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psicogenese-da-lingua-escrita

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PSICOGÊNESEPSICOGÊNESE
DADA
LÍNGUA ESCRITALÍNGUA ESCRITA
Profª. Profª. Ana Lúcia Ana Lúcia GouveiaGouveia
al-gouveia@bol.com.br al-gouveia@bol.com.br 
Jean Piaget
- Nasceu na Suíça
- 1896-1980
- Biólogo e Psicólogo
- A construção da inteligência dá-se
em etapas sucessivas, com
complexidades crescentes,
encadeadas umas às outras.
Fases do Desenvolvimento Cognitivo
Sensór io-motor ~ 0-2 anos
- percepções sensoriais
- pega, balança, joga, bate, morde, balbucia
Pré-operatór io ~ 3-6 anos
- aparecimento da linguagem oral
- faz-de-conta
- idade dos porquês
- pensamento egocêntrico
- animismo (as coisas e animais têm emoções)
- não tem noção de conservação (muda aparência do objeto/ muda tb a
quantidade)
Operatór io concreto ~ 7-11 anos
- pensamento lógico e objetivo
- pensamento menos egocêntrico
- compreende regras
- depende de materiais concretos para ordenar, seriar, classificar 
Operatór io for mal ~ 12 anos em diante
- o pensamento se torna livre das limitações da realidade concreta
- pensamento hipotético-dedutivo ou lógico-matemático
A teoria de Jean Piaget nos explica como se desenvolve a inteligência nos
seres humanos. Daí o nome dado a sua ciência de Epistemologia
Genética, que é entendida como o estudo dos mecanismos do aumento
dos conhecimentos.
Para Piaget o comportamento dos seres vivos não é inato, nem resultado
de condicionamentos. Para ele o comportamento é construído numa
interação entre o meio e o indivíduo. Esta teoria epistemológica
(epistemo = conhecimento; e logia = estudo) é caracterizada como
interacionista.
A obra de Jean Piaget não oferece aos educadores uma didática específica
sobre como desenvolver a inteligência do aluno ou da criança. Piaget nos
mostra que cada fase de desenvolvimento apresenta características e
possibilidades de crescimento da maturação ou de aquisições.
EMÍLIA FERREIRO
Emilia Beatriz María Ferreiro Schavi
nasceu em 1937, na Argentina.
Em 1970 formou-se em psicologia pela
Universidade de Buenos Aires.
Fez seu doutorado na Universidade de
Genebra, sob a orientação de Jean
Piaget.
Em 1971 retorna a Buenos Aires, forma
um grupo de pesquisa sobre
alfabetização e publica sua tese de
doutorado Les relations temporelles
dans le langage de l'enfant .(As relações
transitórias da linguagem infantil)
A partir de 1974, iniciou pesquisas como
docente na Universidade de Buenos
Aires.
Nessa Universidade iniciou seus
trabalhos experimentais, que deram
origem aos pressupostos teóricos sobre
a Psicogênese do Sistema de Escrita,
campo não estudado por seu mestre -
Piaget.
Professora titular do Centro de
Investigação e Estudos Avançados do
Instituto Politécnico Nacional, da Cidade
do México, onde mora atualmente.
Emília Ferreiro e Ana Teberosky iniciaram em 1974 uma investigação
que permitiu demonstrar que a psicogênese* da língua escrita constitui-
se por uma sequência crescente de níveis de complexidade da
compreensão do que o sujeito vivencia em direção à leitura e à escrita. A
construção do objeto conceitual "ler e escrever" faz-se, portanto, durante
vários anos, através de um processo progressivo de elaboração pessoal.
* Estudo da origem e desenvolvimento dos processos mentais ou
psicológicos, da mente ou da personalidade.
O domínio do código escrito é a apropriação de um novo objeto de
conhecimento. Com instrumental piagetiano de investigação,Ferreiro &
Teberosky partiram da concepção que a aquisição do conhecimento se
baseia na atividade do sujeito em interação com o objeto de
conhecimento e mostraram que as crianças pré-escolarizadas têm idéias,
teorias e hipóteses sobre o código escrito.
