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Gestalt terapia capitulo 5

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! 
/ 
. .:i 
•\, 
5 
A
 psicologia hum
anista e a 
abordagem
 gestáltica 
., ~-
IUS;Jl-i=iiM
§Hi·Sêi•••=Hi=i§í•M
mm 
A
o estudar a história da psicologia, percebem
os que por 
m
uitos séculos essa disciplina esteve vinculada à filosofia. N
o 
final do século 19, os acadêm
icos da época resolvem
 distan-
ciar um
a da outra, dando origem
-ao que se cham
ou de psico-
logia m
oderna, que hoje tem
 um
 cam
po conceitua! e teórico 
próprio. Segundo L
im
a (2009), um
a corrente da nova ciência 
se voltou para a fisiologia, tentando dar um
 cunho experi-
m
ental e científico à disciplina; outra, de, m
enor realce, se 
voltou para um
 entendim
ento m
ais sociológico das questões 
hum
anas, dedicando-se ao estudo dos grupos e tentando 
identificar seus padrões de funcionam
ento. O
 prim
eiro grupo, 
de m
aior influência na nova disciplina, concebia a psicologia 
com
o um
 ram
o das ciências naturais e tom
ou cO
m
o m
odelo 
os padrões da ciência m
édica, voltando-se para o entendim
en-
to e para propostas de cura dos desajustes de ordem
 psicoló-
gica. E
sse m
odelo cientificista vigorou até m
eados do século 
passado, quando os desenvolvim
entos tanto da psicanálise 
7
6
 
; i 1 l 
G
estalt-terapia -
Fundam
entos epistem
ológicos e influências filosóficas 
com
o do behaviorism
o acadêm
ico eram
 m
uito tributários 
· desse espírito e constituíam
 as duas forças m
ais relevantes 
dentro da psicologia da época. 
N
a década de 1960 surgiu, na psicologia am
ericana, o 
m
ovim
ento cham
ado de "terceira força em
 psicologia", refle-
xo do sentim
ento de descontentam
ento que predom
inava 
contra os aspectos m
ecanicistas e m
aterialistas da cultura oci-
dental -
os quais instruíam
 tam
bém
 a -nossa profissão. Esse 
m
ovim
ento visava hum
anizar a atividade psicológica sem
 se 
lim
itar a ser apenas m
ais um
a revisão da teoria de outras 
abordagens, m
as questionar algum
as teses psicológicas da 
psicanálise e do behaviorism
o, sistem
as dom
inantes na época. 
O
s psicólogos hum
anistas eram
 contrários a essas duas cor-
rentes por considerar que am
bas concentravam
-se apenas em
 
partes do ser hum
ano, desatentos à com
plexidade da pessoa 
pela ênfase nas partes (um
, no com
portam
ento observável; a 
outra, na dim
ensão inconsciente). A
ssim
, afirm
á H
olanda 
..• (1997, p. 16), "a psicologia hum
anista nasce, pois, da necessi-
dade de am
pliar a visão do hom
em
, que se achava lim
itada e 
restrita a apenas alguns aspectos, a alguns elem
entos, segundo 
as perspectivas behaviorista e psicanalítica". 
T
ributária do pensam
ento holístico· que tam
bém
 vicejava 
nessa década, a vertente hum
anista da psicologia afirm
ou ser 
a dim
ensão não canse· 
t 
· 
· 
1en e, assun com
o o com
portam
ento 
observável, apenas um
a perspectiva da realidade do hom
em
 
e não sua totalidade. A
 consideração pela dim
ensão conscien~ 
te _do h_om
_em
 retom
ou a questão da liberdade e do presente e 
fo1 m
~1to m
fluenciada pela contribuição filosófica da fenom
e-
nologia e do 
· 
· 1· 
existenc1a ism
o, que ganhavam
 vulto na época 
O
s hum
anistas tam
b, 
, 
. 
. 
· 
em
 se opuseram
 as ideias da psicanálise 
7
7
 
' :li . 
~/ f~ '.7, .. i1 t t ( _.-.: ! f ·': :, . . ~: i.:1 ~-: -·, •O ·. ; 
Lilian M
eyer Frazão e Karina O
kajim
a Fukum
itsu (orgs.) 
p~l~ fato de Freud ter se ,baseado apenas em
 estudos de neu-
rot1cos e psicóticos, sem
 o~servar as possibilidades do indiví-
duo saudável Para el 
· nd 
b . 
-
. . 
· 
es, qua . 
se a na m
ao dos aspectos 
posm
vos do ser hum
ano, focanJlo "1l,penas o lado obscuro da 
personalidade, a psicologia ignorava forças e potencialidades 
da pessoa que os hum
anistas se em
penharam
 em
 recuperar 
em
 conceitos com
o tendência à autorrealização, status de ho-
m
em
 consciente e -
ao retom
ar a questão da liberdade com
o 
extensão conceituai -
im
portância do m
om
ento presente. 
Seus m
aiores representantes foram
 A
braham
 M
aslow
, C
lark 
M
oustakas e C
arl R
ogers, entre outros. 
M
aslow
 é considerado o pai espiritual da psicologia hu-
m
anista e foi quem
 m
ais contribuiu para incentivar o desen-
volvim
ento dessa vertente e conferir-lhe certo grau de respe1-
tabilidade acadêm
ica. A
creditava que todos os indivíduos 
tinham
 um
a força inata que os conduzia à autorrealização, 
característica usada de form
a ativa em
 todas as suas habilida-
des na aplicação plena do potencial. 
C
arl R
ogers é m
ais conhecido por sua abordagem
 de psi-
coterapia cham
ada de abordagem
 centrada na pessoa. Ele tam
-
bém
 utilizou um
 conceito sem
elhante ao da autorrealização de 
M
aslow
; porém
, diferentem
ente deste, .as ideias de Rogers não 
resultaram
 do estudo de pessoas em
ocionalm
ente saudáveis, e 
sim
 da aplicação da terapia centrada nos seus paci~ntes. Sua 
.,_ 
. 
clm
' i·ca o convenceu de que as pessoas senam
 capa-
expenenc1a 
. , 
zes de m
udar pensam
entos e com
portam
entos do indese1avel 
d 
. , 
1 de for.i:na consciente e racional, desde que en-
para o 
eseiave 
. 
_ 
Po P ropício 
principalm
ente a ace1taçao 
contrassem
 um
 cam
 
' 
. 
. 
d. . 
l pelo terapeuta. R
ogers acreditava que a persona-
m
con 1c10na 
. 
· d. , 
1 m
aneira com
o o m
 iv1-
lidade é constituída no presente, pe a 
7
8
 
