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APOSTILA COACHING E PSICOLOGIA POSITIVA

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COACHING E PSICOLOGIA POSITIVA 
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SUMÁRIO 
NOSSA HISTÓRIA ..................................................................................................................................... 2 
1. Introdução ........................................................................................................................................... 3 
1.1 Psicologia Positiva Com Coaching ................................................................................................. 3 
1.0 Psicologia Positiva ....................................................................................................................... 8 
2.1 Qualidade de Vida ....................................................................................................................... 13 
2.2 Trabalho ...................................................................................................................................... 16 
2.3 Lazer ............................................................................................................................................ 18 
2.4 Relacionamentos sociais ............................................................................................................. 20 
2.5 Bem-Estar Subjetivo .................................................................................................................... 21 
2.6 O Afeto Positivo e o Afeto Negativo ........................................................................................... 26 
2.7 A satisfação ................................................................................................................................. 26 
2.8 Resiliência .................................................................................................................................... 27 
Referências: ........................................................................................................................................... 32 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em 
atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com 
isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível 
superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no 
desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de 
promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem 
patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras 
normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e 
eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. 
Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de 
cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do 
serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1. INTRODUÇÃO 
 
1.1 Psicologia Positiva Com Coaching 
 
O que te faz levantar da cama todos os dias? A psicologia positiva nos ajuda 
a responder essa pergunta ao mesmo tempo em que nos aproxima da felicidade. 
O próprio termo consegue dizer muito sobre o que esse estudo, técnica ou 
metodologia é capaz de proporcionar às pessoas que a praticam. 
E é por trabalhar com o foco no positivo que afirmo que é extremamente 
saudável que fazer a ligação da psicologia positiva com coaching. 
E vale destacar que tanto o coaching quanto a psicologia positiva possuem o 
objetivo de valorizar os potenciais de cada um, permitindo um avanço rumo aos 
propósitos de vida. 
 
 
 
Por mais que seja fácil compreender o que é a psicologia positiva e como ela 
trabalha, é importante lembrar como esse termo surgiu e qual era o objetivo maior 
com sua criação. 
Nesse sentido, a psicologia positiva é um dos ramos mais recentes da ciência 
psicológica e teve seu desenvolvimento sistemático no final da década de 1990, pelo 
psicólogo Martin Seligman, e seu principal objetivo era analisar as emoções positivas 
e fortalezas do ser humano, diferentemente da psicologia tradicional, que permanece 
trabalhando com o passado, buscando tratar traumas e desilusões. Não que isso seja 
errado ou que não dê resultado, o fato é que a psicologia positiva aliada ao coaching 
é capaz de transformar significativamente a vida das pessoas, 
Partindo do autoconhecimento, o coaching estimula a autorreflexão necessária 
para o desenvolvimento e transformação comportamental. Com isso, o cliente é capaz 
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de descobrir por si mesmo meios que o levarão até o ponto desejado, ao mesmo 
tempo em que identifica os seus pontos fortes. 
Para isso, utiliza recursos ou métodos relacionados a ciências que abordam o 
comportamento humano, como exemplo, a psicologia positiva. Assim como a 
psicologia positiva, o coaching é uma técnica que trabalha o autoconhecimento das 
pessoas sempre incentivando o melhor de cada uma. O coaching é capaz de levar 
uma pessoa a atingir seus objetivos de forma rápida e eficaz, transforma e instiga o 
potencial de cada um para que consigam exceder seus limites pessoais e 
profissionais. 
Por isso, nada mais justo que unir as duas práticas para que cada vez mais 
pessoas conquistem seus interesses. Quantas vezes você já se viu pensando que 
nada em sua vida poderia dar certo? E se você é um psicólogo, quantos pacientes 
chegam até seu consultório com pensamentos negativos, dizendo que suas vidas 
estão destruídas e que nada está como deveria estar? Você consegue se lembrar de 
todas as vezes em que pensou em desistir por conta das dificuldades que estava 
enfrentando? Inúmeras pessoas em todo o mundo ainda passam por esses 
momentos, e se existe algo que possa servir como auxílio para que cada uma dessas 
pessoas supere e transforme essa realidade, verdadeiramente, é a prática da 
psicologia positiva aliada ao coaching. 
No coaching é trabalhado a melhor versão de cada pessoa e através da 
psicologia positiva com coaching é possível conquistar sonhos e objetivos de uma 
maneira mais rápida. Além de também ser possível superar obstáculos e barreiras, 
pois as duas metodologias juntas conseguem desenvolver nas pessoas, a capacidade 
delas alcançarem a felicidade através da ressignificação. 
 
 
 
 
 
Coaching é uma metodologia, uma ferramenta, um misto entre arte e ciência, 
que promove o desempenho individual e coletivo, tornando o ser humano 
cada vez melhor, atingindo seus objetivos e resolvendo seus problemas. O 
coaching é considerado como um processo flexível, que pode ser aplicado às 
mais diversas áreas. 
 
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Inúmeros psicólogos já acreditam que pensar positivo pode ser muito mais 
transformador para um paciente, do que reviver e desvendar sentimentos obscuros 
do passado. E é por enxergar os benefícios da psicologia positiva que diversos 
psicólogos estão aliando-se ao coaching, utilizando das técnicas da psicologia positiva 
para levar aos seus pacientes os melhores resultados que eles possam ter. Sendo 
assim, fica evidente que ambas as ciências juntas potencializa a capacidade de 
alcançar objetivos e metas, dentro de um processo acelerado, proposto pelo coaching, 
a partir de uma revigorada capacidade de reflexão e busca da felicidade. 
Divo (2013) publicou em seu artigo que a APS –Australian Psychological 
Society interpreta o Coaching como subdisciplina da Psicologia e define como 
!processo positivista aplicado, que baseia e desenvolve desde abordagens 
estabelecidas, e pode ser entendido como aplicação sitemática da ciência 
comportamental, focada no aprimoramento da experiência da vida, desempenho no 
trabalho
e bem-estar de indivíduos e grupos clinicamente sem problemas de saúde 
mental significativos ou níveis anormais de sofrimento”. 
Depois de conhecer o que a psicologia positiva com coaching é capaz de fazer 
para as pessoas, você pode estar se perguntando como alguém pode conseguir 
tantas conquistas e felicidades apenas pensando positivo. O coaching entra como 
um aliado nessa missão. 
Nas formações em coaching, é fundamental que o coach estimule ações e 
emoções positivas em seus coachees. Deve-se exaltar as qualidades de cada cliente 
e valorizar seus comportamentos de maneira a incentivar e estimular sempre a seguir 
em frente com suas ideias e tudo isso, de certa forma está implícito na psicologia 
positiva e também nas técnicas e ferramentas do coaching. 
Dessa forma, sabemos que não basta pensar positivo e esperar que as coisas 
caiam do céu. É preciso que você enquanto profissional coach, psicólogo ou se você 
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atua nas duas áreas, faça com que seu cliente compreenda que ele é responsável 
pelos seus atos, e que é preciso se lembrar de pensar positivo sempre que for traçar 
novos caminhos e metas para conquistar o que deseja. No processo que é feito com 
o coachee, é extremamente importante encontrar cada um dos desafios que ele 
enfrenta, a diferença é que esse não será o foco. 
Através de técnicas específicas de desenvolvimento pessoal e profissional, o 
Coaching promove a transformação do sujeito, focalizando nas características 
humanas, forças únicas e comportamentos funcionais, tendo como base a Psicologia 
Positiva, uma vez que essa se estabelece como recurso que visa fomentar as 
competências individuais do ser quando o mesmo está emocionalmente enfatizado no 
pensamento positivo. O Coaching reverencia, motiva e contribui para a ressignificação 
das relações humanas junto aos líderes, a fim de gerar resultados positivos ao 
redirecionar as metas pré-estabelecidas e ao promover, não apenas a eficácia, mas, 
sobretudo, o desenvolvimento no autoconhecimento, na criação e construção de um 
mundo sustentável com seres humanos empoderados e conectados com o melhor de 
si. 
O termo coaching vem do vocábulo inglês coach, o qual significa técnico, cuja 
finalidade é estimular e incentivar o sujeito a atingir um objetivo, ensinando 
novas ferramentas que facilitem sua formação e progressão, ao manifestar-
se previamente na era medieval, por meio de uma figura do cocheiro, 
homem que conduzia a carruagem (coche) na condução de indivíduos e 
equipamentos (WHITEMORE, 2012:40). 
O Coaching viabiliza a intervenção eficaz e consiste num processo que visa o 
desenvolvimento humano integral e multidimensional que busca atingir 
metas e objetivos tangíveis e determinados durante as sessões (MARQUES, 
2015:31) 
 
