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1 
 
 
MEIO AMBIENTE E A PRODUÇÃO INDUSTRIAL 
1 
 
 
 
Sumário 
NOSSA HISTÓRIA ................................................................................ 2 
MEIO AMBIENTE E A PRODUÇÃO INDUSTRIAL ................................ 3 
Resumo ................................................................................................. 3 
Fatos históricos e desastres ecológicos ................................................ 4 
Evolução do pensamento e do movimento ambiental no mundo ........... 8 
Principais Problemas Ambientais Associados ao Setor Industrial ....... 13 
Meio ambiente e competitividade ........................................................ 14 
A indústria brasileira e o meio ambiente .............................................. 18 
Os impactos das indústrias no meio ambiente .................................... 21 
Gestão Ambiental x Tecnologias Limpas x Procedimentos Operacionais
 ....................................................................................................................... 24 
Produção e métodos de reutilização dos resíduos industriais ............. 25 
Considerações Finais .......................................................................... 30 
Referências .......................................................................................... 31 
 
 
 
2 
 
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
A nossa história, inicia com a realização do sonho de um grupo de 
empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a instituição, como entidade 
oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a 
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua 
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, 
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o 
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
MEIO AMBIENTE E A PRODUÇÃO INDUSTRIAL 
 
Resumo 
 
A história da relação de indústrias com o meio ambiente tem demonstrado 
que os impactos ambientais resultantes das atividades produtivas podem vir a 
comprometer o futuro do planeta. Desta forma, todos os esforços na busca de 
promover o desenvolvimento sustentável devem ser prioritários, tanto a nível 
acadêmico, profissional, como político-social. 
Com o passar do tempo percebeu-se que a geração de resíduos 
industriais, em especial, é resultado da ineficiência de transformação de 
insumos (matérias–primas, água e energia) em produtos, acarretando em danos 
ao meio ambiente e custos para a empresa. A geração de resíduos passou a 
ser considerada como um desperdício de dinheiro com compra de insumos, 
desgaste de equipamentos, horas de empregados, etc, além dos demais custos 
envolvidos com o seu armazenamento, tratamento, transporte e disposição final. 
A solução para a minimização destes problemas veio com a adoção de técnicas 
conhecidas como de “controle preventivo”, significando evitar ou minimizar a 
geração de resíduos na fonte. São exemplos disso: a minimização do consumo 
de água, o uso de matérias – primas atóxicas, dentre outras. 
Desta forma, torna-se essencial o interesse pelos processos produtivos 
industriais e a realização de projetos e estudos que visem à redução e a 
erradicação de poluentes gerados, a fim de garantir a preservação do meio e 
benefícios econômicos para a própria indústria. E para se atingir a produção 
sustentável são requeridas ações muito mais amplas, dentre as quais se 
destacam a Produção Mais Limpa e a Prevenção a Poluição, cujos principais 
conceitos serão apresentados logo a seguir. 
A busca para se atingir a produção sustentável, através de redução e/ou 
erradicação de resíduos poluentes na fonte geradora consistem no 
desenvolvimento de ações capazes de promover a redução de desperdícios, a 
conservação de recursos naturais, a redução ou eliminação de substâncias 
4 
 
 
tóxicas, a redução da quantidade de resíduos gerados por processo e produtos, 
e consequentemente, a redução de poluentes lançados para o ar, solo e águas. 
Desejamos bons estudos! 
 
Fatos históricos e desastres ecológicos 
 
Nos séculos passados, o meio natural era visto como mecânico e 
predominava o pensamento determinista, sendo a natureza colocada como 
condição ou obstáculo para o desenvolvimento de uma determinada sociedade. 
Mas, a partir dos anos 60, o caráter preparatório provocado pelo processo 
industrial foi enfatizado por diversos autores. 
Miltom Santos (1996), por sua vez, enfatizou o papel do Capitalismo 
Tecnológico e seu impacto no meio natural. Destacou que, hoje a natureza 
sofre, antes de qualquer coisa, um processo de instrumentalização, tornando-
se um processo social e, com isso “desnaturalizada”, o meio natural sempre 
esteve em pauta no debate ambiental, mas hoje a Ecologia e outras ciências 
são influenciadas pelo surgimento de novos paradigmas e o debate ambiental 
com mais vigor. 
A ciência e a tecnologia desenvolveram-se muito rapidamente a partir do 
início do século XX e a intensificação da atividade industrial tornou suas técnicas 
de produção cada vez mais sofisticadas e foram multiplicadas ocupando 
território físico e comprometendo cada vez mais o meio ambiente. 
A tecnologia avança e a industrialização segue junto, com isso 
provocando mais riscos a vida humana. Ao lado do crescimento industrial existe 
a pressão econômica para dela (indústria) tirar mais lucro e desempenho. 
Explorando, muitas vezes, sem nenhum controle ou prevenção, as riquezas da 
terra por ordem de um capitalismo egocêntrico em sua forma de produzir. Esses 
fatos constatados atualmente afetam diretamente o meio ambiente, muitas 
vezes provocando impactos negativos, irreversíveis ou de difícil recuperação. 
Hoje os riscos produzidos se alastram em quase todas as dimensões da 
vida humana, obrigando-nos a rever a forma como agimos em relação meio 
5 
 
 
ambiente. O consumismo leva a nos questionar sobre os hábitos de consumo e 
a maneira como a produção disso está sendo alimentada pelo próprio meio 
ambiente. As novas tecnologias industriais proporcionam inúmeras 
comodidades para nosso bem estar. No entanto, devemos ter a consciência dos 
riscos que essas novas tecnologias provocam no ambiente e a gravidade da 
situação. 
Os riscos em curto prazo são absorvidos pela própria natureza, mas a 
preocupação maior é com a própria capacidade de espaço físico para suportar 
tantos dejetos industriais. O perigo provocado pela industrialização do mundo 
faz surgir movimentos de resistência e conscientização (educação, informação 
ecológica) no sentido de se criar normas e organismos que possam controlar 
riscos presentes e muito especialmente a noção relacionada com o futuro 
ambiental da humanidade. 
Na atualidade os riscos estão mais relacionados com os acidentes ou 
com abusos humanos. A não ser os eventos naturais de grande porte, os demais 
riscos podem-se prevenir ou serem evitados até certo grau. 
Alguns acontecimentos marcantes no século XX auxiliaram numa tomada 
de consciência sobre os riscos da industrialização e do uso indiscriminado da 
tecnologia. Vamos relembrar alguns desses fatos para melhor analisarmos todo 
o impacto de destruição e danos ambientais que a indústria causa no espaço 
físico em que habitamos, transformando e alterandoa ecologia natural que 
responde pelo processo de vida tanto vegetal, como animal. 
Desde o inicio da Revolução Industrial, Londres foi a primeira grande 
preocupação com o potencial técnico científico destrutivo da humanidade e do 
meio ambiente. No final da Segunda Guerra, com o lançamento da bomba 
atômica sobre Hiroshima e Nagasaki, causando a morte de milhares de 
pessoas, o mundo ficou chocado e surpreendido com o potencial de destruição 
que havia se atingido com o crescimento tecnológico e industrial. 
Entretanto, a verdadeira tomada de consciência ecológica, começou com 
a percepção de que o planeta estava sendo permanentemente danificado, 
quando no final da década de 1950 e o Japão estava passando por um rápido 
processo de industrialização. Nessa época, na Baía de Minamata, as pessoas 
6 
 
