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humanismo e psicologia capiìtulo 1

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Prévia do material em texto

cuja m
atriz de pensam
ento substancia um
 com
prom
isso com
 o 
desenvolvim
ento de um
a abordagem
 interdisciplinar aos problem
as 
e ao desenvolvim
ento hum
ano, aplicada a indivíduos, grupos e 
com
unidades. Isso, em
 essência, define o próprio surgim
ento da 
Psicologia H
um
anista em
 sua retom
ada dos valores renascentistas 
com
 ênfase na recuperação da im
portância do hom
em
 em
 seu tem
po~ 
· contexto, valorizado em
 sua totalidade. 
Sim
, quero a palavra últim
a que tam
bém
 é tão prim
eira que já se 
confunde com
 a parte intangível do real. Ainda tenho m
edo de m
e afastar da 
lógica, porque caio no instintivo e no direto, e no futuro: a invenção do hoje é 
o m
eu único m
eio de instaurar o futuro. Clarice Lispector em
 sua Água 
Viva parece traduzir de m
aneira sim
ples e ainda assim
 m
agnífica a 
im
portância de um
 livro com
o este, em
 que da palavra em
erge a 
confinnação do vivido em
 sua concretude atual e do transcendente 
com
o devir hum
ano. 
D
e um
 ponto de vista estritam
ente pessoal, julgo im
prescindível 
tam
bém
 reverenciar o hom
em
 M
auro Am
atuzzi, m
eu colega e parceiro 
num
 processo em
 que a cronologia do tem
po é de m
enor importância 
face à grandeza do inusitado, das vivências diversas, das contradiç~-
feitas de encontros e desencontros, da m
agia em
 m
om
entos de 
descoberta acadêm
ica. Em
 m
eio ao turbilhão das pesquisas, dos 
relatórios, das reuniões adm
inistrativas, sobrevive o aconchego de 
abraços essenciais, de olhares certeiros, a nos a~alentar acerte~ de que 
ainda nos im
portam
os com
 o outro, este ~
g
o
 que ~
e
 amda ser 
cúm
plice nas horas, tantas vezes vazias e despidas de significado~ em 
que o hum
ano parece escapar de dentro de nossos papeis e 
desem
penhos. 
Capítulo I J 
Hum
anism
o e Psicologia 
O
 texto a seguir corresponde originalmente a uma palestra 
pronunciada na IV Jornada de Psicologia Humanista, 
prom
ovida pelo Centro de Psicologia da Pessoa e pela 
Universidade Federal do Rio de Janeiro, em agosto de J 988, e 
depois publicada em Arquivos Brasileiros de Psicologia, 41, 
( 4), pp. 88-95, set/nov. de 1989, com o título O
 significado da 
Psicologia Humanista, posicionam
entos filosóficos 
implícitos. Ainda gosto bastante dele. Parece-me que ele 
aponta para a largueza do território de uma Psicologia 
realm
ente Humana. Fiz pouquíssimas modificações, somente 
para adaptar o texto ao novo título. Hoje creio que é melhor 
falarm
os do Humanismo na Psicologia, do que da Psicologia 
Humanista 
O
 essencial do que quero dizer a respeito 
desse assunto pode ser colocado em algu-
m
as poucas proposições. E a prim
eira é a 
seguinte: o hom
em
 não é um "bicho que fala'\_m!§ 
ele é a própria palavra, isto é, ele é palavra. Reen-
contro aqui um
a ideia que é tanto de Heidegger 
Vera Engler Cury 
: 
como de Buber: não é a linguagem
 que se encontra 
i 
no hom
em
, m
as o hom
em
 que se encontra na lin-
.! 
guagem
. A
 segunda proposição é que isso não é_· 
"poesia" ou jogo de palavras, como talvez possa 
parecer. '!'rata-se de um
a afinnação muito precisa, 
j 
que nos ~oloca num
 outro âmbito de considera-
J 
ções, ou seja, que im
plica mudança radical de pon-
to do .;.,. E • tm
cira é j.......,re 'I"' ""' 
.. • 
\ 1 1. 1 1. \ i 1, 1 1., 1 1:;' ::,;'i 1 ( \' ! \.' ,. ,, 'i 1 \i I' i, ji:, 
I' r I' !j. 1 ,:1 ,1, 1:: 11 ,! 1. r 
,,.,,..,.__...,.,.,.,.....,'S'YLl'C:ft>>»--c 
10 
M
auro M
artins Amatuzzi 
m
udança radical de ponto de vista é o que m
ais caracteriza a con-
tribuição do hum
anism
o para a psicologia. Não se trata, com
 efeito, 
nem
 de um
a m
udança de objeto, nem
 de um
a m
udança de m
étodo, e 
~em
 m
esm
o, quem
 sabe, de um
a m
udança teórica. Trata-se na rea-
hdade de um
a m
udança na relação com o objeto. Essa m
udança é 
capaz de assum
ir em
 determ
inados m
om
entos o m
esm
o m
étodo, só 
que num
 contexto onde o sentido global é outro, o que faz com
 que a 
visão resultante (a teoria, nesse sentido) seja outra, m
ais abrangente, 
capaz de conter as visões anteriores, só que com
o parciais, e reco-
nhecidas com
o parciais. N
essa nova visão a teoria, aliás, se tom
a ela 
m
esm
a relativa: não se trata m
ais de teorizar, como um fim. A
 teoria 
passa a ser ela tam
bém
 um
 m
om
ento de algo mais amplo, que é o que 
afinal im
porta. E esse algo m
ais am
plo é antes um
 com
prom
isso que 
um
a teoria. 
Um
a das coisas que subjaz a essas proposições é que a 
consideração do sentido é fundam
ental. Para com
preender o ser 
hum
ano, tenho que lidar com
 questões de sentido. A
 consideração do 
ser hum
ano em
 term
os de causa e efeito, antecedente e consequente,_ 
parte e todo, por m
ais cabível, correta ou verdadeira que possa ser" 
não dá conta do que seja o ser hum
ano com
o totalidade em 
m
ovim
ento. Em
 outras palavras: posso explicar certas ocorrências 
hum
anas ou com
portam
entos a partir de "causas" internas ou 
externas (m
otivações inconscientes ou configurações de estím
ulo, 
por exem
plo), posso analisar relações de antecedente-consequente 
( com
o por exem
plo o efeito de um
a recom
pensa), ou posso explicar 
certas coisas em
 função das relações parte-todo (com
o por exem
plo 
quando digo que o m
odo de ser de um
a pessoa é a repercussão 
individual de problem
as ou situações coletivas bem
 caracterizáveis). 
Posso ainda descrever com
o é que tudo isso se articula num
a espécie 
de história geral de conflitos e fantasias, e que se aplicaria a todas as 
pessoas ou à m
aioria (psicologia do desenvolvim
ento). Cada um
a 
dessas coisas é válida e possível, e de fato é feita, com
 m
uitas 
pesquisas, certam
ente. M
as nenhum
a delas em separado, e nem
 todas 
som
adas, dão conta do.ser hum
ano com
o totalidade em
 m
ovim
ento. 
A
lgo fica faltando, e não é algo que possa ser cum
prido dentro de 
cada um
 daqueles enfoques. N
ão é tantq que essas explicações 
estejam
 incom
pletas. Sim
, até estão, e haverá sem
pre m
ais a 
Por uma Psicologia Humana 
li 
pesquisar nessa linha. M
as a incom
pletude a que m
e refiro é de outra 
ordem
.-Talvez "explicações" dessa natureza não bastem
, e por m
ais 
que som
em
os explicações não estarem
os entendendo ainda o 
principal desafio que se coloca para nós face ao nosso viver: E,..9!!.e 
vam
os fazer com
 nossa vida? Que sentido vam
os dar a ela, e de tal 
form
a que não nos isole de um sentido m
ais global? 
Sob esse enfoque o ser hum
ano nos a arece não com
o 
resultante 
e um
a séne de coisas, m
as com
o, fundam
entalm
ente, o 
iniciante de um
a série de coisas, e os desafios daquilo que ele deve 
criar não são respondíveis com
 explicações daquele tipo. O
 hom
em
 
