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MANEJO DE SOLOS E PLANTAS Agnes Reis Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB-10/2147 R375m Reis, Agnes Caroline dos. Manejo de solo e plantas / Agnes Caroline dos Reis ; [revisão técnica : Vanessa de Souza Machado ]. – Porto Alegre : SAGAH, 2017. 153 p. : il. ; 22,5 cm. ISBN 978-85-9502-283-6 1. Gestão ambiental. 2. Solos - Manejo. I. Título. CDU 631.5 Revisão técnica: Vanessa de Souza Machado Bióloga (ULBRA) Mestre e Doutora em Ciências (UFRGS) Professora do Curso de Tecnologia e Gestão Ambiental (FATO) Recuperação de áreas degradadas Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Conceituar e exemplificar áreas degradadas. � Caracterizar um Projeto de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD) e listar algumas das técnicas utilizadas em PRADs. � Identificar as bases legais acerca da elaboração de PRADs. Introdução Segundo o Ministério do Meio Ambiente (BRASIL, c2017), a recuperação de áreas degradadas está intimamente ligada à ciência da restauração ecológica. A restauração ecológica, por sua vez, é o processo de auxílio ao restabelecimento de um ecossistema que foi degradado, danificado ou destruído. Um ecossistema é considerado recuperado – e restaurado – quando contém recursos bióticos e abióticos suficientes para continuar seu desenvolvimento sem auxílio ou subsídios adicionais. Neste texto, você aprenderá sobre as áreas potencialmente degrada- das e os aspectos de sua recuperação, abordando estudos como o Projeto de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD), bem como a legislação vigente relacionada à proteção dos ambientes naturais. Você verá tam- bém quais são os impactos que podem ocorrer para que uma área seja considerada degradada e conhecerá as metodologias que podem ser adotadas em sua devida recuperação. As áreas degradadas e a importância de sua recuperação O conceito de áreas degradadas pode ser interpretado de várias formas. Aqui, você deve considerar a degradação do solo. Ou seja, áreas degradadas, no sentido utilizado aqui, são aquelas que, por ação natural ou devido à ação do homem, tiveram suas características originais alteradas além da capacidade natural de recuperação dos solos. Portanto, elas exigem uma intervenção para sua recuperação. Essa intervenção compreende a aplicação de inúmeras técnicas para a recuperação de solos degradados e do ecossistema como um todo. Para tanto, é realizado o Projeto de Recuperação de Áreas Degradadas, um estudo para ver a melhor forma de se recuperar a área problemática. Que tal aprofundar um pouco mais o conceito de área degradada? Como você já sabe, esse tipo de área é caracterizada por sofrer perturbações em sua integridade. Essas perturbações, por sua vez, podem ser de natureza física, química ou biológica. Como exemplos de regiões degradadas, você pode considerar áreas cheias de lixo (Figura 1), áreas com vazamento de óleo, áreas de mineração e áreas com uso intensivo do solo para a agropecuária onde se utilizam agrotóxicos. Essas áreas, por não terem todos os recursos necessários ou serem tóxicas, acabam ficando com uma menor diversidade de espécies. Nelas, há ausência de estrutura vegetal, ausência de solo e baixíssima ou nenhuma capacidade de regeneração natural. Um ambiente em boas condições é essencial para a manutenção e a qua- lidade de vida. Todos têm direito a viver em um ambiente que não esteja degradado, com água potável, com ar limpo e onde o solo esteja conservado com toda a sua abundância de espécies e patrimônio genético. A área degradada não influencia apenas as condições do meio ambiente e da saúde, mas também as atividades econômicas. Afinal, ela tem suas condições estéticas e sanitárias comprometidas, ficando desvalorizada. Desse modo, não será comprada por ninguém e não poderá ser utilizada para nenhum fim econômico. Recuperação de áreas degradadas138 Figura 1. Área degradada repleta de material poluente. Fonte: MOHAMED ABDULRAHEEM/Shutterstock.com. Importância da recuperação das áreas degradadas Como você viu, os ambientes naturais são muito importantes para os seres humanos. Aliás, todos os seres vivos dependem desses ambientes. Áreas saudáveis prestam os chamados serviços ecológicos, enquanto que áreas degradadas, além de não