Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
INTERPRETAÇÕES DOS ENSAIOS DE RESISTÊNCIA E OBTENÇÃO DE PARÂMETRO DE RESISTÊNCIAS E DEFORMABILIDADE Apresentação Você já notou que a Mecânica dos Solos é uma ciência com forte aplicação prática, mas fundamentada em algumas teorias complexas e indissociável da prática de laboratório? Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender, a partir dos resultados dos ensaios de cisalhamento direto, a obter parâmetros de projeto como o ângulo de atrito e a coesão. Para o ensaio triaxial, vai compreender qual a sua resposta e como interpretá-lo, bem como obter parâmetros de resistência e de deformabilidade. Por fim, será estudado o comportamento não drenado, tópico de extrema importância especialmente para solos argilosos. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Interpretar o ensaio de cisalhamento direto.• Analisar os resultados do ensaio triaxial, principalmente em termos de parâmetros de resistência e deformabilidade. • Reconhecer o comportamento não-drenado dos solos.• Desafio Imagine que você é o projetista de um muro de gabião. Para ter mais confiabilidade no seu projeto, você contrata um laboratório para executar 3 ensaios de cisalhamento direto no material remoldado de solo que servirá como terrapleno da estrutura. Foram obtidos os seguintes resultados: • Ensaio 1: tensão normal = 50 kPa; tensão cisalhante de pico = 38,65 kPa • Ensaio 2: tensão normal = 100 kPa; tensão cisalhante de pico = 74,86 kPa • Ensaio 3: tensão normal = 200 kPa; tensão cisalhante de pico = 130,54 kPa A partir disso, determine os parâmetros de resistência do material. Infográfico A interpretação dos gráficos de um ensaio triaxial é de suma importância para compreender o comportamento geotécnico de um material. Na imagem, acompanhe os estágios de um ensaio drenado (CID) realizado em um solo arenoso. Conteúdo do livro Leia o capítulo "Interpretações dos ensaios de resistência e obtenção de parâmetro de resistências e deformabilidade", da obra Mecânica dos Solos Aplicada. Nesse trecho, o autor aborda a interpretação dos ensaios de cisalhamento direto e compressão triaxial, além de falar sobre o comportamento não-drenado dos solos. Boa leitura. MECÂNICA DOS SOLOS APLICADA Cleber Floriano Interpretações dos ensaios de resistência e obtenção de parâmetro de resistências e deformabilidade Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Aprender a interpretar o ensaio de cisalhamento direto. � Conhecer os parâmetros de resistência e deformabilidade obtidos a partir do ensaio triaxial. � Compreender o comportamento não drenado. Introdução Neste capítulo, vamos aprender, a partir dos resultados dos ensaios de cisalhamento direto, a obter parâmetros de projeto com o ângulo de atrito e coesão. Para o ensaio triaxial, vamos entender qual sua resposta e como interpretá-lo, bem como obter parâmetros de resistência e de deformabili- dade. Por fim, vamos compreender o que é o comportamento não drenado. Sobre os resultados do ensaio de CD No ensaio de cisalhamento direto (CD), a maior parte das distorções ocorre numa fina zona de espessura desconhecida. A deformação nessa região é aquela que determina a resistência ao cisalhamento. Devido a isto, existe uma diferença entre o deslocamento da caixa bipartida e a deformação. Por isso, o ensaio de cisalhamento não relaciona deformação específica, e sim as deformações absolutas a qual mede-se como deslocamentos horizontais. Os resultados a serem obtidos devem ser analisados sob o ponto de vista de quantificação da resistência ao cisalhamento a partir da relação da força horizontal (T) aplicada com a área de corpo de prova que está sendo cisalhada, como consta na Figura 1. Resultados relativos a constantes elásticas, como o módulo de elasticidade, por exemplo, não devem ser tomados como referên- cia. Tal fato pode ser reforçado porque antes da ruptura existem rotações de