 
ainda viviam como há centenas de anos, tiravam o alimento do mar e comiam 
peixe fresco diariamente. 
O primeiro sinal de alerta e de que havia alguma coisa errada, foi notado 
através dos gatos que, também comiam peixes, começaram agir 
estranhamente, com ataques e tremores seguidos de morte. Algumas pessoas 
começaram a apresentar os mesmos sintomas. As crianças estavam nascendo 
com o cérebro danificado. Tomiji Matsuda nasceu cego e com o cérebro 
defeituoso, tornando-se mais tarde um símbolo do movimento ecológico. Os 
médicos suspeitaram inicialmente que se tratava de envenenamento por metal 
e chamaram o fenômeno de “doença de Minamata”. Não existia nenhum tipo de 
veneno na Baía antes que uma indústria tivesse se instalado na vila – a Chiso 
Corporation. A fábrica continuou poluindo, matando e deformando gente e 
animais por mais dez anos. Os japoneses, assim como a maioria das pessoas 
no final dos anos 50, relacionavam fumaça e lixo com progresso, prosperidade 
e geração de empregos, e o Japão estava tentando acompanhar o ritmo de 
industrialização da Europa Ocidental e da América do Norte. Na época, o 
problema de Minamata ainda era considerado simplesmente um fato local. 
Outro caso marcante a ser relatado foram os efeitos negativos da 
industrialização no campo, onde os pesticidas pareciam vencer para sempre os 
problemas das pragas. Até que, em 1962, a bióloga Rachel Carson lançou, nos 
Estados Unidos, o livro “Silent Spring”, dizendo os perigos causados pelos 
inseticidas e pesticidas. Carson afirmava que os produtos químicos matavam os 
insetos e pragas prejudiciais, mas também os benéficos destruíam o solo e 
envenenavam as pessoas. 
Apesar dos ataques contra Carson, esta recebeu apoio público e seu livro 
virou um fenômeno nos Estados Unidos, vendendo mais de seis milhões de 
exemplares e chamando a atenção das autoridades para o problema. 
O aviso para o perigo dos produtos químicos acontecia quando os países 
industrializados estavam ficando mais dependentes do petróleo. No final dos 
anos 60, um enorme derramamento de óleo na costa oeste da Inglaterra chocou 
o mundo, sendo exibido na televisão o horrível espetáculo de animais morrendo 
atingidos pelo petróleo e de praias contaminadas pelo vazamento. O mais grave 
7 
 
 
derramamento de óleo aconteceu no Alasca, em 1989, quando o navio Exxon 
Valdez se chocou com um rochedo. O casco se rompeu e deixou vazar 40 
milhões de litros de petróleo, atingindo uma área ambiental de 250 km². 
Os grandes acidentes em prejuízo do meio ambiente continuaram 
acontecendo por toda a metade do século XX. Em dezembro de 1984, a cidade 
de Bhopal, na Índia, foi contaminada por 40 km2 de gás tóxico. Cerca de 200 
mil pessoas ficaram queimadas ou cegas, 10 mil morreram na hora e até hoje 
as vitimas sobreviventes apresentam problemas respiratórios ou no aparelho 
digestivo. A causa foi um acidente na fábrica de pesticidas Union Carbide, 
multinacional com sede nos Estados Unidos. 
As chuvas ácidas também se tornaram comuns perto das grandes 
concentrações industriais e urbanas do mundo, poluindo os Grandes Lagos da 
América do Norte e os Lagos Alpinos. Em abril de 1986, ocorreu o maior 
acidente nuclear na Usina Nuclear de Chernobil, localizada na Ucrânia, então 
parte da União Soviética. É considerado o pior acidente da história da energia 
nuclear, produzindo uma nuvem de radioatividade que atingiu a União Soviética, 
Europa Oriental, Escandinávia e Reino Unido. Grandes áreas da Ucrânia, 
Bielorrússia e Rússia foram muito contaminadas, resultando na evacuação e 
reassentamento de aproximadamente 200 mil pessoas. É difícil precisar o 
número de mortos causados pelos eventos de Chernobil, devido ás mortes 
esperadas por câncer, que ainda não ocorreram e são difíceis de atribuir 
especificamente ao acidente. Um relatório da ONU de 2005 atribuiu 56 mortes 
até aquela data – 47 trabalhadores e 9 crianças com câncer de tireóide – e 
estimou que cerca de 4000 mil pessoas morrerão de doença relacionada com o 
acidente. O Greenpeace, entre outros contesta a conclusão do estudo. 
O governo soviético procurou esconder o ocorrido da comunidade 
mundial, até que a radiação em altos níveis foi detectada em outros países. 
Estes são acidentes de proporções que abalaram e proporcionaram ao 
mundo a necessidade da tomada de consciência adequando melhor o 
crescimento tecnológico e industrial, estabelecendo normas mais rígidas com 
relação ao uso e exploração do meio ambiente, com a finalidade de prevenir e 
precaver as eventuais calamidades que possam vir acontecer. 
8 
 
 
Acidentes de menores proporções acontecem no mundo às centenas, 
todos eles transformando de forma negativa o meio ambiente natural. 
 
Evolução do pensamento e do movimento 
ambiental no mundo 
 
Andrade, 2001, citando McCornick, mostra que o pensamento ambiental 
evoluiu à proporção do desenvolvimento das ciências, ocorrido ao longo da 
história da civilização. Há registros históricos do mau gerenciamento dos 
recursos naturais desde o século I, como por exemplo, os relatos de que, em 
Roma, já nessa época, começaram a ocorrer quebras de safras de culturas e 
erosão do solo. 
A autora enfatiza que foi em Londres, em 1306, que ocorreu a primeira 
ação legal registrada na história, que teve como objetivo a normatização e a 
atuação sobre o uso do meio ambiente, quando o Rei Eduardo I fez uma 
proclamação real sobre o uso de carvão em fornalhas abertas. Nessa época, era 
comum o uso das fornalhas, que ajudavam a diminuir o frio em áreas públicas, 
ao ar livre, poluindo o ar. O Rei Eduardo estabeleceu critérios para essa prática, 
punindo com multas quem a violasse. 
Na visão da autora, com o avanço da Ciência, aliado à técnica, teve início 
em 1750, a Revolução Industrial, “com todas as consequências negativas em 
relação às formas de exploração dos recursos naturais e humanos, cuja 
consequência de longo prazo, são hoje visíveis nos problemas ambientais 
contemporâneos”. Andrade diz que foi após a segunda Guerra Mundial, em 
1945, que houve a proposta de uma sociedade organizada sob os fundamentos 
de uma engenharia comportamental, com o lançamento do livro Uma Sociedade 
para o Futuro, escrito por Shinner - estava lançado o desafio de se pensar em 
um modelo social onde os recursos naturais fossem valorizados. A autora 
esclarece que “o livro só se tornou mais conhecido a partir da década de 60, 
quando o mundo começou a enfrentar o esgotamento dos recursos naturais, a 
9 
 