A vinculação entre a escrita e a fala não tem nada de óbvio para quem
está no início do seu processo de alfabetização. E mesmo quando o
aprendiz já estabelece a relação entre fala e escrita, a vinculação que se
estabelece não é do tipo fonema-grafema.
Na concepção construtivista, o conhecimento é algo a ser produzido,
construído pelo aprendiz enquanto sujeito e não objeto da aprendizagem
é um processo dialético através do qual ele se apropria da escrita e de si
mesmo como usuário e produtor de escrita.
Níveis Conceituais Lingüísticos
Nível 1: Pré-silábico ± caracteriza-se pela busca de parâmetros de
diferenciação entre as marcas gráficas figurativas (desenhos) e não
figurativas (letras e números). É dividido em 3 fases:
a) Fase pictórica: a criança registra garatujas e desenhos. Escrita
indiferenciada.
Exemplo:
(FLOR)
b) Fase gráfica primitiva: a criança registra símbolos ou letras misturadas com
números. Escrita indiferenciada.
Exemplos: N021 (CARRO)
RV6N (ÁRVORE)
c) Fase pré-silábica: a criança começa a diferenciar letras de números,
desenhos ou símbolos. Diferenciação da escrita.
Exemplos: TRAC (CASA)
AIVNOAXE (ABACAXI)
Nível 2: Silábico (diferenciação da escrita) ± A criança conta os ³pedaços
sonoros´, isto é, as sílabas e coloca um símbolo (letra) para cada pedaço
(hipótese silábica). Essa noção de cada sílaba corresponder a uma letra
pode acontecer com ou sem valor sonoro convencional.
Exemplo: AO (GATO) ou TF (GATO)
Nível 3: Silábico- alf abético (a hipótese alfabética: existe relação entre
letras e sons) ± É um momento conflitante, pois a criança precisa negar a
lógica do nível silábico. É quando o valor sonoro torna-se predominante e a
criança começa a acrescentar letras principalmente na 1ª sílaba.
Exemplo: TOAT (TOMATE)
Nível 4: Alf abético (hipótese silábico-alfabética: a caminho do
convencional) ± A criança reconstrói o sistema lingüístico e compreende a
sua organização. É a fonetização da escrita convencional, mas podem
ocorrer erros ortográficos.
Exemplos:
- Ela sabe que os sons L e A são grafados LA e que T e A são grafados
TA e que juntos, significam LATA.
- CAXORRO (CACHORRO)
Nível 5: Hipótese alf abética (uma escrita com expressão fonética) ± Nesse
estágio a criança já venceu todos os obstáculos conceituais para a
compreensão da escrita - cada um dos caracteres da escrita corresponde
a valores sonoros menores do que a sílaba ± e realiza sistematicamente
uma análise sonora dos fonemas das palavras que vai escrever.
O que a criança terá alcançado aqui não significa a superação de todos os
problemas. Há o alcance da legibilidade da escrita produzida, pois esta
poderá ser mais facilmente compreendida pelos adultos. No entanto, um
amplo conteúdo ainda está por ser dominado: as regras normativas da
ortografia.
Exemplos: PAPAGAIO
TATUSSINHO
JACARE
DINOSAURO
CÃU
A presença de err os ortográficos é um indicador do modo pelo qual as
crianças chegaram a descobrir as funções da escrita, a representação que
esta realiza e sua realiza e a sua organização.
Construtivismo ± de Piaget à Emília Ferreiro
Maria da Graça Azenha
Principais ideias do capítulo 5
Alfabetização e construtivismo: compreensão dos
processos de aprendizagem
Taref a: O que pode e o que não se pode ler?
Cr itér ios de legibilidade: Aplicação da tarefa de classificação com informações
escritas. O conjunto oferecido a cada criança continha 15 a 20 cartões, nos quais
constavam palavras longas, sílabas, palavras simples do cotidiano das crianças e
números. A interpretação dos resultados levou Ferreiro & Teberosky a concluírem
que, as crianças têm ideias rigorosas (lógica) sobre os critérios que distinguem
textos que servem para ler dos que não permitem a leitura. Esses critérios são
diferentes dos utilizados pelos adultos. Os adultos agrupariam em dois subgrupos:
números e letras.