oferecem benefícios, muitas vezes prejudicam tudo o que está à sua volta. Os serviços ecológicos são serviços que não se podem contabilizar, mas são de grande importância para a sobrevivência humana e de outros seres vivos. Eles podem ser serviços de regulação, culturais e de suporte. A seguir, você vai conhecer cada um deles. Serviços de regulação Esses serviços são aqueles que funcionam como reguladores das condições ambientais. Como exemplo, você pode considerar as florestas, que capturam poluentes como gás carbônico e outros em seu processo de fotossíntese, li- berando oxigênio. Elas também são capazes de manter a estabilidade do solo para que um curso d’água permaneça saudável, além de filtrar a água que passa por elas. 139Recuperação de áreas degradadas Serviços culturais Representam os benefícios como recreação, turismo ecológico e possibilidade de pesquisas e estudos sobre os processos naturais. Serviços de suporte São serviços em longo prazo necessários para que os outros possam aconte- cer. Exemplos são a formação de solo e de habitats, bem como a ciclagem de nutrientes para que eles possam se manter no ciclo e suprir as necessidades das plantas e dos animais, entre outros. Como exemplo de atividade potencialmente formadora de área degradada, você pode considerar a mineração. Nos locais explorados, é gerado um grande desequilíbrio no ecossistema. Isso ocorre pois a atividade requer a remoção da camada superficial do solo e, junto com ela, de seus nutrientes e de sua matéria orgânica. Isso deixa sua estrutura física, seus processos hidrológicos e suas atividades microbiológicas totalmente afetadas (Figura 2). Dessa forma, os serviços ecossistêmicos, como a produção de oxigênio pelas plantas ou mesmo a recarga de mananciais, ficam comprometidos. Figura 2. Em áreas de mineração, a paisagem se altera. Fonte: Red ivory/Shutterstock.com. Recuperação de áreas degradadas140 O crescimento desordenado da humanidade, principalmente no que tange às classes mais baixas – para as quais faltam serviços essenciais, como saneamento básico –, produz grandes áreas degradadas. Maharashtra, na Índia, concentra 19 milhões de pessoas vivendo em condições de intensa poluição, seja do solo ou da água. A maior concentração de pessoas em condições precárias no Brasil ocorre na favela da Rocinha, que abriga 69 mil moradores. A alteração do solo e da vegetação, bem como das águas superficiais, é iminente. Você pode, então, imaginar como é ou mesmo como ficará a qualidade dos recursos nesses locais. O PRAD e suas principais técnicas O Projeto de Recuperação de Área Degradada é um plano frequentemente solicitado pelos órgãos ambientais como parte integrante do processo de licen- ciamento ambiental. Ele também pode ser solicitado após o empreendimento ser punido por causar degradação. O PRAD se refere ao conjunto de medidas que propiciarão à área degradada condições de estabelecer um novo equilíbrio. A ideia é deixar a área apta para uso futuro e com paisagem harmoniosa (Figura 3). O plano engloba o cronograma físico-financeiro da recuperação ambiental proposta, assim como a indicação do uso futuro pretendido. Figura 3. O objetivo dos PRADs é a recuperação de áreas degradadas. Fonte: leolintang/Shutterstock.com. 141Recuperação de áreas degradadas As principais atividades do PRAD podem ser: � caracterização e avaliação da degradação ambiental; � definição dos objetivos e análise das alternativas de recuperação; � definição e implementação das medidas de recuperação; � proposições para monitoramento e manutenção das medidas corretivas implementadas. São váriasas técnicas de recuperação de áreas degradadas que existem. Elas podem e devem ser utilizadas concomitantemente ou mesmo em sequência, dependendo do planejamento de recuperação. Você pode considerar vários métodos, como os descritos a seguir. Nucleação O modelo de nucleação é baseado na capacidade de uma espécie propiciar uma significativa melhoria nas condições ambientais, permitindo aumento da ocupação desse ambiente por outras espécies. A partir de núcleos, a vegetação secundária se expande ao longo do tempo e acelera o processo de sucessão natural na área degradada. Nucleação é a proposta de criar “ilhas de vegeta- ção”, ou seja, pequenos habitats dentro da área