 
poluição ambiental, a ideia de superpopulação e a possibilidade do holocausto 
nuclear”. 
E Andrade, 2001, citando Nascimento e Silva, faz lembrar que foi em prol 
das baleias que foi dado a primeira orientação sobre ações que possam 
prejudicar as futuras gerações, através da Convenção Internacional para 
Regulamentação da Pesca da Baleia que, reconhecendo o interesse das 
nações, em proveito das gerações futuras de salvaguardar as grandes fontes 
naturais representadas pela espécie baleeira, iniciou, em 1946, o 
disciplinamento da caça às baleias – um grito de socorro ao mamíferomarinho: 
Salvem as Baleias! 
A mesma fonte diz que não só esses mamíferos precisavam de proteção: 
a intensificação do tráfego de navios gerou problemas de poluição que provocou 
a redução do potencial pesqueiro. Para discutir o assunto e buscar soluções, foi 
realizada, em Londres, no ano de 1954, a Convenção Internacional para a 
Prevenção da Poluição do Mar por Óleo, onde foi assinado o primeiro tratado 
contra a poluição, em defesa do meio ambiente. 
Rosa, 2001, por sua vez, fala que a consciência ambiental, em âmbito 
mundial, começou a crescer na década de 60, motivada por uma série de 
eventos relacionados com o meio ambiente, como a publicação do livro A 
Primavera Silenciosa, considerado um clássico do movimento ambientalista, de 
autoria da jornalista americana Rachel Carson. A fonte diz que na publicação, de 
1962, a autora denuncia a diminuição da qualidade de vida devido ao excesso 
de produtos químicos na produção agrícola, prejudicando a saúde e o meio 
ambiente. 
Almeida, 1999, lembra que seis anos depois desse episódio, 30 pessoas 
de dez países diferentes, entre cientistas, educadores, economistas, 
humanistas, industriais e funcionários públicos discutem, numa reunião na 
Academia de Linci, em Roma, sobre a crise e os dilemas da humanidade, como 
a pobreza, a deterioração do meio ambiente o crescimento desordenado. Estava 
criado o Clube de Roma, que divulgou, em l971, Limites do Crescimento – um 
alerta, mostrando que o consumo desenfreado da sociedade, a qualquer custo, 
levaria a humanidade a um colapso. 
10 
 
 
O estudo, segundo a mesma fonte, basicamente previa que, no século 
XXI, a humanidade se defrontaria com graves problemas de falta de recursos e 
níveis elevados de poluição, se os aumentos populacional e industrial, com a 
consequente superutilização dos recursos naturais, continuassem no mesmo 
ritmo. 
Ainda segundo o mesmo autor, o Clube de Roma apontou como solução 
uma política mundial de contenção do crescimento, denominado Crescimento 
Zero. Seria um crescimento planejado, para que fossem atendidas as 
necessidades básicas de toda a população. “Os países subdesenvolvidos 
entenderam que, de um modo geral, na prática, tal política representava sua 
manutenção no subdesenvolvimento tecnológico e social”. 
Na visão de Leite e Medina, citados por Andrade, 2001, a década de 70 
caracterizou-se pela tentativa do controle da poluição. Foi também na década de 
70 que surgiram os primeiros movimentos ambientalistas, denominados, na 
década de 80, de Organizações Não Governamentais (ONGs) e aconteceu um 
marco histórico na discussão das questões ambientais: a Conferência das 
Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, também conhecida 
como Conferência de Estocolmo, realizada em l972, em Estocolmo, na Suécia, 
- primeira conferência, ao nível mundial, com a participação de 113 países, onde 
foram discutidos, especificamente, temas ambientais. Os autores enfatizam que 
a recomendação nº 96 da Conferência, reconhecia o desenvolvimento da 
Educação Ambiental como elemento crítico para o combate à crise ambiental do 
mundo. 
De acordo com Abreu (1997), “nessa Conferência, quando grande parte 
dos representantes dos países concluíram que deveria haver prudência no 
processo de industrialização para se evitar o processo de degradação no mundo, 
os representantes brasileiros acusaram os países desenvolvidos de desejarem 
limitar o desenvolvimento dos países pobres e afirmaram que a poluição era 
bem-vinda ao Brasil, pois os brasileiros precisavam de empregos, dólares e 
desenvolvimento”. 
Rosa, 2001, explica que na Conferência de Estocolmo foi citado, pela 
primeira vez, o termo ecodesenvolvimento (mais tarde transformado em 
11 
 
 
Desenvolvimento Sustentável), pelo professor Ignacy, que publicou, em l980, o 
livro “Ecodesenvolvimento – crescer sem destruir”, o qual passou a ser um marco 
referencial de uma alternativa de desenvolvimento econômico, pois relaciona, de 
forma definitiva, a necessidade do desenvolvimento contemplar a questão 
ambiental, não apenas como “um estilo tecnológico, mas subtendendo também, 
uma diferentes modalidade de organização social e um novo sistema de 
educação". 
Na mesma fonte, está registrado que, em cumprimento à recomendação 
do Conselho, aconteceu, em outubro de 1977, em Tbilisi (antiga União 
Soviética). A Primeira Conferência Intergovernamental em Educação Ambiental, 
organizada pela Unesco, em colaboração com o Programa das Nações Unidas 
para o Meio Ambiente (PNUMA). Para Rosa, a Conferência de Tbilisi ampliou o 
conceito de Meio Ambiente, quando compreende meio ambiente “não somente 
como meio físico biótico, mas, também, meio social e cultural, e relaciona os 
problemas ambientais com os modelos de desenvolvimento adotados pelo 
homem”. 
Na visão do autor, os conceitos de proteção ao Meio Ambiente 
começaram a se ampliar a partir da década de 80, quando acidentes, como o 
ocorrido em Bhopal, na Índia, em 1984, que tirou a vida de mais de duas mil 
pessoas, chocaram o mundo inteiro. Um alerta dos cientistas chamava a atenção 
para a redução da camada de ozônio, devido ao uso de clorofluorcarbono. O 
alerta levou 57 países a se reunirem no Canadá e assinar o Protocolo de 
Montreal, comprometendo-se a reduzir a produção de CFC pela metade, até o 
ano de 1999. A fonte diz também que no ano de 1990, o acordo foi ratificado 
pela Organização das Nações Unidas (ONU), com a adesão de 90 países, 
inclusive o Brasil, determinando o fim gradativo do CFC, até 2010. 
 
O meio ambiente e o desenvolvimento sustentável 
 
A conscientização sobre os problemas que afetam o meio ambiente age 
como fator preponderante para compatibilização da expansão dos meios de 
12 
 
 
produção de acordo com condições ambientais ideais. Sobre os aspectos 
ambientais, Ribeiro (1992) relata que “a responsabilidade social da empresa 
deveria voltar-se para a eliminação e/ou redução dos efeitos negativos do 
processo de produção e preservação dos recursos naturais, principalmente os 
não renováveis, através da adoção de tecnologias eficientes, 
concomitantemente ao atendimento dos aspectos econômicos”. 
Segundo Andrade, Tachizawa e Carvalho (2002), os gastos com proteção 
ambiental começam a ser vistos pelas empresas líderes, não primordialmente 
como custos, mas como investimentos no futuro e, paradoxalmente, como 
vantagem competitiva. 
Ribeiro (1992) comenta que a incorporação do conceito de 
“desenvolvimento sustentável” pelo meio empresarial pode se não reverter, ao 
menos amenizar a degradação do meio ambiente. Na perspectiva do 
desenvolvimento sustentável, a redução de agressões ambientais passa a ser 
considerada como meio de eliminação de custos e consequente melhoria do 
fluxo de rendimentos para a empresa. 
Nos últimos tempos muito tem se falado sobre desenvolvimento 
sustentável e sobre a forma como a relação entre indústria e meio ambiente 
precisa acontecer para evitar impactos negativos na natureza. É de suma 
importância, portanto, que os empresários da área entendam esse tema. 
A relevância do tema pode ser confirmada pelo fato de o Ministério do 
Meio Ambiente divulgar materiais sobre o assunto, tendo como base discussões 
que foram realizadas no evento Rio+20, em 2012. O evento, sediado no Rio de 
Janeiro, discutiu a renovação e o compromisso político com as questões que 
envolvem o desenvolvimento sustentável. 
Em suma, o desenvolvimento sustentável se caracteriza pela busca de 
meios para suprir as necessidades da sociedade atual sem comprometer as 
gerações futuras. Trata-se de atitudes que garantam que possamos continuar 
produzindo bens de consumo sem que a natureza seja prejudicada. 
Para que isso aconteça, é necessário que haja uma harmonização entre 
as atividades econômicas, produtivas e sociais. As indústrias necessitam 
13 
 
 
trabalhar para buscar meios de produzir, poluindomenos, sem eliminar resíduos 
nos mares e rios, por exemplo. 
Campanhas de reciclagem, como as de embalagens retornáveis, também 
devem ser promovidas pelas empresas. Dessa maneira, diminui-se a 
necessidade por mais matéria-prima e também se cria um senso de coletividade 
entre os consumidores. 
 
