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Apg 7 - Defeitos congênitos ósseos

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Bruna Melnik Bellandi – 5º Período 
 
Apg 7-Defeitos congênitos ósseos
Objetivos: 
1- Revisar a morfofisiologa do quadril; 
2. Discutir os principais defeitos congênitos ósseos e 
as principais patologias osteomusculares da infância; 
(conceito + MC) 
3. Descrever o diagnóstico e tratamento dos principais 
defeitos congênitos ósseos e das principais patologias 
osteomusculares da infância. 
Ossos e Articulações da Cintura Pélvica e Quadril 
A cintura pélvica é o ponto de ligação do membro inferior com o tronco e o esqueleto axial. A cintura 
escapular (peitoral) apresenta-se, em contrapartida, ligada ao membro superior. Os ligamentos sacroilíacos 
(posterior, anterior e interósseo) estão entre os ligamentos mais fortes do corpo humano e suportam o peso 
completo, fixando o sacro dentro da pelve. A pelve (osso sacro e ossos da coxa) na posição anatômica tem 
inclinação anterior, de modo que a sínfise púbica e a espinha ilíaca anterossuperior estão no mesmo plano 
vertical, colocando grande pressão sobre a articulação sacroilíaca e seus ligamentos. De fato, o centro de 
gravidade do corpo humano na posição bípede encontra-se na linha anterior à vértebra sacral S2. 
 
 
 Bruna Melnik Bellandi – 5º Período 
 
Os ossos da pelve incluem: 
• Ossos do quadril direito e esquerdo (ou pélvicos): a fusão dos três ossos separados denominados 
ílio, ísquio e púbis, que se juntam no acetábulo (característica em forma de taça da articulação da cabeça do 
fêmur). 
• Sacro: a fusão de cinco vértebras sacrais; os dois ossos da pelve articulam-se com a parte posterior do 
sacro. 
• Cóccix: a extremidade terminal da coluna vertebral; é um osso remanescente da cauda embrionária. 
Adicionalmente, a porção proximal do fêmur (osso da coxa) articula-se com a pelve no acetábulo. 
O quadril é uma articulação sinovial clássica do tipo esférica que fornece maior estabilidade, provida pela 
anatomia óssea e pelos fortes ligamentos articulares, mas também é uma articulação bastante móvel. Ele 
pode flexionar, estender, aduzir, abduzir, fazer rotação (medial e lateral) e circundução limitada, embora não 
tanto quanto a articulação do ombro. Assim como ocorre com as grandes articulações, existe rica 
vascularização ao redor da articulação do quadril, contribuindo para o suprimento sanguíneo não somente do 
quadril, mas também dos músculos associados. 
 
