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NEURODIDÁTICA
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Tamires Araujo Zanão Mariano
Londrina 
Editora e Distribuidora Educacional S.A. 
2020
NEURODIDÁTICA
1ª edição
3
2020
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Presidente
Rodrigo Galindo
Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada
Paulo de Tarso Pires de Moraes
Conselho Acadêmico
Carlos Roberto Pagani Junior
Camila Braga de Oliveira Higa
Carolina Yaly
Giani Vendramel de Oliveira
Juliana Caramigo Gennarini
Nirse Ruscheinsky Breternitz
Priscila Pereira Silva
Tayra Carolina Nascimento Aleixo
Coordenador
Giani Vendramel de Oliveira
Revisor
Neide Rodriguez Barea Tavares
Editorial
Alessandra Cristina Fahl
Beatriz Meloni Montefusco
Gilvânia Honório dos Santos
Hâmila Samai Franco dos Santos
Mariana de Campos Barroso
Paola Andressa Machado Leal
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
__________________________________________________________________________________________ 
Mariano, Tamires Araujo Zanão
M333n Neurodidática/ Tamires Araujo Zanão Mariano, – 
Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2020.
 64 p.
 ISBN 978-65-86461-40-4
1. Neurociência.2. Aprendizagem I. Mariano, Tamires 
Araujo Zanão. Título. 
 
CDD 612.8 
____________________________________________________________________________________________
Jorge Eduardo de Almeida CRB: 8/8753
© 2020por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser 
reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, 
eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de 
sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, 
por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A.
4
SUMÁRIO
Neurociência, educação e didática: neurodidática __________________ 05
Estímulos e desenvolvimento cerebral _____________________________ 17
Os recursos tecnológicos promovendo a aprendizagem ____________ 28
Desenvolvimento psicomotor e aprendizagem ______________________ 40
NEURODIDÁTICA
5
Neurociência, educação e 
didática: neurodidática 
Autoria: Tamires Araujo Zanão Mariano
Leitura crítica: Neide Rodriguez Barea Tavares
Objetivos
• Contextualizar os usos e avanços das ciências, 
focando nos conhecimentos da neurociência.
• Destacar as relações entre descobertas 
neurocientíficas e sua utilização para otimização das 
práticas pedagógicas e didática.
• Apresentar o conceito de neurodidática, usos e 
compreensão desse termo ao longo do tempo.
• Identificar possíveis utilizações, desafios e obstáculos 
para a neurodidática no futuro.
6
1. Introdução
Os avanços das ciências são notáveis: vacinas permitem que o ser 
humano seja facilmente protegido de doenças que antes eram letais; 
equipamentos diagnósticos permitem a detecção de doenças em estágios 
iniciais, e técnicas cirúrgicas computadorizadas realizam procedimentos 
médicos com exatidão; smartphones possibilitam conversas em tempo 
real entre pessoas em locais opostos no globo terrestre; a internet 
permite que o conhecimento seja disseminado sem a necessidade da 
presença física do professor, por meio do ensino a distância. Esses são 
apenas alguns exemplos das maravilhas tecnológicas geradas devido 
ao acúmulo de conhecimentos ao longo de séculos, que não apenas 
facilitam a vida do homem como também a prolonga. Em parte, tudo 
isso só é possível porque os cientistas, os engenheiros, os pedagogos e 
os pesquisadores modernos puderam contar com descobertas prévias, 
registradas por meio da escrita, e recentemente por vídeos e áudios. 
Isso garante uma enorme vantagem comparado aos profissionais de 
antigamente, pois o ponto de partida dos profissionais atuais já conta com 
acertos e erros de outros indivíduos, fazendo com que as descobertas 
sejam cada vez mais revolucionárias e avançadas.
Nesse sentido, também é importante lembrarmos de que a evolução e 
o acúmulo do conhecimento ocorrem de modo que diferentes áreas se 
sobreponham através da interdisciplinaridade. Pense, por exemplo, em 
uma criança em idade escolar: nos primeiros anos da escola as disciplinas 
são abrangentes (ciências, matemática, português etc.) e, com o passar 
dos anos, já no final do ensino fundamental e no ensino médio, as 
disciplinas passam a ser mais específicas (a matéria ‘ciências’ passa a ser 
subdividida em: biologia, química, física; ao mesmo tempo, a ‘matemática’ 
pode ser utilizada para disciplinas: química, física, estatística; por sua vez, 
a disciplina de ‘português’ será composto por: redação, gramática etc.). 
Com os avanços tecnológicos e acúmulo de conhecimento, é cada vez 
mais comum que diferentes áreas se unam ou “emprestem” para outras 
7
áreas suas técnicas e experiências, de modo que elas não são apenas a 
junção das áreas que lhe deram origem, mas são áreas diferentes que 
embora bebam da mesma fonte, elas cumprem um outro papel. Nesta 
leitura, você aprenderá sobre a neurodidática, uma área que traz no 
próprio nome a união óbvia de neurociências com didática.
2. Neuro o quê?
Provavelmente, você já ouviu falar que as crianças possuem mais 
facilidade para aprender a falar uma segunda língua e memorizam com 
mais facilidade novos termos do que um adulto. No entanto, talvez você 
já tenha notado que crianças muito pequenas não são capazes de realizar 
cálculos complexos ou montar quebra cabeças mais complexos. Além 
disso, talvez lhe seja familiar a ideia de que, embora possam levar mais 
tempo, os idosos ainda são capazes de aprender, mas que eles terão uma 
dificuldade extra se o aprendizado for relacionado a tecnologias que não 
lhe são familiares (como usar um smartphone ou notebook pela primeira 
vez, sem nunca ter visto um deles antes). Você, ainda, pode ter percebido 
que, quando você está com sono a sua retenção de informações é 
prejudicada, e que a finalização de um trabalho que parecia não ter 
fim pode ser apressada por um prazo que se aproxima. Mas, o que a 
neurodidática tem a ver com tudo isso? Você chegará lá!
Ao nascer, uma criança possui praticamente todos os neurônios com os 
quais contará ao longo da sua vida. Logo no início da vida, as experiências 
e situações vividas facilitam que as sinapses sejam realizadas entre 
esses neurônios. Por sua vez, as sinapses consistem na comunicação 
entre os neurônios, ou seja, a passagem de informações de uma célula 
para a outra. Segundo Zaché (2001), as sinapses são como “estradas” 
formadas entre essas células, nesse sentido, atividades variadas 
e diversificadas facilitam que essa transmissão seja realizada em 
diferentes vias, formando várias estradas, assim, se uma “estrada” estiver 
8
interditada, o indivíduo ainda pode contar com uma estrada alternativa 
para chegar realizar o seu objetivo. Essas sinapses serão fortalecidas 
sempre que a atividade for realizada novamente ou relembrada, por 
outro lado, elas serão enfraquecidas e “apagadas” caso a informação 
não seja mais utilizada. Esse processo é chamado de poda sináptica, 
se trata de uma perda natural de sinapses durante a infância. Nesse 
período, o indivíduo necessita de nutrição e estimulações adequadas, 
visto que serão determinadas quais as conexões se manterão (sinapses 
em funcionamento) e quais serão “descartadas” (sinapses em baixo 
funcionamento). Segundo Zaché (2001), os primeiros anos de vida são 
fundamentais para a formação dessas conexões, logo, problemas no 
ambiente, falta de estímulos ou proteção podem gerar complicações 
futuras ao indivíduo. Esses estímulos não precisam ser complexos, 
muito menos tecnológicos, conversas, estímulos de diferentes categorias 
(auditivos, olfativos, sensoriais, gustativos e visuais) e o contato humano é 
tudo que o bebê necessita para se devolver de maneira adequada.Figura 1 – Sinapse entre neurônios
Fonte: koto_feja/iStock.com
9
O homem pode aprender por toda a vida, mas o estabelecimento e 
fortalecimento de conhecimentos e aptidões no início da vida tornarão 
o aprendizado tardio mais fácil ou mais difícil, dependendo das bases 
formadas por meio das experiências iniciais do indivíduo. Nesse sentido, 
esses importantes conhecimentos trazidos pelas neurociências revelam 
como a infância é uma fase fundamental para a vida adulta e deve ser 
entendida e tratada como tal, logo, crianças precisam ser devidamente 
estimuladas e viver em ambientes que propiciem sua potencialidade 
intelectual de aprender.
Embora possa parecer algo negativo, a poda é necessária e benéfica 
economicamente para o cérebro, pois ele só se ocupará com aquilo que 
é útil, descartando informações desnecessárias. Mas, como isso ocorre? 
O cérebro entende o que é útil através da frequência do uso daquelas 
informações. Via de regra, você não se lembrará com detalhes do que 
aconteceu com você durante toda a sua infância, adolescência e no dia a dia 
da vida adulta, mas alguns momentos podem ficar registrados por toda a 
vida, seja uma situação de grande alegria, uma música cantada por pessoas 
queridas, um momento intenso de medo ou a morte de uma pessoa 
importante. Isso ocorre porque esses eventos foram repetidos em vários 
momentos ou compreendidos como relevantes, por atrelarem emoções 
agradáveis ou desagradáveis.
A neurociência busca compreender como o cérebro e o sistema nervoso 
funcionam e suas relações com comportamentos correlatos. Essas 
informações, por sua vez, foram acumuladas por vários estudos e 
pesquisas realizadas ao longo do tempo. Nesse sentido, ao entendermos 
como a consolidação das memórias é facilitada ou dificultada em diferentes 
contextos e situações, parece-nos intuitivo que esses conhecimentos 
sirvam para o propósito da aprendizagem. A neurodidática, conhecida 
também como neuroeducação, consiste na utilização dos conhecimentos 
da neurociência para a compreensão e aplicação de condições ideais para 
facilitar e promover a aprendizagem. Embora haja resistência por parte 
de pedagogos, a neurodidática não substitui o papel desse profissional, 
10
mas busca nas informações neurobiológicas a compreensão de como o 
aprendizado pode ser otimizado. No próximo tópico, você compreenderá o 
contexto histórico das neurociências, da pedagogia e da didática e como a 
junção dessas áreas resultou na neurodidática.
