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História: Fundamentos e Metodologias nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental AULA 2 Profª Janieyre Scabio Cadamuro 2 CONVERSA INICIAL Na aula de hoje, veremos os processos do ensino da história no Brasil. Para isso, estudaremos as formas como foi abordado desde o Império até o Período Republicano, ou seja, do século XIX até o final do século XX. Vamos identificar, dentro dos diferentes governos, as tendências político-educacionais, além de analisar as propostas inovadoras dos anos de 1990, com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). Esse encontro de hoje vai ser sobre a história da história, ou seja, vamos pensar as dinâmicas que foram utilizadas em diferentes períodos, e que influenciaram o trabalho em sala de aula. Vamos também discutir o tema do amadurecimento das pesquisas históricas no nível acadêmico, e sua influência para as novas concepções do estudo da história em sala de aula. TEMA 1 – O ENSINO DA HISTÓRIA: IMPÉRIO E REPÚBLICA De modo geral, o ensino de história pode ser caracterizado por dois momentos distintos. O primeiro teve início na primeira metade do século XIX, com a introdução da área no currículo escolar. Lembre-se que falamos aqui do Brasil Império, fase que ocupa praticamente todo o século XIX, iniciando com a independência, em 1822, e se estendendo até a proclamação da república, em 1889. Nesse período passamos por três governos, o Primeiro Império (1822 - 1831), o Período Regencial (1831-1840) e o Segundo Império (1840-1889). Após a Independência, se pensou numa nova Constituição para o Brasil. Com ela, surge a preocupação de criar a genealogia da nação. Assim, elaborou- se uma história nacional, baseada em uma matriz europeia. No período do Império brasileiro (1822-1889), por meio de um decreto, estabeleceu-se a primeira lei sobre a instrução nacional. A história como área escolar surgiu com a criação do Colégio Pedro II, em 1837. Seu conteúdo dividia espaço com a história sagrada. Em 1855, foi introduzida no ensino secundário. O segundo momento ocorreu com a proclamação da república, que tem como período inicial o que conhecemos por República Velha (1889-1930). Depois, temos o governo de Getúlio Vargas (1930-1945), os chamados Governos Populistas (1945-1964) e o Período Militar (1964-1985). 3 Nas décadas de 1930 e 1940, com o país orientado por uma política nacionalista, o Estado passou a intervir diretamente na educação, fomentando a formação de professores em Filosofia e criando as primeiras faculdades. As diferentes formas de governo na república fundamentaram as políticas educacionais. Agora que você já se situou nos momentos históricos e políticos, vejamos como a história como disciplina foi evoluindo na sociedade brasileira. Na fase do Brasil Império temos a primeira Constituição brasileira, em 1824, que foi imposta pelo Estado. Em seguida a essa Constituição outorgada, temos um Decreto que impõe a instrução, em nível nacional, a 1ª Lei sobre o assunto. Nesse primeiro momento temos uma divisão da história em civil e sagrada, para a chamada escola elementar. A história civil vai dialogar diretamente com o modelo europeu, podendo inclusive ser chamada de história eurocêntrica. Já a história sagrada está relacionada aos fatos históricos bíblicos, bem como seus santos. Perceba que essa situação deixa claro que foram impostos ao ensino da história os ideais morais e religiosos da época, com apenas uma religião. Posteriormente, a história passa a ser uma disciplina optativa, e vai ocupar um lugar definitivo como disciplina curricular a partir de 1837, com a criação do Colégio Pedro II. Em 1855, a disciplina é introduzida no ensino secundário. Em 1870, a história passa a ter uma concepção mais científica, quando surge o embate com a história sagrada. Como ainda estamos na fase do Brasil Império, as duas histórias ainda dividem espaço de estudo na escola no ensino primário e secundário. No início da República, o trabalho com a história passa a ser extremamente nacionalista, por causa do fluxo migratório que há no país no final do século XIX. É importante, nesse momento, que o estudo da história passe a marcar fortemente o que é ou não Brasil. Nos anos de transição do Império para a República, há um movimento de racionalização do trabalho, vinculado também ao processo migratório. A ideia é de moralização do Brasil a partir da necessidade do trabalho para todos os cidadãos e a assimilação dos modelos brasileiros. Nesse sentido, o que é apresentado aos alunos é a história da civilização e a história nacional, junto à ideia do civismo. 