Principais Problemas Ambientais Associados ao 
Setor Industrial 
 
A poluição é sem dúvida uma das externalidades negativas mais 
marcantes do modo de produção e consumo da sociedade moderna, que tem a 
indústria como uma de suas características dominantes. 
A possibilidade de ocorrência de poluição acidental por eventos não 
previstos, como derramamentos, vazamentos e emanações não controladas, 
assim como a contaminação ambiental por lançamentos industriais de gases, 
material particulado, efluentes líquidos e resíduos sólidos, é particularmente 
crítica nas áreas que combinam indústria e baixa prevenção. 
Outro aspecto a ser destacado refere-se ao consumo de energia e de 
recursos naturais pelo setor industrial. Houve incentivos governamentais para a 
implantação no país de determinados tipos de indústrias eletro-intensivas, como 
ferro, cloro-soda, celulose e alumínio, que respondem por 40% da demanda 
industrial brasileira por energia (Câmara Dos Deputados; Cmads; Frente 
Parlamentar Ambientalista, 2012). Conforme o Prof. Célio Bermann (O ECO, 
2013), os setores de cimento, siderurgia, alumínio, química, ferro-liga e 52 
papel/celulose respondem pelo consumo de 30% da energia no Brasil. Além 
disso, considera-se relevante abordar o consumo de carvão para siderurgia, que 
constitui um dos fatores de degradação das florestas nativas no país. 
Pode-se considerar, grosso modo, a evolução da preocupação ambiental 
em relação às indústrias como tendo ocorrido em fases. Inicialmente, o foco foi 
14 
 
 
a poluição do ar, em decorrência das graves condições que existiam em 
Cubatão, na Baixada Santista (SP) e também na região metropolitana de São 
Paulo. Quase em paralelo, também teve início a atenção com a poluição das 
águas. Mas apenas nas últimas décadas começou a ficar evidente em nosso 
país outra forma de degradação por atividades industriais: a inadequada gestão 
dos resíduos perigosos por elas gerados. Por fim, a contribuição do setor 
industrial para o efeito estufa e o aquecimento global é uma externalidade ainda 
não devidamente considerada. 
Para cada um desses aspectos serão apresentados alguns exemplos, que 
ilustram o problema e sua evolução, sempre que os dados disponíveis 
permitirem. 
 
Meio ambiente e competitividade 
 
As questões relacionadas à competitividade e meio ambiente ganharam 
importância crescente no final dos anos 80. Com a intensificação do processo 
de globalização financeira e produtiva da economia mundial, e o consequente 
aumento dos fluxos de comércio internacional, as barreiras tarifárias foram 
paulatinamente substituídas por barreiras não tarifárias. Os países 
desenvolvidos passam a impor barreiras não tarifárias ambientais – “barreiras 
verdes” –, alegando que os países em desenvolvimento possuem leis ambientais 
menos rigorosas que as suas, o que resultaria em custos mais baixos – também 
chamado de dumping ecológico – e, consequentemente, menores preços 
praticados no mercado internacional. 
Os países em desenvolvimento estão sujeitos às “barreiras verdes”, pois 
os novos padrões globais de gestão ambiental estão baseados no ciclo de vida 
do produto. Dentre as diversas etapas do ciclo de vida do produto estão incluídos 
a extração das matérias- primas e os processos e métodos de produção (PPMs), 
que causam impactos ambientais como, por exemplo, a poluição industrial. Esta 
última está diretamente relacionada à escala da atividade industrial e à 
composição setorial da produção, ou seja, o padrão de especialização da 
15 
 
 
indústria, seu nível de atividade e sua localização são determinantes da carga 
de poluição industrial de um país. 
A maneira pela qual a imposição de normas ambientais afeta a 
competitividade das empresas e setores industriais é percebida de forma 
distinta. Por um lado, a imposição de normas ambientais restritivas pelos países 
desenvolvidos pode ser uma forma camuflada de protecionismo de 
determinados setores industriais nacionais, que concorrem diretamente com as 
exportações dos países em desenvolvimento. Por outro lado, essas mesmas 
normas estariam prejudicando a competitividade das empresas nacionais, pois 
implicariam em custos adicionais ao processo produtivo, elevando os preços dos 
produtos e resultando na possível perda de competitividade no mercado 
internacional. 
A relação entre competitividade e preservação do meio ambiente passou 
a ser objeto de intenso debate, que se polarizou em duas vertentes de análise: 
a primeira acredita na existência de um trade-off, no qual estariam, de um lado, 
os benefícios sociais relativos a uma maior preservação ambiental, resultante de 
padrões e regulamentações mais rígidos; de outro lado, tais regulamentações 
levariam a um aumento dos custos privados do setor industrial, elevando preços 
e reduzindo a competitividade das empresas. As regulamentações são 
necessárias para melhorar a qualidade ambiental, mas são igualmente 
responsáveis pela elevação de custos e perda de competitividade da indústria. 
Opondo- se a esta visão, a segunda vertente de análise vislumbra 
sinergias entre competitividade e preservação do meio ambiente. Chamada pela 
literatura (Jaffe et al., 1995; López, 1996; Albrecht, 1998; Lanoie e Tanguay, 
1998; Nordström e Vaughan, 1999; Sinclair- Desgagné, 1999) de hipótese de 
Porter – baseada nos artigos de Michael Porter e Class van der Linde (1995a e 
1995b) –, o argumento é que a imposição de padrões ambientais adequados 
pode estimular as empresas a adotarem inovações que reduzem os custos totais 
de um produto ou aumentam seu valor, melhorando a competitividade das 
empresas e, consequentemente, do país. Assim, quando as empresas são 
capazes de ver as regulamentações ambientais como um desafio, passam a 
desenvolver soluções inovadoras e, portanto, melhoram a sua competitividade. 
Ou seja, além das melhorias ambientais, as regulamentações ambientais 
16 
 
