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Fundamentos de Prótese Total A prótese dentária pode ser classificada em: •Unitária •Parcial fixa •Parcial removível •Total (dentaduras completas) •Ortodôntica •Bucomaxilofacial •Sobre implante. O estudo da oclusão é básico, pois o sistema estomatognático, título dado por Thompson, compreende uma coordenação funcional, que inclui não somente o ato mastigatório, como também a deglutição, a respiração, a fonação e a postura da mandíbula, da língua e do osso hióide. Para o desempenho dessa coordenação, são totalmente interdependentes quatro fatores fisiológicos básicos: •Oclusão dentária •Periodonto •Articulação temporomandibular •Mecanismo neuromuscular. Anatomia protética A base protética na qual se adapta a prótese total denomina-se área basal, composta de osso recoberto por membrana mucosa, mucosa e submucosa. Na última, estão os vasos sanguíneos que irrigam a superfície da fibromucosa gengival e as terminações nervosas que dão conhecimento, por meio do córtex cerebral, de toda sensação no interior da cavidade bucal. Após a perda dos dentes, o processo alveolar permanece recoberto pela fibromucosa gengival, onde se encontra a principal área de suporte da prótese Rebordo residual: a forma e o tamanho dos rebordos alveolares mudam à medida que os dentes são perdidos. Os alvéolos se enchem de osso novo, ao redor do qual as margens desses alvéolos começam a reduzir. Em princípio, essa reabsorção é rápida; com o tempo, torna-se mais lenta, ainda que contínua durante toda a vida, podendo chegar ao ponto de a crista do rebordo faltar sob a mucosa, na forma de superfície lisa de osso cortical. No local, pode haver amplos canais nutritivos e espículas ósseas agudas, condição que poderá causar dor como resultado da força de pressão da prótese. Rebordo gengival A submucosa é um tecido conjuntivo denso que fixa de maneira firme a mucosa ao osso adjacente. Isso proporciona um tecido de suporte estável e um assento de base firme para a prótese Mucosa do vestíbulo Na região do músculo bucinador, a submucosa é um tecido conjuntivo moderadamente forte, preenchido de fibras elásticas, as quais mantêm a mucosa unida firmemente à musculatura, durante as mudanças de forma e contornos, em suas funções; isso dá à mucosa um aspecto enrugado e evita sua separação do músculo, bem como ser colhida entre os dentes, sendo mordiscada por eles. Em certos indivíduos que perdem a elasticidade das fibras, essas mordiscadas podem ser frequentes; daí a necessidade de se espessar mais a superfície vestibular das próteses totais Fórnice vestibular A submucosa é do tipo alveolar, muito frouxa, com maior capacidade de aprofundar-se e variar de posição; isso torna possível marcar as mudanças na reflexão da mucosa, quando os lábios e as bochechas se movimentam durante a função. Essas amplas mudanças de posição possibilitam variações nos resultados das moldagens, levando à sobre-extensão ou falta de extensão nas bordas da prótese. Para obter moldagens corretas, deve-se colocar adequadamente os tecidos durante sua execução Exteroceptores Por definição, um receptor compreende um tecido nervoso especializado, sensível a determinadas mudanças do meio ambiente. Existem estímulos de natureza variada e cada um deles é recebido por um receptor (fisiológico ou histológico) normalmente refratário ou pouco sensível aos demais estímulos. O tipo mais simples de receptor é a terminação nervosa livre, relacionada principalmente com a sensibilidade dolorosa superficial. Outros receptores apresentam suas terminações nervosas em forma encapsulada: corpúsculo de Paccini, para a pressão; corpúsculo de Meisner, para o tato; corpúsculo de Ru�ni, para o calor; bulbo terminal de Krause, para o frio. Os exteroceptores fazem com que se percebam, por meio do córtex cerebral, todas essas sensações dentro da cavidade bucal Reabsorção óssea após exodontias. As linhas pontilhadas e as marcações em azul tentam mostrar a reabsorção óssea maxilar, que se dá às expensas da tábua óssea externa, e a reabsorção óssea mandibular, decorrente de ambas as tábuas ósseas Distribuição das zonas de suporte da maxila. 1. Zona principal de suporte ou resistência ao esforço mastigatório: correspondente ao rebordo alveolar. 2. Zona secundária de suporte ou de resistência ao esforço mastigatório. 3. Zona de fecho periférico. 