G
estalt-terapia -
Fundam
entos epistem
ológicos e influências filosóficas 
duo percebe as circunstâncias; assim
, a qualidade da am
biência 
relacional terapêutica ganhou enorm
e im
portância. 
Em
 resum
o, o foco da psicanálise no inconsciente e seu 
determ
inism
o e o foco na observação apenas do com
porta-
. m
ento pelo behaviorism
o foram
 as críticas m
ais fortes dos 
novos m
ovim
entos de psicologia surgidos em
 m
eados do sé-
culo 20. É útil inform
ar que a psicologia hum
anista não é 
um
a escola de pensam
ento, m
as um
 conjunto de diversas cor-
rentes_ teóricas que têm
 em
 com
um
 a convergência hum
aniza-
dora da abordagem
 do hom
em
. 
Por suas origens fenom
enológico-existenciais e holísticas, 
a G
estalt-terapia, que se enquadra ness~ abordagem
, chegou 
ao Brasil som
ente no final dos anos 1960. O
 espírito de con-
tracultura dessa época foi construindo práticas alternativas 
no âm
bito psicológico, com
o o m
ovim
ento do potencial hu-
m
ano, surgido nos Estados U
nidos, e outras opções diferen-
ciadas do m
odus operandi vigente. Essas alternativ-as -
entre 
elas a G
estalt-terapia -, cham
adas de terceira força em
 psico-
logia, já bebiam
 da fonte do existencialism
o e do hum
anism
o. 
A
 visão 
fenom
enológico-existencial traz um
 extenso 
m
odelo de ideias, em
 especial o valor do m
undo vivido com
o 
fonte do conhecim
ento e da consciência e a concepção de ser 
hum
ano com
o detentor de liberdade de escolha, processo 
que acontece a cada m
om
ento. A
 volta à experiência presen-
te e im
ediata, tão cara à G
estalt-terapia, tem
 tam
bém
 sua 
ancoragem
 no preceito fenom
enológico de voltar às coisas 
m
esm
as -
o que, no âm
bito terapêutico, se refere ao vivido 
pelo diente. 
A
 G
estalt-terapia está especialm
ente associada ao hum
a-
nism
o pela sua visão holística do hom
em
. N
a prática terapêu-
7
9
 
r ~ t 1 
/ 
,. 
1 
1 
lilian M
eyer Frazao e K
arina O
kajim
a Fukum
itsu (orgs.) 
rica, é preciso entender o hom
em
 com
o um
 ser inteiro, em
bo-
ra, com
o diz a fenom
enologia, ele se apresente por perfis. 
A
credita 
· 
·
0 
r que existe na pessoa \.U
ll"\pO
tencial que ultrapassa 
sua existência presente, que é o im
p~fso para o crescim
ento, 
para o processo de atualização com
o um
 todo cada vez m
ais 
integrado, é a contrapartida psicológica do vir a ser existen-
cial. Esse preceito positivo é o que m
ove o esforço dessa abor-
dagem
. A
 autonom
ia do espírito hum
ano, capaz de encontrar 
por si m
esm
o a m
elhor alternativa para suas dificuldades, é 
o ponto de encontro entre o hum
anismo e a G
estalt-terapia. 
A
m
bos veem
 o hom
em
 com
o possuidor de um
 valor positivo, 
capaz de se autogerir e de se autorregular sem
 a tutela de au-
toridade externa, inclusive a do terapeuta'. 
C
ontudo, notam
-se na prática gestáltica atitudes que re-
velam
 alguns rem
anescentes do hum
anism
o individualista an-
tropocêntrico. O
 m
al-entendido sobre o hom
em
 com
o centro 
de todas as coisas tem
 encontrado aprovação terapêutica em
 
frases tais com
o "V
ou cuidar de m
im
 e o resto que se dane", 
"M
inha fam
ília não tem
 nada a ver com
 a drogadição do m
eu 
irm
ão, ele sem
pre foi difícil", "É
 um
 problem
a m
eu e você 
não deve se preocupar", "N
ão vou m
udar m
inha atitude para 
ajudar ninguém
; pois quem
 vai m
e ajudar?" Essas frases têm
 
sua legitim
idade na experiência presente do cliente e seu sen-
tido atual deve ser com
preendido profundam
ente pelo profis-
sional. N
ada de julgam
entos apriorísticos na abordagem
 ges-
táltica. Julgam
entos m
orais fechados à investigação do sentido 
são a m
eu ver: a m
aior debilidade e a grande falência de um
a 
' 
' 
escuta terapêutica. N
ão estam
os nos referindo à desatenção 
pela com
preensão do ponto de vista do cliente, atitude central 
para a fertilidade do encontro terapêutico. A
 apreensão do 
B
o 
~
,,~:;;i:.;::,:,..=-.....-~··~ 
t1 
.i 
Gestalt-terapia -
Fundam
entos epistem
ológicos e influências filosóficas 
não dito naquilo que é-dito é, segundo penso, a essência do 
fazer fenom
enológico-dialógico hum
anista da G
estalt. Perce-
ber que sob essa cam
ada autocentrada existe um
a aguda e 
dolorosa frustração da necessidade do encontro previne du-
plam
ente o terapeuta de ver de form
a superficial e parcial o 
ser hum
ano à sua frente e de apoiar padrões egocêntricos de-
fensivos que, justam
ente por estarem
 nesse patam
ar, infelici-
tam
 a pessoa. 
N
ão é propósito deste trabalho descrever a m
etodologia 
fenom
enológica-dialógica da G
estalt. Porém
, quero adiantar 
que essa posição, em
bora respeite com
o sagradas a experiên-
cia e a individualidade do cliente, jam
ais é conivente e refor-
. çadora daquilo que aparece com
o individualism
o autocentra-
do e vem
 trazendo infortúnio à existência da pessoa. A
 escuta 
não judicativa, curiosa, investigativa, sintonizada e confirm
a-
dora é a aw
areness fundam
ental exigida do tera_peuta para 
prom
over a abertura do cliente às suas próprias possibilida-
des dialógicas, abrangentes e centradas na sua convivência 
inter-hum
ana. A
 com
preensão dos m
otivos geradores da exis-
tência egocentrada do cliente é tributária da com
paixão hu-
m
ana do terapeuta. M
as essa m
esm
a com
paixão vai se esfor-
çar para que ele não fique aí. 
M
esm
o entre os profissionais nem
 sem
pre conseguim
os 
escapar a esse antigo condicionam
ento individualista. Q
uan-
do 
dam
os cursos 
ou fazem
os 
supervisão 
na 
abordagem
, 
vem
os com
 frequência 
nossos terapeutas 
questionarem
 o 
cliente quando este traz à sessão suas preocupações com
 ou-
tros -
filhos, cônjuges, parentes, am
igos ou c_olegas. A
 pergun-
ta quase autom
ática é: "E você, com
o fica nisso? V
ocê está 
olhando para os outros e não ~stá olhando para as suas neces-
8 1 
'
~ 
t~
 