 
também reforçariam as condições de competitividade iniciais das empresas ou 
setores industriais. 
Com vários exemplos de setores e empresas que sofreram pressões para 
tornarem seus produtos e/ou métodos de produção ambientalmente corretos, 
Porter e van der Linde argumentam que as inovações adotadas para cumprir 
com as regulamentações ambientais fazem com que as firmas utilizem seus 
insumos – matérias- primas, energia e trabalho – de modo mais produtivo, 
reduzindo custos e compensando os gastos com os investimentos ambientais. 
O argumento central é que a imposição de regulamentações ambientais 
adequadas podem induzir a inovações que irão, em parte ou mais do que 
totalmente, compensar os custos de adequar- se a tais padrões. Assim, a 
preservação ambiental está associada ao aumento da produtividade dos 
recursos utilizados na produção e, consequentemente, ao aumento da 
competitividade da empresa. 
O aumento da produtividade dos recursos é possível porque a poluição é, 
muitas vezes, um desperdício econômico. Resíduos industriais sejam sólidos, 
líquidos ou gasosos, podem ser reaproveitados em diversos casos, utilizando os 
para a cogeração de energia, extraindo substâncias que serão reutilizadas e 
reciclando materiais. Ao analisar o ciclo de vida do produto, há também outros 
desperdícios, como o excesso de embalagens e o descarte de produtos que 
requerem uma disposição final de alto custo. Tanto o desperdício dos resíduos 
industriais quanto os desperdícios ao longo da vida do produto estão embutidos 
nos preços dos produtos, fazendo com que os consumidores paguem, sem 
perceber, pela má utilização dos recursos. É neste sentido que a utilização mais 
racionaldos recursos, somente possível através de inovações, pode aumentar a 
produtividade e tornar a empresa mais competitiva: pela redução de custos e/ou 
pela melhoria de seus produtos – pelos quais os consumidores estariam 
dispostos a pagar mais. 
O aumento dos custos e a perda de competitividade, atribuídos à 
preservação ambiental estão, em geral, associados às soluções do tipo end-of-
pipe (EOP) – ou tratamento de final de linha – que são ações mais eficientes da 
empresa no tratamento da poluição que já ocorreu. Neste caso, as substâncias 
tóxicas são tratadas antes de serem lançadas no meio ambiente – controle da 
17 
 
 
contaminação – incluindo também as atividades de restauração do ambiente 
degradado (clean-up), tornando inofensivas substâncias tóxicas já presentes no 
ecossistema. 
Outro tipo de solução para os problemas de poluição ambiental é a 
pollution prevention (PP), que inclui a adoção de tecnologias mais limpas, 
melhoria na eficiência produtiva através de gestão inovadora, redução da 
geração de resíduos e reciclagem de subprodutos do processo produtivo que 
eram considerados resíduos. Ou seja, o enfoque PP prevê mudanças nas 
tecnologias adotadas e nas formas de gestão empresarial, sendo soluções mais 
definitivas, que reduzem efetivamente a quantidade de emissões e resíduos, 
aumentando a produtividade dos recursos – ocorre simultaneamente uma 
redução do impacto ambiental e uma melhoria do produto e/ou processo 
produtivo. 
Devido às especificidades dos problemas ambientais, há um consenso em 
torno da necessidade de políticas ambientais. A divergência está nos tipos e 
quantidades de regulamentações e instrumentos a serem utilizados, bem como 
no grau de restrição a ser imposto – regulamentações mais restritas ou mais 
frouxas. Porter e van der Linde (1995b) argumentam que não é qualquer tipo de 
regulamentação que levará a solução do tipo PP, mas sim as boas 
regulamentações, que induzem as firmas a inovarem, aumentam a produtividade 
dos recursos e melhoram a competitividade. Elas produzem como efeito colateral 
o aumento da competitividade dos fornecedores de equipamentos e serviços 
ambientais. 
Numa pesquisa realizada junto a empresas produtoras de equipamentos 
e serviços ambientais no Brasil (Tigre,1994), a regulamentação ambiental foi 
apontada como o principal fator que induz a indústria a adotar soluções para os 
problemas relativos ao meio ambiente. A influência das regulamentações 
governamentais para a expansão do mercado de tecnologias ambientais é 
bastante significativa. Os fornecedores desse mercado, além de terem a 
segurança de uma demanda contínua para seus produtos e serviços, passam a 
ocupar nichos de mercado, auferindo lucros superiores. 
18 
 
 
Como observado na seção anterior, devido ao alto potencial poluidor da 
produção industrial brasileira, as exportações brasileiras são passíveis de 
restrições comerciais de caráter ambiental. Os efeitos de tais medidas sobre a 
competitividade têm dois aspectos. O primeiro, de curto prazo, torna a 
competitividade sensível ao aumento de custos. Na medida em que um 
percentual significativo da pauta de exportações é composto de commodities, os 
exportadores são tomadores de preço (price-takers) e um aumento de custos 
devido às imposições de padrões ambientais mais rígidos pode representar 
redução nos lucros dos exportadores, pois a possibilidade para competição via 
diferenciação de produtos é bastante reduzida. 
Entretanto, numa perspectiva dinâmica e de longo prazo, as medidas 
comerciais com finalidade de preservação ambiental podem aumentar a 
competitividade das empresas, como propõe a hipótese de Porter. Ou seja, as 
firmas passam a eliminar desperdícios, viabilizam economicamente um 
subproduto considerado rejeito industrial e ficam mais sensíveis às inovações, 
aumentando a produtividade, reduzindo custos, melhorando seus produtos e 
tornando- se mais competitivas. 
 
A indústria brasileira e o meio ambiente 
 
A industrialização brasileira foi marcada por um relativo descaso com a 
questão ambiental, resultando na participação elevada de setores 
potencialmente poluidores na composição do produto industrial. Entre 1981 e 
1999, o crescimento das indústrias de alto potencial poluidor foi superior ao da 
média geral da indústria. 
Esta constatação encontra explicações no processo de industrialização 
brasileiro, que foi “... resultado do atraso no estabelecimento de normas 
ambientais e agências especializadas no controle da poluição; da estratégia de 
crescimento associada à industrialização por substituição de importações, 
privilegiando setores intensivos em emissão; e da tendência de especialização 
do setor exportador em atividades potencialmente poluentes”. 
19 
 
 
O II Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND) veio complementar o 
processo de industrialização com setores de elevado potencial poluidor, 
incentivando a instalação de polos petroquímicos, de indústrias metalúrgicas e 
produtoras de celulose, de usinas nucleares, entre outros. O esforço exportador 
do início da década de 1980 baseou-se nos setores implantados no II PND, 
aumentando a produção industrial de alto potencial poluidor. Este perfil não foi 
alterado com a abertura comercial do final daquela década. 
Por outro lado, o processo concorrencial das empresas nas economias 
capitalistas gera uma necessidade de diferenciação permanente em relação aos 
seus concorrentes. A busca desta diferenciação passa pelo processo de 
inovação – ao ter o domínio de uma nova técnica de produção ou de um novo 
produto, a empresa passa a auferir vantagens econômicas, sejam lucros 
extraordinários ou manutenção de sua parcela de mercado. 
As inovações podem ser técnicas ou organizacionais. As primeiras 
referem-se a introdução de um novo processo, produto, sistema ou 
equipamento, ou seja é a elaboração de novos princípios técnicos. As segundas 
são mudanças na forma de organização, nas políticas, nas tarefas, nos 
procedimentos e nas responsabilidades – é a introdução de novas rotinas de 
trabalho, procedimentos administrativos, relações intra-organizacionais, práticas 
gerenciais e relacionamento com os grupos de interesse. 
Na medida em que a preservação do meio ambiente tornou-se um fator 
de diferenciação para as empresas, caracterizando-se como uma oportunidade 
de negócios, surgiu a possibilidade de incluir preocupações ambientais em suas 
estratégias empresariais, por meio de práticas ecologicamente mais adequadas 
– adoção de tecnologias ambientais, implantação de sistema de gestão 
ambiental, racionalização do uso dos recursos naturais, entre outros. 
As tecnologias ambientais podem ser definidas como o conjunto de 
conhecimentos, técnicas, métodos, processo, experiências e equipamentos que 
utilizam os recursos naturais de forma sustentável e que permitem a disposição 
adequada dos rejeitos industriais, de forma a não degradar o meio ambiente – 
também chamadas de tecnologias ambientalmente saudáveis. Elas são obtidas 
por meio das inovações ambientais, ou seja, da introdução de novos 
20 
 