degradada, de forma a induzir uma heterogeneidade ambiental. Isso propicia ambientes distintos no espaço. Esses núcleos têm o papel de facilitar a convocação de novas espécies dos fragmentos vizinhos, do banco de sementes local. Elas também influenciam os novos núcleos formados ao longo do tempo. O modelo de nucleação tem o intuito de criar condições para a regeneração natural, como a chegada de espécies vegetais, animais e microrganismos e a formação de interações entre eles. A recuperação de áreas degradadas por meio da nucleação é baseada em estudos que demonstram que vegetações remanescentes, em áreas degradadas, atuam como núcleos de expansão da vegetação. Isso ocorre porque elas atraem animais que participam da dispersão de sementes. Recuperação de áreas degradadas142 Transposição de solo Consiste em retirar porções da camada superficial do solo, junto à serrapilheira, de uma área em estágio de sucessão mais avançada. Depois, essas porções são aplicadas conforme o modelo de nucleação, ou seja, colocadas em faixas ou ilhas na área degradada. Com isso, além de sementes, são levados juntamente ao solo seres vivos responsáveis pela ciclagem de nutrientes, pela reestrutu- ração e pela fertilização do solo, além de materiais minerais e orgânicos. Isso auxilia na recuperação das propriedades físico-químicas do solo degradado e, por consequência, na revegetação da área. Você pode ver o processo de transposição na Figura 4. Figura 4. Manejo do solo, uma das técnicas utilizadas em PRADs. Fonte: Smileus/Shutterstock.com. A transposição das porções de solo representa uma grande chance de recolonização da área com microrganismos, sementes e propágulos de espécies vegetais pioneiras. 143Recuperação de áreas degradadas Transposição de galharia A galharia consiste nos restos vegetais (galhos, folhas e material reprodutivo) da floresta. Nessa técnica, esse material é disposto desordenadamente formando um emaranhado de restos vegetais. Na transposição das galharias, os materiais são enleirados e, com o passar do tempo, entrarão em decomposição e incorporarão a matéria orgânica ao solo afetado. O método facilita o rebrote e a germinação de espécies vegetais. Além disso, proporciona abrigo para pequenos animais e mantém um ambiente úmido e sombreado, favorecendo o desenvolvimento de espécies mais adaptadas a essas condições e representando uma fonte de matéria orgânica. Transposição de serrapilheira A serrapilheira é composta pelos materiais que recobrem o solo das formações florestais. Inclui folhas, frutos, sementes e outros componentes vegetais. Além disso, é composta por exemplares de insetos e outros organismos. É um material solto encontrado no solo da floresta, que contém sementes de plantas herbáceas, arbustivas e arbóreas. A técnica de transposição de serrapilheira fornece um grande enriquecimento faunístico e florístico ao ambiente a ser recuperado. Instalação de poleiros A técnica se baseia no hábito que diversos grupos de animais possuem de pousar sobre determinadas superfícies. Assim, ela envolve a montagem de poleiros. O hábito desses animais, por sua vez, está relacionado ao comportamento de alimentação, demarcação de território, repouso, entre outros. Com o pouso no poleiro, o animal costuma defecar, e esse comportamento poderá enriquecer a área com novas espécies de plantas. Os poleiros podem ser naturais (poleiros vivos), artificiais ou secos (bambus, galhos, etc.). Em geral, sua constituição é bastante simples e eles maximizam sua função, propiciando um ambiente favorável para que as sementes depositadas possam germinar e produzir plantas nucleadoras. Chuva de sementes Consiste na colocação de recipientes sob a copa de árvores com capacidade de atrair aves. A atividade intensa das aves nas copas das árvores contribui com sementes de diversas espécies de plantas, na medida em que elas defecam. Essas sementes são coletadas e utilizadas para a produção de mudas com o objetivo de Recuperação de áreas degradadas144 restaurar uma área degradada, ou podem ser semeadas diretamente na área a ser restaurada. Para a coleta das sementes são utilizados recipientes feitos de madeira, plástico, metal ou PVC. Como aspecto positivo dessa técnica, tem-se a obtenção de sementes de espécies que talvez não sejam comumente