; 
" 1,-: fi i,1 . r ; i:: J ;; i :i 1 ·:, 1 ;. : I; 
;{. I ,. 
!fi !/ 
J.!11 
f1 fl ~i 
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1 
}
i 
"• 
·" , ;. ., 
·;,; " o~ .j ,. -j.1 lj ,. 
-~ 
. !~ : 
Lilian M
eyer Frazão e K
arina O
kajim
a Fukum
itsu (orgs,) 
sidades" O
 
"V
 
. 
u: 
oce está falando da sua filha. N
ão está fal 
-
do de você!" Intervenções des~e tipo incorrem
 em
 dois eq
:-
vocos fundam
entais relativos às b
is~
 teóricas e filosóficas da 
G
es~alt-terapia: prim
eiro, desvincula~~º Eu do O
utro, con-
tr~
n
an
d
º ª prem
issa radical da tese dialógica buberiana assu-
m
ida pela abordagem
 e caindo num
 solipsism
o uhrapassado 
p
o
r essa tese; segundo, ignoram
 um
 conhecim
ento básico da 
teoria organísm
ica ou holística gestáltica: a noção d~ que a 
preocupação do sujeito lhe pertence e tem
 sua razão de ser na 
totalidade m
ais am
pla de suas m
otivações existenci~is presen-
tes, estando vinculadas a si m
esm
o e não alheias ao seu ser, 
com
o a questão sugere. 
E
sses sim
ples exem
plos m
e perm
item
 ilustrar a subjacente 
atitude apoiada no hum
anism
o que se tom
ou centrado em
 si 
m
esm
o e, portanto, individualista. Esse "hum
anism
o",que pode 
orientar, em
bora com
 toda boa vontade e de form
a não reflexi-
va, a conduta do terapeuta. O
 hum
anism
o gestáltico deve se 
nortear pelas bases holísticas da sua gênese. Q
uase todas as 
disciplinas académ
icas e filosofias nas quais espelhou sua cons-
trução teórica e m
etodológica são herdeiras do pensam
ento 
holístico, iniciado por Jan C
. Sm
uts na obra H
olism
 and evolu-
tion (1926), ou que com
 ele se afinam
: a G
estalt-teoria, a teoria 
organísrnica, a teoria de cam
po, a fenom
enologia, o exi~tencia-
lism
o heideggeriano e sartreano, a dialógica, o zen-bud1sm
o. 
C
ontudo, no cenário atual da nossa consciên~ia hum
ana 
e social, vem
os a necessidade de dar um
 passo adiante e a~-
pliar o holism
o da G
estalt, do seu papel clinicam
ent~ pragm
~-
tico 
para além
 da totalidade da pessoa, das fronteiras fam
1-
liar;s e dos pequenos grupos. D
evem
os estender nosso olhar 
para a com
unidade, com
o prenun.ciava B
uber. E m
esm
o que 
8
2
 
I ., 
G
estalt-terapia -
Fundam
entos epistem
ológicos e influências filosóficas 
nossa ação, com
o terapeutas e com
o clientes, aconteça no li-
m
itado terreno de nossa sessão, de nossas fam
ílias, de nossas 
parcerias e de nosso grupo social ela se reveste de um
a signi-
ficação com
unitária. N
ão é a dim
ensão do espaço em
 que 
atuam
os que dá sentido à nossa ação. É a atitude para com
 as 
coisas do m
undo que lhe confere o sinal de um
 ou outro m
o-
delo de hom
em
 e de hum
anidade. N
o nosso pequeno consul-
tório, no hum
ilde espaço do nosso lar, no curto trajeto para o 
trabalho, no pequeno parque de nossa cidadezinha habita 
toda a hum
anidade nas pessoas e espécies viventes, que se 
apresentam
 com
o concretude cotidiana do m
esm
o espírito ge-
rado da Terra. 
C
reio que, no âm
bito da clínica psicoterápica, a ética hu-
m
anista ou consideração pela dignidade hum
ana se norteia 
por dois vetores:. 
, 
A reverência fenom
enológica do terapeuta pela experiên-
cia do cliente, seja ela qual for; o encantam
ento com
 
aquilo que é, abrindo m
ão da arrogância cientificista de 
alterar "a natureza" das coisas do espírito, acreditando 
firm
em
ente que aquilo que está sendo é o que tem
 de ser. 
E o que ainda está sendo, o ~ue tem
 de ser, ao defrontar-
-se no encontro no qual tem
 perm
issão para ser, não é 
aquilo que já é, com
o som
os tentados a pensar, m
as entre 
as várias possibilidades de sua plenitude, da sua totaliza-
ção, um
a possibilidade resulta do encontro criador do 
.inter-hum
ano terapeuta/cliente. Porque o que tem
 de ser, 
o que está exigindo ser, não é a essência ou form
a prévia 
da vivência inte~rom
pida, m
as possibilidades expressivas 
ou de m
anifestação da vivência que, no encontro terapêu-
8
3
 
' ·; r 
/
'" 
,"; 
.; 
Lilian M
eyer Frazão e Karina O
kajlm
a Fukum
itsu (orgs.) 
tico, no m
om
ento criador do "entre", se atualizam
 pela · 
m
obilização energética do~ parceiros. Entre os dois ato-
res, fundem
-se a natureza esp~~ífica da vivência e a natu-
reza do encontro. Enquanto a p;iineira determ
ina suas 
várias possibilidades de com
pletar-se ou as várias po~sibi-
lidades de perspectiva que a vivênci~ pode ter da realida-
de, a natureza do encontro direciona para um
a das awa-
reness 
possíveis. Q
uando o encontro é perm
issivo e 
sintônico com
 a m
eta teleológica do ser do cliente, a pos-
sibilidade de com
pletude na direção do créscim
ento e 
evolução do ser é aquela que será realizada.Essa crença hum
anista do profissional no poder do 
"entre dois" no fazer terapêutico é indispensável para a 
perm
issão e o encorajam
ento para que em
irja aquilo 
que está sendo, e para que aquilo que é solitário ou par-
cial se torne conjugado ou inteiro na parceria ... e só 
assim
 possa aparecer com
o realidade· fenom
ênica psico-
lógica em
 um
a das suas possibilidades. Talvez na m
elhor 
das suas possibilidades. 
2 
A
 preocupação do terapeuta com
 a com
unidade próxim
a 
do cliente. A
 com
preensão da experiência vivida pode se 
tornar inadvertidam
ente a aprovação de um
a existência 
autocentrada. C
am
inham
os, com
o tem
ia e alertava Bu-
ber, por um
a "vereda estreita", e o risco de cair no despe-
nhadeiro do individualism
o terapêutico nos ronda a cada 
passo! A
 ética hum
anista, herdeira tam
bém
 do existencia-
lism
o, nos atribui a condição de ser com
. Se essa é um
a 
determ
inação ontoló~ica, alienarm
o-nos dela é sofrer a 
queda no m
odo de ser inautêntico, portanto de~citário. 
A
ssim
, ·a ética hum
anista da sua abordagem
 obnga o te-
8
4
 
