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Aula 2 - Texto Geografia Politica

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GEOGRAFIA POLÍTICA 
AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Pedro Vicente de Castro 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Nesta aula, você vai aprender o que são Estados nacionais e como eles 
surgiram. Hoje, quase todo o planeta é dividido entre territórios reconhecidos 
como pertences a Estados nacionais. Mas essa situação não é a regra ao longo 
da história. Como vimos anteriormente, o território de um Estado não é um 
pedaço de terra, mas o que determina sobre quais pessoas ele exerce poder. O 
exercício de poder sobre pessoas é o fundamental. Historicamente, muitas 
organizações políticas exerceram poder sobre pessoas por outros meios que 
não o controle de um espaço geográfico com fronteiras bem delimitadas. Os 
governantes dos grandes impérios da Antiguidade, como o romano, estavam 
mais preocupados com o controle de cidades e de rotas comerciais do que de 
fronteiras. O Estado nacional é um fenômeno histórico, contingente, que emergiu 
em um contexto específico. 
Esse contexto é a Europa do fim da Idade Média ao século XIX. Estados 
nacionais emergiram como efeito colateral da competição militar entre monarcas. 
Para prevalecerem militarmente, monarcas precisavam levantar e manter 
exércitos em uma escala crescente. Isso, por sua vez, significava que 
precisavam ser capazes de levantar fundos em uma escala crescente. Uma 
maneira de fazer isso era cobrando impostos da população sob seu poder. Para 
tanto, contudo, monarcas precisavam vencer a resistência não só de suas 
respectivas populações, mas da nobreza. Isso, por sua vez, envolvia eliminar 
instituições políticas com poderes próprios, como as assembleias aristocráticas 
medievais, e consolidar esses poderes no governo central. Os monarcas que 
conseguiram fazer isso conseguiram sobreviver à competição militar. O efeito 
colateral de suas ações foi a emergência de Estados politicamente e 
administrativamente centralizados, com monopólio da coerção e controle de 
território contínguos: isto é, os Estados nacionais. 
Os Estados europeus contemporâneos são resultado desse processo. 
Não havia nada de predestinado nesse resultado, que poderia ter sido diferente. 
Os Estados que hoje dividem o território do continente poderiam ter sido outros. 
O que hoje chamamos de Alemanha, por exemplo, não existia até o século XIX. 
E a miríade de principados e ducados que dividam o território hoje alemão não 
estava predestinada a ser unificada ou a ser unificada da forma como foi. Esses 
principados e ducados foram unificados pelos Hohenzollern. Mas eles poderiam 
 
 
3 
ter sido unificados pelos Habsburgo. Por um tempo, ambas as casas dinásticas 
eram pretendentes em pé de igualdade a governar sobre a consolidação política 
dos Estados do extinto Sacro-Império Romano-Germânico. Isso ocorreu sobre 
uma, mas poderia ter ocorrido sobre a outra. 
Isso significa que falar sobre a Alemanha, ou mesmo sobre a França ou a 
Inglaterra ao longo do período de formação dos Estados nacionais é anacrônico. 
Dá a entender que já existe algo claramente identificável como o Estado alemão, 
francês ou inglês, quando isso não é verdade. O que há é uma miríade de 
organizações políticas que convivem dentro de um espaço geográfico muitas 
vezes não claramente delimitado. Em comum elas têm o fato de estarem 
formalmente sob a autoridade de um mesmo príncipe. Mas isso frequentemente 
significa muito pouco. Às vezes, esse príncipe é pouco mais do que uma figura 
simbólica sem muito poder político. Foi conforme esses príncipes conseguiram 
estabelecer e expandir seu poder político que essa miríade de organizações foi 
sendo consolidada sob o que hoje chamamos de Estado nacional. 
TEMA 1 – O QUE SÃO ESTADOS NACIONAIS? 
A mais famosa definição de Estado é provavelmente a do sociólogo Max 
Weber: um grupo de pessoas que reivindica com algum nível de sucesso o 
monopólio do uso legítimo da violência dentro de um território determinado. Três 
elementos merecem destaque nessa definição: violência, legitimidade e 
monopólio dentro de um território determinado. O Estado não reivindica o 
monopólio do uso da violência à toa, mas com um objetivo. Esse objetivo é fazer 
as pessoas se comportarem da maneira como ele deseja. O Estado usa a 
ameaça de violência para conseguir isso. Em outras palavras, o Estado exerce 
coerção, que, como vimos anteriormente, é uma forma de poder. 
O segundo elemento é legitimidade. O Estado não apenas exerce 
coerção, mas reivindica que isso é legítimo. Em outras palavras, o Estado 
reivindica autoridade, que, como vimos anteriormente, é uma forma de poder 
ideológico. O Estado reivindica ser diferente de um ladrão que usa a ameaça de 
violência para fazer sua vítima entregar-lhe seus bens, por exemplo. O ladrão 
não reivindica autoridade, apenas exerce coerção. O terceiro elemento, por fim, 
é o monopólio dessa violência legítima dentro de um território determinado. O 
Estado não apenas exerce coerção para a qual alega legitimidade, mas 
reivindica que o único grupo de pessoas que pode exercer a coerção 
 