4 Na década de 30, a Reforma Francisco Campos impõe que o Estado controle o que se trabalha em história geral e história do Brasil. Aqui se apresenta uma ideia de democracia racial com “ausência de preconceitos”. Na escola, a história busca garantir a memorização de nomes e datas, cobrados em exames. Observe as imagens a seguir, que mostram como o Governo Varguista levou a cabo os ideais apresentados, de um presidente doce e grande líder, que trazia benesses para o país. Lembramos que é durante o governo de Getúlio Vargas que aconteceram as principais reformas (de 1930 e do Capanema, 1942), que têm o direcionamento do controle do Estado na educação, buscando- se trabalhar, em sala de aula, os elementos que garantem a ordem e a moral. Outro ponto que merece destaque é o fato de que, entre 1937 e 1945, o país viveu a ditadura Vargas, chamada de Estado Novo. Figura 1 – Getúlio Vargas, presidente do Brasil entre 1930 e 1945 e entre 1951 e 1954 Crédito: © CC-20/Governo Do Brasil. Figura 2 – Propaganda do Estado Novo (Brasil), mostrando Getúlio Vargas ao lado de crianças Crédito: © CC-20. 5 TEMA 2 – HISTÓRIA E ESTUDOS SOCIAIS: OS ANOS DE 1970 Nos anos 50 e 60, havia intensa discussão sobre a liberdade de trabalho no campo da educação, inclusive com a sugestão de processos de alfabetização inovadores. Neste período, foram propostas mudanças que buscavam repensar questões estruturais a respeito da educação. Porém, em 1964, a ditadura militar traz um controle mais austero sobre toda a sociedade, inclusive na educação. Vamos aqui lembrar do surgimento de programas como o Mobral, que visava alfabetizar em grande escala, mas que se mostrou pouco efetivo em termos de qualidade e quantidade. Entre a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e o final da década de 1970, houve dois momentos significativos na implantação dos estudos sociais. O primeiro ocorreu no contexto da democratização do país com o fim da ditadura Vargas, e o segundo durante o governo militar depois de 1964. Em 1971, houve a consolidação dos estudos sociais, em que as disciplinas de História e Geografia foram fundidas, repercutindo diretamente nas escolas. Na sequência, em 1980, devido às várias lutas da Associação Nacional de História (ANPUH) e da Associação dos Geógrafos Brasileiros (AGB), houve o retorno da História e da Geografia como disciplinas autônomas. A partir desse momento, são debatidos novos currículos de história, novas propostas e análises. Vejamos como esse processo aconteceu, pois ele dominou os anos 70 no Brasil. Nessa fase, a história política internacional acabou se voltando para uma espécie de corte do que poderia ser trabalhado no Brasil, mantendo o caráter nacionalista cívico moralizante. É preciso destacar que, nas décadas de 50 e 60, houve bastante influência do modelo de educação americano no Brasil, a chamada educação tecnicista, que fomentou o processo de industrialização. Juscelino Kubistchek defendia o ideal de crescer 50 anos em 5, exatamente no período de que estamos falando. À medida em que as grandes empresas vinham ao país, houve valorização da mão de obra qualificada, levando a uma maior importância das escolas de caráter profissionalizante e técnico.Nesse momento, há um esvaziamento da preocupação com as humanidades dentro das escolas de forma geral, o que repercute diretamente, ao longo dos anos 60 e 70, nas reformas que são feitas no ensino, e que impactam o campo da história, atingindo também os estudos sociais. 6 Em 1971, há a consolidação dos Estudos Sociais, com a ideia de se controlar o que era trabalhado em geografia e história. No caso da geografia, ela passa a ser mais física e menos humana, enquanto a história passa a ser menos crítica. Graças às lutas da Associação Nacional de Pesquisa Universitária de História (ANPUH) e da Associação dos Geógrafos Brasileiros (AGB), houve o retorno da História e da Geografia como disciplinas autônomas. Essa conquista é consolidada no ano de 1980. A partir da abertura política de 1985, são pensados novos currículos para o ensino brasileiro, inclusive para a história, com novas propostas e análises. É interessante pensar que a atual Constituição é de 1988, a mais libertária e democrática que já tivemos, e ela preza por muitas transformações, entre elas a garantia