só aparece naquilo que ele tem de m
ais próprio, com
 a questão fil> 
sentido, não com
 a questão da causa explicativa. A
 relação 
, 
explicativa se refere ao hom
em
 com
o resultado, com
o repertório, ou 
com
o recebido, e, portanto, em definitivo, ao hom
em
 como passado. 
Não se refere ao homem atual, ao hom
em
 desafiado, ao hom
em
 tendo 
que responder e posicionar-se, ao hom
em
 presente (face a um
 
futuro). Este hom
em
 · atual, presente, desafiado, interpelado, em
 
m
ovim
ento, é o que encontra as questões de sentido: essas são as 
questões presentes, que surpreendem
 o hom
em
 com
o existente (não 
apenas com
o natureza, com
o diria M
erleau-Ponty). 
D
izer que o hom
em
 é um
 "bicho que fala" ( o que equivale a 
dizer que é um
 "anim
al racional") é ficar no âm
bito das explicações, e 
portanto, do hom
em
 com
o resultado. M
as isso não é ainda o hom
em
 
atual. Só poderem
os chegar a ele m
udando o ponto de vista e 
assum
indo as questões de sentido que definem
 sua atualidade. O
 que 
ele fala? O
 hom
em
 atual, presente, existente, é constituído pelas 
í 
questões de sentido. Ora, a palavra é exatam
ente a questão do 
' 
sentido. P~r isso o hom
em
 atual se encontra na palavra,e nâo o 
contrário. E na decifração de suas questões de sentido que o hom
em
 
