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WBA0773_v1.0 APRENDIZAGEM EM FOCO PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA 2 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA Autoria: Juliana Zantut Nutti Leitura crítica: Neide Roddriguez Barea A disciplina Psicopedagogia Clínica aborda o processo de diagnóstico na clínica psicopedagógica e as técnicas de investigação acerca das dificuldades de aprendizagem. São analisados as etapas do processo de diagnóstico clínico; o olhar sobre o aprendente, a família e a escola diante da queixa; a construção de diagnósticos personalizados; a escuta ativa; e o levantamento de hipótese diagnóstica. Além disso, discutem-se a atitude e a postura do psicopedagogo clínico no processo de diagnóstico e a elaboração do informe psicopedagógico. Trata-se das primeiras ações e etapas que ocorrem a partir da recepção do aprendente e que vão sustentar as posteriores práticas de intervenção psicopedagógica. Dessa forma, a disciplina tem como principais objetivos: • Desenvolver uma postura acolhedora, ética e respeitosa diante dos envolvidos no processo de diagnóstico. • Conhecer profundamente as técnicas de investigação sobre as dificuldades de aprendizagem. • Relacionar as queixas de aprendizagem com as hipóteses diagnósticas. • Construir processos de diagnósticos psicopedagógicos personalizados. • Correlacionar os dados obtidos para eleger as hipóteses diagnósticas. • Sintetizar ideias e percepções sobre as hipóteses e produzir o informe psicopedagógico. 3 Você está convidado a participar e aprender mais sobre esse interessante, mas ainda não tão conhecido, assunto! INTRODUÇÃO Olá, aluno (a)! A Aprendizagem em Foco visa destacar, de maneira direta e assertiva, os principais conceitos inerentes à temática abordada na disciplina. Além disso, também pretende provocar reflexões que estimulem a aplicação da teoria na prática profissional. Vem conosco! Diagnóstico clínico e queixas de aprendizagem ______________________________________________________________ Autoria: Juliana Zantut Nutti Leitura crítica: Neide Rodriguez Barea TEMA 1 5 DIRETO AO PONTO Na maioria das vezes, a Psicopedagogia Clínica ocorre em consultórios ou clínicas multidisciplinares particulares. É a área de atuação em que o psicopedagogo tem como um de seus principais objetivos oferecer recursos e atividades específicas para que o indivíduo em atendimento, que iremos chamar de aprendente, seja capaz de retomar o seu desenvolvimento cognitivo e, consequentemente, a capacidade de aprender. Para que isso aconteça, o profissional deve estabelecer uma relação terapêutica com o aprendente, em geral crianças em idade escolar, cuja principal queixa de encaminhamento é a ausência de aprendizagem ou o “não aprender”. O trabalho clínico exige que o psicopedagogo tenha uma postura de questionamento constante e busque a compreensão do motivo de aquele aprendente não estar aprendendo aquilo que deveria e da forma como deveria ou, ainda, como a escola espera que ele deveria estar aprendendo. Assim, o diagnóstico clínico auxilia na busca dessas respostas por propiciar uma “leitura” da realidade do aprendente, o que irá subsidiar o planejamento e a realização das atividades de intervenção. A função do diagnóstico psicopedagógico é investigar de forma aprofundada as capacidades de aprendizagem do aprendente. Ele se inicia na análise da “queixa” (motivo de uma consulta ou de encaminhamento) e termina na devolução dos resultados do processo de avaliação. A queixa é comunicada ao psicopedagogo pela família, pela escola e pelo próprio aprendente, visto que a família e a escola são as maiores responsáveis pelos encaminhamentos dos indivíduos, especialmente crianças e adolescentes. 6 A maioria das queixas é referente às dificuldades de aprendizagem escolares como problemas na leitura, na escrita, no cálculo e no raciocínio lógico-matemático, entre outras correlacionadas. No entanto, os olhares da família, da escola e do aprendente nem sempre coincidem em relação às dificuldades que motivam a queixa, e, por isso, o psicopedagogo deve saber como analisar os pontos mais importantes a serem investigados no diagnóstico. Os instrumentos de investigação psicopedagógicos clínicos permitem a obtenção de uma visão mais global sobre a forma de aprender do indivíduo e as dificuldades que ocorrem no processo. Serão coletados os dados sobre a sua vida biológica, intrapsíquica e social de forma única, por meio da anamnese, que é um roteiro padronizado com questões sobre o desenvolvimento da gestação até os dias atuais, como problemas eventuais no desenvolvimento intrauterino, no pré-natal e no parto; o desmame; o controle dos esfíncteres; a aquisição da linguagem; entre ou¬tros aspectos. Aqui é essencial o desenvolvimento do rapport, que é a sensação de que há sincronia entre as pessoas envolvidas em um relacionamento mais próximo, como o do paciente e do terapeuta. Deve haver uma escuta acolhedora e respeitosa da queixa dos envolvidos no encaminhamento: familiares ou responsáveis, escola e o próprio sujeito, geralmente a criança ou o adolescente. Os focos de análise do psicopedagogo sobre a queixa podem ser visualizados no quadro a seguir: 7 Quadro 1 – Focos de análise da queixa pelo psicopedagogo Família Analisar por que se tornou necessário o encaminhamento da criança/adolescente ao psicopedagogo; quando os problemas apresentados se iniciaram; se há problemas comportamentais associados à aprendizagem; a intensidade e a frequência; se estes ocorrem em outros lugares além da escola; e como a família enfrenta as dificuldades de aprendizagem do sujeito. Verificar se foram feitos outros atendimentos com profissionais da área de ajuda e o que foi constatado. Escola Conhecer o significado da “não aprendizagem” pela escola; como esta vê a criança; se tem a perspectiva de que as dificuldades sejam superadas; se a criança/ sujeito está inserida na sala de aula ou se já a considera excluída; o tipo de relacionamento que a escola e o docente estabelecem com a criança e a família; as estratégias que utilizam a fim de auxiliá-la a melhorar a sua condição de aprendizagem; entre outros aspectos. 