 
4 
legitimamente dentro de um espaço geográfico determinado. Dentro desse 
território, nenhum outro grupo exerce coerção legitimamente senão de maneira 
delegada pelo Estado. Esse elemento remete às noções de soberania e território, 
que abordamos anteriormente. 
Como discutimos então, essas noções representam mais uma ambição 
dos governantes pelo poder incontrastado do que uma realidade. Ao longo da 
história, a maior parte das formas de Estado não reivindicava soberania e não 
buscava exercer poder sobre as pessoas por meio do controle do território. A 
forma de Estado que melhor reflete essa descrição é o Estado nacional e é nele 
que Weber estava pensando ao elaborar sua definição. O Estado nacional é um 
fenômeno histórico, contingente, que emergiu em um contexto específico: a 
Europa do fim da Idade Média ao século XIX. O surgimento do Estado foi um 
efeito colateral da competição militar entre monarcas europeus durante esse 
período. 
Na Europa medieval o poder político era disperso entre diversos 
indivíduos e grupos. No interior, rural, a figura mais poderosa era o senhor feudal, 
que exercia poder quase absoluto sobre os servos ligados ao território por ele 
controlado. Esses senhores, por sua vez, eram ligados entre si por relações 
hierárquicas de suserania e vassalagem, em que o inferior, o vassalo, devia 
lealdade ao superior, já o suserano devia proteção ao inferior. Essas relações 
eram contratuais e estabeleciam direitos e deveres para ambas as partes, de 
forma que o suserano não gozava de poder absoluto sobre seus vassalos. 
Muitas cidades eram governadas por autoridades próprias, recrutadas dos 
mercadores, envolvidos com comércio de longa distância, que constituíam a elite 
urbana. Mas essas autoridades tinham de dividir o poder com guildas e 
corporações de ofícios, que, por meio de suas próprias leis e tribunais, exerciam 
poder sobre artesãos e mercadores. E todas essas figuras dividiam poder com 
a Igreja Católica, que, também por meio de suas próprias leis e tribunais, exercia 
poder sobre todos os fiéis, o que, na época, incluía todos aqueles nascidos na 
Europa católica. 
Hoje, o poder político é centralizado. Mesmo em Estados federativos, nos 
quais o governo federal convive com os estaduais, o poder político é concentrado 
no conjunto de organizações políticas que viemos a chamar de Estado nacional. 
O poder político deixou de ser disperso entre indivíduos e grupos para ser 
concentrado nessas organizações, que sequer existiam na Idade Média. O 
 
 
5 
governo das cidades foi igualmente absorvido pelo Estado nacional. Ainda que 
elas sejam governadas por autoridades próprias, essas autoridades são parte do 
conjunto de organizações que constituem o Estado nacional, e não algo à parte. 
Guildas e corporações de ofício deixaram de existir e o poder da Igreja Católica 
se tornou puramente espiritualpara aqueles que não fazem parte do clero. Em 
vez de estarem sujeitos a diversas fontes de poder político, os indivíduos estão 
sujeitos a uma: o Estado nacional. Como essa transformação aconteceu? 
TEMA 2 – FORMAÇÃO DOS ESTADOS NACIONAIS 
Teorias normativas do Estado, isto é, teorias que buscam justificar sua 
existência e estabelecer o que ele deve e não deve fazer, muitas vezes são 
formuladas como se fossem histórias sobre a origem do Estado. As teorias 
contratualistas, das quais a de Hobbes, que abordamos anteriormente, é um 
exemplo, seguem esse modelo. Essas teorias começam postulando um cenário 
imaginário ou contrafactual: como seria o mundo se não houvesse instituições 
políticas? É o chamado estado de natureza. O caminho convencional dessas 
teorias é, então, apontar as dificuldades e inconveniências que esse estado gera. 
Diferentes autores pintam esse cenário com diferente intensidade dramática. No 
caso de Hobbes, como vimos, essa intensidade é elevada. Seres humanos são 
basicamente reduzidos a uma existência animalesca. O Estado, então, é 
introduzido como a solução para essa situação. Ao estabelecer o Estado, os 
indivíduos resolvem as dificuldades e os inconvenientes do estado de natureza 
e podem gozar das vantagens a existência de organizações políticas. Como 
vimos, segundo Hobbes, essa vantagem é a paz civil. No argumento dele, essa 
vantagem é suficiente para que os indivíduos se submetam ao poder do Estado 
– mesmo um absoluto, como o que ele defende. 
Nessas histórias, o Estado surge como resultado de uma escolha 
autointeressada dos governados: eles escolhem se submeter ao poder do 
Estado porque isso é vantajoso para eles. Nada poderia ser mais longe da 
verdade. Na realidade, o Estado nacional é resultado das escolhas 
autointeressadas dos governantes, não dos governados. E a essas escolhas 
houve, inclusive, resistência, não raro armada, por parte dos governados. O 
exercício da coerção, como vimos, é um elemento central do Estado nacional. 
As teorias contratualistas, interessadas em justificar e a existência do Estado e 
estabelecer o que ele deve e não deve fazer, prescrevem que a coerção seja 
 