 
 Bruna Melnik Bellandi – 5º Período 
 
Displasia congênita do quadril 
“Displasia do desenvolvimento do quadril” 
(DDQ) é uma expressão genérica que descreve um 
espectro de anormalidades anatômicas do quadril, 
as quais podem ser congênitas ou de 
desenvolvimento após o nascimento. A DDQ 
manifesta-se de várias formas, dependendo do 
grau de deslocamento, da idade do paciente no 
diagnóstico e no tratamento ou, ainda, da condição 
do quadril, se é instável, displásico, subluxado ou 
luxado. 
A displasia implica progressiva deformidade do 
quadril, em que o fêmur proximal, o acetábulo e a 
cápsula são defeituosos. A luxação da cabeça do 
fêmur pode ocorrer no útero (fetal ou pré-natal), 
no nascimento (perinatal) ou depois dele (pós-
natal). Os achados clínicos e radiográficos, assim 
como as modificações patológicas, dependem do 
tempo de deslocamento. 
A luxação do quadril é dividida em três grandes 
categorias: a teratológica, que ocorre antes do 
nascimento e envolve graves deformidades do 
acetábulo, da cápsula e do fêmur proximal, 
associada a outras malformações, como 
mielomeningocele, artrogripose múltipla 
congênita, agenesia lombossacral e anomalias 
cromossômicas; a neurológica, em decorrência 
dos desequilíbrios musculares pós-natais, como na 
paralisia cerebral; e a típica. 
ETIOLOGIA 
As causas da DDQ são multifatoriais, mas as mais 
importantes são hiperlassidão ligamentar, 
excessiva anteversão femoral, anteversão e/ou 
deficiência acetabular e má posição intrauterina. 
Em recém-nascidos, a suspeita de DDQ costuma 
ser alta nas seguintes situações: a) existir história 
familiar; b) ocorrer oligoidrâmnios; c) for o 
primeiro filho e do sexo feminino (meninas têm 
incidência maior do que meninos, em proporção 
de 8:1); d) apresentar torcicolo, plagiocefalia, pé 
metatarso varo ou calcâneo-valgo, contratura em 
extensão dos joelhos ou outras deformidades; e) 
tiver apresentação pélvica (aumenta a 
probabilidade de luxação em mais de 14 vezes no 
lactente a termo) 
A flexão do quadril, durante os últimos meses de 
gestação, nas posições pélvica ou cefálica, aliada à 
frouxidão ligamentar, pode evoluir para displasia 
residual ou subluxação, mostrando que essa 
posição é importante como causa de displasia do 
desenvolvimento do quadril. Na posição pélvica, o 
fêmur do feto em flexão e rotação externa pode 
ser forçado para fora do acetábulo, predispondo a 
criança a nascer com o quadril instável, subluxado 
ou luxado. 
O quadril do neonato é uma articulação 
relativamente instável porque a musculatura não 
está desenvolvida, as superfícies cartilaginosas são 
deformáveis com facilidade e os ligamentos são 
frouxos. É possível haver posicionamento 
exagerado em flexão aguda e adução do quadril na 
 Bruna Melnik Bellandi – 5º Período 
 
vida intrauterina, sobretudo em fetos com 
apresentação de nádegas. Essa situação pode 
causar estiramento excessivo da cápsula posterior 
do quadril, o que deixa a articulação instável após 
o parto. A frouxidão pode refletir a história 
familiar ou a presença do hormônio materno 
relaxina na circulação fetal. 
Na instabilidade, o quadril está contido e 
reduzido, mas lasso, instável e, por conseguinte, 
passível de luxação, em decorrência da frouxidão 
capsuloligamentar. Pode haver displasia 
concomitante. Na displasia, ocorre 
desenvolvimento inadequado da articulação do 
quadril, incluindo o acetábulo, a cabeça femoral 
ou ambos. No recém-nascido, a displasia, sem 
instabilidade ou luxação, é assintomática, e o 
exame físico é normal. O diagnóstico é fortuito e 
possível apenas por ultrassonografia. Quando tal 
condição vem acompanhada de instabilidade ou 
luxação, as manobras de Barlow confirmam o 
diagnóstico na avaliação por imagem. Por essa 
razão, o diagnóstico isolado costuma ser 
estabelecido muito tarde, quando a evolução 
alcança subluxação e luxação, com sinais clínicos 
mais evidentes na criança maior, como a limitação 
da abdu-ção, o sinal de Galeazzi e o sinal de 
Trendelenburg na idade da marcha. Em certos 
casos, o diagnóstico pode ser ainda mais tardio, 
aparecendo na idade adulta sob a forma de dor em 
consequência de artrose precoce do quadril. 
Conforme Barlow, 60% dos casos de instabilidade 
isolada se estabilizam na primeira semana e 90% 
até o terceiro mês de vida. Os outros 10% tendem 
a evoluir para subluxação e luxação. Na 
experiência do autor, isso ocorre na instabilidade 
com displasia não diagnosticada e/ou não tratada 
de modo precoce. 
Na subluxação, existe perda parcial do contato 
articular. É o termo usado para descrever achados 
radiográficos que indicam hipoplasia do acetábulo 
e deslocamento parcial da cabeça do fêmur em 
relação ao seu encaixe no acetábulo. Na luxação, 
há perda total do contato articular entre a cabeça 
femoral e o acetábulo. Ambos os casos vêm 
acompanhados de maior ou menor displasia. 
 