8 Aprendente Analisar a queixa a partir da ótica do sujeito, estabelecendo um vínculo acolhedor e respeitoso e informando a ele sobre os objetivos dos encontros psicopedagógicos. Conhecer a perspectiva do sujeito, mesmo que seja uma criança, sobre os seus supostos problemas de aprendizagem é imprescindível, já que ele é o elemento mais importante de todo o processo de investigação clínica. Fonte: elaborado pela autora. PARA SABER MAIS É muito importante conhecer o roteiro de anamnese, pois ele é um dos principais instrumentos do processo de diagnóstico psicopedagógico. O roteiro a seguir foi adaptado a partir de Weiss (2007). 9 Quadro 2 – Roteiro de Anamnese ROTEIRO DE ANAMNESE Identificação Nome da criança: Idade (em anos e meses): Nome dos pais: Idade dos pais: Profissão dos pais: Sexo, idade e seriação dos filhos: Antecedentes hereditários Doenças da criança, pais e avós (aparelho circulatório, digestivo, respiratório; neurológicas e mentais) Antecedentes pessoais A) Gestação Planejamento da gestação: Aceitação/rejeição: Pré-natal: Enjoos, vômitos: Infecções (rubéola, toxoplasmose, sífilis): B) Parto Cesariana ou normal Anoxia: Peso e altura: C) Aspectos do desenvolvimento da criança Desenvolvimento motor Desenvolvimento da linguagem Sustentou a cabeça aos: Choro voluntário aos: Sentou aos: Primeiras palavras aos: Engatinhou aos: Uso do pronome eu aos: Andou aos: Primeiras frases aos: Compreensão e expressão atual: D) Sono nos primeiros meses e anos: Medo de dormir sozinho: Distúrbios do sono (pesadelos, fala noturna, sonambulismo): E) Alimentação Alimentação nos primeiros meses: Desmame: Distúrbios do apetite: Hábitos alimentares atuais: Independência para se alimentar: F) Educação esfincteriana (treino de toilette) Início:Métodos empregados: Controle total aos: Enurese (urinar na calça): Encoprese (defecar na calça): Independência no vaso sanitário e banho: G) Socialização Facilidade para fazer amigos: Liderança: Extroversão ou introversão: Brincadeiras preferidas: H) Escolaridade Relacionamento social (colegas e professores): Rendimento acadêmico: Dificuldades escolares: Organização do material e das tarefas escolares: I) Condições ambientais Condições sociais, econômicas e culturais familiares: Condições de habitação (residência e arredores): Atividades de cultura e lazer: J) Constelação afetiva: relações afetivas familiares Relação conjugal dos pais: Métodos disciplinares utilizados: Nível de conflitos e modos de resolução: Fonte: adaptado de Weiss (2007, p. 63). 10 Na internet, existem muitos modelos de anamnese que você poderá analisar e adotar na sua prática como psicopedagogo clínico. Referências WEISS, Maria Lúcia Lemme. Psicopedagogia Clínica: uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar. 12. ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2007. TEORIA EM PRÁTICA Sabemos que a perspectiva do aprendente sobre os seus problemas de aprendizagem é fundamental na avaliação diagnóstica por ser o foco da investigação, mas nem sempre é fácil obter esses dados. Ouvir o sujeito sobre o motivo da avaliação psicopedagógica objetiva a análise de sua visão sobre o que está acontecendo e estabelece o acolhimento e o respeito entre ele e o psicopedagogo. No entanto, as crianças têm dificuldades para falar sobre as suas dificuldades quando se encontram diante de uma pessoa estranha, pois esse é um assunto que gera constrangimento e tristeza. Choram e podem pedir a presença dos pais ou dos responsáveis e para sair da sala. Nesses casos, o que o psicopedagogo pode fazer quando a criança em avaliação não consegue se expressar verbalmente sobre a queixa ou está chorando e tensa? Deve-se estimulá-la a verbalizar o que sente sobre os motivos de estar na avaliação ou desistir de ouvir a sua versão? O que você faria se estivesse nessa situação? Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de aprendizagem. 11 LEITURA FUNDAMENTAL Prezado aluno, as indicações a seguir podem estar disponíveis em algum dos parceiros da nossa Biblioteca Virtual (faça o log in por meio do seu AVA), e outras podem estar disponíveis em sites acadêmicos (como o SciELO), repositórios de instituições públicas, órgãos públicos, anais de eventos científicos ou periódicos científicos, todos acessíveis pela internet. Isso não significa que o protagonismo da sua jornada de autodesenvolvimento deva mudar de foco. Reconhecemos que você é a autoridade máxima da sua própria vida e deve, portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na construção da sua carreira profissional. Por isso, nós o convidamos a explorar todas as possibilidades da nossa Biblioteca Virtual e além! Sucesso! Indicação 1 O diagnóstico psicopedagógico é uma espécie de intervenção feita pelo psicopedagogo por meio de observações e estudos, cujo objetivo é viabilizar os métodos de prevenção para o processo de aprendizagem com dificuldades e analisar o que está causando essas dificuldades de aprendizagem da criança, o que requer responsabilidade e esmero. Dessa forma, o livro apresenta critérios importantes e estuda o método de atuação da Psicopedagogia e a sua essencialidade na atividade educacional contemporânea. CARVALHO, Rosângela Soares. Diagnóstico psicopedagógico. São Paulo: Cengage Learning, 2016. Indicações de leitura 12 Indicação 2 O livro indicado tem o objetivo de apresentar a Psicopedagogia Clínica com base nos fundamentos teóricos e práticos do processo de avaliação psicopedagógica de crianças e adolescentes com dificuldades de aprendizagem. O propósito é orientar o futuro psicopedagogo desde as ações iniciais, como as entrevistas com os pais, as provas, os testes com as crianças, e a anamnese, até o final do processo. NOGUEIRA, Makeliny Oliveira Gomes; LEAL, Daniela. Psicopedagogia Clínica: caminhos teóricos e práticos. São Paulo: Intersaberes, 2014. QUIZ Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste Aprendizagem em Foco. Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de questões de interpretação com embasamento no cabeçalho da questão. 