas que não preenchem essas condições. A forma pulmonar da tuberculose é a mais comum e é considerada a mais importante para a saúde pública, pois é a principal responsável pela transmissão da doença, já que a bactéria se transmite de forma aérea e se instala a partir da inalação de aerossóis dispersos durante a fala, espirro ou tosse pelas pessoas com tuberculose ativa. Tosse seca ou produtiva persistente (3 semanas ou mais) é o principal sinal da tuberculose pulmonar. Outros sinais e sintomas frequentes são: • febre vespertina, • sudorese noturna, • emagrecimento e cansaço. Cerca de três a quatro semanas após a infecção geralmente surge um foco pulmonar com até 2 mm de diâmetro, chamado foco de Ghon. Se a infecção envolve gânglios linfáticos, além do foco inicial, chama-se complexo de Ghon ou complexo primário, e quando sofre calcificação e fibrose, passa a ser chamado de complexo de Ranke, que é radiopaco. Nos pulmões os bacilos normalmente se reproduzem e podem se disseminar pelo órgão, ou serem fagocitados pelos macrófagos alveolares. Isso pode conter a infecção e acabar com a doença, porém, frequentemente o bacilo de Koch consegue escapar ao processo de digestão que se segue à fagocitose, dando a ele condições de sobrevivência e multiplicação no interior daquele fagócito. Esses macrófago podem liberar quimiocinas que atraem e ativam outras células imunológicas, como outros macrófagos alveolares, monócitos, neutrófilos e linfócitos, que são recrutados para combater o bacilo. Em muitos casos surgem granulomas que cercam a bactéria para conter sua disseminação. No centro do granuloma observam-se células gigantes (macrófagos fundidos) e em sua periferia os linfócitos T CD4+ e CD8+. Com o tempo costuma-se verificar necrose de caseificação no granuloma, por fibrose e calcificação das lesões. O meio necrótico inibe a atividade metabólica da bactéria, que pode ficar dormente por décadas. Porém, com a queda na imunidade do hospedeiro é possível que o bacilo seja reativado, produzindo doença e disseminação, sobretudo nos pacientes com idade avançada, desnutrição, tabagismo, diabetes, sarcoidose, silicose, neoplasias, infecção pelo HIV ou usando medicação imunomoduladora. Quando a doença se desenvolve a partir de um foco latente, é chamada de tuberculose de reinfecção endógena, mas se surgir após nova infecção, ocorre reinfecção exógena. Em até 10% das infecções a bactéria pode se disseminar para o fígado, rins, baço, pâncreas, glândulas adrenais, ossos, articulações, meninges, e sistema nervoso central, por exemplo, chamada forma extrapulmonar. Nos pulmões é mais comum que ocorra maior infecção nos ápices pulmonares devido à maior concentração tecidual de oxigênio, já que o bacilo é aeróbio, e as formas extrapulmonares são mais frequentes nos órgãos com maior suprimento sanguíneo e, portanto, de oxigênio, ou nos gânglios linfáticos, pois a via linfática também é uma via importante de disseminação da bactéria quando escapa dos pulmões. Como a concentração de oxigênio e as condições gerais nesses locais não são as ideais para o bacilo, além de mais raro, o desenvolvimento extrapulmonar costuma ser mais lento que na forma pulmonar. O tratamento envolve saneamento do ambiente onde o paciente vive, e antibioticoterapia com um conjunto de antibióticos que apresentam efeitos sinérgicos ao longo de vários meses. ✓ www.youtube.com/watch?v=q9GDRozsIBM (Tuberculose: Infecção Latente e Doença Ativa, Animação. Alila Medical Media - 4m) ✓ www.youtube.com/watch?v=fRbg7vsa44o (Prova Tuberculínica - Ministério da Saúde - 7m) Artigo recomendado: ROCHA et al., Análise epidemiológica da Tuberculose no Rio de Janeiro, uma Revisão Integrativa. v. 9 n. 2 2015. (revista.ugb.edu.br/ojs302/index.php/episteme/article/view/153/154). http://www.youtube.com/watch?v=q9GDRozsIBM http://www.youtube.com/watch?v=fRbg7vsa44o http://revista.ugb.edu.br/ojs302/index.php/episteme/article/view/153/154 - Papilomavirose O Papilomavírus humano (HPV) é um vírus DNA com pelo menos oito espécies e 150 subtipos diferentes, muitos dos quais tendo como principal via de transmissão a sexual. Desses, 40 podem infectar o trato genital e uma parcela desses pode também infectar a cavidade oral e outras estruturas do trato digestório. 12 desses subtipos podem provocar câncer, além de verrugas. A infecção pode ser assintomática ou gerar verrugas com aspecto de couve-flor na pele e nas mucosas. Além do trato gênitourinário (vagina, uretra, útero), o HPV pode infectar a região dos lábios, área interna da boca, o ânus, garganta, cordas vocais, e pele. Além da formação de lesões verrucosas benignas (papiloma escamoso, verruga vulgar, condiloma acuminado e hiperplasia epitelial focal), em determinadas regiões a infecção pode predispor a formação de tumores malignos, como no cérvix (colo) do útero, pênis, faringe e laringe, por exemplo. Uma outra via de transmissão possível é a vertical, quando a mãe passa para o filho durante a passagem pelo canal vaginal, mas há relatos de transmissão pela saliva e autoinfecção, quando a doença se alastra de um local a outro no próprio paciente. O tratamento pode ser feito com medicamentos ou com procedimentos cirúrgicos como a cauterização, crioterapia e laser, e a prevenção se dá por meio do uso de preservativos, higiene e vacinas. ✓ www.youtube.com/watch?v=Ryxqv5x8_jU (HPV: o que você deve saber! - Doutor Ajuda - 9m) Artigo recomendado: SILVA EJ et al., Considerações relacionadas ao diagnóstico e tratamento do Papilomavírus humano (HPV) em cavidade oral. Rev. Odontol. Univ. Cid. São Paulo 2016; 28(2):117-25.(arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/old/revista_odontologia/pdf/maio_agisto_2016 /Odonto_02_2016_117-125-1.pdf) http://www.youtube.com/watch?v=Ryxqv5x8_jU http://arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/old/revista_odontologia/pdf/maio_agisto_2016/Odonto_02_2016_117-125-1.pdf http://arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/old/revista_odontologia/pdf/maio_agisto_2016/Odonto_02_2016_117-125-1.pdf - Pneumonia Pneumonia é um termo genérico usado para descrever a inflamação do parênquima pulmonar, e podem ocorrer por muitos agentes, incluindo bactérias, fungos, protozoários, vírus e substâncias químicas. Os microrganismos mais associados a pneumonias são Streptococcus pneumoniae, Pneumocystis jirovecii, Pseudomona aeruginosa, Staphylococcus aureus, Kleibsella pneumoniae, Candida albicans, Acinetobacter calcoaceticus, Eschericia coli e Enterobacter sp. Entre as micoses, a pneumocistose é a mais frequente, causada pelo fungo oportunista Pneumocystis jirovecii, que afeta principalmente pessoas com sistema imunológico enfraquecido. A infecção é geralmente adquirida por meio da inalação de esporos presentes no ar. Os sintomas mais comuns das pneumonias em geral são: • Tosse produtiva, • Febre, • Falta de ar, • Dor no peito e nas costas, • Respiração acelerada, • Mal-estar, cansaço e fadiga. Tirando o bacilo de Koch, o pneumococo (Streptococcus pneumoniae) é dos agentes mais comuns nas pneumonias bacterianas. Já entre os vírus, antes da pandemia de covid-19 pelo SARS-CoV-2, o vírus da gripe (influenza) era o mais comum. Alguns protozoários como o Pneumocystis carini também podem produzir pneumonias. Além das infecções, a pneumonia pode ser aspirativa quando ocorre a partir da inalação de agentes químicos, fumaça e vômito. O tratamento deve ser feito de acordo com o agente etiológico e gravidade de sintomas, com por exemplo, antibióticos, antifúngicos, antivirais, repouso, inalação, anti-inflamatórios e oxigenoterapia. ✓ youtube.com/watch?v=Fdnbgdarq5M (O que é pneumonia? Quais suas causas e sintomas? - Doutor Ajuda - 6m) ✓ youtube.com/watch?v=-Kohe18mWfc (Você e o doutor: Pneumonia - Hoje em Dia - 10m) http://www.youtube.com/watch?v=Fdnbgdarq5M http://www.youtube.com/watch?v=-Kohe18mWfc Artigos recomendados: OLIVEIRA et al., A Presença de Patógenos Respiratórios no Biofilme Bucal de Pacientes com Pneumonia Nosocomial. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, Vol. 19 (4), 2007. (scielo.br/pdf/rbti/v19n4/a04v19n4.pdf) Pneumopatias em pacientes com HIV/Aids: estudo de 118 casos em um hospital de referência. Disponível em http://www.sopterj.com.br/wp- content/themes/_sopterj_redesign_2017/_revista/2008/n_02-04/01.pdf Respostas para as perguntas do caso clínico do início: 1) Baseado na descrição acima qual é o diagnóstico para este caso clínico? Com base na descrição clínica apresentada, o diagnóstico mais provável para este caso é infecção por HIV não tratada, tuberculose pulmonar e candidíase oral. 2) Qual o valor considerado normal para linfócitos T CD4+ em uma pessoa saudável não infectada e qual é a função destas células? Em uma pessoa saudável, o valor considerado normal para linfócitos T CD4+ varia entre mais ou menos 500 e 1500 células/mm3 de sangue. Células CD4+ (linfócitos T helper) são responsáveis por coordenar a resposta imune no combate de infecções virais, bacterianas e fúngicas. São os alvos primários do HIV e a destruição progressiva dessas células leva a uma diminuição da função imunológica, aumento a suscetibilidade do paciente a infecções oportunistas. 3) Que doenças oportunistas este paciente apresenta? Indique quais são seus respectivos agentes etiológicos. Com base nas informações fornecidas, as doenças oportunistas que podem estar presentes incluem: • Tuberculose pulmonar: O agente etiológico é a bactéria Mycobacterium tuberculosis. • Candidíase oral (sapinho): O agente etiológico é o fungo Candida albicans. 4) Qual exame complementar poderia ser solicitado para confirmar o diagnóstico das placas brancas na mucosa oral? Para confirmar o diagnóstico das placas brancas na mucosa oral poderia ser solicitada raspagem (ou esfregaço) para microscopia e cultura. http://www.scielo.br/pdf/rbti/v19n4/a04v19n4.pdf http://www.sopterj.com.br/wp-content/themes/_sopterj_redesign_2017/_revista/2008/n_02-04/01.pdf http://www.sopterj.com.br/wp-content/themes/_sopterj_redesign_2017/_revista/2008/n_02-04/01.pdf
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