:i 
pode se instaurar em sua atualidade. M
as é preciso tom
ar cuidado: 
essa. de~ifração pode ser vivida com
o um
a redução ao esquem
a 
/l 
explicativo onde apenas encontrarem
os o hom
em
-resultado e não o 
'f 
hom
em
 em
 sua atualidade. Isso, para M
erleau-Pon~, seria 
([ 
perm
anec\:r no nível da palavra secundária, da fala inautêntica, do 
falar sobre, da fala sobre falas. A
 fala sobre falas é ainda um discurso 
no passado. A
 decifração do sentido só será um
 discurso no presente 
i 
se for vivencial, experiencial,. um
a vivência do próprio sentido 
>i t i 
'~
 
!' 1 li 1 1 1 i i 1 i i1 i: :1: ·i. i i!i! 1 
1 ,11 
,, 
1 
I''' 
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I ',,, ,,1 
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1
• 
:,1 
:i::: 
'!,; 
::!, 
!!/;1 
,, 1 i' i i 
12 
M
auro M
a11ins Am
atuzzi 
Por um
a Psicologia Humana 
13 
processo. O
 hom
em
 com
o resultado, ou a cultura com
o produto, não são 
ainda o hom
em
 atual ou a cultura que se faz. 
A
credito que o sentido do hum
anism
o em
 psicologia é o de nos 
criando novos sentidos. É enfrentando os desafios que vou 
decifrando os sentidos e criando novos sentidos. A decifração dos 
sentidos que permanece no atual identifica-se com o enfrentamento 
dos desafios, e não é apen~ um
 estudo deles. 
O
 hom
em
 atual, portanto, encontra-se no assum
ir as questões 
de sentido e isso significa um
a reviravolta com
pleta de perspectivas 
t 
(do hom
em
-resultado para o homem-atu11I). E é exatam
ente essa 
reviravolta que faz o sentido do hum
anism
o na psicologia. 
. 
2 
colocannos na postura do atual, do presente, do atuante, do em
 cursei; 
e todas as explicações só terão valor com
o instrum
entos para isso, 
m
esm
o que, com
o instrum
entos, perm
aneçam
 aquém
 dessa 
atualidade. 
A
ntes de passannos para um
 outro ponto, gostaria de trazer aqui ij 
um
a consideração paralela que pode nos ajudar a com
preender essa 
:: 
questão que acabo de fonnular. A
 diferença que existe entre essas duas 
{ 
perspectivas é a m
esm
a que existe na consideração da cultura com
o f 
resultado ( ou com
o produto), e~
 cultura com
o ato cultural. Um
a coisa é 
J 
estudar os produtos culturais (objetos, m
áquinas, obras de arte, J 
utensílios, ou outros produtos com
o a ciência, a religião, ou as estruturas 1 
de parentesco ou estruturas de relações de trabalho etc.) de algum
 grupo 
:1 
social ou sociedade. Aqui estam
os estudando a cultura de um
 povo d 
com
o algo dado, e, portanto, acabado. Outra coisa com
pletam
ente 
diferente ( em
bora possa incluir a prim
eira) é ser agente cultural, 
produzir cultura, inserir-se num
 m
ovim
ento vivo de produção cultural: 
' 
A
 diferença entre essas duas coisas é clara. Ora, acontece que o tenno 
; 
"cultura" pode ser definido em
 rim
a dessas duas direções, originando-se 
; 
daí m
uita confusão. A
 cultura que é vista pelo estudioso não tem
 nada a 
J • 
ver com
 a cultura que é praticada pelo agente cultural. No prim
eiro caso t 
tem
os um
 produto acabado e m
ais ou m
enos estático: é a cultura com
o 
j 
produto cultural. No segundo, tem
os a cultura com
o conteúdo de um
 
( 
m
ovim
ento incessante, algo em
 constante m
utação. No prim
eiro caso 1 
fazem
os história no sentido de retratar~ passado ( ou algo acabado), no 
iA
 