 
6 
exercida em benefício dos governados. Na realidade, ao longo da trajetória de 
formação dos Estados nacionais, a coerção foi exercida em benefício dos 
governantes. Assim como foi em benefício deles que sua intensidade foi 
aumentando ao longo do tempo. 
A coerção permite que o governante extraia recursos, por meio de 
impostos ou trabalho forçado, dos governados. Hoje, estamos acostumados a 
pensar que pagamos impostos para que o Estado nos forneça serviços públicos 
em retorno e a nos queixar quando acreditamos que os serviços oferecidos não 
valem o quanto de imposto pagamos. Nada poderia estar mais longe da verdade 
ao longo da história. Estados coletavam impostos para seu próprio benefício. 
Nem mesmo policiamento, algo que pode parecer integral à manutenção da paz 
civil em um Estado hobbesiano, era exercida pelo Estados nacionais até o século 
XIX, como conta o cientista político David Bayley (1975). 
Os recursos extraídos dos governados não só permitiam que os 
governantes vivessem luxuosamente, como que adquirissem a capacidade 
militar para fazer frente aos competidores. Há uma acirrada competição militar 
entre príncipes europeus do fim da Idade Média ao século XIX. Aqueles que 
ficam para trás na capacidade de travar e vencer guerras são derrotados e vão 
sendo eliminados do cenário. Para adquirir essa capacidade, príncipes precisam 
de recursos. E uma fonte de recursos é a extração daqueles que governam. Para 
extrair recursos dos governados por meio de impostos, príncipes precisam 
eliminar as resistências políticas à tributação e construir a estrutura 
administrativa necessária para a coleta de impostos. 
Aqueles que conseguem realizar essas tarefas adquirem maior 
capacidade militar e prevalecer sobre aqueles que não conseguem realizá-las. 
Os príncipes fracos, nesse sentido, vão sendo eliminados do cenário e os fortes 
vão anexando seus territórios. O resultado, ao final de séculos, é a emergência 
dos Estados nacionais: organizações políticas centralizas, com a capacidade de 
cobrar impostos dos governados e travar guerras, e que controlam territórios 
contíguos. 
Essa é, em síntese, a explicação oferecida pelo sociólogo Charles Tilly 
(1975) para o surgimento dos Estados nacionais. Ela envolve a interação entre 
quatro atores: um príncipe, que é no princípio frequentemente apenas o maior 
proprietário rural em uma região; grandes proprietários rurais, que constituem 
uma nobreza agrária; camponeses, isto é, trabalhadores rurais frequentemente 
 