2.1. Neurociências
A década de 1990 foi bastante importante para os avanços das 
neurociências, sendo conhecida como a ‘década do cérebro’. Segundo 
Ribeiro (2013), esse termo foi utilizado para descrever os grandes 
investimentos em pesquisas relacionadas ao funcionamento cerebral 
realizadas pelos Estados Unidos nessa década. Ainda segundo o estudioso, 
neste período, os investimentos na área atingiram níveis nunca antes 
alcançados e um grande fascínio foi causado pelas neurociências, 
salientando que o interesse pela área atingia:
[...] cada vez mais pessoas pela possibilidade de compreensão dos 
mecanismos das emoções, pensamentos e ações, doenças e loucuras, 
aprendizado e esquecimento, sonhos e imaginação, fenômenos que nos 
definem e constituem. (RIBEIRO, 2013, p. 7)
Ainda segundo o estudioso, diferentes profissionais como: terapeutas, 
psicólogos, professores e outros profissionais da saúde têm contribuído 
para o acúmulo de diversas informações na área neurocientífica, que 
podem não ser claras para os não especialistas, mas que devem ser 
interpretadas de modo a torna-las úteis.
3. Bases neurobiológicas das memórias e do 
aprendizado
A memória (ou como veremos: as memórias) é a base da aprendizagem, 
pois ela consiste na retenção das informações. Não tem muita utilidade 
11
aprender algo a menos que você possa utilizar esse aprendizado 
quando precisar, não é mesmo? Imagine passar horas, dias ou meses 
aprendendo a dirigir e, simplesmente, não se lembrar qual o pé que 
deve pressionar cada um dos pedais ou como mudar a marcha. Isso 
seria pouco útil, certo? Nesta seção, você aprenderá brevemente sobre 
os diferentes tipos de memória e suas associações com estruturas 
encefálicas.
Grosso modo, as memórias podem ser divididas entre declarativas e 
não declarativas. Dentre as memórias não declarativas, focaremos na 
memória de procedimento, também chamada de implícita. No exemplo 
anterior, sobre a capacidade de dirigir, talvez você tenha pensado que 
não é assim tão consciente a decisão de qual o pé utilizar para pisar no 
freio ou você nem olhe para as marchas ao muda-las. Isso ocorre porque 
esse tipo de memória pra habilidades, hábitos e comportamentos, uma 
vez que é aprendida, ele se torna automática. Na verdade, tentar pensar 
em cada etapa ao dirigir pode prejudicar o processo, tornando-o mais 
lento e menos preciso (tente lembrar quando você começou a aprender, 
ou pergunte para alguém que passou por esse processo recentemente, 
como no início é preciso “pensar” antes de agir e como com a prática 
os procedimentos se tornam automáticos). Logo, talvez, você não 
saiba dizer em palavras como faz para dirigir, apenas sabe como fazer. 
Outros exemplos de memória de procedimento incluem ações como: 
tocar instrumentos, andar de bicicleta, chutar a bola em uma partida de 
futebol e amarrar os sapatos, ou seja, essa é a memória predominante 
para habilidades e hábitos. A estrutura encefálica mais diretamente 
relacionada a esse tipo de memória é o estriado, um dos núcleos da 
base do diencéfalo (BEAR; CONNORS; PARADISO, 2008, p. 726-729).
As memórias declarativas, por sua vez, são memórias que podem ser 
evocadas de modo consciente e proposital. Isso significa que você 
poderá “se esforçar” para lembrá-las, embora o esforço não será 
necessariamente frutífero. Nesse tipo de lembrança, geralmente, 
associamos à ideia de memória. Curiosamente, elas são facilmente 
12
formadas, mas também são facilmente esquecidas. Assim, é provável 
que, se você aprendeu, ainda se lembrará como andar de bicicleta 
(memória não declarativa), mas dificilmente terá memórias detalhadas 
da primeira vez que andou de bike (memória declarativa) (BEAR; 
CONNORS; PARADISO, 2008, p. 726-729).
A memória declarativa pode ser dividida em duas memórias: de fatos e 
de eventos. As memórias de fatos são conhecimentos adquiridos, muitas 
vezes, pelo estudo, inclusive na escola, por exemplo, como você sabe 
que a capital da França é Paris, do Brasil é Brasília e da Itália é Roma. 
Essas memórias devem ser as mesmas independente do indivíduo 
(todas as pessoas que tiverem esses conhecimentos adquiridos darão 
as mesmas respostas ao serem questionadas sobre quais as capitais 
da França, Brasil e Itália). Por sua vez, as memórias de eventos são 
autobiográficas e únicas. Portanto, embora você saiba que a capital 
da França é Paris, suas memórias de uma viagem a essa cidade serão 
totalmente únicas e particulares, e, ainda que visite a cidade com 
outras pessoas, as memórias não serão exatamente as mesmas (talvez, 
você tenha focado mais na música que estava tocando enquanto seus 
parceiros apreciavam cheiros, comidas e bebidas, gerando diferentes 
lembranças para cada um deles). As memórias declarativas envolvem 
estruturas do lobo temporal, com destaque para o hipocampo, 
importante estrutura para consolidação de memórias.
4. Neurociências e pedagogia
O uso de computadores e da internet potencializaram ainda mais o 
acúmulo e a difusão de conhecimentos. No entanto, infelizmente, 
o acesso as informações e sua utilização não são iguais para todos. 
Nesse sentido, países latino americanos, como o Brasil, situam-
se muito abaixo de outros no quesito qualidade educacional, com 
destaque para os Estados Unidos e diversos países europeus e 
13
asiáticos. O Brasil ainda permanece atrás de outros países latinos 
no ranking da educação da Unesco, ficando para trás do Uruguai, 
da Argentina e do Chile. Assim, Ribeiro (2013) frisa a importância da 
compreensão dasbases psicológicas, biológicas e pedagógicas do 
aprendizado escolar como ferramenta para revertermos a situação 
de inferioridade na qualidade do ensino. O autor cita exemplos 
de descobertas neurocientíficas que comprovadamente afetam a 
capacidade de aprendizado, como a má nutrição. O cérebro é um dos 
órgãos que mais necessitam de glicose para o seu funcionamento 
adequado, e, portanto, é de se esperar que jovens apresentem déficits 
ou prejuízos importantes de aprendizado quando alimentados em 
quantidade ou qualidade inadequadas. Pesquisas nesse sentido 
apontam para a relação direta entre o consumo de glicose e o 
fortalecimento das memórias. Mas cuidado! Isso não significa que 
basta dar açúcar aos estudantes para que eles estejam preparados 
para aprender. Pelo contrário, pesquisas realizadas em camundongos 
sugerem o oposto: o consumo excessivo de gordura prejudica a 
capacidade de aprendizado. E isso tem base neurobiológica, pois 
pesquisadores demonstraram que esse efeito ocorre devido a gordura/
açúcar prejudicarem os receptores envolvidos no aprendizado de longo 
prazo (VALLADOLID-ACEBES et al., 2011; RIBEIRO, 2013).
Segundo Ribeiro (2013), esses dados são importantes porque 
demonstram que aspectos neurobiológicos estão a priori de 
qualquer método pedagógico que possa vir a ser empregado, 
independentemente do material, tecnologias ou capacitação do 
profissional, nada disso adianta se o estudante não tem uma 
alimentação balanceada. Antes de tudo isso, é preciso garantir que 
as crianças e jovens estejam devidamente alimentados, com reservas 
energéticas para utilizarem na aprendizagem.
Isso não significa que o método pedagógico empregado não importa, 
apenas que pode ser pouco efetivo se as necessidades básicas não 
forem previamente atingidas. Ainda que, o método pedagógico deva 
14
levar em conta o interesse dos alunos, tornando o aprendizado algo 
agradável e útil sempre que possível. Lembre-se que, o cérebro tende a 
‘guardar’ aquilo que lhe parece útil.
4.1 História da neurodidática: usos e compreensões 
sobre o termo
O termo neurodidática foi cunhado por Gehard Preiss em 1988 e, 
segundo esse estudioso, trata-se da pedagogia se apoiando nos 
conhecimentos da neurologia para formar um novo saber. O próprio 
termo (neurociência + didática) combina os conceitos de pesquisas 
em neurociências com as ciências da educação, assim, trabalhando 
em ´estreita relação´. Segundo Duque (2013), os processos de 
aprendizagem geram alterações neuronais, o que pode ser observado 
em diferentes exemplos, como o aprendizado de uma música: nas 
primeiras vezes a letra poderá não ser clara para você, mas quanto 
mais ouvi-la e cantá-la mais fácil e automático essa ação se tornará, 
até que ouvir apenas a introdução da música será capaz de lhe trazer 
as palavras da letra à sua boca. Isso ocorre porque seu cérebro não é 
o mesmo quando você ouviu a música pela primeira vez em relação 
à quando você já tinha ouvido muitas vezes; houve plasticidade 
neuronal, de modo que as sinapses inicialmente formadas no início do 
aprendizado da letra da música foram ‘fortalecidas’ e estabelecidas, 
facilitando o seu acesso posteriormente.
Assim, a neurodidática baseia-se em conceito de neuropsicologia e 
das neurociências, acreditando que esses podem ser importantes 
recursos para os professores e demais profissionais que trabalham 
com educação. Ainda segundo estúdio, os docentes que conhecem 
os aspectos neuropsicológicos e neurobiológicos dos processos 
cognitivos e sociais de crianças e adolescentes podem otimizar as suas 
práticas, buscando as melhores maneiras de transmitir e promover o 
conhecimento.
15
Nesse sentido, G. Friedrich e G. Preiss (2003) são importantes 
teóricos da neurodidática, eles propõem que o desenvolvimento das 
habilidades cognitivas e do cérebro são ligados entre si, assim como a 
didática e a neurologia. Os autores acreditam que a colaboração entre 
as duas disciplinas pode desenvolver novas estratégias de aprendizado 
e que, assim, os educadores e professores podem potencializar as 
qualidades e talentos dos seus alunos.