segundo fazem
os história no.sentido de construir a história em
 curso. E a t 
história que fazem
os retratando só tem
 sentido em função da história que 
· 
estam
os construindo. A
 cultura de um
 povo não é algo feito, m
as algo 
que se faz, e reduzir um
a coisa à outra é, na realidade, esm
agar o 
potencial criativo de um
 povo, e tentar estagnar um
 m
ovim
ento, 
im
pedindo que esse povo enfrente seus verdadeiros desafios. A
 cultura 
há que ser definida com
o um
 processo vivo e não com
o um
 conjunto de 
produtos acabados. O
 ser hum
ano tem
 que ser captado em
 seu 
m
ovim
ento, e isso só pode ser feito movirnen_tand<>-§_;_ · 
' 
V
oltem
o-nos agora para o Hum
anism
o, e vejam
os o que essa 
palavra nos sugere. Podem
os encontrá-la usada pelo m
enos de quatro 
m
odos diferentes em
 relação à Psicologia. 
1. No sentido estrito o Hum
anism
o é um
 m
ovim
ento cultural, 
europeu, tendo seus prim
órdios já no século XIV, e quê 
esteve m
tunam
ente hgado à Renascença. M
as é talvez daí 
que o term
o tenha se generalizado, podendo ser aplicado a 
qualquer filosofia que coloque o hom
em
 no centro de suas 
preocupações, ou com
o um
 adjetivo aplicável a outros 
m
ovim
entos, com
o é o caso da ''psicologia hum
anista" 
(ou do hum
anism
o na psicologia). 
O
 m
ovim
ento cultural da Renascença precisa ser entendido 
em
 função de seu contexto. D
e algum
 m
odo ele aparece 
com
o um
a espécie de reação contra um
 sobrenaturalism
o · 
m
edieval que na4uela época significava um
 desprezo pelo 
. que é hum
ano: nada das coisas desta vida é im
portante a não 
ser aquilo que aqui é um
a aquisição de m
éritos para a vida 
futura, eterna, após a m
orte. A
 vida presente, nesse sentido, 
não é levada a sério em
 sua consistência própria, não tem
 
valor nenhum
 em
 si m
esm
a. O
 próprio hom
em
, em
 si, em
 seu 
corpo, não precisa ser cultivado, um
a vez que seu destino é a 
· m
orte; o im
portante é cuidar da alm
a im
ortal. As coisas do 
m
undo são transitórias e um cenário passageiro para as 
coisas eternas, que são as que im
portam
. A
 arte, a ciência, a 
política, a beleza, a flexibilidade corporal não são coisas que 
devam
 deter o interesse do sábio, m
as sim
, as coisas eternas, 
~brenaturais, as virtudes da alm
a. A
 saúde do corpo, a 
m
aturidade psicológica não são im
portantes a não ser com
o 
substrato m
ínim
o para as virtudes que nos preparam
 para a 
vida eterna O
 hum
ano, o tem
poral, este m
undo são assim
 '" 
M
auro M
artins Amatuzzi 
altam
ente desvaloriz.ados em
 favor do espiritual, do eterno, 
do sobrenatural. A cultura antiga, representante desse 
~um
ano, era, assim
, mais ou m
enos desprezada, ou então era 
) 
hda com
o um
 sím
bolo ou apelo de algo outro, m
aior. Não 
:, 
que isso tivesse caracterizado a Idade M
édia toda. M
as era a 
\ 
form
a com
o um
a face do pensam
ento m
edieval foi lida a 
:, 
partir do ponto de vista da Renascença e do Hum
anism
o. f 
U
m
a nova necessidade nos faz frequentem
ente caricaturar a · f-
. visão anterior. Seja lá com
o for, esse hum
anism
o nasceu sob 
t 
a bandeira da revalorização do hum
ano, o que significava na 
prática um
 retom
o aos clássicos, e à cultura pagã 
g 
greco-rom
ana. O
 que é hum
ano tem
 um valor em si mesmo 
e não coiµo m
ero suporte ao sobrenatural; este m
undo não ê 
apenas um
 cenário provisório e sem
 im
portância para algo ! 
que ~
o
 tem
 n
~
 a ver ~m
 ele; o tem
po, o ~ue se constrói t 
paulatinam
ente, o crescunento hum
ano são 1D1portantes ( o 
tem
po, e não a eternidade, é onde se constroem
 as coisas, e 
j 
estas coisas que construím
os). O
 hom
em
 é coipo tanto 
i 
quanto alm
a, e é com
o um
 todo que ele tem
 que ser cuidado.. 1 
V
irtude é o desenvolvim
ento das potencialidades hum
ana( 
. 
. e não algo acrescentado de fora. Para alguns isso representou 
um
a rejeição da visão teológica das coisas, e no século X
X
 
isso é representado pelo hum
arúsm
o ateu ( cujo exem
plo 
m
ais contundente é Sartre). Para outros essa revalorização t 
do hum
ano, do m
undo, do tem
po não se define por um
 
