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Bruna Melnik Bellandi – 5º Período Apg 13- Síndromes extrapiramidais Objetivos: 1-Revisar a morfosifiologia dos núcleos da base; 2- Diferenciar os distúrbios extrapiramidais de acordo com suas manifestações clínicas e conceito; 3-Entender o tratamento para o Parkinson. Sistema Extramipamidal Este sistema é filogeneticamente mais primitivo que o sistema piramidal, e corresponde a um conjunto de estruturas anatômicas envolvidas no controle motor, particularmente no que se refere ao planejamento e coordenação de atividades motoras complexas. Este sistema engloba todos os sistemas de projeção não-piramidal envolvidos no controle motor. Suas principais estruturas não corticais são o tálamo, o cerebelo, os gânglios da base, constituídos pelo núcleo lentiforme (putâmen e globo pálido), núcleo caudado, substância negra e núcleo subtalâmico. Núcleos da base Os núcleos da base são um grupo de núcleos subcorticais profundos interligados que têm um papel essencial no controle do movimento. Eles funcionam na organização de programas de movimentos herdados e altamente aprendidos e automáticos, especialmente aqueles que afetam o tronco e as extremidades proximais. Acredita-se que os núcleos da base sejam muito importantes para iniciar, interromper e monitorar movimentos ordenados e executados pelo córtex, em particular aqueles relativamente lentos e sustentados, ou estereotipados, como a oscilação dos braços durante a caminhada. Eles também ajudam a regular a intensidade desses movimentos e agem para inibir movimentos antagônicos ou desnecessários. A função dos núcleos da base não se limita a funções motoras. Eles também estão envolvidos em funções cognitivas e perceptivas. Os componentes estruturais dos núcleos da base incluem núcleo caudado, putame e globo pálido. Estão localizados no aspecto lateral e caudal do tálamo, ocupando uma grande parte do interior dos dois hemisférios cerebrais. O caudado e o putame são chamados coletivamente de corpo estriado; o putame e o globo pálido formam uma região em cunha chamada núcleo lentiforme. Duas outras estruturas, a substância negra do mesencéfalo e o núcleo subtalâmico do diencéfalo, são consideradas parte dos núcleos da base. A porção dorsal da substância negra contém células que usam a dopamina como neurotransmissor e são ricas em um pigmento negro chamado melanina. A alta concentração de melanina confere uma cor escura à estrutura, de onde vem o nome substância negra. Os axônios da substância negra formam a via nigroestriatal, que fornece dopamina ao corpo estriado. O núcleo subtalâmico fica logo abaixo do tálamo e acima da porção anterior da substância negra. As células glutaminérgicas desse núcleo são as únicas projeções excitatórias para os núcleos da base. Associados aos núcleos da base estão vários núcleos talâmicos. Para os córtices motor e pré- motor, esses núcleos são o ventral lateral (VL) e o ventral anterior (VA). Cada região do córtex cerebral é interligada com uma região correspondente da linha ventral de núcleos talâmicos. Os circuitos de feedback córtex-tálamo e tálamo-córtex são excitatórios e, se não houvesse modulação, produziriam hiperatividade da área cortical, provocando dureza e rigidez da face, corpo e membros e, no caso de alternância, um tremor contínuo (i. e., tremor em repouso). Para a realização de diversos movimentos estereotipados semiautomáticos, a excitabilidade do tálamo é modulada por inibição pelos núcleos da base. Os núcleos da base formam um Bruna Melnik Bellandi – 5º Período componente importante de um circuito de inibição de cada região cortical específica. Circuitos inibitórios independentes córtex-núcleos da base e tálamo-córtex modulam a função de todas as regiões do córtex cerebral. Os núcleos da base têm estruturas de input que recebem informações aferentes de estruturas externas; circuitos internos que ligam as várias estruturas dos núcleos da base e estruturas de output que fornecem informações para outros centros encefálicos. O corpo estriado representa a principal estrutura de input para os núcleos da base. Praticamente todas as vias principais para a execução de padrões aprendidos de movimento passam pelo corpo estriado. Outras estruturas dos núcleos da base, como a substância negra e os núcleos subtalâmicos, estão interligadas umas às outras ou aos núcleos de input e output, e são componentes das estruturas internas. As funções de output dos núcleos da base são principalmente inibitórias. Circuitos vindos de centros corticais específicos passam pelo núcleo da base para modular a excitabilidade