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FOLHA DE RESPOSTAS COORDENAÇÃO: CURSO: DIREITO DISCIPLINA: DA SUPERFÍCIE À LAJE NOME: GABRIEL MANGES COELHO ASS.: DATA ___/___/___ AVALIAÇÃO 2 TURMA MATRÍCULA: ATENÇÃO – SERÃO DESCONSIDERADAS RESPOSTAS RASURADAS OU COM MARCAÇÃO DUPLA Orientações: 1- A prova deverá ser realizada, INDIVIDUALMENTE, no período da aula e postada no sistema (plataforma Canvas) no local da Atividade Avaliativa 2, até às 20h e 20min. 2- A resposta deve ser redigida ou assinalada à caneta e não serão aceitas rasuras no quadro de resposta das questões objetivas. 1) Beatriz e Cristina vivem em união estável e receberam de Amarildo, pai de Beatriz, uma casa situada em Pedra de Guaratiba, em usufruto. Com a finalidade de lhes garantir uma fonte de renda, Beatriz e Cristina alugam o imóvel à Catarina. Dois anos depois da constituição do usufruto, Cristina faleceu, e Beatriz, mesmo sem “cláusula de acrescer” expressamente estipulada, passa a receber integralmente os valores decorrentes da locação. Um ano após o falecimento de Cristina, Amarildo vem a falecer. Os irmãos de Beatriz, que com ela não falavam, pleiteiam judicialmente uma parcela dos valores integralmente recebidos por Beatriz no intervalo entre o falecimento de Cristina e de Amarildo e, no mesmo processo, requereram a extinção do usufruto em função da morte de Arnaldo. Diante do exposto, assinale a afirmativa correta. (1,0) A) Assiste à Beatriz o direito de receber a integralidade dos aluguéis independentemente de estipulação expressa da “cláusula de acrescer”, tendo em vista a instituição de usufruto conjunto. B) Assiste à Beatriz o direito de receber a integralidade dos aluguéis independentemente de estipulação expressa da “cláusula de acrescer”, mas a morte de Amarildo extingue a totalidade do usufruto. C) A morte de Amarildo só extingue a parte do usufruto que caberia a Beatriz, mas permanece em vigor no que tange à parte que cabe a Cristina, legitimando os herdeiros desta a receberem metade dos valores decorrentes da locação, caso esta permaneça em vigor. D) A morte de Cristina extingue integralmente o usufruto, pois instituído em caráter simultâneo, razão pela qual os herdeiros de Amarildo têm direito de receber a integralidade dos valores recebidos por Beatriz, após o falecimento de Cristina. E) Parte do usufruto se extinguiu com a morte de Cristina, face a inexistência da “cláusula de acrescer”. Contudo, o usufruto não se extingue com a morte de Amarildo. 2) Para adquirir a tão sonhada casa própria, Mariana conseguiu empréstimo bancário, obrigando-se a quitar a dívida em 36 parcelas iguais e sucessiva. Mariana vinha pagando pontualmente todas as prestações. Entretanto, por ter sido demitida de seu emprego, passou a ter dificuldade em manter em dia a dívida, estando com as duas últimas prestações (35ª e 36ª) em atraso. O banco que financiou a aquisição da casa de Mariana, diante do inadimplemento, optou pela resolução do contrato. Tendo em vista o pagamento das 34 parcelas anteriores, pode-se afirmar que a conduta da instituição financeira viola o princípio da boa-fé, em razão do(a): (1,0) A) dever de mitigar os próprios danos. B) proibição de comportamento contraditório (venire contra factum proprium). C) adimplemento substancial. D) dever de informar. E) Não houve violação do princípio da boa-fé. 3) Através de escritura pública, devidamente registrada no Cartório do Registro de Imóveis, Marcelo concede a Vitória, pelo prazo de dez anos, direito real de usufruto sobre a sua casa de praia. Cinco anos depois da constituição do usufruto, Vitória falece, deixando como única herdeira sua filha Patrícia. Sobre esse caso, assinale a afirmativa correta. (1,0) A) Patrícia herda o direito real de usufruto sobre o imóvel. B) Patrícia adquire somente o direito de uso sobre o imóvel. C) O direito real de usufruto extingue-se com o falecimento de Vanessa. D) Patrícia deve ingressar em juízo para obter sentença constitutiva do seu direito real de usufruto sobre o imóvel. E) Patrícia tem direito a permanecer no imóvel, pois o usufruto temporário só termina quando chega a seu termo. 