J: 
posicionam
ento antirreligioso ou ateu. Existe todo um 
1· 
hum
anism
o cristão segundo o qual é na tram
a deste m
undo 
• 
que realidades definitivas estão sendo construídas ( e um 
•.; 
exem
plo em
inente desse hum
anism
o em nosso século é 1 
Teilhard de Chardin). De qualquer fonna essa revalorização 
-
. do hom
em
, das coisas do hom
em
, da história hum
ana, 
daquilo que aqui efetivamente se faz, da atualidad~ ~o 
hum
ano não se relaciona necessariam
ente com
 uma pos1çao 
religio~ ou antirreligiosa. O
 que polariza esse m
ovim
ento é 
justam
ente uma volta à atualidade do hum
ano, e um 
acreditar que esse é o cam
inho. 
~
um
a Psicologia Humana 
15 
2. Erich Fromm fala do humanismo não como um movimento 
localizado na Europa do século XIV. Ele fala de uma tradição 
da ética humanista _que encontra representantes em 
praticam
ente todas as épocas do pensamento ocidental. Ele 
próprio pretende ser um pensador que se insere nessa tradição. 
''Na tradição da ética humanista", diz ele, predomina a opinião 
de que o conhecim
ento do homem é a base para o estabelecimento 
de nonnas e valores (1947, p. 31). ''Nomias e valores" aqui 
referem-se à questão do caminho, por onde vamos, que é a 
questão do sentido. Na tradição humanista essa questão se 
responde a partir de um conhecimento do homem. E Fromm 
continua:OstratadosdeéticadeAristóteles,SpinozaeDewey[ ... J 
são por isso, ao mesmo tem
po, tratados de Psicologia Qd. ibid.). Q
 
equacionamento e o encaminhamento desses problemas são 
ao mesmo tempo ética e psicologia. Etica, porque seu 
conteúdo é a questão do sentido, do por-onde-vamos; e 
psicologia, porque para isso nos debruçamos sobre o homem 
buscando um conhecimento de sua naturez.a. Um pouco antes 
Erich Fromm havia dito: Na éticà humanista o bem
 é a afirmação 
da vida, o desenvofvim
ento das capacidades do hom
em
. A
 virtude 
consiste em
 assum
ir-se a responsabilidade por sua própria 
existência O
 mal constitui a mutilação das capacidades do hom
em
; 
~
d
e
 na i
~
l
i
d
~
t
e
 si mesmo Qd. ibid., pp. 
27-8). Rogers e M
aslow aproxim
am
-se bastante de 
semelhantes concepções. No fundo existe uma crença no 
homem, uma confiança no que nele se manifesta. A expressão 
teórica disso é a tendência atualiz.ante de Rogers, ou o 
conceito de autoatualização de M
aslow. 
O
 que está na raiz do hum
anism
o não é, pois, apenas um 
postulado teónco, ou um
a hipóte_se, mas um
a atitude 
· . concreta em favor do homem. Isso é mais fundam
ental que 
as teorias que a partir daí se constroem. Teorias diferentes 
sobre o homem podem ser consideradas hum
anistas. O
 que 
1,s une não é tanto que todas aceitem
 detenninadas 
· afirm
ações, mas uma atitude. Por isso Fromm fala de uma 
tradição ética: há valores envolvidos, mais que afirmações 
· abstratas. Há posicionam
entos e com_p_romissos, e não 
,. 
ftl)B
'~V
IH
'A
''-Y
FI..('A
'-'-V
l'l•"'~'K
e«+""""..,_"'" 
--
17 
M
auro M
artins Am
aruzzi 
!2! uma Psicologia Humana 
apenas teses cogm
·ti 
(" 
• 
-
. 
. . 
vas 
Isso nao quer dizer é claro que 
,. 
esses posic10 
d 
' 
' 
· 
nam
entos 
evam
 ser ingênuos: existe toda 
questionam
ento não era apenas teórico: teve inum
eráveis 
m
anifestações pessoais e coletivas, as quais certam
ente 
tiveram
 um
a im
portância para a retirada das tropas 
am
ericanas do Vietnã. Tudo isso representou um grande 
questionam
ento coletivo do sentido da presença am
ericana 
um
a elabo 
-
' · 
. 
raçao cntica posterior que tende a confirm
á-los 
e Isso no próprio Erich From
m
) 
' 
3. A
ndré A
m
ar 
num
 