de determinados núcleos talâmicos e, desse modo, influenciar o controle cortical de funções motoras altamente aprendidas, automáticas e estereotipadas. Os dois núcleos de output dos núcleos da base, o globo pálido e a substância negra, inibem tonicamente seus núcleos-alvo no tálamo. Os núcleos da base também têm uma função cognitiva. Essa função está intimamente vinculada ao córtex cerebral, pelo fato de que os núcleos da base monitoram a informação sensorial que entra no encéfalo e a aplicam às informações armazenadas na memória. O controle cognitivo das atividades motoras determina, inconscientemente e em poucos segundos, que padrões de movimento serão necessários para alcançar um determinado objetivo. O núcleo caudado, que recebe uma grande quantidade de input das áreas de associação do encéfalo, desempenha um papel importante no controle da atividade motora cognitiva. Diversas vias fornecem sinais excitatórios que equilibram o grande número de sinais inibitórios transmitidos por neurônios GABAérgicos (ácido γ-aminobutírico) e dopaminérgicos. Um desses circuitos envolve a projeção inibitória neostriatal na substância negra. A substância negra projeta axônios dopaminérgicos de volta ao corpo estriado. O parkinsonismo é uma deficiência na projeção dopaminérgica desse circuito de modulação. A função do corpo estriado também envolve interneurônios colinérgicos locais. Acredita-se que a destruição desses interneurônios esteja relacionada com os movimentos coreiformes da doença de Huntington, outra síndrome relacionada com os núcleos da base. Fisiologia O neostriado representa a via de entrada do circuito dos gânglios da base, tendo como principal aferência o córtex motor e áreas associativas. O núcleo caudado recebe um maior número de aferências de áreas associativas e parece estar relacionado a atividades cognitivas como a aprendizagem motora. Já as aferências do putâmen são provenientes do córtex motor, parecendo estar envolvido apenas no controle da motricidade. O neostriado recebe ainda aferências da substância negra pars compacta, tendo como neurotransmissor a dopamina. Esta, ao atuar sobre receptores do tipo D2, inibe neurônios estriatais que se projetam para o pálido lateral. Por outro lado, ao atuar sobre receptores do tipo D1, excita os neurônios estriatais que se dirigem ao pálido medial e substância negra pars reticulata O pálido medial e a substância negra pars reticulata constituem um complexo, o qual representa a via de saída do circuito dos gânglios da base, com projeções para os núcleos ventral- lateral e ventral-anterior do tálamo, de onde partem fibras para o córtex motor, córtex pré- motor e área motora suplementar. As vias que partem do complexo pálido interno/subtância negra pars reticulata para o tálamo têm como neurotransmissor o ácido gama-aminobutírico (GABA) e exercem atividade inibitória. As fibras que se projetam do tálamo para o córtex são excitatórias, tendo como neurotransmissor o glutamato. A integração do neostriado com o complexo pálido medial/substância negrapars reticulata pode ocorre de duas formas: Via direta: tem como neurotransmissor o GABA e a substância P, exercendo, por tanto, uma atividade inibitória; Via indireta: ocorre através de conexões com o pálido lateral e o núcleo subtalâmico. As projeções do neostriado para o pálido lateral têm como neurotransmissor o GABA e encefalinas, promovendo ação inibitória. Bruna Melnik Bellandi – 5º Período As projeções do pálido lateral para o núcleo subtalâmico são inibitórias e seu neurotransmissor também é o GABA. Já as projeções do núcleo subtalâmico para o complexo pálido medial/substância negra pars reticulata são excitatórias e o neurotransmissor é o glutamato. A integração de todo este sistema está representada na Figura 3. TÁLAMO Dentro do sistema motor, o tálamo funciona basicamente como um relé, integrando diferentes estruturas do sistema extrapiramidal com o córtex motor . É uma estrutura localizada no diencéfalo e constituída fundamentalmente por sustância cinzenta, na qual podemos identificar vários núcleos. Podemos dividir os núcleos talâmicos em cinco grupo: Grupo anterior: integra o circuito de Papez e está relacionado ao comportamento emocional; Grupo posterior: corresponde ao pulvinar e corpos geniculados medial e lateral, estando estes últimos ligados às vias auditiva e óptica respectivamente; Grupo lateral: é o que mais se relaciona diretamente com o sistema motor, uma vez que apresenta aferências motoras provenientes dos gânglios da base e cerebelo, particularmente globo pálido, projetando-as para o córtex motor . O