Iniciar um planejamento, um projeto, um relacionamento ou até mesmo uma 
nova trajetória em um novo emprego com pensamentos negativos não é saudável 
para ninguém, por isso, comece a trabalhar em sua mente o pensamento positivo. 
Agora que você já sabe que ele é fundamental para o seu desenvolvimento pessoal e 
profissional, tenha sempre em mente que muito mais que pensar positivo, é preciso 
agir. E agir com cautela, sabedoria, motivação e positividade é a chave para o 
sucesso, seja ele em qual área for. 
Depois de começar a aplicar a psicologia positiva com coaching, você verá 
que estará aprimorando seus recursos individuais como: 
 A forma como você trata e vê as pessoas; 
 Sua habilidade para realizar as tarefas do dia-a-dia; 
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 Seu crescimento profissional será um dos resultados positivos; 
 Seus relacionamentos com amigos, família e conjugues poderão 
melhorar; 
 A forma como você vê o mundo e leva sua vida será 
transformada. 
 
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1.0 PSICOLOGIA POSITIVA 
 
 
 
A Organização Mundial de Saúde (OMS, 1998) define saúde não apenas mais 
como ausência de doença e sim com um estado de bem-estar físico, psíquico, social e 
espiritual. A partir desta concepção, o papel das ciências da saúde não é apenas a 
prevenção e a cura, mas a promoção de saúde. Desta maneira, torna-se necessário 
o entendimento mais completo do ser humano, abrangendo não só a patologia, mas 
também suas virtudes e potenciais, para assim entender o significado de promoção 
de saúde. E neste cenário a psicologia se inseriu buscando estudar as características 
positivas dos seres humanos, consideradas as promotoras de saúde e bem-estar. 
Em 1998, o psicólogo Martin Seligman assumiu a presidência da Associação 
de Psicologia Americana (APA), e partir de então, passou a proferir discursos e 
escrever artigos em favor de uma psicologia que olhasse para o lado positivo do ser 
humano, olhando potenciais e virtudes, denunciando que a psicologia negligenciava 
esse aspecto da existência humana, compreendendo o homem apenas como 
neurótico e patológico. 
A psicologia positiva é a área da psicologia que estuda os aspectos que 
tornam a vida mais feliz e plena. Baseada em métodos validados por 
inúmeras instituições para mensurar o aumento de satisfação e felicidade 
das pessoas, ela analisa os recursos internos de resiliência no ser 
humano. 
Uma das conclusões mais revolucionárias alcançadas através da 
psicologia positiva é a seguinte: As suas emoções influenciam diretamente 
na sua performance em tarefas do dia a dia, nas suas habilidades, no seu 
crescimento pessoal e profissional e nos seus relacionamentos. Ou seja: 
as emoções e sentimentos afetam a forma como você interage com o 
mundo. 
E mais do que isso: A Psicologia Positiva descobriu métodos capazes de 
potencializar e aprimorar os recursos pessoais, como resiliência. Isso 
permite que as pessoas lidem com todas as áreas de suas vidas de 
maneira mais saudável. 
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Em 2000 em um artigo intitulado: “Psicologia Positiva: uma introdução”, 
Seligman e Csikszentmihalyi denominaram de psicologia positiva, como o conjunto de 
trabalhos e esforços da psicologia interessado em estudar os fenômenos positivos da 
existência humana e a partir de então houve o aumento de incentivos referentes a 
esta área, não apenas nos EUA, mas no mundo inteiro; em que conferências, cursos, 
financiamentos e prêmios foram oferecidos a pesquisadores, mostrando que o 
movimento da psicologia positiva estava em pleno desenvolvimento (PALUDO e 
KOLLER, 2007). 
Isso ocasionou um crescente aumento de estudo com um olhar mais voltado 
para o ser humano: bem-estar, subjetivo ou felicidade, resiliência, qualidade de vida, 
altruísmo, etc. (Schultz e Schultz, 2005). 
Atualmente a psicologia positiva se encontra em crescente consolidação, 
inclusive em 2006 foi criado o seu primeiro periódico oficial, com o nome: Journal of 
Positive Psychology (CALVARETTI, MULLER e NUNES, 2007). 
Seligman e Csikszentmihalyi (2000) definiram psicologia positiva como o 
estudo dos traços positivos, das emoções positivas e das instituições positivas. A 
psicologia positiva busca, então, compreender o como, o por que e sob quais 
condições as positivas emoções, positivas instituições e positivos traços aparecerem 
(SELIGMAN, STEEN, PARK e PETERSON, 2003). Sendo assim, a psicologia positiva 
não é um sistema psicológico de pensamento, mas um convite aos psicólogos de 
diversas orientações a estudar o lado positivo do ser humano (SIMOTON e 
BAUSMEISTER, 2005 apud COSTA e PASSARELI, 2007), partindo do pressuposto 
que os seres humanos são capazes de viver de maneira virtuosa e com felicidade. 
(SELIGMAN, STEEN, PARK e PETERSON, 2005). 
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De forma alguma a intenção não era acabar ou substituir os estudos sobre as 
patologias e neuroses humanas e, mas, sim, complementar e oferecer uma visão mais 
sistêmica do ser humano, que o abranja das suas virtudes até suas franquezas. 
(SELIGMAN, et al, 2003). 
 
Seligman, Steen, Park e Pertenson (2003) destacam o pioneirismo de Rogers 
e Maslow em estudar a saúde mental e o bem-estar, sendo inclusive Maslow o
primeiro a usar o nome psicologia positiva, em um capítulo de seu livro: “Motivação 
e Emoção” de 1954, que tinha como título: “Para uma Psicologia 
Positiva” (GONÇALVES, 2006), 
Outra característica comum estudada se refere à concepção de personalidade, 
como coloca Vianna (2005), que para a psicologia positiva o homem é capaz de ser 
auto-organizado, auto-dirigido e adaptável e esta concepção vai de encontro com as 
noções de personalidade de Maslow e Rogers, psicólogos humanistas. Paludo e 
Koller (2007) afirmam que houve um resgate dos conceitos e objetivos da psicologia 
humanista, havendo importantes discussões entre as relações entre a psicologia 
positiva e a psicologia humanista, com os psicólogos humanistas se dividindo em dois 
grupos, os que aceitam as ideias de Seligman (RESNICK e SERLIN, 2002, TAYLOR, 
2001) e os que a rejeitam (PAVAREM, 2001 e SOLODOD, 2000). 
Porém Seligman e Csikszentmihalyi (2000) apontam que a falta de rigor 
metodológico e resultados inconsistentes determinaram a decadência da psicologia 
humanista, o que constitui algumas das diferenças entres ambas, pois a psicologia 
positiva apresenta um método sistemático e cientifico. Csikzentmihalyi (1999) afirma 
ainda que, como diferença entre as duas, está a ingenuidade presente na psicologia 
humanista, que considerava que a realização humana se daria apenas de forma 
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positiva, e o mesmo tempo afirma que o homem pode se realizar de com resultados 
péssimos e destrutivos aos outros e si próprio. 
O fluxo é uma fonte de energia psíquica que concentra a atenção e motiva a 
ação. Como as outras formas de energia ele é neutro, pode ser usado para 
finalidades construtivas ou destrutivas. O fogo pode ser usado para nos 
aquecer em uma noite gelada ou para incendiar uma casa. O mesmo é 
verdade quanto à eletricidade ou à energia nuclear. Tornar a energia 
disponível para uso humano é uma realização importante, mas aprender a 
usá-la bem é pelo menos igualmente essencial (Csikszentmihalyi, 1999, p. 
135). 
 
