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curso livre INTELIGÊNCIA EMOCIONAL SUMÁRIO Autoconsciência 3 Histórico 3 Conceito 6 Neurofisiologia das emoções 12 Emoções 12 Neurofisiologia 19 Os pilares da inteligência emocional por Daniel Goleman 22 Autoconhecimento 23 Gestão das emoções 24 Empatia 25 Sociabilidade 29 Funções executivas: foco, atenção, planejamento e tomada de decisão 30 Áreas e ferramentas de apoio para o desenvolvimento humano 33 Competências essenciais para a alta performance 36 Bibliografia consultada 38 Pág. 3 de 39 AUTOCONSCIÊNCIA Histórico Não é de hoje que o tema da consciência e da autoconsciência é foco de atenção da humanidade, principalmente no que diz respeito às áreas da psicologia e da filosofia. Se voltarmos à Grécia Antiga, já se podia identificar uma grande preocupação com o tema. Filósofos da época, que despendiam seu tempo para refletir sobre as questões da vida, expressaram em frases célebres os dilemas íntimos da psique humana – uma das mais conhecidas até hoje é “conhece-te a ti mesmo”. O que torna esse princípio tão relevante, mesmo com o passar dos séculos, é sua inclinação para o desvendar da alma humana e os comportamentos advindos da vivência interna do indivíduo. Pág. 4 de 39 Grandes pensadores do nosso tempo dedicaram as suas obras a entender essa relação entre as questões individuais do ser humano e sua atenção coletiva, existindo um avanço muito grande na profundidade de tal foco de estudo, tendo a filosofia, a psicologia, a medicina, a sociologia, a neurociência, entre outras áreas, contribuído para estudos relevantes para esse entendimento. Na filosofia, podemos observar que René Descartes trouxe uma compreensão inicial da nossa racionalidade através da sua frase “penso, logo existo”, atribuindo valor, assim, à reflexão sobre as coisas da humanidade, e isso se evidencia ainda mais quando observamos os nossos ancestrais pré-históricos que, por enfrentarem constantes perigos e desafios em seu cotidiano, tinham todas as reações extremamente instintivas e colocavam grande valor na sobrevivência por intermédio das ações instantâneas. Nesse contexto, os estudos da neurociência nos trazem grandes revelações sobre as nossas reações instantâneas versus o pensamento elaborado (racionalidade) quando identificam a evolução do nosso cérebro e sua relação com o sistema nervoso. Há milhares de anos, a espécie humana vem passando por diversas transformações adaptativas, e os ganhos dessas transformações estão na atual capacidade de ponderar e de elaborar questões ligadas às vivência, às emoções e a como isso afeta a construção da personalidade do indivíduo. Para a psicologia, é vital o trabalho direcionado à construção e ao fortalecimento da personalidade do indivíduo e da sua singularidade diante dos aspectos das áreas de sua vida. Atualmente as questões são bem diferentes dos desafios vividos pelos “homens das cavernas” – desde meados do século XX, a sociedade tem passado por mudanças socioculturais, advindas do crescente avanço tecnológico e da facilidade de comunicação e de obtenção de informações geradas no contexto da internet e da globalização. Essas transformações imprimem um impacto no desenvolvimento da população, na Pág. 5 de 39 qualidade de vida e nas relações estabelecidas pelas pessoas, uma vez que, nesse novo cenário, o indivíduo é tomado por um movimento coletivo, superficial e automático. Com o tempo escasso, a instabilidade do mercado de trabalho e um bombardeio de informações novas a cada minuto, o indivíduo se distancia de sua personalidade, reprimindo conteúdos autênticos em seu inconsciente, assumindo, assim, uma identidade comum à da massa para se adaptar da melhor forma à sociedade. Esse movimento contribui para o adoecimento do ser humano, ocasionando, assim, diversas psicopatologias. Para Carl Gustav Jung, psiquiatra suíço e o desenvolvedor da abordagem analítica da psicologia, a relação dos aspectos da sociedade e do desenvolvimento humano são de suma importância para a saúde e bem estar do indivíduo, que tem um árduo caminho para poder se diferenciar do todo para poder ser conforme sua naturalidade: “Individuação significa tornar-se um ser único, na medida em que por ‘individualidade’ entenderemos nossa singularidade mais íntima, última e incomparável, significando também que nos tornamos o nosso próprio si-mesmo” (Jung, 1978, p. 49). Como podemos perceber, existe um longo histórico de pensadores e pessoas que refletiram e criaram obras acerca das ideias de autoconsciência e autoconhecimento, que, mesmo assim, ainda hoje, são temas extremamente relevantes. Nos tópicos a seguir, aprofundaremos os nossos estudos e os direcionaremos para as questões conceituais das emoções humanas e sua forma de inteligência perante as ponderações do nosso dia a dia. Pág. 6 de 39 Conceito Como foi visto anteriormente, muitos pensadores contribuíram para a atenção e o desenvolvimento do tema relacionado à autoconsciência. É perceptível que os autores colocam a autoconsciência como um fator extremamente importante para a ascensão de qualquer pessoa ao longo de sua vida e para o autocontrole. Ao aprofundar o conceito proposto, Goleman não só traz a relevância de conhecer aquilo que temos dentro de nós, nossas preferências, recursos e intuições, mas também, fala sobre a importância de monitorar tudo isso, afinal, nenhuma dessas coisas é estável e imutável, pelo contrário, estão sempre em movimento e em relação com tudo aquilo que vivemos ao longo dos dias de nossas vidas. Para ilustrar isso, Goleman (2017, p. 70) coloca um ótimo exemplo: Pág. 7 de 39 Um guerreiro samurai, conta uma velha história japonesa, certa vez desafiou um mestre Zen a explicar os conceitos de céu e inferno. Mas o monge respondeu-lhe com desprezo: — Não passas de um bruto... não vou desperdiçar meu tempo com gente da tua laia! Atacado na própria honra, o samurai teve um acesso de fúria e, sacando a espada da bainha, berrou: — Eu poderia te matar por tua impertinência. — Isso — respondeu calmamente o monge — é o inferno. Espantado por reconhecer como verdadeiro o que o mestre dizia acerca da cólera que o dominara, o samurai acalmou-se, embainhou a espada e fez uma mesura, agradecendo ao monge a revelação. — E isso — disse o monge — é o céu. Goleman (2017, p. 70) aponta uma conclusão acerca do ocorrido na história: A súbita consciência do samurai sobre seu estado de agitação ilustra a crucial diferença entre alguém ser possuído por um sentimento e tomar consciência de que está sendo arrebatado por ele. A recomendação de Sócrates — “Conhece-te a ti mesmo” — é a pedra de toque da inteligência emocional: a consciência de nossos sentimentos no momento exato em que eles ocorrem. Por mais que, em um primeiro momento, nos pareça óbvio e pensemos já saber quais são os sentimentos que se fazem presentes em cada momento de nossas vidas, se realizarmos uma reflexão mais cuidadosa e nos permitirmos ter tempo para realmente aprofundarmo-nos em uma investigação mais minuciosa e rigorosa, perceberemos que nossas ações ou ideias foram conduzidas e orientadas por esses sentimentos e emoções sem que percebêssemos ou, então, de maneira que reparássemos somente após lidarmos com diversas consequências, quando, às vezes, é tarde demais. Nesse sentido, segundo o próprio Goleman (2017, p. 70), a autoconsciência é um fator fundamental, “[...] no sentido Pág. 8 de 39 de permanente atenção ao que estamos sentindo internamente. Nessa consciência autorreflexiva, a mente observa e investiga o que está sendo vivenciado, incluindo