Diagnóstico 
Exame físico 
Nos recém‐nascidos e lactentes, a atitude em 
flexão dos quadris é fisiológica. A flexão ao 
nascimento é de cerca de 28°, diminuindo 
progressivamente até os 6 meses. Quando o 
membro assume uma atitude em extensão, deve‐se 
suspeitar de uma luxação do quadril. 
A assimetria das pregas glúteas, denominada sinal 
de Peter Bade, é outro sinal indire‐ to da mesma 
afecção; entretanto, 30% das crianças normaispodem apresentar essa assimetria. 
Na palpação, observa‐se a altura do trocanter 
maior, que deve ter sua extremidade proximal na 
mesma linha do tubérculo púbico e estar orientado 
lateralmente. Quando ele se encontra ascendido, 
pode‐se suspeitar de DDQ ou coxa vara. Portanto, 
é muito importante que se realizem, ainda no 
berçário, as amplamente conhecidas manobras que 
testam a instabilidade, devendo ser rotineiramente 
pesquisadas em todos os recém‐nascidos. 
Na manobra de Ortolani, os membros inferiores 
são segurados com as palmas das mãos, 
posicionando‐se o polegar na face medial das 
coxas e o indicador e o dedo médio no trocanter 
maior. A coxa examinada é abduzida e sente‐se 
uma pequena resistência do encontro da cabeça fe‐ 
moral contra o limbus; nesse momento, o terceiro 
dedo ou o indicador empurra o trocanter maior, 
reduzindo a cabeça femoral no acetábulo e 
 Bruna Melnik Bellandi – 5º Período 
 
produzindo o sinal do “clique”. A coxa é, então, 
aduzida e uma força na direção lateral é realizada 
com o polegar; a cabeça é novamente luxada e 
percebe‐se o sinal do“clique”. 
 A manobra de Barlow é classicamente descrita 
em dois tempos, no entanto, em geral utiliza‐se a 
segunda fase para perceber se a cabeça femoral é 
ou não luxável. Sendo assim, a criança é 
posicionada na mesa de exame em decúbito dorsal 
com os membros inferiores em direção ao 
examinador, os quadris curvados a 90° e os 
joelhos totalmente flexionados. Aplica‐se, então, 
uma força em direção posterior e lateral com o 
polegar, sendo possível, desse modo, deslocar ou 
não a cabeça do fêmur. 
Com o passar do tempo, a instabilidade não é mais 
observada ao exame e outros sinais estarão 
presentes: 
Sinal de Hart: o paciente é posicionado em 
decúbito dorsal horizontal (DDH), com os joelhos 
em flexão máxima e o quadril dobrado a 90°, e 
realiza‐se a sua adução, para que seja avaliada a 
contratura em adução dos quadris. Na presença de 
tensão dos adutores, haverá limitação da adução; 
 Sinal de Nelaton‐Galeazzi: é um sinal indireto 
de discrepância de membros inferiores à custa do 
segmento entre o quadril e o joelho. Obtido com o 
paciente em DDH, com quadris curva‐ dos a 90°, 
joelhos totalmente flexionados e os calcanhares 
quase tocando as nádegas. Observa‐se o 
alinhamento e se há ou não equalização do ápice 
dos fêmures; se houver, descreve‐se Galeazzi 
positivo. 
A manobra de Trendelenburg, positiva quando 
presente, indica insuficiência do músculo glúteo 
médio. Pode ser causada por alteração neurológica 
ou mecânica do músculo e, no caso da luxação, 
por alteração do braço de alavanca. O paciente, 
em pé, apoiando‐se apenas no membro a ser 
examinado, não consegue manter a linha 
horizontal da pelve; verifica‐se, então, a “queda” 
da nádega contralateral (inclinação da pelve). Ao 
andar, o paciente desvia o tronco em direção ao 
músculo debilitado, em cada fase de apoio. 
Exames complementares 
A ultrassonografia é indicada para crianças com 
sinais clínicos de DDQ e também utilizada como 
triagem em crianças com fatores de risco 
para a doença, como apresentação 
pélvica, história familiar ou deformidades 
ortopédicas associadas. Após os 4 meses, com a 
ossificação do núcleo da cabeça femoral, a 
radiografia simples da bacia é mais facilmente 
interpretada, sendo possível avaliar a simetria dos 
núcleos de ossificação das cabeças femorais e sua 
localização com relação ao acetábulo. 
Tratamento 
O suspensório de Pavlik é utilizado em quadris 
instáveis ou displásicos, podendo ser usado em 
crianças até os 6 meses de idade. O ideal é que, 
nas crianças com quadris instáveis, ou seja, 
luxáveis, ele seja empregado logo nas primeiras 
semanas de vida, pois, nesses casos, a manutenção 
da redu‐ ção tende a promover uma rápida 
estabilização. O método consiste em manter a 
flexão do quadril em 90° com a ajuda das tiras 
anteriores e, por meio das tiras posteriores, evitar 
a adução. 
O ajuste deve ser periódico, acompanhando o 
crescimento da criança; posições errôneas podem 
provocar dano à articula‐ ção ou lesões cutâneas. 
O médico deve avaliar a melhora do 
desenvolvimento articular para liberação do 
aparelho. 
Em crianças com quadris luxados e irredutíveis e 
naquelas com mais de 6 meses de vida, o 
tratamento torna‐se mais complexo, e uma 
redução sob anestesia torna‐se necessária, 
podendo ser associada à cirurgia para liberar ou 
facilitar o pro‐ cedimento. Nesses casos, é 
necessária a imobilização com aparelho gessado 
que englobe abdome/pelve e os membros 
inferiores e que deve ser usado por vários meses. 
Quando o diagnóstico é tardio, após o início da 
marcha, geralmente é necessária uma cirurgia 
mais complexa para reposicionamento da cabeça 
femoral. 
Disturbios da coluna vertebral 
 Escoliose 
A escoliose é definida como uma curvatura lateral 
maior que 10° da coluna vertebral no plano 
frontal, mas, na realidade, trata‐se de uma 
deformidade complexa e sua avaliação deve ser 
 Bruna Melnik Bellandi – 5º Período 
 