Guzzo (2006) coloca em evidência o perigo da psicologia positiva servir de 
alicerce da ordem social dominante, legitimando suas práticas de dominação. Ao 
contrário, a psicologia positiva deve usar seu conhecimento para promover as virtudes 
e assim estimular o senso crítico e a busca por uma vida mais digna e mais justa para 
todos. É importante ressaltar que é uma questão é inerente a qualquer descoberta 
científica; o uso que se faz destas descobertas, pois apenas o avanço científico não 
garante que seu uso seja benéfico aos seres humanos, sendo necessária sabedoria 
e ética na aplicação deles, como afirma o filósofo Bertrand Russel (1956), não sendo 
diferente das descobertas feitas pela psicologia positiva. 
A preocupação que está presente em Guzzo (2006) é de que a psicologia 
positiva crie a concepção de um ser humano invulnerável e super poderoso, que é 
capaz de sozinho ser feliz e superar todas as adversidades. Esta preocupação é 
respondida pelos psicólogos que seguem esta orientação, pois em nenhum momento 
é negligenciado o fato dos seres humanos também terem patologias e fraquezas e a 
importância do meio sociocultural para a superação de adversidades e promoção de 
felicidade (SELIGAMN e CSIKSZENTMIHALYI, 2000). 
A psicologia tradicionalmente se mostra avessa às visões positivas de 
homem. Guzzo (2006) aponta a necessidade do rigor metodológico para o estudo 
das potencialidades e virtudes humanas, pois a falta de um conhecimento anterior na 
área e o desejo de romper com o viés negativo presente da tradição psicológica 
aponta para a necessidade de superar a cientificidade presente nesta tradição. 
Somente este rigor metodológico, juntamente com os resultados empíricos, dará 
credito os postulados positivos, podendo então fazer a psicologia a obter uma visão 
positiva de homem (SELIGAMN e CSIKSZENTMIHALYI, 2000). 
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Seligman at al (2003) afirmam que os resultados de suas pesquisas podem 
apresentar algo de universal sobre a natureza humana, como as seis virtudes que 
foram encontradas em quase todas as culturas ao redor do mundo: sabedoria, 
coragem, humanidade, justiça, temperamento e transcendência. De maneira que, tais 
características são tão importantes, que a existência destas é necessária para que 
haja sociedade entre os seres humanos. 
O papel principal da psicologia é ajudar as pessoas a serem felizes (Seligman, 
2004), pois como colocam Seligman e Ciskszentmihalyi (2000) as pessoas buscam 
uma vida rica e com significado, o que é muito maior do que apenas viver livre de 
patologias. 
Nossa mensagem é lembrar que o campo da psicologia não é somente o 
estudo da patologia, fraqueza e danos; é também o estudo da força e virtude. 
Tratamento não é somente consertar o que está quebrado; é alimentar o que 
é melhor. Psicologia não é somente uma filial da medicina preocupada com 
saúde e doença; é muito mais. É sobre trabalho, educação, amor, 
crescimento; e viver (SELIGAMN e CSIKSZENTMIHALYI, 2000, p.7). 
 
Em um artigo publicado em 2003, Seligman, Steen, Park e Peterson procuram, 
através de um estudo em empírico, verificar a eficácia da psicologia em promover 
felicidade individual. Neste estudo, foram testadas seis intervenções psicológicas, das 
quais três mostraram eficácia em ocasionar felicidade individual e ao mesmo tempo, 
regredir sintomas como a depressão. 
Haase, Lacerda, Lima e Lana-Peixoto (2005) em um artigo que teve como 
referência a psicologia positiva mostraram sua eficácia como abordagem 
compensatória em pacientes com esclerose múltipla, superando as abordagens que 
apenas objetivavam apenas restituição funcional. As abordagens compensatórias, ao 
contrário, objetivam a promoção de bem-estar e qualidade de vida ao paciente. Os 
pacientes numa abordagem positiva compensatória adquirem autonomia e senso de 
controle e assim, aumentando seus índices bem-estar subjetivo e qualidade de vida 
(HAASE et al, 2005). 
Tanto nas abordagens usadas no estudo de Seligman et al (2003), quanto na 
usada por Haase at al (2005), empregou se o uso de uma agenda positiva para os 
pacientes, estimulando o insight. O trabalho de Haase et al (2005) evidencia a 
tendência postulada pela psicologia positiva, de que pessoas desejam explorar suas 
potencialidades e viverem com felicidade, pois tais pacientes, que eram portadores de 
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esclerose múltipla, não lutavam apenas para retornar a seu estado inicial e sim, para 
retomar o curso de seu desenvolvimento. 
Portanto, a tendência da psicologia positiva para a promoção de uma vida 
virtuosa, se alinha à concepção de saúde da Organização Mundial de Saúde (OMS, 
1998), segundo a qual, saúde é um estado de bem-estar físico, psíquico, social e 
espiritual. Ao desenvolver as forças e virtudes do ser humano, está se proporcionando 
a possibilidade uma vida mais saudável (LEMOS e CAVALCANTE, 2006) e com os 
resultados das investigações da psicologia positiva sobre estes fatores abre-se a 
possibilidade do trabalho do psicólogo no planejamento de saúde pública (CALVETTI, 
MULLER e NUNES). 
 
2.1 Qualidade de Vida 
 
A qualidade de vida é um dos constructos que tem despertado o interesse dos 
pesquisadores da psicologia positiva, entre os psicólogos Seligman (2004), 
Csiskzentmihalyi (1999) e Diener (1984), entre outros. Ela apresentou um “boom” nas 
pesquisas na década de 50, com o interesse da Organização das Nações Unidas 
(ONU) em estudar fenômenos relativos a ela (Pereira, 1997). O campo ainda é 
confuso, não há uma delimitação exata do que é qualidade de vida, sendo ela 
estudada de diferentes formas por diferentes ciências e ainda não existindo um 
consenso para sua definição teórica (SOUZA e CARVALHO, 2003). 
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O meio social é então o que define o que é qualidade de vida, da mesma 
maneira que define o que é uma boa qualidade de vida (GONÇALVES, 2006). 
Procurando um entendimento amplo da
qualidade de vida, que abrangesse múltiplos 
fatores, a OMS usa cinco dimensões para compreendê-la; 
1) saúde física, 
 2) saúde psicológica, 
3) nível de independência (em aspectos de mobilidade, atividades diárias, 
dependência de medicamentos e cuidados médicos e capacidade laboral), 
 4) relação social 
5) meio ambiente 
 
A qualidade de vida, portanto, não pode ser estudada apenas em níveis 
materiais e quantitativos, como feito em grande proporção em outra época (SOUZA e 
CARVALHO, 2003). Antigamente se acreditava que os índices do produto nacional 
bruto (PNB) representavam o nível de desenvolvimento social de uma nação, mas 
estes índices se revelaram insuficientes para revelar tal desse envolvimento. 
 
 
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Campbell (1976) exemplifica este fato, mostrando que nas décadas de 60 e 70 
os Estados Unidos apresentaram um crescimento econômico sem igual na história do 
país, mas junto com o crescimento econômico, cresceram os índices de criminalidade, 
violência, abuso de drogas, fragmentação das famílias, entre outros, notando a 
desigualdade entre o PNB e os índices sociais. Assim a qualidade de vida se 
apresentou como uma possibilidade de um estudo mais apropriado sobre o nível 
desenvolvimento social de uma nação (CAMPBELL, 1976, PEREIRA, 1997). 
Apesar disso, não se deseja a exclusão do estudo de fatores econômico ao 
falar da qualidade de vida, uma vez que os fatores econômicos representam parte das 
condições objetivas da vida de uma nação ou pessoa e não podendo esquecer as 
percepções e os pensamentos das pessoas sobre estas condições. 
Desta maneira a qualidade de vida é dividida em dois componentes; as 
condições objetivas, que são as estudadas como índices de bem-estar objetivo (BEO) 
e as percepções destas condições, referindo aqui, ao bem-estar subjetivo (BES) 
(PEREIRA, 1997). Portella, Bastos e Pereira (2005) em sua pesquisa com idosos 
observaram que uma série de fatores ajudam a promover o BES e a qualidade de vida 
entre eles, sendo saúde física e mental, satisfação, senso de auto eficácia, controle 
cognitivo, competência social, renda e continuidade de papéis sociais. 
Segundo Mihaly Csikszentmihalyi (1999), a aquisição de uma boa qualidade 
de vida envolve vários aspectos; um deles é o investimento do tempo que a pessoa 
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mantém em suas atividades diárias e a qualidade que se consegue para obter essas 
atividades e essas atividades se dividem em três tipos: manutenção, produção e de 
lazer. As de manutenção são as quais as pessoas fazem para se cuidar: cuidar de si, 
da casa, etc; as de produção são as relacionadas ao trabalho; e o lazer é o que se faz 
no tempo livre, quando não se está nem produzindo, nem se cuidando. 
Sobre os efeitos qualitativos, ele diz que “os efeitos psicológicos das atividades 
não são lineares, mas dependem de sua relação sistêmica com tudo que fazemos 
(CSIKSZENTMIHALYI, 1999, p. 41)”. Isto significa que não existem atividades que 
obrigatoriamente causam prazer e satisfação, mas que estas atividades estão ligadas 
às circunstâncias do momento em que são realizadas, por exemplo: o ato de comer 
já foi visto em pesquisas que traz bom humor e satisfação, mas isso ocorre apenas se 
gastamos um determinado tempo comendo (5% do tempo desperto), se comêssemos 
o dia inteiro ou apenas mais do que sentimos vontade, isso já não traria felicidade e 
bom humor. Cuidados pessoais costumam ser atividades neutras. 
 
