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PRINCÍPIOS DE MECÂNICA E RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS AULA 5 Prof.a Francielly Elizabeth de Castro Silva 2 CONVERSA INICIAL Olá, seja bem-vindo(a) a esta aula. Nela, você aprenderá a determinar algumas propriedades geométricas de grande importância no estudo da mecânica, como: centro de gravidade e centroide de um corpo, o momento de inércia de área e de massa de um corpo simples ou composto. TEMA 1 – CENTRO DE GRAVIDADE E CENTROIDE Sabemos que todo objeto possui um determinado tamanho e massa. A força peso desse objeto pode ser facilmente medida com uma balança ou melhor ainda, por meio de um dinamômetro (equipamento que mede força). Porém, o ponto aqui é conhecer precisamente o ponto de equilíbrio que posiciona esta força no objeto. A Figura 1 mostra um sistema em equilíbrio. Sabemos que se deslocarmos qualquer uma das pedras um pouco para a direita ou para a esquerda, todo o conjunto será desequilibrado, ou seja, para o equilíbrio, a posição das forças no sistema são de extrema relevância na modelagem dos problemas. Figura 1 – Equilíbrio de um conjunto de pedras Créditos: BILLION PHOTOS/Shutterstock. Anteriormente, vimos como obter o centro de gravidade de figuras geométricas simples como retângulos. Neste tema, aprenderemos a obter essa propriedade para quaisquer tipos de geometria. 3 Para exemplificar a importância deste estudo, suponha a aeronave mostrada na Figura 2a. Para posicionar o trem de pouso, é necessário fazer um estudo das forças atuantes na aeronave, pois o posicionamento incorreto geraria um desequilíbrio e assim a aeronave poderia tombar para trás encostando sua calda no chão, o que geraria um certo prejuízo à empresa que projetou essa máquina. Logo, conhecer a força resultante gerada pela força peso do avião e sua posição na fuselagem (centro de gravidade) é fundamental para a determinação da posição do trem de pouso (Figura 2b). Figura 2 – (a) Aeronave e (b) trem de pouso (a) (b) Créditos: FENSKEY/Shutterstock; FRANK_PETERS/Shutterstock. Outros exemplos de aplicação do cálculo do centro de gravidade estão no estudo de barragens/comportas (Figura 3a), flutuadores offshore (Figura 3b), guindastes (Figura 3c) etc., em que é importante conhecer não somente a força resultante devido à pressão da água ou do peso da estrutura ou dos elementos sobre a estrutura, mas a posição dessa força resultante de forma a manter o sistema em equilíbrio. Figura 3 – (a) Barragem, (b) flutuador offshore e (c) guindaste (a) (b) (c) Créditos: PHOTO APS/Shutterstock; KLDY/Shutterstock; ZORANORCIK/Shutterstock. 4 1.1 Centro de gravidade Um corpo é formado por um número elevado de partículas com diversos tamanhos e massa, logo, cada partícula terá um peso 𝑑𝑊 e estará localizada em um determinado ponto �̃�, �̃�, �̃� no espaço (Figura 4). A soma de todas as massas dessas partículas nos resulta em uma massa total que pode ser transformada na força peso multiplicando-a pela aceleração da gravidade. Essa força peso, 𝑊, passa por um único ponto, de coordenadas �̅�, �̅�, 𝑧̅, denominado centro de gravidade (Figura 4). Figura 4 – Centro de gravidade de uma partícula e de um corpo e suas respectivas posições no espaço Fonte: Hibbeler, 2018. O peso total do corpo, 𝑊, é obtido aplicando o somatório das forças peso de todas as partículas pertencentes ao corpo, dada por: 𝑊 = ∫ 𝑑𝑊 . (1) A localização da força 𝑊 (o centro de gravidade 𝐺) é obtida com o equilíbrio de momentos. Para cada eixo coordenado, temos: �̅� = ∫ �̃�𝑑𝑊 ∫ 𝑑𝑊 = ∫ �̃�𝑑𝑊 𝑊 (2𝑎) �̅� = ∫ �̃�𝑑𝑊 ∫ 𝑑𝑊 = ∫ �̃�𝑑𝑊 𝑊 e (2𝑏) 5 𝑧̅ = ∫ �̃�𝑑𝑊 ∫ 𝑑𝑊 = ∫ �̃�𝑑𝑊 𝑊 , (2𝑐) em que �̃�, �̃�, �̃� correspondem às coordenadas de cada partícula no corpo e �̅�, �̅�, 𝑧̅ são as coordenadas do centro de gravidade, 𝐺, do corpo. Além do centro de gravidade, existem também o centro de massa, o centroide de volume, centroide de área e centroide de linha, sendo que a palavra centroide indica o centro geométrico de um corpo. Aqui, vamos estudar com maior dedicação o centroide de área, que é muito aplicado na engenharia. 1.2 Centroide de área Se uma área se encontra no plano 𝑥 − 𝑦 e for delimitada por uma função 𝑦 = 𝑓(𝑥) (Figura 5), então seu centroide estará neste mesmo plano e é determinado aplicando as seguintes integrais: �̅� = ∫ �̃�𝑑𝐴 𝐴 ∫ 𝑑𝐴 𝐴 e (3𝑎) �̅� = ∫ �̃�𝑑𝐴 𝐴 ∫ 𝑑𝐴 𝐴 . (3𝑏) Figura 5 – Função genérica para o cálculo do centroide de área Fonte: Hibbeler, 2018. Essas integrais podem ser resolvidas de duas formas: aplicando o elemento infinitesimal de área na horizontal (Figura 6a) ou na vertical (Figura 6b). 