as emoções”. Ao falar de autoconsciência aqui, Goleman aponta para uma atenção reflexiva, introspectiva e aprofundada acerca da própria vivência e de fatos do cotidiano, a cada momento, sempre em vigília. É uma espécie de monitoramento que a pessoa tem acerca de si mesma, de suas emoções, de seussentimentos, de suas ações e reações perante os eventos cotidianos e perante si mesma. É uma maneira de estar presente, de colocar-se diante da vida, de agir e de reagir, fatores que auxiliam no processo de não nos deixarmos conduzir apenas por emoções e reações, de não deixarmos que as emoções ditem todas as nossas escolhas, atitudes e toda a nossa jornada pela vida. É uma proposta para sermos cada vez mais protagonistas de nossas próprias vidas, aliviando o peso de sermos, de certa maneira, escravos de nossos sentimentos e emoções. Todos ouvimos e concordamos, em algum momento, que: tomadas de decisão e posicionamento quando tensos, com raiva ou extremamente estressados, no geral, não trará boas escolhas e consequências. É sobre isso que estamos falando e, também, é daí que a importância da autoconsciência emerge. É uma auto-observação que, em um momento intenso, nos permite ter reflexões do tipo: Nossa! Estou com raiva e é isso que está fazendo com que eu me sinta desta maneira neste exato momento. É a raiva que está me fazendo agir desta maneira! É melhor eu me acalmar para que não faça uma escolha ou ação que me trará consequências indesejáveis. Essa tomada de autoconsciência é fundamental para o autocontrole. Em suma, autoconsciência é “Estar consciente ao mesmo tempo de nosso estado de espírito e de nossos pensamentos sobre esse estado de espírito”, nas palavras de John Mayer, psicólogo da Universidade de New Hampshire que, com Peter Salovey, de Yale, é um dos coformuladores da teoria da inteligência emocional. A autoconsciência pode ser uma atenção não reativa e não julgadora de estados interiores. Mas Mayer acha que essa sensibilidade também pode ser menos Pág. 9 de 39 equânime; os pensamentos que, em geral, revelam a autoconsciência, incluem “Não devo me sentir assim”, “Vou pensar em coisas boas para me animar” e, numa autoconsciência mais restrita, o pensamento passageiro “Não pense nisso”, em relação a alguma coisa muitíssimo perturbadora (Goleman, 20017, p. 71). A autoconsciência não é uma atividade ou um esforço em si. Pelo contrário, é uma maneira de estar presente no mundo que, quando treinada e bem orientada, se torna a forma como nos lançamos e como vivemos nosso cotidiano. É nítido que há uma distinção lógica entre a possibilidade de atingir determinado nível de consciência acerca dos sentimentos e emoções e a ação de mudar ou transformar aquilo que está sendo sentido e percebido; contudo, para John Mayer, as duas questões, no geral, encontram-se combinadas e relacionadas: Reconhecer um estado de espírito negativo é querer livrar-se dele. Esse reconhecimento, porém, é distinto das tentativas que fazemos para evitar agir impulsivamente. Quando dizemos “Pare com isso!” a uma criança cuja raiva a levou a bater num companheiro de brincadeiras, podemos evitar o espancamento, mas a criança continua com raiva. Os pensamentos dela ainda estão fixados na causa da raiva — “Mas ele roubou meu brinquedo!” —, e a raiva continua do mesmo jeito. A autoconsciência tem um efeito mais potente sobre sentimentos fortes, de aversão: a compreensão “O que estou sentindo é raiva” oferece um maior grau de liberdade — não apenas a opção de não agir movido pela raiva, mas a opção extra de tentar se livrar dela (Goleman, 2017, p. 71). Conforme os estilos típicos de comportamento adotados para lidar com as emoções apontados por Mayer (Goleman, 2017), existem, três tipos de pessoas: • Autoconscientes – Vigilantes, atentas e reflexivas, buscam sempre monitorar suas emoções e sentimentos no mesmo momento em que se fazem presentes e atuantes, agindo de maneira bastante sofisticada em relação à sua vida emocional e cotidiana. A possibilidade de clareza acerca de suas emoções e sentimentos oriundas da autoconsciência trazem boa saúde emocional e psicológica, além da possibilidade de afirmar seus traços de personalidade bem como de trabalhar Pág. 10 de 39Pág. 10 de 39 suas dificuldades e desafios. Tal comportamento auxilia, consequentemente, no processo de não se tornar obcecado, ressentido ou permanentemente magoado diante das frustrações e situações complexas ao longo da vida. • Mergulhadas – Pessoas que estão como escravas ou então reféns de suas emoções e sentimentos, completamente imersas neles e incapazes de perceber e/ou lidar com aquilo que sentem. Suas ações, escolhas e convicções são, na maioria das vezes, conduzidas por aquilo que sentem e como se sentem sem que percebam. Pessoas que se encontram “mergulhadas” acabam por agir impulsivamente. São instáveis e explosivas. Por não acreditarem na possibilidade de serem protagonistas diante de suas emoções e sentimentos, raramente buscam uma maneira de monitorá-los e/ou controlá-los, sentindo-se, por muitas vezes, descontroladas emocionalmente. • Resignadas – As pessoas que lidam com suas emoções e sentimentos de forma resignada são aquelas que, por muitas vezes, percebem e observam com clareza o jeito como estão agindo e, portanto, aceitam que aquela é a maneira que são ou como agem. Não apenas aceitam mas afirmam isso: “Eu sou assim mesmo! Se não gosta, vai embora!” Isso, no geral, leva a uma não tentativa de mudança e à mera aceitação daquilo como única possibilidade de lidar com as emoções e sentimentos. Um exemplo clássico disso são as pessoas que acabam por se resignar ao seu desespero em um padrão deprimido de ser. Ou, então, uma pessoa raivosa que repetirá como um mantra: “Eu sou assim mesmo! Me deixe em paz!” Convenhamos que ela não ficará em paz, mesmo que deixada como está. Algumas das maneiras de buscar autoconsciência por conta própria são: • Criar espaço e tempo para reflexão – Separar algum tempo, alguns momentos, em um ambiente menos conturbado e com menos distrações possível. Usar esse tempo para meditar, pensar, refletir sobre o seu Pág. 11 de 39 dia, sobre como está se sentindo, sobre o que fez e o que gostaria de ter feito, escrever, ler e criar. • Praticar a atenção plena – Exercitar a atenção sobre aquilo que está vivendo no momento em que está vivendo; focar o presente, sem julgamentos e sem pesos. Apenas reconhecer as coisas que estão acontecendo tal como estão acontecendo e refletir acerca delas. Isso pode ser feito a qualquer momento. • Manter algum tipo de registro – Escrever, por exemplo, em um diário. A escrita auxilia no processo de monitoramento, de reflexão e de acompanhamento. É uma maneira muito produtiva de encontrar paz, de exercitar a habilidade de reflexão e autoconhecimento. É também uma forma terapêutica de “colocar para fora” aquilo que sentimos enquanto reconhecemos esses sentimentos. É importante também exercitar a gratidão e registrar todas as coisas pelas quais somos gratos e tudo aquilo que conquistamos, mesmo que sejam pequenas vitórias. • Traçar diferentes perspectivas – Poder refletir e pensar nos acontecimentos por meio de diferentes posições, com diferentes compreensões e perspectivas. Uma coisa que auxilia nesse processo é buscar a opinião de outras pessoas em diálogos, livros, filmes e histórias. Praticar o ouvir e colocar-se em posição de não necessariamente concordar com aquilo que foi ouvido ou observado, mas de compreender que aquele é um posicionamento possível, que possui diversos fatores complexos, mesmo quando