2.2 Trabalho 
A maneira como se encara o trabalho é fundamental para se entender a 
qualidade de vida, pois o trabalho, geralmente, ocupa um terço do tempo disponível 
para atividades de uma pessoa. Então, como o trabalho é experiência se torna algo 
que não pode ser ignorado no entendimento da qualidade de vida, porém, o trabalho 
é uma experiência ambígua, levando em consideração o relato das pessoas e também 
os pensamentos de grandes filósofos e pensadores (CSIKSZENTMIHALYI, 1999). 
 
 
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Se pensarmos no entendimento do trabalho pela filosofia, veremos que os 
filósofos gregos não atribuem nenhum valor ao trabalho, colocando que o verdadeiro 
valor humano só poderia ser alcançado no ócio, onde as pessoas poderiam investir o 
tempo em atividades criativas e alcançar a excelência do espírito. Esse raciocínio 
filosófico grego pode ser melhor compreendido se observamos que na época grega, 
o trabalho era realizado pelos escravos e o objetivo da vida do homem de posses era 
conquistar terras para que não precisasse trabalhar. O pensamento sobre o trabalho 
foi mudando, assim como a atitude das pessoas em relação a ele e a forma como era 
executado (CSIKSZENTMIHALYI, 1999). 
Na contemporaneidade, o trabalho pode levar uma pessoa a obter a realização 
pessoal, sentimentos de bem-estar e prazer (Csikszentmihalyi, 1999), mas apesar 
disto não podemos negligenciar as dificuldades contemporâneas para a obtenção de 
satisfação no trabalho; o trabalho é sempre momentâneo, as pessoas estão sempre 
em um trabalho passageiro para aumentar sua qualificação para a busca do próximo 
trabalho. Desta maneira, não estabelece uma relação afetiva com o seu fazer no 
trabalho e nem um vínculo afetivo, com as pessoas neles, pois estão sempre de 
passagem, obtendo ao invés disso, relações de competição com tais pessoas 
(HELOANI e CAPITÃO, 2003). 
Apesar de tais contingências, o trabalho também pode ser uma atividade 
prazerosa, algumas características são vistas como causa de bem estar no trabalho: 
metas claras, feedback não ambíguo, senso de controle, desafios de acordos com a 
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habilidade do trabalhador. É comum que no trabalho, as pessoas alcancem as 
experiências mais positivas de seu dia, isso acontece porque nele as pessoas 
enfrentam desafios e estabelecem metas e por isso, durante a atividade, se encontram 
altamente concentrados, usando o máximo de sua atenção (CSIKSZENTMIHALYI, 
1999). 
Observa-se que um grande número de pessoas bem sucedidas não o 
considera o trabalho um peso e o colocam como uma parte integrante de seu dia a 
dia, mas, também é fácil observar outro número de pessoas bem sucedidas 
insatisfeitas com o trabalho, o que deixa claro que não são apenas as condições 
externas que determinam o grau de satisfação com o trabalho, mas sim a maneira 
como a pessoa o experimenta, sempre levando em conta o grau de responsabilidade 
individual que estiver em jogo, as escolhas e o modo como o qual o indivíduo se 
relaciona com o trabalho. Porém, por mais satisfatório que seja o trabalho, uma melhor 
qualidade de vida não é alcançada somente com experiências vividas nele e deve-se 
atentar para as atividades de lazer e os relacionamentos pessoais, que o ocupam o 
chamado tempo livre (CSIKSZENTMIHALYI, 1999). 
 
2.3 Lazer 
 
Lazer é a atividade que realizamos voluntariamente, no tempo livre, sem o 
objetivo de produção. Csikszentmihalyi (1999) o divide em lazer ativo (esportes, artes, 
hobbys) e lazer passivo (ver televisão, ler livros sem desafios, somente ficar com os 
amigos, etc). Os estudos relacionados a atitudes sobre o lazer são poucos, um dos 
motivos é falta de instrumentos de medida validados para verificar estas atitudes 
(FREIRE e FONTE, 2007). 
Por incrível que pareça administrar o tempo livre é uma tarefa difícil e que 
muitas pessoas não conseguem realizar, sendo então durante esse momento comum 
experienciar sentimentos negativos como: tédio e depressão. 
No entanto, os sinais sugerem o oposto: é mais difícil desfrutar o tempo livre 
do que o trabalho. Ter lazer a sua disposição não melhora a qualidade de 
vida, a menos que a pessoa saiba usá-lo de maneira eficaz; o lazer não é de 
modo algum algo que a pessoa aprenda a fazer automaticamente 
(CSIKSZENTMIHALYI, 1999, p. 670). 
 
19 
 
 
 Porém também é comum que pessoas experimentem os melhores 
sentimentos durante o lazer, principalmente no lazer ativo, visto que podem 
experimentar tanto
os sentimentos mais positivos, quanto os mais negativos no lazer 
e a administração do tempo livre para uma apreciação dele é fundamental para uma 
boa qualidade (CSIKSZENTMIHALYI, 1999). 
Nas pesquisas realizadas se verificou que o lazer ativo é o maior provedor de 
sentimentos positivos (Csikszentmihalyi 1999), isso ocorre porque durante as 
atividades esportivas, artísticas e outras, se alcança à experiência de fluxo, ou seja, 
uma experiência de total atenção e concentração na atividade, com isso produzindo 
uma sensação de bem estar completa, de maneira a não permitir a ocorrência de 
sentimentos negativos. 
Ao contrário, o lazer passivo, ficar com amigos, ver televisão e ler romances 
superficiais é um grande provedor de sentimentos negativos como tédio, pensamentos 
depressivos, apatia e raramente produzem fluxo. Isso não quer dizer que essas 
atividades são ruins e obrigatoriamente produziram esses sentimentos. 
Como nos outros ingredientes da vida, o que importa é a dosagem. O lazer passivo 
torna se um problema quando uma pessoa o usa como principal – ou única – 
estratégia para ocupar o tempo. A medida que esses padrões se transformam em 
hábitos, começam a ter efeitos definidos na qualidade de vida como um todo 
(CSIKSZENTMIHALYI, 1999, p. 71). 
 
Na verdade todos precisam desses momentos de total relaxamento para poder 
descansar sua energia psíquica e se preparar para as novas atividades do dia a dia. 
O excesso de lazer passivo é que tende a produzir esses sentimentos negativos, além 
disso, influenciar outros momentos da vida da pessoa, com o aumento de sua apatia, 
atrapalhar seus relacionamentos sociais e habilidade criativa (CSIKSZENTMIHALYI, 
1999). 
Por que, então, as pessoas consomem demasiadamente o lazer passivo, visto 
que um cidadão comum, em pesquisas americanas, passa várias horas em frente à 
televisão, mesmo não tendo sentimentos positivos em relação a isso? Acontece que 
a comodidade leva ao consumo do lazer passivo, já que essas atividades amenizam 
a ansiedade e não se despende trabalho para realizá-las (CSIKSZENTMIHALYI, 
1999). 
 