6 Figura 6 – Elemento infinitesimal de área posicionado (a) na horizontal e (b) na vertical (a) (b) Fonte: Hibbeler, 2018. Na primeira situação, observe que o elemento infinitesimal de área é dado pelo cálculo da área do retângulo descrita por 𝑑𝐴 = 𝑦𝑑𝑥, com centroide em �̃� = 𝑥 e �̃� = 𝑦/2. Já no segundo caso, a área do elemento infinitesimal é 𝑑𝐴 = 𝑥𝑑𝑦 e o centroide está em �̃� = 𝑥/2 e �̃� = 𝑦. Vamos aos exemplos! Exemplo 1: Calcule o centroide de área �̅� e �̅� da seguinte figura. Fonte: Hibbeler, 2018. Solução: Como o elemento infinitesimal de área (retângulo cinza) está na vertical, sua área é 𝑑𝐴 = 𝑦𝑑𝑥 e seu centroide é �̃� = 𝑥 e �̃� = 𝑦/2, logo, substituindo �̃� e 𝑑𝐴 na Equação 3a e �̃� e 𝑑𝐴 na Equação 3b, temos: �̅� = ∫ 𝑥𝑦𝑑𝑥 𝐴 ∫ 𝑦𝑑𝑥 𝐴 e �̅� = ∫ 𝑦 2 𝑦𝑑𝑥𝐴 ∫ 𝑦𝑑𝑥 𝐴 = ∫ 𝑦² 2 𝑑𝑥𝐴 ∫ 𝑦𝑑𝑥 𝐴 . Na figura do exemplo, a função que descreve a área demarcada é 𝑦 = 𝑥². Substituindo 𝑦 por 𝑥² nas equações acima, ficamos com: 7 �̅� = ∫ 𝑥𝑥²𝑑𝑥 𝐴 ∫ 𝑥²𝑑𝑥 𝐴 = ∫ 𝑥³𝑑𝑥 𝐴 ∫ 𝑥²𝑑𝑥 𝐴 e �̅� = ∫ (𝑥2)² 2 𝑑𝑥𝐴 ∫ 𝑥²𝑑𝑥 𝐴 = ∫ 𝑥4 2 𝑑𝑥𝐴 ∫ 𝑥²𝑑𝑥 𝐴 . Como a função está variando com o 𝑥, pois no termo da integral temos 𝑑𝑥, logo, os limites de integração correspondem à posição em que começa a função (𝑥 = 0) e onde termina a função (𝑥 = 1 𝑚). Logo, esses são os limites inferior e superior de integração e podem ser substituídos na equação acima, assim, a equação toma a seguinte forma: �̅� = ∫ 𝑥³𝑑𝑥 1 0 ∫ 𝑥²𝑑𝑥 1 0 e �̅� = ∫ 𝑥4 2 𝑑𝑥 1 0 ∫ 𝑥²𝑑𝑥 1 0 . Resolvendo as integrais de polinômio conforme regra vista na Equação 3, vista anteriormente, temos: �̅� = 𝑥4 4 | 0 1 𝑥3 3 | 0 1 e �̅� = 𝑥5 2.5 | 0 1 𝑥3 3 | 0 1 = 𝑥5 10| 0 1 𝑥3 3 | 0 1 . Substituindo os limites superior e inferior, ficamos com: �̅� = 14 4 − 04 4 13 3 − 03 3 = 14 4 13 3 = 1 4 1 3 e �̅� = 15 10 − 05 10 13 3 − 03 3 = 15 10 13 3 = 1 10 1 3 . As divisões acima podem ser resolvidas multiplicando a divisão que está no numerador pelo inverso da divisão do denominador, ou seja: �̅� = 1 4 . 3 1 = 3 4 , logo, �̅� = 0,75 𝑚 e �̅� = 1 10 . 3 1 = 3 10 , logo, �̅� = 0,3 𝑚. Exemplo 2: Calcule o centroide de área �̅� do triângulo mostrado: Fonte: Hibbeler, 2018. 8 Solução: Vamos aplicar a Equação 3, logo, precisamos definir a área do elemento infinitesimal. Note que o elemento infinitesimal está na horizontal, logo sua área é 𝑑𝐴 = 𝑥𝑑𝑦 e seu centroide é �̃� = 𝑥/2 e �̃� = 𝑦 como mostra a figura. A nossa integral será em função de 𝑦, pois no termo da integral temos 𝑑𝑦. Logo, devemos isolar o 𝑥 da função 𝑦 = ℎ 𝑏 (𝑏 − 𝑥) como segue: 𝑦 𝑏 ℎ = 𝑏 −𝑥 𝑦 𝑏 ℎ − 𝑏 = −𝑥 ou − 𝑦 𝑏 ℎ + 𝑏 = 𝑥 ou ainda 𝑥 = 𝑏 − 𝑦 𝑏 ℎ . Substituindo o valor acima de 𝑥 na área do elemento infinitesimal, temos: 𝑑𝐴 = (𝑏 − 𝑦 𝑏 ℎ ) 𝑑𝑦 e substituindo �̃� = 𝑦 e 𝑑𝐴 na Equação 3b, temos: �̅� = ∫ 𝑦 (𝑏 − 𝑦 𝑏 ℎ ) 𝑑𝑦 𝐴 ∫ (𝑏 − 𝑦 𝑏 ℎ ) 𝑑𝑦 𝐴 . No termo do numerador, podemos fazer a distributiva, ficando: �̅� = ∫ (𝑦𝑏 − 𝑦² 𝑏 ℎ ) 𝑑𝑦 𝐴 ∫ (𝑏 − 𝑦 𝑏 ℎ ) 𝑑𝑦 𝐴 . Note que há uma soma tanto no numerador, como no denominador, logo, podemos separar em duas integrais, ficando: �̅� = ∫ 𝑦𝑏𝑑𝑦 𝐴 − ∫ 𝑦² 𝑏 ℎ 𝑑𝑦 𝐴 ∫ 𝑏𝑑𝑦 − ∫ 𝑦 𝑏 ℎ 𝑑𝑦 𝐴𝐴 . Vamos resolver cada uma dessas quatro integrais. Os limites de integração estão associados ao intervalo inferior e superior que este triângulo pode variar em 𝑦. Ele está desenhado iniciando em 𝑦 = 0 e terminando em 𝑦 = ℎ (em que ℎ é a altura do triângulo). Substituindo os limites de integração na equação acima, temos: 9 �̅� = ∫ 𝑦𝑏𝑑𝑦 ℎ 0 − ∫ 𝑦² 𝑏 ℎ 𝑑𝑦 ℎ 0 ∫ 𝑏𝑑𝑦 − ∫ 𝑦 𝑏 ℎ 𝑑𝑦 ℎ 0 ℎ 0 . Observe que como a integral varia em função de 𝑦, tudo o que não é 𝑦 (como 𝑏 e ℎ) é considerado como constante e pode sair da integral, logo, reescrevendo a equação acima tirando as constantes para fora das integrais, ficamos com: �̅� = 𝑏 ∫ 𝑦𝑑𝑦 ℎ 0 − 𝑏 ℎ ∫ 𝑦²𝑑𝑦 ℎ 0 𝑏 ∫ 𝑑𝑦 − 𝑏 ℎ ∫ 𝑦𝑑𝑦 ℎ 0 ℎ 0 . Aplicando a regra de integração de polinômio, temos: �̅� = 𝑏 𝑦2 2 | 0 ℎ − 𝑏 ℎ 𝑦3 3 | 0 ℎ 𝑏𝑦|0 ℎ − 𝑏 ℎ 𝑦2 2 | 0 ℎ . Substituindo os limites de integração no lugar do 𝑦, ficamos com: �̅� = 𝑏 ( ℎ2 2 − 02 2 ) − 𝑏 ℎ ( ℎ3 3 − 03 3 ) 𝑏(ℎ − 0) − 𝑏 ℎ ( ℎ2 2 − 02 2 ) �̅� = 𝑏 ℎ2 2 − 𝑏 ℎ ℎ3 3 𝑏ℎ − 𝑏 ℎ ℎ2 2 , Simplificando alguns termos, temos: �̅� = 𝑏 ℎ2 2 − 𝑏 ℎ ℎ3 3 𝑏ℎ − 𝑏 ℎ ℎ2 2 = 𝑏 ℎ2 2 − 𝑏 ℎ2 3 𝑏ℎ − 𝑏 ℎ 2 . Extraindo o m.m.c. do numerador e denominador, ficamos com: �̅� = 3𝑏ℎ2 − 2𝑏ℎ² 6 2𝑏ℎ − 𝑏ℎ 2 = 𝑏ℎ2 6 𝑏ℎ 2 . A divisão acima pode ser resolvida multiplicando a divisão que está no numerador pelo inverso da divisão do denominador, ou seja: 10 �̅� = 𝑏ℎ2 6 . 2 𝑏ℎ , Simplificando, temos: �̅� = 𝑏ℎ2 6 . 2 𝑏ℎ , logo, �̅� = ℎ 3 . Obs.: Este resultado vale para qualquer triângulo retângulo e indica que o centroide está localizado a um terço da altura medida a partir da base do triângulo. O centroide em 𝑥 também poderia ser obtido e resulta em �̅� = 𝑏/3, resultado que utilizamos em conteúdos anteriores. TEMA 2 – CENTRO DE GRAVIDADE E CENTROIDE PARA CORPOS COMPOSTOS Em muitos problemas da engenharia, a estrutura é feita com elementos de geometria simples (Figura 7a) como retângulo, círculo, triângulo, semicírculo etc., ou um composto de geometrias simples (Figura 7b): Figura 7 – (a) Estrutura com vigas e colunas de geometria simples e (b) coluna composta de geometrias simples (a) (b) Créditos: BQMENG/Shutterstock; STEPHAN LANGHANS/Shutterstock. Quando o elemento estrutural consiste em uma geometria composta por segmentos simples, podemos dividi-lo de forma a separar tais segmentos simples e obter o centroide de cada segmento em relação a um ponto de referência. Por exemplo, considere a estrutura apresentada na Figura 8a. Observe que cada viga e coluna são do tipo I ou H (Figura 8b) e este tipo de geometria pode ser subdividido em 3 retângulos como mostra a Figura 8c: 11 Figura 8 – (a) Estrutura composta por vigas e colunas do tipo I ou H, (b) viga I ou H e (c) divisão da viga em três segmentos retangulares (a) (b) (c) Créditos: Zhengzaishuru/Shutterstock; Nattakit Jeerapatmaitree/Shutterstock; Blojfo/Shutterstock. Como as figuras que compõem a viga são simples, sabemos determinar facilmente sua área. Logo, a área total corresponde à soma da área de cada segmento. Considerando problemas bidimensionais para o cálculo do