não concordamos com ele. Diferentes perspectivas ou compreensões são, em muitos casos, complementares. Por exemplo: acabei por tratar quase todas as pessoas com as quais cruzei hoje com raiva. Primeira compreensão: fiz isso, pois, logo que acordei, encontrei meu carro com o pneu murcho e, por conta disso, cheguei atrasado ao trabalho e meu chefe me tratou mal o dia inteiro. Segunda compreensão: observando bem, através do processo de autoconhecimento e autoconsciência ou então porque um amigo me falou, descobri que não lido bem com certos tipos de frustração e de problema e quesou facilmente dominado pela raiva, deixando Pág. 12 de 39Pág. 12 de 39 que ela me oriente em minhas ações, escolhas e decisões. Vale notar que as compreensões não se excluem necessariamente. Elas podem ser duas facetas de uma mesma coisa, ambas verdadeiras e complementares, que contribuirão para que eu encontre maior conhecimento e compreensão sobre a maneira como vivi aquele dia e talvez outros mais. NEUROFISIOLOGIA DAS EMOÇÕES Emoções A palavra “emoção” tem origem no latim: movere (mover, pôr em movimento). A ideia de emoção como conceito traz um movimento de externalizar as necessidades internas mais importantes que uma pessoa Pág. 13 de 39Pág. 13 de 39 tem. As emoções constituem parte daquilo que consideramos serem os principais motivos provocadores dos comportamentos humanos. As emoções, por muitas vezes, desencadeiam ações do ser humano de maneira tão espontânea que a pessoa em questão raramente percebe que foi uma emoção que despertou um pensamento, uma ação ou uma atitude. As emoções possuem duas qualidades que as determinam: são reações psicológicas incontroláveis e possuem reações físicas. Quando uma pessoa sente uma emoção, a maneira como ela o faz é subjetiva e, além de acontecer de uma maneira única e incomparável para cada pessoa poderá ter diversos níveis de intensidade diferentes, podendo, muitas vezes, ser de tamanha intensidade a ponto de a pessoa em questão ser, temporariamente, completamente tomada pela emoção. Como exemplo disso, basta pensar em uma pessoa que enfrenta uma situação na qual perde o controle de si mesma, realizando coisas das quais se arrepende, e, imediatamente após reencontrar certa tranquilidade, argumenta não ter sido ela mesma ou ter sido tomada por algo. Até mesmo no Código Penal do Brasil temos a figura legal de “calor do momento”, na qual se reconhece que, dependendo do limiar emocional ao qual um indivíduo é levado, ele poderá agir de maneira atípica e sem dolo ou culpa no acontecimento. O psicólogo Paul Ekman (1934-) afirma que o ser humano possui cinco emoções básicas: felicidade, tristeza, nojo, medo e raiva. Ekman afirma, também, que a surpresa seria uma espécie de sexta emoção, pois, afinal, também possui a característica de ser uma reação psicológica incontrolável e de resultar em reações físicas. Vale dizer que cada uma das emoções é tanto desencadeada como vivida de maneiras diferentes por cada pessoa em cada momento. • Felicidade – Dentro do conjunto das emoções às quais o ser humano tem acesso, a felicidade é a que a maior parte das pessoas persegue e deseja ao máximo. A felicidade é tida como prazerosa e Pág. 14 de 39Pág. 14 de 39 satisfatória, dizendo respeito à possibilidade de nela encontrar contentamento, diversão e alegria. Basicamente, a felicidade faz com que a pessoa se sinta bem. Ao experienciar momentos de felicidade, a linguagem corporal tende a trazer à tona um estado mais relaxado, o sorriso e, também, um tom de voz mais animado e agradável. Suas variações estão entre a serenidade e o êxtase. A felicidade costuma deixar as pessoas com um prisma mais bonito sobre a vida e, constantemente, é associada à saúde individual e coletiva. A felicidade também é vinculada à produtividade e à capacidade de as pessoas lidarem com frustração e momentos de desamparo. • Tristeza – Ao contrário da felicidade, a tristeza não é uma emoção muito desejada pelas pessoas. É considerada uma emoção transitória, ou seja, ela geralmente é uma reação emocional a um conjunto de acontecimentos e tende a se dissipar conforme esses eventos são resolvidos ou esquecidos. Muitas vezes, a tristeza está ligada a sentimentos de desapontamento, desilusão, luto, e desinteresse. As reações mais comuns que a tristeza traz ao indivíduo são quietude, mágoa, choro, irritabilidade, letargia e isolamento. O nível em que essas reações se apresentam varia e, no geral, está completamente ligado ao motivo que originou a emoção e a habilidade com a qual a pessoa em questão lida com frustrações, problemas e tragédias. • Nojo – É considerado, também, uma emoção transitória, ou seja, ele geralmente é uma reação emocional a um acontecimento, um objeto ou um conjunto de acontecimentos e, conforme eles são solucionados ou esquecidos, a emoção tende a se dissipar. A reação mais comum ao nojo, no geral, consiste na tentativa de evitar aquilo que desencadeia tal emoção. O nojo traz uma sensação de que algo não é agradável ou mesmo de que algo é desprezível. A reação de se afastar daquilo que traz a sensação frequentemente ocorre junto de sensações como a ânsia de vômito ou com o próprio ato de vomitar, afastar-se fisicamente do objeto, torcer o nariz, tampar o nariz, fechar os olhos etc. Os Pág. 15 de 39Pág. 15 de 39 objetos de atenção que desencadeiam o nojo podem ter as mais diversas naturezas. Podem dizer respeito a um gosto ou cheiro ruim ou algo desagradável aos olhos daquele que observa. Pode ser um alimento, algo ou alguém que pareça ter pouca higiene, corpos, sangue, fungos, coisas em decomposição, alguns animais, coisas que podem transmitir doenças, coisas ou pessoas mortas. O nojo é algo bastante subjetivo e pode vir a ser bem específico em cada pessoa. Algumas pessoas podem ter nojo das coisas mais inesperadas para outros, como o nojo de usar sandálias nas ruas. Outras pessoas podem ter nojo vinculado a questões raciais e racistas. O nojo é algo extremamente diferente para cada ser humano tanto em relação àquilo que o desencadeia como à reação que o indivíduo terá perante ele. É importante atentar para o fato de que o nojo é uma emoção que traz consigo caráter de sobrevivência, colocando o indivíduo em uma disponibilidade para afastar-se daquilo que sente que é ruim, prejudicial, nocivo ou até mesmo perigoso, contudo, seu excesso pode o privar de diversas experiências, tornar-se formas de preconceito ou até mesmo de mania, obsessão ou paranoia. • Medo – É uma emoção intensa e com papel muito importante no que diz respeito à sobrevivência do ser humano. Quando uma pessoa sente essa emoção, ela entra naquilo que chamamos de estado de luta ou estado de sobrevivência. Seus músculos ficam rígidos e tensos, a frequência de seus batimentos cardíacos e de sua respiração aumenta e sua mente e seus órgãos sensoriais ficam em estado de alerta, dando a sustentação para que o seu corpo reaja à situação, seja ficando para lutar, seja correndo. Os níveis de hormônios e respostas neurológicas também reagem ao medo com a mesma finalidade, a de evitar riscos e sobreviver a qualquer custo. O medo traz diversas características presentes na linguagem corporal e na expressão facial, tais como uma abertura maior ou mesmo exagerada dos olhos, busca de fuga, esconder-se ou lutar, abertura da boca ou ranger dos dentes, tremores, aumento da sudorese e diversas outras. Sentir medo varia desde ter pequenas apreensões diante Pág. 16 de 39Pág. 16 de 39 de alguns fatores até o próprio terror. O medo pode também levar à completa paralisação de