20 
 
 
2.4 Relacionamentos sociais 
O ser humano é um ser gregário e esse fato parece um consenso dentro da 
psicologia. Deste modo procurar por relacionamentos sociais, ou seja; estar com o 
outro é comum entre os indivíduos. O resultado da díade eu e outro é o objeto de 
estudo da psicologia; de maneira mais especifica o que está díade produz em cada 
um (GONÇALVES, 2006). Conforme visto nestas afirmações, a relação social é 
intrínseca ao homem e a maneira como é conduzida e o que vai se produzir dela pode 
levar tanto à felicidade, como ao crescimento psicológico da infelicidade e da 
estagnação psíquica (CSIKSZENTMIHALYI, 1999). Então, os relacionamentos 
sociais, tanto podem ser uma fonte de prazer, quanto gerar ansiedade, tédio e outros 
sentimentos negativos. Além disso, a inserção no meio é algo que está além de 
qualquer escolha individual, pois desde que nasce o homem é colocado no meio social 
e dele precisa para sua formação e proteção (CSIKSZENTMIHALYI, 1999). 
Muito se tem dito sobre como o ser humano pode obter bons relacionamentos 
sociais. Segundo Csikszentmihalyi (1999) existem duas regras básicas para se obter 
um relacionamento produtivo: a existência de compatibilidade de metas e a 
disponibilidade para investir na meta do outro. De acordo com sua pesquisa, as 
experiências mais positivas das pessoas são quando elas estão com os amigos. O 
que é facilmente explicado, pois as amizades oferecem uma possibilidade de 
estímulos emocionais positivos e uma possibilidade de desenvolvimento do potencial 
humano, através de estímulos emocionais que provocam um movimento interno. 
Gonçalves (2006) mostra através de pesquisas empíricas que pessoas com 
uma grande rede de relacionamentos sociais apresentam um índice de felicidade 
maior do que as que têm pouco ou não têm relacionamentos sociais. 
Contudo, um grupo de amigos também pode ser maléfico ao desenvolvimento 
psicológico humano, podendo promover o congelamento da autoimagem. Isso 
acontece em relações superficiais, como algumas nos grupos do condomínio ou do 
trabalho, pois estas relações acabam caindo em rotinas e se tornando “lugares 
seguros” onde as pessoas podem se acomodar, assim não oferecendo estímulos para 
o crescimento pessoal. “Em vez de promover crescimento as amizades muitas vezes 
oferecem um casulo seguro onde nossa autoimagem pode ser preservada sem 
precisar mudar” (CSIKSZENTMIHALYI, 1999, p. 83). 
O mesmo acontece nos relacionamentos sociais entre pais e filhos, ambientes 
socialmente favoráveis serve entre outros, como grande promotor de resiliência para 
21 
 
 
crianças (YUNES, 2003, CYRULNIK, 2004). Os pais que se relacionam bem com os 
filhos promovem uma rede de apoio social fundamental para a resiliência (YUNES, 
2003), e um ambiente socialmente favorável no início da vida serve como estimulador 
para a formação de uma personalidade resiliente, e vê-se o contrário também, 
relacionamentos ruins entre pais e filhos na primeira infância tende a formar 
personalidades neuróticas (CYRULNIK, 2004). 
Então a relação com o outro, que é inerente ao ser humano, não podendo o 
homem fugir dela, é decisiva para a qualidade de vida e o desenvolvimento humano. 
Dela podem surgir os aspectos mais positivos da existência, quanto os mais 
negativos, visto que bons relacionamentos são promotores de bem-estar e resiliência 
e maus relacionamentos, destruidores de tais características. 
 
2.5 Bem-Estar Subjetivo 
 
O bem-estar subjetivo (BES) vem sendo objeto de estudo de vários teóricos da 
psicologia. Os estudos nesta área começaram nos EUA e Inglaterra e se expandiram 
pelo mundo, despertando o interesse de vários pesquisadores em diferentes países 
como: Brasil, Alemanha, França, Israel, Espanha, Finlândia, etc. No Brasil e no 
mundo, o estudo do bem-estar subjetivo cresceu bastante a partir do ano 2000, são 
mais de cinquenta periódicos científicos que contam com artigos sobre o bem estar 
subjetivo (PEREIRA, 1997). 
Este fato está provavelmente ligado com o esforço de cientistas como 
Seligman e Csiskszentmihalyi em implantar a psicologia positiva que pode ser datada 
a partir do ano 1998, onde ocorreu a eleição de Seligman para a APA (Associação de 
Psicologia Americana) e, após isso, ele proferiu discursos em congressos e simpósios 
e fez publicações em favor de uma psicologia positiva que coloca em foco os potencias 
e virtudes humanas, o mesmo fez Csiskszentmihalyi e outros, o que provocou grande 
entusiasmo entre os psicólogos e uma crescente valorização dos estudos de aspectos 
positivos, no qual, aparece o bem-estar subjetivo, talvez, como o principal estudo da 
psicologia positiva (SCHULTZ e SCHULTZ, 2004). 
O que Seligman (2004) afirma também. O estudo do bem-estar subjetivo 
permite um entendimento do funcionamento das potencialidades humanas, de como 
estas se processam, colocando em foco o lado positivo do ser humano (PASSARELI 
22 
 
 
e SILVA, 2007) e entender o que diferencia as pessoas felizes das infelizes (DIENER, 
1984). 
Seligman (2004) afirma que o termo bem-estar subjetivo e termo felicidade 
podem ser usados como sinônimos para a psicologia, ambos tem o mesmo 
significado, sendo o objetivo maior da psicologia positiva o estudo do que proporciona 
bem-estar subjetivo ou felicidade. 
Diener, Oishi e Lucas (2003 apud Costa e Pereira 2007) explicam melhor esta 
concepção, afirmando que a felicidade, prazer ou satisfação seria um entendimento 
do senso comum para o que a psicologia classifica como bem-estar subjetivo. 
Vianna (2005) diferencia as duas coisas, afirmando que felicidade é um estado 
onde predominam os afetos positivos sobre os negativos e bem-estar subjetivo é um 
estado de conforto e harmonia, assim uma pessoa com alto nível de bem-estar 
subjetivo experimenta em sua vida satisfação e emoções
de contentamento e alegria 
(afetos positivos) com frequência e tristeza e angustia (afetos negativos) com baixa 
frequência e o inverso acontecendo com pessoas com baixos índices de bem estar 
subjetivo. 
Existe uma série de divergências sobre o bem-estar subjetivo (COSTA e 
PEREIRA, 2007), que vão desde as definições até uso de escalas. Diener (1984) 
divide em três grupos as definições de bem-estar subjetivo e felicidade; primeiro uma 
definição baseada nos critérios aristotélicos, que se baseia em critérios externos como 
virtudes e santidade, o segundo é o critério geralmente usado por cientistas sociais 
que é focado nas questões que levam a evolução da vida das pessoas e o terceiro 
grupo, o mais usado por psicólogos e em estudos individuais, é a preponderância dos 
afetos positivos sobre os afetos negativos 
Um exemplo deste critério é a definição de adotada por Vianna (2005), ela usa 
o termo bem-estar subjetivo como o que as pessoas sentem e pensam sobre sua 
própria vida, a partir do próprio ponto de referência. Então nesse modelo, o que é 
valorizado nas pesquisas do BES é o relato da pessoa. Albuquerque e Tróccoli (2004) 
argumentam que condições externas como saúde, conforto, virtude, não devem fazer 
parte das definições de BES, pois este seria uma experiência interna individual 
(CAMPBELL, 1976), mas os autores não excluem tais fatores dos estudos, colocando 
que eles influenciam o BES. 
O conceito de bem-estar subjetivo tem sido mais comumente explorado através 
dos componentes: satisfação com a própria vida, afeto positivo e afeto negativo, 
23 
 