tensões devidas às restrições nos bordos da caixa de cisalhamento como já alertado no capítulo anterior. Figura 1. Interferência com os bordos na caixa de cisalhamento. Fonte: Adaptado de Lambe e Whitman (1969). Os parâmetros de resistências obtidos através de ensaios de cisalhamento direto fundamentalmente serão com base na interpretação de dois gráficos obtidos simultaneamente, que é o gráfico da tensão de cisalhamento versus deslocamento, e da variação de altura (ou também variação volumétrica) versus deslocamento. A partir destes gráficos, obtêm-se os parâmetros de resistência (ângulo de atrito efetivo e intercepto coesivo), bem como é pos- sível verificar, quando existente, o ângulo de dilatância, especialmente para os materiais arenosos compactos. Uma vez plotado o gráfico, relaciona-se a tensão cisalhante com a deformação cisalhante absoluta. O ensaio de cisalhamento direto é realizado em pelo menos três tensões de confinamento (três diferentes carregamentos). Estas tensões devem abranger as condições de estado de tensões em campo. Cada corpo de prova produz uma curva, como pode ser observado na Figura 2. Para a tensão de confinamento σa, tem-se uma resistência ao cisalhamento máxima τa.; para a tensão de confinamento σb, tem-se uma resistência ao cisalhamento máxima τb; e, para a tensão de confinamento σc, tem-se uma resistência ao cisalhamento máxima τc. Essas são resistências de pico, ou seja, a máxima resistência ao cisalhamento mobilizada no ensaio. Nota-se que para tensões confinantes baixas o pico torna-se proeminente, enquanto que para maiores confinamentos, não ocorre mais o pico. Isto está relacionado com que chamamos de ângulo de dilatância. Para romper, ou seja, quebrar a estrutura de intertravamento das partículas, precisa-se que a Mecânica dos solos aplicada176 amostra aumente de volume (expanda). À medida que a tensão de confinamento vai aumentando, essa expansão torna-se cada vez mais dificultada e a ruptura tende a ocorrer junto com o fraturamento de algumas partículas. Após obtidos os três pontos do ensaio, plota-se este no espaço σ x τ, para então obter a envoltória de resistência de pico, como pode ser observado na Figura 2. Figura 2. Resultado de um ensaio de cisalhamento direto genérico. A Figura 3 mostra a interpretação do ensaio. Como o objetivo principal deste ensaio é de obter os parâmetros de resistência ao cisalhamento, busca-se traçar a envoltória de ruptura para aproximar o resultando à uma reta. Temos, assim, a correspondência com o critério de ruptura de Mohr-Coulomb. O intercepto da reta com o eixo das resistências ao cisalhamento corres- ponde ao valor do intercepto coesivo (c’), e o ângulo da reta com a horizontal corresponde ao ângulo de atrito efetivo (Ø’). Figura 3. Reta de Coulomb (envoltória de resistência) e os parâmetros de resistência. 177Interpretações dos ensaios de resistência e obtenção de parâmetro de resistências e ... Como o ensaio de cisalhamento não tem medida de poro pressão, a velocidade de ensaio e a umidade da amostra podem apresentar interferência no resultado, depen- dendo do tipo de material. Solos mais permeáveis (arenosos), que são os exemplos clássicos, pouco interferem suas resistências na variação de velocidade de ensaios e também de umidade (assume-se procedimentos padrões normativos). Por outro lado, alguns solos residuais argilosos, perdem muita resistência com a variação de umidade, normalmente em função da perda de sucção (perda de coesão aparente – que no exemplo passou de 52 kPa para 6 kPa. A Figura 4 mostra um exemplo desta perda de resistência no ensaio com o corpo de prova na condição de umidade natural e posteriormente na condição inundada (caixa de cisalhamento preenchida com água). Figura 4. Queda de resistência ao cisalhamento da condição natural para inundado. Fonte: Azambuja (2016). Na interpretação do ensaio de cisalhamento direto, também se pode obter ângulos de