de acesso ao estudo, também como uma responsabilidade do Estado. Nota-se, na Constituição, uma visão de cidadania já nos primeiros artigos, que são trabalhados nos Parâmetros Curriculares 97 e 98. Atualmente, os materiais didáticos foram revisitados e sofreram modificações. É preciso ressaltar que ainda há muito a ser feito com relação a esses materiais, mas já existem espaços de discussão e textos de apoio que apresentam outras possibilidades de diálogo em história, muito mais dinâmicas, com novos objetos, sujeitos e lugares. A partir dos anos 90, começa-se a trabalhar em sala de aula com esses novos materiais e com essa nova formação, o que vai alavancar o processo de transformação. TEMA 3 – A HISTÓRIA E A IMAGINAÇÃO: TEORIA E PRÁTICA Talvez o aspecto mais importante, quando se trabalha em sala de aula com a disciplina de história, seja identificar que tipo de texto o aluno gostaria de ler. Nos últimos vinte anos, o que se observa é uma abertura na forma como os livros didáticos são escritos, de forma a torná-los mais dinâmicos e menos densos. Se pensarmos que a história é uma representação possível do passado, mas nunca o passado efetivamente, podemos dialogar com os fatos apresentando-os de maneira bastante diversa. O autor que trabalha a história de uma maneira mais flexível não significa que ele a está romantizando ou ficcionalizando. 7 O nosso diálogo agora vai tratar exatamente de como e onde é possível buscar referências para um trabalho em sala de aula que privilegie o diálogo, a imaginação e os conteúdos. A sugestão principal é buscar cautelosamente, na internet, mas abusar das publicações de revistas e livros sobre história, as quais têm trazido novidades e curiosidades contextualizadas. Uma historiadora gaúcha já falecida, Sandra Pesavento, escreveu nos anos 90 um artigo muito interessante, que aborda a necessidade do uso da imaginação no ensino da história, fazendo uma crítica bastante dura sobre o modelo utilizado, que ainda seguia os moldes do século XIX. Segundo Pesavento (1994, p. 161): Assim como o historiador se despojava de sua tarefa criadora e analítica, no processo ensino-aprendizagem da História o estudante era exercitado em termos de reter os acontecimentos e lembrar datas, fatos e nomes. Para os alunos, a história verdadeira era aquela que lhe era apresentada e não se punha em questão a validade do conhecimento transmitido. A história tinha, pois, o poder de enunciar a verdade. Uma das principais características do trabalho do historiador no século XIX era confirmar o que estava sendo falado e pesquisado; todas as fontes eram utilizadas para dar veracidade ao fato. Atualmente, os historiadores trabalham de forma que a leitura de um determinado fato seja apenas uma das possibilidades, sendo apenas uma representação do passado. De acordo com Pesavento, a tendência geral da disciplina de história era banir a subjetividade (imaginação) e a presença do indivíduo na história. Essa forma de construir e ensinar se modificou. Uma nova visão sobre o fazer historiográfico e sobre como trabalhar em sala de aula é o que se tem proposto. Para o primeiro, suas marcas estão na Escola dos Annales, na França de 1920. Para o segundo, no Brasil, as mudanças de como trabalhar a história passaram a ser sentidas após 1990. O conhecimento histórico escolar ainda registra a tendência de se trabalhar com foco em datas, fatos e heróis, uma herança positivista e do modo como a história era produzida na virada do século XIX para o XX. A trajetória demorada do meio acadêmico ao espaço de sala de aula acontece principalmente por causa das políticas de governo e de sua influência sobre os modelos educacionais. Lembramos que governos reacionários e pouco democráticos se estabeleceram no Brasil ao longo do século XX, como o de 8 Vargas e a ditadura militar. Por isso, as mudanças na academia não repercutem, inicialmente, em sala de aula. O texto de Pesavento nos sinaliza para a necessidade, como professores, de pesquisar e buscar novas fontes de trabalho para a sala de aula, com uma pluralidade de fatos, sujeitos e processos. TEMA 4 – DA ACADEMIA À SALA DE AULA Vejamos agora como e quando essas mudanças chegaram à sala de aula. É interessante observar as conquistas da ANPUH, que conseguiu dinamizar a separação dos estudos sociais, colocando a história como uma disciplina tanto no ensino fundamental como no ensino médio. A partir dos anos de 1980, a escola deixou de ser um mero aparelho