· -
d · 
. 
· 
. 
. . 
' . 
ª visao 
e conJunto da história da 
p_sicologia publicada num
 dicionário de psicologia francês, 
situa q~tro m
om
entos dessa história. O
 da psicologia 
hu~m
sta, que, na sua consideração, é o que vem
 da Idade 
M
édia ou m
esm
o da A
ntigüidade grega, e vai até o com
eço 
dã ~s~cologia científica; caracteriza-se basicam
ente por um
 
posicionam
ento ético, isto é, por um
a não-dissociação entre 
um
a pesquisa objetiva, digam
os, e um
 posicionam
ento de 
:i 
valores: é a psicologia brotando do contexto de um
a ética de 
:, 
üiiiã'visão do sentido da existência O
 segundo m
om
ento' é o 
da psicologia científica onde exatam
ente se dá essa ruptura 
(Í 
entre a objetividade científica e a ética. Ele situa depois, 
;: 
com
o terceiro e quarto m
om
entos, a psicanálise e a i\ 
psicologia fenomenológica, e neste últim
o, principalm
ente, 
com
eçam
 a reaparecer coisas do prim
eiro m
om
ento. .~ 
ti 
curioso notar que esse autor, sendo europeu, não fala da . i! 
psicologia hum
anista tal côm
o esse conceito aparece nos 
r'. 
Estados Unidos, com
o algo bem
 específico, m
ais do que no 
fi 
sentido de Erich From
m
, inclusive. Sua classificação sugere 
tam
bém
 que além
 de. um
 posicionam
ento ético 
\i 
indissociáveL um
a psicologia hum
anista im
plicaria um
a 
crítica à atitude científica. Retom
arem
os a esse ponto. 
V
em
os que esses três sentidos de hum
anism
o convergem
 
[! 
em
 seu · denom
inador com
um
, apontam
 para o m
esm
o 
ponto, têm
 o m
esm
o "sentido". 
. 
• 
( 
4. M
as con~entre~o-nos _agora, então,_ na psicologia l 
hum
anista no sentido restnto e contem
poraneo do term
o. E 
. aqui dois livros. que se tom
aram
 clássicos, por exex_nplo, f 
· Psicologia Existencial Humanista, de Thom
as Greem
ng, e f 
A Psicologia do Ser, de A
braham
 M
aslow
. É o tem
po e a 
:Í 
década de 1960 nos Estados U
nidos. Tem
po de guerra do 
V
ietnã; 'crise m
oral, de valores. O
 país envolvido por um
a 
guerra considerada absurda pelo povo am
ericano. E esse i .. i' ri 
no m
undo. Um
a crise ética. 
Esta psicologia hum
anista surgiu como uma reação, a partir 
aâ m
satisfação sentida face aoscfoiscÕn_füntos teóricos mãis 
im
portantes em psicologia: o behaviorismo e a p
s
i~
; 
m
 com
o face a uma descrença nas possibilidades da 
filosofia Não se tratava de negar as descobertas feitas no 
behaviorism
o e na psicanálise, mas de um sentim
ento de que 
eles, perm
anecendo em suas perspectivas originais, não 
traziam
 as respostas de que se precisava: o ser humano com 
seus questionam
entos atuais não estava lá, por mais válidas 
que fossem as explicações aí dadas. Poderíam
os dizer que 
essa psicologia, perm
anecendo nos quadros de sua ortodoxia, 
podia nos dizer como treinar um
 soldado, ou porque um 
soldado ficava perturbado quando voltava da guerra, mas não 
era esse o problem
a do povo americano. O
 problem
a era qual 
o sentido da guerra, e qual o sentido da vida e da m
orte ( ou da 
m
inha vida e m
orte, ou de m
eu filho ou de meu m
arido). E 
aqui a psicologia tradicional não ajudava muito. E tudo isso 
era urgente: os jovens estavam
 morrendo, e o holocausto já 
estava no horizonte. Quanto à filosofia, para M
aslow pelo 
m
enos, ela aparecia com
o um
 conjunto de palavras apenas, 
sem
 nad.a de m
ais concreto. 
Quando o hum
anism
o afeta a psicologia, então, resulta daí não 
uma teoria específica, nem
 m
esm
o um
a escola, m
as sim
 um
 lugar 
com
um
 onde se encontram
 (ainda que com
 pensam
entos diferentes) 
todos aqueles psicólogos insatisfeitos com
 a visão de hom
em
 
im
plícita nas psicologias oficiais disponíveis. O
 rótulo específico de 
psicologia hum
anista é apenas um
 episódio, diria m
om
entâneo, de 
algo que tém
 um
 sentido m
aior: a presença de um
a atitude hum
anista 
no interior da psicologia. 
-
-
.. 
M
auro M
artins Ama!tJZZi 
~e~o qu_e p~sso colocar esse sentido m
aior em
 quatro pontos: 
· 
pnm
eira parte do livro de M
aslow
 tem
 por título 
exatam
ent ''U
 
