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CONTABILIDADE E GESTÃO DE 
MICRO E PEQUENAS 
EMPRESAS 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof.ª Daiane Lolatto 
 
 
CONVERSA INICIAL 
Nesta etapa, vamos tratar dos seguintes temas sobre a Contabilidade e 
Gestão de Micro e Pequenas Empresas: 
• Conceitos e enquadramento de Microempresário Individual (MEI), 
Microempresa (ME) e Pequenas e Médias Empresas (PMEs); 
• Sobrevivência das Micro e Pequenas Empresas (MPEs); 
• Fatores essenciais para continuidade e crescimento das MPEs; 
• Estratégias empresariais e competitividade para micro e pequenas 
empresas (redes); 
• Startups. 
CONTEXTUALIZANDO 
Empreender nem sempre é uma tarefa fácil. O empreendedor deve ser 
capaz de identificar uma oportunidade no ambiente e transformar ideais em 
negócios. Então, para prosperar, ele precisa realizar um estudo prévio de tudo 
que será necessário para a efetiva criação do negócio. 
Esse estudo deve envolver a autoanálise do empreendedor, a definição 
dos objetivos que devem ser atingidos, as estratégias que devem ser adotadas 
para alcançar os objetivos, o montante de recursos que o negócio vai demandar 
e de que forma o empreendedor vai conseguir esses recursos. Assim, frustações 
podem ser evitadas, riscos podem ser previstos e providências podem ser 
tomadas. 
Diante disso, nesta etapa, vamos conhecer como as empresas são 
enquadradas em relação ao porte e número de empregados e entender os 
principais fatores de continuidade e descontinuidade dos negócios. Da mesma 
forma, trataremos algumas estratégias empresariais para a sobrevivência do 
negócio no mercado. 
Esta etapa é fundamental para compreendermos os próximos assuntos. 
Por isso, é imprescindível se atentar a todos os temas e detalhes descritos. 
Iniciaremos abordando o enquadramento das empresas. 
 
 
3 
TEMA 1 – CONCEITOS E ENQUADRAMENTO DE MICROEMPRESÁRIO 
INDIVIDUAL (MEI), MICROEMPRESA (ME) E PEQUENAS E MÉDIAS 
EMPRESAS (PMES) 
A microempresa é uma pequena pessoa jurídica (ou seja, faz parte do 
Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica – CNPJ). A terminologia de microempresa 
surgiu no final dos anos 1970 como resultado das políticas de desburocratização 
para estimular o desenvolvimento de pequenos negócios (Lemes; Pisa, 2019). A 
definição legal de microempresa foi criada pela Lei n. 7.256, em novembro de 
1984, posteriormente revogada pela Lei n. 9.841, em outubro de 1999, e mais 
tarde alterada pela Lei Complementar n. 123, em dezembro de 2006, e pela Lei 
n. 155, em outubro de 2016. 
Os critérios adotados para classificar uma empresa como Microempresa 
(ME) ou Empresas de Pequeno Porte (EPP), podem variar bastante. Um dos 
enquadramentos mais utilizados é o estabelecido pela Lei Complementar n. 
123/2006, no art. 3º, que leva em consideração o faturamento bruto anual ou 
receita bruta anual. Este também é um dos critérios que as pessoas jurídicas 
consideram para uma potencial adesão ao Simples Nacional, que é um dos 
regimes tributários disponíveis para as empresas. 
Conforme estabelecido pela Lei Complementar n. 123/2006, art. 3º, as 
MEs são aquelas que têm receita bruta anual de até R$ 360.000,00 ao final de 
cada ano-calendário, enquanto as EPPs são aquelas que têm receita bruta anual 
superior a R$ 360.000,00 e igual ou inferior a R$ 4.800.000,00. 
A receita bruta compreende a venda de bens e serviços nas operações 
por conta própria, o valor dos serviços prestados e o resultado nas operações 
por conta de terceiros, excluindo vendas canceladas, devoluções de vendas e 
descontos incondicionais concedidos, conforme estabelecido pela Lei 
Complementar n. 123/2006, art. 3º, parágrafo 1º, e pela Superintendência 
Regional da Receita Federal, 10.ª Região Fiscal. 
As operações de conta própria se referem às operações com bens e 
serviços de propriedade da empresa. Em contrapartida, as operações em conta 
alheia são aquelas com bens e serviços de outras empresas, que permanecem 
à disposição da empresa contratante para venda, mediante acordo contratual, 
como é o caso da consignação mercantil e da representação comercial, 
conforme estabelecido na legislação. 
 
 
4 
A Lei Complementar n. 123/2006, art. 3º, parágrafo 2º, estabelece ainda 
que, caso a empresa tenha menos de um ano de funcionamento, o limite anual 
de receita bruta será proporcional ao número de meses em que a microempresa 
ou empresa de pequeno porte tenha exercido atividade, incluindo as frações de 
meses. Por exemplo, uma empresa constituída em julho de 2021 não poderá ter 
uma receita bruta superior a R$ 2.400.000,00 (R$ 4.800.000,00 / 12 meses x 
6 meses) para ser considerada uma empresa de pequeno porte. 
Em 1º julho de 2009, entrou em vigor a Lei Complementar n. 128, de 19 
de dezembro de 2008, que criou a figura do Microempreendedor Individual (MEI). 
Para ser enquadrado como MEI, o empreendedor pode ter obtido uma receita 
bruta anual de até R$ 81 mil no ano-calendário anterior, o que equivale a uma 
média de R$ 6.750,00 por mês. 
As empresas também podem ser enquadradas como Pequenas e Médias 
Empresas (PMEs). A legislação não estabelece de forma precisa a receita bruta 
anual de uma empresa de médio porte, mas é possível inferir com base na 
Lei n. 11.638, de 28 de dezembro de 2007, que define uma empresa de grande 
porte como aquela que, no exercício social anterior, tenha um ativo total superior 
a R$ 240.000.000,00 ou receita bruta anual superior a R$ 300.000.000,00. 
Portanto, a empresa de médio porte está situada entre a grande e a pequena 
empresa, ou seja, aquela que tem uma receita bruta anual maior que 
R$ 4.800.000,00 e menor ou igual a R$ 300.000.000,00. 
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) 
também classifica as empresas em virtude da receita operacional bruta anual ou 
renda anual a fim de atuar prontamente na concessão de linhas de créditos, 
programas e condições específicas para cada porte de empresa. Segundo o 
BNDES, as microempresas têm uma renda anual igual ou inferior a 
R$ 360.000,00, as pequenas empresas têm uma renda anual superior a 
R$ 360.000,00 e igual ou inferior a R$ 4.800.000,00, as médias empresas têm 
uma renda anual superior a R$ 4.800.000,00 e igual ou inferior a 
R$ 300.000.000,00, e as grandes empresas têm uma renda anual superior a 
R$ 300.000.000,00. 
Dessa forma, podemos concluir que o enquadramento com base na 
receita bruta anual estabelecida pela legislação é a mesma dada pelo BNDES. 
No Quadro 1, a seguir, podemos verificar essa classificação. 
 
 
5 
Quadro 1 – Enquadramento por porte 
Enquadramento Receita bruta anual/Renda anual 
Microempreendedor (MEI) Menor ou igual a R$ 81.000,00 
Microempresa (ME) Menor ou igual a R$ 360.000,00 
Empresa de Pequeno Porte (EPP) 
Maior que R$ 360.000,00 e menor ou igual a 
R$ 4.800.000,00 
Média empresa 
Maior que R$ 4.800.000,00 e menor ou igual a 
R$ 300.000.000,00 
Grande empresa Maior que R$ 300.000.000,00 
Fonte: Lolatto, 2023. 
Ainda, as empresas podem ser enquadradas com base no número de 
empregados. O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas –
Sebrae (2017) classifica as empresas por número de empregados conforme 
disposto no Quadro 2 a seguir. 
Quadro 2 – Enquadramento por número de empregados 
Enquadramento 
Setores 
Indústria Comércio e Serviços 
Microempresa Até 19 pessoas ocupadas Até 9 pessoas ocupadas 
Pequena empresa De 20 a 99 pessoas ocupadas De 10 a 49 pessoas ocupadas 
Média empresa De 100 a 499 pessoas ocupadas De 50 a 99 pessoas ocupadas 
Grande empresa 500 pessoas ocupadas ou mais 100 pessoas ocupadas ou mais 
Fonte: Sebrae, 2017. 
Sendo assim, uma empresa pode ser enquadrada como microempresa 
em função de sua receita bruta anual e pode ser enquadrada como uma pequena 
empresa em razão do número de empregados. A metodologia de 
enquadramento dependerá da finalidade de classificação. Cada situação, nesse 
caso, deverá ser analisada para posteriormente definir pelomelhor método de 
enquadramento. 
 TEMA 2 – SOBREVIVÊNCIA DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS (MPES) 
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística –
IBGE (Brasil, 2021), apenas 22,9% das unidades locais nascidas em 2009 
conseguiram sobreviver após dez anos, e menos da metade (41,6%) conseguiu 
sobreviver após cinco anos de sua criação. O IBGE ainda destaca que, quanto 
maior o porte da empresa, maior é a taxa de sobrevivência. Empresas de maior 
porte tendem a ter uma estrutura organizacional mais robusta e maior capital 
disponível (Sebrae, 2016). 
 
 
6 
Segundo o Sebrae (2016), considerando as empresas brasileiras 
constituídas em 2012 e as informações disponíveis na Secretaria da Receita 
Federal (SRF) até 2014, a taxa de sobrevivência das empresas com até dois 
anos no Brasil foi de 76,6%. Para as empresas de pequeno porte constituídas 
em 2012, a taxa de sobrevivência foi de 98%, igualando-se às médias empresas 
(98%) e sendo superior à das grandes empresas, que foi de 97%. Em 
contrapartida, a taxa de sobrevivência das microempresas constituídas em 2012 
foi de apenas 55% para até dois anos. No caso dos Microempreendedores 
Individuais (MEI), a taxa de sobrevivência foi de 87%. 
Logo, as microempresas acabam contribuindo para a redução da taxa de 
sobrevivência das empresas com até dois anos, demonstrando que enfrentam 
mais dificuldades para se manterem no mercado em comparação aos MEI. A 
formalização dos microempreendedores, com menos burocracia e custos mais 
baixos para registro, abertura e manutenção, apresenta uma significativa chance 
de sobrevivência, pelo menos nos primeiros dois anos de atividade (Sebrae, 
2016). 
Mas o que leva essas empresas a encerrarem suas atividades? 
Os principais fatores que podem causar o fechamento prematuro das 
empresas estão relacionados à situação do empresário antes da abertura, ao 
planejamento do negócio, à gestão do negócio e à capacitação dos proprietários 
em gestão empresarial (Sebrae, 2016). No Quadro 3 a seguir, é possível verificar 
os fatores relevantes que influenciam a sobrevivência e a mortalidade das 
empresas. 
 