1. Sobre o conceito de queixa no diagnóstico psicopedagógico, assinale a alternativa correta: a. É o que está sendo percebido pelos pais e pela escola. b. É o que está escrito na carta de encaminhamento da escola. c. É o que está sendo percebido pelo psicopedagogo. 13 d. É o que está sendo relatado pelos pais, pela escola e pelo sujeito. e. É o que está sendo relatado pelo sujeito da avaliação. 2. O que são distúrbios de aprendizagem? a. Problemas de aprendizagem cujas causas se encontram em comprometimentos no Sistema Nervoso Central do sujeito. b. Dificuldades de aprendizagem cujas causas se encontram na metodologia de ensino e na avaliação escolar. c. Problemas de aprendizagem cuja causa se encontra em conflitos emocionais do sujeito. d. Comprometimentos significativos na linguagem causados por déficits motores. e. Dificuldades de aprendizagem cujas causas se encontram em questões psicopedagógicas e/ou socioculturais. GABARITO Questão 1 - Resposta D Resolução: A queixa é sempre o conjunto de motivos relatados por todos os envolvidos no processo de encaminhamento do sujeito para a avaliação, inclusive o próprio sujeito. As demais estão incorretas, porque contemplam apenas um dos envolvidos no processo de encaminhamento, o sujeito ou o psicopedagogo. Questão 2 - Resposta A Resolução: O termo distúrbio de aprendizagem pressupõe que a causa dos problemas apresentados seja a existência de comprometimentos do Sistema Nervoso Central, como a dislexia. As demais alternativas se relacionam ao conceito de dificuldades de aprendizagem ou não se relacionam ao conceito. Técnicas projetivas, linguagem e uso de jogos ______________________________________________________________ Autoria: Juliana Zantut Nutti Leitura crítica: Neide Rodriguez Barea TEMA 2 15 DIRETO AO PONTO O diagnóstico psicopedagógico é uma prática que requer a aplicação de procedimentos coerentes com a postura teórica adotada pelo especialista e adequados com o histórico de vida, as queixas e as especificidades do aprendente. Weiss (2007) divide o diagnóstico psicopedagógico em dois grandes eixos de análise: Figura 1 – Eixos de análise do diagnóstico psicopedagógico Fonte: adaptada de Weiss (2007). Após o esclarecimento das questões sobre a queixa e os supostos desvios envolvendo a aprendizagem, inicia-se a fase de aplicação de técnicas referentes ao processo diagnóstico. O diagnóstico depende da relação estabelecida entre psicopedagogo e aprendente, sendo a sua qualidade maior quando há mais empatia, confiança, respeito e engajamento entre ambos. Um dos recursos diagnósticos mais usados na avaliação são as provas projetivas, que têm o objetivo de avaliar a afetividade, 16 sendo elaboradas de acordo com conhecimentos provenientes da Psicologia. Elas são úteis para que o psicopedagogo analise os aspectos emocionais que interferem no processo de aprendizagem do aprendente e devem ser aplicadas para a análise de três vínculos: aprendente e escola, aprendente e família e aprendente consigo mesmo. A aplicação das provas projetivas deve ser realizada em sessões específicas e registradas por escrito ou gravadas, sempre com a autorização por escrito dos pais ou responsáveis e com o consentimento do aprendente. As produções resultantes dessa aplicação devem seranalisadas de acordo com duas vertentes: • Função semiótica: produções, como desenhos, que o aprendente realiza sobre a sua relação com o processo de ensino e aprendizagem. • Cognição-afetividade: a observação de erros gramaticais e da capacidade de transposição de cenas de relato orais para textos escritos. No caso de provas projetivas com desenhos, deve-se verificar no grafismo: o tamanho das pessoas desenhadas, a posição destas na folha, os detalhes e os objetos incluídos. Já na análise dos vínculos entre conhecimento e pessoas que ensinam o aprendente, é necessário analisar: se este se coloca nas situações de aprendizagem; se os afetos e as ideias em relação a essas situações são positivos, neutros ou negativos; se aparecem elementos que sinalizam os vínculos afetivos para com a família, sobre a sua maturidade cognitiva e sobre os aspectos motores, econômicos e socioculturais (NOGUEIRA; LEAL, 2014). 17 Referências NOGUEIRA, Makeliny Oliveira Gomes; LEAL, Daniela. Psicopedagogia Clínica: caminhos teóricos e práticos. São Paulo: Intersaberes, 2014 WEISS, Maria Lúcia Lemme. Psicopedagogia Clínica: uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar. 12. ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2007. PARA SABER MAIS A atividade apresentada aqui é adaptada de uma avaliação psicopedagógica de linguagem, leitura, escrita e compreensão de texto de uma aluna de nove anos, a quem iremos chamar de Mirela. Nela, foi solicitado que Mirela recontasse a história contada primeiramente pela psicopedagoga, baseada na obra O piquenique de Nique e Pique, de Maurício Veneza (1999), que apresenta a história de um casal de ratos que realiza um piquenique. O título original da história foi omitido para que a criança não fosse influenciada no processo de criação nem na narrativa. Figura 2 – O piquenique de Nique e Pique Fonte: https://www.amazon.com.br/Piquenique-Nique-Pique-Maur%C3%ADcio- Veneza/dp/8586740365. Acesso em: 21 jun. 2021. 18 As falas de Mirela foram anotadas pela psicopedagogia em uma lousa para uma leitura posterior, e, logo em seguida, a psicopedagoga mostrou a pri¬meira imagem do livro e perguntou a ela “O que você acha que está acontecendo aqui?”. A menina destacou os elementos que havia na imagem e a profissional prosseguiu perguntando “Mas o que eles estão fazendo?”, e ela descreveu a situa¬ção representada na figura. Há uma intervenção me¬diadora da psicopedagoga entre os conhecimentos da criança e a linguagem escrita, já que Mirela se relacio¬na com a leitura e a escrita de várias formas e traz as suas experiências de vida para a avaliação. Porém, à medida que a psicopedagoga mostrava as ima¬gens, Mirela não necessitou mais dos questionamentos sobre as situações nas cenas e deu continuidade ao processo de construção da narrativa. O registro da narrativa permitiu que a profissional observasse a estrutura do texto criado pela menina e suas dificuldades de escrita e de leitura. Além disso, foi possível ainda realizar algumas intervenções para trabalhar a coerência e a coesão textuais da narrativa com a ajuda da própria criança. É importante dizer que essa atividade pode ser realizada com outros livros infantis, desde que adequados à faixa etária do sujeito em avaliação. Referências VENEZA, Maurício. O piquenique de Níque e Píque. Belo Horizonte: Compor, 1999. 