4. Zona de alívio Zona principal de suporte : Começa no rebordo residual posterior e cobre todo o lado visto por vestibular, direito e esquerdo. Zona secundária de suporte : Composta pela abóbada palatina. Zona de vedamento periférico: Segundo Boucher, a zona de discagem posterior deve estar recoberta pela prótese para uma melhor retenção, mas sem esperar que sirva de suporte. Não convém submeter as glândulas mucosas dessa região às forças de oclusão intensas provenientes da prótese. Zona de alívio : O alívio referido não corresponde somente à moldagem, mas também à oclusão. Na prótese total, os dentes inferiores anteriores, de canino a canino, não podem tocar os superiores quando as próteses estão em oclusão cêntrica. O componente de força incide na região do rebordo anterior superior, inclusive na papila incisiva e nas rugas palatinas, bem como na região do tórus palatino. Distribuição das zonas de suporte da maxila. 1. Zona principal de suporte. 2. Zona secundária de suporte. 3. Zona de vedamento periférico posterior. 4. Zona de alívio de forças de oclusão. Distribuição das zonas de suporte da mandíbula. 1. Zona principal de suporte, correspondente ao rebordo alveolar. 2. Zona de fecho periférico. 3. Zona secundária de suporte. 4. Zona de dicagem. 5. Zona de alívio. Distribuição das zonas de suporte da mandíbula. 1. Zona principal de suporte. 2. Zona secundária de suporte. 3. Zona de vedamento periférico (pontilhado cheio). 4. Zona de alívio (interior do traço pontilhado). Moldeiras As madeiras empregadas em prótese total são do tipo lisa, isto é, para edentados superiores ou maxilar e inferior ou mandibular. São de dois tipos, dependendo da moldagem a se efetuar: •Moldeiras de estoque: encontradas no comércio já prontas para usar, são construídas de plástico ou metal, geralmente de alumínio, e com tamanho-padrão. •Moldeiras individuais: feitas especialmente para o paciente a partir do modelo preliminar obtido na primeira moldagem, com as moldeiras de estoque. São construídas com resina acrílica térmica ou quimicamente ativada, podendo, ainda, ter como base goma-laca (Trial Base®) ou metal Anatomia A borda ou a aresta contornam a moldeira, olhando-a por vestibular e por lingual. A borda vista por vestibular apresenta três recortes –a moldeira superior e a inferior, para alojar o freio do lábio e os freios laterais direito e esquerdo. O sulco ou a bacia, que recebe o material de moldagem, representa em negativo da moldeira o rebordo gengival. Moldeiras superior (A) e inferior (B). 1. Arestas ou bordas. 2. Recortes para os freios. 3. Sulco ou bacia. ● Moldagem preliminar É obtida empregando-se moldeira de estoque e, como material de moldagem, de preferência a godiva. Dela se obtém um molde que será vazado em gesso-pedra reproduzindo todos os detalhes para o melhor estudo da área basal. Além disso, esse modelo de gesso representativo da área moldada será usado para a elaboração da moldeira individual, como correção da primeira moldagem. Em prótese total, a moldagem preliminar é a mais importante. Ao moldar pela primeira vez um paciente, precisa-se ter uma moldeira de estoque, embora seja evidente que esta, por melhor que se adapte, nunca poderá preencher os requisitos mais sutis da topografia anatômica. Por essa razão, a fim de compensar a falta de uma melhor adaptação da moldeira de estoque, utiliza-se um material anelástico, que deve ter resistência e qualidades plásticas que obedeçam às necessidades profissionais, para ser levado à boca do paciente quantas vezes forem necessárias, com o objetivo de registrar todos os acidentes anatômicos. Esses acidentes, por sua vez, são imprescindíveis quanto à orientaçãoda conduta profissional. ● Moldagem secundária É obtida usando-se moldeira individual e, como material de moldagem, de preferência pasta zinco-eugenólica. Dela resulta um molde que será vazado em gesso-pedra, o qual deverá reproduzir os detalhes anatômicos com maior fidelidade. Esse modelo de gesso será usado para elaboração da base de prova, para ser transportado ao articulador, montagem dos dentes artificiais, construção final das próteses e até mesmo na polimerização em resina acrílica. Na primeira moldagem, o mais importante é o material, que deverá preencher a falha de não se ter uma moldeira individual. Já na segunda moldagem, o mais importante é a moldeira; por isso, exigem-se todos os detalhes anatômicos que possam ser obtidos na primeira moldagem para a construção da moldeira individual. Esta deverá ser ajustada à boca do paciente, exigindo cuidado especial do profissional quanto ao tratamento de suas bordas, em razão da movimentação muscular. Já o material de moldagem deverá ter fluidez para não desalojar os tecidos subjacentes; caso contrário, esses tecidos tenderão a voltar à situação primitiva, fazendo a prótese perder a adesão. Além disso, é inconveniente pressionar a fibromucosa gengival, provocando isquemia, que resultará na falta de nutrição na região isquêmica. Materiais ➔ CLASSIFICAÇÃO Os materiais anelásticos são godiva, gesso solúvel, cera para moldagem e pasta de óxido de zinco e eugenol. Já os elásticos incluem hidrocolóides