'urisdi• -
· 
. 
e 
m
a J 
çao m
ais am
pla para a psicologia", e 
os_ dois ~pítulos que com
põem
 essa parte são: "Para um
a 
psicologia_ da saúde", e "O que a psicologia pode aprender 
co~ os e_xistencialistas". Trata-se, no fundo, de admitir que a 
psicologia possa trabalhar a questão dos fins, da saúde, dã 
ai:torrealização, e não apenas dos m
eios, da doença ou do 
aJustam
ento m
ínim
o. M
as isso tudo é a questão do "para onde 
vam
os". A
 psicologia não pode ser apenas um
 conjunto de 
conhecim
entos técnicos a serviço de qualquer finalidade; é J 
enquanto tom
a para si tam
bém
 essa questão que ela se faz 
·i 
afinal um
a ciência do hom
em
, e não antes. 
j 
Isso tem
 a vercom
 a neutralidade ética da ciência com
o 4 
algum
a coisa . a ser redim
ensionada ( é acredito que essa 
;j 
questão não se aplique apenas às ciências hum
anas). A :j 
ciência só é eticam
ente neutra form
alm
ente, abstratam
ente. íl 
O
 ato científico concreto nunca é neutro: ele se insere num
 i 
contexto de sentido e serve a algum
a direção do cam
inhar 
hum
ano. Para nos convencerm
os disso, basta q1;1;e * 
considerem
os os critérios de financiam
ento de pesquisa. 
. 
) 
M
as essa não neutralidade vai m
ais longe e toca na própria l 
questão do alcance do saber: aquilo que eu vejo depend~ do 
ponto de vista a partir do qual m
e coloco P'.111' olhar. E só k 
dentro de um
 posicionam
ento de com
prom
isso com
 o ser 
hum
ano corno um
 todo ( coisa que não é nada abstrata, m
as 
acarreta até posições políticas) que m
eus olhos se abrem
 
para detenninados aspectos do ser hum
ano, ou que m
e 
E 
disponho a pc::squisar determ
inados problem
as e de um
 f 
detenninado m
odo. 
. 
Í 
2. H
usserl foi tJrn dos que iniciou 
guestionam
ent~ da 
-
aplicação do m
étodo científico à reahdade ~um
ana. Nao se 
.1 .d de das conclusões M
as se discute_ o alcance 
negaavaia 
· 
. 
? 
delas. A
quilo que elas afirm
am
 caracte~ ? ser hum
ano 
H
 
l a origina· lidade da consc1enc1a fica fora do 
· Para 
usser , 
· 
t 
r 
alcance do m
étodo das ciências naturais exatam
en e po 
sua realidade intencional ( que só é captada através da 
questão do sentido). 
Por uma Psicologia Humana 
19 
A ~ti~de científica define um tipo de relação (a relação 
obJet1ficante) que não capta a pessoa atual mas apenas 
o ser hum
ano como resultado. Para Buber, o centro da 
p~ss~a só se revela no ato da relação. As afirmações , 
cientificas podem
 ser verdadeiras mas não caracterizam 
aqwlo que é especificam
ente humano. 
A m
aneira com
o costum
a ser tratado o processo de 
comunicação dentro de uma abordagem científica seria um 
exem
plo interessante. O
 processo pode ser dividido em seis 
momentos: I) o da mensagem intencional a ser comunicada; 
2) o da codificação da mensagem; 3) a comunicação ou 
expressão propriamente dita; 4) a recepção da comunicação 
através das janelas sensoriais; 5) a decodificação no nível 
central superior; e 6) a compreensão da mensagem. Tenho 
seis coisas diferentes e bem específicas (e um distúrbio de 
comunicação pode ser situado em um desses seis estágios). 
Por mais útil que possa ser tal esquema, em termos de 
com
preensão do que V!=lll a ser a comunicação ou mesmo o ato 
expressivo, nada de mais falso do que esse retrato. Para não 
falar senão de um aspecto, a própria mensagem depende dos 
passos seguintes, neles se transforma, não está plenamente 
constituída independentemente deles. Ela só se tom
a o que é 
quando já não é mais pura mensagem intencional (mas já é . 
com
unicação, por exemplo). A ciência tradicional não tem
 