um indivíduo perante uma situação de risco, quando o terror o domina e ele fica sem reação, o que dificulta sua capacidade de protagonismo na situação e, por consequência, na sobrevivência do evento em questão. O medo em excesso pode levar a uma diversidade de quadros patológicos, tais como ansiedade, síndrome do pânico, paranoia e depressão. • Raiva – Pode se tornar uma emoção bastante intensa, poderosa e perigosa. Ela, no geral, é caracterizada por sentimentos de hostilidade, agressividade, agitação, frustração e antagonismo ao próximo. Assim como no caso mencionado anteriormente, o do medo, a raiva pode desenvolver um papel fundamental para a sobrevivência tendo ligação com o estado de luta/sobrevivência. Quando algo coloca uma pessoa em risco, a raiva pode ser um fator que traz a possibilidade de defesa e proteçãoda vida através de, até mesmo, atos violentos e intensos como maneira de eliminar o perigo. A raiva também traz diversas alterações hormonais, endócrinas e neurológicas. Manifesta-se através da linguagem corporal e da expressão facial de diversas formas, tais como o ato de encarar ou ficar com o rosto carrancudo, gritar, enrubescer, aumento da sudorese, olhos arregalados, ranger dos dentes e comportamentos típicos das extremidades do corpo, como socar e chutar. Sua variação está entre a irritação e a fúria e sua principal qualidade positiva é que ela coloca a pessoa em movimento, pois é na raiva que alguém tende a ter mais ímpeto e iniciativa para resolver aquilo que ameaça ou frustra. Uma maneira divertida e interessante de entrar em contato com a ideia de emoções e como elas acabam por orientar muitas de nossas atitudes, posturas, ações e pensamentos é assistir ao filme Divertida mente, da Pixar. É uma caricatura bastante simples da influência e das variações na forma como a emoção atinge a vida do ser humano. Pág. 17 de 39Pág. 17 de 39 A figura a seguir apresenta uma correlação de emoções mais complexas resultantes da combinação de duas emoções mais básicas, apenas como um modelo ilustrativo sobre as múltiplas emoções e a complexidade com a qual o campo emocional atua em nossas vidas, já que é possível estar feliz e triste ao mesmo tempo, com raiva e nojo ao mesmo tempo e, também, todas as demais combinações. Figura 2.1 – Correlação de emoções. Fonte: Vanderwerff (2015). Pág. 18 de 39Pág. 18 de 39 Ekman define surpresa como uma emoção básica e não como uma combinação de felicidade e medo. Isso porque a surpresa deriva de uma reação a algo inesperado. Traz a comum reação de abertura de olhos e bocas, saltos para trás e gritos, sensação de choque ou, às vezes, de paralisia. As surpresas, assim como as demais emoções, podem ser boas e ruins e são elas que facilitam a construção e a permanência de memórias afetivas. Sua variação pode ser desde uma pequena distração até um grande maravilhamento. A surpresa pode se dar diante de um susto que desencadeia um comportamento destinado à sobrevivência. A surpresa pode acontecer quando alguém faz algo maravilhoso ou terrível sem que isso fosse esperado. De toda maneira, emoções são bases do comportamento humano e, no geral, são automáticas. Reconhecer a maneira como elas se manifestam e usar esse conhecimento de forma racional é o que a psicologia chama de sentimento. Saber que uma situação deixou a pessoa melhor ou pior do que ela estava anteriormente pressupõe uma atribuição de valor para a situação e o sentimento é a aplicação racional desse valor estabelecido. Fazer coisas (ou não fazer outras coisas) para que o próximo se sinta bem, acolhido, querido, cuidado, respeitado e/ou apreciado tem muito a ver com isso. Toda cultura tem diversos padrões e rituais com a finalidade de trazer bons sentimentos ao próximo. Desde oferecer um copo d’água para aquele que vem à sua porta até amparar o desconhecido que se encontra em intenso sofrimento e/ou desamparo. Lidar com as emoções e favorecer um processo de autoconhecimento e autoconsciência acerca de suas próprias emoções é fundamental, como mencionado no primeiro capítulo do presente trabalho. • É fundamental para que não sejamos escravos de nossas emoções e sentimentos. • É fundamental para que possamos ter empatia. Pág. 19 de 39Pág. 19 de 39 • É fundamental para que possamos compreender o outro e entrar em contato com ele. • É fundamental para aumentar o êxito em nossa sobrevivência e vida. • É fundamental para nos relacionarmos com os outros e sermos queridos por eles. • É fundamental para o autocontrole. • É fundamental para tudo aquilo que diz respeito ao desenvolvimento e ao cuidado consigo mesmo e com os outros. N eurofisiologia A partir da segunda metade do século XIX e do início do século XX, diversas áreas do conhecimento, tais como a filosofia, a psicologia e a biologia passaram a focar cada vez mais estudos acerca das relações entre mente e corpo. Essas pesquisas surgem, ao menos em um primeiro momento, muito voltadas à busca de compreensão no que diz respeito aos processos cognitivos, abrangendo, mais especificamente, os processos e atividades mentais fundamentais à construção do conhecimento, à capacidade de raciocínio e às estruturas de memória. Conforme a ciência se desenvolveu e novas técnicas e dispositivos foram criados, a emoção passou também a ser objeto de estudo dos mais diversos tipos de trabalho. Através desses estudos, foi constatada uma íntima conexão entre os aspectos emocionais e biológicos do ser humano e entre a manifestação das emoções e o funcionamento do sistema límbico. Barreto e Silva (2010, p. 387) fornecem uma explicação mais detalhada sobre o assunto: Com base em diferentes resultados, sabe-se que há uma profunda integração entre os processos emocionais, os cognitivos e os homeostáticos, de modo que sua identificação será de grande valia para a melhor compreensão das respostas fisiológicas do organismo ante as mais variadas situações enfrentadas pelo indivíduo. Assim, reconhece-se que as áreas cerebrais envolvidas no controle motivacional, na cognição e na memória fazem conexões com diversos circuitos neurais, os quais, através de seus Pág. 20 de 39Pág. 20 de 39 neurotransmissores, promovem respostas fisiológicas que relacionam o organismo ao meio externo e interno, importantes à homeostasia. Muito se tem discutido sobre a possibilidade de se tratar cientificamente as questões relativas à emoção, e não somente no âmbito da Filosofia. Com o desenvolvimento das neurociências, postula-se que, como a percepção (aferência) e a ação (eferência), a emoção é relacionada a circuitos cerebrais distintos. Ademais, as emoções estão geralmente acompanhadas por respostas autonômicas, endócrinas e motoras esqueléticas, que dependem de áreas subcorticais do Sistema Nervoso, as quais preparam o corpo para a ação. Está se aprendendo que as emoções são resultados de múltiplos sistemas do cérebro e do corpo que estão distribuídos pela pessoa toda, sendo impossível separar emoção da cognição, nem a cognição do corpo. Com efeito, acredita-se que a ciência será capaz de explicar os aspectos biológicos relacionados à emoção, mas não o que é a emoção. Esta permanece como uma questão prevalentemente filosófica. Nos dias de hoje, por mais que existam divergências na determinação de quais áreas constituem o sistema límbico, há consenso sobre a grande intimidade funcional entre o SL e os instintos, as emoções e a memória. A seguir, podemos conferir alguns dos principais componentes do SL e suas relações mais relevantes com os campos emocional, instintivo e da memória. O hipocampo é uma estrutura que