centroide de figuras simples e compostas, o centroide nas direções em 𝑥 e 𝑦 são dadas por: �̅� = ∑ �̃�𝐴 ∑ 𝐴 e (4𝑎) �̅� = ∑ �̃�𝐴 ∑ 𝐴 , (4𝑏) 12 em que �̃� e �̃� correspondem ao centroide de cada segmento em relação a um ponto de referência e 𝐴 é a área de cada segmento. O seguinte passo a passo pode ser seguido para o cálculo do centroide de peças compostas por segmentos simples: 1. Divida a peça em segmentos (figuras) geométricos conhecidos (utilize o menor número possível para facilitar); 2. Defina um eixo de referência fixo (𝑥, 𝑦); 3. Calcule o centroide �̃� e/u �̃� de cada segmento em relação ao eixo de referência; 4. Calcule a área de cada segmento; 5. Calcule o centroide da peça completa, �̅� e/ou �̅�, por meio das Equações 4a e 4b. Exemplo 3: Localize o centroide �̅� da área da seção transversal da viga: Fonte: Hibbeler, 2018. Solução: Seguindo o passo a passo descrito, podemos dividir a seção transversal da viga em dois segmentos de retângulo: Fonte: Hibbeler, 2018. 1 2 13 O eixo de referência (𝑥, 𝑦) já está definido conforme figura, em que o eixo 𝑥 passa pela base da peça e o eixo 𝑦 passa pelo centro da peça. O terceiro passo indica que devemos calcular o centroide de cada segmento em relação ao eixo de referência (𝑥, 𝑦). Como no enunciado pede somente o centroide em �̅�, precisamos do �̃� de cada segmento em relação ao eixo 𝑥 como mostra a seguinte figura: Fonte: Hibbeler, 2018. O centroide do primeiro segmento, �̃�1, em relação ao eixo de referência (𝑥) é obtido dividindo a altura do primeiro segmento por 2, pois o centroide de um retângulo fica no centro dele, ou seja: �̃�1 = 300 2 = 150 𝑚𝑚. O centroide do segundo segmento, �̃�2, em relação ao eixo de referência (𝑥) é obtido somando a altura do primeiro segmento com a altura do segundo segmento dividida por 2, ou seja: �̃�2 = 300 + 50 2 = 325 𝑚𝑚. O cálculo da área de cada segmento é muito simples, pois são dois retângulos, logo: 𝐴1 = 𝑏. ℎ = (25 + 25). 300 = 50.300 = 15000 𝑚𝑚 2 e 𝐴2 = 𝑏. ℎ = (150 + 150). 50 = 300.50 = 15000 𝑚𝑚 2. O último passo é aplicar a Equação 4b. Assim temos: 1 2 �̃�1 �̃�2 14 �̅� = (�̃�1. 𝐴1 + �̃�2. 𝐴2) (𝐴1. 𝐴2) = (150.15000 + 325.15000) (15000 + 15000) = (2250000 + 4875000) 30000 , portanto, �̅� = 237,5 𝑚𝑚. Cálculos semelhantes podem ser feitos considerando a massa, ou o peso de elementos que compõem uma determinada estrutura. Vamos compreender melhor esta questão nos próximos exemplos. Exemplo 4: Localize o centro de massa para o sistema de montagem de compressor. O centro de massa de cada componente e suas respectivas posições são mostradas na figura. 1 Painel instrumental 230 kg 2 Sistema de filtro 183 kg 3 Montagem da tubulação 120 kg 4 Armazenamento de líquido 85 kg 5 Estrutura do compressor 468 kg Fonte: Hibbeler, 2018. Solução: Como já foram fornecidas a massa e a localização do centro de massa de cada componente do sistema, vamos obter a localização do centro de massa em relação aos eixos de referência (𝑥, 𝑦) pré-definidos como mostra a seguinte figura: �̃�1 = 1,80 𝑚 e �̃�1 = 1,20 𝑚, �̃�2 = 2,30 + 2,42 + 1,19 = 5,91 𝑚 e �̃�2 = 4,83 𝑚, �̃�1 �̃�4 �̃�5 �̃�2 �̃�3 �̃�1 �̃�5 �̃�3 �̃�4 �̃�2 𝑥 15 �̃�3 = 2,30 + 2,42 + 1,19 + 2,87 = 8,78 𝑚 e �̃�3 = 3,26 𝑚, �̃�4 = 2,30 𝑚 e �̃�4 = 3,68 𝑚 e �̃�5 = 2,30 + 2,42 = 4,72 𝑚 e �̃�5 = 3,15 𝑚. Ajustando as Equações 4a e 4b para o problema envolvendo o centro de massa, temos: �̅� = ∑ �̃�𝑚 ∑ 𝑚 e �̅� = ∑ �̃�𝑚 ∑ 𝑚 , (5) em que 𝑚 corresponde à massa de cada elemento conforme a figura inicial do problema, ou seja, 𝑚1 = 230 𝑘𝑔, 𝑚2 = 183 𝑘𝑔, 𝑚3 = 120 𝑘𝑔, 𝑚4 = 85𝑘𝑔 e 𝑚5 = 468 𝑘𝑔, logo, as equações acima resultam em: �̅� = (�̃�1𝑚1 + �̃�2𝑚2 + �̃�3𝑚3 + �̃�4𝑚4 + �̃�5𝑚5) (𝑚1 + 𝑚2 + 𝑚3 + 𝑚4 + 𝑚5) �̅� = (1,80 .230 + 5,91.183 + 8,78.120 + 2,30.85 + 4,72.468) (230 + 183 + 120 + 85 + 468) �̅� = (414 + 1081,53 + 1053,6 + 195,5 + 2208,96) 1086 = 4953,59 1086 �̅� = 4,561 𝑚𝑚 e �̅� = (�̃�1𝑚1 + �̃�2𝑚2 + �̃�3𝑚3 + �̃�4𝑚4 + �̃�5𝑚5) (𝑚1 + 𝑚2 + 𝑚3 + 𝑚4 + 𝑚5) �̅� = (1,20 .230 + 4,83.183 + 3,26.120 + 3,68.85 + 3,15.468) 1086 �̅� = (276 + 883,89 + 391,2 + 312,8 + 1474,2) 1086 = 3338,09 1086 �̅� = 3,074 𝑚. TEMA 3 – MOMENTO DE INÉRCIA DE ÁREA Para iniciar este tema, gostaria que você refletisse sobre a seguinte pergunta: Se uma força 𝐹 for aplicada no centro de uma régua, ela resistirá melhor a essa força na posição deitada (Figura 9a) ou “de pé” (Figura 9b)? Figura 9 – Régua submetida à uma força 𝐹 na posição (a) deitada e (b) de pé (a) (b) 𝐹 𝐹 16 A resposta é óbvia. Na posição deitada, ela tem uma resistência menor à flexão, logo, ela abaulará com maior facilidade (Figura 10a), e dependendo da intensidade da força 𝐹, ela poderá até quebrar. Já na posição “de pé”, ela resiste (suporta) uma força muito maior do que a do primeiro caso e é muito difícil de flexioná-la (abaulá-la), conforme pode ser observado na Figura 10b: Figura 10 – Flexão de uma régua na posição (a) deitada e (b) de pé (a) (b) Mais uma pergunta para você refletir. Por que isso que acabamos de observar acontece? O motivo é o momento de inércia de área. Esta é uma propriedade geométrica da seção transversal dos elementos estruturais e está relacionada com a resistência à flexão. A régua na posição de pé possui um momento de inércia muito maior do que na posição deitada, por isso resiste muito mais a esse tipo de carregamento. Este tema é muito importante no estudo de vigas como vãos de ponte (Figura 11a), eixo de transmissão (Figura 11b) e qualquer estrutura sob carregamento de flexão. Vamos aprender inicialmente o equacionamento para o desenvolvimento dos cálculos de momento de inércia de geometrias quaisquer, e no Tema 4, você verá como determinar o momento de inércia de estruturas com geometrias simples, como o exemplo da régua. Figura 11 – (a) Vãos de ponte e (b) eixo de transmissão do carro (a) (b) Créditos: Jason Finn/Shutterstock; M181/Shutterstock. 