e elastômeros, cujos requisitos são: tempo de trabalho; grau de plasticidade; alteração dimensional e morfológica; resistência à fratura; obediência ao controle do profissional; e inocuidade ao paciente. Os materiais de moldagem para prótese total dividem-se em: •Fundamentais: godiva, gesso solúvel e cera para moldagem •Complementares: pasta de zinco-eugenólica, gesso solúvel, silicone e cera para moldagem •Duplicação de modelos: alginato, hidrocolóide, silicone e corogel. Fatores físicos de retenção e estabilidade FORÇA MASTIGATÓRIA A quantidade de força mastigatória capaz de suportar uma prótese é diretamente proporcional ao tamanho da zona de suporte (área basal). Contudo, não se soluciona problema estendendo a área de suporte indiscriminadamente sem considerar as estruturas subjacentes (resistentes ou não). Em outras palavras, não será possível estender adequadamente a base da prótese sem uma análise exaustiva das estruturas de suporte e sua função. ● Adesão Trata-se da atração física de moléculas diferentes entre si que atua quando a saliva molha, aderindo-se à superfície da área basal da prótese e à membrana mucosa da superfície de assento. A adesão depende da perfeita adaptação, em íntimo contato, da base protética com os tecidos de suporte e a fluidez da saliva, além da capacidade de o material ser “molhado” pela água (ou a saliva) em toda sua extensão, pois materiais em cuja superfície se formam gotas de água não são adequados. A saliva viscosa e espessa traz alguns inconvenientes para a adesão: além de formar uma lâmina mais espessa entre as bases, pelo fato de ser secretada pelas glândulas palatinas sob a área basal da prótese, acumula-se entre as superfícies de contato, empurrando a prótese para fora. No entanto, a força de adesão atua entre as duas superfícies, ainda que a pressão hidráulica exercida pela secreção mucosa espessa a vença. No caso de xerostomia, o material da base protética parece aderir à membrana mucosa seca da superfície de assento, aos lábios e à bochecha; contudo, não é muito efetivo na retenção da prótese, além de causar forte incômodo ao paciente, que se vê obrigado a constantes bochechos com anti séptico bucal e glicerina. A maior ou menor retenção advinda da adesão é diretamente proporcional à extensão da área basal. Pacientes com maxila ou mandíbula pequena não podem esperar que a retenção por adesão seja tão efetiva como nos casos de maxilas ou mandíbulas grandes ● Coesão Trata-se da atração física de moléculas iguais de uma mesma substância. A atração e a coesão são duas manifestações de forças que atraem moléculas muito próximas entre si. Está relacionada com a força retentiva representada pela película de saliva entre a base protética e a mucosa. A adesão como fator físico de retenção depende do íntimo contato da base da prótese com a fibromucosa. Adaptada de Wolf-Heidegger, 2006.3 Vale dizer que, quanto melhor a adesão, menor a película de saliva e, quanto maior a área basal, maior o efeito retentivo proporcionado pela coesão (Figuras 4.5 e 4.6). No caso da saliva, esta faz o papel da água entre as placas: a lâmina de saliva que existe entre a prótese e a mucosa impede a entrada do ar formando o mesmo menisco em toda a borda da prótese, fazendo a pressão atmosférica atuar fortemente para manter a retenção. A película de saliva é denominada lâmina interfacial e a cavidade do limite externo, isto é, entre as bordas da prótese e a mucosa, menisco salivar. ● Ação dos músculos sobre os dentes e as superfícies das próteses totais A superfície palatina da prótese total superior deve ser côncava para que seja possível um componente superior maior da força da língua; já a superfície lingual da prótese total inferior deve ter uma forma côncava, não somente para alojar a borda da língua, como também para resultar em um componente de força em que a língua fique sujeita à prótese para baixo, de encontro ao rebordo gengival. É necessário se aproveitar dessa situação, visto que não se pode estender muito a borda da prótese inferior no sentido do assoalho da boca por sua extrema mobilidade. Além dessas considerações, convém lembrar que a força centrífuga da língua e a força centrípeta das bochechas e dos lábios, para colocar e manter o bolo alimentar na superfície oclusal dos dentes, sugerem que a posição ideal dos dentes corresponderia a um ponto neutro em relação a essas forças. ● Ângulo de abertura formado pelas superfícies de oclusão Quanto mais paralelas as superfícies oclusais superior e inferior, melhor será a estabilidade. Planos oclusais divergentes forçam as próteses a se deslocarem no sentido anteroposterior. Nesses casos, verifica-se o mesmo procedimento das morses mecânicas: quando suas superfícies estão paralelas, elas