atrito à volume constante,chamado de Ø’cv. Neste caso, em vez de plotar os valores de pico, plota-se valores pós-pico dentro dos limites de deformação do ensaio em curso. Mecânica dos solos aplicada178 Outra técnica possível de realizar é a obtenção da resistência residual, esta modalidade de ensaio de cisalhamento objetiva o ângulo de atrito residual, Ør. Para obter este ângulo, deve-se fazer o que chamamos de reversão no ensaio de cisalhamento direto, comentada no capítulo anterior. Com esta técnica, consegue-se cisalhar a amostra contabilizando grandes deformações. Espera- -se, para este tipo de ensaio, que a envoltória de resistência se encontre com a origem, ou seja, sem presença de intercepto coesivo, e também que o valor do ângulo de atrito interno seja ainda menor que Øcv. Na prática, este ângulo de atrito corresponde a deslizamentos com superfícies de ruptura de massas de solo bem definidas e ativas, por exemplo. Solos residuais cuja rocha de origem apresenta foliações mostram forte anisotropia de resistência ao cisalhamento. No ensaio de cisalhamento no plano paralelo a estas foliações espera-se apresentar parâmetros de resistência inferiores que uma condição perpendicular em que o corte atravessa camadas mais resistentes. Sobre os resultados de ensaios triaxiais e o diagrama s’ x t ou p’ x q O diagrama s’x t, muito usado na interpretação dos ensaios triaxiais, é plo- tado a partir dos pontos de pico e pode correlacionar-se com a envoltória de Coulomb. O estado de tensões numa trajetória de um ensaio triaxial, assunto do próximo capítulo, também é melhor expresso no diagrama s’x t. Alguns autores de referência como Lambe e Whitman (1979) empregam a convenção p’x q (de Cambridge), com o mesmo significado, embora outros informam que p’x q representam tensões octaédricas e, portanto, diferenciam. Tratando-se apenas de simbologia, o importante é sempre identificar o que representam estes eixos em termos de tensões, caso houver necessidade de obtenção dos parâmetros de resistência. Assim: 179Interpretações dos ensaios de resistência e obtenção de parâmetro de resistências e ... Onde: σ’1 - é a tensão menor. σ’3 - é a tensão maior. Sendo para s’ x t: t = a + s’ . tan (α) A correspondência com os parâmetros de resistência fundamentada numa distinção analítica pela reta de Morhr-Coulomb, será: c’ . cos(Ø’) = a sen(Ø’) = tan (α) Assim, Ø’ = arcsen(tan(α)) A Figura 5 mostra um resultado didático com três trajetórias de tensões (diferentes níveis de tensões confinantes) e a envoltória de ruptura no diagrama s’ x t, indicando as variáveis α e a. Figura 5. Diagrama s’ x t representando trajetórias de tensões e a envoltória de ruptura. Mecânica dos solos aplicada180 Nos ensaios triaxiais, as medidas são tomadas por entrada e saída de água ou através de transdutores e células de carga. O ensaio tradicional não controla a deformação radial, que é importante para obtenção de parâmetro de deformabilidade elástica como o coeficiente de Poisson, por exemplo. O controle de deformação radial pode ser obtido com medidores especiais acoplados externamente ao corpo de prova. Resposta de um ensaio triaxial à compressão A compressão triaxial caracteriza-se pela aplicação de uma tensão vertical mantendo-se as tensões horizontais constantes. Um ciclo de ensaio, ou seja, a construção de uma trajetória de tensões pode ser descrita pela análise de três estágios e a resposta pode ser plotada em gráficos como aqueles observados na Figura 6. Evidente que este é apenas um exemplo de comportamento, no caso de uma areia. No decorrer da ação de carregamento (aplicação de tensão desviadora) tem-se: � 1° estágio – É o estágio durante o qual as deformações são muito pe- quenas. No ensaio, este estágio corresponde a deformações menores que 0,25%. � 2° estágio – É o estágio durante o qual o corpo de prova começa a entrar em escoamento. Este estágio inclui o pico da curva (indicado