Em resumo, após essa leitura, você deve compreender que os 
seres humanos possuem um aparato biológico fundamental para a 
aprendizagem, o sistema nervoso. O cérebro é plástico e passa por 
transformações ao longo de toda a vida, mas para o seu adequado 
funcionamento é necessário que, logo no início da vida, a criança 
receba a devida estimulação e contato com os homens. Nesse 
trecho, não nos referimos a brinquedos caros ou altos investimentos 
tecnológicos, pelo contrário, o bebê precisa apenas de interação com 
outros humanos para desenvolver adequadamente seus sentidos e 
fazer muitas sinapses, facilitando a formação de várias “estradas” que o 
ajude na formação dos conhecimentos e das capacidades.
Lembre-se que, a memória é fundamental para a aprendizagem, 
sem ela os conhecimentos adquiridos não poderiam ser acessados 
e de nada adiantariam. Além disso, destaca-se a divisão clássica 
entre memória declarativa e não declarativa, bem como a ideia de 
que o encéfalo é utilizado de maneira abrangente e diferente nessas 
categorias.
Por fim, a didática empregada para promover a aprendizagem tem 
muito a ganhar quando utiliza de conhecimentos neurocientíficos. 
Logo, compreender a necessidade de estímulos no início da vida da 
criança, a ideia de que o ‘cérebro interessado’ aprende melhor, bem 
como a importância de uma alimentação saudável, pode beneficiar 
grandemente a vida do indivíduo.
16
Referências Bibliográficas:
BEAR, M. F.; CONNORS, B. W.; PARADISO, M. A. Neurociências: desvendando o 
sistema nervoso. Porto Alegre: Artmed, 2008.
DUQUE, M. E. A. La neurociencia en las ciencias socio-humanas: una mirada 
transdisciplinar. Ciencias Sociales y Educación, v. 2, n. 3, p. 153-166, jan./jun. 2013. 
Disponível em: https://revistas.udem.edu.co/index.php/Ciencias_Sociales/article/
view/808/748. Acesso em: 2 jan. 2020.
GERHARD, F.; GERHARD, P. Neurodidáctica. Mente y Cerebro, n. 4, p. 39-45, 2003.
RIBEIRO, S. Tempo de cérebro. Estudos Avançados, São Paulo, v. 27, n. 77, p. 7-22, 
2013. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
40142013000100002&lng=en&nrm=iso. Acesso em:  2  jan.  2020
VALLADOLID-ACEBES, I.; STUCCHI, P.; CANO, V.; FERNÁNDEZ-ALFONSO, M. S.; 
MERINO, B.; GIL-ORTEGA, M.; FOLE, A.; MORALES, L.; RUIZ-GAYO, M.; DEL OLMO, 
N. High-fat diets impair spatial learning in the radial-arm maze in mice. Neurobiol 
Learn Mem, v. 95, p. 80-5, 2011.
ZACHÉ, J. Cérebro sarado. Istoé – Medicina e Bem-estar, 14 mar. 2001. Disponível 
em: https://istoe.com.br/39613_CEREBRO+SARADO/. Acesso em: 3 jan. 2020.
https://revistas.udem.edu.co/index.php/Ciencias_Sociales/article/view/808/748
https://revistas.udem.edu.co/index.php/Ciencias_Sociales/article/view/808/748
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142013000100002&lng=en&nrm=iso.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142013000100002&lng=en&nrm=iso.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=Stucchi%20P%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=21093599
https://istoe.com.br/39613_CEREBRO+SARADO/
17
Estímulos e desenvolvimento 
cerebral 
Autoria: Tamires Araujo Zanão Mariano
Leitura crítica: Neide Rodriguez Barea Tavares
Objetivos
• Identificar a importância dos órgãos responsáveis 
pelos sentidos para a captação dos estímulos e 
comunicação com o meio externo.
• Definir o que é estímulo e estímulo cerebral, 
compreender a importância do período crítico e 
relacionar as principais funções cognitivas com seus 
respectivos lobos cerebrais.
• Identificar outros fatores, além dos estímulos 
sensoriais, que podem interferir na capacidade de 
aprendizagem (motivação, atenção, meio).
18
1. Introdução
Os sentidos humanos são capazes de feitos maravilhosos! No dia a dia, 
talvez, você não dê a devida atenção à eles, mas nesta aula, com certeza, 
você se tornará consciente da importância deles para a sua relação com omeio externo. Para começar, vamos pensar em algo simples e corriqueiro, 
por exemplo, uma chuva fraca, como nossos sentidos percebem essa 
experiência? Muitas pessoas relatam gostar de ouvir o barulho da chuva 
antes de dormir, mas há aqueles que também acham relaxante apenas 
observar a chuva pela janela (com um livro, bolinhos e uma xícara de chá 
ou café). Além disso, é bastante comum o relato de como o cheiro da terra 
molhada pode ser agradável! E, por que não sentir o frescor das gotas de 
chuva fresca em uma tarde de calor? Nessa situação, você pode aproveitar 
para abrir a boca e experimentar o gosto da chuva. Com esses exemplos, 
podemos observar que existem diferentes formas de “vivenciar” a mesma 
experiência, como uma simples chuva, e todas elas graças aos nossos 
sentidos e a capacidade de interpretá-los. Assim, além do estímulo da 
“chuva” estar presente, ela não poderia ser enxergada, ouvida, cheirada, 
experimentada e sentida se o nosso corpo não estivesse equipado com 
olhos, ouvidos, nariz, língua e pele. Mas, só isso é suficiente?
Você pode estar pensando que apenas esses aparatos não são suficientes, 
já que existem pessoas que embora tenham os órgãos, como olhos e 
ouvidos, possuem alguma deficiência visual e auditiva. Você tem razão! 
Isso ocorre porque esses estímulos são “recebidos” por esses órgãos, mas 
precisam ser processados para de fato usá-los. Logo, é preciso haver uma 
comunicação entre os estímulos presentes no meio, os nossos órgãos 
dos sentidos e o processamento cerebral que levará a interpretação, 
assim, usando a visão, audição, tato, olfato e gustação. Nesse sentido, 
a aprendizagem requer a manipulação dessas informações e estímulos 
presentes no meio ambiente, ela se trata da comunicação e processamento 
desses estímulos que nos permite utilizar as informações que estão 
19
presentes no meio externo. Por sua vez, os estímulos e sentidos estão 
relacionados com a nossa capacidade de aprendizado.
Está aula focará na captação e processamento de estímulos e como 
diferentes fatores, além dos biológicos, podem interferir na capacidade 
de aprender, como: motivação, atenção, interesse, entre outros. Em 
resumo, com esse estudo você aprenderá de modo resumido como o 
cérebro aprende, quais as divisões do córtex cerebral e suas relações 
com diferentes funções cognitivas e como é possível facilitar, ou dificultar, 
o aprendizado. Essas informações podem, e devem, ser usadas para 
promover e facilitar o ensino.
2. O que é estímulo e ocorre o seu processamento
Segundo o dicionário on-line Priberam (2020), a palavra estímulo significa: “1 
– aquilo que estimula (…) 3 – incentivo (…) 4 [Fisiologia] – agente externo ou 
interno capaz de provocar uma reação num órgão ou num sistema”. Nesta 
leitura, utilizaremos o termo estímulo em sua definição fisiológica, mas 
também como algo que estimula, favorece a ocorrência de algo. Portanto, 
se atente para as diferenças entre estímulos sensoriais e estimulação no 
sentido de favorecer/incentivar. Assim, brincaremos com o sentido dessa 
palavra para mostrar como tanto os sentidos como a motivação possuem 
um papel relevante na aprendizagem.
2.1 Processamento das informações
Sabemos que os órgãos dos sentidos nos ajudam a perceber o mundo 
ao nosso redor. Para que essas informações sejam utilizadas por nós, é 
necessário que elas sejam transformadas pelo processamento cognitivo. 
Assim, primeiramente, os órgãos dos sentidos recebem esses dados e 
por meio da atenção eles podem ser “percebidos”. Isso ocorre devido a 
necessidade da atenção para a percepção do estímulo. Dessa maneira, 
20
é fácil observar esse fenômeno ao pensarmos em vários exemplos 
cotidianos, como dirigir. Ao dirigir, se você presta atenção no carro que está 
a sua frente e nos sinais de trânsito (ação esperada de quem está dirigindo), 
é provável que não “perceba” com detalhes pequenas pichações nos muros, 
pássaros sentados no fio de comunicação ou qual a cor do vestido de uma 
criança que está caminhando na calçada. Embora seus sentidos sejam 
capazes de processar todas essas informações, a sua atenção selecionou 
aquilo que era mais relevante para executar a atividade de dirigir. Nesse 
sentido, a pessoa que está no banco de carona, sem se preocupar com a 
tarefa de dirigir, talvez, tenha percebido todos esses estímulos – ou não, se 
sua atenção estiver direcionada para outros elementos.
Logo, a percepção “transforma” as informações selecionadas pela atenção. 
A percepção consiste, portanto, na capacidade de atribuir sentido para 
aquilo que se está recebendo como informação. Após serem percebidas, 
as informações dos estímulos poderão ser retidas pela aprendizagem e 
armazenada na memória. Uma vez armazenada, ela poderá ser utilizada 
novamente, por meio da recuperação da memória. Segundo Groome el 
al. (2008), a evocação dessa memória poderá ser articulada com outras 
informações armazenadas previamente e transformada por pensamentos 
e reflexões.
Dessa forma, somos capazes de utilizar lembranças para resolver 
problemas atuais ou assumir atitudes diferentes diante de situações 
semelhantes. Por exemplo, ao nos recordarmos de uma situação em que 
ficamos expostos ao sol por horas, que resultou em uma queimadura grave 
e dias de sofrimento, pode ser que o indivíduo utilize filtro solar ou fique na 
sombra neste verão. Nesse caso, a lembrança gerou um aprendizado por 
meio da reflexão e da mudança de comportamento.
De acordo com Groome el al. (2008), uma vez que a cognição consiste em 
um fluxo ininterrupto, contínuo desde a sua “entrada” através dos órgãos 
dos sentidos até a sua saída (comportamento), passando por diferentes 
processamentos ao longo de todo esse caminho, o exemplo apresentado é 
21
apenas um modelo que traz uma explicação simplificada. Ou seja, existem 
muitos outros modelos mais complexos de como a informação (estímulo) é 
processada.