r 'I,, 
G
estalt-terapia -
Fundam
entos epistem
ológicos e influências filosóficas 
rapeuta gestáltico a ultrapassar a tarefa inicial e essencial 
de com
preender o cliente e suas razões. 
A
 profunda em
patia e a com
paixão para com
 a dor e a 
situação da pessoa, condição necessária ao espírito hum
anista 
do terapeuta, quando autenticam
ente sentidas e não m
era-
m
ente funcionais, com
põem
 um
 m
odelo hum
ano poderoso, 
que tende a prom
over no cliente um
 novo olhar para o outro; 
am
pliando nessa pessoa, pela sua e pela nossa sem
elhança com
 
a condição hum
ana com
um
, o despertar da sua em
patia e da 
com
preensão dos seus parceiros hum
anos. E quando m
e refiro 
à com
preensão entre os pares não estou prescrevendo a coni-
vência com
 atitudes abusivas ou aviltantes da dignidade pró-
pria. Ser consciente é saber distinguir entre a lim
itação psico-
lógica atual do outro e a atitude intencionada de prejudicar, 
utilizar ou ignorar os dem
ais pelo individualism
~ egoísta de 
poder ou de sucesso, tão vigente nas nossas instituições. 
A
 em
patia a que m
e refiro assem
~lha-se à inclusão da di~-
lógica buberiana. C
onsidero-a a m
ais poderosa via de acesso 
ao conhecim
ento do hom
em
. N
enhum
 contato racional, por 
m
ais disciplinado que seja seu m
étodo de observação, por m
ais 
refinados seus postulados teóricos ou requintados seus instru-
m
entos investigativos, pode prescindir da em
patia para ter 
um
 conhecim
ento real do outro. A
 em
patia, vista com
o inclu-
s~o, _é um
 conhecim
ento im
ediato, sem
 nenhum
 tipo de m
e-
diaçao, no qual o estado vivido por alguém
 é im
aginado e 
sentido no próprio c 
d 
b 
d 
d 
. 
orpo 
o o serva or, 
e m
ane1ra tal que a 
evidência do que est, 
d 
. 
. 
a se passan o no m
undo subiet1vo do 
outro é apreendida a 
· 
· 
• 
, 
· 
. 
o vivo, com
o Jam
ais podera ser pelo pro-
cesso de apreensão intelectual. 85 
,...._~.::~ 
" ,I 
t ;.; ,, .) ,:; ,, ,, ll li ,., ; 1\i : ' 'J'l :m ;j,: :{j :H r ~; I' l" ' ~' 
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1 
f i 
:, I: 
~· 
: 
! ~1 ii ¼ fi '/.'1 -~ ;r , !f.i " 1 
Lilian M
eyer Frazão e Karina O
kajim
a Fukum
itsu (orgs.) 
Q
uanto ao projeto terapêutico que, a· m
eu ver, pode ser re-
putado com
o genuinam
ente hum
anista, deve tam
bém
 ser guiado 
pelo propósito de prom
over duas di:ntmsões da cura existencial: 
·•.ç,-
• 
a perm
issão, dada pela pessoa do cliente, de deixar ser 
aquilo que está sendo. N
a nom
enclatura gestáltica, é perm
i-
tir que em
irjam
 as Gestalten que estão sendo interrom
pi-
das, não no sentido do pragm
atism
o im
ediato de fazer algo 
com
 aquilo que em
ergiu, m
as no sentido· dado pela nossa 
visão de awareness, com
o um
 processo vivencial da cons-
ciência em
 que é alterada a visão de si m
esm
o e do m
undo 
próprio, na direção de um
a das perspectivas possíveis de 
ajustam
ento criativo à realidade. A
 G
estalt que em
erge é 
atualizada e transform
ada no encontro terapêutico; 
• 
o acesso do cliente à capacidade de estabelecer relações 
de intim
idade -
ou dialogais -
no espaço próxim
o da con-
vivência. A
 prim
eira dim
ensão evolui necessariam
ente para 
a segunda, desde que não tenha sido um
a sim
ples sim
ula-
ção. T
odos os nossos autores afum
am
 a awareness com
o 
um
a experiência transform
adora. E am
bas só podem
 ser 
conseguidas na tarefa terapêutica da nossa abordagem
 se 
for criada entre nós e nosso cliente um
a autêntica relação 
de sintonia e intim
idade, ou seja, o "entre" dialógico. 
N
esse particular, M
essa (2009) contribui com
 um
a con-
ceituação m
uito útil para nosso argum
ento.· C
onsiderando 
que o processo da relação pais-filhos exige o estabelecim
ento 
da intim
idade, ele esclarece que a intim
idade entre estes e o,s 
parceiros em
 geral não é um
a ocorrência necessária, e sim
 