como P) e o intervalo de queda da resistência até o final do ensaio (indicado como E). � 3°estágio – É o estágio no qual a resistência é constante para desloca- mentos cada vez maiores. Esse intervalo é denominado de “condição última”. Nota-se que para uma areia, o volume do corpo de prova diminui sutil- mente durante o primeiro estágio. Observa-se que o corpo de prova alarga lateralmente, mas essas deformações radiais são menores que as deformações verticais em módulo. Isto significa que as partículas estão se remodulando para um arranjo mais denso. Essa relação é semelhante aos ensaios de compressão confinada, embora haja diferenças na relação com as tensões horizontais. 181Interpretações dos ensaios de resistência e obtenção de parâmetro de resistências e ... Figura 6. Exemplo de comportamento de solo no ensaio triaxial. Fonte: Adaptado de Lambe e Whitman (1969). Através do ensaio triaxial, assim como no ensaio de cisalhamento, objetiva-se obter os parâmetros de resistência dos solos. No entanto, através do ensaio triaxial pode-se obter muitas outras informações além dos parâmetros de resistência. Para exemplificar, mostra-se o resultado de um conjunto de ensaios triaxiais realizados para um solo residual de gnaisse. Na Figura 7 observa-se o gráfico da relação t x % de deformação para quatro tensões confinantes, correspondentes a 30, 60, 120 e 200 kPa. Também, apresenta-se a variação volumétrica (ev) x % de deformação nestas mesmas tensões ensaiadas, exceto a tensão de 200 kPa. Quando você for utilizar um software de modelo numérico, preste atenção em que estado de tensões e deformações a obra se encontra. Inicialmente, os ensaios de laboratório auxiliam na definição de dados de entrada do programa. A interpretação destes ensaios, é muito importante, pois passa pelo reconhecimento da compatibilidade de deformações do laboratório para a obra. Ainda, dependendo da relevância da obra é importantíssimo que se tenha acompanhamento com instrumentação, ou seja, um controle dos deslocamentos e das tensões durante a construção, retroalimentando a entrada de dados inicial que foi utilizada no programa computacional. Mecânica dos solos aplicada182 Figura 7. Gráfico t (kPa) x deformação axial (%). Fonte: Adaptado de Gobbi (2005). Após a construção do gráfico de t (kPa) x deformação axial (%), na Figura 8, plota-se o gráfico s’ x t, para obter a envoltória de ruptura a partir dos picos encontrados nas trajetórias de tensões. Faz-se um ajuste linear e encontra-se o ângulo de atrito interno do solo e a coesão daquele material através da relação matemática apresentada anteriormente. Figura 8. Gráfico s’ x t para obtenção dos parâmetros de resistência. Fonte: Adaptado de Gobbi (2005). 183Interpretações dos ensaios de resistência e obtenção de parâmetro de resistências e ... Ainda, o ensaio triaxial, além de fornecer parâmetros de resistência, com o controle de variação volumétrica, possibilita também determinar a variação do módulo de deformabilidade. Neste ponto, destaca-se que a medida que o material vai se deformando para qualquer uma das tensões de confinamento, ele perde rigidez e a variação do módulo vai se tornando cada vez menor com o aumento da deformação. Figura 9. Gráfico da variação do módulo de deformabilidade. Fonte: Gobbi (2005). Você estudou, até então, algumas formas de obter parâmetros de resistência de alguns tipos de solo através de ensaios de laboratório, em específi, os ensaios de cisalhamento direto e triaxial. No entanto, é importante você entender a diferença entre resistência drenada e não drenada. A resistência não drenada Solos cujo comportamento mecânico é dito como “não drenado” são aqueles que apresentam baixa permeabilidade e elevado índice de vazios. São solos argilosos saturados que apresentam anisotropia de condutividade hidráulica e a sua resistência cresce em função do tempo a partir de um carregamento. Mecânica dos solos