cultivadas em viveiros. Plantio de mudas Com o intuito de gerar núcleos capazes de atrair maior biodiversidade para as áreas degradadas, são implantadas mudas produzidas em viveiros flores- tais de diferentes espécies. Isso ocorre conforme a região fitogeográfica e a especificação de cada projeto. Algumas espécies têm a capacidade de florir e frutificar rapidamente, atraindo polinizadores, predadores, dispersores e decompositores para os núcleos formados. Assim, geram condições de adaptação e reprodução de outros organismos. Recomenda-se buscar espécies nativas, essencialmente as que possuem boa interação com a fauna, como as espécies com frutos e sementes atrativos a ela. A escolha de espécies ameaçadas de extinção é uma boa ideia a fim de garantir a preservação da diversidade biológica. Em geral, as mudas são plantadas em grupos de cinco, nove ou 13, espa- çadas a 0,5 m ou 1 m de distância. As plantas tendem a competir entre si por recursos como água e nutrientes. Assim, as melhores mudas são selecionadas naturalmente de acordo com as condições ambientais específicas para cada local. Você pode ver o processo de plantio de mudas na Figura 5. Figura 5. Plantio de mudas, uma das técnicas utilizadas em PRADs. Fonte: Syda Productions/Shutterstock.com. 145Recuperação de áreas degradadas Legislação pertinente São diversas as leis que tratam do conceito de áreas degradadas (Figura 6), das formas de recuperá-las e do PRAD. O Decreto Federal nº 97.632/89 (BRASIL, 1989) é a base dessa legislação, pois define o conceito de degradação ambiental como sendo “[...] processos resultantes de danos ao meio ambiente, pelos quais se perdem ou se reduzem algumas de suas propriedades, tais como a qualidade produtiva dos recursos naturais.”. A própria Constituição (BRASIL, 1988) dispõe sobre atividades potencial- mente poluidoras, regulando seu funcionamento. Já em seu artigo 225, fala sobre o direito que todos têm sobre o meio ambiente ecologicamente equili- brado, que é de uso comum e essencial à qualidade de vida. Nesse sentido, é um dever de todos preservá-lo para as presentes e as futuras gerações. Ainda no mesmo artigo, a Constituição (BRASIL, 1988) estabelece que aquele que instalar uma atividade potencialmente poluidora deve passar por um estudo e licenciamento para que tal atividade ocorra sem prejudicar o meio ambiente. Além disso, aquele que degradar e poluir deverá recuperar o ambiente por meio de uma solução técnica exigida pelo órgão público competente. Em 1998, a Lei nº 9.605, de 12/02/98 (BRASIL, 1998), conhecida como Lei de Crimes Ambientais, passou a tratar a questão da degradação como um crime. Ela especificou penas de indenização e de reclusão conforme a gravidade da degradação. Essa lei não se aplica apenas ao poluidor, mas também àquele que age como coautor, escondendo a degradação, ou até mesmo a autoridades que tenham avaliado a área e cometido uma negligência. A Lei nº 6.938/81 (BRASIL, 1981), conhecida como PolíticaNacional de Meio Ambiente, possui um artigo que trata sobre a responsabilidade objetiva. Nele, ela estabelece que o poluidor, independentemente de culpa, deve indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e as pessoas afetadas por esse dano. A Resolução CONAMA nº 429, de 28 de fevereiro de 2011 (BRASIL, 2011), dispõe sobre a metodologia de recuperação de áreas de preservação permanente. De acordo com o texto, a metodologia de recuperação disposta nessa resolução se aplica às APPs consideradas de interesse social, conforme a alínea “a”, inciso V, do § 2º do artigo 1º do Código Florestal (BRASIL, 2012). Conforme a resolução (BRASIL, 2011), a recuperação voluntária de APP com espécies nativas do ecossistema onde ela está inserida, respeitada metodologia de recuperação estabelecida na mesma resolução e demais normas aplicáveis, dispensa a autorização do órgão ambiental. Conforme a resolução (BRASIL, 2011), a recuperação de APP poderá ser feita pelos seguintes métodos: Recuperação de áreas degradadas146 a) Condução da regeneração natural de espécies nativas; b) Plantio de espécies nativas; c) Plantio de espécies nativas conjugado com a condução da regeneração natural de espécies nativas. O artigo 8º da resolução (BRASIL, 2011) estabelece que a recuperação de APP, bem como a recuperação de