19 TEORIA EM PRÁTICA Você sabia que os jogos de regras existem desde mesmo antes da escrita? As regras eram transmitidas oralmente e por uma aprendizagem cuidadosa, sendo inquestionável a contribuição desses jogos como promotores do processo de ensino- aprendizagem. As regras devem ser assimiladas, pois o seu conhecimento garante que o jogador se concentre nas jogadas e decida o que é melhor para alcançar os seus objetivos a cada momento da partida. Os jogos são instrumentos psicopedagógicos, e cada um, independentemente do tipo, tem as suas especificidades, mas todos são instrumentos que favorecem a retomada da aprendizagem. De acordo com o Prof. Lino de Macedo e sua equipe, do Laboratório de Psicopedagogia da Universidade de São Paulo, existem quatro métodos ou modos de jogar e seus respectivos objetivos e funções psicopedagógicas. Nesse sentido, na avaliação diagnóstica, você precisará escolher um jogo que tenha potencialidade para compor a realização do diagnóstico e relatar os detalhes que você, como psicopedagogo, precisará observar enquanto estiver jogando com o aprendente. Fonte: MACEDO, Lino; PETTY, Ana Lúcia Sicoli; PASSOS, Norimar Christe. Aprender com jogos e situa¬ções problema. Porto Alegre: Artmed, 2000. Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de aprendizagem. 20 LEITURA FUNDAMENTAL Prezado aluno, as indicações a seguir podem estar disponíveis em algum dos parceiros da nossa Biblioteca Virtual (faça o log in por meio do seu AVA), e outras podem estar disponíveis em sites acadêmicos (como o SciELO), repositórios de instituições públicas, órgãos públicos, anais de eventos científicos ou periódicos científicos, todos acessíveis pela internet. Isso não significa que o protagonismo da sua jornada de autodesenvolvimento deva mudar de foco. Reconhecemos que você é a autoridade máxima da sua própria vida e deve, portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na construção da sua carreira profissional. Por isso, nós o convidamos a explorar todas as possibilidades da nossa Biblioteca Virtual e além! Sucesso! Indicação 1 O livro indicado aborda o campo do atendimento psicopedagógico, que é muito vasto. Sendo assim, são analisados os conceitos de normal e patológico, apresentando o contexto e os sintomas. Encontram-se a descrição e a explicação histórica das diferentes formas possíveis de intervenção psicopedagógica. BRITO, Eduardo. Atendimento Psicopedagógico. São Paulo: Cengage Learning, 2015. Indicações de leitura 21 Indicação 2 Na obra indicada, é possível conhecer a história dos jogos e a origem das diversas brincadeiras que compõem a nossa e outras culturas. A intenção é preparar o educador para compreender as características das diversas manifestações da cultura do jogo e das brincadeiras e aplicá-las como meio de ação motora, influenciando na formação integral do indivíduo, além de entender a importância da brincadeira e das diferentes possibilidades do jogo como fator de influência no desenvolvimento da criança, conforme a visão de Piaget e Vygotsky. BROLESI, Margarete L.; STEINLE, Marlizete Cristina B.; SILVA, Suhellen L. P. O. Jogos, brinquedos e brincadeiras. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S. A. 2015. QUIZ Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste Aprendizagem em Foco. Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de questões de interpretação com embasamento no cabeçalho da questão. 1. Como se caracteriza o eixo horizonal da avaliação psicopedagógica clínica? 22 a. É a análise do desenvolvimento global do indivíduo em diferentes momentos da vida do aprendente. b. É o momento em que são devolvidos os resultados da avaliação realizada pelo psicopedagogo. c. É o momento em que são investigadas as causas atuais relacionadas ao sintoma do aprendente. d. É a aplicação da entrevista de anamnese com pais ou responsáveis. e. É quando o psicopedagogo visita a escola e entrevista os professores do aprendente. 2. Sobre as provas projetivas na avaliação psicopedagógica clínica, assinale a alternativa correta: a. Avaliam a cognição e são elaboradas de acordo com conhecimentos provenientes da Pedagogia. b. São úteis para analisar os aspectos emocionais que interferem no processo de aprendizagem do aprendente.c. São aplicadas para a análise entre aprendente e escola, mas não se aplicam à análise entre aprendente e família. d. A aplicação das provas projetivas é realizada em sessões específicas sem necessidade do consentimento do aprendente. e. A função semiótica ocorre na observação de erros gramaticais e da capacidade de transposição dos relatos orais para os textos escritos. 23 GABARITO Questão 1 - Resposta C Resolução: O eixo horizontal, ou a análise histórica da avaliação psicopedagógica clínica, é caracterizado pela exploração das causas atuais relacionadas ao sintoma do aprendente. Nessa fase, realiza-se a contextualização do caso, com entrevistas com a família, a equipe da escola, outros profissionais e aprendente; com a aplicação de provas e testes diversos; análises da produção do material escolar; avaliações; provas; desenhos; e produção de textos. As demais alternativas se relacionam ao eixo vertical da avaliação psicopedagógica clínica ou não são respostas completas. Questão 2 - Resposta B Resolução: As provas projetivas são úteis para que o psicopedagogo analise os aspectos emocionais que interferem no processo de aprendizagem do aprendente. As demais são incorretas, pois: as provas piagetianas avaliam a afetividade com conhecimentos provenientes da Psicologia; devem ser aplicadas para a análise de três vínculos – aprendente e escola, aprendente