aplicada184 Portanto, o comportamento não drenado reflete no comportamento dos so- los ditos moles,já estudado anteriormente. Naquela ocasião, verificamos a deformabilidade destes materiais, sem nos preocupar com a resistência ao cisalhamento deles. Nos solos moles, portanto, precisamos definir a resistência não drenada. Quando estamos no campo da resistência drenada, significa que ao aplicar um carregamento no solo, a influência da água é nula ou desprezível. Naquela velocidade de carregamento, o solo é capaz de dissipar as pressões causadas pela água armazenada nos poros. Isso tem uma resposta extremamente signi- ficativa na resistência ao cisalhamento. Nos solos de resistência não drenada, ao aplicarmos carregamento, ocorre uma sobrepressão de água nos poros. A resistência do solo estará em função de tensões totais (não se despreza a ação da poro-pressão). Isso ocorre porque os solos argilosos apresentam baixíssima permeabilidade, dificultando a drenagem, ou seja, dificultando a passagem de água pelos poros do solo. Os parâmetros de resistência drenada que vimos até o momento são: ângulo de atrito interno (Ø’) e coesão (c’) efetivos. Agora, para a resistência não drenada, chamamos de Su ou Cu. A resistência ao cisalhamento é dada pela envoltória de resistência de Coulomb. Como existe transformação do acréscimo de poro-pressão inicial, em acréscimo de tensão efetiva ocorre o acréscimo da resistência ao cisalhamento ao longo do tempo, como pode ser notado pela equação a seguir. Se imaginarmos que o valor de u vai diminuindo ao longo do tempo, significa que a resistência ao cisalhamento também aumenta. τ = (σ - u) × tanϕ + c’ Onde: τ - é a resistência ao cisalhamento. σ - é a tensão total na profundidade definida. u - é a pressão neutra na profundidade definida. ϕ - é o ângulo de atrito interno. c’ - é a coesão do solo. O ensaio de referência para medir a resistência não drenada em laboratório é o triaxial do tipo UU – Não consolidado e não drenado. Representa um ensaio muitíssimo rápido. O resultado em termos de círculos de Mohr está apresentado na Figura 10. Note uma envoltória de ruptura com ângulo de atrito nulo, isto ocorre porque em qualquer estado de tensões, no interior da argila 185Interpretações dos ensaios de resistência e obtenção de parâmetro de resistências e ... mole saturada, as tensões maiores, σ1, aumentam proporcionalmente com as tensões menores, σ3, comprovando o efeito isotrópico da água. Figura 10. Resistência ao cisalhamento não drenada na envoltória de ruptura. Para saber a altura crítica de um aterro sobre um solo mole argiloso, você pode utilizar a seguinte formulação definida por Jakobson (1948) apud DNER-PRO 381-98 (BRASIL, 1998), para rupturas de saias de aterro sobre solos moles: . A este critério aplica-se fatores de segurança que variam de 1,2 a 1,4, em função da responsabilidade de tal aterro segundo os critérios da DNER-PRO 381-98. 1. Em alguns ensaios de cisalhamento direto, é comum que aqueles realizados sob tensão confinante mais baixa apresentem um pico de resistência mais pronunciado do que aqueles realizados sob tensão mais elevada. Assinale a alternativa que indica uma possível explicação para a ocorrência destes comportamentos diferenciados. a) Isso ocorre porque nos ensaios realizados sob tensão confinante mais baixa, a resistência ao cisalhamento é maior do que nos ensaios sob tensão confinante mais elevada. Mecânica dos solos aplicada186 b) Isso ocorre porque nos ensaios sob tensão confinante menor a coesão é maior. c) Isso ocorre porque para tensões menores, a dilatância ocorre com maior facilidade, enquanto para tensões maiores deverá estar ocorrendo quebra de grãos. d) Esse é um fenômeno aleatório e não há explicação física para a sua ocorrência. e) Isso ocorre apenas em solos arenosos, já que a coesão não permite que isso ocorra nos solos argilosos. 