tem atuação fundamental no armazenamento da memória. O tálamo é formado por células nervosas que, entre outras funções, enviam sinais, como os de audição, visão, paladar e tato, para o córtex cerebral e, por conta disso, desempenham um papel crucial também nas sensações de pressão, dor e temperatura. O hipotálamo é responsável por controlar diversas funções vitais muito presentes em nosso dia a dia, desempenhando papel fundamental no processo regulatório do sono, da libido, do apetite e da temperatura de nosso corpo. Pág. 21 de 39Pág. 21 de 39 A área pré-frontal tem desempenho essencial nos processos de concentração. Vale dizer que, no caso de lesão da área pré-frontal, o indivíduo poderá apresentar dificuldades de concentração e perda nos processos concernentes à responsabilidade social. A amígdala também possui um papel fundamental em nosso campo emocional, [...] toda a amígdala estendida exerce as suas influências sobre as áreas neurais que geram os componentes autonômicos, endócrinos e somatomotores das experiências emocionais, que regulam as atividades básicas de beber, comer e pertinentesao comportamento sexual. A íntima relação topográfica e funcional do corpo amigdaloide com o hipocampo, vincula o processo de armazenamento de memórias com os seus respectivos coloridos emocionais [...] (Barreto e Silva, 2010, p. 389). Por conta disso, a amígdala e o hipotálamo terão um papel decisivo em relação ao medo, por vincular memórias a tonalidades de emoção. A amígdala também desenvolverá, junto ao hipotálamo, um papel decisivo Pág. 22 de 39Pág. 22 de 39 na emoção raiva. No século XX, Flynn (nascido em 1960) identificou que esses comportamentos agressivos eram provocados pela estimulação de áreas específicas do hipotálamo localizadas no hipotálamo lateral e no medial. A raiva, assim como o medo, é uma emoção relacionada às funções da amígdala em decorrência de conexões com o hipotálamo e com outras estruturas (Barreto e Silva, 2010, p. 391). Em outro trecho de seu trabalho, Barreto e Silva (2010, p. 389) destacam que as emoções mais “primitivas” e bem estudadas pelos neurofisiologistas, com a finalidade de estabelecer suas relações com o funcionamento cerebral, são a sensação de recompensa (prazer, satisfação) e de punição (desgosto, aversão), tendo sido caracterizado, para cada uma delas, um circuito encefálico específico. As sensações relacionadas ao prazer, no geral, são expressadas e indicadas através da face e de atitudes, tanto pelos humanos como pelos animais. O S PILARES DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL POR DANIEL GOLEMAN Para o autor Daniel Goleman, a inteligência emocional é o fator mais determinante no que diz respeito ao sucesso ou insucesso dos seres humanos. Ele define inteligência emocional como a habilidade de realizar o processo de identificação dos próprios sentimentos, assim como os sentimentos dos outros, somada à capacidade de sentir-se motivado fazendo uma gestão de qualidade das emoções e também dos relacionamentos. Goleman faz essa colocação pelo fato de praticamente todas as atividades que dizem respeito a trabalho e vida privada serem Pág. 23 de 39Pág. 23 de 39 permeadas ou completamente atreladas às relações interpessoais, ou seja, a maior parte de nossas vidas está diretamente ligada ao contato e à troca com outras pessoas. Nesse sentido, o autor destaca que características como compreensão, respeito, gentileza e afabilidade terão maiores chances de alcançar o sucesso, seja em um sentido pessoal e privado, seja em um sentido coletivo e de trabalho. Em relação a isso, Goleman propõe quatro pilares da inteligência emocional: autoconhecimento, gestão das emoções, empatia e sociabilidade, que serão tratados a seguir. Autoconhecimento Goleman menciona a teoria da admiração, que versa sobre a impossibilidade de gerenciar aquilo que não conhecemos, ou seja, o processo de autoconhecimento aponta justamente para essa importância. Para conhecer o outro, é necessário que antes estejamos imersos em um processo de conhecermos a nós mesmos, assim como observamos no primeiro Pág. 24 de 39Pág. 24 de 39 capítulo deste texto. Para favorecer um processo de autoconhecimento, existem diversas dicas que podem ser dadas: • Leia bastante sobre autoconhecimento. • Faça um diário no qual registra o que passou dia após dia, uma espécie de relatório sobre si mesmo. Anote como você se sentiu e como lidou com as mais diversas situações pelas quais passou ao longo do dia. Quando chegar ao fim de semana, releia o diário de sua semana e avalie com quais sentimentos entrou em contato, se entrou em contato mais com uns do que com outros e se achou interessante a maneira como lidou com tudo. Trata-se de um exercício de identificação de padrões de emoção, de sentimentos e também de comportamento. • Converse com todos à sua volta sobre como você é visto pelas outras pessoas. Às vezes, achamos que passamos uma imagem distinta daquela que passamos para os outros. Acreditamos ser e nos mostrar de uma maneira, mas somos vistos de outra completamente diversa. Pergunte e anote quais são as características principais que as pessoas atribuem a você. • Faça meditações. • Coloque-se em postura reflexiva constantemente, principalmente buscando a compreensão dos motivos e da maneira como lidou com conflitos ao longo de seus dias. Gestão das emoções Através do autoconhecimento e da autoconsciência, você conseguirá muito conhecimento e compreensão sobre si mesmo e sobre como funcionam suas emoções. Agora, é importante ater-se à desafiadora tarefa de fazer a gestão de seus sentimentos e emoções, ou seja, lidar com eles de maneira construtiva e não ser refém deles, desenvolvendo, assim, o protagonismo de sua própria vida, ou melhor, não reagindo de maneira automatizada e tendo maior controle ao responder a cada uma das situações da Pág. 25 de 39Pág. 25 de 39 maneira que acreditar ser mais produtiva e adequada. Por mais que pareça um pouco distante da realidade para alguns, todos somos capazes de controlar como lidamos com os nossos sentimentos e emoções. Nós não controlamos quando nossas emoções e sentimentos aparecerão, mas podemos administrar a maneira como lidaremos e redirecionaremos tudo isso. Uma forma muito efetiva de trabalhar essa questão é compreender que o cérebro tem o seu tempo de processamento de tudo aquilo que vivemos, inclusive as emoções. Dar um tempo para si mesmo. Não agir no calor da emoção para evitar aquilo que chamamos de sequestro emocional. Permitir se acalmar e que o cérebro processe racionalmente a emoção e a situação na qual se encontra antes de reagir impulsivamente. Respirar fundo, tomar uma bebida e fazer uma pequena caminhada. Quando não for possível fazer nenhuma dessas coisas e tiver de lidar com alguém frente a frente, faça perguntas para a pessoa enquanto reflete e respira, pense e repense se vale a pena arrumar uma briga e que tipo de vantagem ou desvantagem aquele conflito poderia trazer. Antes de enviar uma mensagem pelo celular ou pelo e-mail, deixe-a como rascunho. Faça outras coisas e, depois de um tempo, leia o texto novamente e reflita se tudo aquilo que está escrito ainda é o que deseja enviar. Faça correções ou então até mesmo reescreva a mensagem e repita o processo novamente. Empatia “A empatia é alimentada pelo autoconhecimento; quanto mais consciente estivermos acerca de nossas próprias emoções, mais facilmente poderemos entender o sentimento alheio” (Goleman, 2017, p. 118). As pessoas que não têm clareza e conhecimento sobre o que pensam e como se sentem