4) Mariano e sua família adquiriram, onerosamente, de Hamilton a posse de um terreno de 199m², que o mesmo possuía há mais de 5 anos. Assim, de forma pública, passou a construir ali a sua moradia. Após o exercício ininterrupto da posse por 17 (dezessete) anos, sem que houvesse qualquer oposição ao seu exercício, Mariana procura um advogado e ingressa judicialmente com pedido de reconhecimento da propriedade do bem pela usucapião. Durante o processo, constatou-se que o imóvel estava hipotecado em favor do Banco BMXC, para o pagamento de uma dívida contraída por Aderbal, proprietário do imóvel. Com base nos fatos apresentados, assinale a afirmativa correta. (1,0) A) A hipoteca existente em benefício do Banco prevalece sobre eventual direito de Mariano, tendo em vista o princípio da prioridade no registro. B) A hipoteca é um impeditivo para o reconhecimento da usucapião, tendo em vista a função social do crédito garantido. C) Apesar de ser modo originário de aquisição da propriedade, a usucapião não é capaz extinguir a hipoteca. D) Mariano pode adquirir, pela usucapião, o imóvel em questão, porém ficará com o ônus de quitar o débito que a hipoteca garantia. E) Como a usucapião é modo originário de aquisição da propriedade, a hipoteca não é capaz de impedir a sua consumação. 5) Percival possui direito de servidão de vista registrado no registro competente, adquirido onerosamente de Jurema, que assumiu o compromisso de não realizar qualquer ato ou construção que embarace a paisagem de que Percival desfruta de sua piscina. Após o falecimento de Jurema, sua sobrinha e única herdeira, decide construir mais dois pavimentos na casa que herdou para ali passar a habitar com sua família. Diante do exposto, assinale a afirmativa correta: (1,0) A) Percival pode ajuizar ação possessória, apesar de ser uma servidão não aparente. B) Diante do falecimento de Laurentino, a servidão que havia sido instituída automaticamente se extinguiu. C) A servidão de vista pode ser considerada aparente quando houver algum tipo de aviso, mesmo que verbal, sobre sua existência. D) Januário pode apenas ajuizar ação de obrigação de não fazer, provando a existência da servidão com base no título. E) Percival deve ingressar com pedido de usucapião da servidão de vista. 6) Vanessa celebra com Felipe contrato de mútuo, por escritura particular devidamente registrado no cartório de títulos e documentos, por meio do qual Vanessa toma emprestada de Felipe a quantia de R$ 5.000,00, obrigando-se a restituir o montante no prazo de cinco meses. Em garantia da dívida, Vanessa constitui em favor de Felipe, por meio de instrumento particular, direito real de penhor sobre um quadro de que é proprietária. Tendo vencido o prazo estabelecido para o pagamento da dívida, Vanessa procura Felipe informando que não possui condições de quitar o débito, propondo que, em vez de entregar a quantia devida, Felipe receba, em pagamento da dívida, a propriedade do quadro empenhado. Assinale a opção que indica a orientação correta: (1,0) A) Para ter validade, o acordo sugerido por Vanessa deve ser celebrado mediante escritura pública. B) O acordo sugerido por Vanessa não tem validade, uma vez que constitui espécie de pagamento proibido pela lei. C) Para ter validade, o acordo sugerido deve ser homologado em juízo. D) O acordo sugerido por Vanessa é válido, uma vez que constitui espécie de pacto cuja licitude é expressamente reconhecida pela lei. E) O acordo sugerido por Vanessa não tem validade, uma vez que constitui pacto comissório. 7) Por meio de escritura pública levada ao cartório do registro de imóveis, Marcos concede a Matheus, direito real de superfície, pelo prazo de vinte anos, sobreo seu imóvel situado em Araruama. A escritura prevê que Matheus deverá ali construir um edifício que servirá de clínica da família para atendimento da população local. A escritura ainda prevê que, em contrapartida à concessão da superfície, Matheus deverá pagar a Marcos a quantia de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais). A escritura também prevê que, em caso de alienação do direito de superfície por Matheus, Marcos terá direito a receber quantia equivalente a 2% do valor da transação. Nesse caso, é correto afirmar que: (1,0) A) é nula a concessão de direito de superfície por prazo determinado, haja vista só se admitir, no direito brasileiro, a concessão perpétua. B) é nula a cláusula que prevê o pagamento de remuneração em contrapartida à concessão do direito de superfície, haja vista ser a concessão ato essencialmente gratuito. C) é nula a cláusula que estipula em favor de Mateus o pagamento de determinada quantia em caso de alienação do direito de superfície. D) é nula a cláusula que obriga Francisco a construir um edifício no terreno. E) não existe qualquer nulidade no citado contrato. 