 
 
7 
Quadro 3 – Perfil das empresas (exemplos de casos extremos) 
Fatores Empresas sobreviventes Empresas fechadas 
ANTES DA 
ABERTURA 
Era empregado no mesmo ramo Estava desempregado 
Abriu por oportunidade Abriu por necessidade 
Desejava ter o próprio negócio 
Abriu por exigência de 
cliente/fornecedor 
PLANEJAMENTO/ 
RECURSOS 
Planejou por mais tempo 
(11 meses) e com mais qualidade 
Planejamento deficiente (8 meses) 
Negociou prazos com 
fornecedores 
Não negociou prazos com 
fornecedores 
Obteve empréstimo em bancos 
Não obteve empréstimo em 
bancos 
GESTÃO DO 
NEGÓCIO 
Aperfeiçoava produtos com 
frequência 
Não aperfeiçoava produtos 
Investia na capacitação da mão de 
obra e dos sócios 
Não investia na capacitação da 
mão de obra e dos sócios 
Estava sempre atualizado com 
respeito às novas tecnologias do 
setor 
Não se atualizava 
Acompanhamento rigoroso 
receitas/despesas 
Não fazia acompanhamento 
rigoroso receitas/despesas 
Diferenciava produtos e serviços Produtos sem diferencial 
CAPACITAÇÃO 
Fez curso para melhorar o 
conhecimento sobre como 
administrar um negócio, enquanto 
tinha a empresa 
Não fez nenhum curso sobre 
gestão do negócio 
Fonte: Sebrae, 2016. 
Conforme apresentado no Quadro 3 anterior, o planejamento é um fator 
essencial na abertura de um negócio. As empresas que conseguem sobreviver 
são aquelas que são planejadas, em média, três meses a mais do que as que 
encerram suas atividades (Sebrae, 2016). Esse planejamento abrange todas as 
atividades relacionadas à constituição do negócio, desde a concepção do 
produto ou serviço até a definição do público-alvo, estratégias de marketing, 
localização da empresa, contato com fornecedores, distribuidores, financiadores 
e outros agentes relacionados ao negócio (Lemes; Pisa, 2019). 
De acordo com Lemes e Pisa (2019), as causas que podem levar à 
mortalidade de micro e pequenas empresas incluem falta de planejamento antes 
da abertura do negócio, falta de conhecimento de mercado, falta de identificação 
do público-alvo, falta de inovação, descuido com o cliente e suas necessidades, 
replicação de modelos da concorrência, elaboração inadequada do plano de 
negócio, falta de experiência do empreendedor, falta de qualificação dos 
funcionários, desconhecimento de práticas de gestão de pessoas, falta de 
 
 
8 
controles financeiros e de custos, falta de controle do fluxo de caixa, crescimento 
sem planejamento das despesas operacionais, erros no controle de qualidade, 
práticas de marketing equivocadas, falta de gerenciamento da marca, 
descontrole financeiro, falta de uso de tecnologia, falta de acompanhamento da 
legislação e dos tributos, e uso dos recursos da empresa para pagamento de 
despesas pessoais. 
Os empreendedores aprendem com seus próprios erros e com os erros 
dos outros, evitando assim a repetição das mesmas práticas. Nesse sentido, no 
Gráfico 3 a seguir, é possível observar os motivos alegados pelos 
empreendedores para o fechamento de suas empresas, de acordo com pesquisa 
realizada pelo Sebrae (2016). 
Gráfico 3 – Motivos alegados pelos empreendedores para que a empresa 
deixasse de funcionar 
 
Fonte: Sebrae, 2016. 
Para aqueles que estão iniciando um novo negócio, é de extrema 
importância estar atento a tudo que acontece no mercado, identificando e 
avaliando as tendências e selecionando oportunidades de negócios com 
potencial de crescimento, evitando entrar em mercados saturados que possam 
estar em declínio (Lemes; Pisa, 2019). 
O fechamento de micro e pequenas empresas causa impactos 
significativos na economia local, regional e nacional, uma vez que deixam de 
gerar renda e aumentam o número de desempregados, contribuindo para o 
aumento da informalidade. Além disso, o fechamento dessas empresas impacta 
na arrecadação de tributos pelo governo, reduzindo os investimentos em 
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35%
força maior / doença / aposentadoria
falta de apoio
localização / ponto
outros motivos diversos
tempo (carga horária / incomplatibilidade)
problemas pessoais / família
burocracia
crise (econômica / do país / financeira)
mão de obra / funcionários / preparo
outra oportunidade / não precisou mais da empresa / fim da empresa, contrato
problemas financeiros / inadimplência / falta de linhas de crédito / capital de giro
gestão / problemas administrativos e contábeis / incapacidade / sociedade / logística
vendas / pouca procura, demanda, clientes / forte concorrência
impostos / custos / despesas / juros
 
 
9 
benefício da sociedade e aumentando os déficits no sistema previdenciário 
(Morais; Carneiro, 2017). 
 TEMA 3 – FATORES ESSENCIAIS PARA CONTINUIDADE E CRESCIMENTO 
DAS MPES 
As variáveis ambientais internas e externas e as características dos 
empreendedores são fatores essenciais a serem considerados ao abrir um novo 
negócio. Os empreendedores precisam avaliar, por exemplo, a resistência dos 
concorrentes aos novos entrantes no mercado e o nível de sazonalidade do 
segmento em que desejam atuar. Esses fatores podem impactar os resultados 
da empresa e comprometer sua continuidade no curto ou longo prazo (Lemes; 
Pisa, 2019). 
Vamos supor que um empreendedor esteja iniciando um pequeno negócio 
de sorvetes em um local que tem estações bem definidas, ou seja, no verão o 
clima é quente e seco e no inverno o clima é frio e chuvoso. Para ter sucesso 
em seu negócio, o empreendedor precisa considerar a sazonalidade do 
segmento, já que as vendas tendem a oscilar em razão do clima. Agora, vamos 
supor que existam mais dois concorrentes potenciais nas proximidades. Que 
estratégia o empreendedor deve adotar? Certamente, o produto deve ter um 
diferencial, seja em qualidade ou preço. 
Segundo Lemes e Pisa (2019), mesmo em ambientes com poucacompetitividade e baixa sazonalidade, fatores relacionados ao ambiente interno 
também podem levar ao fechamento do negócio. Em relação ao ambiente 
interno, Boog (1991) destaca que toda empresa tem três pilares principais e 
distintos de sustentação: financeiro, marketing e operações. 
O resultado financeiro envolve o lucro, o retorno e o acréscimo do 
patrimônio líquido da empresa. O resultado do marketing é mensurado pelo que 
o mercado estabelece, como volume de vendas, fidelização de clientes, imagem 
da empresa, dos produtos e serviços oferecidos, e assistência pós-vendas. O 
resultado das operações compreende os números relacionados à produção, 
métodos e processos, comercialização, produtividade, qualidade do produto e 
estoque de máquinas e instalações (Boog, 1991). 
Outro aspecto interno que interfere na sobrevivência e no crescimento da 
empresa está associado ao empreendedor, ao seu nível de experiência e aos 
 
 
10 
conhecimentos obtidos antes da abertura do negócio, como pode ser observado 
na Figura 1 a seguir. 
Figura 1 – Aspectos de sobrevivência e crescimento da empresa associados ao 
empreendedor 
 
Fonte: elaborada por Lolatto, 2023, com base em Sebrae, 2016. 
Assim como as variáveis ambientais internas, como gestão adequada, 
experiência e motivação do empreendedor, as variáveis ambientais externas 
também interferem na continuidade e no crescimento das micro e pequenas 
empresas. As variáveis externas estão relacionadas, especialmente, às ações 
governamentais e de instituições voltadas para o estímulo do empreendedorismo 
(Lemes; Pisa, 2019). 
Os incentivos fiscais oferecidos pelo governo, por exemplo, podem 
garantir a continuidade e o crescimento das micro e pequenas empresas, pois 
reduzem o custo operacional. O governo também pode contribuir com o 
fornecimento de financiamento público gerando fluxos de caixa e de 
investimentos para essas empresas. As demais instituições, como 
universidades, incubadoras, investidores anjos e grandes empresas, podem 
contribuir com recursos financeiros ou não financeiros, ou seja, podem injetar 
dinheiro nas micro e pequenas empresas ou dar suporte técnico, gerencial e de 
formação para o empreendedor. 
Situação do empreendedor antes da abertura
• Ocupações exercidas
• Experiência no ramo
• Motivação pessoal para abertura do negócio
Capacidade de planejamento do negócio
• Tempo de planejamento do negócio
• Negociação de prazos com fornecedores
• Obtenção de empréstimos
Capacidade de gestão do negócio
• Aperfeiçoamento frequente dos produtos
• Investimento em capacitação
• Atualização constante de novas tecnologias
• Acompanhamento das receitas e despesas
• Diferenciação dos produtos e serviços
Capacidade do empreendedor em gestão empresarial
• Capacitação em administração de negócios
 
 
11 
TEMA 4 – ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS E COMPETITIVIDADE PARA MICRO 
E PEQUENAS EMPRESAS (REDES) 
A globalização dos mercados está cada vez mais intensa e empresas de 
todos os tamanhos e setores estão competindo em um mercado 
internacionalizado. Mesmo pequenas empresas que tenham um nicho de 
mercado local bem estabelecido estão enfrentando ameaças de empresas 
estrangeiras em seu mercado tradicional (Casarotto Filho; Pires, 2020). 
Vamos imaginar uma pequena empresa que comercializa cosméticos e 
tem uma loja física. Ela contém um número significativo de clientes, a maioria 
deles morando nas proximidades. A empresa acompanha as tendências de 
mercado e projeta resultados favoráveis para os próximos anos. No entanto, será 
que essa pequena empresa pode estar ameaçada pela globalização? E quais 
estratégias ela poderia adotar para se manter no mercado? 
Com a globalização da economia e o avanço tecnológico, especialmente 
nas comunicações, as mudanças nos conceitos de marketing e produção se 
tornaram mais rápidas. Como resultado, os riscos dos negócios aumentaram. 
Isso significa que outra empresa em qualquer lugar do mundo pode começar a 
produzir um produto similar, com melhor qualidade e preço mais baixo, e ter 
acesso aos mesmos mercados (Casarotto Filho; Pires, 2020). 
Na perspectiva empresarial, os aspectos qualitativos na determinação das 
estratégias de negócios se tornaram mais relevantes do que as estratégias 
quantitativas de avaliação de projetos. E quando se trata de negócios, e não 
apenas de fábricas isoladas, uma forma de reduzir os riscos e ganhar 
cooperação é por meio da formação de alianças entre empresas, especialmente 
entre pequenas empresas (Casarotto Filho; Pires, 2020). Conforme descrito por 
Casarotto Filho e Pires (2020), a era do projeto de fábrica foi substituída pela era 
do projeto de negócio. 
Um projeto de negócio ou plano de negócio envolve estratégia 
competitiva, mercado, marca, parcerias com fornecedores, parcerias com 
clientes e parcerias com concorrentes, terceirizações, franquias, fabricação, 
logística, gestão e equacionamento econômico-financeiro. Em contrapartida, um 
projeto de fábrica ou plano de fábrica abrange apenas componentes de mercado, 
produção, localização, administração e equacionamento econômico-financeiro 
 