com
o lidar com isso. 
Um
 outro exemplo é o do gesto significativo:. o dedo que 
aponta para a lua, por exemplo. Idiota é aquele que, quando 
aponto para a lua, olha para meu dedo. A essência de um 
gesto só é dada fora dele. Olhando para o dedo, por mais que 
o analise e disseque cientificam
ente, não chegarei à lua, e 
portanto, nem mesmo à realidade de minha mão atual como 
gesto, como presença Ora, o homem é essencialmente um 
gesto, em sua presença ou em sua existência, Ele é um 
atribuidor de sentido, e é assim que ele constitui um mundo e 
se constitui a si mesmo na relação com o mundo. Se 
separarm
os as coisas, com
partim
entalizando-as, não mais 
verem
os a realidade significativa, a atual, o presente. N
a~ 
m
ais diferente de Ull1 movimento que um retrato, nada m
ais . 
diferente de um ser vivo que um cadáver. 
--
M
auro M
artins AmatUZz; 
Capítulo I II 
A
 diferen a entre a 
es uisa ob·etiva e a 
artici ante 
tam
bém
 ilustra a m
esm
a questão. Não se trata apenas de 
um
a diferença de m
étodo para se conseguir o m
esm
o 
resultado. O
 saber produzido é concretam
ente outro, o 
. 
. 
assunto pesquisad? é outro, o possuidor do saber é outro. 
Silêncio e Palavra 
Trata-se de um
a diferença na form
a de conceber a relação : 
h~
ana e o conhecim
ento. 
:, 
3. QQ.sto d~ ente~der a atitude fenom
enológica por com
para'2o S .. : 
co?I a atitude m
gênua e a crítica. Segundo a atitude ingênua, .li 
existe um
 m
undo independente, constituído por si m
esm
o, e '1 
~m
o tal cognoscível (e M
aslow fica ainda nessa atitude, ao ~j 
qu~ par~e; ê o preço que ele paga por não ter sido um
 pouco 
m
ais filosofo). Já na atitude crítica, sabem
os que o que (t 
Jlllltam
ente com
 a questão do sentido, temos tam
bém
 a 
questão da palavra, não menos im
portante para caracterizar o 
hwnano. Nada entenderemos do "aparelho significatório" 
( expressão que poderia substituir a de "aparelho psíquico') 
sem
 levar em
 conta a intencionalidade e a linguagem
. F.$e 
texto foi publicado originalm
ente em 1992, na revista Estudos 
de Psicologia (PUC-Campinas), 9(3), pp. 77-96, com
 o título 
O
 süêncio e a palavra. Faço aqui pequenas alterações de 
detalhes apenas para m
elhor expressar o que está sendo 
exposto. No item
 III, quando se trata do secundário, houve 
m
odificações um
 pouco m
aiores, m
as m
esm
o assim
 
consistiram
 apenas em
 acréscimos de algwnas poucas frases 
visando explicitar a relação do -tem
a com
 a psicologia e a 
psicoterapia. 
ercebem
os desse .m
undo depende de nossos referenciais. il 
Costum
a-se referir a Kant, com
 sua crítica ao conhecim
ento, f 
para o nascim
ento m
ais forte dessa atitude; é preciso ;' 
relati~
 o conhecim
ento e estudar os referenciais através : 
dos quais ele se dá. Creio que a atitude fenom
enológica vai 
além
 da crítica, e eu a form
ularia assim
: é só na interação que J 
terem
os o verdadeiro conhecim
ento. O
 conhecim
ento 1) 
compõe a interação hum
ana com o m
undo, é um aspecto dela. ~; 
~ma_ m
tei:açâo s~
 conhecim
ento é po?re e de um
 nívef /i 
infenor, e ilude se nao nos derm
os conta disso. O
 hum
anism
o 
t; 
em
 psicologia aponta para um
a atitude Jenomenologica. 
. 
. 
. 
, 
. 
4. E só nessa postura totalm
ente diferente que se revela O
 
~: E stecapítulopodenaterosegum
tesubt_itulo. 
hom
em
 no que ele tem
 de próprio. A
quilo que se revela aí é ;: 
um
a leitura de M
erleau-Ponty a partir das 
um
a totalidade em
 m
ovim
ento, um
a criatividade, e não íl' 
preocupações de um
 psicoterapeuta. De 
com
pletam
ente isolável de totalidades m
ais abrangente;,o b fato, ele não pretende reconstituir o pensam
ento 
hom
em
 com
o pessoa atual é o hom
em
 com
o palavra, isto é, 
desse M
erleau-Ponty em
 seu contexto próprio e a 
com
o abertura para algo outro, onde corpo e alm
a são 
(;. pàrtir das questões que ele se colocava. M
as visa 
indissociáveis (não podendo ser com
preendidos um
 sem
 o 
1:-
responder a um
a pergunta com
o "em
 que esse filó-
outro); é ato e não resultado (isto é, existe na interação com
 
· sofo nos faz pensar, a nós psicoterapeutas?", ou 
· o m
undo e com
 os outros hom
ens); é busca de sentid<?, 
"em
 que ele pode nos ajudar a pensar nossas pró-
atribuição e com
unicação de sentido, criação ~e m
ais 
: prias questões?". É claro que essa elaboração ~res-
~
-
N
o fundo, a m
eu ver, a presença do Hum
anism
o na 
. supõe um
â prim
eira leitura dos textos a partir da 
Psicologia é a presença de um
a saudade. _ Saudade . do 
qual algum
as pistas foram
 surgindo. Um
a dessas 
hom
em
 atual, desafiado no presente em
 relaçao ao sentido l pistas é a ideia de silêncio, não apenas com
o ausên-
de sua vida. 
eia de ruídos, m
as com
o algo positivo e em
brioná-
t /. . .

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