tridimensional. A escoliose pode ser causada por 
diversas alterações, porém, a que mais comumente 
é vista pelo ortopedista é a idiopática do 
adolescente. 
 
O diagnóstico da escoliose é fundamentalmente 
clínico, e as radiografias devem ser solicitadas 
para a complementação da avaliação inicial. 
Tratamento 
 
 Hipercifose 
O aumento da cifose torácica pode estar presente 
nas alterações posturais ou na enfermidade de 
Schuermann, uma alteração mais complexa que 
afeta as vértebras de forma acentua‐ da, com um 
encunhamento anterior. Mais frequentemente, o 
aumento da cifose dorsal está associado a postura 
e encurtamento muscular. 
Assim, nos casos de hipercifose, a recomendação 
habitual são exercícios posturais de alongamento 
da musculatura pos‐ terior e fortalecimento 
abdominal, algo que ioga e Pilates pre‐ conizam e 
que podem ser bastante úteis para os adolescentes 
com essa alteração. 
 Lordose 
Assim como a cifose, a lordose é uma curva 
normal da coluna vertebral, presente tanto na 
região cervical como na região lombar, embora 
esta última localização seja a que mais se rela‐ 
ciona ao nome. Apenas existe uma hiperlordose 
quando o ân‐ gulo lombar sacral está 
acima de 60°. Esse ângulo é medido 
apenas em uma radiografia na incidência de perfil 
da coluna, exame que raramente deve ser pedido. 
Em geral, nas meninas pré‐puberais, há um 
aumento da lordose associado a um au‐ mento da 
gordura abdominal. Essa lordose geralmente é 
retificada com a inclinação anterior do tronco. 
Caso não ocorra a retificação da lordose, há uma 
deformidade fixa e que deve ser bem avaliada. 
Muitas vezes, isso decorre de uma contratura em 
flexão dos quadris e a lordose aumentada é uma 
reação compensatória. 
Em alguns casos, o aumento da lordose está 
associado a um escorregamento vertebral, quadro 
chamado de espondilo‐ listese, que raramente 
pode cursar com dor, pode ser progres‐ sivo e 
exige um acompanhamento mais rigoroso, embora 
a criança e o adolescente possam ter uma vida 
praticamente normal, o que inclui até a prática de 
atividades esportivas. 
Infecções osteoarticulares 
Didaticamente, podem ser divididas em infecções 
ósseas, conhecidas como osteomielite, e infecções 
articulares, chamadas de artrite piogênica, artrite 
séptica ou simplesmente pioartrite. 
 Osteomielite hematogênica aguda 
A infecção óssea mais comum na criança é a 
osteomielite hematogênica aguda. Esse tipo de 
infecção ocorre por via sanguínea e tem início na 
metáfise óssea. A partir dela, pode ha‐ ver uma 
disseminação para outros locais do osso ou 
mesmo para uma articulação adjacente. A 
infecção tambémpode ocorrer após uma fratura 
exposta ou após uma cirurgia óssea. 
Quadro clínico: 
Sintomas gerais como febre alta, falta de apetite, 
irritabilidade e queda do estado geral estão 
presentes. Entretanto, as crianças podem não 
apresentar febre. Em uma revisão, foi encon‐ trado 
que 40% dos casos estavam afebris no primeiro 
exame clínico.A OHA tem um quadro clínico 
característico de dor localizada na metáfise óssea 
comprometida. Em geral, a criança pode apontar 
com o dedo o local da dor. Nas crianças peque‐ 
nas, percebe‐se a reação de dor ao se palpar a 
metáfise acometida. Pode haver aumento de 
 Bruna Melnik Bellandi – 5º Período 
 