17 3.1 Momento de inércia de área – Abordagem geral Considerando uma seção transversal qualquer como mostra a Figura 12, os momentos de inércia de uma área diferencial 𝑑𝐴 em relação aos eixos 𝑥 e 𝑦, respectivamente, são: 𝑑𝐼𝑥 = 𝑦²𝑑𝐴 e 𝑑𝐼𝑦 = 𝑥²𝑑𝐴. Figura 12 – Seção transversal qualquer para o desenvolvimento das equações de momento de inércia de área Fonte: Hibbeler, 2018. Integrando ambos os lados da equação anterior, ficamos com: ∫ 𝑑𝐼𝑥 = ∫ 𝑦 2𝑑𝐴 e ∫ 𝑑𝐼𝑦 = ∫ 𝑥 2𝑑𝐴, logo 𝐼𝑥 = ∫ 𝑦 2𝑑𝐴 𝐴 e 𝐼𝑦 = ∫ 𝑥 2𝑑𝐴 𝐴 . (6) Em problemas envolvendo torção, como é o caso de eixos em geral, a resistência ao torque é função do momento polar de inércia, ou seja, quanto maior o momento polar de inércia, mais torque o eixo resistirá. Esse parâmetro é dado por: 𝐽𝑂 = ∫ 𝑟 2𝑑𝐴 = 𝐼𝑥 + 𝐼𝑦 𝐴 . (7) O seguinte procedimento é indicado para o cálculo do momento de inércia: Se a função que descreve a área for expressa na forma de 𝑦 = 𝑓(𝑥), um elemento diferencial retangular deverá ser desenhado de modo que ele tenha um comprimento finito (𝑥 ou 𝑦) e uma largura diferencial (𝑑𝑥 ou 𝑑𝑦). Esse elemento deverá ser desenhado de modo a cruzar a função em um ponto qualquer (𝑥,𝑦). 18 Oriente o elemento de modo que o seu comprimento fique paralelo ao eixo sobre o qual o momento de inércia será calculado. Por exemplo, se for calcular o 𝐼𝑥, o elemento diferencial deverá ser desenhado na horizontal, ou quando calcular o 𝐼𝑦, deverá posicioná-lo na vertical. Exemplo 5: Determine o momento de inércia de área do retângulo mostrado em relação aos eixos (𝑥′, 𝑦′) que passam por seu centroide e calcule o momento polar de inércia passando pelo centroide 𝐶. Fonte: Hibbeler, 2018. Solução: A área do elemento diferencial de área 𝑑𝐴, representado pelo retângulo cinza da figura, é calculada multiplicando a base desse retângulo por sua altura. A base corresponde à 2 𝑏 2 = 𝑏 e a altura é igual a 𝑑𝑦′. Logo, 𝑑𝐴 = 𝑏𝑑𝑦′, em que o apóstrofo (′) é apenas uma representação para mostrar que estamos considerando o eixo de referência 𝑥′ e não o 𝑥 ou 𝑥𝑏. Substituindo este valor na Equação 6, vamos determinar o momento de inércia em relação ao eixo 𝑥′ que passa pelo centroide desse retângulo, dado por: 𝐼𝑥′ = ∫ 𝑦 ′2𝑑𝐴 𝐴 = ∫ 𝑦′ 2 𝐴 𝑏𝑑𝑦′. Esta integral será avaliada no intervalo correspondente à altura do retângulo completo, pois a integral varia com o 𝑑𝑦′. Em relação ao eixo 𝑥′ que passa pelo centroide do retângulo, o intervalo inferior é −ℎ/2 e o intervalo superior é ℎ/2. Logo, a integral acima pode ser reescrita como: 19 𝐼𝑥′ = ∫ 𝑦 ′2 ℎ 2 − ℎ 2 𝑏𝑑𝑦′. O termo 𝑏 corresponde à base do retângulo que pode assumir qualquer valor, logo, é uma constante e pode sair da integral, ficando: 𝐼𝑥′ = 𝑏 ∫ 𝑦 ′2 ℎ 2 − ℎ 2 𝑑𝑦′. Resolvendo a integral de polinômio, conforme trabalhado em exercícios anteriores, temos: 𝐼𝑥′ = 𝑏 𝑦′ 3 3 | − ℎ 2 ℎ 2 . Substituindo os limites de integração, ficamos com: 𝐼𝑥′ = 𝑏 ( ( ℎ 2) 3 3 − (− ℎ 2) 3 3 ) = 𝑏 ( ℎ³ 8 3 − (− ℎ³ 8 ) 3 ) = 𝑏 ( ℎ³ 8 3 + ℎ³ 8 3 ) 𝐼𝑥′ = 𝑏 ( 2 ℎ³ 8 3 ) = 𝑏 ( ℎ³ 4 3 ) = 𝑏 ( ℎ³ 4 . 1 3 ) , portanto, 𝐼𝑥′ = 𝑏ℎ³ 12 . A unidade é sempre de comprimento à quarta (metros, milímetros, polegadas, pés etc.). Fazendo o mesmo processo para o cálculo do momento de inércia de área que passa pelo centroide 𝑦′, colocando o elemento diferencial na posição vertical e substituindo os limites de integração por −𝑏/2 e 𝑏/2, temos a seguinte integral a ser resolvida: 𝐼𝑦′ = ∫ 𝑥′ 2𝑑𝐴 𝐴 = ∫ 𝑥′ 2 𝑏 2 − 𝑏 2 ℎ𝑑𝑥′. Aplicando a mesma metodologia descrita para o cálculo do 𝐼𝑥′, o resultado da integral acima é: 𝐼𝑦′ = ℎ𝑏³ 12 . 20 Como visto na Equação 7, o momento polar de inércia é obtido pela soma dos momentos de inércia 𝐼𝑥′ e 𝐼𝑦′, logo: 𝐽𝐶 = 𝐼𝑥′ + 𝐼𝑦′ = 𝑏ℎ3 12 + ℎ𝑏3 12 , logo, 𝐽𝐶 = 𝑏ℎ3 − ℎ𝑏³ 12 . 3.2 Teorema dos eixos paralelos Até agora, vimos como determinar o momento de inércia em relação ao eixo que passa pelo centroide do corpo. Mas se o objetivo for determinar o momento de inércia de uma peça que passa por um eixo qualquer paralelo ao eixo que passa centroide, podemos utilizar o teorema dos eixos paralelos, definido como: 𝐼𝑥 = 𝐼𝑥′ + 𝐴𝑑𝑦 2 , (8𝑎) 𝐼𝑦 = 𝐼𝑦′ + 𝐴𝑑𝑥 2 e (8𝑏) 𝐽𝑜 = 𝐽𝑐 + 𝐴𝑑 2, (8𝑐) em que 𝐼𝑥′ e 𝐼𝑦′ correspondem ao momento de inércia em relação aos eixos 𝑥′ e 𝑦′ que passam pelo centróide, 𝐽𝑐 é o momento polar de inércia em relação ao centroide, 𝐴 é a área da peça, 𝑑𝑦 é a distância entre os eixos paralelos 𝑥 e 𝑥′, 𝑑𝑥 é a distância entre os eixos paralelos 𝑦 e 𝑦′, e 𝑑 2 = 𝑑𝑥 2 + 𝑑𝑦 2. Vamos aplicar esta ideia ao exemplo anterior. Exemplo 6: Calcule o momento de inércia de área 𝐼𝑥 em relação ao eixo que passa pela base do retângulo (𝑥𝑏): Fonte: Adaptado Hibbeler, 2018. 21 Solução: No exemplo anterior, descobrimos o momento de inércia em relação ao eixo 𝑥′ que passa pelo centroide da peça. Agora, vamos aplicar a Equação 8a para obter o momento de inércia que passa pelo eixo da base da peça, ou seja,o eixo 𝑥𝑏, em que 𝐼𝑥′ = 𝑏ℎ³ 12 , 𝐴 = 𝑏ℎ e 𝑑𝑦 é a distância entre os eixos 𝑥′ e 𝑥, logo, 𝑑𝑦 = −ℎ/2. 