3. Cérebro, suas divisões e funções
O córtex cerebral pode ser dividido e classificado de muitas formas, mas 
uma das formas mais comuns é por meio de lobos. Nesse sentido, o 
cérebro apresenta o lobo frontal, parietal, temporal e occipital e a ínsula. 
Embora comportamentos complexos exijam a articulação de diferentes 
regiões cerebrais, algumas funções são específicas de determinadas partes 
desse órgão. Assim, o aprendizado de diferentes funções será processado 
por diferentes regiões cerebrais, conforme descrevemos a seguir.
Lobo frontal (indicado em azul na Figura 1): trata-se da porção mais ‘nova’ 
do nosso cérebro, evolutivamente falando. Essa porção fica localizada na 
‘frente’ da cabeça. Compreende as funções cognitivas mais superiores e 
típicas do ser humano, como funções executivas, planejamento de ações 
futuras, escrita, fala e linguagem. Outros primatas também possuem 
lobo frontal, mas o ser com maior desenvolvimento é encontrado apenas 
no homem. A área da linguagem é de extrema importância e localiza-
se, principalmente, no hemisfério esquerdo para a grande maioria das 
pessoas, podendo estar, no entanto, no hemisfério direito em indivíduos 
canhotos.
Lobo temporal (indicado em verde na Figura 1): localizado na região 
das têmporas, essa parte está relacionada as diferentes funções, como a 
audição e a memória, a emoção e o aprendizado, etc. Ainda nessa aula, 
você verá que aspectos emocionais podem interferir na memorização e no 
processo de aprendizagem. Todos esses elementos são em grande parte 
processados pelo lobo temporal.
22
Lobo parietal (indicado em vermelho na Figura 1): localizado ‘atrás’ do 
lobo frontal e ‘acima’ do lobo temporal, o lobo parietal é caracterizado por 
relacionar as sensações táteis e imagens corporais, somatossensoriais, 
participando de processos sensoriais e perceptivos. Além disso, essa região 
é relacionada a capacidade de se orientar no espaço e essencial para a 
realização de cálculos matemáticos.
Lobo occipital (indicado em amarelo na Figura 1): essa parte é localizada 
na parte posterior da cabeça, ‘acima’ do cerebelo.As suas funções estão 
relacionadas, principalmente, a visão. Por sua vez, a visão é um sentido 
essencial para o homem e possui aspectos bastantes complexos. Nesse 
lobo, ocorre o complexo processamento do reconhecimento de faces. 
Além da identificação de todas as características como cor e textura, o 
processamento de faces deve levar em consideração diferentes expressões 
e reconhece-las como pertencentes a um mesmo indivíduo.
Ínsula: localizada na parte interna, ‘atrás’ do lobo temporal, ela está 
relacionada com o sistema límbico e a coordenação das emoções.
Figura 1 – Divisões em lobos no córtex cerebral
Fonte: ambassor806/Istock.com. 
Lobo parietal
Lobo occipital
Cerebelo
Lobo frontal
Lobo temporal
Medula espinhal
23
4. O desenvolvimento cerebral
O desenvolvimento cerebral dos indivíduos é algo único. Até 
mesmo em gêmeos idênticos, que são ‘cópias’ genéticas entre si, 
o desenvolvimento cerebral de cada um deles será distinto. Isso 
acontece porque o sistema nervoso não tem seu amadurecimento 
relacionado apenas a aspectos biológicos. Nesse sentido, embora a 
genética seja um fator importante, há outros fatores complementares 
com a tamanha importância, como: hábitos saudáveis durante 
a gestação, com nutrição adequada na vida uterina e após o 
nascimento, não uso de substâncias entorpecentes pela mãe 
(incluindo álcool) e ambiente rico de estímulos para o bebê. A 
estimulação é essencial, principalmente, porque o número de 
neurônios não sofrerá grandes alterações após o nascimento da 
criança, mas a conexão (sinapses) entre eles se alterará. Logo, o bebê 
precisa ser estimulado para aprender com os estímulos exteriores 
e são nos primeiros anos de vida que as crianças passam pela poda 
sináptica, em que as sinapses não estabelecidas ou fortalecidas pela 
repetição (aprendizagem) são descartadas pelo cérebro.
4.1 Aprendizagem e estímulos
Além dos estímulos relacionados aos sentidos, como: estímulos 
visuais, auditivos, olfativos, de tato e gustativos, uma outra 
definição de estímulos também é fundamental para a promoção do 
aprendizado. Trata-se da motivação do indivíduo para aprender. Essa 
motivação é fundamental, pois ela interfere em importantes funções 
cognitivas, como a atenção. Não adianta ter o estímulo físico presente 
(por exemplo, essa aula aberta em seu computador) se a sua atenção 
e motivação estiver em ouvir uma música que está tocando no 
ambiente ou observar uma borboleta que está passando.
24
Nesse sentido, é comum ouvirmos que uma criança aprenda, ela 
deverá estar devidamente estimulada e que existe um período 
crítico para que essa estimulação ocorra. Mas, o que isso significa 
exatamente?
Geralmente, esse conceito diz respeito a riqueza de elementos 
(estímulos) no ambiente que serão percebidos pela atenção da 
criança e detectados por seus sentidos, transformados pela sua 
percepção e processadas nas diversas e distintas regiões cerebrais. 
Assim, uma criança que vive em um ambiente rico em estímulos teria 
mais chances de se desenvolver do que uma criança em ambiente 
com poucos estímulos. Felizmente, esses “estímulos” não estão 
relacionados à brinquedos tecnológicos ou caros, pelo contrário, 
a estimulação infantil depende dos pais ou cuidadores, em ações 
como brincar, cantar, receber elogios e ouvir “nãos” em situações 
necessárias, manusear objetos diariamente etc. Nesse sentido, 
as neurociências evidenciam que ambientes ricos em estímulos 
favorecem as sinapses.
O período crítico está intrinsicamente relacionado às características 
de desenvolvimento do sistema nervoso, já que ele se inicia 
muito antes do nascimento, já na fase embrionária, mas continua 
após o nascimento. Dessa forma, o homem não nasce “pronto”, 
pelo contrário, ele se desenvolve por muitos anos antes de ter 
a constituição de um adulto. Nesse período inicial, chamado 
de período crítico, o sistema nervoso é imaturo e o ambiente o 
influencia fortemente. O período crítico é diferente para diferentes 
regiões cerebrais e para alguns comportamentos, se eles não forem 
adquiridos dentro do período ideal, jamais serão adquiridos da 
maneira adequada. Por exemplo, a linguagem, que tem o seu período 
crítico até meados da adolescência, se ela não for adquirida até essa 
faixa etária sua aquisição deixará de ser possível.
25
4.2 – O papel das emoções, motivação, atenção, meio e 
memória na aprendizagem
Esses conhecimentos de neurociências e de psicologia são muito 
importantes para a compreensão de como o aprendizado se dá e das 
limitações biológicas que apresentamos. O professor e educador deve 
utilizar essas fontes para buscar uma integração entre o indivíduo e seu 
meio. Entre os fatores que interferem na aprendizagem, destacam-se:
 1. Emoções: as emoções estão amplamente atreladas a capacidade 
de aprendizado e tendemos a nos ater aos estímulos que nos 
despertam emoções (positivas ou negativas). Segunda Salla (2012), 
as emoções servem como “termômetro” para relevância dos 
acontecimentos e há relações entre a amígdala, região importante 
para o processamento das emoções, e estruturas relacionadas a 
memorização.
 2. Motivação: Izquierdo afirma ([s.d.] apud SALLA, 2012, p. 3) que 
“[...] da mesma forma que sem fome não apreendemos a comer 
e sem sede não aprendemos a beber água, sem motivação não 
conseguimos aprender”. Nesse sentido, existe uma relação 
biológica para essa afirmação: a dopamina. A dopamina é um 
neurotransmissor liberado quando realizamos alguma atividade 
prazerosa, gerando bem-estar e fazendo com o indivíduo volte 
sua atenção para a situação que gerou a sua liberação. Com isso, 
podemos utilizá-la para promover a aprendizagem: frente a uma 
atividade muito difícil ou muito fácil a dopamina não será liberada, 
o indivíduo não estará devidamente motivado a realizar esta tarefa. 
No entanto, Salla (2012) afirma que diante de uma atividade que se 
mostra prazerosa e interessante o estudante se atentará e insistirá 
em aprender. Esse exemplo mostra como o professor deve estar 
atento ao desempenho dos alunos frente aos exercícios propostos, 
dosando a dificuldade de modo a tornar a aprendizagem mais 
prazerosa e, consequentemente, aprendizagem mais eficaz.
26
 3. Atenção: como citado anteriormente, a atenção é de fundamental 
importância para a aprendizagem e deve ser utilizada pelos 
professores e educadores. Nesse sentido, tornar o conteúdo a 
ser aprendido interessante, utilizando relações com assuntos que 
interessam os jovens, recursos midiáticos, coloridos ou atrativos 
é fundamental para a promoção da aprendizagem. Segundo Salla 
(2012), é importante entendermos que a falta de atenção não deve 
ser considerada uma ‘falta’ do estudante, visto que é natural nos 
atermos apenas aquilo que nos parece interessante. Por isso, é 
importante que o professor seja incentivado a tornar a disciplina 
mais interessante.
 4. Meio: o meio exerce um papel essencial na aprendizagem, pois 
ambientes ricos em estímulos oferecem condições mais propícias 
para a aprendizagem e no início da vida esse papel do é ainda mais 
determinante para o bom desenvolvimento cognitivo.
 5. Memória: a memória deve ser entendida como uma função 
complexa e dinâmica, não consistindo apenas em lembrar as 
informações, mas também em refletir sobre elas e manipulá-las, de 
modo que haja a aprendizagem.