ideológico do Estado. As mudanças que vinham acontecendo no meio acadêmico, com algumas interrupções, chegaram à sala de aula a partir dos anos de 1990, com os Parâmetros Curriculares Nacionais, que mudaram a prática, o processo de ensino e o fazer pedagógico. Os PCN têm como pontos- chave ultrapassar a visão eurocêntrica, resgatar a heterogeneidade das vivências, não partir de paradigmas instituídos, e se inserir no movimento historiográfico de repensar a história do Brasil. Uma sugestão de trabalho em sala de aula é utilizar o filão de algum assunto que já se trabalha em nível acadêmico, mas que ainda não chegou à realidade dos materiais didáticos, e aplicá-lo à realidade dos alunos e do conteúdo que está sendo estudado. Por exemplo, a história dos alimentos pode dar suporte para um seminário, um trabalho em grupo ou uma apresentação com esse tipo de análise. No Brasil, nos anos 1960, as discussões propostas nas universidades para as pesquisas tinham características marxistas, ou seja, se pensava a história pelo viés da economia. Por exemplo, os sistemas de produção e os ganhos da burguesia e do proletariado em determinado momento. Nessa fase, essa corrente teórica ganhou grande notoriedade na Inglaterra, com características que se diferenciavam um pouco da corrente francesa dos Annales. Chega ao Brasil influenciando bastante os estudos que são desenvolvidos, trazendo a oportunidade de se pensar novas linhas na historiografia. 9 Nos anos 1970, surgem novas tendências, que fazem oposição à fusão dos estudos sociais (espaço ANPUH e SBPC), chegando à separação definitiva entre Geografia e da História, em disciplinas distintas, nos anos 1980. A escola deixa de ser um mero aparelho ideológico do Estado, e diferentes forças passam a atuar nesse espaço. A escola passa a ser entendida como um local social da ciência, status que antes era reservado à universidade. É muito importante pensar para quem se ensina hoje, e o que se deseja desses alunos, lembrando que os parâmetros curriculares e a base curricular nacional mantêm sempre, como palavras chave, as ideias de identidade e respeito à cultura e às diferenças e, principalmente à cidadania. Perceba que esses pontos estão alinhados com o movimento maiscrítico que surge nos anos 1990. É a partir dos anos 1990 que começam a chegar, à sala de aula, as mudanças propostas nos PCNs. Essas propostas caminham no sentido de mudar a prática, o processo de ensino e o fazer pedagógico no seu conjunto. Os pontos-chave para se pensar especificamente a história são: • Ultrapassar a visão eurocêntrica: volta-se ao estudo da história de forma que se valorizem as particularidades do Brasil e, mais, das Américas como continente; • Resgatar a heterogeneidade das vivências: a pluralidade do país e sua composição; • Não partir de paradigmas instituídos: utilizar o espaço da escola para valorizar a diversidade; • Repensar a história do Brasil: desmontar determinados discursos e sugerir outras possiblidades. É fundamental utilizar as localidades e a composição populacional para entender a complexidade e a diversidade que fazem parte da nossa formação enquanto nação. Os movimentos migratórios que foram característicos da ocupação do território nacional, nas diferentes épocas histórias, ajudam a formar a ideia de identidade, respeito à cultura e às diferenças e, principalmente, à cidadania. 10 TEMA 5 – TENDÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS DO ENSINO DE HISTÓRIA Seguindo os movimentos da história brasileira, no que tange às políticas educacionais, o início do século XX foi marcado por dois movimentos opostos na educação: um que defendia uma educação mais tradicional, denominado pedagogia tradicional, e outro que trazia uma abordagem mais libertária, propondo que o aluno fosse o centro do processo educacional, denominado Escola Nova. A proposta tradicional instituiu o conhecimento com base em conteúdos “decorados”, enquanto a proposta inovadora propunha conteúdos com sentido na vida dos alunos (significativos). O professor era mediador. Tais inovações foram retomadas por Paulo Freire, quando criticou o que chamava de educação bancária. Em certa medida, as propostas sugeridas nos Parâmetros Curriculares Nacionais dialogam com uma educação crítica e construtiva, pois sugerem conteúdos que abordam o respeito às diferenças, a construção da identidade e a pluralidade cultural, construindo um aluno aprendiz, a partir de sua realidade. À medida