temperatura, edema e eritema no local 
dependendo do tempo de evolução. 
Diagnóstico: Hemograma: é caracteristicamente 
infeccioso, em geral com mais de 12.000 
leucócitos. Hemocultura: deve ser realizada, 
embora sua positividade seja pequena. Quando 
positiva, auxilia o diagnóstico, a identificação do 
agente etiológico e a escolha do antibiótico. 
Proteína C reativa (PCR): a PCR está com valores 
aumenta‐ dos, característica de um processo 
infeccioso. É mais sensível e específica que a 
velocidade de hemossedimentação (VHS) para 
acompanhar o processo de cura da OHA. Como os 
valo‐ res da PCR normalizam‐se mais 
rapidamente, ela é melhor parâmetro de cura da 
infecção do que a VHS 
 Artrite séptica 
A artrite séptica ocorre geralmente por via 
hematogênica, com a infecção instalando‐se 
inicialmente na membrana sinovial, podendo 
também se iniciar como osteomielite e subse‐ 
quente disseminação para a articulação. Isso 
acontece por‐ que, nas crianças, algumas metáfises 
são intra‐articulares, por exemplo, fêmur 
proximal, fíbula distal, rádio proximal e úmero 
proximal. 
O quadro clínico é semelhante ao da OHA. A dor 
na articula‐ ção acometida é importante e existe 
uma limitação da mobilidade articular. Essa 
limitação, em geral, é maior na artrite sép‐ tica do 
que na OHA. 
Ocorre também um aumento do volume articular, 
que é mais fácil de identificar nas articulações 
superficiais. No quadril, que é uma articulação 
profunda, esse aumento muitas vezes não é 
identificado. O mesmo ocorre com o aumento de 
temperatura local e o eritema, que geralmente são 
mais difíceis de identificar no quadril. 
A criança apresenta febre alta e queda do estado 
geral. Mudança de humor, irritabilidade e perda de 
apetite em geral estão presentes. Lembrar que, no 
recém‐nascido, esses sinto‐ mas são pouco 
evidentes. A criança adota uma posição antálgica 
e evita movimentar o membro acometido. 
Exames complementares 
Devem ser realizados os mesmos exames já 
citados na abordagem à OHA. O 
hemograma apresenta um aumento dos 
poli‐ morfonucleares com desvio à esquerda. A 
VHS e a PCR estão aumentadas. A hemocultura 
tem uma positividade ao redor de 30%. 
Tratamento 
Após o diagnóstico, a drenagem cirúrgica deve ser 
realizada com urgência para evitar ao máximo as 
potenciais complicações. Inicia‐se uma 
antibioticoterapia empírica sistêmica até a 
identificação correta do agente etiológico com 
cultura e anti‐ biograma e, a partir daí, com 
monoterapia específica para a bactéria encontrada. 
A imobilização com tração ou aparelho gessado 
no membro acometido ajuda a diminuir a dor no 
pós‐‐operatório. Fisioterapias passiva e ativa 
devem ser instituídas assim que possível. 
 