𝐼𝑥𝑏 = 𝐼𝑥′ + 𝐴𝑑𝑦 2 = 𝑏ℎ³ 12 + 𝑏ℎ. (− ℎ 2 ) 2 = 𝑏ℎ³ 12 + 𝑏ℎ ℎ² 4 = 𝑏ℎ³ 12 + 𝑏ℎ³ 4 , extraindo o m.m.c., temos: 𝐼𝑥𝑏 = 𝑏ℎ3 + 3𝑏ℎ³ 12 = 4𝑏ℎ³ 12 , portanto, 𝐼𝑥𝑏 = 𝑏ℎ³ 3 . Neste tema, vimos como determinar o momento de inércia de área de funções quaisquer e de figuras simples. No exemplo anterior, obtivemos o momento de inércia em relação ao eixo que passa pelo centroide de um retângulo. A partir de agora, podemos utilizar esses resultados quando nos depararmos com um problema com figuras retangulares, como uma viga I ou H. Para figuras circulares, o momento de inércia de área em relação ao eixo centroidal é: 𝐼𝑥 = 𝐼𝑦 = 𝜋𝑟4 4 , (9) em que 𝑟 corresponde ao raio da circunferência. O momento polar de inércia é: 𝐽𝑐 = 𝜋𝑟4 2 . (10) Se a peça for um tubo, seu momento de inércia de área é dado por: 𝐼𝑥 = 𝐼𝑦 = 𝜋(𝑟𝑒 4 − 𝑟𝑖 4) 4 , (11) em que 𝑟𝑒 corresponde ao raio externo e 𝑟𝑖 ao raio interno do tubo, e o momento polar de inércia é descrito como: 𝐽𝑐 = 𝜋(𝑟𝑒 4 − 𝑟𝑖 4) 2 . (12) No projeto de vigas, utilizamos o momento de inércia para determinar a tensão de cisalhamento transversal, de flexão e a carga crítica de flambagem. 22 TEMA 4 – MOMENTO DE INÉRCIA PARA ÁREAS COMPOSTAS É muito comum, na engenharia, encontrar elementos estruturais feitos com geometrias compostas (Figura 13), ou seja, geometrias que podem ser divididas em elementos simples como retângulos, círculos, triângulos etc. Figura 13 – Tipos de seção de elementos estruturais Créditos:HENNADII H/Shutterstock. Quando nos depararmos com uma seção de áreas compostas, podemos seguir o seguinte passo a passo para determinar seu momento de inércia: 1. Divida a seção em segmentos de geometria simples; 2. Calcule o momento de inércia em relação ao centroide de cada segmento (𝐼𝑥′ e 𝐼𝑦′). Para figuras retangulares, temos a seguinte equação para o momento de inércia: 𝐼𝑥′ = 𝑏ℎ2 12 e 𝐼𝑦′ = ℎ𝑏2 12 . Para figuras circulares, o momento de inércia é dado por: 𝐼𝑥′ = 𝐼𝑦′ = 𝜋𝑟4 4 ; 3. Determine a área (𝐴) de cada segmento; 4. Determine a distância entre o centroide de cada segmento e um eixo ou ponto de referência 𝑑𝑥 e 𝑑𝑦 ; 5. Calcule o momento de inércia (𝐼𝑥 e 𝐼𝑦) de cada segmento em relação ao centroide da peça por meio das Equações 8a e 8b. 23 6. Calcule do momento de inércia total pela soma dos momentos de inércia de cada segmento. Obs.: se algum segmento for um furo, o momento de inércia dele deverá ser subtraído. Exemplo 7: Calcule o momento de inércia de área da peça mostrada na figura em relação ao eixo 𝑥. O próximo passo é calcular o momento de inércia de cada segmento em relação ao centroide, assim temos: 𝐼𝑥′1 = 𝜋𝑟4 4 = 𝜋254 4 , logo, 𝐼𝑥′1 = 306796,16 𝑚𝑚 4 e 𝐼𝑥′ 2 = 𝑏ℎ3 12 = 100. 1503 12 , logo, 𝐼𝑥′ 2 = 28125000 𝑚𝑚 4. O passo três sugere o cálculo da área de cada segmento, logo, temos que: A1 = 𝜋𝑟 2 = 𝜋252, consequentemente, A1 = 1963,5 𝑚𝑚 2 e A2 = 𝑏ℎ = 100.150, consequentemente, A2 = 15000 𝑚𝑚 2. A distância entre o centroide de cada segmento e o eixo referência, que, neste caso, é o eixo 𝑥 (conforme enunciado), são dadas, respectivamente, por: 𝑑𝑦1 = 75 𝑚𝑚 e 𝑑𝑦2 = 75 𝑚𝑚 Finalmente, o cálculo do momento de inércia em relação ao eixo 𝑥 é obtido aplicando o teorema dos eixos paralelos, logo: 𝐼𝑥1 = 𝐼𝑥′1 + 𝐴1𝑑𝑦 2 1 = 306796,16 + 1963,5(75)² 𝐼𝑥1 = 306796,16 + 11044661,67, portanto, 𝐼𝑥1 = 11351457,83 𝑚𝑚 4 e 𝐼𝑥2 = 𝐼𝑥′ 2 + 𝐴2𝑑𝑦 2 2 = 28125000 + 15000(75)² 1 2 24 𝐼𝑥2 = 28125000 + 84375000, portanto, 𝐼𝑥2 = 112500000 𝑚𝑚 4. O momento de inércia total é: Fonte: Hibbeler, 2018. 𝐼𝑥 = −𝐼𝑥1 + 𝐼𝑥2 = −11351457,83 + 112500000 𝐼𝑥 = 101148542,2 𝑚𝑚 4 ou 101,15. 106 𝑚𝑚4. Observe que o momento de inércia da circunferência entrou no cálculo como um valor negativo, pois é um furo. Exemplo 8: Calcule o momento de inércia de área da peça mostrada na figura em relação ao eixo que passa pelo centroide (𝑥, 𝑦). Fonte: Hibbeler, 2018. Solução: O primeiro passo é dividir essa peça em segmentos. Podemos dividi-la de duas formas: 25 (a) (b) Vamos considerar a primeira divisão (Figura a), pois a resolução com a segunda divisão (Figura b) é apresentada no nosso livro texto. Assim, você poderá ver que, para ambos os casos, o resultado é o mesmo. Temos as seguintes distâncias a serem consideradas neste exemplo: Fonte: Hibbeler, 2018. O próximo passo é calcular o momento de inércia de cada segmento em relação ao seu centroide. Como os três segmentos são retangulares, as equações dos momentos de inércia em relação aos eixos 𝑥 e 𝑦 foram obtidas no Exemplo 5 e são definidas, respectivamente, por: 𝐼𝑥′ = 𝑏ℎ3 12 e 𝐼𝑦′ = ℎ𝑏3 12 Para cada segmento, temos: 𝐼𝑥′1 = 100. 4003 12 = 533,333. 106 𝑚𝑚4 e 𝐼𝑦′1 = 400. 1003 12 = 33,333. 106 𝑚𝑚4, 𝐼𝑥′ 2 = (600 − 100 − 100). 1003 12 = 400. 1003 12 = 33,333. 106 𝑚𝑚4 e 26 𝐼𝑦′ 2 = 100. (600 − 100 − 100)3 12 = 100. 4003 12 = 533,333. 106 𝑚𝑚4, e 𝐼𝑥′ 3 = 𝐼𝑥′1 = 100. 4003 12 = 533,333. 106 𝑚𝑚4 e 𝐼𝑦′ 3 = 𝐼𝑦′1 = 400. 1003 12 = 33,333. 