 
componentes estes que foram propostos por Andrews e Withey (1974 apud Vianna 
2005), e ainda, como cita Pereira (1997), o componente de fatores psicossociais da 
saúde: auto-estima, timidez, lócus de controle, alienação, desamparo, desesperança, 
estresse, ansiedade, apatia, otimismo, desesperança, motivação, entre 
outros. Refere-se a como as pessoas avaliam sua qualidade de vida, a partir de seus 
próprios referenciais, suas próprias crenças. 
A avaliação é feita com o foco na experiência interna da pessoa, valorizando 
seu relato como elemento principal, portanto as crenças individuais sobre seu próprio 
estado subjetivo são essenciais para a pesquisa. Esta avaliação leva em conta 
aspectos emocionais e cognitivos, pois a pessoa faz uma avaliação racional de 
satisfação com a vida em relação ao trabalho, casamento, lazer e também usa de seu 
estado humor para fazer essa avaliação, levando em consideração estados subjetivos 
de longa duração e não aspectos passageiros de sua experiência (DIENER, SUH, 
OISHI, 1997 apud Vianna 2005). 
Diener (1984) afirma que pessoas que identificam a vida de maneira positiva 
contribuem para um melhor bem-estar subjetivo e pessoas que avaliam 
negativamente suas experiências, contribuem negativamente para seu bem-estar 
subjetivo, colocando que bem-estar subjetivo e personalidade estão fortemente 
interligados. Seligman (2004) enumera uma série de vantagens das pessoas otimistas 
em relação as pessimistas, as pessoas otimistas têm menor predisposição à 
depressão, maior rendimento do seu potencial escolar, no trabalho e nos esportes, 
além das pessimistas apresentarem uma saúde pior. 
As principais teorias e modelos explicativos do bem-estar subjetivo vêm sendo 
apresentados, historicamente, em dois grandes blocos opostos denominados bottom-
up versus top-down. As teorias iniciais de bem-estar subjetivo estavam preocupadas 
em identificar como os fatores externos, as situações e as variáveis sócio-
demográficas afetavam a felicidade. 
 As teorias de bottom-up referem se as circunstâncias que entorno do BES, se 
busca conhecer os aspectos externos que influem na felicidade, o que torna as 
pessoas mais felizes (GONÇALVES, 2007). Estas abordagens mantêm como base o 
pressuposto de que existem necessidades humanas universais e básicas, e que a 
satisfação, ou não, destas viabiliza a felicidade. Outros fatores associados por essas 
teorias são as experiências de eventos prazerosos diários estando relacionados ao 
afeto positivo, assim como o oposto, eventos desprazerosos associados a afetos 
24 
 
 
negativos. Mais ainda, a satisfação e a felicidade resultariam do acúmulo desses 
momentos específicos, dessas experiências felizes (DIENER, SANDVIK e PAVOT, 
1991 apud GIACOMONI). 
As teorias de Top-Down tentam compreender como processos internos 
influenciem no BES, processos como: genética, traços de personalidade ou valores 
pessoais (Gonçalves, 2006). Um exemplo de pesquisas com teorias de Top-Down são 
as sobre as diferenças do BES entre pessoas individualistas e pessoas coletivistas. 
De acordo com as pesquisas, os individualistas tendem a experimentar 
sentimentos de bem-estar mais intensos, o que se explica por sua tendência a seguir 
seus desejos e buscar sua auto realização, porém estes apresentam um maior 
número de deprimidos e taxas de suicídios, o que se explica por estes se isolarem 
mais e os coletivistas apresentam menor BES, porém apresentam menor número 
entre os deprimidos, o que pode ser explicado por sua estrutura mais segura (TAYLOR 
e ARMOR, 1996 apud ALBUQUERQUE e TRÓCCOLI, 2004). 
Várias relações são feitas com o bem-estar subjetivo, ele pode ser relacionado 
com a felicidade, satisfação, afeto positivo, afeto negativo, anomia, estresse, 
desesperança, desamparo entre outros, além disso, se busca o estudo do BES nos 
grupos; de adolescentes, jovens, adultos, idosos, religiosos, não casados, casados, 
solteiros e condições sociais, familiares e financeiras, etc (PEREIRA, 2007). 
Pereira (1997) faz uma ressalva, e separa bem-estar subjetivo e bem-estar 
objetivo, sendo bem-estar objetivo as circunstâncias que cercam a pessoa, com a 
renda, a saúde e família e o bem-estar subjetivo como as pessoas interpretam essas 
circunstâncias. 
Uma busca constante é relacionar o BES com a saúde, como não poderia ser 
diferente, já um elemento importante da psicologia positiva é relacionar estados 
subjetivos à saúde (PALUDO e KOLLER 2008) e a própria Organização Mundial de 
Saúde define saúde como “um estado completo, bem-estar físico, mental e social, e 
não consiste somente em ausência de doença ou enfermidade” (OMS, 1998). 
Diener, Suh e Oishi (1997 apud Vianna 2005) enfatizam que, bem-estar 
subjetivo e saúde mental não são a mesma coisa, para exemplificar eles colocam que 
uma pessoa pode estar em delírio, longe de um bom estado de saúde mental, mas se 
sentindo extremamente bem. Portanto BES e saúde não são sinônimos, mas o BES 
é necessário para estar bem com a vida, no entanto não sendo o único fator 
(ALBUQUERQUE e TROCCÓLI, 2004). 
25 
 
 
Seligman (2004) mostra as emoções positivas são bons indicadores de saúde 
e longevidade, não especificando qual é causa e qual é consequência, se uma boa 
saúde causa um bom bem-estar subjetivo, ou ao contrário, um alto bem-estar 
subjetivo causa uma boa saúde ou ainda, se existe um efeito circular, ambos sendo 
causa e consequência. Uma explicação para esse fato é que o afeto positivo estaria 
mais presente em pessoas com bom funcionamento biológico, ou seja, com uma 
saúde favorável (STEPTOE, WADLE e MARMOT, 2005 apud PASSARELI e SILVA, 
2007). De acordo com essa hipótese, as pessoas estariam inclinadas a ter um alto 
BES porque tem boa saúde e não ao contrário. 
Algumas pesquisas corroboram com isso, como Chatters (1988 apud GUEDEA 
et al, 2006) que enfatizou que idosos com boa saúde tendem a avaliar melhor o BES 
do que idosos com saúde ruim. Outros pesquisadores sugerem a outra hipótese, 
Taylor (2000 apud COSTA e PEREIRA, 2007) afirma que pessoas otimistas, que 
conseguem usar seus recursos psicológicos para encontrar sentido em suas 
experiências conseguem retardar o curso de doenças, como o a AIDS. 
Esse raciocínio pode ser aplicado a outros elementos de pesquisa do BES, 
como por exemplo, de acordo com pesquisas, o grupo
de casados apresenta maior 
bem-estar subjetivo que solteiros (PEREIRA, 1997), porém não se pode concluir se 
as pessoas permanecem casadas por terem alto BES ou por permanecerem casadas 
possuem alto BES, é provável que aja um causa cíclica, estando um influenciando no 
outro constantemente, pois como observa Csikszentmihalyi (1999) a causalidade no 
desenvolvimento humano é cíclica. 
Outra pesquisa constante é compreender a influência financeira sobre o bem 
estar subjetivo. Algumas pesquisas apontam para uma elevada superioridade do BES 
entre pessoas de países ricos em relação às pessoas de países pobres (DIENER, 
DIENER e DIENER1995 apud ALBURQUERQUE e TROCCÓLI, 2004). 
Ao reparar falhas nesses modelos, alguns teóricos (DIENER, 1996, FEIST, 
1995, e brief 1993, apud COSTA e PEREIRA, 1997) proporam uma teoria bidirecional 
do BES, que propõem uma intersessão entre as teorias de top down e de bottom up, 
com um modelo de causas bidirecionais, onde a personalidade e circunstâncias 
externas interfeririam no BES, por haver sempre a pessoa que interpreta as 
circunstâncias da vida (BRIEF, 1993, apud COSTA e PEREIRAB, 2007), não havendo 
um determinismo nem da personalidade, nem das circunstâncias da vida em relação 
ao BES e sim os dois fatores conjuntamente agindo. 
26 
 
 
O BES é composto do afeto positivo, do afeto negativo, da satisfação com a 
vida e felicidade, que é a maior presença de afetos positivos em relação a negativos 
(GONÇALVES, 2007). 
 