Joelho 
 Desvios angulares 
No plano frontal, a angulação entre o fêmur e a 
tíbia pode ser considerada normal quando tem um 
valor entre 5 e 7° de val‐ gismo. Como se sabe, o 
valor normal não é absoluto, sendo correto afirmar 
que existe uma faixa normal de angulação nos 
joelhos. Existem variações individuais, raciais e 
de acordo com o sexo. Sabe‐se que os orientais 
têm, predominantemente, os joelhos com uma 
angulação em varo. O sexo feminino apresenta 
uma angulação em valgo, nos joelhos, maior que o 
masculino. Essa diferença anatômica se deve ao 
fato de que a bacia é mais larga nas mulheres. 
Definição de valgo e varo: 
Esses termos ortopédicos podem ser difíceis de 
memorizar e provocam algumas confusões. 
“Valgo” é quando o segmento dis‐ tal se afasta da 
linha média do corpo. “Varo” é quando o 
segmento distal se aproxima dessa linha média 
(Portanto, na posição de pé, quando se observa 
que os tor‐ nozelos ficam afastados ao se juntarem 
os joelhos, tem‐se uma angulação em valgo ou 
também chamada de valgismo dos joelhos. De 
acordo com a definição, o segmento distal, ou 
seja, a perna, está afastada da linha média do 
corpo. Um termo coloquial muito utilizado pelas 
 Bruna Melnik Bellandi – 5º Período 
 
mães nessa situação de valgismo é o de “joelhos 
em X”. 
 Quando o paciente, em pé, não consegue juntar os 
joelhos, pois os tornozelos se encostam antes, 
tem‐se uma angulação em varo ou um varismo dos 
joelhos. 
 
 
 Desvios rotacionais 
 Os desvios rotacionais dos membros inferiores 
representam queixa frequente em consultórios de 
pediatras e ortopedistas. 
A criança que tem os pés “virados para dentro” ao 
andar, alteração também chamada de “marcha de 
periquito”, pode apresentar um problema 
ortopédico grave ou apenas uma va‐ riação normal 
própria da idade. Os familiares ficam preocupados 
com esse tipo de andar e geralmente dizem que a 
criança cai muito porque, ao correr, os pés batem 
um contra o outro, desequilibrando‐a e 
provocando a queda. 
Pode ocorrer também uma marcha com os pés 
“virados para fora”. Esse tipo de andar, 
imortalizado por Chaplin no seu personagem 
“Carlitos”, é mais raro, porém associado com 
maior frequência a problemas ortopédicos mais 
graves, como será comentado a seguir. 
Representa, às vezes, uma alteração fisiológica 
própria daquele indivíduo. 
 Tratamento e orientações nos desvios rotacionais 
Após a identificação do problema e de sua origem 
no quadril, na perna ou nos pés, é preciso saber 
orientar os familiares nos casos em que uma 
correção espontânea é esperada, e solicitar exames 
complementares ou avaliação do ortopedista 
pediátri‐ co quando necessário um tratamento 
especializado. 
As crianças que têm anteversão de colo femoral, 
com res‐ pectivo aumento da rotação medial do 
quadril, requerem orientações no sentido de 
corrigir a postura de sentar e deitar. 
A utilização de órteses pode ou não ser 
necessária para pro‐ porcionar uma correção 
funcional desse tipo de problema. A 
recomendação de atividades físicas adequadas 
também é útil. 
Os exercícios de postura e a própria 
conscientização da criança auxiliam a correção. 
Há tendência à correção espontâ‐ nea desse tipo de 
marcha ao redor dos 5 ou 6 anos de idade, quando 
o único problema é a anteversão do colo femoral. 
 