Hipótese da quantidade mínima de letras: Distinção entre cartões com poucos
caracteres (sejam letras ou números) sob a justificativa de que com poucas letras
(até 3 letras) não se pode ler.
Exemplos: AS ± SOU ± não se pode ler 
GATO ± pode ler 
A maneira como as crianças contam os caracteres também é importante. Quando a
letra é de imprensa não há ambiguidade na distinção das letras e a contagem é
precisa. O mesmo não ocorre com a letra manuscrita. Nesse caso, fica difícil para a
criança que não conhece os traços distintos entre uma letra e outra, efetuar a
contagemprecisa.
Às vezes o m cursivo é considerado como formado por três caracteres, o p
cursivo é contado como se fosse dois ou três caracteres diferentes e uma
sílaba cursiva como pi é contada quase sempre como três ou quatros
caracteres.
A natureza do traçado dos materiais de leitura deve ser considerado. A
leitura de textos em letra cursiva será potencialmente um obstáculo à
interpretação devido à ambigüidade do número de caracteres.
Hipótese da var iedade de caracteres: Se as letras são iguais, mesmo
atendendo a um mínimo de três caracteres, ela também não servem para
ler.
Exemplos: AAAAAA ± não se pode ler 
MANTEIGA ± pode ler 
As respostas das crianças indicam claramente a necessidade de que as
letras de um texto devem exibir variedade.
Palavras como bala, babá, bebe podem dificultar a interpretação das
crianças porque têm baixa variedade de letras. A tradição dos métodos não
permite o avanço.
Dif erenciação de elementos gráficos: Tarefa - A criança folheia um livro
de histórias. Sobre os desenhos e textos, pergunta-se: ³O que é isto?´ A
criança vai nomeando os contextos gráficos (imagens ou escritos). O
reconhecimento do próprio nome impresso e sua escrita com letras móveis
ou com lápis e papel também foram situações utilizadas para a coleta de
dados.
A relação entre letras e númer os: Há 3 momentos na construção da
diferenciação entre letras e números
1º momento: aparente confusão entre ambos porque não são desenhos. A
criança sabe que se lê nas letras, mas não abre mão do desenho, porém
não faz a distinção de letras e números. A escrita dos números não se
baseia no sistema alfabético usado para o registro de palavras. A leitura
dos números é ideográfica (imagem figurada do objeto).
2º momento: a diferenciação letras/números seria a construção da distinção
entre as funções de ambos: letras servem para ler e números para contar.
3º momento: superada a indistinção inicial, a criança volta a ter conflitos na
diferenciação, por lidar com adultos que ³lêem palavras´ e ³lêem números´,
³contam´ elementos de um conjunto e ³contam´ também histórias.
O conhecimentos das letras: O nível mais elementar é composto por 
condutas que demonstram o conhecimento de uma ou duas letras,
principalmente as iniciais do próprio nome, sem atr ibuir nomes às letras.
Dessa forma, uma letra é reconhecida pelo seu possuidor.
Exemplos: ³CA de Carolina´, ³P´ de papai, ³M´ de mamãe
- O próximo nível do conhecimento das letras (entre 5-6anos) refere-se ao
reconhecimento e nomeação das vogais, identificando as consoantes,
às quais contribuem o valor da sílaba inicial do nome.
Exemplos: ³C é o ca de Carlos´, ³G é o gu de Gustavo´
- O próximo passo no desenvolvimento é constituído pelo domínio dos
nomes corretos de todas as vogais e de algumas consoantes.
Exemplo: ³S de Silvia, de Sarita´
- O último nível de aquisição é o representado pelas crianças que nomeiam
todas as letras do alf abeto e são capazes, em algumas delas, de indicar 
o valor sonor o além do nome da letra. Os nomes das letras precedem o
conhecimento do valor sonoro.
Letras e sinais de pontuação: Os sinais de pontuação são conteúdos
específicos da convenção escr ita. São conhecimentos socialmente
transmitidos, dependentes da existência de uma longa prática com textos
escr itos. Passa-se de uma inicial indiferenciação para a distinção do
ponto, dois pontos, hífen e reticências. Os outros sinais continuam a ser 
assimilados às letras.

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