 
7 
desprovidos de uma série de liberdades individuais, como a de procurar 
melhores condições de trabalho em outra propriedade – isto é, servos; e 
mercadores banqueiros, indivíduos envolvidos no comércio de longa distância e 
na prestação de serviços financeiros. 
Príncipe e nobreza estão principalmente no negócio de coerção: eles 
extraem recursos dos demais, em particular os camponeses e servos que 
empregam em suas propriedades rurais, por meio da ameaça de uso da 
violência. Já comerciantes e banqueiros estão no negócio da aplicação de 
capital: o uso de recursos acumulados para realização de atividades econômicas 
que envolvem risco, como o comércio ultramarino ou empréstimos de longo 
prazo. A interação entre esses quatro atores é o que vai configurar as diferentes 
maneiras como os príncipes travam guerras, pagam por elas e consolidam seu 
poder ao longo do tempo. 
TEMA 3 – TRAVANDO A GUERRA 
Um fator fundamental para a formação dos Estados nacionais foi a 
transformação da maneira de se travar guerras ao longo do tempo da Idade 
Média ao século XIX. Essa transformação foi provocada por inovações nas 
tecnologias de guerra, mas também na organização dos exércitos. A conjunção 
desses dois tipos de inovação constituiu os diferentes “formatos militares”, na 
expressão do historiador Samuel Finer (1975), que prevaleceram o longo do 
tempo nesse período. A grande consequência dessa transformação foi o 
encarecimento da guerra, o que levou à eliminação dos príncipes que não tinham 
a capacidade de levantar os recursos necessários para travá-las. 
No auge da Idade Média, o formato militar dominante era a cavalaria 
armada. Ela era constituída por cavaleiros e seus cavalos, ambos cobertos por 
armaduras, sendo os primeiros armados com lanças. Cada cavaleiro ainda 
precisava de um ou dos escudeiros para auxiliá-lo a vestir as pesadas armaduras 
e montar no cavalo. Tudo isso tinha um custo, que recaía sobre o cavaleiro. O 
cavalo e a armadura eram sua propriedade e os escudeiros seus servos. Quem 
desejasse entrar na guerra precisava estar em condições de arcar com esses 
custos. Como Finer (1975) coloca, é como se um soldado hoje tivesse de levar 
seu próprio tanque de guerra para o campo de batalha. Por isso, a guerra era 
uma atividade restrita aos ricos. Mais especificamente, aos grandes proprietários 
rurais. 
 
 
8 
O que eles recebiam em retorno por lutarem pelo príncipe eram novas 
propriedades rurais. A economia medieval era muito pouco monetizada; isto é, 
havia pouco dinheiro em circulação. Príncipes não tinham condição de pagar em 
dinheiro para seus soldados. Então pagavam em terras. Com a propriedade da 
terra, vinha uma série de prerrogativas sobre os camponeses que trabalhavam 
nela, servos ou não. Essas prerrogativas permitiam que o proprietário (ou 
senhor) extraísse recursos da propriedade. Tendo sua mobilidade vedada, 
servos eram obrigados a trabalhar na terra do senhor em quaisquer condições 
que ele oferecesse. Além disso, ele podia cobrar uma série de impostos e taxas 
dos demais camponeses, livres. Foi esse arranjo – serviço militar em troca de 
propriedade rural com prerrogativas senhoriais – que levou à formação do que 
ficou conhecido como feudalismona Europa. A nobreza agrária europeia foi 
originalmente uma classe militar. 
Essa maneira de arregimentar tropas começou a mudar com a invenção 
das picas e albardas: espécies de lanças que permitiam que soldados de 
infantaria derrubassem os cavaleiros de sua montaria. Essa inovação 
tecnológica tornou a cavalaria armada obsoleta. A partir de então, a peça central 
dos formatos militares passou a ser a infantaria. Soldados não precisavam mais 
ter seu próprio cavalo, armadura e escudeiros. Não precisavam mais, portanto, 
ser senhores de terras. A atividade da guerra, podemos dizer, se democratizou. 
Isso reduziu o custo per capita de arregimentar tropas e permitiu que príncipes 
recrutassem soldados entre toda a população, não só a nobreza. Isso, por sua 
vez, aumentou o tamanho que os exércitos podiam ter. E os exércitos cresceram 
de tamanho. Muito embora o custo por soldado tivesse se reduzido, com o 
crescimento constante do tamanho dos exércitos, o custo total também passou 
a crescer. 
Ao mesmo tempo, esses exércitos não podiam mais ser pagos em terras. 
Eles exigiam dinheiro. Na época da cavalaria armada, as tropas não eram 
arregimentadas diretamente pelo príncipe. O príncipe convocava os senhores 
imediatamente subordinados a si. Estes, por sua vez, convocavam seus 
vassalos e assim por diante. Com a obsolescência da cavalaria armada, a 
arregimentação de tropas permaneceu indireta. Mas, em vez de senhores que 
convocavam seus vassalos, o intermediário entre o príncipe e as tropas passou 
a ser um empreendedor profissional. Ele recebia uma determinada quantia e se 
comprometia a entregar um exército de determinado tamanho e, às vezes, 
 