 
12 
(Casarotto Filho; Pires, 2020). Assim, podemos observar que o projeto de 
negócio é mais abrangente do que o projeto de fábrica. 
Vale destacar que a estratégia competitiva é fundamental para o sucesso 
do negócio. Segundo Casarotto Filho (2016), as pequenas empresas têm três 
possibilidades competitivas: diferenciação do produto, liderança de custo e 
participação em redes de empresas flexíveis. Nesse sentido, vamos entender 
como ocorre a formação de redes como orientação estratégica. 
4.1 Formação de redes como orientação estratégica 
As pequenas empresas enfrentam dificuldades e limitações para competir 
de forma isolada, e a transição de pequeno para grande porte pode ser arriscada. 
Assim, a pequena empresa pode optar por se tornar fornecedora em uma rede 
top-down ou ser integrante de uma rede flexível de pequenas empresas 
(Casarotto Filho; Pires, 2020). 
Na rede top-down, a pequena empresa pode se tornar fornecedora ou 
subfornecedora de uma empresa-mãe. A empresa-mãe define as estratégias, e 
a pequena empresa fornecedora tem pouca ou nenhuma flexibilidade de 
negociação. Por exemplo, uma empresa-mãe de grande porte que produz e 
comercializa vestuário pode terceirizar parte de seus processos produtivos para 
empresas subcontratadas de pequeno porte. Dessa forma, a empresa-mãe e a 
empresa de pequeno porte podem competir por liderança de custos no mercado 
(Casarotto Filho; Pires, 2020). De acordo com Casarotto Filho e Pires (2020), a 
liderança em custos envolve a produção em grande escala, com padronização, 
visando à obtenção de preços finais baixos, com ênfase na utilização de 
tecnologia de processo. Na Figura 2 a seguir, é possível visualizar a formação 
de uma rede top-down. 
Figura 2 – Rede top-down 
 
Fonte: Casarotto Filho; Pires, 2020, p. 18. 
Empresa-mãe 
1ª linha 
2ª linha 
 
 
13 
A segunda forma de rede que pode ser estabelecida por pequenas 
empresas é a rede flexível, que ocorre por meio de um consórcio de empresas, 
no qual empresas com atividades diferentes ou com a mesma atividade se unem 
com um interesse comum para realizar um negócio por um período determinado. 
A formação de um consórcio é prevista na Lei das Sociedades por Ações (Lei 
n. 6.404/1976), art. 278, que estabelece: “As companhias e quaisquer outras 
sociedades, sob o mesmo controle ou não, podem constituir consórcio para 
executar determinado empreendimento.”. 
Por exemplo, em um consórcio de produção de calçados, várias empresas 
podem produzir diferentes partes de um calçado, que é comercializado, 
divulgado e acompanhado tecnicamente pelo consórcio. Isso significa que uma 
empresa pode produzir solados, outra palmilhas e outra cadarços, formando 
assim um consórcio. Esse consórcio simula a administração de uma grande 
empresa, mas apresenta mais flexibilidadepara atender a pedidos diferenciados, 
o que resulta em uma agregação de valor. Na Figura 3 a seguir, é possível 
visualizar a formação de uma rede flexível. 
Figura 3 – Rede flexível 
 
Fonte: Casarotto Filho; Pires. 2020, p. 18. 
Segundo Casarotto Filho e Pires (2020), a formação de consórcios é uma 
tendência mundial para a sobrevivência das pequenas empresas e o 
desenvolvimento equilibrado da sociedade. 
TEMA 5 – STARTUPS 
O termo startup teve origem há algumas décadas nos Estados Unidos, 
mas ficou conhecido durante os anos de 1990, época em que ocorreu um avanço 
 
 
14 
significativo da internet. Nesse período, diversas “empresas.com” foram 
constituídas, em sua maioria no Vale do Silício (Lemes; Pisa, 2019). 
No Brasil, as primeiras startups surgiram no início do século XXI, mas foi 
a partir do ano de 2010 que houve um crescimento notável, conforme dados da 
Associação Brasileira de Startups – ABStartups (Lemes; Pisa, 2019). Em 1.º de 
junho de 2021, foi instituído o marco legal das startups e do empreendedorismo 
inovador por meio da Lei Complementar n. 182. 
Mas, afinal, o que são startups? De acordo com Lemes e Pisa (2019), são 
empresas constituídas normalmente de uma base tecnológica, que têm o 
propósito de difundir produtos e modelos de negócios inovadores e que passam 
por um período de experimentação, denominado “startup”. Os autores destacam 
que a inovação é uma característica fundamental para que as empresas sejam 
denominadas startups, mas também deve haver um cenário de alto risco e 
incerteza para que sejam diferenciadas das demais. 
Para Vilenky (2021), as características básicas desse formato de empresa 
consistem em ser inovadora, escalável, dinâmica e automatizada. A inovação 
deve existir desde a criação do bem ou serviço até a entrega final ao consumidor. 
Vamos tomar como exemplo o caso do Uber. O Uber é um modelo de negócio 
que transformou a maneira como as pessoas se locomovem. Escolhemos a 
forma de pagamento, sabemos previamente o valor da corrida, podemos 
compartilhar o carro para diminuir o custo, sabemos quando o carro vai chegar 
e quem vai ser o motorista, podemos avaliar o atendimento e ainda podemos 
trabalhar para a empresa para aumentar nossa renda. 
A escalabilidade das startups é maior do que a escalabilidade das 
empresas tradicionais, porque as startups conseguem aumentar sua receita sem 
aumentar seus custos na mesma proporção, elevando assim o seu resultado 
financeiro (Vilenky, 2021). O próprio Uber é um exemplo de escalabilidade, pois 
não demorou muito para a empresa ampliar seus serviços de mobilidade de 
pessoas para a mobilidade de objetos ou qualquer outro tipo de carga de um 
lado para o outro. 
A dinâmica das startups também é uma característica marcante segundo 
Vilenky (2021). Esse formato de empresa possibilita que as decisões sejam 
tomadas rapidamente, ou seja, há uma flexibilidade na forma de trabalhar. Além 
disso, gostam de assumir riscos e mudar o rumo dos negócios se adequando às 
necessidades do mercado quase que instantaneamente. Um exemplo disso é o 
 
 
15 
Airbnb, que não demorou para inovar durante a pandemia da Covid-19, quando 
verificou que a busca pela locação de hospedagens pela internet diminuiu. O 
Airbnb incluiu no rol de serviços o anúncio de carros, bicicletas ou qualquer outro 
item para locação. 
Para se tornar automatizada, uma empresa precisa ter a capacidade de 
entregar o mesmo produto ou serviço em larga escala, ou seja, em nível nacional 
e/ou internacional, de forma simultânea e com características e formato 
consistentes, em todos os locais (Vilenky, 2021). O Google é talvez um dos 
melhores exemplos de uma startup com essa característica, pois está presente 
em mais de 150 países, e demonstra que não existem mais barreiras de língua 
ou culturais para a comunicação entre as pessoas, possibilitando a busca de 
informações de qualquer tipo com base em sua tecnologia. 
Dessa forma, as startups podem ser descritas como empresas de alta 
tecnologia criadas para resolver problemas em áreas nas quais a solução não é 
evidente e o sucesso não é garantido nem contínuo (Lemes; Pisa, 2019). A 
definição formal de startup, segundo Lemes e Pisa (2019), compreende uma 
organização nova no mercado, em estágio inicial de implantação, mas com 
potencial de crescimento. Além disso, são capazes de inovar no curto prazo, 
mesmo com recursos limitados. 
No entanto, uma das definições mais conhecidas e aceitas entre os 
especialistas é a de Steve Blank, citado por Lemes e Pisa (2019), que define 
uma startup como um grupo de pessoas em busca de um modelo de negócios 
repetível e escalável, trabalhando em condições de extrema incerteza. 
Assim, podemos concluir que esse formato de empresa é diferente das 
demais, pois trabalha em um ambiente de incertezas, resolvendo problemas 
inéditos. Futuramente, vamos estudar algumas formas de investimentos para 
startups. 
TROCANDO IDEIAS 
Vamos supor que um novo bairro esteja sendo construído distante da área 
central da cidade. Um empreendedor identifica uma excelente oportunidade para 
abrir um mercado que atenda aos moradores desse bairro, estuda o perfil dos 
moradores e define uma margem de lucro líquido de aproximadamente 2% sobre 
seus produtos. Assim, os preços são competitivos em relação aos praticados por 
outros estabelecimentos, embora não ofereça uma variedade de produtos. 
 