2.6 O Afeto Positivo e o Afeto Negativo 
Segundo Watson, Clark e Tellegem (1998, apud Vianna 2005), afeto é a junção 
de humores e emoções, que seriam o nível inferior da estrutura hierárquica dos afetos, 
estes, corresponderiam ao nível superior dessa estrutura. O afeto positivo diz respeito 
principalmente ao nível de entusiasmo, atividade e atenção, e o afeto negativo, por 
sua vez, designa o nível de angústia e insatisfação, onde estão incluídos sentimentos 
como: raiva, culpa, desgosto, medo, entre outros. Logo, altos níveis de afeto positivo 
representam um estado de satisfação e alta energia, e altos níveis de afeto negativo 
representam tristeza e letargia. 
Pesquisas mostram que de acordo com a intensidade, as pessoas que 
experimentam alto nível de emoções positivas, também experimentariam alto nível de 
emoções negativas, proporcionalmente (DIENER, LARSEN, LEVINE e EMMOUNS, 
1985, LARSEN e DIENER (1987) e SCHIMMACK e DIENER, 1997 apud 
GONÇALVES, 2006), porém em relação a freqüência, essa relação é inversamente 
proporcional, quanto mais uma pessoa experimenta afetos positivos, menos 
experimenta afetos negativos, o que faz da frequência um melhor instrumento na 
avaliação do BES. 
Desde o estudo de Bradburn, em 1960, que concluiu que afeto positivo e 
negativo são relativamente independentes um do outro, a relação entre os dois 
componentes tem sido controversa. Entretanto, atualmente, há extensa evidência 
mostrando que níveis proporcionais de afeto negativo e positivo são dependentes, 
mesmo quando diferentes instrumentos de medidas são usados (DIENER, 1984). 
2.7 A satisfação 
A satisfação é o julgamento feito pelo indivíduo a partir de seu quadro 
referencial, acerca de sua qualidade de vida, sua satisfação com a própria vida de 
uma forma geral, ou seja, de acordo com Lucas, Diener e Suh (1996 apud Gonçalves, 
2007) o processo de avaliação se dá quando a pessoa examina aspectos reais, 
considerando aspectos bons e aspectos ruins e chega a uma conclusão geral de sua 
qualidade de vida, levando em conta o mínimo de conteúdo emocional. Campbell 
(1976) ressalta ainda que a satisfação é a parte cognitiva do BES. Essa avaliação 
27 
 
 
varia de acordo com as crenças, o que lhe é importante, vai depender das 
experiências prévias que cada um teve, das expectativas e valores. 
Segundo Glazter (1987), a satisfação pode ser entendida em níveis diferentes, 
como: a satisfação com todo um domínio da vida (ex. satisfação com a vida afetiva), 
satisfação com a vida em geral, satisfação com determinados aspectos de um domínio 
(VIANNA, 2005). Ela estaria ainda influenciando as emoções, dependendo do que se 
pensa pode-se estar diminuindo ou aumentando as emoções positivas e negativas 
(DIENER; SUH; OISHI, 1998, citado por PEREIRA, 2007). 
O mesmo autor ainda afirma que a satisfação pode ser proporcional com os 
objetivos de vida do indivíduo, desse modo, pessoas com projetos de vida com 
previsão de recompensa em longo prazo estariam mais insatisfeitas que pessoas com 
objetivos menos difíceis de alcançar. 
Há ainda quem chame atenção para a diferença entre a satisfação associada 
ao objetivo alcançado e a satisfação relativa ao objetivo não alcançado e resignado 
(STRUMPEL apud PEREIRA, 2007). Pereira (2007) ressalta que estas pessoas se 
sentem satisfeitas, mas os sentimentos relacionados são diferentes, enquanto uma 
tem a satisfação da vitória, do sucesso, a outra tem satisfação pela resignação. Existe 
relação entre felicidade e satisfação, mas a satisfação pode existir sem a felicidade e 
vice-versa. Pessoas infelizes e satisfeitas são resignadas perante a vida, 
apresentando esperança em relação ao futuro, enquanto pessoas felizes e satisfeitas 
apresentam sentimentos de realização e já as pessoas infelizes e insatisfeitas sentem 
se frustradas. 
 
2.8 Resiliência 
O Termo resiliência vem da física, sendo comumente usada em engenharia, 
para indicar a propriedade de um material de retornar ao estado inicial após abalo. De 
uns 30 anos para cá, a psicologia pegou emprestado o termo e vem usando como a 
capacidade de superação de adversidades (YUNES, 2003). Notou-se que as pessoas 
apresentam reações diferentes a experiências negativas, algumas declinando e não 
retomando o seu desenvolvimento psicossocial e espiritual e outras conseguindo 
crescer com tais experiências (CASSOL e de ANTONI, 2006). 
A partir de então, pesquisadores criaram interesse a entender tais 
mecanismos, que passaram a serem conhecidos como resiliência. 
28 
 
 
A psicologia ainda não especificou o constructo resiliência, sendo que ela 
apresenta variações em seu uso. Pode se dizer que a primeira vez que a resiliência 
foi estudada foi pelo psiquiatra E. J. Anthony, que estudou crianças com competências 
e saúde inabaladas, apesar de estarem sobre condições adversas e estressantes, 
mas o termo usado não foi resiliência e sim, invulnerabilidade (WENER e SMIYH, 
1992, p. 4 apud YUNES, 2003). 
Logo surgiram críticas ao termo usado por Anthony, por dar a falsa idéia que 
essas crianças não sofreriam com as circunstâncias do meio, com isso psicólogos 
arguiram que o termo mais apropriado seria resiliência, por ser mais condizente com 
a realidade humana de estar em constantes trocas com o meio ambiente, de maneira 
que esta não tem sinonímia com invulnerabilidade (ZIMMEMAN e ARUNKMAR 1994 
apud YUNES, 2003), pelo contrário o sofrimento faz parte do desenvolvimento de 
qualquer pessoa (CYRULNIK, 2004). A resiliência conta a história de pessoas que 
enfrentam adversidades e conseguem fazendo uso de suas forças e do que se 
encontra de positivo em seu meio ambiente e do contexto de sua vida seguir adiante 
e construir sua história (POLLETTTO e KOLLER, 2006). 
O Manual de Diagnóstico e Estatístico das Perturbações Mentais IV (DSM-IV) 
diferencia eventos traumáticos de outros eventos estressores da vida, existindo uma 
gravidade necessária para a caracterização do trauma (Oliveira, 2007). Alguns 
autores (CYRULNIK, 2002 e PERES, MERCANTE e NASELLO, 2005) se referem à 
resiliência normalmente como a superação de traumas; trauma, que segundo a origem 
da palavra significa uma lesão causada por um agente externo (PEREZ, 
MERCADANTE e NASELLO, 2005). Porém, de uma maneira geral, a resiliência é 
estudada como um enfrentamento de qualquer tipo de adversidade, incluindo além do 
trauma, dificuldades de enfrentamento diário como: pobreza, orfandade, maus
tratos, 
entre outros (POLETTO e KOLLER, 2006). 
É comum o desenvolvimento de transtornos psicopatológicos após um evento 
traumático. Pesquisas mostram que 60% a 90% das pessoas sofrem um evento 
traumático ao longo da vida, destes número 8% a 9% desenvolvem o Transtorno de 
evento pós traumático (TEPT) (Kessler, Sonnega, Bromet, Hugles e Nelson 1995 apud 
Borges, Kristensen, Dell`Aglio, 2006). 
O TEPT, de acordo com o DSM IV, é caracterização pelos sintomas de 
evitação, revivescência e hiperexcitabilidade (Oliveira, 2007), o que causa um 
sofrimento significativo e um prejuízo funcional (Borges, Kristensen e Dell´Aglio, 
29 
 