Figura 2–Fatores que influenciam a aprendizagem
Fonte: Deagreez/iStock.com.
https://www.istockphoto.com/br/portfolio/Deagreez?mediatype=photography
27
Em resumo, tanto os estímulos captados pelos órgãos dos sentidos 
(visão, audição, cheirar, sentir gosto e tato) e a estimulação, no sentido 
de estar motivado, inclinado e propenso a aprender, são importantes 
para o processo de aprendizagem. Os conhecimentos neurobiológicos 
trazem uma importante vantagem para o educador, permitindo que 
ele busque ferramentas que promovam a aprendizagem, procurando 
a motivação do aluno para mantê-lo atento a suas aulas, utilizando 
materiais que despertem mais sentidos sensoriaisdos alunos e estando 
em alerta para o nível de dificuldade e o prazer que o aprendizado deve 
ser capaz de gerar. Com essas atitudes, a liberação de dopamina será 
garantida – e a qualidade da aprendizagem também.
Referências Bibliográficas
ANDRADE, A. L. M.; BEDENDO, A.; ENUMO, S. R. F.; MICHELI, D. Desenvolvimento 
cerebral na adolescência: aspectos gerais e atualização. Adolescência e Saúde, Rio 
de Janeiro, n. 15, supl. 1, p. 62-67, 2018.
BEAR, M. F.; CONNORS, B. W.; PARADISO, M. A. Neurociências: desvendando o 
sistema nervoso. São Paulo: Artmed, 2008.
GROOME, D.; BRACE, N.; DEWART, H.; EDGAR, G.; EDGAR, H.; ESGATE, A., KEMP, 
R.; PIKE, G.; STAFFORD, T. An introduction to cognitive psychology: processes and 
disorders. 2. ed. Londres/Nova Iorque: Psychology Press, 2008.
LENT, R. Cem bilhões de neurônios? Conceitos fundamentais de neurociência. 2. 
ed. São Paulo: Atheneu, 2010.
LENT, R. Neurociência da mente e do comportamento. Rio de Janeiro: Guanabara 
Koogan, 2008.
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RIBEIRO, S. Tempo de cérebro. Estudos avançados, São Paulo, v. 27, n. 
77, p. 7-22, 2013.   Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
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SALLA, F. Neurociência: como ela ajuda a entender a aprendizagem. Revista Nova 
Escola, [on-line], edição 253, 15 jun. 2012. Disponível em: https://novaescola.org.br/
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ZACHÉ, J. Cérebro sarado. Istoé – Medicina e Bem-estar, 14 mar. 2001. Disponível 
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https://novaescola.org.br/conteudo/217/neurociencia-aprendizagem
https://novaescola.org.br/conteudo/217/neurociencia-aprendizagem
https://istoe.com.br/39613_CEREBRO+SARADO/
28
Os recursos tecnológicos 
promovendo a aprendizagem
Autoria: Tamires Araujo Zanão Mariano
Leitura crítica: Neide Rodriguez Barea Tavares
Objetivos
• Identificar a possibilidade de promover a 
aprendizagem por meio do uso de recursos 
tecnológicos.
• Identificar e enumerar os principais desafios da 
implementação de tecnologias da informação e 
comunicação nos ambientes escolares brasileiros.
• Identificar a importância das tecnologias da 
informação e comunicação na acessibilidade.
• Identificar o risco do uso excessivo, e sem a 
assistência de adultos, de tecnologias como 
concorrente ao processo de aprendizagem de 
crianças e jovens.
29
1. Introdução
Em um passado não muito distante, as crianças não tinham à sua 
disposição telas de computadores, tablets e celulares. Elas brincavam 
em casa e na rua, com: bonecas, carrinhos, jogos, sozinhas ou entre 
si, mas não tinham telas pequenas à disposição. Mesmo para assistir 
televisão, aparelho antigo, havia um horário restrito para a atividade – 
até por causa da programação disponível, uma vez que a programação 
infantil não era vasta –, e era comum que as crianças tivessem que 
dividir um único aparelho televisor com os demais moradores da casa.
Atualmente, o cenário de muitos brasileiros é bastante diferente desse. 
Não só a programação infantil se expandiu, com o surgimento de canais 
dedicados exclusivamente a esse público, como a internet tornou 
possível acessar conteúdos diferentes e a qualquer hora do dia, não 
sendo mais necessário esperar aquele determinado horário para assistir 
aos programas. Além disso, hoje também é comum vermos crianças 
pequenas sendo muito hábeis para escolher vídeos, trocar de canal e 
manusear aparelhos eletrônicos, enquanto as crianças ‘de antigamente’ 
mal tinham acesso ao controle remoto. Tudo isso facilita para que o 
acesso as diversas telas seja introduzido cada vez mais cedo e com 
maior frequência na vida das crianças.
Por diversos motivos, existe uma preocupação de que o uso excessivo 
desses aparelhos possa prejudicar as crianças e jovens, pois muito 
tempo em frente as telas pode significar poucas horas de estudo, além 
de mais distrações e prejuízos na rotina de sono, devido às ondas de luz 
emitidas por equipamentos eletrônicos. Esses aspectos negativos fazem 
com que muitos pais, educadores e responsáveis declarem guerra as 
tecnologias e suas diversas vertentes.
No entanto, parece pouco provável que esses equipamentos deixem 
de fazer parte do nosso cotidiano, portanto, o papel dos estudiosos 
30
da educação é buscar formas para que essas novas tecnologias sejam 
empregadas a favor da aprendizagem. E, isso não é só possível como 
tem sido extensamente estudado, proposto e implementado em 
diversas escolas, colégios e ambientes educativos por todo o Brasil.
Afinal, se computadores, tablets, celulares e a internet, de modo 
geral, são tão capazes de prender a atenção e motivar crianças e 
jovens a passar horas em frente a uma tela, por que não utilizamos 
dessa ferramenta para promover a aprendizagem? A neurodidática se 
utiliza dos conhecimentos das neurociências para, juntamente com a 
pedagogia e diferentes abordagens didáticas, promover a aprendizagem, 
portanto, considerando os princípios da neurodidática, o uso dessas 
tecnologias para instigar a aprendizagem é muito bem-vindo.
Umas das funções da aprendizagem é preparar os indivíduos para os 
desafios da vida adulta. E, uma das grandes vantagens das tecnologias 
é a capacidade de simular situações de modo que elas sejam similares 
o suficiente com situações reais, mas sem os riscos associados às 
atividades reais. Imagine o quão arriscado seria para um piloto iniciante 
pegar um avião pela primeira vez sem ter treinado em simuladores.
Da mesma forma, por diversas limitações, não podemos experimentar 
“ao vivo” tudo que aprendemos. Seria ótimo fazer uma visita aos Andes, 
ao Polo Sul, a Roma, enquanto aprendemos sobre as montanhas da 
América, os pinguins e o Império Romano, respectivamente, mas como 
isso tudo não é possível, uma simples consulta na internet pode nos 
trazer imagens desses lugares e informações complementares que 
facilitem a nossa compreensão e retenção de aprendizagem. Nós 
aprendemos melhor aquilo que experimentamos e atribuímos emoções 
e sentidos, nesse sentido, a internet nos possibilita viajar e simular 
experiências sem que tenhamos que sair de casa ou da escola.
Além de poder facilitar a aprendizagem, tornando as tarefas a serem 
aprendidas mais interessantes, a tecnologia por si só também passa 
31
a ser uma demanda de aprendizagem. Por exemplo, você não 
poderia ter acesso a essa aula se não tivesse aprendido a utilizar um 
computador ou navegar na internet. Assim, vale destacar que as telas, 
telinhas e telonas não são necessariamente boas ou ruins, e que os 
efeitos benéficos ou maléficos das tecnologias dependem do uso 
que fazemos delas. Nesta aula, aprenderemos como a utilização de 
recursos tecnológicos podem promover a aprendizagem.
2. O uso da tecnologia a favor da 
aprendizagem
Há alguns anos, se seu objetivo era trabalhar em um escritório, seria 
necessário aprender a datilografar. Essa habilidade também era 
exigida de alguns outros profissionais, como professores. Os tempos 
eram outros e a máquina de escrever era a grande ferramenta para 
a escrita. Atualmente, o cenário é bem mais complexo e diversas 
tecnologias da informação e comunicação (TIC) fazem parte do dia a 
dia de trabalho de, praticamente, todas as pessoas.
Lembre-se que, as neurociências buscam compreender como o 
cérebro e o sistema nervoso funcionam, bem como as suas relações 
com os comportamentos. Essas são informações acumuladas por 
vários estudos e pesquisas que possibilitam compreender, ao menos 
em parte, como as memórias se consolidam, incluindo a importânciade manter a atenção para memorizar, como tendemos a lembrar 
melhor fatos ou eventos marcantes e ainda como a motivação tem 
um importante papel no aprendizado. Já a didática consiste em 
conhecimentos pedagógicos para promoção de melhores condições 
de aprendizagem.
A didática somada e aplicada aos conhecimentos de neurociências 
forma a neurodidática. Seguindo os princípios da neurodidática, as 
32
TICs têm um papel importante na aprendizagem, justamente, por 
serem atrativas, chamativas e promovedoras da retenção da atenção, 
facilitando o processo de aprendizagem.
Por sua vez, as TICs são um conjunto de recursos tecnológicos que 
podem ser utilizados com diversas finalidades, como no processo 
de automação da indústria, no comércio, em pequenos e grandes 
negócios, na saúde e na própria educação. No entanto, com a 
popularização e avanço da internet, as TICs se tornaram mais 
presentes e impactantes em praticamente todas as atividades 
humanas (ZANDVLIET, 2012; SANTOS; ALMEIDA; ZANOTELLO, 2018). 
Esse fato pode ser verificar se pensarmos em como seria a sua rotina 
sem o uso das TICs: quais tecnologias de informação e comunicação 
você utilizou hoje? Desde o agendamento de uma consulta médica 
pelo computador, a pesquisa de preços de um objeto desejado em 
sites na internet, as notícias sobre o Brasil e o mundo disponíveis nos 
meios eletrônicos e até os seus estudos e o acesso a essa aula EAD 
estariam seriamente comprometidos ou impossibilitados sem o uso 
das TICs.