 
16 
Nesse contexto, quais estratégias o empreendedor poderia adotar para 
se manter no mercado? 
NA PRÁTICA 
Agora que conhecemos um pouco sobre as micro e pequenas empresas, 
que tal exercitarmos os conhecimentos adquiridos? 
• Questão 1: Sobre a definição de ME e EPP. A Lei Complementar 
n. 123/2006, em seu art. 3.º, estabelece as definições de microempresas 
(ME) e empresas de pequeno porte (EPP) com base na receita bruta anual 
ou no faturamento bruto anual. Essa mesma lei também adota a receita 
bruta anual como um dos critérios para adesão ao Simples Nacional, que 
é um dos regimes tributários disponíveis para as empresas. Sendo assim, 
as microempresas são aquelas que auferem receita bruta anual: 
a) menor ou igual a R$ 81.000,00. 
b) menor ou igual a R$ 360.000,00. 
c) entre R$ 360.000,01 e R$ 4.800.000,00. 
d) entre R$ 4.800.000,01 e R$ 300.000.000,00. 
e) maior que R$ 300.000.000,00. 
• Questão 2: Sobre a definição de ME e EPP. De acordo com o Sebrae 
(2017), as empresas podem ser classificadas como microempresa, 
pequena empresa, média empresa e grande empresa com base tanto na 
receita bruta anual quanto no número de empregados. Dessa forma, uma 
empresa pode ser enquadrada como microempresa com base em sua 
receita bruta anual, e como pequena empresa levando em consideração 
o número de empregados. Sendo assim, as microempresas industriais 
são aquelas que apresentam: 
a) até 9 pessoas ocupadas. 
b) até 19 pessoas ocupadas. 
c) de 20 a 99 pessoas ocupadas. 
d) de 10 a 49 pessoas ocupadas. 
e) de 50 a 99 pessoas ocupadas. 
• Questão 3: Sobre as causas de mortalidade das micro e pequenas 
empresas. De acordo com dados do Sebrae (2016), a taxa de 
sobrevivência das empresas brasileiras constituídas em 2012 com até 
 
 
17 
dois anos é de 76,6%. Além disso, o IBGE aponta que a taxa de 
sobrevivência é geralmente maior em empresas de maior porte, uma vez 
que estas apresentam uma estrutura organizacional mais robusta e um 
maior volume de capital. Nesse sentido, analise as afirmativas a seguir 
sobre as causas que levam à mortalidade das micro e pequenas 
empresas e assinale a alternativa correta. 
I. Falta de determinação do público-alvo. 
II. Falta de controles financeiros e de custos. 
III. Alto investimento em capacitação da mão de obra. 
IV. Ausência de planejamento antes da abertura do negócio. 
Assinale a alternativa correta: 
a) Apenas as afirmativas I e II estão corretas. 
b) Apenas as afirmativas II e III estão corretas. 
c) Apenasas afirmativas II e IV estão corretas. 
d) Apenas as afirmativas I, II e IV estão corretas. 
e) Apenas as afirmativas I, III e IV estão corretas. 
 
• Questão 4: Sobre a definição das startups. A expressão startup surgiu 
algumas décadas atrás nos Estados Unidos, porém se popularizou 
durante a década de 1990, período em que houve um grande avanço da 
internet. Essas empresas, na fase inicial, geralmente enfrentam despesas 
maiores do que suas receitas, o que demanda diversas fontes de 
financiamento para se sustentarem. Nesse sentido, assinale a alternativa 
que contempla a melhor definição de startups. 
a) Empresas que surgiram no início do século XXI, principalmente no Brasil, 
e têm como característica principal a inovação constante. 
b) Empresas com alto risco e incerteza que trabalham em um ambiente de 
escalabilidade e automatização. 
c) Empresas com recursos limitados que buscam um modelo de negócio 
repetível e escalável, trabalhando em condições de extrema incerteza. 
d) Empresas que atuam exclusivamente na área de tecnologia e são 
caracterizadas pela rápida tomada de decisões e capacidade de 
adaptação ao mercado. 
 
 
18 
e) Empresas constituídas com base tecnológica que têm o propósito de 
difundir produtos e modelos de negócios inovadores, passando por um 
período de experimentação. 
FINALIZANDO 
Nesta etapa, estudamos o enquadramento das empresas por porte e por 
número de empregados, os motivos que levam as empresas a fecharem e a 
permanecerem em atividade e as estratégias empresariais a serem adotadas 
para sua continuidade no mercado. Estudamos também as principais 
características das startups. 
Futuramente, estudaremos as obrigatoriedades contábeis e tributárias 
para Microempresário Individual (MEI), Microempresa (ME) e Pequenas e 
Médias Empresas (PMEs). 
 
 
 
19 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES. 
Porte de empresa. Disponível em: <https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/ 
home/financiamento/guia/porte-de-empresa>. Acesso em: 26 maio 2023. 
_____. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Demografia das 
empresas e estatísticas de empreendedorismo: estudos e pesquisas. Rio de 
Janeiro, 2021. (Informação Econômica, n. 35). Disponível em: <https://biblioteca. 
ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101863.pdf>. Acesso em: 24 abril 2023. 
BOOG, G. G. O desafio da competência. São Paulo: Best Seller, 1991. 
CASAROTTO FILHO, N. Elaboração de projetos empresariais: análise 
estratégica, estudo de viabilidade e plano de negócio. 2. ed. Paulo: Atlas, 2016. 
CASAROTTO FILHO, N.; PIRES, L. H. Redes de Pequenas e Médias Empresas 
e Desenvolvimento Local. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2020. 
LEMES JÚNIOR, A. B.; PISA, B. J. Administrando Micro e Pequenas 
Empresas: Empreendedorismo e Gestão. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2019. 
MORAIS, L. C.; CARNEIRO, L. F. R. Mortalidade de micro e pequenas empresas 
na cidade de Naviraí-MS: estudo de caso. In: ENCONTRO INTERNACIONAL DE 
GESTÃO, DESENVOLVIMENTO E INOVAÇÃO. Anais… 2017. 
SERVIÇO DE APOIO A MICRO E PEQUENAS EMPRESAS – SEBRAE (Org.). 
Anuário do Trabalho nos Pequenos Negócios 2017. Brasília: Dieese, 2017. 
Disponível em: <https://www.dieese.org.br/anuario/2017/anuarioPequeno 
Negocio2017.html>. Acesso em: 26 maio 2023. 
SERVIÇO DE APOIO A MICRO E PEQUENAS EMPRESAS – SEBRAE. 
Sobrevivência das Empresas no Brasil. Disponível em: <https://www.sebrae. 
com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/Anexos/sobrevivencia-das-empresas-no-brasil-
relatorio-apresentacao-2016.pdf>. Acesso em: 26 maio 2023. 
VILENKY, R. Startup: transforme problemas em oportunidades de negócio. São 
Paulo: Saraiva, 2021. 
 
 
 
20 
GABARITO 
Gabarito da questão da seção “Trocando Ideias” 
Resposta: Para ter sucesso em seu negócio sem oferecer uma ampla variedade 
de produtos, o empreendedor precisa conhecer as marcas e mercadorias 
preferidas do seu público-alvo, buscando ser mais assertivo em suas vendas. 
Gabarito dos exercícios da seção “Na prática” 
• Questão 1: 
Correta: b) Menor ou igual a R$ 360.000,00. 
Quadro 1 – Enquadramento por porte 
Enquadramento Receita bruta anual/Renda anual 
Microempreendedor (MEI) Menor ou igual a R$ 81.000,00 
Microempresa (ME) Menor ou igual a R$ 360.000,00 
Empresa de Pequeno Porte (EPP) 
Maior que R$ 360.000,00 e menor ou igual a 
R$ 4.800.000,00 
Média empresa 
Maior que R$ 4.800.000,00 e menor ou igual a 
R$ 300.000.000,00 
Grande empresa Maior que R$ 300.000.000,00 
Fonte: a autora, 2023. 
• Questão 2: 
Correta: b) Até 19 pessoas ocupadas. 
Quadro 2 – Enquadramento por número de empregados 
Enquadramento 
Setores 
Indústria Comércio e Serviços 
Microempresa Até 19 pessoas ocupadas Até 9 pessoas ocupadas 
Pequena empresa De 20 a 99 pessoas ocupadas De 10 a 49 pessoas ocupadas 
Média empresa De 100 a 499 pessoas ocupadas De 50 a 99 pessoas ocupadas 
Grande empresa 500 pessoas ocupadas ou mais 100 pessoas ocupadas ou mais 
Fonte: Sebrae, 2017. 
• Questão 3: 
Correta: d) Apenas as afirmativas I, II e IV estão corretas. 
Existem diversos motivos que causam o encerramento das atividades das 
micro e pequenas empresas. Lemes e Pisa (2019) descrevem as seguintes 
causas: 
 
 
21 
• ausência de planejamento antes da abertura do negócio; 
• falta de conhecimento do mercado; 
• falta de determinação do público-alvo; 
• falta de inovação; 
• descuido com o cliente e com o que ele deseja; 
• réplica de modelos da concorrência; 
• elaboração errada do plano de negócio; 
• falta de experiência do empreendedor; 
• falta de qualificação do pessoal; 
• falta de conhecimento de práticas de gestão de pessoas; 
• falta de controles financeiros e de custos; 
• ausência de controle do fluxo de caixa; 
• crescimento sem planejamento das despesas operacionais; 
• erros no controle de qualidade; 
• práticas de marketing erradas; 
• ausência do gerenciamento da marca; 
• descontrole financeiro; 
• falta do uso de tecnologia; 
• falta de acompanhamento da legislação e tributos; e, 
• pagamento das contas pessoais com recursos da empresa. 
 
• Questão 4: 
Correta: e) Empresas constituídas com base tecnológica que têm o 
propósito de difundir produtos e modelos de negócios inovadores, passando por 
um período de experimentação. 
As startups são caracterizadas por serem empresas inovadoras que 
utilizam a tecnologia como base para a criação e difusão de produtos e modelos 
de negócios disruptivos. Elas passam por um período de experimentação, 
buscando encontrar um modelo de negócio escalável e sustentável. Além disso, 
as startups enfrentam incertezas e riscos inerentes ao ambiente de negócios, 
mas têm como propósito a inovação e a busca por soluções criativas para 
problemas existentes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONTABILIDADE E GESTÃO DE 
MICRO E PEQUENAS 
EMPRESAS 
AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Daiane Lolatto 
 
 
CONVERSA INICIAL 
Nesta etapa, vamos tratar sobre obrigatoriedades contábeis e tributárias 
para Microempresário Individual (MEI), Microempresa (ME) e Pequenas e 
Médias Empresas (PMEs), e para tanto, estudaremos os seguintes temas: 
• Obrigatoriedades contábeis e tributárias (obrigações acessórias) para 
MEI, ME e PMEs; 
• LC 123 – Regras societárias para ME; 
• LC 123 – Regras tributárias para EPP; 
• NBC TG 1002 – Regras contábeis para ME; 
• NBC TG 1001 – Regras contábeis para EPP. 
Aproveite a leitura e exercite os conhecimentos adquiridos resolvendo as 
atividades. Lembre-se de que a melhor forma de aprender é exercitando. 
CONTEXTUALIZANDO 
O sistema tributário no Brasil é complexo e demanda muito estudo. Com 
o objetivo de facilitar o processo de abertura e tributação das micro e pequenas 
empresas, o Governo criou o regime tributário do Simples Nacional. Isso não 
impede as empresas de aderirem a outros regimes tributários, mas, como 
veremos nesta etapa, realmente há vantagensna escolha por esse regime. 
Em relação às normas contábeis, a partir do dia 1º de janeiro de 2023 
passamos a aplicar a NBC TG 1000 (R1), NBC TG 1001 e NBC TG 1002. A NBC 
TG 1001 estabelece as regras contábeis para as pequenas empresas e a NBC 
TG 1002 estabelece as regras contábeis para as microentidades. Vamos ver que 
as microempresas e empresas de pequeno porte recebem classificações 
contábeis e tributárias diferentes. 
Diante disso, nesta etapa, vamos conhecer as leis que regem o 
Microempresário Individual (MEI), a Microempresa (ME) e as Pequenas e Médias 
Empresas (PMEs). Da mesma forma, trataremos algumas particularidades 
contábeis, societárias e tributárias relacionadas a elas. 
Esta etapa é fundamental para compreendermos o próximo conteúdo. Por 
isso, é imprescindível atentar para todos os temas e detalhes descritos. 
Iniciaremos falando sobre as obrigatoriedades contábeis e tributárias 
(obrigações acessórias) para MEI, ME e PMEs. 
 