 
9 
comandá-lo no campo de batalha. Esses empreendedores da guerra (ou 
mercenários) usavam diversas estratégias para recrutar soldados, inclusive a 
coerção. Mas eles próprios exigiam crescentemente pagamento em dinheiro. 
Gastando cada vez mais com seus exércitos, príncipes foram tomando 
medidas para aumentar seu controle sobre as tropas. Na época da cavalaria 
armada e dos mercenários, exércitos eram forças privadas, arregimentadas por 
agentes privados e colocados à serviço do príncipe. Com o crescente controle 
dos príncipes sobre os exércitos, eles foram se tornando públicos, leais ao 
príncipe e, mais tarde, ao Estado. Mas durante todo o período de formação dos 
Estados nacionais na Europa, tropas mercenárias representaram uma parcela 
relevante dos exércitos. E tropas mercenárias custam dinheiro. 
TEMA 4 – PAGANDO PELA GUERRA 
Como príncipes pagavam por isso? Como já dito, o príncipe era 
frequentemente apenas o maior proprietário rural em uma região. Como o 
historiador Rudolf Braun (1975) aponta, muito embora o príncipe gozasse de 
diversas prerrogativas sobre seus súditos, esperava-se que ele vivesse por 
conta própria, com as rendas geradas por suas terras, assim como a nobreza 
agrária vivia das rendas geradas pelas suas próprias terras. Essa renda inclui a 
cobrança de impostos e taxas, mas apenas dos camponeses que trabalham nas 
terras do senhor. O príncipe não podia cobrar qualquer imposto dos seus demais 
súditos. 
Como vimos, a cavalaria armada era composta pela nobreza agrária. Era 
uma forma de serviço militar obrigatório, exclusivo dessa classe. Esse serviço 
era, contudo, temporário, durando tipicamente 40 dias. Com a intensificação da 
competição militar entre os príncipes, as guerras foram se tornando mais 
frequentes e mais longas. O serviço militar temporário da nobreza agrária não 
era mais suficiente para suprir a necessidade de tropas. Príncipes pressionavam 
pelo aumento das obrigações militares dos nobres, a que eles resistiam. A 
solução do impasse foi a gradual e, no fim das contas completa, comutação da 
obrigação de serviço militar por contribuições em dinheiro, isto é, impostos. Mas, 
assim como o serviço militar, esses impostos eram temporários e devidos 
apenas em tempo de guerra. Eles também dependiam do consentimento dos 
nobres, que deliberavam a respeito do pedido do príncipe nas assembleias dos 
estados, instituições com origens medievais presentes em quase toda a Europa. 
 
 
10 
Os Estados eram compreensivelmente resistentes a concederem os 
pedidos dos príncipes por impostos, especialmente para campanhas militares 
ofensivas. Por que eles deveriam financiar as ambições imperiais do príncipe? 
Ele que pague por elas do seu próprio bolso. Príncipes respondiam que o 
sucesso dessas campanhas era crucial para manter a integridade do reino. Mas 
os pedidos por mais impostos eram sempre uma ocasião de conflito entre o 
príncipe a nobreza. Os príncipes que foram vencendo esses conflitos foram 
também, como efeito colateral, gradualmente expandindo seu poder sobre seus 
súditos. Ao mesmo tempo, esses príncipes, por conseguirem tributar seus 
súditos, adquiriam uma vantagem perante os demais na competição militar. Isso 
levou, ao longo do tempo, à sobrevivência dos príncipes politicamente fortes e à 
eliminação dos fracos. 
Mas conflitos são arriscados. Podem escalar para a violência, como a 
Guerra Civil entre o rei e o parlamento na Inglaterra no século XVII mostram. Por 
isso, príncipes que preferiam evitar o conflito quando possível. Aqueles que 
tinham acesso a outras fontes de recursos podiam se dar a esse luxo. Uma fonte 
importante era minérios, como ouro, prata e sal. Durante o período em que a 
Espanha e extensos territórios na Itália e na Europa central estiveram sob o 
mesmo domínio, o dos Habsburgo, a prata das colônias espanholas na América 
permitiu que mantivessem sua superioridade militar na Europa, embora não 
fossem capazes de impor seu poder às diversas nobrezas locais sobre as quais 
reinavam. Contudo, o fluxo da prata americana eventualmente caiu. Não tendo 
estabelecido sua capacidade de tributar seus súditos, os Habsburgo perderam a 
superioridade militar. 
Outra alternativa era recorrer a empréstimos. A maioria dos príncipes 
recorreu a empréstimos para financiar suas campanhas militares mais cedo ou 
mais tarde e em maior ou menor medida. Mas empréstimos precisam ser pagos 
em algum momento. Além disso, as condições dos empréstimos (isto é, os juros 
e os créditos) dependem da confiança que os banqueiros tinham de que os 
príncipes conseguiriam pagar as dívidas. Por isso, príncipes que já tinham 
conseguido estabelecer sua capacidade de tributar seus súditos conseguiam 
obter empréstimos em melhores condições. No final das contas, a capacidade 
de tributar era essencial. 
A superioridade militar da Inglaterra durante o século XVIII, por exemplo, 
se deveu em grande medida ao fato de que, diferentemente da sua maior 
 