grupo lateral é subdividido em dorsal e ventral. Os núcleos do subgrupo ventral estão diretamente implicados com o sistema motor extrapiramidal. - núcleo ventral anterior: tem função ligada a motricidade somática e recebe a maior parte de fibras provenientes do globo pálido; - núcleo ventral lateral: recebe fibras do cerebelo e parte das fibras do globo pálido, as quais também se projetam para o córtex motor. - núcleo ventral póstero-lateral: recebe fibras do leminisco medial (informações de tato epicrítico e propriocepção) e do leminisco espinhal (informações de temperatura, dor, pressão e tato protopático), sendo, portanto, um relé de vias sensitivas que se projetam ao córtex ; - núcleo ventral póstero-medial: recebe fibras do leminisco trigeminal (sensibilidade somática geral de parte da cabeça), projetando-as para o córtex (giro pós-central). Grupo mediano: promove conexões com o hipotálamo; Grupo medial: tem importante papel de ativador do córtex cerebral, uma vez que recebe fibras do sistema reticular ativador ascendente. Entretanto, um dos núcleos, o centro-mediano, parece não ter conexões corticais, mas apenas com gânglios da base. Aspectos Clínicos As lesões talâmicas cursam com as mais diversas síndromes clínicas, uma vez que seus núcleos apresentam diferentes funções. As enfermidades que mais freqüentemente cursam com comprometimento talâmico são as lesões vasculares e tumorais. As principais síndromes clínicas, de acordo com os grupos talâmicos afetados, são: Grupo anterior: déficit de atenção, acinesia, alterações de linguagem e amnésia; Grupo posterior: hemianestesia, dor, defeitos no campo visual, e déficit de atenção; Grupo lateral: perda sensitiva, dores paroxísticas e hemiataxia contralaterais a lado do corpo afetado, principalmente quando sua região posterior é afetada. Outros transtornos de movimentos observados em lesões desta estruturas são: distonia, mioclonias e asterix. Heminegligência também pode cursar em lesões de núcleos deste grupo; Bruna Melnik Bellandi – 5º Período Grupo medial: apatia, agitação, sonolência e coma. Síndromes extrapiramidais As síndromes extrapiramidais estão relacionadas com o comprometimento dos gânglios da base responsáveis pelos padrões de execução da atividade motora e auxílio na gradação da intensidade dos movimentos. As disfunções podem ser divididas em hipocinéticas ou hipercinéticas, sendo a doença de Parkinson e a doença de Huntington seus principais exemplos, respectivamente. São as síndromes relacionadas ao comprometimento dos gânglios da base, nos quais têm maior importância clínica os núcleos caudado e putâmen, que formam o estriado, o globo pálido, a substância nigra e o núcleo subtalâmico. Os gânglios da base recebem aferências provenientes de várias regiões do córtex cerebral e através do tálamo se projetam de volta ao córtex, especialmente em áreas motoras primárias. Atualmente, o termo síndrome extrapiramidal tem sido substituído por distúrbios dos movimentos, dividindo-se em dois grupos: síndromes hipocinéticas e síndromes hipercinéticas. Síndromes hipocinéticas • Definição: caracterizadas, predominantemente, por uma paucidade de movimentos, geralmente associadas à presença de rigidez muscular, possuem como protótipo o “parkinsonismo” ou “síndrome parkinsoniana” ou mesmo “síndrome rígido-acinética”. Podem ter causas primárias, como a doença de Parkinson, e secundárias, como medicações (p. ex.:neurolépticos, flunarizina, lítio, reserpina) • Fisiopatologia: ocorre a degeneração das células dopaminérgicas que formam a via nigroestriatal. O efeito dessa degeneração é a redução na concentração de dopamina no estriado. O resultado fisiológico da perda de dopamina será uma re dução na atividade dos neurônios estriatais de projeção que formam a via direta e um aumento na atividade dos que formam a via indireta. Assim, a via direta (D1) fica hipoativa, enquanto a via indireta (D2) fica hiperativa. O resultado é que tanto o NST quanto os núcleos de saída (GPi/SNr) ficam hiperativos, e, assim, o tálamo fica muito inibido e não facilita o movimento. • Aspectos clínicos: a. Bradicinesia; b. Rigidez do tipo plástica, com “sinal da roda denteada”; c. Tremor de repouso do tipo “contar dinheiros”; d. Instabilidade postural; e. Alteração da mímica facial de aspecto “fácies congelada ou em cera”; f. Diminuição dos movimentos automáticos da marcha (diminuição do balançar dos braços ao caminhar e virada em bloco); g. Micrografia Síndromes hipercinéticas • Definição: caracterizadas pela presença de movimentos excessivos ou anormais, conhecidas como hipercinesias, discinesias