 
procedimentos técnicos e organizacionais, no âmbito da produção industrial, que 
levam à maior proteção do meio ambiente. 
É importante definir os termos tecnologia limpa, tecnologia ambiental e 
tecnologia poupadora de recursos naturais. O termo tecnologia ambiental é mais 
abrangente e é utilizado para definir tecnologias que são direcionadas para a 
melhoria do meio ambiente, logo incluindo as tecnologias mais limpas e as 
poupadoras de recursos naturais e as que despoluem o ambiente. São elas: 
 tecnologias para despoluir o ambiente – são consideradas tecnologias de 
remediação, em geral são tecnologias utilizadas depois que a poluição já 
ocorreu – filtros de chaminés para reduzir as emissões de material 
particulado, por exemplo; 
 
 tecnologias poupadoras de recursos naturais – são eco-eficientes,pois 
utilizam menos insumos, seja matérias-primas com base nos recursos 
naturais, seja energia – como a reciclagem das águas em processos 
industriais; 
 
 tecnologias mais limpas – são eco-eficientes, pois apresentam um coeficiente 
de emissões de poluentes por unidade de produto inferior à outra tecnologia 
anteriormente utilizada, requerendo alterações nos processos produtivos. 
Também podem ser consideradas tecnologias de prevenção da poluição; 
 
 tecnologias de controle – utilizadas para monitorar os níveis de emissões e a 
degradação dos recursos naturais, como satélites para identificar os 
desmatamentos e queimadas, e equipamentos de medição de emissões 
industriais. 
 
Essa classificação de tecnologias ambientais permite a melhor 
compreensão da abrangência do termo, não significando que são excludentes 
entre si; ao contrário, elas são muitas vezes complementares. Assim, o conceito 
de tecnologia ambiental é bastante amplo, podendo englobar, inclusive, 
tecnologias que não foram desenhadas exclusivamente com fins ambientais, 
21 
 
 
mas que podem gerar impactos ambientais positivos. São exemplos: os 
sistemas fabris inteligentes e a nanotecnologia – que reduziriam a demanda por 
recursos naturais e aumentariam o controle das externalidades ambientais 
negativas da produção – além da biotecnologia e dos novos materiais – capazes 
de reduzir o uso de pesticidas e substituir insumos de alto impacto ambiental, 
respectivamente. 
 
Os impactos das indústrias no meio ambiente 
 
A poluição causada pelas indústrias causa diversos impactos diretos no 
meio ambiente. Veja a seguir quais são os principais impactos ambientais. 
 Contaminação da água 
A atividade industrial é uma das maiores causadoras da poluição dos 
nossos corpos hídricos. Isso acontece porque indústrias grandes despejam 
toneladas de resíduos tóxicos em rios, o que acaba prejudicando o ecossistema 
e tornando a água imprópria para o consumo. 
Como resultado, além do desequilíbrio ambiental evidente, essa prática 
ainda traz sérios danos à saúde da população que vive próxima a esses locais 
recentemente contaminados. 
Como exemplo, para se ter ideia da dimensão do problema, um estudo 
recente mostrou que a poluição tomou conta de 70% das águas dos rios no 
Brasil. 
 Devastação de florestas 
O crescimento urbano e industrial também foi responsável pela 
devastação das florestas brasileiras, gerando desequilíbrio na fauna e flora. Com 
a redução da mata nativa, diversos animais e plantas foram extintos ao longo 
dos anos. Ainda existem espécies ameaçadas e que podem desaparecer do 
planeta muito brevemente. 
22 
 
 
Segundo reportagem do G1, apenas entre os anos de 2017 e 2018 houve 
um crescimento de 13,7% no desmatamento da Amazônia. Para 2020, esse 
número é mais alarmante ainda. Um estudo publicado no Jornal da USP de 7 de 
agosto de 2020, aponta para um crescimento de 34% no desmatamento da 
Amazônia de agosto de 2019 a julho de 2020. 
 Poluição do ar 
A poluição do ar também é pauta constante no embate entre indústria 
e meio ambiente, afinal, todos os dias são lançadas toneladas de gases tóxicos 
(óxido de enxofre, óxido de nitrogênio e monóxido de carbono) na atmosfera. 
Esses gases pioram a qualidade do ar que respiramos e são responsáveis por 
diversas doenças respiratórias, como bronquite, rinite e asma. 
Dados revelados pelo Ministério da Saúde mostram que as mortes no 
Brasil devido à poluição do ar aumentaram 14% nos últimos 10 anos, o que 
revela a relevância do tema. 
 Aquecimento global 
Para abordar esse assunto é importante ressaltar que existem dois tipos 
de efeito estufa: o natural e o artificial. Ao contrário do que muitas pessoas 
pensam, o efeito estufa natural é importante e vital para determinadas espécies, 
pois possui a função de manter a temperatura em níveis que permitam o seu 
desenvolvimento. 
Já o efeito estufa artificial, é o efeito resultante da atividade do ser 
humano, e que tem um impacto determinante no aquecimento da temperatura 
global. A maior e mais perceptível causa desse problema é o lançamento de 
gases tóxicos na atmosfera devido à utilização de petróleo, gás e carvão. A 
destruição das florestas tropicais também é um dos pontos que mais contribui 
para o quadro negativo. Todas essas transformações trazem impactos na forma 
de calor cada vez mais intenso, chuvas ácidas e mudanças climáticas. 
Como prova disso, podemos citar um relatório do IPCC, (sigla em inglês 
para Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), que revelou que 
8% das terras do Brasil já sofrem impactos de desertificação devido ao 
aquecimento global. 
23 
 
 
 
 Alteração da fauna e flora 
A poluição causada pelas indústrias não gera apenas prejuízos para os 
seres humanos, mas também para os animais e para a vegetação nativa de uma 
região. Exemplo disso pode ser visto na recente tragédia envolvendo o 
rompimento de uma barragem de empresa de mineração, na cidade de 
Brumadinho, em Minas Gerais. 
Diversas plantas morreram por conta do lamaçal e não há garantia que 
elas voltem a crescer na paisagem. O mesmo aplica-se aos animais, conforme 
mostra uma matéria produzida pelo jornal O Globo. 
A publicação mostra que testes realizados na região comprovaram que o 
derramamento dos rejeitos causou a morte de diversas espécies e também 
provocou mutações e anomalias em embriões de peixes. Segundo a mesma 
reportagem, a taxa de mortalidade dos animais foi de 100% próximo à mina. 
 Desequilíbrio da cadeia alimentar 
Tomando como exemplo ainda a tragédia de Brumadinho, um especialista 
foi entrevistado sobre o assunto em reportagem feita pelo Jornal da USP. 
Segundo ele, muitas espécies da vegetação serão extintas na região por conta 
do desastre. Isso ocasionará a falta de alimentos para os animais, que acabarão 
migrando para outras regiões, desequilibrando o biossistema. A grande 
migração de pássaros, por exemplo, causa o aumento da quantidade de insetos, 
o que, por sua vez, gera tendência à elevação de epidemias, visto que muitos 
desses insetos são transmissores de doenças. 
Dessa maneira, pode-se perceber um desequilíbrio na cadeia alimentar e 
um impacto no equilíbrio ambiental. Quando não existe a vegetação que alimenta 
os animais, eles podem deixar de existir. Todos esses problemas ao ecossistema 
afetam diretamente o desenvolvimento sustentável. 
 