 
3 
TEMA 1 – OBRIGATORIEDADES CONTÁBEIS E TRIBUTÁRIAS (OBRIGAÇÕES 
ACESSÓRIAS) PARA MEI, ME E PMES 
O Microempresário Individual (MEI), a Microempresa (ME) e as Pequenas 
e Médias Empresas (PMEs) possuem regras contábeis e tributárias específicas. 
A Lei Complementar n. 123, de 14 de dezembro de 2006, principal lei das Micro 
e Pequenas Empresas (MPEs), facilitou a abertura dessas empresas, 
aumentando a formalidade e sua chance de sobrevivência no mercado (Lemes 
Jr.; Pisa, 2019, p. 244). Com a alteração dessa lei em 2008, foi criada a figura 
do MEI, facilitando ainda mais o processo de abertura de negócios e reduzindo 
o ônus tributário sobre os empresários individuais. A empresa de médio porte 
não é abrangida pela Lei Complementar n. 123/2006, pois seu faturamento bruto 
anual supera R$ 4.800.000,00 e é menor ou igual a R$ 300.000.000,00. 
Segundo Lemes e Pisa (2019, p. 244), o Brasil possui uma legislação rica 
e avançada no âmbito de organizações societárias e tem sido inovador na 
desburocratização dos processos de abertura de empresas, na simplificação da 
apuração e recolhimento de tributos e na redução da carga tributária das MPEs. 
No entanto, mesmo com as facilidades de abertura de empresas disposta 
na Lei Complementar n. 123/2006, o empreendedor brasileiro ainda persiste na 
informalidade. Em um primeiro momento, a informalidade pode ser atrativa, mas 
conforme a empresa cresce, passa a ser conhecida e ganha mercado, isso será 
mais uma dificuldade do que uma comodidade. Uma empresa informal não 
possui CNPJ, nota fiscal, qualquer documentação, que lhe permita negociar com 
médias e grandes empresas ou participar de licitações públicas, dentre outras 
situações (Lemes Jr.; Pisa, 2019, p. 244). 
Agora vamos conhecer as obrigatoriedades contábeis e tributárias 
(obrigações acessórias) para MEI, ME e PMES. 
1.1 Obrigações contábeis e tributárias para MEI 
De acordo com a Lei Complementar n. 123/2006, especificamente nos 
arts. 18-A a 18-C, para um empreendedor se enquadrar como 
Microempreendedor Individual (MEI), ele deve ter uma receita bruta anual igual 
ou inferior a R$ 81.000,00, no máximo um empregado que receba 
exclusivamente um salário-mínimo ou o piso salarial da categoria profissional, 
não ter participação como sócio ou titular em outra empresa, e exercer uma 
 
 
4 
atividade permitida pela legislação (Brasil, 2006). Se o empreendedor não iniciar 
suas atividades em janeiro, o limite da receita bruta anual será proporcional aos 
meses restantes do ano. 
O empreendedor que atender a essas condições pode se formalizar 
gratuitamente no Portal do Empreendedor. Nesse processo, ele obtém o CNPJ, 
número de inscrição na Junta Comercial, número de inscrição no INSS e o 
documento de alvará que equivale ao alvará de funcionamento, tudo de forma 
instantânea, gerando um documento único chamado Certificado da Condição de 
Microempreendedor Individual – CCMEI. 
O processo de formalização não tem nenhum custo associado. No 
entanto, após a formalização, o MEI passa a recolher mensalmente os seguintes 
valores a partir de maio de 2023: R$ 66,00 para a Previdência Social 
(correspondente a 5% do salário-mínimo reajustado anualmente); R$ 1,00 fixo 
por mês para o Estado (ICMS) se a atividade for comércio ou indústria; e R$ 5,00 
fixos por mês para o Município (ISS) se a atividade for de prestação de serviços. 
Esses valores são pagos por meio de um único documento chamado DAS 
(Documento de Arrecadação do Simples Nacional), conforme estabelecido na 
Lei Complementar n. 123/2006. No Quadro 1, é possível observar os valores a 
serem recolhidos para cada atividade no ano de 2023. 
Quadro 1 – DAS MEI 2023 
Atividade INSS ISS e ICMS TOTAL 
Comércio e indústria R$ 66,00 R$ 1,00 R$ 67,00 
Serviços R$ 66,00 R$ 5,00 R$ 71,00 
Comércio/indústria e serviços R$ 66,00 R$ 6,00 R$ 72,00 
Fonte: Lolatto, 2023. 
Assim, mesmo que o MEI não tenha faturamento mensal, ele deve 
recolher os valores fixos mensais informados no Quadro 1 aos cofres públicos. 
O DAS é emitido pelo Portal do Empreendedor ou pelo aplicativo do MEI. Em 
relação aos aspectos fiscais, o MEI está dispensado de emitir nota fiscal para 
consumidores pessoa física (CPF), mas é obrigado a emitir nota fiscal quando 
vender para destinatários pessoa jurídica (CNPJ). 
Saiba mais 
Outra obrigação fiscal do MEI é a declaração anual, que pode ser 
entregue pelo próprio MEI no Portal do Empreendedor: 
 
 
5 
DECLARAÇÃO Anual de Faturamento – DASN. Portal do 
Empreendedor, S.d. Disponível em: <https://www.gov.br/empresas-e-
negocios/pt-br/empreendedor/servicos-para-mei/declaracao-anual-de-
faturamento>. Acesso em: 29 jun. 2023. 
É importante destacar que o MEI (pessoa jurídica) e o empreendedor 
(pessoa física) são pessoas distintas e devem enviar a declaração nos prazos 
estabelecidos. A distribuição de lucros da pessoa jurídica para a pessoa física 
segue a mesma regra aplicada às empresas optantes pelo lucro presumido, 
conforme disposto na Lei n. 9.249/1995 (art. 15) e Lei n. 9.430/1996 (art. 1º e 25, 
Inciso I). 
Vamos considerar a seguinte situação: um MEI obteve uma receita de R$ 
80.000,00 em suas atividades comerciais, e suas despesas operacionais 
totalizaram R$ 20.000,00, resultando em um lucro de R$ 60.000,00. Como o MEI 
não realiza escrituração contábil, é necessário calcular o lucro que pode ser 
distribuído de forma isenta do imposto sobre a renda. Para isso, devemos 
multiplicar a receita bruta anual da atividade pelo percentual de presunção do 
lucro presumido, que é de 8% para a atividade comercial. Assim, temos R$ 
80.000,00 x 8% = R$ 6.400,00. Caso o MEI opte por apresentar a Declaração de 
Ajuste Anual (embora não seja obrigatório apenas com esses rendimentos), ele 
deverá informar o valor de R$ 6.400,00 como rendimentos isentos e não 
tributáveis. 
Em relação às obrigações contábeis, o MEI não é obrigado a realizar a 
contabilidade formal, como o livro diário, o livro razão e o livro caixa, conforme 
determina o Código Civil, art. 1.179, parágrafo 2º (regulação contábil e tributária) 
(Brasil, 2002). No entanto, o empreendedor tem a obrigação tributária de 
registrar mensalmente o total de suas receitas em um formulário simplificado, de 
acordo com o Anexo XII da Resolução CGSN 140/2018 (Brasil, 2018). 
Saiba mais 
O formulário está disponível no Portal do Empreendedor: 
RELATÓRIO Mensal de Receitas Brutas. Portal do Empreendedor, S.d. 
Disponível em: <https://www.gov.br/empresas-e-negocios/pt-
br/empreendedor/servicos-para-mei/relatorio-mensal>. Acesso em: 29 jun. 2023. 
Caso o empreendedor (pessoa física) opte por contratar um profissional 
contábil para manter a contabilidade do MEI (pessoa jurídica) em ordem, 
 
 
6 
gerando os livros comerciais devidamente registrados no órgão competente, 
assim como ocorre com as demais empresas optantes por outros regimes 
tributários (RIR/2018, art. 35 inciso IV), a distribuição de lucros para oempreendedor será realizada de forma isenta e sem qualquer imposto adicional, 
conforme previsto na Lei Complementar n. 123/2006, art. 14 (Brasil, 2006), e na 
Resolução CGSN n. 140/2018, art. 145, parágrafo 3º (Brasil, 2018). Além disso, 
uma contabilidade adequada proporciona uma gestão financeira de qualidade, 
ou seja, o MEI pode acompanhar de perto seus resultados, identificar 
oportunidades de melhorias e otimizar o desempenho financeiro da organização. 
Dentre as vantagens do MEI, destacam-se a facilidade no processo de 
abertura da empresa, com menos burocracia e custos reduzidos; o custo mensal 
fixo e simplificado da tributação; a declaração anual simplificada, o que diminui 
a carga de trabalho contábil; a cobertura previdenciária do INSS, que oferece 
benefícios como aposentadoria, auxílio doença, auxílio maternidade, auxílio 
reclusão para o empreendedor (pessoa física) e pensão por morte para a família; 
a possibilidade de contratar um empregado para auxiliar no crescimento do 
negócio; o acesso facilitado a crédito e linhas de financiamento; além da 
dispensa da obrigatoriedade de contabilidade para o MEI (pessoa jurídica) e 
emissão de nota fiscal em algumas situações. 
No entanto, apesar das diversas vantagens, o MEI também apresenta 
algumas desvantagens. O faturamento é limitado a R$ 81.000,00 por ano, o que 
pode restringir o crescimento do negócio. Caso o valor do faturamento anual 
ultrapasse o limite em até 20%, atingindo R$ 97.200,00 de faturamento no ano, 
o MEI deverá fazer a transição de sua condição de MEI para uma Microempresa 
(ME), cujo limite de faturamento anual é de até R$ 360.000,00. Além da mudança 
de categoria, será necessário efetuar o recolhimento do valor excedente por 
meio de um DAS complementar, emitido na Declaração Anual do Simples 
Nacional do MEI (DASN-SIMEI). Se o MEI ultrapassar o limite em mais de 20%, 
alcançando um valor superior a R$ 97.200,00, ocorrerá automaticamente a 
exclusão da categoria, e será realizada a cobrança retroativa de impostos sobre 
o valor total faturado durante o ano, com a aplicação das alíquotas de uma 
microempresa, acrescido de juros e multa (Lei Complementar n. 123/2006, art. 
18-A, parágrafo 7º, inciso III). 
Outra desvantagem em ser um MEI envolve o limite de contratação de 
funcionários, sendo permitido apenas um empregado. Ainda, a linha de crédito 
 