reserva legal, é elegível para os fins de incentivos econômicos previstos na legislação nacional e nos acordos internacionais relacionados à proteção, à conservação e ao uso sustentável da biodiversidade e de florestas ou de mitigação e adaptação às mudanças climáticas. Instrução Normativa ICMBIO nº 11, de 11 de dezembro de 2014 Esse é um dos principais documentos relacionados ao tema. Ele estabelece procedimentos para elaboração, análise, aprovação e acompanhamento da execução de um Projeto de Recuperação de Área Degradada ou Perturbada para fins de cumprimento da legislação (BRASIL, 2014). Esse documento traz conceitos muito importantes relativos a áreas degradas, como os de recupera- ção, restauração, área perturbada, área degradada, sistema agroflorestal (SAF), espécie exótica, espécie problema, espécie invasora, espécie nativa, espécie ameaçada de extinção, resiliência, sucessão secundária, pequena propriedade rural ou posse rural familiar (BRASIL, 2014). Essa instrução (BRASIL, 2014) define também importantes ações refe- rentes ao PRAD. Ele deve determinar as medidas e técnicas necessárias à recuperação ou restauração da área, fundamentando seus estudos e fazendo uma análise geral sobre as características bióticas e abióticas da área, o tipo de impacto causado, entre outros. O PRAD deve ser montado conforme os Termos de Referência (TR), que estabelecem diretrizes e orientações técnicas voltadas à apresentação de PRAD e PRAD Simplificado. Ele deve ainda apresentar embasamento teórico que contemple as variáveis ambientais e o funcionamento dos ecossistemas conforme a região. Em seu capítulo sobre a recomposição da vegetação, a instrução (BRASIL, 2014) estabelece que o método utilizado para recuperar ou restaurar deve ser definido de acordo com as características bióticas e abióticas da área. Além disso, esse método deve ser fundamentado na literatura vigente e justificado tecnicamente no PRAD. 147Recuperação de áreas degradadas A seguir, você pode conhecer melhor os diferentes conceitos que integram a Instrução Normativa ICMBIO nº 11 (BRASIL, 2014). � Recuperação: o local alterado é trabalhado de modo que as condições ambien- tais acabem se situando próximas às condições anteriores à intervenção; ou seja, trata-se de devolver ao local o equilíbrio e a estabilidade dos processos atuantes. � Restauração: reprodução das condições exatas do local, tais como eram antes de serem alteradas pela intervenção. � Reabilitação: o local alterado é destinado a uma dada forma de uso de solo, de acordo com projeto prévio e em condições compatíveis com a ocupação circunvizinha; ou seja, trata-se de reaproveitar a área para outra finalidade. � Recuperação: é a restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada a uma condição não degradada, que pode ser diferente de sua con- dição original. � Restauração: é a restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada ao mais próximo possível da sua condição original. � Remediação: engloba ações e tecnologias que visam a eliminar, neutralizar ou transformar contaminantes presentes em subsuperfície (solo e águas subterrâneas). Refere-se a áreas contaminadas. Recuperação de áreas degradadas148 1. PRADs são documentos que norteiam a recuperação de uma área degradada. Entre os métodos utilizados pelos profissionais da área, está o modelo de nucleação. Acerca do tema, assinale a alternativa correta. a) Nucleação é o método que envolve a retirada de porções da camada superficial do solo em áreas do entorno da área degradada, junto à serrapilheira. Posteriormente, essas porções são dispostas na área a ser recuperada. b) No método de nucleação, compostos ricos são dispostos em núcleos, permitindo que a vegetação secundária se expanda ao longo do tempo em distintos pontos da área. c) Na nucleação, ocorre o plantio de espécies arbóreas na área degradada. d) No método de nucleação, ocorre a colocação de recipientes sob a copa de árvores para coleta de sementes. e) A nucleação é baseada em estudos que demonstram que vegetações remanescentes atuam como núcleos de expansão da vegetação devido à ação antrópica. 