 
11 
adversária, a França, a coroa, com a cooperação do parlamento, já tinha 
conseguido unificar as contas públicas. A Inglaterra tinha um orçamento e uma 
dívida pública unificados e uma instituição para financiá-la, o Banco da Inglaterra. 
Em virtude disso, ela conseguiu empréstimos em condições favoráveis para 
pagar por suas campanhas vitoriosas na Guerra da Sucessão Espanhola e na 
Guerra dos Sete Anos. Em contraste, as contas francesas não eram unificadas, 
nem mesmo discriminadas entre públicas (do Estado) e privadas (da pessoa do 
rei). Quando o ministro das finanças de Luís XVI, o reformista Jacques Necker 
apresentou uma prestação de contas unificada da situação financeira do reino, 
o que foi uma grande inovação. 
TEMA 5 – CONSOLIDANDO O PODER 
Para adquirir a capacidade de tributar seus súditos, príncipes precisavam 
vencer a resistência da miríade de organizações políticas com que tinham de 
conviver. Aqueles que tinham sucesso nisso, foram também, como efeito 
colateral, esvaziando essas organizações. Ao longo do tempo, isso levou à 
consolidação do poder político em um conjunto de organizações centralizado, 
isto é, o Estado nacional. Isso não significa que esses príncipes, no fim das 
contas, gozaram de poder absoluto. A expressãoabsolutismo monárquico, 
embora seja de uso consagrado, pode dar lugar a mal-entendidos. Em nenhum 
lugar príncipes governavam sozinhos. Em todo lugar eles dependiam do apoio 
da nobreza. Frequentemente, o príncipe tinha poder absoluto em teoria, mas 
dependia da nobreza na prática. Mas a expressão reflete o fato de que os 
príncipes absolutistas governavam organizações políticas muito mais 
centralizadas que seus predecessores. Mesmo onde a expressão não se aplica, 
como na Inglaterra, o poder foi ao longo do tempo sendo consolidado em um 
pequeno número de organizações centralizadas, com autoridade sobre todos os 
súditos e sobre todo o território. 
A consolidação do poder não é um fenômeno puramente formal. Não diz 
respeito apenas a quem é formalmente titular da autoridade. Para tributar seus 
súditos, não basta que o príncipe tenha a autoridade formal para tanto. Ele 
também precisa da capacidade administrativa para fazê-lo: ele precisa de 
pessoas que coletem os impostos e os depositem nos cofres da coroa. Em outras 
palavras, ele precisa de uma burocracia leal. A dependência do príncipe no 
consentimento dos nobres, nas assembleias dos Estados, não era uma questão 
 