24 
 
 
Gestão Ambiental x Tecnologias Limpas x 
Procedimentos Operacionais 
 
O que caracteriza as metodologias das normas é a exigência de 
padronização dos procedimentos. A estratégia adotada para a padronização de 
procedimentos operacionais é adotar a forma como as atividades já são 
executadas e introduzir a elas melhoramentos ao longo do tempo, ou seja, 
melhoria contínua. Esse método tem que ser criteriosamente avaliado, pois a 
indução ao risco de padronizar técnicas consagradas ao longo do tempo pode 
ser elevada a “forma correta” de executar atividades e, com isso, privilegiar 
processos e controles associados aos enfoques de fim de tubo e o atendimento 
da legislação (Furtado, 2000). 
Avaliar os procedimentos operacionais sob o ponto de vista ambiental é 
um grande apontador na retratação do estágio evolutivo de uma organização 
com relação a esta questão, uma vez que o esforço no sentido de minimizar a 
geração de resíduos está intimamente ligado as condicionantes da tecnologia 
do processo e a maneira como as operações são executadas. Tecnologias e 
procedimentos devem evoluir para composição de cenários progressivos e é o 
espaço ideal para minimização de resíduos através da otimização dos 
procedimentos operacionais (tecnologias limpas). 
A evolução das tecnologias e procedimentos reflete as mudanças de 
estratégias adotadas pelas organizações na medida em que se desenvolve 
processo de internalização da dimensão ambiental. Este processo evolutivo 
começa com a estratégia reativa,passa por um estágio intermediário que é a 
estratégia ofensiva e termina com a estratégia inovativa (Andrade, 1997). 
O comportamento das empresas diante das estratégias avaliadas por 
Andrade (1997) se estabelece da seguinte forma: 
Estratégia reativa: limita a um atendimento mínimo e relutante à 
legislação ambiental. Sua preocupação está voltada para incorporação de 
equipamentos de controle da poluição na fase final da produção. A questão 
ambiental é tida como um custo adicional e ameaça gravemente a 
competitividade empresarial. 
25 
 
 
Estratégia ofensiva: o principal foco é a prevenção da poluição, a redução 
do consumo de recursos e o cumprimento das exigências legislativas. Para isso 
são implantadas mudanças nos processos, produtos ou serviços visando uma 
boa imagem diante do mercado consumidor conectado às questões ambientais 
e, nesse mesmo contexto, deparam com a oportunidade de redução de custos 
da produção. 
Estratégia inovativa: sua integração é ilimitada entre as questões 
ambientais e de negócios. A dimensão ambiental é uma função de toda a 
administração e é encarada como uma oportunidade de desenvolvimento, 
produção e comercialização de produtos com mudanças substanciais de 
desempenho ambiental e gerenciamento dos ciclos de vida útil dos mesmos. 
A evolução na aplicação das etapas das estratégias citadas acima deve 
ter caráter bem definido e ser traduzidas em procedimentos padronizados 
compatíveis com os princípios e realidade de cada empresa, pois, do contrário, 
incorrerá no risco da obsolescência uma vez que a realidade é sempre mutável, 
o que não ocorre com o padrão. O norteador de uma PML está em prevenir a 
geração de resíduos e todos os desdobramentos quanto ao processo, produto, 
manejo do resíduo industrial, relacionamento com os clientes e fornecedores e 
a política ambiental da empresa (Furtado, 2010). 
 
Produção e métodos de reutilização dos resíduos 
industriais 
 
Como se pode observar, não basta conhecer a legislação ambiental para 
evitar danos ao meio ambiente, é necessária uma sociedade preocupada e 
voltada para objetivos comuns à população, com olhar crítico sobre as políticas 
de proteção ambiental. 
De acordo com Milaré (2004), é preciso crescer, sim, todavia de maneira 
planejada e sustentável, com vistas a assegurar a compatibilidade do 
desenvolvimento econômico-social com proteção da qualidade ambiental. Isto 
é condição para que o progresso se concretize em função de todos os homens 
26 
 
 
e não à custa do mundo natural e da humanidade, que com ele, está ameaçada 
pelos interesses de uma minoria. 
O autor ainda menciona que, assim como outros países em 
desenvolvimento, o Brasil precisa gerar riquezas para enfrentar os desafios para 
uma mudança social, em especial para enfrentar a evidente pobreza da 
população. Para isso seriam necessárias melhorias que permitissem condições 
mais dignas de vida, porém isto não pode estar baseado no “crescimento a 
qualquer custo”. Ou seja, há necessidade de estudos prévios e de debates para 
a implantação de políticas públicas. 
Muito se têm debatido sobre os projetos de destino final dos resíduos, em 
especial dos industriais, nos encontros e conferencias em busca de novas ideias 
e na tentativa de disseminá-los com o propósito de implantação. 
Depois que a Conferência de Kioto propôs o Mecanismo de 
Desenvolvimento Limpo (MDL), através do sequestro de carbono realizado 
pelas florestas, a sociedade não falou em outro assunto. Este fato trouxe novas 
formas de pensar sobre as emissões de poluentes, ocorrem posições 
concordantes e discordantes, porém não deixa de ser uma proposta que pode 
com o tempo sofrer alterações. O que importa é que ocorram discussões, das 
quais poderá surgir algo inovador para a problemática sobre os resíduos 
industriais. 
Neste sentido, são importantes as colocações feitas pelo colunista 
Washington Novaes, sobre o MDL, ao polemizar a respeito da ética de uma 
indústria poder continuar poluindo em seu país de origem e comprar créditos 
em outro. A preocupação do colunista é louvável, pois as indústrias podem 
migrar para outros países com normas mais amenas, ou mesmo interagir entre 
capitais nacionais, e assim escamotear o grau de comprometimento do país de 
origem e também da atividade realizada. Assim, a importância da polêmica, 
levantada por Novaes sobre a problemática dos resíduos industriais, mesmo os 
que não são mensuráveis, está na necessária busca de alguns critérios - 
visíveis, sensíveis ou palpáveis – para o direcionamento e a acomodação de 
atividades industriais. Em consequência disso, se poderá pensar o que fazer 
com os resíduos produzidos pelas indústrias. 
27 
 
 
Em busca da sustentabilidade, é importante toda e qualquer discussão, 
já que o tema é merecedor de reflexão de diferentes segmentos. Entretanto, 
existem especificidades que precisam ser observadas, como a diversificação 
das atividades industriais, pois cada atividade produz diferentes tipos de 
resíduos, mesmo entre as indústrias que produzem a mesma linha de produtos 
é possível observar resultados diferentes relacionados à quantidade e qualidade 
dos resíduos. 
Sabe-se que o tempo de vida útil dos produtos industrializados, já 
disponibilizados como resíduos, pela sociedade, podem ser variados: “o papel 
de 3 a 6 meses; tecido 6 meses a 1 ano; filtro de cigarro 5 anos; madeira pintada 
13 anos; nylon mais de 30 anos; plástico e metal mais de 100 anos; vidro 1 
milhão de anos; borracha tempo indeterminado” (Ministério do Meio Ambiente 
2005). 
Diante disso, é necessária a adoção de métodos de reutilização para 
diminuir o uso intensivo de matéria-prima. A reciclagem pode evitar o 
desperdício de objetos reutilizáveis que são dispostos em ambientes 
inadequados ou mesmo ocupam espaços valiosos. Além disso, a implantação 
de aterros sanitários tem sido constantemente objeto de protestos no país, o 
que torna ainda mais urgente à adoção da reciclagem. 
O produto final da indústria também recebe o nome de mercadoria, 
passível de troca e venda dentro da cadeia produtiva. Assim, é importante o 
reaproveitamento dos resíduos como forma de adquirir renda, tanto para a 
própria indústria como para os trabalhadores envolvidos no comércio da 
reciclagem. 
Ressaltamos que o mais importante método de manejo de resíduo seria 
o de zero produto, ou seja, a produção sem gerar resíduo, isto significaria o 
aproveitamento máximo da matéria prima e resultaria em economia e 
preservação da água, do ar e do solo. 
Em 1970, um inquérito feito pela EPA - Environmental Protection Agency 
- EUA, revelou que 32,6 ou 1/3 de todos os cursos de água americanos estavam 
persistentemente poluídos. Os principais poluidores eram as minas 
representando 60% da poluição total. Os despejos agrícolas representavam 
28 
 