um
a possibilidade. A
centua tam
bém
 que um
a relação de 
8
6
 
\ 1 l í f, l j 
G
estalt-terapia -
Fundam
entos epistem
ológicos e influências filosóficas 
grande intim
idade convive em
 perfeita harm
onia com
 a indi-
vidualidade, m
as essa intim
idade entra em
 oposição franca 
com
 o individualism
o. Q
uerem
os ser ainda m
ais incisivos, 
acreditando que a natureza do relacionam
ento íntim
o é justa-
m
ente aquela que prom
ove o respeito e a apreciação pela in-
dividualidade do outro. É indubitável, em
 contrapartida, que 
a intim
idade é inteiram
ente antagônica ao individualism
o, 
não podendo coexistir com
 essa atitude, já que, por definição, 
ele é solitário e fechado ao outro, enquanto intim
idade signi-
fica essencialm
ente conceder abertura e com
-partilhar, isto é, 
tom
ar parte e deixar o outro tom
ar parte naquilo que está no 
m
ais oculto e íntim
o da pessoa. 
O
 nosso hum
anism
o é, ainda, aquele que preserva a digni-
dade do paciente num
a ação terapêutica isenta de todo uso ou 
exploração da sua pessoa -
a exploração se dá até m
esm
o 
quando o bajulam
os em
 vista de nossos interesse~ m
ercantis 
ou psicológicos. O
 respeito hum
anista à sua dignidade aparece 
ainda no nosso esforço para que ele alcance o m
áxim
o de suas 
possibilidades hum
anas, que são inseparáveis da consciência 
da sua interdependência socioam
biental e, com
o corolário, da 
awareness am
pliada do seu com
prom
isso com
 a construção, 
em
 cada atitude cotidiana, de um
a hum
anidade m
ais com
pro-
m
etida que o padrão, considerado norm
al, de hum
anos indivi-
dualistas, artificialm
ente isolados das suas raízes e de seu com
-
prom
isso com
 outros hum
anos e com
 a natureza. 
N
esse esforço de am
pliar a consciência das possibilidades 
de ser com
, vem
os um
a vertente da poética hum
anista da G
es-
talt de n t 
· 
·1 
,' _ 
a ureza sm
u ar ao valo! desem
penhado pela criação 
arnstica, conform
e R
icoeur (1977 p 
57)· "P I 
fi 
-
1 
. 
.. 
, 
. 
. 
e a 
cçao, pe a 
poesia, abrem
-se novas possibilidades de ser no m
undo na 
8
7
 
, 
:'t 
. 
:1 
~; 
i 1 1 1 • l i ! ,. 
-
-
.. ~, ""' uKaJ1m
a Fukum
itsu (orgs.) 
realidade cotidiana. Ficção e· poesia visam
 ao ser, não m
ais 
sob o m
odo de ser dado, m
as sob_a m
aneira do poder ser". 
B
uber (1982, p. 44) assegura:•
·'\ ·•.~ 
N
ão apenas as pessoas nos falam
, m
as tam
bém
 os eventos do 
m
undo nos falam
[ ... ] O
s eventos são palavras a m
im
 dirigidas[ ... ] 
Som
ente quando os esterilizo elim
inando neles o germ
e da palavra 
dirigida é que posso com
preender aquilo que m
e acontece com
o 
um
a parte dos eventos do m
undo que não m
e dizem
 respeito. 
V
em
os ainda a poética hum
anista gestáltica em
 outra ver-
tente clínica, quando ante o .apelo do "incurável" abrim
os m
ão 
das certezas para operar com
 a esperança ... É tam
bém
 por m
eio 
dessa poética que, ao encontrar o outroà sua frente, não se 
pergunta com
o fazer para tratá-lo, e sim
 com
o recebê-lo sem
 
rótulos, com
o escutar a voz do seu silêncio, com
o reconhecer 
nele a m
esm
a hum
anidade que m
e atorm
enta, m
e eleva e m
e 
perm
ite seguir confiante na evidência da nossa identidade ... Po-
rém
, quando diante do sobressalto inesperado da sua singulari-
dade, essa m
esm
a poética faz que se calem
 e se recolham
 todas 
as vozes da m
inha ciência, na escuta reverente do m
istério que se 
anuncia. A
ssim
 m
eu testem
unho privilegiado levará à constru-
ção de um
 saber visceralm
ente enraizado no fenôm
eno hum
ano .. 
O
 H
U
M
A
N
IS
M
O
 
E
m
 virtude da. constante confusão entre hum
anism
o e psico-
logia hum
anista, e por serem
 teorias. diferentes, apresenta-se, 
a seguir, um
a sinopse s_obre o hum
anism
o, seu histórico e al-
gum
as definições. 
8
8
 
l ;· f t 1 f j :j i í } " : ij ; ; ll 11 ~-'.l íl 11 
G
estalt-terapia -
Fundam
entos epistem
ológicos e influências filosóficas 
D
e form
a genérica, a expressão "hum
anism
o" pode ser 
definida com
o um
 conjunto de princípios que estabelecem
 a 
valorização e a dignidade inerentes à pessoa, independente-
m
ente de qual seja a sua condição atual no m
undo, prescre-
vendo que cada hom
em
 deve ser tratado por qualquer outro 
hom
em
 e por todas as instituições sociais sob a regência de 
valores m
orais com
o respeito, justiça, honra, am
or, liberdade, 
solidariedade etc. 
Em
bora tenha antecedentes nos filósofos gregos antigos, o 
hum
anism
o com
o doutrina é algo recente. Esse m
ovim
ento foi 
. iniciado no século 15, com
 o interesse dos sábios do Renasci-
m
ento pelos textos da A
ntiguidade Clássica ( em
 latim
 e grego) 
· e em
 oposição à escolástica m
edieval, cujos dogm
as religiosos 
eram
 dom
inantes. Som
ente no R
enascim
ento, ante a insusten-
tabilidade da cultura teológica m
edieval, o desenvolvim
ento 
da consciência hum
ana se revela na arte, na m
úsic~, n.a litera-
tura, na filosofia. Com
 o florescim
ento das grandes navega-
ções, a alternativa hum
anista foi exposta publicam
ente com
o 
. contrapartida a um
a existência centrada nos dogm
atism
os da 
visão religiosa. Tam
bém
 prom
oveu o crescim
ento científico, 
com
 o nascim
ento do m
étodo em
pírico, que foi fundam
ental 
para dar credibilidade à ciência (D
uarte, 2001). 
A
ssim
 se pronuncia N
ogare (1985, p. 63) sobre o caráter 
central da consciência da época: 
O
s hom
ens da R
enascença, m
ais que os de qualquer outra época 
passada, tom
aram
 consciência de que o hom
em
 não é um
 sim
ples 
expec,tador do universo, m
as que o pode m
odificar, m
elhorar, re-
criar. Foi esse aspecto criativo do hom
em
 que em
polgou os hum
a-
nistas e fez com
 que com
eçasse a ser m
odificada profundam
ente a 
8
9
 