106 𝑚𝑚4. O passo três nos orienta a calcular a área de cada segmento. Assim, temos que: 𝐴1 = 100.400 = 40000 𝑚𝑚 2 ou 40.103𝑚𝑚2, 𝐴2 = 400.100 = 40000 𝑚𝑚 2 ou 40.103𝑚𝑚2 e 𝐴3 = 𝐴1 = 100.400 = 40000 𝑚𝑚 2 ou 40.103𝑚𝑚2. Agora vamos ao cálculo das distâncias entre o centroide de cada segmento e o eixo referência, que, neste caso, é o próprio eixo que passa pelo centroide da peça, 𝐶(𝑥, 𝑦). Logo, essas distâncias são 𝑑𝑥1 = − ( 600 2 − 100 2 ) = −(300 − 50) = − 250 𝑚𝑚, 𝑑𝑥2 = 0, pois o centroide do segmento 2 está sobre o centroide da peça (C), 𝑑𝑥3 = 600 2 − 100 2 = 300 − 50 = 250𝑚𝑚 𝑒 𝑑𝑦1 400 2 − 100 2 = 200 − 50 = 150 𝑚𝑚, 𝑑𝑦2 = 0, pois o centroide do segmento 2 está sobre o centroide da peça (C) e 𝑑𝑦3 = − ( 400 2 − 100 2 ) = −(200 − 50) = − 150 𝑚𝑚. Perceba que os sinais entre 𝑑𝑥1 e 𝑑𝑥3; e 𝑑𝑦1 e 𝑑𝑦3 são opostos, pois estão posicionados de forma “espelhada” na peça. Mas na prática, essa diferença de sinal não importa, pois esses termos serão elevados ao quadrado nas Equações 8a e 8b, assim temos: 𝐼𝑥1 = 𝐼𝑥′1 + 𝐴1𝑑𝑦 2 1 = 533,333. 106 + 40.103. (150)2 𝐼𝑥1 = 533,333. 10 6 + 40.103. 22,5.103 = 533,333. 106 + 900. 106 𝐼𝑥1 = 1,433. 10 9 𝑚𝑚4, 𝐼𝑦1 = 𝐼𝑦 ′ 1 + 𝐴1𝑑𝑥 2 1 = 33,333. 106 + 40.103. (−250)2 𝐼𝑦1 = 33,333. 10 6 + 40.103. 62,5.103 = 33,333. 106 + 2,5. 109 𝐼𝑦1 = 2,533. 10 9 𝑚𝑚4, 𝐼𝑥2 = 𝐼𝑥′ 2 + 𝐴2𝑑𝑦 2 2 = 33,333. 106 + 40.103. (0)2, logo, 𝐼𝑥2 = 33,333. 10 6 𝑚𝑚4, 𝐼𝑦2 = 𝐼𝑦 ′ 2 + 𝐴2𝑑𝑥 2 2 = 533,333. 106 + 40.103. (0)2, logo, 𝐼𝑦2 = 533,333. 10 6 𝑚𝑚4, 𝐼𝑥3 = 𝐼𝑥1 = 1,433. 10 9 𝑚𝑚4 e 𝐼𝑦3 = 𝐼𝑦1 = 2,533. 10 9 𝑚𝑚4. 27 Por fim, o momento de inércia total em cada direção é obtido pela simples soma do momento de inércia de cada segmento, assim temos: 𝐼𝑥 = 𝐼𝑥1 + 𝐼𝑥2 + 𝐼𝑥3 = 1,433. 10 9 + 33,333. 106 + 1,433. 109, consequentemente, 𝐼𝑥 = 2,9. 10 9 𝑚𝑚4 e 𝐼𝑦 = 𝐼𝑦1 + 𝐼𝑦2 + 𝐼𝑦3 = 2,533. 10 9 + 533,333. 106 + 2,533. 109, portanto, 𝐼𝑦 = 5,6. 10 9 𝑚𝑚4. Vamos resolver um exercício retirado do livro Resistência dos Materiais do auto Hibbeler. Neste exercício, vamos aplicar os conhecimentos vistos nesta aula sobre centroide de área e momento deinércia. Trata-se de um problema para o cálculo da tensão de cisalhamento de uma viga. Vamos ao enunciado: Exemplo 9: se a força 𝑃 equivale a 4 𝑘𝑁, determine a tensão de cisalhamento máxima na seção crítica da viga. Os apoios A e B exercem apenas reações verticais sobre a viga. (a) (b) Fonte: Hibbeler, 2010. Solução: A equação da tensão de cisalhamento máxima é descrita como: 𝜏𝑚á𝑥 = 𝑉𝑚á𝑥𝑄 𝐼𝑡 , em que 𝑉𝑚á𝑥 é a força cortante máxima, obtida com o diagrama de força cortante, 𝑄 é uma propriedade geométrica denominada momento de terceira ordem, 𝐼 corresponde ao momento de inércia de área e 𝑡 corresponde à espessura da seção em que ocorre o cisalhamento máximo. Neste problema, vamos nos ater somente ao cálculo do momento de inércia de área, 𝐼. Mas para isso, é necessário determinar o centroide de área da viga, pois a seção transversal não é de uma geometria simétrica na direção y, somente na direção x, ou seja, sabemos que o centroide em x passa pelo centro da figura, porém em y, nós teremos que calcular. 28 Seguindo o passo a passo descrito no Tema 2, vamos obter �̅� desta peça iniciando pela divisão da peça em segmentos geométricos conhecidos. Para isso, existem duas possibilidades representadas na seguinte figura: (a) (b) Tanto faz a escolha da divisão dos segmentos. Vamos escolher a primeira opção. O segundo passo sugere a definição de um eixo de referência fixo (𝑥, 𝑦). Como sabemos que a figura é simétrica na direção x, desenharemos o eixo y de forma que passe no meio da peça e o eixo x pode ser desenhado na base da peça, assim, temos a seguinte figura: O terceiro passo sugere o cálculo do centroide �̃� de cada segmento em relação ao eixo de referência. Esses centroides são representados na seguinte figura: 29 As distâncias �̃�1 e �̃�3 são iguais, pois os retângulos são equivalentes, logo, seu valor corresponde a �̃�1 = �̃�3 = ℎ 2 = 100 2 = 50 𝑚𝑚 e a distância entre o centroide do segundo segmento e o eixo de referência 𝑥 é �̃�2 = 100 − ℎ 2 = 100 − 40 2 = 100 − 20 = 80 𝑚𝑚. O quarto passo sugere o cálculo da área de cada segmento, logo: 𝐴1 = 𝐴3 = 𝑏. ℎ = 40.100 = 4000 𝑚𝑚 2 e 𝐴2 = 𝑏. ℎ = 80.40 = 3200 𝑚𝑚 2. Por fim, podemos aplicar os resultados obtidos anteriormente no quinto passo por meio da Equação 4b, assim temos que: �̅� = (�̃�1𝐴1 + �̃�2𝐴2 + �̃�3𝐴3) (𝐴1 + 𝐴2 + 𝐴3) = (50.4000 + 80.3200 + 50.4000) (4000 + 3200 + 4000) = 656. 103 11200 portanto, �̅� = 58,57 𝑚𝑚. Essa informação nos será útil no cálculo do momento de inércia, pois será necessário aplicar o teorema dos eixos paralelos. Conforme o passo a passo para o cálculo do momento de inércia, podemos partir do passo 2, ou seja, o cálculo do 𝐼𝑥′. Como todas as figuras são retangulares, temos que 𝐼𝑥′ = 𝑏ℎ3 12 , logo: 𝐼𝑥′1 = 𝐼𝑥′ 3 = 40. 1003 12 , resolvendo, 𝐼𝑥′1 = 𝐼𝑥′ 3 = 333,333.10 3 𝑚𝑚4 e 𝐼𝑥′ 2 = 80. 403 12 , consequentemente, 𝐼𝑥′ 2 = 426,67.10 3 𝑚𝑚4. O passo 3 já foi feito e o passo 4 sugere o cálculo da distância entre o centroide de cada segmento e um eixo ou ponto de referência, em que, neste exemplo, o ponto de referência é o ponto crítico que passa pelo centroide da peça, �̅� = 58,57 𝑚𝑚, assim temos: 𝑑𝑦1 = 𝑑𝑦3 = (�̅� − �̃�1) = 58,57 − 50 = 8,57 𝑚𝑚 e 𝑑𝑦2 = (�̅� − �̃�2) = 58,57 − 80 = −21,43 𝑚𝑚. Aplicando a Equação 8a para o cálculo do momento de inércia de cada segmento em relação ao centroide da peça, temos: 𝐼𝑥1 = 𝐼𝑥3 = 𝐼𝑥′1 + 𝐴1. 𝑑𝑦1 2 = 333,333.103 + 4000.8,57² 𝐼𝑥1 = 𝐼𝑥3 = 627,11.10 3 𝑚𝑚4 e 30 𝐼𝑥2 = 𝐼𝑥′ 2 + 𝐴2. 𝑑𝑦2 2 = 426,67.103 + 3200. (−21,43)² 𝐼𝑥2 = 1,896. 10 6 𝑚𝑚4. Por fim, o momento de inércia da peça completa é dado pela soma dos momentos de inércia de cada segmento, assim temos: 𝐼𝑥 = 𝐼𝑥1 + 𝐼𝑥2 + 𝐼𝑥3 = 627,11.10 3 + 1,896. 