e a família e aprendente consigo mesmo; a aplicação das provas projetivas deve ser realizada em sessões específicas com a autorização por escrito dos pais ou responsáveis e com o consentimento do aprendente; e a função semiótica analisa as produções, como os desenhos, que o aprendente realiza sobre a sua relação com o processo de ensino e aprendizagem. Avaliação do raciocínio lógico- matemático e da psicomotricidade ______________________________________________________________ Autoria: Juliana Zantut Nutti Leitura crítica: Neide Rodriguez Barea TEMA 3 25 DIRETO AO PONTO O Método Clínico é um procedimento de pesquisa criado por Piaget que envolve uma espécie de “diálogo” no qual a criança decide a sua resposta em função da contra-argumentação do adulto, exigindo a interação entre os envolvidos. Com esse método, busca-se a análise do pensamento da criança para compreender as ações, as reações e as verbalizações sobre seu ponto de vista em relação aos fatos. Outro procedimento criado por Piaget são as provas operatórias, utilizadas para a avaliação do desenvolvimento cognitivo e do raciocínio lógico-matemático no diagnóstico das dificuldades de aprendizagem, também chamadas de provas piagetianas, que permitem a análise do nível de estruturação cognitiva do indivíduo, ou seja, em que etapa do desenvolvimento cognitivo ele se encontra. Elas são essenciais no trabalho psicopedagógico clínico por permitirem o estabelecimento de regularidades entre os níveis cognitivos e a aprendizagem. As provas piagetianas são divididas em: provas de classificação, conservação e seriação. As provas de conservação por sua vez se dividem em conservação de quantidades, líquido, massa, peso, volume e comprimento. Além das provas operatórias, pode-se analisar o desenvolvimento do raciocínio lógico-matemático e do cálculo com atividades similares às realizadas na escola e com jogos que envolvam a contagem, como o dominó. 26 Figura 1 – Provas operatórias de Piaget para a avaliação do desenvolvimento do raciocínio lógico-matemático Fonte: elaborada pela autora. Sobre a avaliação da psicomotricidade, as baterias e escalas de desenvolvimento psicomotor, podem ser utilizadas baterias de avaliação do desenvolvimento psicomotor como a de Fonseca (1995) e de Rosa Neto (apud SOUZA; URZEDA, 2011) ou atividades simples, como o jogo de “pega varetas”, como o aprendente usa o lápis em desenhos e pinturas, a sua coordenação visomotora para recortar e colar, a sua postura para sentar-se e levantar-se, o equilíbrio que é mantido durante um tempo, a lateralidade e o esquema corporal. Referências FONSECA, V. Manual de observação psicomotora: significações psiconeurológicas dos fatores psicomotores. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. SOUZA, S. G.; URZÊDA, W. Escala de desenvolvimento motor: avaliação e ampliação das habilidades motoras utilizando o conteúdo esportes: uma revisão. Revista EFDeportes, Buenos Aires, ano 15, n. 154, 2011. 27 PARA SABER MAIS Por que a disciplina de matemática geralmente produz tantos sentimentos aversivos nos alunos, como medo e tensão? Na maioria das vezes, o ensino da matemática vem impregnado pelo medo e pela angústia para entender algo que previamente se considera complicado e complexo, transformando essa disciplina em um bicho de sete cabeças! O problema é que o medo é um sentimento que pode levar à paralisia e ao conformismo, fazendo com que o educando opte por reproduzir fórmulas e modelos para a realização das tarefas, mas não desenvolva motivação em “aprender a aprender” o conteúdo da disciplina, o que leva a um desempenho escolar pouco significativo. As escolas brasileiras ainda possuem um currículo baseado no desenvolvimento de comportamentos cognitivos, excluindo-se os fatores afetivos. A qualidade da aprendizagem de matemática depende muito do que se denomina como metacognição, que é a capacidade de pensar sobre o próprio pensamento, possibilitando a observação e a correção de seus pensamentos e ações, assim como o desenvolvimento de estratégias mais sofisticadas para a interação com o meio e para a tomada de decisões. Além disso, a qualidade da aprendizagem também depende do contexto sociocultural e da dimensão afetiva, que inclui as preferências, os valores e as crenças dos alunos sobre os conteúdos da área. E o que são crenças em matemática? São um dos componentes do conhecimento subjetivo sobre a área, seu ensino e sua aprendizagem, baseados na experiência do indivíduo. O repúdio, o interesse, a curiosidade e a satisfação que envolvem a confiança e o autoconceito sobre o sucesso ou o fracasso para aprender matemática são crenças sobre o ensino desenvolvidas por um 28 indivíduo, as quais também estão relacionadas à metacognição e à sua autoconsciência enquanto aluno. Diante do exposto, para perdermos o medo da matemática, é preciso desenvolver uma atitude diferente diante do ensino dessa disciplina, promovendo reações positivas em relação aos seus conteúdos. Segundo Gómez Chacón (2003), para isso, é preciso levar em conta os fatores afetivos dos educadores e dos educandos. As emoções, as atitudes e as crenças atuam como forças impulsionadoras da atividade matemática, assim como atuam como forças de resistência à mudança. Ao realizar a avaliação do raciocínio-lógico matemático do aprendente, o psicopedagogo precisa propor atividades que permitam a expressão do interesse pela resolução de situações- problema. Na atividade clínica, deve proporcionar atividades em que o aprendente tenha a capacidade de agir e criar, a fim de modificar o seu comportamento diante dessa disciplina e desenvolver maior autonomia intelectual para o enfrentamento de situações desconhecidas e maior autoconfiança em sua capacidade de aprender e resolver os desafios matemáticos. Referências GÓMEZ CHACÓN, I. M. Matemática emocional: os afetos na aprendizagem matemática. Porto Alegre: Artmed, 2003. TEORIA EM PRÁTICA Em uma prova de conservação de líquido, Júlio, de 8 anos, é solicitado a colocar o conteúdo de um recipiente com água em dois recipientes com o mesmo formato e o mesmo volume. Ele o faz e