 
23% e as águas residuárias industriais 9%. Os esgotos municipais com 8% 
vinham em seguida aos despejos industriais, mas muitas indústrias lançavam 
seus efluentes na rede municipal de esgoto dificultando a avaliação, a fração 
representada pela contribuição industrial. (Braile, 1979) 
O autor demonstra que as preocupações não se resumem apenas aos 
resíduos industriais e sua diversidade, entretanto, mostra as ações que praticam 
algumas indústrias que escamoteiam suas atividades ao lançarem de forma 
irregular os efluentes na rede municipal. 
Atualmente, as preocupações, em relação aos resíduos industriais, estão 
mais voltadas para as indústrias que geram resíduos orgânicos sintéticos e 
metais pesados, principalmente a partir do fim da 2º Guerra Mundial com a 
expansão acelerada da indústria petroquímica. A questão destes resíduos 
tornou-se complexa, após esse período, pois são considerados altamente 
perigosos os quais devem ser estabilizados antes de serem lançados na rede 
municipal de tratamento. As análises desses dejetos precisam ser realizadas 
porempresas especializadas que informarão, através de um laudo. 
Portanto, se os órgãos responsáveis pela fiscalização e anuência dessas 
atividades “forem flexíveis” poderão ocasionar sérios problemas ambientais. Em 
Londrina, por exemplo, a indústria encaminha para a SANEPAR os resultados 
de análises de efluentes realizadas por empresas ou laboratórios credenciadas. 
De posse desses relatórios, a SANEPAR vai averiguar in loco e emitirá laudo 
para que a indústria, produtora dos resíduos, possa ou não despejar água 
residuária na rede coletora da SANEPAR. 
Outro segmento de resíduos industriais refere-se aos particulados 
lançados no ar, estes, via de regra, são originados pelo processo de 
incineração. A mistura de vários elementos pode alterar a toxidade da fumaça 
gerando impactos muito maiores, o que pode ser detectado através de análises 
desenvolvidas pelo processo de pontualidade. Assim, as substâncias devem 
passar antes por processo de purificação, ou seja, mesmo na incineração são 
necessários alguns cuidados. 
Quanto aos incineradores, os autores supracitados afirmam que as 
cinzas devem ser manipuladas com cuidado e estocadas adequadamente, pois 
29 
 
 
possuem resíduos tóxicos, assim não podem ser depositadas em aterro sem 
tratamento devido. A referida manipulação está relacionada ao 
acondicionamento das cinzas em recipientes apropriados como tonéis ou 
ensacadas, dependendo do tipo de resíduo gerado. 
Também mencionado pelos autores, outro método comumente utilizado 
na tecnologia “limpa” é a chamada Tocha a Plasma que, a base de eletricidade 
e gás ionizado, resulta na fusão completa dos elementos. Dessa fusão resulta 
um produto liquefato que, depois de resfriado tem o aspecto de vidro. O 
investimento na instalação é alto, porém o custo do tratamento em si não é maior 
do que o da incineração comum. A incineração não é considerada o melhor 
método, pois produz resíduos particulados, o ideal seria o maior aproveitamento 
dos materiais e resíduos. 
Os aterros ou centro de estocagem técnica que recebem as descargas 
industriais, as quais não mais são as descargas brutas, seria uma saída para 
que não houvesse dúvida a respeito do destino desses resíduos. Porém, os 
mesmos devem ser construídos e, esse é um dos dilemas da sociedade, 
ninguém quer a construção dos mesmos em áreas próximas ao seu labor 
cotidiano. 
As soluções para os problemas de impactos ambientais, causados pelos 
resíduos industriais, estão nas políticas ambientais, na consciência dos 
empreendedores e também na adoção de novas metodologias, como o 
comércio de produtos para reciclagem, o que contribuiria com o lado social 
criando perspectivas de empregos informais. Entretanto, existem empresários 
que insistem em manter-se na obscuridade, ou talvez na ignorância, deixando 
muitas vezes de contribuir com a redução de emissão de gases poluentes com 
um gesto simples, o de evitar as queimadas e as incinerações a céu aberto. 
Essas condutas são nítidas, no Parque Industrial José Belinatti, onde os 
resíduos são queimados a céu aberto, assim são transformados em 
micropartículas que causam incômodo à vizinhança que está a poucos metros 
de distância. O mesmo ocorre com os resíduos das marmorarias, que poderiam 
comercializar o pó de sílica que é utilizado para rejunte e material de 
acabamento. 
30 
 
 
Podemos considerar, a partir dos exemplos expostos, que existem 
inúmeros métodos de utilização de resíduos industriais que minimizam os 
impactos ambientais derivados de atividades industriais. Assim, entendemos 
que se deve caminhar para a criação de uma sociedade sustentável que se 
paute por políticas públicas que levem a um contexto de responsabilidade e de 
consciência dos empreendedores e também da sociedade consumidora de 
produtos industrializados. 
 
Considerações Finais 
 
Considerando todo o contexto histórico da Revolução Industrial, 
constatamos, inicialmente, uma imaturidade despreocupada com os impactos 
danosos ao meio ambiente que poderiam advir do processo de industrialização. 
Com o constante aumento da população e a necessidade de produzir 
cada vez mais para atender a uma maior demanda, as indústrias foram se 
expandindo, bem como, a tecnologia foi evoluindo e proporcionando ao homem 
mais conforto e comodidades, ampliando o espaço para o consumismo e com 
isso crescendo a devastação no meio ambiente. 
Esse crescente aumento da população, da industrialização e também do 
consumismo trouxeram junto riscos e alterações no sistema ambiental 
devastando ecossistemas, poluição do ar, do solo e das águas ocasionando 
perdas, algumas irrecuperáveis, como centenas de espécies de mamíferos e de 
aves extintos nas últimas décadas. Alem do grande impacto devastador 
provocado na flora e nos próprios seres humanos, através da poluição dos rios, 
desmatamentos, degradação do solo, que causam a destruição da 
biodiversidade. 
Podemos afirmar que houve nos últimos anos uma tomada de 
consciência mundial referente à preservação e conservação do meio ambiente. 
A conscientização fez o homem perceber, que o progresso estava deixando 
atrás de si um rastro macabro de destruição e um trágico caminho de mortes. A 
31 
 
 
partir dessa conscientização começaram a acontecer Conferências 
Internacionais para tratar e debater sobre o meio ambiente. 
No entanto, há necessidade de um grande processo de transformação 
em todo o mundo para que essa consciência possa realmente exercer uma 
prática saudável de um relacionamento entre o ser humano e a natureza, que 
tenha mais eficácia e produza um verdadeiro efeito. 
Para que mudanças como essa se concretizem, é necessário muito 
trabalho e, que políticos, empresários e consumidores, aceitem quebrar o 
paradigma da revolução industrial, centrado nas indústrias do aço, do petróleo 
e, principalmente, no mais desejado bem de consumo durável do planeta: o 
automóvel. 
E como sempre, acreditamos que somente através de um Direito 
Ambiental Internacional fortemente apoiado, disciplinado, aceito e amparado 
por todos os seres humanos, por todas as sociedades humanas e por todos os 
países do mundo, teremos a garantia de preservação e manutenção da vida em 
nosso planeta. 
 
Referências 
 
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ambiental na implantação da ISO 14001. Salvador: Asset Negócios 
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32 
 
 
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