ou como movimentos involuntários anormais. A doença de Huntington é o protótipo dessa síndrome caracterizada por movimentos do tipo coreico. • Fisiopatologia: ocorre a hiperfunção da via direta (D1), ou inibição da via indireta (D2), ou aumento da atividade dopaminérgica que resulta em um globo pálido interno (GPi) pouco ativo, que, inibindo pouco o tálamo, estimula muito o córtex através da via tálamo-cortical, mediada pelo glutamato (excitatório). • Aspectos clínicos: a. Coreia - do grego “dança”, são movimentos involuntários, irregulares, sem finalidade, não rítmicos, abruptos, rápidos, não mantidos, erráticos, caracterizados por um fluxo de movimentos de uma parte do corpo para outra, que se repete com intensidade e topografia variáveis. Ocorre com maior intensidade nas extremidades distais. Tem-se como exemplo clássico das coreia a doença de Huntington, e de origem autoimune a Coreia de Sydenham. b. Balismo - movimentos involuntários de grande amplitude (bruscos), de arremesso, preferencialmente na porção proximal dos membros, com amplo e rápido deslocamento das extremidades e, em geral, é unilateral (hemibalismo). Geralmente, o hemibalismo é causado por lesões estruturais, como acidente vascular encefálico ou lesões expansivas, Bruna Melnik Bellandi – 5º Período envolvendo o núcleo subtalâmicode Luys contralateralmente. c. Atetose - movimentos involuntários lentos, sinuosos e mais distais (movimentos tentaculares). Frequentemente, coreia e atetose manifestam-se simultaneamente (coreoatetose). A atetose é sinal comum em pacientes com encefalopatias crônicas da infância. d. Distonia - contrações musculares mantidas e simultâneas de grupos agonistas e antagonistas, frequentemente causando torção e movimentos repetitivos e/ou posturas anormais. e. Tiques - movimentos anormais estereotipados, sem finalidade, que se repetem, em geral, sempre na mesma região do corpo. Apresentam características peculiares, como a supressibilidade pela vontade do paciente, ou seja, o paciente, em geral, por curtos períodos, consegue suprimir os movimentos anormais (movimento semivoluntário). f. Tremor - são movimentos oscilatórios rítmicos. Decorrem de contrações alter nadas de grupos musculares opostos (p. ex., tremor parkinsoniano em repouso) ou de contrações simultâneas de músculos agonistas e antagonistas (p. ex.: tremor essencial) Síndromes extrapiramidais: Síndrome Hipercinética Hipocinética Principal doença Doença de Huntington Doença de Parkinson Manifestações clínicas -Coreia -Balismo -Atetose -Distonia -Tiques -Tremor -Bradicinesia -Rigidez plástica “sinal da roda denteada” -Tremor de repouso -Face congelada -Micrografia -Marcha em bloco DOENÇA DE PARKINSON Tratamento Doença de Parkinson A abordagem para o tratamento da doença de Parkinson deve ser altamente individualizada. É importante compreender que não existe um tratamento que possa impedir totalmente a progressão da doença. O tratamento meramente controla os sintomas. Intervenções não farmacológicas oferecem grupos de apoio, orientação, exercício diário e alimentação balanceada. Podem ser utilizadas injeções de toxina botulínica no tratamento de distonias, como o espasmo da pálpebra e distonias dos membros que estão associadas à doença de Parkinson. Pessoas com parkinsonismo diferente do apresentado na doença de Parkinson idiopática geralmente não respondem de maneira significativa aos medicamentos desenvolvidos para a doença de Parkinson. Bruna Melnik Bellandi – 5º Período Na maioria dos casos, o tratamento farmacológico é determinado pela gravidade dos sintomas. Os fármacos antiparkinson atuam por meio do aumento da capacidade funcional do sistema dopaminérgico hipoativo ou pela redução da influência excessiva de neurônios colinérgicos excitatórios. As substâncias que melhoram o funcionamento do sistema dopaminérgico incluem aquelas que aumentam os níveis de dopamina (levodopa), estimulam os receptores de dopamina (agonistas do receptor de dopamina) ou retardam a decomposição da dopamina (inibidores da monoamina oxidase). Como a transmissão da dopamina é interrompida na doença de Parkinson, desenvolve-se uma preponderância da atividade colinérgica, que pode ser tratada com substâncias anticolinérgicas. A dopamina não atravessa a barreira hematencefálica. A administração de levodopa, um precursor de dopamina que consegue atravessar a barreira hematencefálica, tem produzido melhora significativa nos sintomas clínicos da doença de Parkinson, e continua a ser a substância mais efetiva para o tratamento. A evidência de diminuição dos níveis de dopamina no corpo estriado em