encontrarão uma enorme barreira no processo de perceber, compreender, aceitar e acolher aquilo que os outros à sua volta estão pensando e sentindo. “Não têm ouvido emocional. Pág. 26 de 39Pág. 26 de 39 As notas e os acordes emocionais que são entoados nas palavras e ações das pessoas – um tom revelador ou mudança de postura, o silêncio eloquente ou o tremor que trai – passam despercebidos” (Goleman, 2017, p. 118). A grande complexidade que essas pessoas sentem no processo de registrar os sentimentos daqueles que estão à sua volta aponta para um grande deficit de inteligência emocional e uma dificuldade enorme no processo de compreensão daquilo que é o ser humano. Afinal, toda forma de relacionamento e envolvimento tem como fator importante a capacidade de empatia. A habilidade de perceber, conhecer e acolher a maneira como outras pessoas se sentem e pensam está relacionada às mais diversas facetas da vida – relacionamentos afetivos, amorosos, românticos, profissionais, comerciais e familiares, a vida pública e a possibilidade de ser piedoso e perdoar. A isso damos o nome de empatia. É igualmente importante apontar que a falta de empatia é um traço constantemente presente na vida das pessoas que acabam por se transformar em criminosos de diversas espécies, tais como psicopatas, pedófilos e estupradores. Nem sempre as pessoas expressam as emoções e sentimentos através do discursoverbal racional, pelo contrário, muitas vezes elas os expressam por meio de diversos outros canais: postura, gestos, expressão facial, tonalidade e modulação da voz, palavras, olhar, velocidade da voz e muitos outros tipos de sinais. A verdadeira condição emocional e sentimental na qual uma pessoa se encontra em um dado momento, no geral, não é transmitida com clareza e precisão através da linguagem verbal e racional, mas, sim, por intermédio da linguagem não verbal. A maneira mais efetiva para detectar e compreender como uma pessoa se sente e se encontra em um dado momento é se concentrar em como uma pessoa diz alguma coisa e não no que ela diz. A aplicação da empatia em nossas vidas se dá o tempo inteiro ou, ao menos, poderia se dar o tempo inteiro. A empatia é a grande Pág. 27 de 39Pág. 27 de 39 chave para entrar em contato, conhecer, compreender, aceitar, respeitar, perdoar, acolher o outro e, além do mais, para aprender com o outro. Uma pessoa que não possui características empáticas encontrará uma enorme variedade de dificuldades ao longo de sua vida, por exemplo, em fazer amizades, encontrar amigos ou ser um profissional valorizado em seu trabalho. Comportamentos que demonstram empatia são registrados desde a infância das pessoas. Podemos afirmar que, desde o nascimento de um bebê, ele já demonstra comportamentos atrelados a processos empáticos, como mostrar- se, de alguma maneira, incomodado quando escuta outro bebê chorando ou quando percebe a angústia ou tensão de outras pessoas à sua volta. É curioso apontar que tudo isso ocorre antes mesmo de desenvolver uma percepção acerca de sua própria individualidade. A empatia vai sendo ampliada (ou não) ao longo de toda a vida das pessoas. É interessante dizer que não são raras as vezes em que um bebê gesticula como se enxugasse seus olhos ao ver sua mãe chorando, por mais que em seus próprios olhos não houvesse lágrimas. Por não haver uma percepção de individualidade estabelecida, os bebês experienciam esse tipo de confusão, mas, ainda assim, já se nota a existência de uma empatia em desenvolvimento. A esse tipo de acontecimento é dado o nome de mímica motora, que é tida como o primeiro significado técnico atribuído à palavra “empatia”. Esse termo foi colocado como conceito por Edward B. Titchener (1867-1927), um psicólogo de origem britânica. Já existia uma ideia sobre o que seria a empatia desde o pensamento grego clássico, contudo, tratava-se de outro sentido. A ideia de Titchener está muito ligada ao processo de ser capaz de pensar e sentir aquilo que o outro pensa e sente, mesmo que essa não seja a maneira como pensamos e/ou sentimos naquele dado momento. Através de diversos experimentos ao longo da história, foi constatado que animais também possuem capacidade empática, o que nos mostra que a empatia é um fator biológico, não é uma exclusividade humana e apresenta características neurológicas. Pág. 28 de 39Pág. 28 de 39 A raiz de toda forma de envolvimento com o outro é a capacidade empática. Segue um trecho sobre o que Goleman (2017, p. 126, grifo nosso) escreve sobre a empatia: “Nunca pergunte por quem dobra o sino; ele dobra por ti” é um dos versos mais famosos da literatura inglesa. O sentimento de John Donne fala ao cerne da ligação entre empatia e envolvimento: a dor do outro é nossa. Sentir como o outro é envolver- se. Neste sentido, o oposto de empatia é antipatia. A atitude empática empenha-se interminavelmente em julgamentos morais, pois os dilemas morais envolvem vítimas potenciais. Deve-se mentir para evitar os sentimentos de um amigo? Deve-se manter compromisso de visita a um amigo doente ou, ao contrário, aceitar um convite de última hora para um jantar? Até quando devem ser mantidos ligados os aparelhos hospitalares que mantém a vida de alguém? Essas questões morais são colocadas pelo pesquisador de empatia Martin Hoffman, que afirma que as raízes da ética estão na empatia, pois é o sentir empatia com as vítimas potenciais – alguém que sofre, que está em perigo, ou que passa privação, digamos – e, portanto, partilhar de sua aflição que leva pessoas a agirem para ajudá-las. Além dessa ligação imediata entre empatia e altruísmo nos encontros pessoais, Hoffman sugere que a própria capacidade de afeto empático, de colocar-se no lugar de outra pessoa, leva as pessoas a seguir princípios morais”. A ideia de empatia é constituída por três principais componentes: afetivo, cognitivo e reguladores de emoção. O componente afetivo diz respeito à capacidade de realizar um processo compreensivo e compartilhar estados emocionais e sentimentais com outras pessoas. O componente cognitivo se refere à habilidade de perceber e compreender características acerca dos estados mentais de outras pessoas. O componente dos reguladores de emoção está relacionado à aptidão para responder empaticamente ao que se passa com outra pessoa. Pág. 29 de 39Pág. 29 de 39 Sociabilidade É o esforço de unir tudo aquilo que foi trabalhado até então em prol de si mesmo e do outro ao mesmo tempo. Como dissemos anteriormente, Goleman acredita que a destreza com a qual exercemos nossa vida social é fundamental para o desenvolvimento e sucesso de cada um de nós, seja na vida profissional, seja na vida afetiva. É necessário exercitar essa habilidade e mergulhar a todo momento para aumentarmos nossa capacidade e desempenho social. Para fazer isso, um primeiro ponto fundamental, como mencionado antes, é lidar com as emoções e sentimentos, não se tornar um refém deles e estar sempre em busca da compreensão e do protagonismo de nossos pensamentos e nossas ações. *** Como é possível perceber, desenvolver e aprimorar a inteligência emocional é uma longa jornada que, assim como qualquer outra, necessitará de muito empenho e força de vontade para que sejam obtidos os melhores resultados, Pág. 30 de 39Pág. 30 de 39 mas vale a pena! Lembre-se, para desenvolver a inteligência emocional, as chaves são: • autoconsciência – tomada de consciência acerca do que sentimos e de como isso nos afeta; • autorregulação – capacidade de manejar as próprias emoções; • automotivação – concentrar-se sempre nas tarefas e metas, e não nas