Em relação à educação, as TICs têm sido cada vez mais inseridas 
no contexto educacional, devido às grandes pressões políticas, 
econômicas, sociais e tecnológicas, marcadas pelo aumento da 
compra de equipamentos tecnológicos por escolas e pelo grande 
número de possibilidades de usos didáticos para essa ferramenta 
(SANTOS; ALMEIDA; ZANOTELLO, 2018). Há, inclusive, políticas 
públicas brasileiras que incentivam a criação de programas e projetos 
com os objetivos de capacitar professores para uso didático das TICs 
e criar laboratórios de informática em ambientes educativos, com 
distribuição de laptops e computadores. Essas políticas incluem a 
Secretaria de Estado de Educação (SEED), o Programa Nacional de 
Tecnologia Educacional (ProInfo), as Mídias na Educação e o Programa 
um Computador por Aluno (Prouca) (Souza; Linhares, 2011).
33
3. Desafios da implementação das TICs no 
contexto escolar brasileiro
A compra de equipamentos tecnológicos é fundamental, mas está longe 
de ser a única medida para que as TICs sejam implementadas de forma 
efetiva no contexto escolar brasileiro. Nesse sentido, é importante 
salientar que uma das dificuldades para essa implementação está 
na própria preparação dos professores para utilização das TICs. Os 
professores passam por cursos teóricos e de modo paradoxal, e eles 
precisam ser capacitados dentro de sua formação para atuarem na 
promoção da autonomia intelectual de seus alunos, com reflexões 
críticas e formação de pensamentos e ideias a partir de suas 
reflexões (SANTOS; ALMEIDA; ZANOTELLO, 2018). Assim, é importante 
que a própria formação desses professores e educadores sejam 
modificadas, sem que lhes seja imposto consumir programas prontos 
e limitados, mas promovendo o pensamento crítico e reflexivo nos 
próprios professores, para que assim eles estejam capacitados a 
promoção do mesmo tipo de formação crítica para seus alunos.
Nesse sentido, o acesso aos equipamentos para o uso das TICs é tão 
importante quanto saber como e quando usá-las para potencializar 
a aprendizagem. Para isso, é importante que o educador tenha 
conhecimento e familiaridade com o equipamento tecnológico a ser 
utilizado, sendo capaz de julgar em quais situações seria benéfico a 
sua inclusão nas atividades educativas propostas. Mas, esse processo, 
também precisar ser de forma natural, como ocorre em outras 
esferas da vida (SANTOS; ALMEIDA; ZANOTELLO, 2018). Para muitas 
pessoas, talvez para você também, não passar por seus pensamentos: 
“devo pesquisar na internet para aprender”. Provavelmente, o 
que acontece é que quando surge uma dúvida, naturalmente, 
você consulta à internet como a fonte mais fácil de obtenção de 
resposta (embora essa busca deva levar em consideração as fontes 
encontradas, uma vez que a internet possui boas fontes, com critérios 
34
científicos, mas também há más fontes, com opiniões ou informações 
sem critérios científicos rigorosos).
Não se trata de disponibilizar laboratórios de informática em horários 
específicos, mas de tornar a sala de aula um ambiente equipado 
com recursos que estejam à disposição de alunos e professores para 
uso regular e em condições adequadas, conforme suas demandas e 
seus interesses, como ação natural e constante. (SANTOS; ALMEIDA; 
ZANOTELLO, 2018, p. 334)
Como podemos observar, os autores propõem uma alteração do 
ambiente escolar, com a inserção dos computadores de modo 
natural e integrado ao cotidiano da sala de aula e não como algo 
separado, em outro local, com horário marcado e específico para a 
aprendizagem.
Segundo Papert (2008), o uso da tecnologia no aprendizado pode 
ocorrer de modo ‘construcionista’, no qual o aluno aprende na 
prática, interagindo com seus colegas, por meio da resolução de 
problemas e com a compreensão de que os erros fazem parte do 
processo de aprendizagem.
Nesse sentido, Costa et al. (2012) propõem também uma mudança 
de paradigma sobre o que é ensinar e aprender, apresentando uma 
diferença importante sobre o aprender rico, sendo caracterizado por 
uma produção própria pós-aprendizado e um aprendizado pobre, 
marcado pela reprodução do que foi aprendido. Nesse cenário, as 
tecnologias digitais são consideradas “uma ferramenta cognitiva do 
aluno, porque o ajudam, sobretudo, a pensar e resolver problemas, a 
criar e a expressar-se, a interagir e colaborar com os outros” (COSTA 
et al., 2012, p. 31).
35
Figura 1–Utilização da TICs por adolescentes no ambiente escolar
Fonte: monkeybusinessimages/Istock.com.
4. Tecnologias da informação e comunicação e 
acessibilidade na educação
Como vimos, as TICs possuem potencial para facilitar a aprendizagem, 
preferencialmente, devendo ser integradas ao ambiente escolar de 
modo natural. A utilização das TICs também tem um importante 
papel na integração e na aprendizagem de pessoas com necessidades 
especiais. Para essas pessoas, as TICs podem ser utilizadas por meio das 
Tecnologias Assistivas.
As Tecnologias Assistivas correspondem a uma área do conhecimento 
interdisciplinar que visa promover a funcionalidade da pessoa que tem 
deficiência, incapacidades ou mobilidades reduzidas, buscando “sua 
36
autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social” (BRASIL, 
2007).
Nesse sentido, Galvão Filho (2009) traz exemplos que facilitam a 
compreensão sobre o uso das Tecnologias Assistivas. Segundo o 
autor, o uso das TICs como Tecnologia Assistiva se daria quando os 
equipamentos são utilizados como uma ferramenta para a realização 
de alguma tarefa que de outro modo não será possível ou será 
dificultada, por exemplo, um indivíduo que não pode escrever de modo 
cursivo devido a uma deficiência, mas ele pode ser capaz de digitar no 
computador. Já a utilização das TICs por meio das Tecnologias Assistivas 
ocorre quando o objetivo é utilizar o computador, mas o seu uso é 
dificultado ou impossibilitado devido a deficiência, então, com o uso de 
Tecnologias Assistivas como mouses e teclados adaptados essa ação se 
torna possível.
Com isso, podemos notar que há uma relação próxima e intrínseca 
entre as TICs e as Tecnologias Assistivas. Independentemente do tipo de 
tecnologia utilizado, poder facilitar a vida de pessoas com necessidades 
especiais, tornando suas atividades mais fáceis, possibilitando maior 
independência e conforto são contribuições tecnológicas importantes 
que devem ser expandidas para atingir o maior número possível 
de pessoas que possam vir a se beneficiar desses equipamentos e 
tecnologias.
Segundo Santarosa (1997),entre as categorias de utilização de TICs 
como Tecnologia Assistiva, destacam-se:
• TICs como sistemas auxiliares ou prótese para a comunicação: 
visa facilitar ou possibilitar a comunicação de pessoas com 
deficiência motora ou incapacidade de fala, como pessoas com 
paralisia cerebral, autismo, afasia, etc. Esses sistemas utilizam de 
linguagem não verbal para possibilitar a comunicação, por meio da 
apresentação de figuras que representam coisas, objetos ou ideias.
37
• TICs para controle ambiental: podem ser utilizadas para facilitar 
o controle ambiental de pessoas com dificuldades de locomoção, 
por meio de sistemas que permitam acender ou apagar as luzes, 
utilizar equipamentos eletrônicos, entre outros, dando mais 
autonomia a essas pessoas.
• TICs como ferramenta/facilitador de aprendizagem: visa utilizar 
as TICs para possibilitar a aprendizagem. Por exemplo, em uma 
aula em que o professor apresenta slides, um aluno com baixa 
acuidade visual poderia ser beneficiado por um computador 
que apresente os slides mais perto dele, facilitando a leitura em 
comparação com o apresentado em sala de aula, possibilitando ao 
aluno seguir o conteúdo sem prejuízos.
• TICs como meio de inserção no trabalho profissional: o uso das 
TICs pode tornar o indivíduo mais autônomo e capaz de realizar 
atividades remuneradas, tornando-o mais independente e atuando 
de forma positiva para auto estima e qualidade de vida.
Essas diferentes classificações possuem caráter didático e, muitas 
vezes, as mesmas TICs podem ser utilizadas com diferentes propósitos, 
ou ainda um mesmo indivíduo ser usuário de mais de uma TICs para 
auxiliá-lo na aprendizagem.
Como dito anteriormente, a Tecnologia Assistiva pode ser necessária 
para que pessoas com diferentes tipos de deficiência ou desabilidade 
tenham acesso às TICs. Esse acesso é importante pois a pessoa com de 
deficiência deve estar integrado e ser participante dos meios sociais, do 
trabalho e das comunidades. Entre essas possibilidades, destacam-se:
• Adaptações físicas ou órteses: aparelhos que facilitam o manejo 
do computador por indivíduos com deficiências ou limitações 
físicas. Nessa categoria estão inclusos estabilizadores de punho 
com ponteira para digitação, necessário em casos de paralisia 
cerebral.
38
• Adaptações de hardware: adaptações físicas no computador, 
tornando o seu uso adaptado as pessoas com deficiências. O 
simples posicionamento do teclado de modo mais adequado 
para alguém com limitações motoras pode facilitar o seu uso. 
Outro exemplo é uma barreira de acrílico no teclado (máscara 
de teclado), que dificulta a pressão de teclas não intencionais, 
esse recurso é especialmente importante para as pessoas com 
dificuldade de coordenação motora.
• Softwares especiais: programas realizados de maneira adequada 
ao uso de pessoas com deficiências. Um dos usos consiste na 
utilização de sopros ou pequenos ruídos em um microfone para 
ativar comandos no computador, o utilizando no lugar do mouse, 
ampliando o seu uso para muitas pessoas.
Em resumo, o uso de tecnologias pode ser uma ferramenta importante 
para a educação, auxiliando pessoas a aprender em diversos contextos, 
com ou sem necessidades especiais. Os equipamentos tecnológicos 
podem facilitar explicações de aulas, fazer com que os alunos tenham 
experiências enriquecedoras e até facilitar atividades diárias, conferindo 
mais autonomia para os alunos. No entanto, é importante lembrar que 
apenas as tecnologias não promovem aprendizado. Logo, é importante 
que um plano pedagógico adequado seja estabelecido para que as TICs 
tragam benefícios educativos, bem como os professores conheçam bem 
as ferramentas para determinar quando elas podem ser empregadas. 
Por fim, as tecnologias devem ser integradas a realidade educativa de 
forma natural, assim como ocorre em outros âmbitos da vida.