 Deformidades congênitas dos pés 
Pé torto congênito (equino­cavo­varo) 
A etiologia do PTC é desconhecida e a sua 
incidência é muito variável. Em São Paulo, foi 
observada uma incidência de 2,17/1.000 nascidos. 
Há acometimento bilateral em torno de 50% dos 
casos. O sexo masculino é mais acometido, em 
uma proporção aproximada de 2:1. 
 A deformidade é bastante característica e envolve 
a perna, que apresenta atrofia da panturrilha, e o 
pé, que está em equino cavo‐varo. O principal 
componente da deformidade no PTC é a luxação 
medial do complexo formado pelo navicular, 
calcâneo e cuboide em relação ao talo. 
Diagnóstico 
É possível ter o diagnóstico pré‐natal por meio da 
ultrassonografia. Contudo, apenas ao nascimento 
pode‐se fazer efetivamente o diagnóstico pelo 
exame físico. Não há necessidade de radiografias 
ou qualquer outro exame complementar. 
Tratamento 
Atualmente, tem‐se observado uma mudança 
importante no modo de tratamento do PTC em 
virtudeda imensa repercus‐ são mundial obtida 
pelo método conservador de Ponseti, que 
 tem representado uma revolução no manejo do 
PTC. É ex‐ tremamente simples, indolor e, quando 
aplicado corretamente, com o auxílio da 
amamentação materna, muitas vezes a criança até 
dorme durante a confecção do gesso corretivo. 
Esse tratamento permite a correção de 90% dos 
casos de pé torto idiopático, independentemente 
de sua gravidade. 
 Tratamento cirúrgico 
Com o emprego adequado da técnica de Ponseti, 
 Bruna Melnik Bellandi – 5º Período 
 
as indicações de cirurgias extensas diminuíram. 
Mesmo pacientes com pés inveterados têm 
benefício de manipulação gessada antes de se 
fazer qualquer procedimento cirúrgico e, algumas 
vezes, po‐ dem ser totalmente corrigidos. Assim, 
provavelmente no fu‐ turo serão cada vez mais 
raras as indicações de liberações ci‐ rúrgicas mais 
amplas. 
Dores nos membros inferiores 
 Sinovite transitória do quadril 
A sinovite transitória do quadril é uma condição 
inflamatória autolimitada e não específica. É a 
causa mais frequente de dor no quadril nas 
crianças com menos de 10 anos, acometendo mais 
os meninos que as meninas (3:1) e afetando mais 
o lado direito. É frequentemente precedida por 
infecção das vias aé‐ reas superiores nos últimos 
30 dias, mas não há comprovação de infecção nos 
dados laboratoriais ou mesmo no líquido sino‐ vial 
eventualmente aspirado. 
A dor costuma aparecer subitamente, após 
atividade física mais intensa. O aumento do 
volume articular e a distensão capsular 
desencadeiam a dor, que pode irradiar‐se para a 
face medial da coxa e do joelho, fazendo a criança 
claudicar. Pode haver um quadro pré‐febril, mas a 
criança não fica prostrada e apenas a dor limita a 
sua atividade. A rotação interna do qua‐ dril e a 
adução causam aumento súbito da dor e, portanto, 
es‐ ses movimentos ficam limitados. A atitude 
antálgica mantém o quadril em um grau variável 
de flexão. 
Na investigação complementar, o hemograma e a 
velocidade de hemossedimentação (VHS) são 
normais ou discreta‐ mente alterados. A 
radiografia pode exibir distensão da cápsu‐ la 
articular, mas o exame mais apropriado é a 
ultrassonografia, não havendo necessidade de 
exames mais sofisticados e onerosos. 
O tratamento consiste de medidas gerais 
analgésicas e repouso. 
 