106 + 627,11.103, portanto, 𝐼𝑥 = 3,15. 10 6 𝑚𝑚4. Concluímos a etapa desejada, mas note que a solução do exemplo não está completa. É necessário determinar os demais parâmetros da equação para conseguir determinar a tensão de cisalhamento máxima, mas vamos deixá-la para uma próxima oportunidade. Se você desejar, você pode obter a força de cisalhamento máxima, 𝑉𝑚á𝑥, utilizando a metodologia desenvolvida em conteúdos anteriores ou simplesmente utilizando a ferramenta vigas online. Note que à medida que trabalhamos com conceitos mais amplos, a quantidade de cálculos aumenta consideravelmente. Portanto, para projetar a viga do Exemplo 9, é necessário o conhecimento de muitos conceitos envolvidos no problema, tais como: DCL, reações de apoio, redução de um sistema simples de cargas distribuídas, diagrama de força cortante, centroide de área, momento de inércia de área e momento de terceira ordem. TEMA 5 – MOMENTO DE INÉRCIA DE MASSA Para explicar o conceito de momento de inércia de massa, gostaria que você refletisse sobre as Figuras 14a e 14b. É fácil dizer que quando deslocamos (transladamos) um objeto de um ponto a outro, a força que aplicamos é proporcional à massa do objeto, por isso é muito mais tranquilo empurrar uma bike do que um carro. Figura 14 – Homem empurrando (a) uma bicicleta e (b) um carro (a) (b) Créditos: BBERNARD/Shutterstock; TONG_STOCKER/Shutterstock. 31 Agora ao invés de pensar no movimento de translação, vamos pensar na rotação. Algo semelhante acontece. Note na Figura 15 que o balanço exerce um movimento de rotação em torno do eixo envolto pelas “alças” do balanço. Figura 15 – Criança e adulto em um balanço Créditos:OLESIA BILKEI/Shutterstock. A pergunta que pode te ajudar a compreender melhor este tema é: qual das duas pessoas é mais fácil de empurrar, a criança ou o adulto? A resposta é óbvia, não é mesmo? É muito mais fácil empurrar a criança no balanço, pois seu momento de inércia de massa é muito menor em relação ao do adulto. Por definição, o momento de inércia de massa expressa o grau de dificuldade (resistência) em se alterar o estado de movimento de um corpo em rotação. Considere o corpo rígido representado na Figura 16. O momento de inércia de massa do corpo em relação ao eixo z é definido como: 𝐼 = ∫ 𝑟²𝑑𝑚 𝑚 , (13) em que 𝑟 é a distância perpendicular do eixo até um elemento diferencial de massa arbitrário 𝑑𝑚. 32 Figura 16 – Corpo rígido aplicado ao estudo de momento de inércia de massa Fonte: Hibbeler, 2018. Em muitas situações, é comum utilizar a densidade do corpo, 𝜌, no problema. Nesse caso, a relação entre a densidade e a massa é dada por 𝑑𝑚 = 𝜌𝑑𝑉, em que 𝑑𝑉 corresponde a um elemento diferencial de volume. O Apêndice C.5 do nosso livro texto contém o momento de inércia de massa de algumas geometrias, como mostra a figura a seguir: Figura 17 – Apêndice C.5 - momento de inércia de massa 33 Fonte: Hibbeler, 2018. Exemplo 10: A chapa mostrada na figura possui uma densidade de 8000 kg/m² e uma espessura de 10 mm. Determine o momento de inércia desta chapa em relação ao eixo perpendicular ao plano que passa pelo centro de massa 𝐺. Fonte: Hibbeler, 2018. Solução: Podemos considerar a chapa como duas partes compostas, o disco de raio de 0,25 m menos o furo de raio de 0,125 m. Inicialmente, vamos tomar o disco como se ele não tivesse o furo para determinar o momento de inércia de massa, e depois podemos descontar o momento de inércia de massa do disco vazado (do furo). A massa do disco maciço é calculada considerando a densidade e o volume desse disco, ou seja: 𝜌𝑑𝑖𝑠𝑐𝑜 = 𝑚𝑑𝑖𝑠𝑐𝑜 𝑉𝑑𝑖𝑠𝑐𝑜 ou 𝑚𝑑𝑖𝑠𝑐𝑜 = 𝜌𝑑𝑖𝑠𝑐𝑜𝑉𝑑𝑖𝑠𝑐𝑜 = 𝜌𝑑𝑖𝑠𝑐𝑜(𝜋𝑟𝑑𝑖𝑠𝑐𝑜 2ℎ) 𝑚𝑑𝑖𝑠𝑐𝑜 = 8000. (𝜋0,25². 0,01) = 8000.1,963. 10 −3 = 15,708 𝑘𝑔. 34 Considerando o momento de inérciade massa para disco circular, conforme figura 17, temos a seguinte equação para o cálculo do momento de inércia de massa em torno do eixo perpendicular ao plano do disco: 𝐼𝐺𝑧1 = 1 2 𝑚𝑑𝑖𝑠𝑐𝑜𝑟𝑑𝑖𝑠𝑐𝑜 2 = 1 2 15,708.0,252 = 1 2 15,708.0,0625 𝐼𝐺𝑧1 = 0,4909 𝑘𝑔. 𝑚². A massa do furo é calculada considerando a densidade e o volume do material que foi retirado do disco, ou seja: 𝜌𝑓𝑢𝑟𝑜 = 𝑚𝑓𝑢𝑟𝑜 𝑉𝑓𝑢𝑟𝑜 ou 𝑚𝑓𝑢𝑟𝑜 = 𝜌𝑓𝑢𝑟𝑜𝑉𝑓𝑢𝑟𝑜 = 𝜌𝑓𝑢𝑟𝑜(𝜋𝑟𝑓𝑢𝑟𝑜 2ℎ) 𝑚𝑓𝑢𝑟𝑜 = 8000. (𝜋0,125². 0,01) = 8000.4,909. 10 −4 = 3,927 𝑘𝑔. O momento de inércia de massa do furo em relação ao ponto 𝐺 e o eixo z é dado por: 𝐼𝐺𝑧2 = 1 2 𝑚𝑓𝑢𝑟𝑜𝑟𝑓𝑢𝑟𝑜 2 = 1 2 3,927.0,1252 = 1 2 3,927.0,015625 𝐼𝐺𝑧2 = 0,0307 𝑘𝑔. 𝑚². Portanto, o momento de inércia de massa do disco vazado em relação ao eixo z localizado no ponto 𝐺 é, portanto, 𝐼𝐺𝑧 = 𝐼𝐺 𝑧1 − 𝐼𝐺𝑧2 = 0,4909 − 0,0307, consequentemente, 𝐼𝐺𝑧 = 0,4602 𝑘𝑔. 𝑚 2. Essas aplicações são para problemas em que o eixo de giro passa pelo centro de massa, 𝐺, do corpo. Porém, se o objetivo for o de determinar o momento de inércia de massa em relação a um outro eixo, então é necessário utilizar o teorema dos eixos paralelos. 