...~~41~ 
·t, 
r·-.. 
1 / 
r 
li. t ;,; .-. ·;; ,.J q -~ -~ •J " ~i :., 
, 2 3 4 
lilian M
eyer Fraz~o e Karina O
kajim
a Fukum
itsu (orgs.) 
avaliação do engajam
ento térreno e das atividades t~m
porais, an-
tes subestim
adas em
 com
paração ~om a ascese e o tsolam
ento. . 
.. ,. 
Podem
 ser identificados os segui~t~s tipos dessa doutrina: 
O
 hum
anism
o greco-latino (G
récia e R
om
a) colocou o 
hom
em
 com
o o centro de todas as coisas. Revelou-se 
principalm
ente na filosofia e nas artes p~ásticas. 
O
 hum
anism
o renascentista, tam
bém
 cham
ado de hum
a-
nism
o clássico, nos séculos 15 e 16, caracteriza-se ·justa-
m
ente pelo resgate da dignidade hum
ana presente nos 
valores hum
anistas da cultura greco-rom
ana e abandona-
dos na Idade M
édia. A
ssum
iu a form
a de antropocentris-
m
o (o hom
em
 é o centro de tudo), que norteou o desen-
volvim
ento intelectual e artístico dessa fase e das seguintes 
no m
undo ocidental. 
O
 hum
anism
o ilum
inista foi um
 m
ovim
ento cultural de 
intelectuais europeus do século 17 que buscava realçar a 
razão para transform
ar a sociedade. 
O
 hum
anism
o positivista, que se desenvolveu na segunda 
m
etade do século 19, valorizava o pensam
ento científico, 
destacando-o com
o única form
a de progresso. Teve em
 
A
uguste C
om
te seu principal idealizador. 
s 
O
 hum
aajsm
o contem
porâneo está dividido em
 diversas 
vertentes: 
9
0
 
Jf,• 
1, i: {·. t, " 1; J.\ /i r, [; r~ ,t " g r, 'I t -~ ,; !T t\ ÍJ n M ,,, ~; fi m 1) M rl ':1 ,; ) '.j '.ii ~! 1; ( 
G
estalt-terapia -
Fundam
entos epistem
ológicos e influências filosóficas 
• 
O
 hum
anism
o ·m
arxista é baseado nos m
anuscritos da 
juventude de M
arx, nos quais ele critica o idealism
o he-
geliano que coloca o hom
em
 com
o ser espiritual. Para 
M
arx, o hom
em
 é antes de tudo um
 ser natural e históri-
co, m
anifestando-se sua consciência histórica com
o saber 
da sua condição de ser histórico. 
• 
O
 hum
anism
o cristão-desenvolveu-se principalm
ente 
no norte da Europa, centralizado na figura de Erasm
o de 
R
oterdã. Segundo essa vertente, o cristianism
o deveria 
centrar~se na leitura do Evangelho, no exem
plo da vida 
de C
risto, no am
or desprendido, na sim
plicidade da fé e 
na reflexão interior. 
• 
O
 hum
anism
o existencialista tornou-se popular nos 
anos posteriores às duas guerras m
undiais, reafum
ando a 
im
portância da liberdade e da individualidade hum
ana, e 
considerando o hom
em
 com
o construtor do ~eu próprio 
projeto de vida. 
• 
O
 hum
anism
o secular, tam
bém
 conhecido por hum
a-
nism
o laico, desenvolvido no~ últim
os 40 anos, assum
e 
um
a posição m
ais racionalista e em
pirista e m
enos espiri-
tual que o cristão. Seus adeptos têm
, com
o os dem
ais, 
preocupação com
 a ética e afirm
am
 a dignidade do ser 
hum
ano, recusando, porém
, explicações transcendentais 
e preferindo a racionalidade. 
. 
• 
N
ogare ( 1985) ainda nos fala de um
 hum
anism
o 
ético-sociológico, que visa se tornar um
 m
odo de convi-
vência social. 
O
 hum
anism
o afirm
ava assim
, desde o início, a autono-
m
ia do espírito hum
ano. T~·m
ando o hom
em
 com
o valor em
 
91 
fi :~ ,. )cÍ : ,{ ' 1~ ·'· 
J !')', 1,. ·::=: \j :t )~ ,, it li 
\o.!, 
:& 
! ~l !~ ·t'l ,~ ! ii) . ~:; :~ :•,) •I ,·:• .;·: ' 1-i; ·; ., ,, 1 >: / -~ 1 
(i i !' 
t :1 
l: 
i 
í 1 .. 
íl 
. 
J 1· 
I.' 
, 
'.l 
.. 
J 1 
lilia
n
 M
eyer Frazão e K
arina O
kajim
a Fukum
itsu (orgs.) 
si m
e~m
o, ess~ corrente filosó~ca foi se em
penhando para que 
ª razao substituísse gradativainep.te as crenças religiosas na 
tentativa de com
preender a realidade ·f 'V' 
O
 Ilum
inism
o do século 17 é referência histórica m
uito 
im
portante porque o racionalism
o próprio da cultura m
oder-
na encontra o seu principal ponto de ancoragem
 nesse m
ovi-
m
ento. Sob sua tutela, artistas, cientistas e filósofos puderam
 
finalm
ente envolver-se no que se tornou conhecido com
o o 
m
ovim
ento do "livre-pensam
ento" ou "livre-pensador". Ini-
ciado no século 19 na A
m
érica do N
orte e na Europa O
ciden-
tal, tornou possível para o cidadão com
um
 a rejeição da fé 
cega e da superstição sem
 o risco de perseguição. 
D
iante do exposto até então podem
os, em
 acordo com
 
A
ndrade (2000), identificar o hum
anism
o ocidental contem
-
porâneo com
o expressivo de três princípios: 
1 
O
 hom
e~
 visto com
o o centro no m
undo, cuja raiz 
encontra-se na célebre proposição de Protágoras: "O
 ho-
m
em
 é a m
edida de todas as cois•as·". 
2 
A
 exaltação da razão com
o atributo m
aior e exclusivo 
do hom
em
. 
3 
O
 hom
em
 pensado com
o fim
 e nunca com
o m
eio ou 
com
o instrum
ento, sendo tom
ado com
o valor absoluto. 
A
 despeito da im
portante diversidade contem
porânea, a 
nosso ver, dos três princípios enunciados, o terceiro nos pare-
ce ser o elo entre todas as form
çls de hum
anism
o. 
9
2
 