 
7 
disponível para o MEI também pode ser reduzida em comparação a outras 
categorias de empresa, o que pode dificultar o acesso a financiamentos. Outro 
ponto a ser considerado é que, se a pessoa física (CPF) que tiver MEI também 
estiver atuando profissionalmente em regime CLT for dispensado, ele não terá 
direito ao seguro-desemprego, uma vez que o governo considera que o MEI 
possui outra fonte de renda. 
Com suas vantagens e desvantagens, o MEI é uma oportunidade para 
que os empreendedores tenham um respaldo social. Na sequência, vamos 
conhecer as obrigações contábeis e tributárias para as microempresas, outro 
enquadramento de empresa. 
1.2 Obrigações contábeis e tributárias para ME 
Assim como o MEI, a ME também segue as regras da Lei Complementar 
n. 123/2006 em virtude do enquadramento por porte, porém possui obrigações 
contábeis e tributárias diferentes. Mas qual é a principal diferença entre o MEI e 
a ME? 
O MEI é aquele que tem uma receita bruta anual igual ou inferior a R$ 
81.000,00, enquanto a ME é aquela com uma receita bruta anual igual ou inferior 
a R$ 360.000,00. Enquanto o MEI recolhe um valor fixo mensal, a ME pode optar 
por diferentes regimes tributários, como o Simples Nacional, Lucro Presumido 
ou Lucro Real, dependendo do resultado do planejamento tributário. 
As obrigações tributárias estão diretamente relacionadas ao regime de 
tributação. Vamos analisar, inicialmente, as obrigações tributárias principais 
(arrecadação) das microempresas optantes pelo Simples Nacional. No Simples 
Nacional, o contribuinte (ME) deve recolher mensalmente, em um único 
Documento de Arrecadação do Simples Nacional (DAS), os seguintes tributos: 
Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), Imposto sobre Produtos 
Industrializados (IPI), Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), 
Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS), Programa 
de Integração Social e Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público 
(PIS/Pasep), Contribuição Previdenciária Patronal (CPP), Imposto sobre 
Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e Imposto Sobre Serviços (ISS). 
O valor arrecadado mensalmente pelo Simples Nacional será 
determinado mediante aplicação das alíquotas efetivas, calculadas com base 
 
 
8 
nas alíquotas nominais constantes das tabelas dos Anexos I a V desta Lei 
Complementar n. 123/2006. 
Vamos supor que uma empresa comercial obtenha mensalmente receita 
bruta igual a R$ 130.000,00. Você pode visualizar a apuração da alíquota efetiva 
e do DAS no Quadro 2. 
Quadro 2 – Exemplo de apuração do Simples Nacional – Comércio 
Faturamento mensal R$ 130.000,00 
Receita bruta acumulada 12 meses R$ 1.560.000,00 
Anexo I – alíquota nominal 10,7% 
Valor a deduzir R$ 22.500,00 
Alíquota efetiva 
(1.560.000,00 𝑥 10,7%) − 22.500,00
1.560.000,00
=
166.920
1.560.000.00
= 0,0926 𝑥 100 = 9,26% 
 
Valor a pagar no DAS (R$ 130.000,00 x 
9,26%) 
R$ 12.035,00 
Fonte: Lolatto, 2023. 
Vamos considerar o caso em que a mesma empresa optou pelo regime 
tributário do Lucro Presumido. De acordo com a Lei n. 12.814, de 16 de maio de 
2013, ela pode escolher esse regime, uma vez que o limite de receita bruta total 
anual é de R$ 78.000.000,00 ou R$ 6.500.000,00 multiplicado pelo número de 
meses de atividade do ano-calendário anterior (Brasil, 2013). 
Uma característica principal desse regime é a presunção da base de 
cálculo do IRPJ e CSLL, que leva em consideração a atividade exercida pela 
empresa, conforme previsto no art. 592 do Regulamento do Imposto de Renda 
de 2018 (RIR/2018) e no art. 22 da Lei n. 10.684, de 30 de maio de 2003. O 
recolhimento é feito trimestralmente e o pagamento da primeira parcela dos 
tributos é considerado pelo Fisco como a escolha pelo Lucro Presumido. A 
apuração do ICMS ocorre mensalmente pelo regime não cumulativo, de acordo 
com a legislação de cada Estado. A apuração do PIS/Pasep e da Cofins é feita 
pelo regime cumulativo, aplicando-se as alíquotas de 0,65% e 3%, 
respectivamente, sobre a receita bruta mensal. 
No regime tributário do Lucro Real, a base de cálculo para apuração do 
IRPJ e da CSLL é o lucro real, ou seja, o lucro contábil ajustado pelas adições e 
exclusões definidas no RIR/2018. Também é possível realizar a compensação 
de prejuízos fiscais apurados em exercícios anteriores, limitado a 30% do lucro 
real antes da compensação. A legislação permite apurar o lucro real 
 
 
9 
trimestralmente ou anualmente. O ICMS, PIS/Pasep e Cofins devem ser 
apurados mensalmente pelo regime não cumulativo. As empresas que faturarem 
mais que R$ 78.000.000,00 estão automaticamente obrigadas a apuração pelo 
Lucro Real, conforme disposto no art. 257 do RIR/2018, sendo facultativo para 
as demais empresas. 
Assim, observa-se que o MEI realmente possui um ônus tributário menor 
em relação às empresas que optam pelo regime tributário do Simples Nacional, 
Lucro Presumido e Lucro Real. Os únicos tipos de empresas que podem aderir 
ao Simples Nacional são as MEs e EPPs, porém ME e EPP podem optar pelo 
Lucro Presumido ou pelo Lucro Real. 
As obrigações tributárias acessórias variam em função do regime 
tributário e da atividade desenvolvida pela empresa. Assim, o profissional 
contábil deve analisar a legislação vigente para cumprir com essas obrigações. 
De acordo com a Lei das Sociedades por Ações (Lei das S.A.), Lei n. 
6.404, de 15 de dezembro de 1976, e suas alterações posteriores, no art. 176, é 
estabelecido que as empresas, com exceção do MEI, são obrigadas a apresentar 
as seguintesdemonstrações contábeis ao fim de cada exercício social: 
a. Balanço Patrimonial (BP); 
b. Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA); 
c. Demonstração do Resultado do Exercício (DRE); 
d. Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC); 
e. Se companhia aberta, Demonstração do Valor Adicionado (DVA); 
f. Notas Explicativas (NE) (Brasil, 1976). 
A Lei das S.A., art. 176, parágrafo 6o, ainda determina que a empresa de 
capital fechado, cujo patrimônio líquido na data do balanço seja inferior a R$ 
2.000.000,00, não terá a obrigação de elaborar e publicar a demonstração dos 
fluxos de caixa (Brasil, 1976). Cada demonstração possui normas específicas 
para sua elaboração. Agora vamos estudar as obrigações contábeis e tributárias 
para as PMEs. 
1.3 Obrigações contábeis e tributárias para PMES 
As Empresas de Pequeno Porte (EPP) são aquelas que auferem receita 
bruta anual maior a R$ 360.000,00 e menor ou igual a R$ 4.800.000,00. 
Considerando essa faixa de faturamento anual (receita bruta anual), elas se 
 
 
10 
enquadram nas regras dispostas na Lei Complementar n. 123/2006 e podem 
optar pelo regime tributário do Simples Nacional ou optar pelos regimes 
tributários do Lucro Presumido (Lei n. 12.814/2013) e Lucro Real (RIR/2018). 
Em contrapartida, as médias empresas não se enquadram nas regras 
estabelecidas pela Lei Complementar n. 123/2006, pois o faturamento bruto 
anual dessas empresas é maior que R$ 4.800.000,00 e menor ou igual a R$ 
300.000.000,00. Desta forma, elas só podem escolher entre o Lucro Presumido 
e o Lucro Real. 
A lógica de tributação (obrigações principais) das PMEs em relação ao 
regime tributário é a mesma lógica das microempresas. No regime tributário do 
Simples Nacional, o valor arrecadado mensalmente será determinado em função 
da aplicação das alíquotas efetivas, calculadas com base nas alíquotas nominais 
constantes das tabelas dos Anexos I a V desta Lei Complementar 123/2006. 
No Lucro Presumido, a base de cálculo do IRPJ e CSLL é presumida de 
acordo com a atividade exercida pela empresa. A apuração do ICMS ocorre 
mensalmente pelo regime não cumulativo e em conformidade com a legislação 
de cada Estado. A apuração do PIS/Pasep e da Cofins se dá pelo regime 
cumulativo, aplicando-se as alíquotas de 0,65% e 3%, respectivamente, sobre a 
receita bruta mensal. 
No regime tributário do Lucro Real, a base de cálculo para apuração do 
IRPJ e da CSLL é o lucro real, ou seja, o lucro contábil ajustado pelas adições e 
exclusões definidas no RIR/2018, sendo possível realizar a compensação de 
prejuízos fiscais apurados em exercícios anteriores, limitado a 30% do lucro real 
antes da compensação. A legislação permite apurar o lucro real trimestralmente 
ou anualmente. O ICMS, PIS/PASEP e Cofins devem ser apurados 
mensalmente pelo regime não cumulativo. 
As obrigações acessórias (declarações) das empresas podem variar de 
acordo com o regime tributário e a atividade desenvolvida pela empresa. Assim, 
as empresas devem cumprir as legislações vigentes. 
As demonstrações contábeis obrigatórias para as PMEs, assim como para 
as ME, estão relacionadas na Lei n. 6.404/76, art. 176 (Brasil, 1976). As regras 
para elaboração das demonstrações contábeis podem ser encontradas no CPC 
PME aderida pelo Conselho Federal de Contabilidade mediante divulgação da 
NBC TG 1000 (R1) (Norma Brasileira de Contabilidade Técnica Geral 1000 
(Revisão 1)). Enquanto a NBC TG 1000 (R1) equivale ao CPC PME, que é o 
 