o 29 psicopedagogo pergunta a ele se há o “mesmo tanto” de água nos dois recipientes, e ele diz que sim. O profissional pede então que ele coloque de volta o conteúdo (a água) dos dois recipientes no jarro de origem. Ele o faz e o psicopedagogo pergunta se há “o mesmo tanto” de água no recipiente de origem. Júlio diz que sim, pois não aumentou nem diminuiu a quantidade de água na passagem para o recipiente maior. Apósessa etapa, mostra a ele mais dois recipientes com formatos diferentes: um alto e fino e outro baixo e largo. Em seguida, pede que o menino divida o conteúdo de água do recipiente entre os dois recipientes com formatos diferentes, e ele o faz, igualando o nível entre o alto e fino e o mais largo e baixo. Então, O psicopedagogo pede para que Júlio verifique se dividiu o conteúdo do recipiente original entre os dois recipientes. Ele verifica e diz que sim, que tem “o mesmo tanto” de água nos dois recipientes; porém, o nível igual entre os dois copos não é sinal de igualdade de volume, pois Júlio precisou colocar mais água no recipiente baixo e largo para igualar o nível de água do recipiente alto e fino. A qual conclusão você chega? Júlio possui ou não possui a noção de conservação de líquido? Como você justifica isso? Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de aprendizagem. 30 LEITURA FUNDAMENTAL Prezado aluno, as indicações a seguir podem estar disponíveis em algum dos parceiros da nossa Biblioteca Virtual (faça o log in por meio do seu AVA), e outras podem estar disponíveis em sites acadêmicos (como o SciELO), repositórios de instituições públicas, órgãos públicos, anais de eventos científicos ou periódicos científicos, todos acessíveis pela internet. Isso não significa que o protagonismo da sua jornada de autodesenvolvimento deva mudar de foco. Reconhecemos que você é a autoridade máxima da sua própria vida e deve, portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na construção da sua carreira profissional. Por isso, nós o convidamos a explorar todas as possibilidades da nossa Biblioteca Virtual e além! Sucesso! Indicação 1 A obra indicada apresenta artigos escritos por autores consagrados sobre modelos teóricos; a legitimidade científica da psicomotricidade e da formação corporal dos psicomotricistas; a psicanálise; a psicopedagogia; as neurociências; a semiologia; as perturbações regulatórias; o diagnóstico e a intervenção; a hiperatividade; e o estresse e o equilíbrio postural versátil, constituindo no seu todo uma obra multifacetada. FERNANDES, Jorge M. G. A.; GUTIERRES FILHO, Paulo José Barbosa. Psicomotricidade: Abordagens emergentes. Barueri, SP: Manole, 2012. Indicações de leitura 31 Indicação 2 Os jogos são formas de comunicação apresentadas em forma de situações-problema. Nesse sentido, a obra indicada discute sobre o desafio de utilizar os jogos em uma perspectiva construtivista para apresentar às crianças várias maneiras de interpretar e comunicar ideias. Outro desafio é encontrar meios eficazes para avaliá-las, e, para isso, essa obra traz pesquisas sobre a avaliação de crianças por meio de jogos. MACEDO, Lino; PETTY, Ana Lúcia Sicoli; PASSOS, Norimar Christe. Aprender com jogos e situa¬ções problema. Porto Alegre: Artmed, 2007. QUIZ Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste Aprendizagem em Foco. Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de questões de interpretação com embasamento no cabeçalho da questão. 1. Sobre o conceito de Método Clínico, assinale a alternativa correta: 32 a. É o método criado por Piaget para investigar os afetos da criança por meio de questões para compreender seus afetos, suas emoções e suas reações diante da Natureza. b. É o método criado por Piaget para investigar a linguagem da criança por meio de questões para compreender as suas verbalizações. c. É o método criado por Vygotsky para investigar os problemas neurológicos da criança por meio de questões para compreender as suas reações reflexas. d. É o método criado por Piaget para investigar o pensamento da criança em uma espécie de diálogo para compreender suas estruturas cognitivas por meio de suas ações e verbalizações. e. É o método criado por Visca para investigar o pensamento da criança por meio de desenhos para compreender os seus afetos sobre a aprendizagem. 2. Sobre o objetivo das provas operatórias, assinale a alternativa correta: a. Avaliam os desenhos do aprendente e a sua relação com a aprendizagem. b. São usadas para avaliar o nível de desenvolvimento cognitivo do aprendente em relação ao raciocínio lógico-matemático. c. Servem para avaliar as habilidades de leitura e escrita dos aprendentes. d. São utilizadas para avaliar a dinâmica familiar e os conflitos com a escola. e. Avaliam o zelo e a organização do aprendente sobre os seus materiais. 33 GABARITO Questão 1 - Resposta D Resolução: O método clínico é o método de investigação criado por Piaget para investigar o pensamento da criança em uma espécie de diálogo para compreender suas estruturas cognitivas por meio de suas ações e verbalizações sobre seu ponto de vista em relação aos fatos. Sua intenção não era investigar a linguagem da criança, mas o seu pensamento. O Método Clínico foi elaborado por Piaget, e não por Vygostsky nem por Visca. Questão 2 - Resposta B Resolução: O objetivo das provas operatórias criadas por Piaget é a avaliação do desenvolvimento cognitivo do aprendente em relação ao raciocínio lógico-matemático no diagnóstico das dificuldades de aprendizagem. Não se destinam à avaliação de desenhos ou a sua relação com a aprendizagem (provas projetivas), nem de habilidades de leitura e escrita ou de dinâmica familiar e conflitos com a escola, ou de zelo e organização com os seus materiais escolares. Compreensão Diagnóstica e Informe Psicopedagógico ______________________________________________________________ Autoria: Juliana Zantut Nutti Leitura crítica: Neide Rodriguez Barea TEMA 4 35 DIRETO AO PONTO Compreender as alterações na aprendizagem e elaborar hipóteses diagnósticas são os passos para buscar as estratégias que irão auxiliar o aprendente a resgatar a