2. Em áreas com sérias contaminações de solo, é essencial iniciar o processo de recuperação com manejo do solo contaminado e aterramento, seguido da aplicação de técnica de transposição de solo, que consiste em: a) retirar porções da camada superficial do solo de uma área em estágio de sucessão mais avançada e aplicá-las na área degradada. b) colocar poleiros para os pássaros. c) colocar recipientes sob a copa de árvores com capacidade de atrair as aves e coletar sementes. d) colocar parcela limpa de solo na área degradada, conforme modelo de nucleação. e) dispor galhos, folhas e material reprodutivo na área em recuperação. Com o passar do tempo, eles entrarão em decomposição e incorporarão a matéria orgânica ao solo degradado. 3. Qualquer profissional do meio ambiente, principalmente aquele que atua na consultoria ambiental, precisa saber dissertar acerca da importância da recuperação de áreas degradadas. Nesse sentido, marque a alternativa correta: a) os serviços ecológicos não têm importância direta para a sobrevivência humana. b) a área degradada afeta apenas o meio ambiente e as pessoas. c) áreas saudáveis prestam os chamados serviços ecológicos. Estes podem ser classificados em serviços de regulação e serviços terceirizados. d) um ambiente em boas condições não pode exercer atividades essenciais para a manutenção da vida e de sua qualidade. 149Recuperação de áreas degradadas e) áreas saudáveis prestam os chamados serviços ecológicos, enquanto áreas degradadas, além de não oferecerem benefícios, muitas vezes prejudicam tudo que está à sua volta. 4. O profissional da área ambiental que pretende atuar com recuperação de áreas degradadas precisa saber a base legal acerca do assunto. Nesse sentido, e conforme a Lei nº 9.605, de 12/02/1998 (BRASIL, 1998), conhecida como Lei de Crimes Ambientais, é correto afirmar que: a) a degradação ambiental é crime, passível de penas de indenização e de reclusão, conforme a gravidade da degradação. b) essa lei possui um artigo que trata sobre a responsabilidade objetiva, no qual estabelece que o poluidor, independentemente de culpa, deve indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e às pessoas afetadas por esse dano. c) essa lei estabelece que a recuperação voluntária de APP com espécies nativas do ecossistema onde ela está inserida, respeitada a metodologia de recuperação, dispensa autorização do órgão ambiental.d) em seu capítulo sobre a recomposição da vegetação, essa lei estabelece que o método utilizado para recuperar ou restaurar deve ser definido de acordo com as características bióticas e abióticas da área. Além disso, esse método deve ser fundamentado na literatura vigente e justificado tecnicamente no PRAD. e) essa lei considera que a degradação ambiental não pode ser considerada crime, pois depende do nível de conhecimento de cada indivíduo para identificar se está cometendo uma degradação ambiental ou não. 5. Outra base legal que norteia a base legal de aplicação de recuperação de áreas degradadas no Brasil é a Instrução Normativa ICMBIO nº 11, de 11 de dezembro de 2014 (BRASIL, 2014), que é conhecida como: a) lei de Crimes Ambientais. b) o primeiro instrumento a tratar a questão da degradação como um crime. c) um dos principais documentos consultados acerca de PRADs. d) a base da legislação sobre o assunto, pois define o conceito de degradação ambiental. e) política Nacional de Meio Ambiente. Recuperação de áreas degradadas150 BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução n° 429, de 28 de fevereiro de 2011. Brasília, DF: CONAMA, 2011. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/ conama/legiabre.cfm?codlegi=644>. Acesso em: 19 nov. 2017. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 14 dez. 2016. BRASIL. Decreto nº 97.632, de 10 de abril de 1989. Brasília, DF, 1989. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1980-1989/d97632.htm>. Acesso em: 19 nov. 2017. BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Brasília, DF, 1981. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm>. Acesso em: 19 nov. 2017. BRASIL. Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Brasília, DF, 1998. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9605.htm>. Acesso em: 19 nov. 2017. BRASIL. Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012. Brasília, DF, 2012. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12651.htm>. 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