pacientes com a doença de Parkinson levou à administração de grandes doses de um composto sintético de levodopa, que é absorvido pelo sistema intestinal, atravessa a barreira hematencefálica e é convertido em dopamina pela ação central da dopa descarboxilase. Quando a levodopa (um inibidor da descarboxilase) é administrada em combinação com carbidopa, o metabolismo periférico da levodopa é reduzido, os níveis plasmáticos de levodopa se elevam e sua meia-vida é mais longa, e uma quantidade maior de levodopa torna-se disponível para entrada no encéfalo, necessitando de uma dose menor para alcançar os resultados desejados. Um efeito adverso tardio do tratamento com levodopa é o chamado fenômeno on-off, em que ocorrem flutuações frequentes, abruptas e imprevisíveis na performance motora durante o dia. Essas flutuações incluem períodos “on”, sem discinesia; períodos “on” com discinesia e períodos de bradicinesia (a resposta “off”). Algumas flutuações refletem o tempo de administração do fármaco e, nesse caso, a resposta “on” coincide com os níveis de pico do medicamento e a resposta “off” com baixos níveis do medicamento. Bromocriptina, pramipexol e ropinirol são exemplos de agonistas da dopamina que estimulam diretamente os receptores de dopamina.26 A rotigotina é um agonista da dopamina que é oferecido por um sistema transdérmico. A apomorfina é outro agonista da dopamina que pode ser administrado por via intravenosa. A bromocriptina, o pramipexol e o ropinirol são utilizados como terapia inicial ou adjuvante na doença de Parkinson. Eles podem ser administrados em combinação com carbidopa/levodopa. A selegilina e rasagilina são inibidores da monoamina oxidase do tipo B, que inibem a degradação metabólica da dopamina. A selegilina e rasagilina podem ser usadas como tratamento adjuvante para reduzir leves flutuações on-off na capacidade de resposta das pessoas que estão em tratamento com levodopa.16 Acredita-se que medicamentos anticolinérgicos (p. ex., tri-hexafenidil, benztropina) sejam capazes de restaurar o “equilíbrio” entre a redução de dopamina e os neurônios colinérgicos sem inibição no corpo estriado. São mais úteis no alívio da rigidez e do tremor do que na bradicinesia. As substâncias anticolinérgicas reduzem os tremores e a rigidez e conseguem alguma melhora da função. No entanto, sua potência parece diminuir com o tempo e o aumento da dosagem apenas aumenta a possibilidade de efeitos secundários, como borramento visual, xerostomia, distúrbios nos intestinos e na bexiga, disfunção cognitiva e alucinações. Antes do advento da estimulação profunda do encéfalo, o tratamento cirúrgico para a doença de Parkinson era limitado à realização de talamotomia e palidotomia, que também causavam destruição de tecido encefálico. Com esses procedimentos, parte do tálamo ou do globo pálido nos núcleos da base é destruída pelo uso de um estimulador elétrico ou pela ponta super- resfriada de uma sonda de metal (criotalamotomia). É feito o mapeamento encefálico durante a cirurgia para identificar e evitar danos em áreas sensoriais e motoras. Geralmente, a talamotomia e a palidotomia são confinadas a um lado do encéfalo, devido aos efeitos adversos associados a procedimentos lesionantes bilaterais. O transplante cirúrgico de tecido medular adrenal ou tecido da substância negra fetal foi pesquisado em ensaios clínicos, mas também não foi comprovada sua utilidade. Bruna Melnik Bellandi – 5º Período A estimulação encefálica profunda, que envolve a implantação de eletrodos no núcleo subtalâmico ou na parte interna do globo pálido, é realizada com mais frequência para o tratamento de doença de Parkinson nos EUA, uma vez que é considerada não destrutiva e reversível. Os eletrodos são conectados a um gerador de impulso cirurgicamente implantado, que fornece uma estimulação elétrica para bloquear a atividade do nervo anormal que causa tremor e atividade motora anormal na doença de Parkinson. O sistema de estimulação encefálica profunda viabiliza a programação da estimulação para controlar os sintomas do paciente, e os parâmetros de estimulação podem ser alterados ao longo do tempo à medida que a doença progride. A estimulação encefálica profunda é empregada em pessoas com doençade Parkinson que respondem ao tratamento com levodopa, mas que apresentam efeitos colaterais associados (p. ex., flutuação motora ou discinesia). Não é uma cura, mas serve para aumentar a duração dos períodos “on”, possibilita a redução na dosagem de medicação (na estimulação dos núcleos subtalâmicos) e melhora a função.
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