 
11 
conjunto de normas contábeis aplicadas as médias empresas, a NBC TG 1001 
é destinada para as pequenas empresas e a NBC TG 1002 é destinada para as 
microentidades. 
Agora vamos estudar com mais detalhes a Lei Complementar n. 
123/2006, que trata das questões tributárias e societárias das MPEs, e as 
normas técnicas de contabilidade NBCs 1001 e 1002 que estabelecem os 
critérios e procedimentos contábeis para essas empresas. 
TEMA 2 – LC 123 – REGRAS SOCIETÁRIAS PARA ME 
A Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, também conhecida como 
Estatuto Nacional das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte, foi 
estabelecida pela Lei Complementar n. 123/2006, ou LC 123/2006. Essa 
legislação definiu normas gerais, tanto societárias quanto tributárias, que visam 
proporcionar tratamento diferenciado e favorecido às Microempresas (ME) e às 
Empresas de Pequeno Porte (EPP) em âmbito federal, estadual, distrital e 
municipal, em conformidade com os arts. 146, 170 e 179 da Constituição Federal 
(Lemes Jr.; Pisa, 2019). 
De acordo com Lemes Jr. e Pisa (2019), a Lei Geral das Micro e Pequenas 
Empresas trouxe diversos benefícios, como a unificação do regime de tributação 
e simplificação das obrigações fiscais acessórias, redução do ônus tributário em 
receitas de exportação e substituição tributária, desobrigação de certas 
obrigações trabalhistas e previdenciárias, facilidade no processo de abertura, 
alteração e encerramento de MPEs, simplificação do acesso ao crédito e 
mercado, prioridade nas compras públicas, incentivo à inovação tecnológica, 
estímulo ao associativismo e consórcios, regulamentação do pequeno 
empresário, parcelamento de dívidas tributárias para enquadramento no Simples 
Nacional, entre outros benefícios. 
Dessa forma, a Lei Geral das MPEs passou a contribuir efetivamente com 
a construção de um ambiente sustentável para o desenvolvimento e crescimento 
dos pequenos negócios. A categoria de Microempresário Individual (MEI), que 
não se enquadra como ME ou EPP, foi criada com base na alteração da LC 
123/2006 realizada por meio da Lei Complementar n. 128, de 19 de dezembro 
de 2008. O MEI possui benefícios mais amplos que as MPEs, entre os quais a 
garantia de que todos os custos relacionados à abertura, alvará, funcionamento, 
alterações, entre outros, estão reduzidos a zero. 
 
 
12 
Mas quais são as regras societárias relativas às microempresas dispostas 
na LC n. 123/2006? 
A Lei Complementar n. 123/2006, em seu art. 3º, parágrafo 4º, estabelece 
algumas regras e limites no âmbito societário para as microempresas e 
empresas de pequeno porte do Simples Nacional, como descrito a seguir: 
1. Não pode ter participação de outras empresas em seu capital; 
2. Não pode ter sede no exterior ou filial, sucursal, agência ou representação 
no país; 
3. Sócio (pessoa física) pode participar do capital de outras empresas do 
Simples Nacional desde que o faturamento bruto anual não ultrapasse R$ 
4.800.000,00; 
4. Sócio (pessoa física) com até 10% de participação em empresa fora do 
Simples Nacional não tem o faturamento somado como critério de 
impedimento, mas acima de 10% é somado e não pode ultrapassar R$ 
4.800.000,00; 
5. Sócio ou titular (pessoa física) que atuar como administrador em outra 
empresa terá a receita bruta global somada, não podendo ultrapassar R$ 
4.800.000,00; 
6. Empresa constituída como cooperativa, exceto cooperativas de consumo, 
não pode aderir ao Simples Nacional; 
7. A empresa do Simples Nacional não pode ser sócia do capital de outra 
pessoa jurídica; 
8. Empresas que desenvolvam atividades específicas, como instituições 
financeiras, não podem fazer parte do Simples Nacional; 
9. Empresas que tenham realizado cisão, fusão ou incorporação nos últimos 
cinco anos não podem fazer parte do Simples Nacional; 
10. Sociedades por ações não podem aderir ao Simples Nacional; 
11. Sócio ou titular não pode ter relação de pessoalidade, subordinação e 
habitualidade com o contratante do serviço, como no caso de pejotização 
(Brasil, 2006). 
Considerando os benefícios de ser enquadrado no Simples Nacional, é 
fundamental compreender as regras societárias. A seguir, conheceremos as 
regras tributárias aplicáveis às empresas de pequeno porte que possuem um 
tratamento jurídico diferenciado previsto na LC n. 123/2006. 
 
 
13 
TEMA 3 – LC 123 - REGRAS TRIBUTÁRIAS PARA EPP 
A principal diferença entre as ME e EPP compreendeo limite máximo que 
cada uma delas pode faturar anualmente. Segundo a LC n. 123/2006, uma ME 
pode faturar até R$ 360.000,00 por ano, enquanto uma EPP deve ter um 
faturamento anual entre R$ 360.000,00 e R$ 4.800.000,00. O faturamento bruto 
ou receita bruta corresponde ao valor total obtido pela empresa com a venda de 
bens e serviços, antes dos descontos referentes a despesas e tributos. 
As MEs e as EPPs que se enquadram nesses limites podem aderir a um 
a um regime tributário simplificado, denominado de Simples Nacional, que é um 
regime exclusivo para MEs e EPPs. O cálculo do tributo a pagar mensalmente é 
realizado com base no faturamento bruto da empresa por meio do DAS, 
conforme estudado anteriormente. 
A adesão ao Simples Nacional é facultativa, visto que as MEs e EPPs 
também podem optar pelo Lucro Presumido ou Lucro Real. No Lucro Presumido, 
o cálculo do IRPJ e da CSLL é feito com base no lucro presumido, ou seja, aplica-
se percentuais de presunção sobre a receita bruta trimestral. No Lucro Real, o 
lucro líquido contábil é ajustado a fim de aplicar as alíquotas do IRPJ e da CSLL. 
A natureza jurídica das MEs e EPPs também é um dos critérios para aderir 
ao regime tributário do Simples Nacional. Enquanto o porte está associado ao 
faturamento da empresa, a natureza jurídica define as regras de abertura e 
direitos dos sócios. 
A LC n. 123/2006, art. 3º, determina que, para se enquadrar no Simples 
Nacional, as MEs e as EPPs devem ter natureza jurídica de Sociedade Limitada, 
Empresário Individual ou Sociedade Simples (Brasil, 2006). Mas o que quer dizer 
cada uma dessas naturezas jurídicas? 
A Sociedade Limitada é uma forma de sociedade contratual que pode ser 
de pessoas ou de capital, conforme definido no contrato social. O contrato social 
de uma Sociedade Limitada de pessoas inclui cláusulas de controle para a 
entrada de terceiros estranhos à sociedade, por exemplo, condicionar a cessão 
de cotas sociais à aprovação dos demais cotistas ou proibir a sucessão dos 
herdeiros por morte de um sócio. Se o contrato social não estabelecer restrições 
à entrada de terceiros, seja por sucessão ou cessão de cotas, então a Sociedade 
Limitada será considerada de capital (Vido, 2022, p. 85). 
 
 
14 
O Empresário Individual é uma pessoa física que exerce uma atividade 
empresarial sem ter sócios. Nesse caso, o empresário assume o risco total pela 
atividade exercida, ou seja, não há separação entre o patrimônio empresarial e 
pessoal. Portanto, em caso de dívidas empresariais ou pessoais, o patrimônio 
único do empresário pode ser utilizado para responder por tais obrigações (Vido, 
2022). 
A Sociedade Simples é uma forma de sociedade utilizada para atividades 
que não são consideradas empresariais, como é o caso de sociedades formadas 
por profissionais intelectuais. Por exemplo, consultórios médicos, escritórios de 
advocacia e atividades similares podem optar pela constituição de uma 
Sociedade Simples (Vido, 2022). 
Diante disso, ao aderir ao Simples Nacional, a empresa deve identificar 
as tabelas de apuração dos tributos. O Simples Nacional dispõe de cinco anexos 
diferentes e cada anexo possui tabelas especificas para apuração do DAS. O 
Anexo I é aplicado na atividade comercial, o Anexo II é utilizado na atividade 
industrial, o Anexo III é empregado nas receitas de locação de bens móveis e de 
prestação de serviços não relacionados no parágrafo 5º-C do art. 18 da LC 
123/2006, o Anexo IV é aplicado nas receitas decorrentes da prestação de 
serviços relacionados no parágrafo 5º-C do art. 18 da LC 123/2006 e o Anexo V 
é empregado nas receitas decorrentes da prestação de serviços relacionados no 
parágrafo 5º-I do art. 18 da LC 123/2006 (Brasil, 2006). 
Agora que compreendemos o aspecto tributário das micro e pequenas 
empresas com mais profundidade, vamos conhecer os aspectos contábeis. As 
NBCs TG 1001 e 1002 são as normas destinadas para as microentidades e 
pequenas empresas. 
TEMA 4 – NBC TG 1002 – REGRAS CONTÁBEIS PARA ME 
 A NBC TG 1002 entrou em vigor a partir de 1º de janeiro de 2023, 
revogando a ITG 1000. Essa norma contábil é aplicada às microentidades. De 
acordo com a norma, as microentidades são aquelas empresas com finalidade 
de lucros, que possuem receita bruta anual de até R$ 4.800.000,00. Para o 
Conselho Federal de Contabilidade, as microentidades compreendem as 
microempresas e empresas de pequeno porte descritas na legislação fiscal. As 
microentidades que ultrapassarem o limite de receita bruta anual de R$ 
 