 
12 
formal, apenas. O príncipe dependia do consentimento dos nobres porque 
dependia deles para coletar os impostos na prática. Os nobres coletavam 
impostos para o príncipe como parte das diversas prerrogativas de origem feudal 
de que gozavam. Para poder tributar seus súditos, o príncipe, portanto, precisava 
contar com o apoio da nobreza ou estar em condições de dispensá-la. 
Em alguns lugares, o príncipe foi adquirindo autonomia em relação à 
nobreza por meio da criação de uma burocracia própria, paralela às 
organizações políticas comandadas pela nobreza, que foi gradualmente 
absorvendo os poderes dessas. O exemplo clássico é a França. Desde a Idade 
Média a França era um mosaico de regiões com instituições políticas diferentes 
e igualmente diferentes relações com a coroa. À maneira pela qual os Bourbon 
adquiriram a capacidade de tributar seus súditos por meio de uma burocracia 
centralizada, leal à monarquia. Uma figura central dessa burocracia eram os 
chamados intendants, administradores locais subordinados diretamente ao rei. 
Eles eram os responsáveis por organizar a coleta dos impostos cobrados pela 
coroa. Adquirindo a capacidade de tributar seus súditos diretamente, os Bourbon 
puderam se dar ao luxo de deixar de convocar os estados gerais, a mais alta 
assembleia aristocrática do reino, por mais de um século. 
Já em outros, o príncipe foi adquirindo autonomia cooptando a nobreza a 
integrar a burocracia centralizada. O exemplo clássico é a Prússia, o reino com 
base no qual a Alemanha seria eventualmente unificada. Os Hohenzollern 
cooptaram a nobreza local, os junkers, a integrar a emergente burocracia do 
reino. Em uma mostra da associação íntima entre tributação e guerra na 
formação dos Estados nacionais, essa burocracia se desenvolveu por meio de 
órgãos encarregados da organização e do comando do exército, uma atividade 
para a qual os junkers se consideravam naturalmente vocacionados. A 
cooptação dos junkers os tornou dependentes da coroa, fazendo do reino da 
Prússia um dos mais politicamente centralizados e seu rei, um dos maiores 
expoentes do absolutismo. 
Os nobres não eram os únicos que resistiam às demandas dos príncipes 
por impostos. Entre a Idade Média e o século XVIII, a economia europeia se 
tornou muito mais comercial. Mas a imensa maioria das pessoas ainda era de 
trabalhadores rurais que produziam para consumo próprio. É difícil cobrar 
impostos das pessoas quando elas não ganham dinheiro. Os príncipes não 
deixaram de tentar e, dessa forma, incentivaram os camponeses a produzir para 
 
 
13 
o mercado para que pudessem ter dinheiro para pagar seus impostos. Mas, 
como aponta o historiador Gabriel Ardant (1975), a principal fonte de recursos 
ainda era composta por impostos sobre a compra e venda de mercadorias, que, 
envolvendo dinheiro, são fáceis de serem tributadas. Esses impostos 
naturalmente recaíam mais pesadamente sobre as cidades, onde a maior parte 
da circulação de mercadorias acontecia. E as elites municipais, entre elas 
mercadores e banqueiros, não gostavam nada disso. As cidades europeias 
costumavam ter governo próprio, comandado por essas elites, e resistiram a 
serem subjugadas por príncipes. Onde essas elites eram mais ricas e mais 
capazes de resistir por mais tempo, como nas repúblicas do norte da Itália e na 
Liga Hanseática, Estados nacionais demoraram mais para se formar. 
Às vezes a resistência dos súditos podia escalar para a violência. As 
grandes revoluções políticas dos séculos XVII e XVIII são episódios dentro da 
história mais ampla da formação dos Estados nacionais. A guerra civil na 
Inglaterra teve como causa o conflito entre o rei e o parlamento a respeito do 
poder de tributar do primeiro: o rei negava a necessidade de consentimento do 
parlamento para tanto, ao passo que este a afirmava. O conflito foi apaziguado 
apenas com a eventual “importação” de um rei, o holandês Guilherme de 
Orange, comprometido a respeitar a posição do parlamento, no episódio 
conhecido como Revolução Gloriosa. 
As revoluções americana e francesa são igualmente episódios dentro 
dessa história. No século XVIII, Inglaterra e França lutaram entre si em um 
conflito que se desenrolou na Europa e na América do Norte e que ficou 
conhecido como Guerra dos Sete Anos. A Inglaterra saiu vitoriosa, mas o conflito 
deixou ambos os países endividados. Para pagar suas dívidas, a Inglaterra 
começou a tributar mais pesadamente suas colônias na América do Norte, que 
até então sofriam pouca interferência da metrópole. 
O conflito que se seguiu escalou a ponto de as colônias se declararem 
independentes, provocando uma guerra com a metrópole. Vendo a oportunidade 
de reequilibrar a competição militar, a França entrou na guerra do lado dos 
revolucionários, garantindo-lhes a vitória. Essa decisão, contudo, comprometeu 
ainda mais as finanças francesas. A França já vivia um impasse quanto à 
situação de suas finanças. Ministério atrás de ministério tinha falhado em 
conseguir o apoio da nobreza para reformar a organização fiscal do reino, um 
passo importante para reconquistar a confiança dos banqueiros. A solução para 
 