que a pedagogia se aproxima de modelos mais tradicionais, consequentemente, o que se aplica em sala de aula, no ensino fundamental, é a história tradicional, com ferramentas e metodologias que buscam mais a memorização dos conteúdos, num modelo conteudista sem muitos questionamentos. Quando esse enfoque é modificado, o professor passa a ser um mediador do conhecimento, trazendo o conteúdo com discussões e fazendo com que o aluno participe através de suas vivências e experiências. Quando o professor desempenha esse papel de mediador, ele estabelece exatamente o oposto do que Paulo Freire chamou de educação bancária, que é uma educação de conteúdos “decorados”, muito diferente de quando os conteúdos fazem sentido na vida dos alunos. Perceba como é importante mostrar ao aluno a relevância do conteúdo que será trabalhado, dando significado para a aprendizagem, pois as emoções facilitam muito o processo cognitivo. Trabalhar com uma educação mais libertária não significa desconsiderar a grade curricular, mas sim trabalhar com o chamado currículo oculto, com conteúdos mais interessantes e intrigantes, que abrem espaço ao diálogo. 11 Para facilitar uma educação mais dialogada, surgem algumas propostas dentro dos PCNs, para as séries iniciais: • Estabelecer relações de tempo e espaço, com diferentes proposições de acordo com a série com que se trabalha; • Trabalhar repertórios histórico-culturais diversos com multiplicidade de tempo, buscando processos de comparação mesmo que em nível local; • Conhecer e respeitar diferentes modos de vida, pensando na pluralidade cultural no nível nacional; • Reconhecer mudanças e permanências temporalmente, por exemplo, trabalhando com iconografia e textos de época (jornais, revistas, fotos, livros, filmes etc.); • Valorizar o patrimônio histórico-cultural, reconhecendo a identidade local; • Utilizar diferentes métodos de pesquisa e produção de textos de conteúdo histórico em sala de aula; • Questionar processos da realidade. NA PRÁTICA Sugerimos, nesta aula, a leitura de um artigo que comentamos aqui, A história do fim do século em busca da escola, da professora Sandra Pesavento, que faz uma importante reflexão sobre a concepção de verdade histórica e sobre o uso da imaginação como componente relevante na construção do discurso histórico. Além disso, o artigo analisa a trajetória do ensino de história no Brasil, e a forma como ele foi concebido até a década de 1980. Durante o artigo, são feitos alguns questionamentos sobre a utilização da subjetividade nos textos que são produzidos em história, pensando também o papel do professor. Outro ponto que merece destaque é que, para Pesavento, há uma seleção deliberada dos fatos, uma busca pela cientificidade, e a ausência da subjetividade nos modelos de ensino que foram propostos até o final da década de 90, com raras exceções. Uma sugestão muito interessante da autora é que haja um componente imaginário e diferentes versões sobre o real, no que é produzido para a disciplina e no que é desenvolvido em sala de aula. 12 Esse texto é bastante instigante, tanto para historiadores quanto para os professores, pois questiona a prática e a possibilidade de discussão na disciplina. FINALIZANDO Faremos agora um panorama de tudo que vimos nesta aula. Primeiramente, fizemos uma breve trajetória do ensino da história do Império até a República, identificando esses períodos históricos. Observamos como o ensino da história foi suprimido nos anos 1960 e 1970 pelos estudos sociais; a disciplina foi retomada em 1980, fruto dos esforços da Associação Nacional de Pesquisa Universitária em História e da Associação dos Geógrafos do Brasil. Vimos uma discussão sobre a história e o uso da imaginação na sala de aula, tendo como referência o texto da professora Sandra Pesavento. Trabalhamos algumas questões relacionadas às novas vertentes teóricas mais contemporâneas para o estudo da história e para o ensino em geral, e de que maneira elas dialogam. Retomamos mais alguns pontos sobre a imaginação e a história, finalizando com conceitos e proposições-chave sugeridos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais para o ensino de história no fundamental. 13 REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: história. Brasília: SEF/MEC, 1997. PESAVENTO, S. A história do fim do século em busca da escola. Em Aberto, Brasília, ano 14, n. 61, p. 161-167, jan./mar. 1994.
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