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(1) Na década de 1930, em um movimento contrário às visões de homem behavioristas e psicanalíticas, duas correntes de pensamento começam a despontar: a Psicologia Gestáltica, precursora do movimento cognitivo, resgatando a exploração científica da experiência consciente; e os estudos acerca da personalidade, recuperando a centralidade da experiência consciente. De diferentes maneiras, estes movimentos defendiam uma psicologia compreensiva, capaz de considerar o ser humano em sua singularidade e totalidade. Desta forma, surge uma nova orientação, a Terceira Força ou Psicologia Humanista, e uma nova forma de compreender o ser humano na Psicologia: foco na experiência consciente; abordagem do ser humano em sua totalidade e integridade; compreensão da limitação da condição humana à relação eu/corpo/outro/mundo, mas nem por isso destituída de autonomia e liberdade; visão e metodologia antirreducionista; e abertura para a experiência, para a possibilidade de escolha e para a possibilidade de redefinição do sentido de vida. (2) O humanismo é um movimento histórico comprometido com a busca individual por mudança de sentido de vida, com a mobilização por justiça e reformas sociais, com a valorização da individualidade humana, com a promoção de revoluções individuais, com a melhoria da qualidade de vida. Assim, constitui-se como um movimento de grande importância para o desenvolvimento da Psicologia Humanista, que se apropriou destes conhecimentos para direcionar seu olhar ao ser humano. (3) A Abordagem Centrada na Pessoa caracteriza-se pela crença nas potencialidades de desenvolvimento e crescimento psicológico em condições comunicativo- relacionais realistas, sensíveis e compreensivas. A Gestalt-terapia considera o homem como uma unidade irredutível e se define como uma intervenção psicológica não-interpretativa, a-histórica e existencial, orientada ao aqui e agora, à atualidade do processo terapêutico e à decisão existencial da escolha, sem recorrer a análises e interpretações. Por fim, a Logoterapia é uma escola de tratamento psicológico caracterizada pela exploração da experiência imediata, baseada na motivação humana para a liberdade e para o encontro do sentido de vida. (4) O Existencialismo busca a realidade subjetiva do indivíduo, assinalando a experiência da interioridade individual como válida e concreta em todos os seus aspectos (dor, morte, angústia), valorizando a expressão autêntica da subjetividade humana. A Fenomenologia é um método descritivo e reflexivo para o estudo da experiência consciente, considerando esta uma evidência para a investigação. Estes movimentos são relevantes à Psicologia Humanista por criticarem as leis mecanicistas e a generalização e rotulação do ser humano por meio de leis universais e convergem em uma Fenomenologia Existencialista quando se trata de psicoterapia. (5) A natureza interna constrói cada indivíduo essencialmente, é biologicamente constituída; é de certa medida "natural", intrínseca e, num certo sentido, limitada, invariável ou invariante. Pode ser definida como algo, em parte, singular do indivíduo e, em parte, universal da espécie. Pode ser descoberta, observada, estudada através de métodos científicos, mas não inventada. É neutra ou boa, não má, já que as necessidades básicas humanas são, também, aparentemente neutras. A destrutividade, a maldade e a crueldade parecem não ser características intrínsecas à natureza humana, mas sim reações à frustração das nossas necessidades. (6) Para Maslow, há relação entre o crescimento, a realização e a atribuição da dor no processo de desenvolvimento humano, pois não permitir às pessoas expiarem seu sofrimento e protegê-las da dor poderá resultar numa espécie de superproteção que, por sua vez, implica em uma certa falta de respeito à integridade, à natureza intrínseca e ao desenvolvimento futuro do indivíduo. A mágoa, a aflição e a dor também devem ser enfrentadas, pois, por vezes, são necessárias ao crescimento do indivíduo, podendo ser boas e desejáveis, tendo em vista as consequências finais, não precisando ser tomadas como coisas más. (7) Para a Psicologia Humanista, o homem não é meramente resultado de seu ambiente, de sua biologia, de suas influências, mas um ser agente, existente e realizador, provido de potencial transformador de sua própria realidade, capaz de investigar suas próprias possibilidades, verdades e necessidades, de conduzir, escolher, alterar e agir frente aos rumos de sua vida. (8) Deve a Psicologia Humanista alterar o significado do termo ciência para adequar o seu objeto a ele, ou limitar o escopo de suas investigações para adequá-las à ciência moderna? O problema central se posiciona em relação a ciência, ou seja, a atividade cientifica não pode prescindir daquilo que a caracteriza, a descoberta de funções na natureza, de relações estáveis de causa e efeito ou sistemas retroalimentativos estáveis. A solução para esse impasse seria uma análise do sentido da experiência humana como verdadeiro objeto de estudo da psicologia, como a completa descrição do que significa estar vivo e da variedade de experiências que lhe são possíveis. Assim, todos os aspectos da experiência humana se tornariam foco da pesquisa: o amor, o ódio, a felicidade, o morrer. (9) Para Goldstein, o organismo é único e possui uma provisão de energia constante, igualmente distribuída, e a autorregulação é a busca pelo retorno a este estado médio de tensão após estímulos que o alteram, o ajuste de comportamento às necessidades de cada situação. Para Neill, a autorregulação é a capacidade de encontrar seu próprio caminho, acreditar na bondade de sua própria natureza, ser livre para ser e viver, respeitando a liberdade do outro. Para Perls, a autorregulação é o movimento que estimula o indivíduo a crescer, a se desenvolver, a buscar o equilíbrio entre sua necessidade de satisfação e de eliminação da tensão, a discernir o que é saudável e o que é prejudicial, a fazer o melhor ajustamento possível para se preservar enquanto ser integral. Para Reich, a autorregulação é a manifestação de algo maior dentro do ser humano, aprisionado pelas nossas posturas rígidas, e deve ser preservada e estimulada, já que é um processo natural da vida. Para Rogers, a autorregulação é a tendência intrínseca das criaturas vivas a crescerem e se curarem, uma capacidade de saber e buscar o que é melhor para si. E, por fim, para Maslow, a autorregulação se dá por meio da autoatualização, ou seja, da análise de vivências, valores e atitudes e adoção daquelas que parecem mais eficientes, da plena absorção das experiências, abertura a novas escolhas, sintonia com sua natureza íntima, primazia pela honestidade, responsabilidade por seus atos, confiança em si próprio e reconhecimento de suas próprias defesas.
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