 Doença de Legg­Calvé­Perthes 
A doença de Legg‐Calvé‐Perthes é definida como 
uma necrose avascular do núcleo secundário de 
ossificação da epífise proximal do fêmur durante o 
desenvolvimento da criança. Pode ocorrer 
dos 2 aos 16 anos, mas é mais comum 
entre 4 e 9 anos. 
Trata‐se de uma doença autolimitada de causa 
desconheci‐ da, na qual automaticamente se 
instala o processo de repara‐ ção, com vasos e 
tecidos neoformados, que gradativamente 
substituem o osso morto por osso imaturo e não 
mineralizado. Durante esse processo, o que se 
observa na evolução radiográ‐ fica é a substituição 
gradativa da massa óssea densa (fase de necrose), 
que vai sendo interpenetrada por um tecido de ra‐ 
diotransparência aumentada, acinzentada e mais 
escura, como que tornando a cabeça femoral 
“pulverizada”, “floculada” e, muitas vezes, com 
aparência de haver espaços “vazios e sem osso”, 
que caracterizam o tecido cartilaginoso na fase de 
reossificação. 
O quadro clínico inicial pode ser de dor e 
claudicação relacionadas com atividade física, às 
vezes confundidas com alguma espécie de trauma. 
São localizadas na região inguinal ou irradiadas 
no território sensitivo do nervo obturatório para a 
face medial da coxa e do joelho. 
Ao exame clínico articular, há maior ou menor 
restrição dos movimentos de rotação interna, 
abdução e flexão. A contratura intensa dos 
adutores ao movimento de abdução do quadril 
indica pior prognóstico, assim como a restrição 
global da mobilidade articular. Também influem 
no prognóstico da doença a idade de início – 
quanto menor a idade, maior a possibilida‐ de de 
remodelação e adaptação –, o sexo e a obesidade. 
 O objetivo principal do tratamento na doença de 
Legg‐Calvé‐Perthes é obter e manter a 
centralização do quadril durante o período ativo 
da doença, por meio de procedimentos cirúrgi‐ cos 
ou conservadores, estes representados por todo o 
apare‐ lho que “deixe a criança andar” (aparelhos 
de descarga), imobilização em aparelhos gessados 
ou plásticos, ou ainda repouso no leito, com 
deslocamento em cadeiras de rodas ou com o uso 
de muletas. 
 Epifisiólise 
A partir do período pré‐púbere, a queixa de dor na 
região inguinal ou na face medial da coxa e do 
joelho, acompanhada de claudicação mal 
 Bruna Melnik Bellandi – 5º Período 
 
relacionada com trauma, indica o risco de es‐ 
corregamento epifisário proximal do fêmur, 
também conhecido por epifisiólise ou 
epifisiolistese, caracterizado pelo deslocamento 
posterior da epífise em relação ao colo do fêmur. 
A doença incide entre 10 e 16 anos nos meninos e 
entre 8 e 15 anos nas meninas, em uma proporção 
de 2 meni‐ nos para cada menina, sendo que o 
dobro de casos acomete o lado esquerdo, em 
comparação com o direito. 
O início da dor pode ser agudo ou insidioso, e ela 
pode ser localizada no quadril, na região inguinal 
ou irradiar‐se para a face interna da coxa e do 
joelho. O paciente pode deambular claudicando 
com ou sem dor ou estar incapacitado para o apoio 
e a marcha. Pode haver ainda atitude em flexão e 
rota‐ ção externa do quadril e diminuição da 
rotação interna. 
No exame radiográfico, pode‐se constatar a 
presença e/ou a gravidade da doença de acordo 
com o grau de escorregamen‐ to da epífise. Na 
incidência radiográfica de frente da bacia, no pré‐
deslizamento, observa‐se um alargamento da 
altura da fise e porose, com o borramento da 
metáfise do colo; no desli‐ zamento leve, nota‐se 
uma diminuição da altura no dômus central da 
fise, quando comparada com a altura do lado nor‐ 
mal. Na incidência de perfil do quadril, observa‐se 
o escorregamento posterior da cabeça femoral 
que, no desliza‐ mento leve, é menor que 1/3 do 
diâmetro do colo; no desliza‐ mento moderado, é 
menor que a metade do colo; e no desliza‐ mento 
grave, ultrapassa a metade da largura do colo. 
 O tratamento da epifisiólise caracteriza uma 
emergência ortopédica, em razão do risco de 
progressão da doença, sendo ne‐ cessária a 
intervenção precoce. O tratamento de eleição é 
cirúrgico e varia conforme o grau do 
deslizamento. 
Referências: 
Ortopedia e Traumatologia. Disponível em: Minha 
Biblioteca, (5th edição). Grupo A, 2017. 
Pediatria, Sociedade Brasileira D. Tratado de 
Pediatria, Volume 2. Disponível em: Minha 
Biblioteca, (4th edição). Editora Manole, 2017.

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