Referências Bibliográficas
BRASIL. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Coordenadoria Nacional para 
Integração da Pessoa Portadora de Deficiência. Ata da 7ª Reunião do Comitê de 
Ajudas Técnicas. Brasília: SEDH, 2007.
39
COSTA, F. (Coord.); RODRIGUEZ, C.; CRUZ, E.; FRADÃO, S. Repensar as TICs na 
educação: o professor como agente transformador. Lisboa: Santillana, 2012.
GALVÃO FILHO, T. A. Acessibilidade tecnológica. In: DÍAZ, F. et al. (Orgs.) Educação 
inclusiva, deficiência e contexto social: questões contemporâneas [on-line]. 
Salvador: EDUFBA, 2009. p. 191-202.
PAPERT, S. A máquina das crianças: repensando a escola na era da informática. 
Porto Alegre: Artmed, 2008. 
SANTAROSA, L. M. C. “Escola virtual” para a educação especial: ambientes de 
aprendizagem telemáticos cooperativos como alternativa de desenvolvimento. 
Revista de Informática Educativa, Bogotá, v. 10, n. 1, p. 115-138, 1997.
SANTOS, V. G. dos; ALMEIDA, S. E. de; ZANOTELLO, M. A sala de aula como um 
ambiente equipado tecnologicamente: reflexões sobre formação docente, ensino e 
aprendizagem nas séries iniciais da educação básica. Revista Brasileira de Estudos 
Pedagógicos, Brasília, v. 99, n. 252, p. 331-349, ago. 2018. Disponível em: http://
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n&nrm=iso. Acesso em: 24 jan. 2020.
SOUZA, A. G.; LINHARES, R. N. Políticas públicas de educação e tecnologia: o 
histórico das TICs no processo educativo brasileiro. In: COLÓQUIO INTERNACIONAL 
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Cristóvão: UFS, 2011.
ZANDVLIET, D. B. ICT learning environments and science education: perception to 
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Handbook of Science Education. Dordrecht: Springer, 2012. p. 1277-1289.
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Desenvolvimento psicomotor e 
aprendizagem
Autoria: Tamires Araujo Zanão Mariano
Leitura crítica: Neide Rodriguez Barea Tavares
Objetivos
• Compreender e citar os estágios do desenvolvimento 
neuropsicomotor segundo Denver.
• Compreender as principais características do 
desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM).
• Identificar a problemática do termo “atraso” do 
desenvolvimento neuropsicomotor.
• Identificar como a neurodidática se relaciona com 
desenvolvimento neuropsicomotor.
41
1. Introdução
A ideia de educar pressupõe cuidar e zelar pela vida de uma criança ou 
jovem para que possa se desenvolver, evoluir, adquirir conhecimentos 
ou habilidades, que sem orientação não seriam capazes de adquiri-
los. Por exemplo, um bebê em seu processo de transformação se 
transformará em uma criança. Antes de aprender a correr, a criança 
deve aprender a andar, ser capaz de dar os primeiros passinhos, no 
início eles serão, provavelmente, desajeitados, mas com a prática ele 
conseguirá manter as pernas mais fortes e na posição correta para, 
inicialmente andar e, posteriormente, correr. Do mesmo modo, para 
uma criança aprender a escrever, inicialmente, ela precisará manusear 
o lápis, saber como segurá-lo de modo apropriado, fazer rabiscos, 
formas, até conseguir o desenvolvimento motor para copiar as letras. 
Assim, atribuir sentido as palavras e frases é outro processo que deve 
acontecer em conjunto, para que essas formas possam ser lidas, 
dotadas de sentido e significado.
Nesse sentido, não esperamos que um bebê recém-nascido seja capaz 
de sair correndo pela casa, assim como pode ser preocupante que uma 
criança com mais de cinco anos não seja capaz de segurar um lápis para 
fazer rabiscos simples. Isso ocorre porque o corpo do homem não nasce 
completamente pronto, mas ele tem a potencialidade de se desenvolver.
Logo, espera-se por uma certa cronologia no desenvolvimento da 
criança, tanto na aquisição dos comportamentos mais simples aos mais 
complexos, como também há uma ‘ordem’,ou seja, alguns tipos de 
comportamento serão adquiridos antes do que outros, mesmo que não 
sejam da mesma natureza (em geral, um bebê deve sentar – atividade 
motora – antes de começar a falar palavras – linguagem, que também 
envolve motricidade).
42
Os primeiros anos da vida de uma criança são fundamentais para 
que o seu corpo se prepare para os desafios do futuro. Por isso, 
acompanhar o desenvolvimento psicomotor é essencial, atrasos nesses 
desenvolvimentos podem exigir uma atenção especial, a fim de que o 
aprendizado não seja prejudicado ou para facilitar que ele ocorra da 
melhor forma possível.
Nesta aula, exploraremos alguns conhecimentos da neurociência – que 
nos auxiliam na neurodidática, ou seja, em conhecer as características 
cerebrais relacionadas com a aprendizagem e as melhores formas 
de aliar esses conhecimentos à didática – e do desenvolvimento 
neuropsicomotor.
2. Características do desenvolvimento 
neuropsicomotor
O ‘desenvolvimento neuropsicomotor’ pode ser compreendido como: 
a aquisição de capacidades e habilidades adequadas e de acordo 
com a idade do indivíduo, seguindo uma sequência de estágios pré-
determinados. Essas informações são importantes pois, por meio 
delas, é possível notar desvios no desenvolvimento e, assim, procurar o 
acompanhamento médico e terapêutico para auxiliá-la nesse processo.
Os seres humanos têm o desenvolvimento no sentido ‘craniocaudal’, 
o que significa que primeiro o bebê será capaz de firmar a cabeça, em 
seguida, adquirirá a habilidade de controlar o tronco e, por último, os 
membros. Por sua vez, o cérebro se desenvolve no sentido póstero-
anterior, ou seja, da região da parte de traz da cabeça para a região da 
frente. Como o lobo occipital está localizado na parte posterior e essa 
região é importante para a visão, a fixação do olhar ocorre primeiro que 
a movimentação dos braços (área motora localizada na porção mais 
anterior do cérebro, mais a frente) (DESENVOLVIMENTO..., [s.d.]).
43
Assim, podemos observar que o desenvolvimento segue uma lógica e 
que é possível acompanha-lo em cada fase. Para que os profissionais 
da saúde possam acompanhar e comparar o desenvolvimento de um 
determinado bebê com os demais é importante utilizar um instrumento 
padrão, nesse caso, utilizamos a Escala de Denver II.
Segundo Moraes et al. (2010), inicialmente, esse teste foi criado por 
Frankenburg e col., em 1967, para identificar precocemente as condições 
de desenvolvimento da criança. Uma nova escala foi adaptada em 1990, 
com o nome Teste de Triagem do Desenvolvimento de Denver Revisado 
(TTDD-R) ou Denver II. Por sua vez, esse teste contém 125 itens e avalia 
quatro domínios, sendo: (1) desenvolvimento social; (2) desenvolvimento 
motor; (3) desenvolvimento da linguagem; e, (4) desenvolvimento do 
desenho. A seguir, apresentaremos uma breve lista de comportamentos 
ou habilidades esperadas para cada uma dessas quatro categorias 
(DESENVOLVIMENTO..., [s.d.]):
1. Desenvolvimento social: englobam habilidades e 
comportamentos que ligam o bebê aos cuidadores e aos demais:
- Olhar o interlocutor e segui-lo com o olhar: 2 meses de idade.
- Sorriso social: 3 meses.
- Levar as mãos aos objetos: 4 meses.
- Se sente apreensivo com estranhos: 10 meses.
 2. Desenvolvimento motor: habilidades motoras que envolvem 
grupos musculares:
- Sustentar a cabeça: 4 meses.
- Sentar com apoio: 6 meses.
- Sentar sem apoio: 9 meses.
44
- Ficar em pé com apoio: 10 meses.
- Ficar em pé sem apoio: 18 meses.
 3. Desenvolvimento da linguagem: aquisição da capacidade de 
articulação das palavras, a fala:
- Lalação (balbuciar primeiros sons): 6 meses.
- Falar primeiras palavras: 12 meses.
- Pequenas frases: 18 meses.
 4. Desenvolvimento do desenho na linguagem: aquisição da 
capacidade de desenhar:
- Rabiscos, com posterior nomeação do significado pela criança: 2 anos.
- Tentativa de representação da figura humana: 3 anos.
Embora seja importante ter em mente essa cronologia de habilidades 
como base para o desenvolvimento, é preciso considerar que existem 
diferenças individuais que devem ser respeitadas. Os profissionais da 
saúde poderão salientar quando algo deverá ser realizado frente a um 
atraso no desenvolvimento. Para esses casos, a educação tem um papel 
fundamental.
3. Atraso de desenvolvimento: o que é?
De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS, 
2005), as estimativas indicam que cerca de 200 milhões de crianças 
com menos de cinco anos no mundo todo estão sob risco de não 
atingirem o desenvolvimento pleno, por vários motivos. Segundo 
Dornelas et al. (2015), a estimativa da prevalência de casos de atraso 
45
do desenvolvimento neuropsicomotor é dificultada, entre outras coisas, 
pela diversidade de termos utilizados para se referir a essa condição, mas 
a OMS (Organização Mundial da Saúde) considera que cerca de 4,5% da 
população mundial com menos de cinco anos apresenta algum atraso no 
desenvolvimento.
No Brasil, várias medidas foram tomadas para contribuir com a 
diminuição dos casos de atraso no desenvolvimento, como o maior 
controle e cuidados neonatais, maior assistência à bebês no primeiro ano 
de vida e maior poder aquisitivo da população em geral. Logo, a queda 
na mortalidade infantil no Brasil deve, sem dúvidas, ser comemorada. 
No entanto, como consequência, com mais crianças prematuras 
sobrevivendo, a ocorrência de prejuízos no desenvolvimento é mais 
frequente. Nesse sentido, Dornelas et al. (2015) aponta que há outros 
fatores da infância interferem para que esses atrasos ocorram, mas 
vale salientar: (1) todas as fases de desenvolvimento do feto até o parto, 
estando relacionada à saúde da mãe; (2) alterações neurológicas, como 
paralisia cerebral e, ainda, (3) alterações genéticas.