2. Em um solo arenoso que possui 35° de ângulo de atrito, qual será sua resistência cisalhante de pico se for realizado um ensaio de cisalhamento direto sob tensão normal de 100kPa? a) 17,5kPa b) 35kPa c) 70kPa d) 100kPa e) 50kPa 3. Uma campanha de ensaios triaxiais indicou que a envoltória de ruptura de um material areno-argiloso, visualizada no espaço s’ x t, possui inclinação de 30° e intercepto igual a 15 kPa. Quais os parâmetros de resistência deste material? a) ϕ=30° e c’=15kPa b) ϕ=33° e c’=16kPa c) ϕ=35,2° e c’=18,35kPa d) ϕ=30° e c’=0kPa e) ϕ=0° e c’=15kPa 4. Qual o comportamento esperado do módulo de deformabilidade de um solo em um ensaio triaxial? a) À medida que o corpo de prova vai se deformando, o material perde rigidez, e a variação do módulo vai se tornando cada vez menor com o aumento da deformação. b) À medida que o corpo de prova vai se deformando, o material ganha rigidez, e a variação do módulo vai se tornando cada vez menor com o aumento da deformação. c) À medida que o corpo de prova vai se deformando, o material perde rigidez, e a variação do módulo vai se tornando cada vez maior com o aumento da deformação. d) À medida que o corpo de prova vai se deformando, o material ganha rigidez, e a variação do módulo vai se tornando cada vez maior com o aumento da deformação. e) Ele é sempre um valor constante. 5. Um aterro com peso específico de 18kN/m³ está sendo construído sobre uma área de solos moles. Qual a altura máxima do aterro se a resistência não-drenada do solo mole é 20kPa? Considere um fator de segurança igual a 1,3. a) 3m b) 2,2m c) 5,7m d) 4,4m e) 8,8m 187Interpretações dos ensaios de resistência e obtenção de parâmetro de resistências e ... AZAMBUJA, E. Modernização na concepção de Solo Grampeado. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE MODERNAS TÉCNICAS RODOVIÁRIAS, 9., 2016, Florianópolis. Anais... Florianópolis: ACE, 2016. BRASIL. Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. Projeto de aterros sobre solos moles para obras viárias: DNER-PRO 381/98. Brasília, DF, 1998. Disponível em: <http://ipr.dnit.gov.br/normas-e-manuais/normas/procedimento-pro/dner- -pro381-98.pdf>. Acesso em: 14 fev. 2017. GOBBI, F. Investigação do comportamento mecânico de um solo residual de gnaisse da cidade de Porto Alegre. 2005. 159 fls. Dissertação (Mestrado em Engenharia)- Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2005. LAMBE, T. W.; WHITMAN, R. V. Soil mechanics. New York: John Wiley e Sons, 1979. (Series in Soil Engineering). Leituras recomendadas AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. ASTM 2850-D: Standard Test Method for Unconsolidated-Undrainend Triaxial Compression Test on Cohsive Soils. West Conshohocken: ASTM, 2015. AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. ASTM 3080-D: Standard Test Method for Direct Shear Test of Soils Under Consolidated Drained Conditions. West Conshohocken: ASTM, 2003. BARNES, G. Mecânica dos solos: princípios e prática. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. BERNARDES, J A. Investigação sobre a resistência ao cisalhamento de um solo residual de gnaisse. 2003. 131 fls. (Mestrado em Engenharia)- Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2003. BISHOP, A. W.; HENKEL, D. J. The measurement of soil properties in the triaxial test. 2. ed. London: Edward Arnold, 1969. CAPUTO, H. P.; CAPUTO, A. N. Mecânica dos solos e suas aplicações: fundamentos. Rio de Janeiro: LTC, 2016. v.2. FERNANDES M. M. Mecânica dos solos: introdução a engenharia geotécnica. São Paulo: Oficina de textos, 2014. v. 2. GRAIG, R. F.; KNAPPETT, J. A. Graig mecânica dos solos. 8. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2015. Mecânica dos solos aplicada188 HACHICH, W. et al. Fundações: teoria e prática. 2. ed. São Paulo: Pini, 2009. HACHICH, W. et al. (Org.). Fundações: teoria e prática. São Paulo: PINI, 1998. Cap. 13-15. PINTO, C. S. Curso básico de mecânica dos solos em 16 aulas. 2. ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2012. TAYLOR, D. W. Fundamentals of soil mechanics. New York: John Wiley e Sons, 1948. 189Interpretaçõesdos ensaios de resistência e obtenção de parâmetro de resistências e ... Dica do professor No vídeo a seguir será abordada a interpretação dos ensaios de cisalhamento direto e triaxial, além do comportamento não-drenado dos solos. Assista! Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/70ef1e5ef32169d68b7e40943cf16d90 Exercícios 1) Em alguns ensaios de cisalhamento direto, é comum que aqueles realizados sob tensão confinante mais baixa apresentem um pico de resistência mais pronunciado do que aqueles realizados sob tensão mais elevada. Assinale a alternativa que indica uma possível explicação para a ocorrência destes comportamentos diferenciados. A) Isso ocorre porque nos ensaios realizados sob tensão confinante mais baixa a resistência ao cisalhamento é maior do que nos ensaios sob tensão confinante mais elevada. B) Isso ocorre porque nos ensaios sob tensão confinante menor a coesão é maior. C) Isso ocorre porque, para tensões menores, a dilatância ocorre com maior facilidade, ao passo que para tensões maiores, deverá estar ocorrendo quebra de grãos. D) Esse é um fenômeno aleatório e não há explicação física para a sua ocorrência E) Isso ocorre apenas em solos arenosos, já que a coesão não permite que isso ocorra nos solos argilosos. 2) Em um solo arenoso que possui 35° de ângulo de atrito, qual será sua resistência cisalhante de pico se for realizado um ensaio de cisalhamento direto sob tensão normal de 100kPa? A) 17,5 kPa. B) 35 kPa. C) 70 kPa. D) 100 kPa. E) 50 kPa. 3) Uma campanha de ensaios triaxiais indicou que a envoltória de ruptura de um material areno-argiloso, visualizada no espaço s’ x t, possui inclinação de 30° e intercepto igual a 15 kPa. Quais os parâmetros de resistência deste material? A) ɸ=30° e c’=15kPa. B) ɸ=33° e c’=16kPa. C) ɸ=35,2° e c’=18,35kPa. D) ɸ=30° e c’=0 kPa. E) ɸ=0° e c’=15kPa. 4) Qual o comportamento esperado do módulo de deformabilidade de um solo em um ensaio triaxial? A) À medida em que o corpo de prova vai se deformando, o material perde rigidez e a variação do módulo vai se tornando cada vez menor com o aumento da deformação. B) À medida em que o corpo de prova vai se deformando, o material ganha rigidez e a variação do módulo vai se tornando cada vez menor com o aumento da deformação. C) À medida em que o corpo de prova vai se deformando, o material perde rigidez e a variação do módulo vai se tornando cada vez maior com o aumento da deformação. D) À medida em que o corpo de prova vai se deformando, o material ganha rigidez e a variação do módulo vai se tornando cada vez maior com o aumento da deformação. E) Ele é sempre um valor constante. 5) Um aterro com peso específico de 18kN/m3 está sendo construído sobre uma área de solos moles. Qual a altura máxima do aterro se a resistência não-drenada do solo mole é 20kPa? Considere um fator de segurança igual a 1,3. A) 3m. B) 2,2m. C) 5,7m. D) 4,4m. E) 8,8m. Na prática O ensaio de cisalhamento direto é um dos mais tradicionais e, talvez, o mais utilizado para a determinação dos parâmetros de resistência. Embora neste ensaio não se possa controlar a poropressão, é possível verificar, por meio dele, como a sucção influencia a resistência de alguns materiais. Veja um exemplo: Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Ensaio triaxial estático. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Investigação do comportamento mecânico de um solo residual de gnaisse da cidade de Porto Alegre. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Avaliação geotécnica da ruptura de um talude em um solo residual migmatítico do leste de Santa Catarina. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://biopdi.com/ensaio-triaxial-estatico/ http://hdl.handle.net/10183/7224 http://hdl.handle.net/10183/148733
Compartilhar