1,i_·. 
i !: n li i~ i r:j J " f] I'. 1:; :;; f' i; f; r t'. F: (i i F 
G
estalt-te
rapia -
Fundam
entos epistem
ológicos e influências filosóficas 
o hum
anism
o antropocêntrico:a m
atriz m
oderna do individualism
o 
O
 pensam
ento hum
anista foi, ao lado das descobertas cientí-
ficas do século 17, extrem
am
ente im
portante ao libertar o 
hom
em
 das am
arras obscurantistas do autoritarism
o religio-
so e autocrático .. Poder ·ser um
 livre-pensador é, talvez, a 
m
aior conquista da espécie hum
ana ocidental. H
oje, nin-
guém
 é m
ais condenado, aprisionado ou m
orto por expressar 
ideias diferentes de qualquer doutrina política ou religiosa. O
 
cidadão com
um
 deve se sentir vitorioso ante a falência do 
poder e do arbítrio que o levava, pelo m
edo, a negar a pró-
pria razão ou a subm
eter-se àquilo que sua consciência ou 
sua experiência recusavam
. 
N
o transcurso da sua evolução -
em
 especial pelo endeu-
sam
ento do aspecto racio~al -, a ideologia antropocêntrica 
foi tom
ando vulto. A
o naturalizar o antropocentrism
o com
o 
condição inerente à natureza hum
ana, e não com
o construção 
ideológica do próprio hom
em
, o ser hum
ano viu-se, por ex-
tensão pragm
ática, no direito de ser o m
andatário legítim
o 
dos. que habitam
 a natureza, determ
inante racional do seu 
destino e senhor exclusivo dos m
istérios da vida. A
 m
egalo-
m
ania da sua epistem
e levou toda a T
erra a ser violentam
ente 
devastada, à extinção m
aciça das outras espécies e ao dese-
quilíbrio de diversos ecossistem
as. 
A
dem
ais, do ponto de vista da convivência social o hu-
. 
' 
roanism
o antropocêntrico alienante foi evoluindo de form
a 
inevitável para o individualism
o de nossos dias. Enten'de G
ué-
non (1977 p 18) 
" 
· d' ;d 
1· 
, 
, 
· 
.que 
o m
 
1v1 ua ism
o e a negação de qual-
q~e~ princípio superior à individualidade e, por consequên-
cia, a redução da e· ·1· 
-
d 
, . 
·. 
1v1 1zaçao, em
 to os os dom
m
10s, apenas 
9
3
 
-,--::-?~~~, 
t);._·•.:,,,.,: ... ~-~
i; 
.. l'it~ 
~
-â';;_--.~ 
~-:i{J / 
Lillan M
eyer Frazão e K
arina O
kajim
a Fukum
itsu (orgs,) 
·• - 0 ::•.•-"-'l'.é.:~·,Lc.Jz,~1;.e-~1 ~
'\W
-0'Jlez:r::,:;., 
1 i 1 1-, 1 ; 1 l 
' 
\ 
,
, 
1· 
_, 
I' ,. i 1 i ;· 1 
aos elem
entos hum
an 
,, •E
· 
d 
os • 
a~rescenta que, no fundo, trata-se 
os m
esm
os pressupost 
. 
, 
. 
os que, oa epoca do R
enascim
ento, 
foram
 cham
ados de "hum
anism
o';'.\_, -t· 
O
utro desvio do hum
anism
o antropocêntrico constitui-se 
n
u
~
 paradoxo deveras surpreendente: o próprio pensam
ento 
racional, louvado com
o um
 potencial criador hum
ano, desa-
guou na desvalorização da subjetividade por cuja recupera-
ção foi travada a grandiosa batalha renascentista. 
T
em
os pensado que a ideia hum
ana de hom
em
 com
o 
"o centro do universo" não é exatam
ente o que explica o 
caráter nocivo e m
alévolo do antropocentrism
o. N
ão é ser 
"o centro das coisas" a doença epistêm
ica da visão do 
hom
em
 sobre si m
esm
o. Para o ser hum
ano -
e todo 
discurso hum
ano sobre o m
undo, incluindo o científico, é 
um
a visão hum
ana -, o gênero hum
ano é e sem
pre será 
prioridade. É e sem
pre será a categoria m
ais im
portante rio 
m
undo da vida. A
 grande enferm
idade cultural é esse ho-
m
em
, que ocupa lugar central entre as espécies, ir-se tor-
nando arrogante e infantilm
ente autocentrado, abraçando 
o m
undo com
o um
a criança egocêntrica abraça o pai que 
chega à fam
ília, dizendo: "É
 m
eu!" · 
A
 im
aturidade sociocultural da posição antropocentrada 
ignora que o seu evidente poder hum
ano sobre a natureza o 
obriga ao cuidado am
oroso para com
 ela e não só consigo 
m
esm
o, sob pena de que sua despreocupação egocêntrica e 
alienada das outras form
as de vida lhe m
ine sorrateiram
ente 
o próprio poder no qual se sustenta. 
9
4
 
_j ;~ ! /: f1 r 1\ r: ij 
G
estalt-terapia -
Fundam
entos epistem
ológicos e influências filosóficas 
o novo hum
anism
o: a am
pliação do 
paradigm
a sobre a hum
anidade' 
N
o final de abril de 2012 assistiu-se, nas redes sociais da inter-
net, a um
a m
anifestação pública m
ostrando pessoas vestidas 
de preto, usando luvas cirúrgicas e carregando bichos m
ortos 
ou torturados. A cena, intencionalm
ente sinistra, visava de-
nunciar à população m
undial o enorm
e desrespeito à vida ani-
m
al. Esse ato público não apenas expressa o repúdio à cruel-
dade e a com
paixão pela vida, m
as significa essencialm
ente a 
am
pliação da consciência hum
ana e nos rem
ete à em
ergência 
sim
ilar do hum
anism
o clássico, do qual descendem
os. 
C
om
 o espantoso crescim
ento da ciência e da tecnologia, 
o hom
em
 ficou deslum
brado consigo m
esm
o. A
lém
 disso, vi-
m
os que na esteira desse antropocentrism
o foi-se desenvol-
vendo um
 individualism
o crescente, a ponto de nossa época 
ter sido caracterizada com
o a época da solidão (Frazão, 
2006). O
 avanço tecnológico, inform
acional e industrial da 
sociedade tem
 gerado m
etas produtivas segundo as quais a 
prescrição de êxito parece ser a utilização de um
 com
porta-
m
ento com
petitivo e um
a m
entalidade utilitarista que vê o 
º~
~
o com
o um
 objeto interm
ediário para satisfazer seus pro-
positos. C
ada vez m
ais pessoas têm
 assum
ido essa m
eta para 
sua existência, ficando subordinadas a um
a lógica e a um
 rit-
m
o de trabalho rotinizante e padronizado que as m
antêm
 
confinadas, abrindo m
ão do espaço e das oportunidades para 
0 encontro inter-hum
 