 
2006). Alguns autores (Borges, Kristensen e Dell`Aglio, 2006, Peres, Mercante, 
Nasello, 2005) buscam compreender a atuação resiliente de pessoas nestas 
contingências, tanto na compreensão de porque algumas pessoas desenvolvem o 
TEPT e outras não, 
Como nos fatores que auxiliam sua superação. Indivíduos inseguros, com falta 
de controle pessoal e alienação são mais prováveis a desenvolver o TEPT. Peres, 
Mercante e Nasello (2005) afirmam que a recuperação da memória de eventos 
traumáticos, em situações como psicoterapia, ocasiona uma reestruturação cognitiva 
e emocional perante o trauma, de maneira que, o paciente pode resignificar o evento 
traumático. 
A resiliência é comumente estudada na interação de fatores de risco e 
proteção, juntamente com a invulnerabilidade. A palavra risco foi inicialmente usada 
na economia, na antiguidade, ao se referir a possíveis perdas marítimas, que eram 
reduzidas ao valor dos custos da mercadoria. Após isso passou a ser utilizada pela 
epidemiologia e pela medicina, e chegando a saúde mental, através da avaliação as 
formas de risco psicossocial (CASSOL e de ANTONI, 2006). O risco apresenta 
diferentes formas dependendo das características individuais e contextuais (YUNES, 
2003). 
Os fatores de risco facilitam o desenvolvimento de problemas emocionais, 
físicos e/ou sociais (CASSOL e de ANTONI, 2006, p. 180). Os fatores de proteção 
são os que servem para amenizar os efeitos dos eventos estressores e de risco Esses 
fatores podem ser de origens individuais ou ambientais, podendo ter características 
biológicas ou adquiridas, de acordo com a experiência de vida de cada um, também 
podem se originar de fatores ambientais, aí se encontrando a importância do meio 
social e familiar. 
A família pode prover uma rede de apoio e proteção social e o meio ambiente 
prover proteção através das políticas públicas de educação, moradia, saúde e outras. 
(De Antoni, Barone, Koller, 2006). A origem e significado do termo invulnerabilidade 
dentro dos estudos de resiliência foram discutidas no segundo parágrafo deste tópico, 
porém atualmente os termos vulnerabilidade e invulnerabilidade vêm sendo usados 
de maneira um pouco diferente da inicial, se referindo à características individuais que 
predispõem a pessoa a maior ou menor possibilidade ao desenvolvimento de 
problemas emocionais, psíquicos ou comportamentais (RUTTERES, 1987 apud 
CASSOL e de ANTONI, 2006). 
30 
 
 
Existe afinidade nos estudos sobre resiliência ao se afirmar à: 
 
 
 
O estudo das emoções também vem contribuindo para o entendimento da 
resiliência. Seguindo uma tendência biológica evolucionista, o modelo de Broaden and 
Build Theory é um exemplo de como a biologia vem sendo usada. Segundo o Broaden 
and Build Theory, as emoções negativas e positivas são complementares em relação 
à adaptação, as emoções negativas (medo, raiva, ódio) estruturam as possibilidades 
de respostas a um evento, permitindo uma resposta rápida e a emoções positivas ao 
contrário ampliam a possibilidade de respostas, possibilitando a construção de 
recursos pessoais, então, a resiliência é um desses recursos construídos (PALUDO e 
KOLLER, 2006). O humor também é uma estratégia para o enfrentamento psíquico 
de adversidades (CYRULNIK, 2002). 
Apesar disso, o estudo de resiliência associado a processos biológicos ainda 
é escasso, mas o campo biológico é extenso para estudos na área, pois já é sabido 
que o organismo apresenta capacidade de uma resposta a situações estressoras, se 
defendendo destas. Além disso, estudos de neurociências apresentam a 
neuroplasticidade como característica dos processos resilientes (BORGES, 
KRISTENSEM e DELL´ALGIO, 2006). A neuroplasticidade é a capacidade do cérebro 
de modificar sua estrutura e função de acordo com a experiência. Apesar de haver 
divergências sobre como acontece o processo da neuroplasticidade, é certo que 
qualquer processo resiliente só é possível devido a ela (HASSE e LACERDAD, 2004). 
A psicoterapia é um grande promotor de resiliência. O vínculo terapeuta e 
paciente promove uma experiência emocional significativa e um ambiente seguro para 
a promoção de resiliência (Borges, Kristensem e DEll´ Algio, 2006; Habigzang e Koller, 
Capacidade humana de adaptação em contexto de adversidades e riscos 
significativos (Polleto e Koller, 2006). De acordo com Moraes e Rabinovich 
(1996 apud Polletto e Koller, 2006), resiliência é manter o desenvolvimento 
normal em situações diversas, Cyrulnik (2004) problematiza essa questão, 
afirmando que a resiliência não é o mesmo que adaptação, a adaptação 
pode ser maléfica, uma vez que o indivíduo adaptado pode ser aquele 
subserviente às normas sociais, rígidos e dominado pela cultura e que a 
resiliência se referiria a uma superação de adversidades, em direção à uma 
maior autenticidade, espontaneidade e criatividade do sujeito. 
31 
 
 
2006, Peres, Mercante e Nasello, 2005)). Então, o a função do psicoterapeuta na 
promoção de resiliência não é meramente um trabalho intelectual e, além disso, um 
trabalho de suporte emocional. 
Aprender e crescer a partir de experiências positivas e negativas de vida e 
desenvolver a capacidade de lidar com adversidades severas são aspectos cruciais 
a serem trabalhados em psicoterapia. Entretanto, os psicoterapeutas não devem dizer 
intelectualmente aos pacientes “como fazer isso”, e sim facilitar através da vivência 
terapêutica, a auto compreensão sobre a possibilidade de escolher dinâmicas 
psicológicas preditoras de melhor qualidade de vida (PERES, MERCADANTE e 
NASELLO, 2005, p. 136). 
 
Apesar de nestes estudos o enfoque terapêutico usado ser o cognitivo-
comportamental, tal afirmação leva aos estudos do potencial humano da psicologia 
humanista, quando nas décadas de 50 e 60. Rogers (1961) afirmava que o papel do 
terapeuta era criar um ambiente favorável para que o cliente retomasse o seu 
crescimento psicológico, quando este interrompido. 
A resiliência é um dos constructos que fazem parte desse novo campo de 
estudos da psicologia; a psicologia positiva, pois enfatiza aspectos virtuosos, 
saudáveis e positivos das pessoas no enfretamento e superação de adversidades, 
para o estabelecimento de uma vida igualmente virtuosa e significativa (YUNES, 
2003). 
Os estudos sobre a resiliência cresceram com a psicologia positiva (PALUDO 
e KOLLER, 2006), hoje pesquisadores antigos, no campo como o inglês Rutters, 
continuam a produzir bastante e a partir do início deste século um grande número de 
trabalhos e pesquisas no campo começaram a emergir, como o do etólogo, 
neurocientista e psicanalista Boris Cyrulnik, que a partir das décadas de 80 e 90 
começou uma intensa investigação na Universidade de Paris com crianças vítimas de 
trauma de guerra. No Brasil, destacam-se os grupos de pesquisadores da 
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Instituição de ensino de 
pós-graduação no Rio de Janeiro: Fiocruz. Além, de alguns outros vários 
pesquisadores, espalhados por diversas instituições no Brasil. 
 
 
 
32 
 
 
 REFERÊNCIAS: 
 
MELO, Roberto da Silva. A Psicologia Positiva: uma mudança de 
perspectiva. Psicologado, [S.l.]. (2015). Disponível 
em https://psicologado.com.br/abordagens/psicologia-positiva/a-psicologia-positiva-
uma-mudanca-de-perspectiva. Acesso em 14 Ago 2020. 
 
Melo, R. S., 2015. A Psicologia Positiva: uma mudança de perspectiva. Psicologado. 
Available at: https://psicologado.com.br/abordagens/psicologia-positiva/a-psicologia-
positiva-uma-mudanca-de-perspectiva [Acessed 14 Aug 2020] 
 
MELO, Roberto da Silva. A Psicologia Positiva: uma mudança de 
perspectiva [online]. Psicologado, (2015) [viewed date: 14 Aug 2020]. Available 
from https://psicologado.com.br/abordagens/psicologia-positiva/a-psicologia-positiva-
uma-mudanca-de-perspectiva 
 
https://www.ibccoaching.com.br/portal/tudo-o-que-voce-precisa-saber-sobre-
psicologia-positiva-com-coaching/14/08/2020 
 
 
WHITMORE, John. Coaching para Aprimorar o Desempenho: os princípios e a 
prática do Coaching e da liderança. Boston: Clio, 2012. 
 
MARQUES, J. Roberto. Estrutura Completa de uma Sessão de Coaching. Apostila 
do Instituto Brasileiro de Coaching. Goiás: Editora IBC, 2012. 
MARQUES, José Roberto. Humanizar: Coaching aplicado ao desenvolvimento 
humano. 1ª ed. Goiânia: IBC, 2015. MARQUES, José Roberto. Os Segredos do 
Coaching. Goiânia: Editora IBC, 2014. 
 
MARQUES, J. Roberto. Professional & Self Coaching – PSC. Programa de 
Formação e Certificação Internacional em Coaching. Goiânia: Instituto Brasileiro de 
Coaching, 2014.
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