8) Em outubro de 2002, por meio de escritura particular, Valentim concedeu a Joana, mediante pagamento de 40.000,00 reais, o direito real de enfiteuse de seu imóvel localizado em Visconde de Mauá. O contrato de enfiteuse prevê que Joana deve pagar o foro anual, no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais). Prevê, também que, em caso de cessão da enfiteuse, Joana deverá pagar a Valentim o valor correspondente a 2% do valor da venda, a título de laudêmio. Em março de 2022, Valentim faleceu. Em fevereiro de 2023, Joana decide alienar o direito real de enfiteuse em favor de Roberto, notificando os herdeiros de Valentim, para que, querendo, exercessem o direito de preferência. Contudo, ao analisar os documentos fornecidos por Joana, Waldemar, único filho de Valentim, informa que Joana não pode alienar o direito de enfiteuse, pois não há qualquer registro de enfiteuse em relação aquele imóvel. Por fim, Waldemar informa que irá reivindicar o citado imóvel, pois a propriedade lhe pertence. Nesse caso, é correto afirmar que (1,0) A) é nula a concessão de direito de enfiteuse por prazo indeterminado, haja vista só se admitir, no direito brasileiro, a concessão por prazo determinado ou determinável. B) é nula a cláusula que prevê o pagamento de remuneração em contrapartida à concessão do direito de enfiteuse, haja vista ser a concessão ato essencialmente gratuito. C) é nula a cláusula que estipula em favor de Valentim o pagamento de determinada quantia em caso de alienação do direito de enfiteuse. D) é nula a concessão de direito de enfiteuse por instrumento particular, contudo, pelo período que Joana exerce a posse do imóvel, caberá usucapião da propriedade do imóvel, com base no justo título e boa-fé. E) Todas as respostas estão incorretas. 9) Eustáquio, titular da propriedade de um imóvel de 500m², localizado em importante bairro de Arraial do Cabo, desde janeiro de 2012, quando, de férias, se apaixonou pelo local, adquirindo onerosamente uma bela casa, através de escritura pública assinada por procuração outorgada pelo proprietário, o Sr. Jonatas que é residente e domiciliado na cidade do Rio de Janeiro. Sobre o imóvel, Eustáquio construiu a casa de seus sonhos, no estilo mediterrâneo, tendo como privilégio a bela vista do mar, principal razão de ter adquirido o imóvel, sob peremptória promessa de Jonatas de que não iria construir no terreno da frente, também de sua propriedade, obstruindo a vista que Eustáquio tanto se apaixonou. Ocorre que, ao celebrarem a escritura de compra e venda, esqueceram de mencionar a promessa de Jonatas. Ao perceber o equívoco, Eustáquio procura Jonatas e, no dia 25 de março de 2012, com ele celebra instrumento particular de servidão de vista. Em janeiro de 2022, Jonatas Faleceu. Eustáquio, permaneceu desfrutando livremente de seu imóvel e da vista deslumbrante até que em janeiro deste ano, Marinalva, filha e única herdeira de Jonatas vende, para Olavo, o imóvel de frente a Eustáquio. De posse do imóvel, Olavo inicia a obra de construção de uma pousada, cuja altura das acessões irá prejudicar a vista de Eustáquio. Ao procurar Olavo para fazer cumprir seu direito de servidão, Olavo lhe mostra que, ao comprar o imóvel, não constava qualquer ônus sobre o imóvel e que, por estar livre de qualquer ônus ou servidão comprou o imóvel e nele irá construir o que bem entender. Contrariado, Eustáquio procura um advogado para fazer cumprir o contrato de servidão celebrado com Jonatas. Ao ser indagado se o contrato fora devidamente registrado no RI competente, Eustáquio lembra que esqueceu de registrá-lo. Na qualidade de advogado, de Eustáquio, responda as perguntas a seguir: a) A servidão de vista celebrada entre Eustáquio e Jonatas possui efeito erga omnes? (1,0) b) Existe possibilidade de se requerer a usucapião da servidão de vista com base no justo título e boa-fé? (1,0) Responda as perguntas em uma só resposta de, no máximo, 15 linhas. Justifique a sua resposta: 1 A) A servidão de vista estabelecida entre Eustáquio e Jonatas não possui efeito perante a totalidade das pessoas. O acordo específico de servidão de vista que eles celebraram não foi devidamente registrado no órgão competente, conhecido como Registro de Imóveis. Esse registro é essencial para conferir validade da servidão diante de terceiros, ou seja, para que possa ser invocada por qualquer indivíduo que adquira o imóvel posteriormente. 2 B) Não é viável solicitar a usucapião da servidão de vista com base no justo título e boa-fé, uma vez que a servidão não foi registrada. A usucapião é um meio de adquirir a propriedade de forma originária, mas requer o cumprimento de requisitos legais, incluindo a posse tranquila e pacífica por um período determinado, com justo título e boa- fé. No entanto, sem o registro da servidão, o justo título perde sua validade, o que impossibilita o reconhecimento da usucapião. Em resumo, a ausência de registro da servidão de vista impede que ela tenha efeitos perante terceiros e também inviabiliza a alegação de usucapião com base no justo título e boa-fé. Para que Eustáquio possa fazer valer seus direitos, é necessário que ele proceda ao registro da servidão no órgão competente de Registro de Imóveis. 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15