dificuldades, problemas e desafios ao longo do processo; • empatia – colocar-se no lugar da outra pessoa e estar sempre em busca de compreensão e reflexão; • competência social – capacidade de comunicação e troca visando sempre ao estabelecimento de relações amigáveis, produtivas e auspiciosas. F UNÇÕES EXECUTIVAS: FOCO, ATENÇÃO, PLANEJAMENTO E TOMADA DE DECISÃO Para conseguir lidar com nossas emoções e ações, nossos sentimentos e pensamentos, bem como administrá-los, utilizamos as funções executivas. Elas dizem respeito a habilidades e capacidades cognitivas que estão em constante desenvolvimento através do empenho e do foco que trazemos para a finalidade em questão diante dos mais diversos acontecimentos, conflitos, problemas e desafios pelos quais passamos ao longo de toda a nossa vida. Seguem algumas das principais e mais presentes funções executivas que necessitam de nossa atenção, empenho e cuidado. • Planejamento – Diz respeito à habilidade de traçar estrategicamente um plano de ações e etapas que apontem para o cumprimento de uma meta, um objetivo e/ou uma tarefa. A etapa de planejamento é fundamental, contudo, ela não é inflexível e permanente, podendo ser atualizada e transformada ao longo dos acontecimentos que surgirem. Pág. 31 de 39Pág. 31 de 39 • Organização – Um aspecto importantíssimo para a maioria das funções executivas. Está relacionada com a capacidade de criar uma estratégia que facilite a execução de tarefas e, ao mesmo tempo, garanta fácil e simples acesso a qualquer uma das etapas elaboradas. • Manejo do tempo – Intimamente ligado às etapas de planejamento e organização, trata-se de uma gestão estratégica do tempo paraque, através de seu gerenciamento, seja possível estabelecer prazos e cronogramas a fim de que todas as tarefas planejadas sejam devidamente cumpridas sem que uma comprometa o andamento da outra por não ter sido concluída. Nessa fase, é importante estabelecer prazos e cargas de tempo bem como sua divisão em um cronograma de metas e objetivos. • Iniciação de tarefas – Fortemente conectada às etapas anteriores, diz respeito ao empenho para não adiar e/ou prevaricar o início daquilo que deve ser feito e que já estava determinado no cronograma. Em outras palavras, não adiar as tarefas e etapas que devem ser realizadas. O Pág. 32 de 39Pág. 32 de 39 cumprimento do cronograma estabelecido ao manejar o tempo é ideal para que iniciemos e terminemos nossas tarefas sem procrastinação. • Memória operacional – Está relacionada a um sistema de armazenamento e manipulação de informações por um curto período de tempo. • Metacognição – É a habilidade de se auto-observar, visando às possibilidades e às oportunidades de resolução de problema, conflito ou desafio. • Resposta inibitória e autocontrole – Trata-se da capacidade de perseverar e de resistir a fortes tendências e padrões que criamos ao longo de nossas vidas. Eis um exemplo simples: uma pessoa quer emagrecer e faz um planejamento para que isso ocorra; contudo, essa pessoa tem o hábito de comer determinada coisa que atrapalharia por completo o cumprimento da meta estabelecida. Nesse caso, essa função executiva se refere à resistência em repetir esse padrão para que a pessoa não se distancie de sua meta. • Fala internalizada – Diz respeito a um comportamento encoberto que envolve autoinstrução, estabelecimento de regras a serem seguidas, respeito e orientação às regras estabelecidas, raciocínio moral e constante processo reflexivo. • Flexibilidade – É a habilidade de revisitar e revisar metas, planos, objetivos, cronogramas e planejamentos diante de desafios, obstáculos, erros, conflitos e atualizações que possam surgir ao longo do caminho. • Persistência no alvo – Trata-se da perseverança e da resiliência para seguir e executar o plano de ação até atingir a meta sem desistir ou adiar. • Reconstituição – É a sintaxe comportamental que envolve fluência (verbal e não verbal), criatividade, ensaios mentais, análise e síntese comportamental. Pág. 33 de 39Pág. 33 de 39 Á REAS E FERRAMENTAS DE APOIO PARA O DESENVOLVIMENTO HUMANO Ao longo de nossa trajetória, é fácil notar que a inteligência emocional é um aspecto fundamental a ser desenvolvido em nossas vidas pessoais e profissionais. É curioso apontar que tanto a inteligência emocional é fundamental para que exista uma autorreflexão e autoconsciência como também a autorreflexão e a autoconsciência são essenciais para o desenvolvimento da inteligência emocional. Existem diversas áreas do conhecimento e ferramentas que podem auxiliar no desenvolvimento humano e da inteligência emocional. Trataremos a seguir, de maneira breve, de algumas das principais e mais aclamadas: Pág. 34 de 39Pág. 34 de 39 • Psicologia e psicoterapia – O campo acadêmico da psicologia conta com livros, textos e artigos científicos que são ótimas fontes de conteúdo, informações e mais compreensão acerca do funcionamento do campos emocional e psicológico de cada um de nós e que fornecem uma base sólida para reflexão e autoconhecimento. Os atendimentos psicológicos, comumente conhecidos como terapia, são uma das principais e mais produtivas formas de buscar desenvolvimento humano, autoconhecimento e inteligência emocional. A terapia não apenas serve para tratamentos de psicopatologias mas também é o ambiente ideal para trabalhar o autodesenvolvimento, o autoconhecimento, a inteligência emocional e a autoconsciência de maneira profunda e produtiva. É território fértil para trabalhar questões muito presentes no dia a dia de todos, tais como: ansiedade, angústia, estresse, raiva, luto, depressão e todo tipo de sensação de sobrecarga que comumente enfrentamos. • Meditação – É o nome dado à prática na qual uma pessoa mergulha através de técnicas, tentando focar sua mente e sua atenção em um único pensamento, objeto ou atividade. Esse processo tem o intuito de acalmar e eliminar ansiedades e conflitos, trazendo a possibilidade de sentir-se com maior clareza emocional e mental. A meditação também é uma ótima maneira de desenvolver maior capacidade de atenção, concentração, reflexão e compreensão. Meditar melhora a memória, o desempenho nos estudos e no trabalho, ajuda na perda de peso. É vital para a tomada de decisões cada vez melhores em momentos de tensão e estresse. Contribui para o tratamento de doenças crônicas e também para o fortalecimento da imunidade. Ajuda a desenvolver a criatividade. Vale lembrar que, para algumas religiões, meditar é muito mais do que isso e, por essa razão, é difícil dar uma definição mais precisa para a prática meditativa, afinal, diferentes escolas e religiões trarão distintas definições e enfoques para o conceito. Apesar disso, os aspectos aqui destacados como definição da meditação estão presentes em todas essas vertentes. Existem inúmeras técnicas e maneiras de realizar a meditação, Pág. 35 de 39Pág. 35 de 39 logo, é recomendado que cada um pesquise, busque e experimente as mais diversas formas para encontrar aquela que mais se adequa à sua vida e ao seu cotidiano. • Mindfulness – O termo designa uma forma de meditação muito popular e significa “atenção plena”. Como mencionado anteriormente, ter maior nível de conhecimento e consciência traz uma grande possibilidade de melhora em todas as facetas da vida. Mindfulness diz respeito a atenção, consciência, foco, presença no determinado momento e estado de vigília. Por consequência, o oposto a mindfulness não seria apenas a inconsciência mas também a falta de atenção e de foco e a dificuldade ou incapacidade de se concentrar no momento presente (estar preso ao passado ou receoso pelo futuro). Ao realizar essa prática constantemente, o estado de atenção, foco, concentração e calma desenvolvido ao longo do processo meditativo se ampliará para momentos do dia nos quais você não está meditando. O estado de espírito desenvolvido durante a meditação vai tomando conta de seus dias aos poucos, favorecendo completamente o autoconhecimento, o autocontrole, a inteligência emocional e o desenvolvimento humano como um todo. • Ioga – A prática do ioga é um apanhado de vários conhecimentos e exercícios direcionados para a saúde mental, psicológica, física e espiritual. Mistura meditação, exercícios físicos e de respiração, conhecimentos e reflexões. Existem diversos tipos de ioga e também recomendamos que busque os principais, experimente e compreenda qual deles mais se adequa ao seu cotidiano. • Hobby – Também é conhecido em português como passatempo. É fundamental que uma pessoa tenha atividades pelas quais tem paixão ao longo de suas vidas, que faça algo que a deixe feliz, bem, confiante consigo mesma. Ter hobbies é uma questão de buscar equilíbrio na vida, conhecer coisas e pessoas novas por meio de música, dança, arte, jogos, brincadeiras, serviço voluntário, artes marciais, culinária, pesca, costura, jardinagem, cinema, teatro, passeios, viagens, Pág. 36 de 39Pág. 36 de 39 estudos, experimentos, esportes etc. Basicamente, tudo pode ser feito como um hobby. É altamente recomendado que todos tenham passatempos em suas vidas. É fundamental que todos cuidem de seus sentimentos, emoções, mentes e corpos para que haja um desenvolvimento humano potencial. Trata-se de uma questão de equilíbrio e saúde mental, emocional e física. C OMPETÊNCIAS ESSENCIAIS PARA A ALTA PERFORMANCE Existem diversas habilidades e fatores fundamentais para o desenvolvimento da alta performance na vida de cada um de nós. Alguns deles, inclusive, já foram citados aolongo de nossos estudos. Contudo, para finalizarmos este conteúdo, relembremos os principais elementos necessários para a alta performance. • Autocontrole – É fundamental para o progresso na vida tanto no aspecto profissional como nos aspectos pessoal e afetivo. Saber domar as próprias emoções com inteligência emocional e não se tornar um refém delas é o pilar da ideia aqui presente. A vida é repleta de desilusões, conflitos e situações indesejadas. Saber como agir em todas essas ocasiões é fundamental e deve ser trabalhado como um objetivo de cada um de nós. • Autenticidade – É importante ser você mesmo, de maneira autêntica e legítima, para trazer ao mundo aquilo que é único em você, suas habilidades, características, ideias e seus dons. Vale lembrar que, para alguém conseguir ser autêntico, é necessário ter autoconhecimento, autoconsciência e inteligência emocional bem consolidados, afinal, como você poderá ser legítimo e autêntico se tem pouco conhecimento sobre si mesmo e não sabe lidar com suas emoções? Uma pessoa autêntica é protagonista de sua própria vida, de suas ações e decisões, Pág. 37 de 39Pág. 37 de 39 é ela quem age e escolhe, e não suas emoções. Ela é autoconfiante e gera confiança ao seu redor. Para ser autêntico, é preciso ter compreensão e clareza sobre o que pensamos e como pensamos, o que sentimos e como sentimos e o que fazemos e como fazemos. Todos esses fatores devem estar alinhados de forma coerente para que sejamos autênticos para os outros e, também, para nós mesmos. • Gratidão – A capacidade de ser grato por tudo, mesmo por aquilo que, à primeira vista, aparenta ser desgastante, errado ou indesejado é fundamental. Sempre existirá algo a ser vivido, compreendido e aprendido em todo tipo de situação e devemos ser gratos por elas. Ao ser ofendido injustamente, por exemplo, você poderá se tornar reativo e refém de suas emoções, ofendendo de volta, ou, então, exercitar a sua inteligência emocional e não se tornar reativo e refém de suas emoções, ou seja, não se deixar dominar por aquele acontecimento. Junto a isso, você poderá agradecer pelo momento e por aquela ofensa, pois são oportunidades para trabalhar melhor o seu autocontrole e a sua inteligência emocional. Compreendem? Sempre há algo para conhecer, aprender, exercitar ou compreender em todas as situações e exercitar a gratidão em cada uma delas é uma das chaves para alta performance, saúde mental e excelência em nossas vidas. • Autorresponsabilidade – É o exercício racional, emocional e prático de nos colocarmos como responsáveis por tudo que acontece em nossas vidas, mesmo por aquilo que parece não ser responsabilidade nossa. Exercitar a autorresponsabilidade é ter a plena convicção de que você é o único responsável não apenas pela maneira como a sua vida tem acontecido e tomado forma mas também pela mudança dela. É essa ferramenta que possibilita que você tome sua vida e seu destino nas mãos, construa o seu caminho e conquiste suas vitórias. • Resiliência – Trata-se da capacidade fundamental de seguir em frente e continuar perseguindo seus objetivos e metas apesar das frustrações, erros e tragédias. Muitos obstáculos e problemas Pág. 38 de 39Pág. 38 de 39 aconteceram, acontecem e acontecerão em nossas vidas, contudo, a habilidade de seguir em frente, não desistir e, ao contrário disso, lutar cada vez mais bravamente por aquilo que é importante para nós é o que chamamos de resiliência. Não abandonar metas, sonhos e objetivos talvez seja uma das competências mais importantes para o sucesso e progresso profissional e pessoal na vida de todos nós. Não se entregar, nunca diminuir o esforço ou o empenho e sempre seguir cada vez mais firme e mais convicto. • Empatia – Trata-se também de um pilar fundamental. Não nos estenderemos muito sobre ela por já termos abordado o assunto anteriormente. Todavia, vale ressaltar que a capacidade empática é fundamental para a alta performance, afinal, por meio dela podemos trabalhar em equipe não apenas para que todos conquistem juntos as metas e os objetivos traçados mas também para que possamos tanto aprender com os outros como auxiliá-los ao longo de nossas jornadas pela vida. B IBLIOGRAFIA CONSULTADA BARRETO, J. E. F.; SILVA, L. P. e. Sistema límbico e as emoções – uma revisão anatômica. Revista Neurociências, São Paulo, v. 18, n. 3, p. 389-394, 2010. Disponível em: https://periodicos.unifesp.br/index.php/neurociencias/article/ download/8466/6000. Acesso em: 19 nov. 2019. DIVERTIDA mente. Direção de Pete Docter. Emeryville, CA: Pixar Animation Studios, 2015. 94 min. DUVAL, Shelley; WICKLUND, Robert. A theory of objective self awareness. Oxford, England: Academic Press, 1972. Pág. 39 de 39Pág. 39 de 39 GOLEMAN, Daniel. Inteligência emocional: a teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente. Rio de Janeiro: Objetiva, 2017. HOBBES, Thomas. Leviatã ou matéria, forma e poder de um governo eclesiástico e civil. Tradução de João P. Monteiro e Maria Beatriz Nizza. São Paulo: Abril, 1983. JUNG, C. G. O eu e o inconsciente. Petrópolis: Vozes, 1978. PLATO. Dialogues of Plato: translated into english, with analyses and introduction by B. Jowett. 3rd ed. Oxford, UK: Oxford University Press, 1892. 5v. SUDA Online Search: Byzantine Lexicography, Disponível em: https://www. cs.uky.edu/~raphael/sol/sol-entries/gamma/333. Acesso em: 18 nov. 2019. MIGUEL, Fabiano K. Psicologia das emoções: uma proposta integrativa para compreender a expressão emocional. 2015. Disponível em: http://www.scielo. br/pdf/pusf/v20n1/1413-8271-pusf-20-01-00153.pdf. Acesso em: 18 nov. 2019.
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