 
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o impasse foi a convocação dos Estados gerais, ignorados há mais de cem anos. 
Foi a caixa de Pandora cuja abertura levou à eclosão da Revolução Francesa. 
Revoluções são episódios em que o conflito entre o príncipe e seus 
súditos não só escalou para a violência, como acabou em derrota para o 
príncipe. Mas se concentrar neles pode desviar nossa atenção da história mais 
ampla da centralização e fortalecimento dos Estados nacionais em que esses 
episódios se situam. O rei inglês saiu do século XVII mais fraco em relação ao 
parlamento do que tinha entrado. Mas o Estado inglês como um todo saiu mais 
forte. Da mesma forma, a Revolução Francesa acabou com o absolutismo no 
país, mas o Estado francês se tornou mais forte e mais centralizado. Como o 
famoso autor do século XIX Alexis de Tocqueville (2016) coloca, a revolução 
completou o trabalho que o antigo regime já tinha começado 
NA PRÁTICA 
O processo de formação dos Estados nacionais é o pano de fundo de 
muitos filmes de drama cuja narrativa se desenrola na Europa entre a Idade e 
Média e o século XIX. Um exemplo é o grande sucesso do cinema, Coração 
Valente, de 1995. O enredo é inspirado nos eventos que levaram a ascensão de 
Robert Bruce ao trono da Escócia, no século XIV. Embora não seja 
historicamente acurado, o filme retrata bem como pretendentes ao trono 
precisam do apoio da nobreza para fazerem valer sua pretensão. 
Outro exemplo são os filmes Elizabeth e Elizabeth: a Era de Ouro, 
respectivamente de 1998 e 2007, cujos enredos são inspirados na vida da rainha 
Elizabeth I daInglaterra. Apesar de também não ser historicamente acurado, o 
filme retrata as medidas que príncipes frequentemente tinham de tomar para 
vencer adversários internos e consolidar seu poder. 
Uma narrativa historicamente acurada dos eventos desses filmes pode 
ser vista nos episódios 4 e 7 da série A History of Britain, de 2000, produzida 
pela BBC e apresentada pelo historiador Simon Schama 
FINALIZANDO 
Nesta aula você aprendeu o que são Estados nacionais e como eles se 
formaram. Estados nacionais são conjuntos de organizações políticas que 
reivindicam com algum nível de sucesso o monopólio do uso legítimo da 
 
 
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violência dentro de um território determinado. Estados nacionais são um 
fenômeno histórico relativamente recente, contingente, que emergiu em um 
contexto específico: a Europa do fim da Idade Média ao século XIX. Não havia 
nada de predestinado no surgimento dos Estados nacionais. Ao longo da 
história, organizações políticas assumiram muitas outras formas que não a do 
Estado nacional. Mesmo a maior parte das formas de Estado não reivindicava 
soberania e não buscava exercer poder sobre as pessoas por meio do controle 
do território. 
Você aprendeu que o surgimento dos Estados nacionais foi um efeito 
colateral da competição militar entre príncipes europeus. Príncipes que não eram 
capazes de tributar seus súditos para arcar com os custos de travar guerras 
foram, ao longo do tempo, sendo eliminados. Os príncipes que sobreviveram não 
apenas encabeçavam Estados fortes e centralizados, como, por meio da 
anexação dos territórios antes governados pelos príncipes derrotados, 
governavam territórios contíguos, impondo um padrão geográfico específico 
para os territórios dos Estados nacionais que perdura até hoje. Tendo dividido o 
continente em territórios nacionais, os Estados nacionais europeus iriam se 
esforçar para fazer o mesmo com o resto do mundo, exportando para lá, ao 
mesmo tempo, sua forma específica de Estado. 
 
 
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REFERÊNCIAS 
ARDANT, G. Financial policy and economic infraestructure of modern states and 
nations. In: TILLY, C. The formation of national states in Western Europe. 
Princeton: Princeton University Press, 1975. 
BAYLEY, D. H. The police and political development in Europe. In: TILLY, C. The 
formation of national states in Western Europe. Princeton: Princeton 
University Press, 1975. 
BRAUN, R. Taxation, sociopolitical structure, and State-building: Great Britain 
and Brandenburg-Prussia. In: TILLY, C. The formation of national states in 
Western Europe. Princeton: Princeton University Press, 1975. 
FINER, S. State and Nation building in Europe: the role of the military. In: TILLY, 
C. The formation of national states in Western Europe. Princeton: Princeton 
University Press, 1975. 
TILLY, C. Coercion, Capital and European States: AD 990-1992. London: 
Blackwell, 1993. 
_____. Reflections on the history of european state-making. In: TILLY, C. The 
formation of national states in Western Europe. Princeton: Princeton 
University Press, 1975. 
TOCQUEVILLE, A. O antigo regime e a Revolução. 2. ed. São Paulo: WMF 
Martins Fontes, 2016. 
WEBER, M. Ciência e política: duas vocações. São Paulo: Cultrix, 2011.

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