prendem o objeto ao se apertar o torno; caso contrário, o objeto desliza e escapa). Quando a força vertical de fechamento se dirige em ângulo reto, não há resultante de força horizontal. B. Quando os planos oclusais são divergentes, forçam as próteses a se deslocarem. Adaptada de Wolf-Heidegger O conceito atual de Relação Cêntrica seria o posicionamento que o osso mandibular é conduzido à posição mais retrusiva em relação ao maxilar superior, fazendo com que os seus côndilos se acomodam o mais intimamente possível no interior das respectivas cavidades articulares. Rotação, Lateralidade, Protrusão e Retrusão Paciente geriátrico EXAME Deve-se fazer uma avaliação geral da conduta aparente do paciente. Sua respiração é rápida? Parece ser ativo? Seus joelhos estão inchados? Observar o que está bem visível ajudará a orientar as perguntas. Nas regiões da cabeça e do pescoço, o exame deverá ser mais bem detalhado, incluindo inspeção palpatória, ausculta e transluminação (quando necessária). O dentista precisa estar alerta quanto à consistência dos nódulos linfáticos cervicais e à glândula tireóide. O exame das estruturas intrabucais deverá ser sistemático, a fim de observar qualquer mudança. Além da morfologia, observam-se: •Aumento ou diminuição do tamanho ou da forma dos tecidos e órgãos •Consistência: se uma parte parece mais dura ou mais mole do que o esperado •Intensidade, diminuição ou simplesmente mudança na cor •Mobilidade da língua, excesso ou limitação de movimentos •Quantidade e fluidez da saliva •Mudanças na voz •Elevação ou diminuição da temperatura do corpo ou de uma parte localizada •Se há dor e se é localizada ou não (observar as mais variadas lesões que poderão ser encontradas na cavidade bucal). Algumas causas importantes: DIABETES Sinais clínicose sintomas. Secura na boca, tendência à obesidade, sede e fome aumentadas, produção de urina debilitada e perda de peso. Alterações nas mucosas. Suscetibilidade ao trauma, redução da tolerância dos tecidos à prótese, hiperemia mucosa, dilatação (edema) e palatopirrose. Alterações ósseas. Redução da tolerância óssea às próteses totais e rápida perda óssea com elevada taxa de açúcar no sangue. Considerações protéticas. Deve-se dar toda a atenção à extensão da área basal, principalmente quanto ao tratamento das bordas da prótese, para evitar ulcerações provocadas pelas bordas; facilmente, as feridas ficam infectadas depois. Aconselha-se https://www.youtube.com/watch?v=kg60ZJJXB8k https://www.youtube.com/watch?v=kg60ZJJXB8k manter boa higienização dos tecidos e frequente retorno ao dentista para corrigir a oclusão e melhorar a estabilidade óssea. OSTEOPOROSE Sinais clínicos e sintomas. Decréscimo na massa esquelética e densidade óssea diminuída radiograficamente. Nas mulheres, essas manifestações têm início mais cedo que nos homens. Alterações ósseas. Grave reabsorção óssea alveolar com o avanço da idade. Generalizada osteoporose da maxila e da mandíbula durante e depois da 6a década de vida. Considerações protéticas. Tendência ao estreitamento da crista óssea maxilar e alargamento da crista mandibular, direcionando uma mordida cruzada para os dentes posteriores e evitando-se a redução da distância interoclusal. Há possibilidade de fratura óssea fisiológica. A oclusão deve ser bem balanceada e a cobertura da área basal aproveitada ao máximo. PELE DO IDOSO ● A palidez pode indicar anemia, hipotireoidismo ou lesões degenerativas dos canalículos renais (nefrose). Uma tez pálida também pode ser o resultado de uma doença sistêmica debilitante, como a tuberculose, ou, ainda, da falta de alimentação. ● Uma tez avermelhada pode ser sinal de policitemia (aumento de glóbulos vermelhos) ou de neoplasia. A vermelhidão também tem sido observada em alguns alcoólatras crônicos, principalmente na região do nariz. ● A pele bronzeada ocorre na doença de Addison; entretanto, as áreas bronzeadas da pele da cabeça e do pescoço podem significar que o paciente está recebendo ou recebe terapia por radiação. ● A cor difusa, púrpura-azulada, pode indicar falta de vitamina B2, contudo não deve ser confundida com a tez cianótica. As mudanças de cor da cianose associadas às doenças do coração e do pulmão variam de púrpura-azulada até vermelho-púrpura. ● A tez com tom de limão amarelado da icterícia está associada a um derrame de bile, fígado ou distúrbios dos canais da vesícula. Algumas vezes, o aumento da pigmentação é causado por insuficiência das glândulas suprarrenais. Uma tez danificada por células ulceradas pode resultar de células basais ou escamosas do carcinoma. ● Quando a pele de uma mulher idosa apresenta crescimento de pelos, pode-se suspeitar de síndromes de Cushing ou da pós-menopausa, mas também pode se tratar de um fenômeno normal.