Mas, afinal, o que consideramos ‘atraso de desenvolvimento’? Segundo 
Santos (2015), inicialmente, esse termo foi utilizado para se referir 
aos bebês prematuros. Posteriormente, ele também foi utilizado para 
caracterizar as crianças com deficiência mental, paralisia cerebral, 
autismo, hidrocefalia, síndrome alcóolica, desordens cromossômicas, 
atraso motor, atraso de linguagem, atraso de comportamento, atraso 
global, entre outros. Em resumo, primeiramente, esse termo foi 
utilizado para se referir a crianças prematuras, em seguida, crianças 
com desempenho abaixo da média em testes de desenvolvimento 
e, por fim, para crianças abaixo de cinco anos com problemas 
neurodesenvolvimentais.
Segundo Dornelas et al. (2015), em seu artigo intitulado Atraso do 
desenvolvimento neuropsicomotor: mapa conceitual, definições, usos e 
limitações do termo, é questionável a ampla utilização desse termo, bem 
46
como as confusões decorrentes dessa amplitude de significados. Um 
fato interessante levantado no artigo é a ausência do termo em manuais 
norteadores de condutas de profissionais de saúde, como a Classificação 
Internacional de Doenças (CID) e o Manual Diagnóstico e Estatístico de 
Perturbações Mentais (DSM-IV). Nesse sentido, o artigo apresenta a 
definição dada pelo Dictionary of Developmental Disabilities Terminology 
([s.d.] apud DORNELAS et al. 2015, p. 90): “atraso do desenvolvimento 
é uma condição em que a criança não está se desenvolvendo e/ou 
não alcança habilidades de acordo com a sequência de estágios pré-
determinados”. Uma das questões a cerca dessa definição é a ideia de que 
o atraso significaria que as habilidades serão adquiridas, porém em um 
tempo diferente, com demora, mas situações em condições diferentes 
são abarcadas pela mesma terminologia, fazendo com que os desfechos 
e caminhos sejam, também, muito distintos, com prognósticos diferentes. 
Logo, não há uma solução plena para essa situação, devendo que os 
profissionais de saúde esclareçam para os pais e/ou responsáveis qual a 
real situação de seus filhos e o que se espera dentro das possibilidades do 
quadro e condições de cada um.
O atraso do desenvolvimento está associado a várias condições da infância, 
desde a concepção,gravidez e parto, decorrentes de fatores adversos 
como a subnutrição, agravos neurológicos, como a encefalopatia crônica da 
infância (paralisia cerebral), e genéticos, como a síndrome de Down. O atraso 
pode ser também uma condição transitória, não sendo possível definir 
qual será o desfecho do desenvolvimento da criança, o que pressupõe 
o acompanhamento com avaliações periódicas. (DORNELAS; DUARTE; 
MAGALHÃES, 2014, p. 90)
4. A educação em contexto de atraso 
neuropsicomotor
Como apresentado na seção anterior, o número de crianças com 
diversos atrasos de desenvolvimento neuropsicomotor está cada vez 
47
maior. Com isso, é necessário pensar em políticas de inclusão, tornando 
possível que esses jovens sejam verdadeiramente integrados no sistema 
educacional. Nesse sentido, permitir ou estimular a inclusão de jovens 
com atrasos pode ser benéfico tanto para as próprias crianças, como 
também para os colegas de classe, possibilitando a interação e ajuda 
mútua. Portanto, incluir um aluno com qualquer tipo de atraso significa 
garantir que ele possa aproveitar as atividades e conteúdos ensinados, 
mesmo que de forma diferente dos demais alunos. Para isso, o uso de 
tecnologias e a preparação dos educadores é fundamental, visto que 
estar apenas de ‘corpo presente’ pode ser muito prejudicial a criança 
que não consegue participar das atividades. Assim, é importante 
compreender que, em determinados casos, não será possível que 
as tarefas sejam realizadas da mesma forma por todos os alunos, 
o que não significa necessariamente que alunos com necessidades 
diferentes não possam se beneficiar de uma atividade realizada em 
conjunto. A inclusão ajuda a construir uma sociedade mais igualitária e 
menos preconceituosa, possibilitando que os jovens possam vivenciar 
diferentes realidades, aprendendo que existe diferentes possibilidades. 
Sobre os avanços da educação inclusiva, Dutra (2006, p. 3) afirma que:
A educação inclusiva é hoje o debate mais presente na educação 
do país. Nunca antes foi tão discutido o princípio constitucional de 
igualdade de condições de acesso e permanência na escola, implicando 
na necessidade de reverter os velhos conceitos de normalidade e 
padrões de aprendizagem, bem como, afirmar novos valores na escola 
que contemplem a cidadania, o acesso universal e a garantia do direito 
de todas as crianças, jovens e adultos de participação nos diferentes 
espaços da estrutura social.
48
Figura 1 – Crianças com e sem atraso do desenvolvimento psicomotor 
realizando atividades pedagógicas juntas
Fonte: FatCamera/iStock.com. 
Para que a inclusão desses alunos realmente ocorra, são necessárias 
diversas ações, entre elas destaca-se a qualificação profissional. Segundo 
Gonzaga (2007), são diversos os desafios que dificultam que a inserção 
de pessoas com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor ocorra 
de modo adequado, como salas superlotadas de alunos e a ausência de 
monitores para auxílio dos professores, dificultando que o profissional 
possa se dedicar a todos os alunos de modo satisfatório. Nesse 
sentido, salas com alunos com diferentes tipos de necessidade exigem, 
necessariamente, que o profissional também se divida para acompanhar 
cada criança dentro de seu quadro individual. Logo, um aluno com mais 
necessidades pode precisar de mais atenção ou auxílio, e nesse cenário 
o professor também necessitará do auxílio de um monitor para executar 
suas tarefas adequadamente. Mais do que ter a disposição professores 
capacitados e monitores preparados, a infraestrutura também deve ser 
apropriada, adaptada para receber esses alunos. Além disso, o poder 
49
público, a família e a sociedade também devem estar envolvidos na 
causa da inclusão social.
5. O desenvolvimento neuropsicomotor e a 
neurodidática
Até esse momento, você já deve ter compreendido que o termo 
neuropsicomotor engloba diferentes questões e problemas. Logo, 
você deve ter em mente que podemos nos esforçar para que esses 
indivíduos sejam incluídos na educação formal, e que tanto os alunos 
com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor quanto alunos de 
desenvolvimento padrão sejam beneficiados por essa convivência. 
Agora, realizaremos uma análise sobre como a neurodidática está 
relacionada com essa temática.
A neurodidática baseia-se nos conhecimentos das neurociências, que 
podem ser um importante recurso para o professor e para os demais 
profissionais que trabalham na área da educação. Segundo Duque 
(2013), os professores que conhecem os aspectos neuropsicológicos 
e neurobiológicos dos processos cognitivos e sociais de crianças 
e adolescentes podem otimizar as suas práticas, buscando as 
melhores maneiras de transmitir e promover o conhecimento. Se os 
conhecimentos de neurociências são importantes para promover 
e facilitar a aprendizagem de alunos com desenvolvimento típico, 
para alunos com atraso eles devem ser ainda mais valorizados. 
Os conhecimentos dos professores sobre o que esperar de alunos 
com atrasos do desenvolvimento devem levar considerar quais as 
características desse “atraso” e de suas funções. O aluno apresenta 
atraso de linguagem ou motor? Ele é prematuro? Existem condições 
semelhantes na família?
50
Essas informações acerca do aluno devem ser feitas com cautela, mas 
elas são fundamentais, pois potencializam o trabalho do professor 
na sala de aula. Para isso, essa abordagem deverá ser realizada 
a família do aluno, essa relação tende a ser muito positiva para a 
escola, a família e, principalmente, para a criança. Pode ser muito 
angustiante para pais e cuidadores receber um diagnóstico de ‘atraso 
do desenvolvimento neuropsicomotor’ sem que este termo seja 
interpretado adequadamente, podendo levar a medos e anseios que 
não necessariamente fazem parte do prognóstico daquela criança. 
Assim, envolver os pais não apenas para buscar informações sobre 
a criança, mas também para fornecer informações para elas sobre o 
desempenho da criança na escola, seus avanços e dificuldades, pode 
trazer tranquilidade aos pais para que eles também incentivem o 
desenvolvimento dos pequenos da melhor maneira possível e dentro 
das possibilidades de cada um. Como pessoa que necessita cuidados, 
as crianças se beneficiam quando esse cuidado realizado pela escola 
e pelos pais é convergente, ou seja, age para o bem comum dela. 
Portanto, compartilhar os conhecimentos e pensar em alternativas 
metodológicas que auxiliem a aprendizagem dessas crianças é uma das 
funções que podem englobar o conceito de neurodidática.
Referências Bibliográficas
DESENVOLVIMENTO neuropsicomotor. Faculdade de Ciências Médicas–UNICAMP. 
Disponível em: https://www.fcm.unicamp.br/fcm/neuropediatria-conteudo-didatico/
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DORNELAS, L. de F.; DUARTE, N. M. de C.; MAGALHÃES, L. de C. Atraso do 
desenvolvimento neuropsicomotor: mapa conceitual, definições, usos e 
limitações do termo. Revista Paulista de Pediatria, v. 33, n. 1, p. 88-103, 
mar. 2015. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-
05822015000100088&script=sci_arttext&tlng=pt. Acesso em: 10 fev. 2020.
DUQUE, M. E. A. La neurociencia en las ciencias socio-humanas: una mirada 
transdisciplinar. Ciencias Sociales y Educación, v. 2, n. 3, p. 153-166, jan./jun. 2013. 
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51
Disponível em: https://revistas.udem.edu.co/index.php/Ciencias_Sociales/article/
view/808/748. Acesso em: 2 jan. 2020.
DUTRA, C. P. Editorial. Revista da Educação Especial, ano 2, n. 3, dez. 2006. 
Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/revistainclusao1.pdf. 
Acesso em: 11 fev. 2020.
GONZAGA, A. K. de S. O pedagogo como mediador

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