, 
· 
-
ano intim
o e, portanto, para a criação 
da su 
h 
·d d 
. 
. . a 
~
am
 
a e potencial. V
ão construindo, assim
 um
 in-
d1v1duahsm
o e 
-
· 
, 
' 
pragm
atism
o tam
bem
. desm
edidos, que são 
1. Slogan de um
 canal sobre a vida ani 
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sustentados no fundo p l 
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A
 
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o uso antropocentrico e pratica-
m
ente entrou em
 
A
 
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paruco. 
sta nascendo dessa consciência 
com
partilhada um
 novo hum
anism
o contem
porâneo. 
Podem
os ver sinais de um
 novo hum
anism
o na preocupa-
ção com
 o destino do hom
em
. Em
 nosso auxílio, recorrem
os a 
W
erle (2003, p. 98), que com
enta a proposta de H
eidegger 
para um
a filosofia da existência afirm
ando que "o que distin-
gue o hom
em
 é a sua relação com
 o ser e o m
odo com
o ele 
resguarda o ser, e não na m
edida em
 que é definido com
o um
 
dotado de razão". Essa tem
ática do cuidado com
 ci ser é a que 
estam
os tentando m
ostrar com
o inerente ao novo hum
anism
o. 
O
 novo hum
anism
o está nascendo sob a égide e liderança 
da ecologia, m
ovim
ento de m
áxim
a oportunidade nos dias 
atuais. M
as tem
os visto que o discurso ecológico tem
 se lim
i-
tado à vertente antropocêntrica, "corporativista", referindo-
-se à preocupação do hom
em
 com
 o próprio hom
em
; o 
cuidado com
 a natureza se expressa apenas diante do receio 
da falência da própria espécie. Essa tendênciá é com
preensível 
em
 vista do seu surgim
ento ainda recente, m
as a nosso ver 
esse foco não exprim
e com
 justiça aquilo que o novo hum
a-
nism
o potencialmente pode gerar. 
A
 nova revolução hum
anista é a que valoriza a viqa das 
dem
ais espécies e não som
ente a da hum
a~a. É a revolução do 
espírito hum
ano incorporando toda a vida em
 si, pela percep-
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Gestalt-terapia -
Fundam
entos epistem
ológicos e influências filosóficas 
ção am
pliáda do seu enraizam
ento diário essencial ao m
eio 
em
 que vive e pela percepção em
pática do vínculo de paren-
tesco biológico e, portanto, da sujeição de todas as espécies 
viventes à m
esm
a condição de vulnerabilidade ao sofrim
ento. 
Sonham
os a hum
anidade cam
inhando para além
 de um
 hu-
m
anism
o red~zido ao atual pragm
atism
o ecológico do ho-
m
em
, em
 vista do risco rondan:do a sua m
orada. 
Q
uando o hom
em
 é o foco, o espírito hum
anista verda-
deiro é o que faz que vejam
os cada pessoa com
o im
portante 
em
 si m
esm
a, independentem
ente da classe social, do nível de 
cultura ou instrução, da etnia, do status econôm
ico ou cientí-
fico, e até do próprio valor da pessoa para a com
unidade. É o 
espírito hum
anista que nos faz com
preender que, além
 da si-
tuação provisória, todo hom
em
 é potencialm
ente disponível 
para a evolução e a aquisição da ciência e da técnica. A
 dife-
rença entre o erudito e o ignorante é m
eram
ente circunstan-
cial, não decorrendo da essência prévia de um
a dupla nature-
za. D
aí serm
os tom
ados por um
a sensação secreta de ridículo
. 
e vergonha diante da pessoa que ostenta um
a postura de so-
berba acadêm
ica ou social. 
Para finalizar: qual é o nosso hum
anism
o? 
E
ntão, de que hum
anism
o falam
os quando o vinculam
os à 
G
estalt-terapia? Esse é um
 tópico essencial para aquele que 
denom
ina de hum
anista a sua abordagem
. É necessário exa-
m
inar se adotam
os, de form
a inadvertida, o hum
anism
o an-
tropocêntrico individualista -
centrado no E
u, ainda com
ple-
tam
ente vigente nas ciências, na psicologia, na educação e nas 
igrejas -
ou se nosso hum
anis~o inclui a aw
areness da iden-
tidade essencial da condição hum
ana, aw
areness capaz de ul-
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Lilian M
eyer Frazão e Karina O
kajim
a Fukum
itsu (orgs.) 
trapassar· a categorização do nosso cliente m
esm
o quando de 
utilidade prática para nosso fazer terapêutico, vendo nessa 
categorização apenas um
 esforço~recário da ciência hum
ana 
na busca de entendim
ento do ser: Entendim
ento inevitavel-
m
ente provisório e parcial ao extrem
o, em
bora necessário, 
quando ainda lhe escapa a apreensão am
orosa da sua totali-
dade. U
m
 hum
anism
o, enfim
, que pretende libertar o ser hu-
m
ano das tendências antropocentradas e individualistas, pois 
nasce da expansão da consciência em
pática que, de form
a vi-
gorosa, nos im
pulsiona à aceitação de todos, hom
ens, anim
ais 
plantas, com
o m
em
bros de um
a única fam
ília universal, tra-
tando com
 com
paixão as diferentes espécies e buscando a fra-
ternidade entre elas. 
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o no segundo m
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 rápido balanço". ln: M
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Psicologia da G
estalt 
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A
 psicologia da G
estalt surge no início do século 20, sendo 
seus principais expoentes W
ertheim
er, K
ohler e K
offka. A
o 
afirm
ar que percebem
os totalidades que são dif1:rentes da 
som
a das partes, esses autores revolucionaram
 as teorias a 
respeito da m
aneira com
o as coisas são percebidas . 
A
té então a psicologia adotava o m
odelo positivista 
proposto pelo filósofo A
ugusto C
om
te (1798-1857), que 
defendia a necessidade de encontrar leis invariáveis de or-
denação dos fenôm
enos, devendo estes ser passíveis de con-
trole experim
ental. 
Essa concepção sofreu um
a reviravolta quando o fi.Jósofo 
Franz B
rentano (1838-1917) criou a psicologia d<? a{b', segun-
do a qual os fenôm
enos m
entais são atos qu~ im
plicam
 obje-
tos externos, devendo a psicologia estudar Ós processos m
en-
tais 
não seus conteúdos. A
 noção de intencionalidade (a 
consciênci~ é sem
pre a consciên,9-Í 
de algo) f~i introduzida· 
por ele e m
fluenciou, além
 do filósofo H
usserl, M
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