 
15 
4.800.000,00 por dois anos seguidos passarão, obrigatoriamente, a seguir a 
NBC TG 1001. 
De acordo com a NBC TG 1002, as demonstrações contábeis têm o 
objetivo de apresentar informações sobre a posição financeira (balanço 
patrimonial) e o desempenho (resultado) da empresa. Para isso, as informações 
devem atender unicamente às características qualitativas (princípios gerais) da 
compreensibilidade, relevância (materialidade), confiabilidade, prudência e 
comparabilidade. 
As demonstrações contábeis obrigatórias para as microentidades são o 
Balanço Patrimonial (BP), a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) e 
a Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA) e devem ser 
apresentadas de forma comparativa às demonstrações do ano anterior (NBC TG 
1002). É importante observar que as contas são denominadas de forma diferente 
nas microentidades quando comparadas às pequenas e médias empresas. Por 
exemplo, nas microentidades temos no BP as contas caixa e bancos e nas 
pequenas empresas temos disponibilidades. 
A NBC TG 1002 também trata de mudanças de políticas contábeis, 
mudanças de estimativas e retificação de erros, tratamento contábil de 
instrumentos financeiros, estoques, investimentos, imobilizado, intangível, 
arrendamentos e aluguéis, passivos e provisões, patrimônio líquido, receitas, 
despesas financeiras, benefícios a empregados e administradores, tributos 
sobre o lucro e transações em moeda estrangeira. Na sequência, vamos ver 
algumas particularidades para esse tipo de empresa. 
Os estoques podem ser avaliados pelo método do Primeiro a Entrar, 
Primeiro a Sair (PEPS), ou pelo método do custo médio ponderado, de forma 
consistente ao longo do tempo e aplicado da mesma forma para estoques de 
natureza e uso parecido (NBC TG 1002). O método Último a Entrar, Primeiro a 
Sair (UEPS) não pode ser utilizado para fins contábeis por essas entidades, 
diferentemente do que ocorre nas grandes empresas. Para fins tributários, o 
método UEPS não pode ser aplicado. 
Os investimentos societários realizados por microentidades devem ser 
avaliados exclusivamente pelo método de custo, não sendo aplicável o método 
de equivalência patrimonial. Desta forma, os lucros distribuídos por essas 
entidades investidas serão reconhecidos como receitas de dividendos ou de 
lucros recebidos. Se houver uma clara desvalorização do investimento, essa 
 
 
16 
perda deve ser registrada como um débito no resultado (NBC TG 1002). A 
restrição do uso da equivalência patrimonial é aplicada apenas para as 
microentidades. 
O imobilizado nas microentidades inclui propriedade para investimento. A 
propriedade para investimento consiste na propriedade física, como um terreno 
que o proprietário mantém para ter rendas e/ou valorizar o capital (NBC TG 
1002). Vamos observar que o registro da propriedade para investimento ocorre 
da mesma forma nas pequenas empresas e difere das médias empresas. 
Os bens do ativo imobilizado devem ser reconhecidos pelo custo de 
aquisição e devem ser depreciados pelo método da linha reta, considerando o 
prazo de vida útil definido pela Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil. 
Caso uma alternativa diferente proporcione uma apresentação do balanço e um 
desempenho substancialmente melhores, ela poderá ser adotada. As partes e 
peças de substituição nas microentidades devem ser contabilizadascomo 
despesa do período em que ocorrer a substituição (NBC TG 1002). Vamos ver 
que o reconhecimento das partes e peças de substituição nas médias empresas 
recebe um tratamento diferenciado. 
O ativo intangível deve ser contabilizado pelo custo de aquisição, o qual 
compreende o preço de compra à vista, os tributos não recuperáveis e demais 
custos diretamente associados à compra. Os gastos com pesquisa e 
desenvolvimento devem ser reconhecidos como despesa. A amortização do 
ativo intangível deve ocorrer no prazo máximo de 5 anos, sendo iniciada quando 
o ativo estiver disponível para uso ou quando o projeto estiver concluído (NBC 
TG 1002). Vamos observar que o prazo limite de amortização nas pequenas 
empresas difere das microentidades. 
De acordo com a NBC TG 1002, as contraprestações dos arrendamentos 
em microentidades são contabilizadas como despesa pelo arrendatário e como 
receita pelo arrendador, sem distinção entre arrendamento operacional e 
arrendamento financeiro. O mesmo tratamento é dado às pequenas empresas. 
As microentidades devem reconhecer as receitas quando transferirem 
para o comprador os riscos e benefícios do ativo, puderem mensurar a receita 
com confiabilidade e for provável seu recebimento. No entanto, elas podem, por 
expediente prático, reconhecer as receitas no momento da emissão da nota 
fiscal, desde que representem adequadamente a posição patrimonial e o 
 
 
17 
desempenho da empresa (NBC TG 1002). O expediente prático se aplica apenas 
às microentidades. 
De acordo com a NBC TG 1002, as microentidades devem apresentar a 
despesa com tributos sobre o lucro (IRPJ e CSLL) na Demonstração do 
Resultado do Exercício (DRE) antes do resultado líquido do exercício, caso 
sejam optantes pelo Lucro Real e Lucro Presumido (CFC, 2021b). Porém, se 
forem optantes pelo Simples Nacional, os tributos podem ser evidenciados como 
dedução da receita bruta. Essa opção de reconhecimento dos tributos sobre o 
lucro pelo Simples Nacional é tratada como expediente prático para as pequenas 
empresas. 
As normas de contabilidade aplicadas às microentidades são mais 
simples do que as normas aplicadas às demais entidades. Em seguida, 
analisaremos as normas aplicadas às pequenas empresas. 
TEMA 5 – NBC TG 1001 – REGRAS CONTÁBEIS PARA EPP 
A NBC TG 1001 entrou em vigor a partir de 1º de janeiro de 2023. Essa 
norma contábil é aplicada às pequenas empresas que antes eram objeto de 
estudo da NBC TG 1000. De acordo com a norma, as pequenas empresas são 
aquelas empresas com finalidade de lucros, com receita bruta anual acima de 
R$ 4.800.000,00 até R$ 78.000.000,00. Na legislação fiscal, as empresas que 
se encontram dentro dessa faixa de faturamento são classificadas como 
empresas de médio porte. As empresas de pequeno porte que ultrapassarem o 
limite da receita bruta anual de R$ 78.000.000,00 por dois anos seguidos 
passarão, obrigatoriamente, a seguir a NBC TG 1000 (R1). 
De acordo com a NBC TG 1001 (CFC, 2021a), o limite de R$ 4.800.000,00 
está vinculado ao inciso II do art. 3º da Lei Complementar n 123/2006 (Simples 
Nacional) e o limite de R$ 78.000.000,00 está associado ao art. 13 da Lei n. 
9.718/1998 (Lucro Presumido). Se o limite das referidas Leis for alterado, 
considera-se também alterado o limite da Norma. 
A NBC TG 1001 não pode ser aplicada de forma parcial, exceto quando 
não houver tratamento contábil específico para determinada situação. Então, se 
a NBC TG 1001 não especificar como contabilizar um evento, o profissional 
contábil deve recorrer à NBC TG 1000 (R1) e se a NBC TG 1000 (R1) não 
descrever como contabilizar, o profissional contábil deve adotar os CPCs de 
maneira geral. 
 
 
18 
A NBC TG 1001 não se aplica às entidades que possuem 
responsabilidade pública de prestação de contas, como é o caso das 
companhias abertas e das instituições financeiras que precisam prestar contas 
à Comissão de Valores Mobiliários. 
O objetivo das demonstrações contábeis, segundo a NBC TG 1001, é 
apresentar informações sobre a situação patrimonial e financeira (BP), o 
desempenho (DRE) e os fluxos de caixa da entidade, assim como informações 
qualitativas em notas explicativas e relatórios adicionais que contribuem para a 
tomada de decisões dos usuários. Dessa forma, as demonstrações contábeis 
obrigatórias para as empresas de pequeno porte são as seguintes: 
a. Balanço Patrimonial (BP); 
b. Demonstração do Resultado do Exercício (DRE); 
c. Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL); 
d. Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC); 
e. Notas Explicativas (NE), contendo o resumo das políticas contábeis mais 
relevantes e outras informações explanatórias. 
As informações das demonstrações contábeis devem conter as 
características qualitativas (princípios gerais) da compreensibilidade, relevância 
(materialidade), confiabilidade, primazia da essência sobre a forma, prudência e 
comparabilidade. A NBC TG 1001, em relação à NBC TG 1002, introduziu o 
princípio da primazia da essência sobre a forma, registrando os eventos com 
base na essência, e não apenas na sua forma legal, por exemplo, na 
depreciação mensal com base na vida útil real do bem. Agora vamos entender 
mais algumas particularidades para esse tipo de empresa. 
A entidade deve apresentar no BP os grupos do ativo circulante e não 
circulante, passivo circulante e não circulante e patrimônio líquido de forma 
separada, assim como ocorre com os demais tipos de empresa. No entanto, as 
contas que compõem o balanço recebem denominações diferentes das 
microentidades e que devem ser observadas nas normas. Por exemplo, as 
microentidades devem registrar a conta caixa e bancos no ativo circulante, 
enquanto as pequenas empresas devem registrar a conta Disponibilidades. Em 
contrapartida, para as médias empresas, é adotada a denominação Caixa e 
Equivalentes de Caixa. 
Na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), as despesas são 
agrupadas por função e não por natureza, o que significa que a empresa não 
 
 
19 
precisa especificar na demonstração quais são as despesas administrativas 
(como pessoal, materiais, depreciações, entre outros). A entidade tem a opção 
de fornecer informações adicionais por meio de notas explicativas (NBC TG 
1001). Ainda, nas pequenas empresas, a DRE deve iniciar com a receita líquida, 
e as informações anteriores (receita bruta e deduções e abatimentos) podem ser 
explicadas nas notas explicativas, pois essas entidades são obrigadas a elaborar 
essas notas. Em contrapartida, as microentidades devem começar a DRE com 
a informação da receita bruta, e a demonstração é apresentada de forma mais 
detalhada, uma vez que não é obrigatória a elaboração das notas explicativas. 
A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) pode ser 
substituída pela Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA). 
Isso ocorre quando há apenas movimentação das contas de lucros e prejuízos 
acumulados, ou seja, quando não há integralização de capital ou movimentação 
de contas entre reservas (NBC TG 1001). 
A Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) deve ser apresentada pelo 
método indireto, baseando-se no resultado líquido do período e analisando a 
movimentação das contas patrimoniais e de resultado. A DFC deve detalhar os 
fluxos de atividades operacionais, de investimentos e de financiamentos. A NBC 
TG 1001 especifica, por exemplo, que os juros e dividendos recebidos devem 
ser lançados nas atividades de investimentos e os juros e dividendos pagos 
devem ser registros nas atividades de financiamos (CFC, 2021a). Essa é uma 
diferença importante da NBC TG 1000 (R1), pois as médias empresas devem 
analisar a característica da operação para realizar o registro. 
As Notas Explicativas (NEs) devem conter apenas informações relevantes 
aos usuários e podem ser apresentadas em ordem de maior relevância, maior 
risco ou agrupadas por função na estrutura patrimonial,

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