capacidade de aprender, além de desenvolver uma boa autoestima, autoconceito e sentimento de autoeficácia. Após a finalização das atividades diagnósticas, o psicopedagogo obtém um conjunto de dados significativos para poder enunciar uma ou mais hipóteses diagnósticas sobre a queixa ou o motivo de encaminhamento do aprendente para a avaliação psicopedagógica. No processo de avaliação, ao tomar conhecimento da queixa, o psicopedagogo já dá início ao que se denomina de Compreensão Diagnóstica. Esse processo é utilizado na Gestalt, terapia para auxiliar a etapa em que o terapeuta (e o psicopedagogo é um terapeuta da aprendizagem) elabora hipóteses sobre o diagnóstico, levando em consideração a totalidade dos dados e as singularidades do indivíduo em uma visão do todo. Com esse processo, é possível observar as potencialidades, e não somente as psicopatologias ou dificuldades do sujeito (CHAIM; COSTA, 2015). A queixa é o principal parâmetro para a elaboração da hipótese diagnóstica, sendo a partir dela que, após a coleta dos dados obtidos na avaliação, o psicopedagogo irá analisar os resultados e se debruçar sobre o conjunto de indicadores para responder às seguintes questões: 36 Figura 1 – Questões para elaborar a hipótese diagnóstica Fonte: elaborada pela autora. O psicopedagogo deverá analisar o material coletado minuciosamente para elaborar as hipóteses diagnósticas de forma mais segura. Aqui é importante reforçar a ideia de que não é fácil identificar as causas de distúrbios ou dificuldades de aprendizagem, pois são fenômenos complexos e multifatoriais. Após a Compreensão Diagnóstica e o estabelecimento das hipóteses, o profissional inicia a etapa de devolução psicopedagógica por meio das entrevistas devolutivas para os pais, o professor e o próprio aprendente e da redação do Informe Psicopedagógico. A entrevista devolutiva com os pais deveabordar a discussão dos dados e a divulgação da(s) hipótese(s) diagnóstica(s) e do prognóstico, que é uma previsão sobre o desenvolvimento da condição com e sem o tratamento adequado e sobre as probabilidades de sucesso e fracasso no tratamento, além da apresentação do resultado da avaliação. A entrevista devolutiva realizada com o aprendente deve ter uma linguagem adequada à idade e ao seu nível de compreensão e 37 reforçar as suas capacidades para aprender e para superar as dificuldades de aprendizagem. Referências CHAIM, Maria Paula M.; COSTA, Danilo S. M. Elementos para uma compreensão diagnóstica em psicoterapia: o ciclo do contato e os modos de ser. Revista da Abordagem Gestáltica, Goiânia, v. 21, n. 2, p. 243-244, 2015. PARA SABER MAIS Nas instituições públicas e/ou privadas, é comum o diagnóstico das dificuldades de aprendizagem ser realizado por uma equipe multidisciplinar. O processo diagnóstico nessa situação é diferente do realizado no consultório particular pelo psicopedagogo, devido à composição da equipe e à forma como o aprendente é inserido nesses serviços de saúde. Nas instituições públicas e particulares que atendem a esses aprendentes com dificuldades, devem ser seguidos estes cuidados: • Discussão da equipe sobre o que cada profissional entende como “problema de aprendizagem”, sobre “avaliação psicopedagógica” e sobre como serão feitos a avaliação, os registros e os relatos, de forma que possam ser compreendidos por todos os profissionais. • Encontros periódicos da equipe, especialmente ao final da coleta de dados, para a troca das observações e dos resultados, de modo a elaborar um perfil global do aprendente em relação à aprendizagem e ao desempenho escolar. Alicia Fernández (1990 apud WEISS, 2007) criou uma proposta para o diagnóstico realizado por equipe interdisciplinar chamado de DIFAJ 38 (Diagnóstico Interdisciplinar Familiar de Aprendizagem em uma só Jornada). Ele é considerado um modelo de diagnóstico que permite incluir a família do aprendente na análise da problemática de aprendizagem, a fim de observar como o conhecimento circula no contexto familiar e como se dá em relação à queixa formulada no início do atendimento. As atividades do DIFAJ são realizadas em uma só visita à instituição. Durante essa visita, a criança e a família trabalham em média quatro horas com a equipe interdisciplinar, alternando-se os profissionais em vários momentos, com oportunidades diferentes para que toda a família (pais, irmãos do aprendente e/ou pessoas que compõem a família) se expresse. Referências WEISS, Maria Lúcia Lemme. Psicopedagogia Clínica: uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar. 12. ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2007. TEORIA EM PRÁTICA Ao final da avaliação de Marcela, aprendente de 9 anos, a psicopedagoga reúne-se com os pais para a entrevista devolutiva. Comunica a eles que não é possível afirmar que a queixa dos pais de que ela possui dislexia é justificada, pois as dificuldades na leitura e as trocas de fonemas na escrita que foram colocadas como parte da queixa não se adequam aos sintomas desse transtorno. Explica ainda que as dificuldades da menina ocorrem apenas quando ela se sente insegura, como no início da avaliação e nas leituras diante da professora e dos colegas, e que as trocas na escrita não são frequentes, podendo estar relacionadas a erros naturais do processo de alfabetização. 39 A psicopedagoga afirma que foi possível perceber que Marcela se sente insegura diante das possibilidades de aprender e que possui autoestima baixa, pois repetia nas sessões que “não vale a pena vir aqui porque eu sei que sou burra”. Diante disso, seria necessário que os pais modificassem as mensagens que estão sendo transmitidas a ela em casa e na escola para melhorar a sua autoimagem pessoal e acadêmica. Os pais, então, ficam irritados com o fato de Marcela não ter o diagnóstico de dislexia e questionam os métodos utilizados na avaliação psicopedagógica. Diante dessa situação, responda: como a psicopedagoga deve finalizar a entrevista devolutiva, a fim de garantir um desfecho adequado para Marcela e os pais? Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de aprendizagem. LEITURA FUNDAMENTAL Prezado aluno, as indicações a seguir podem estar disponíveis em algum dos parceiros da nossa Biblioteca Virtual (faça o log in por meio do seu AVA), e outras podem estar disponíveis em sites acadêmicos (como o SciELO), repositórios de instituições públicas, órgãos públicos, anais de eventos científicos ou periódicos científicos, todos acessíveis pela internet. Isso não significa que o protagonismo da sua jornada de autodesenvolvimento deva mudar de foco. Reconhecemos que você é a autoridade máxima da sua própria vida e deve, Indicações de leitura 40 portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na construção da sua carreira profissional. Por isso, nós o convidamos a explorar todas as possibilidades da nossa Biblioteca Virtual e além! Sucesso! Indicação 1 A obra indicada é de referência para os psicopedagogos. Ela aborda o percurso da Psicopedagogia por meio dos relatos de casos clínicos e dos diferentes caminhos para tratar as dificuldades de aprendizagem. Leva à reflexão e ao diálogo sobre o estilo próprio de cada psicopedagogo. RUBISTEIN, Edith. (org.). Psicopedagogia: uma prática, diferentes estilos. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2012. Indicação 2 A obra indicada discute o processo de aprendizagem humana na visão da avaliação psicopedagógica clínica, identificando os principais fatores que interferem na aprendizagem e os caminhos e as estratégias que oferecem mais vantagens para os aprendizes. Ela analisa como a avaliação psicopedagógica pode contribuir para a educação escolar e para a prática profissional dos que atuam como mediadores da aprendizagem nas escolas, como psicopedagogos, fonoaudiólogos, professores e gestores educacionais. HADDAD, Monaliza Ehlke Ozorio. Avaliação Psicopedagógica Clínica. Curitiba: Intersaberes, 2019. (Série Panoramas da Psicopedagogia). 41 QUIZ Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste Aprendizagem em Foco. Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de questões de interpretação com embasamento no cabeçalho da questão. 1. Acerca da Compreensão Diagnóstica, assinale a alternativa correta: a. É o método criado por Piaget para investigar o pensamento da criança em uma espécie de diálogo sobre os fatos. b. É o método elaborado por Visca para a projeção de conflitos inconscientes em desenhos sobre situações de aprendizagem. c. É o método criado por Vygotsky para investigar os problemas neurológicos da criança por meio de questões para compreender as suas reações reflexas. d. É o método criado por Freud para investigar o pensamento em uma espécie de conversão livre para compreender as estruturas de personalidade. e. É o processo utilizado pela Gestalt para auxiliar a etapa de elaboração das hipóteses sobre o diagnóstico, considerando a totalidade dos dados e as singularidades do indivíduo. 42 2. Sobre as entrevistas devolutivas, assinale a alternativa correta: a. Na entrevista devolutiva com o aprendente, deve-se utilizar a mesma linguagem utilizada com os pais e os professores. b. As entrevistas devolutivas, em geral, devem reforçar as dificuldades de aprendizagem e os obstáculos no prognóstico. c. A entrevista devolutiva com os pais deve abordar a discussão dos dados e a divulgação da(s) hipótese(s) diagnóstica(s) e do prognóstico. d. A entrevista devolutiva com o aprendente é opcional e se recomenda que seja realizadasomente com adolescentes. e. A entrevista devolutiva com o docente e a escola em geral deve ser realizada sempre na presença dos pais. GABARITO Questão 1 - Resposta E Resolução: A Compreensão Diagnóstica é um processo utilizado na Gestat, terapia para auxiliar o terapeuta na elaboração das hipóteses sobre o diagnóstico, levando em consideração a totalidade dos dados e as singularidades do indivíduo em uma visão do todo. Com esse processo, é possível observar as potencialidades, e não somente as psicopatologias ou dificuldades do sujeito. As demais alternativas estão incorretas, pois o método de investigação criado por Piaget para investigar o pensamento da criança em uma espécie de diálogo para compreender as estruturas cognitivas por meio de suas ações e verbalizações sobre seu ponto de vista em relação aos fatos é chamado de Método Clínico. Visca não elaborou métodos para a projeção de conflitos inconscientes em desenhos sobre situações de aprendizagem. Vygotsky não elaborou métodos para investigar os problemas neurológicos 43 da criança por meio de questões para compreender as suas reações reflexas. O método criado por Freud para investigar o pensamento em uma espécie de conversão para compreender as estruturas de personalidade é chamado de Associação ou Conversão Livre. Questão 2 - Resposta C Resolução: A entrevista devolutiva com os pais deve abordar a discussão dos dados e a divulgação da(s) hipótese(s) diagnóstica(s) e do prognóstico, que é uma previsão sobre o desenvolvimento da condição com e sem o tratamento adequado e sobre as probabilidades de sucesso e fracasso no tratamento, além da apresentação do resultado da avaliação. As demais alternativas estão incorretas, pois a entrevista devolutiva realizada com o aprendente deve ter uma linguagem adequada à idade e ao seu nível de compreensão. As entrevistas devem reforçar as capacidades para aprender e superar as dificuldades de aprendizagem, e não as dificuldades de aprendizagem e os obstáculos no prognóstico. A entrevista devolutiva com o aprendente não é opcional e deve ser realizada com crianças e adolescentes. A entrevista devolutiva com o docente e a escola em geral não precisa ser realizada na presença dos pais. BONS ESTUDOS! Apresentação da disciplina Introdução TEMA 1 Direto ao ponto Para saber mais Teoria em prática Leitura fundamental Quiz Gabarito TEMA 2 Direto ao ponto Para saber mais Teoria em prática Leitura fundamental Quiz Gabarito TEMA 3 Direto ao ponto Para saber mais Teoria em prática Leitura fundamental Quiz Gabarito TEMA 4 Direto ao ponto Para saber mais Teoria em prática Quiz Gabarito Inicio 2: Botão TEMA 4: Botão TEMA 1: Botão TEMA 2: Botão TEMA 3: Botão TEMA 9: Inicio :
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