35 5.1 Teorema dos eixos paralelos: momento de inércia de massa Se o momento de inércia de massa em relação ao eixo que passa pelo centro de massa do corpo é conhecido, então o momento de inércia de massa em relação à um eixo qualquer paralelo pode ser determinado utilizando o teorema dos eixos paralelos que é definido por: 𝐼 = 𝐼𝐺 + 𝑚𝑑 2, (14) em que 𝐼𝐺 corresponde ao momento de inércia de massa em relação ao eixo que passa pelo centro de massa do corpo, 𝑚 é a massa do corpo e 𝑑 é a distância entre os eixos paralelos. Exemplo 11: considerando o Exemplo 10, determine o momento de inércia desta chapa em relação ao eixo perpendicular ao plano que passa pelo ponto 𝑂. Solução: Como o ponto 𝑂 não está sobre o centro de massa do disco, temos que aplicar o teorema dos eixos paralelos para resolvê-lo (Equação 14). O momento de inércia de massa do disco maciço em relação ao eixo z’ que passa pelo ponto 𝑂 é dado por: 𝐼𝑂𝑧′1 = 𝐼𝐺𝑧1 + 𝑚𝑑𝑖𝑠𝑐𝑜𝑑 2, em que 𝑑 é a distância entre os eixos paralelos, ou seja, a distância entre o ponto 𝐺 e o ponto 𝑂, logo, 𝐼𝑂𝑧′1 = 0,4909 + 15,708.0,25 2 = 0,4909 + 0,98175 𝐼𝑂𝑧′1 = 1,4727 𝑘𝑔. 𝑚 2. Esse mesmo resultado pode ser obtido pela aplicação da equação 𝐼𝑧′𝑧′ apresentada na Figura 17 com as equações para o cálculo do momento de inércia de massa de um disco circular fino, assim temos: 𝐼𝑧′𝑧′1 = 3 2 𝑚𝑑𝑖𝑠𝑐𝑜𝑟𝑑𝑖𝑠𝑐𝑜 2 = 3 2 15,708.0,252 = 3 2 0,98175 𝐼𝑧′𝑧′1 = 1,4727 𝑘𝑔. 𝑚 2. O momento de inércia da parte vazada do disco em relação ao eixo z’ que passa pelo ponto 𝑂 é dado por: 𝐼𝑂𝑧′2 = 𝐼𝐺𝑧2 + 𝑚𝑓𝑢𝑟𝑜𝑑 2 𝐼𝑂𝑧′2 = 0,0307 + 3,927.0,25 2 = 0,0307 + 0,2454 36 𝐼𝑂𝑧′2 = 0,2761 𝑘𝑔. 𝑚 2. Por fim, o momento de inércia do disco em relação ao eixo z’ que passa pelo ponto 𝑂 é calculado por: 𝐼𝑂𝑧′ = 𝐼𝑂𝑧′1 − 𝐼𝑂𝑧′2 = 1,4727 − 0,2761, portanto, 𝐼𝑂𝑧′ = 1,197 𝑘𝑔. 𝑚 2. Vamos resolver mais um exemplo para consolidar este assunto. Exemplo 12: o pêndulo mostrado na figura a seguir consiste em duas barras finas com massa de 9 kg cada. Calcule o momento de inércia de massa do pêndulo em relação ao eixo perpendicular ao plano do pêndulo e que passa através (a) do pino em 𝑂 e (b) do centro de massa 𝐺 do pêndulo. Fonte: Hibbeler, 2018. Solução: Como são dois elementos de barra delgados, vamos tratar cada um de forma separada. (a) Conforme a Figura 17, para elementos esbeltos temos as seguintes equações para o cálculo do momento de inércia de massa em relação ao eixo que passa pelo centroide e em relação ao eixo que passa pela base: 𝐼𝑥𝑥 = 𝐼𝑦𝑦 = 1 12 𝑚𝑙2 e 𝐼𝑥′𝑥′ = 𝐼𝑦′𝑦′ = 1 3 𝑚𝑙2 37 O trecho de barra 𝑂𝐴, está posicionado de forma que o ponto 𝑂 passa por sua base, e é justamente sobre este ponto que vamos determinar o momento de inércia de massa do pêndulo. Logo, podemos utilizar a segunda forma da equação. Note que tanto faz escolhermos o eixo 𝑥′ ou 𝑦′, pois ambos são perpendiculares ao eixo longitudinal z, e perceba que as equações são as mesmas para ambos os eixos. Sendo assim, vamos considerar que o eixo que está saindo do plano do pêndulo é o eixo 𝑥, com isso, o momento de inércia de massa do trecho 𝑂𝐴 em relação ao ponto 𝑂 é: 𝐼𝑂𝑥′𝑂𝐴 = 1 3 𝑚𝑙𝑂𝐴 2 = 1 3 9.22 = 12 𝑘𝑔. 𝑚2. Lembre-se que a primeira equação também pode ser aplicada, porém será necessário utilizar o teorema dos eixos paralelos. O trecho 𝐵𝐶 também é uma haste delgada, porém vamos aplicar a primeira equação (momento de inércia de massa em relação ao centro de massa da haste, 𝐺) e o teorema dos eixos paralelos, pois a barra está à uma certa distância paralela ao eixo que passa pelo ponto 𝑂, assim temos: 𝐼𝑂𝑥𝐵𝐶 = 1 12 𝑚𝑙𝐵𝐶 2 + 𝑚𝑑2 = 1 12 9.22 + 9.2², em que 𝑙𝐵𝐶 corresponde ao comprimento da barra 𝐵𝐶 e 𝑑 é a distância entre os eixos paralelos, ou seja, a distância entre o eixo que passa pela haste 𝐵𝐶 e o eixo que passa pelo ponto 𝑂, assim temos: 𝐼𝑂𝑥𝐵𝐶 = 1 12 36 + 36 = 3 + 36, consequentemente, 𝐼𝑂𝑥𝐵𝐶 = 39 𝑘𝑔. 𝑚 2. 38 Portanto, o momento de inércia de massa do pêndulo em relação ao eixo que corta o ponto 𝑂 é dado por: 𝐼𝑂𝑥 = 𝐼𝑂𝑥′𝑂𝐴 + 𝐼𝑂𝑥𝐵𝐶 = 12 + 39, logo, 𝐼𝑂𝑥 = 51 𝑘𝑔. 𝑚 2. (b) A segunda parte da solução deste exercício envolve a aplicação do Tema 2 desta aula, o cálculo do centro de massa, 𝐺. A vista frontal do pêndulo nos mostra duas hastes com geometria retangular e ambas de massa equivalente a 9 kg, logo, o centro de massa é dado pela aplicação da Equação 5, ou seja: �̅� = ∑ �̃�𝑚 ∑ 𝑚 = (�̃�1𝑚1 + �̃�2𝑚2) (𝑚1 + 𝑚2) . O nosso ponto de referência está sobre o ponto 𝑂, logo, as distâncias dos centros de massas de cada haste serão em relação à este ponto. A seguinte figura ilustra essas distâncias: Analisando a figura acima, observamos que �̃�1 = ℎ 2 = 2 2 = 1 𝑚 e �̃�2 = 2 𝑚. Note que �̃�1 é um valor aproximado, pois não foi fornecida a altura exata da barra 𝑂𝐴. Aplicando a equação anterior para o cálculo do centro de massa, temos: �̅� = (1.9 + 2.9) (9 + 9) = 27 18 = 1,5 𝑚. O momento de inércia em torno do ponto 𝐺 é obtido mediante a aplicação da Equação 14 (teorema dos eixos paralelos), assim temos que: 𝐼𝑂𝑥 = 𝐼𝐺𝑥 + 𝑚𝑑 2, em que 𝐼𝑂𝑥 é o momento de inércia de massa em relação ao ponto 𝑂, 𝑑 corresponde à distância entre o centro de massa 𝐺 e o ponto 𝑂, ou seja, 𝑑 = �̅� = �̃�2 �̃�1 39 1,5 𝑚 e 𝑚 é a massa total do pêndulo, ou seja, 18 kg. Resolvendo a equação acima, temos: 51 = 𝐼𝐺𝑥 + 18.1,5 2, isolando 𝐼𝐺𝑥 ficamos com: 𝐼𝐺𝑥 = 51 − 18.1,5 2 = 51 − 40,5, portanto, 𝐼𝐺𝑥 = 10,5 𝑘𝑔. 𝑚 2. FINALIZANDO Nesta aula, você conheceu alguns parâmetros como: centro de gravidade, centro de massa, centro de área, momento de inércia de área e momento de inércia de massa, que são fundamentais no projeto de estruturas sob flexão, torção, cisalhamento, flambagem de colunas e problemas dinâmicos. O nosso livro texto possui outros exemplos resolvidos e muitos exercícios que certamente são úteis para o seu aprendizado. Não deixe de praticar e de tirar suas dúvidas com seu professor tutor. Bons estudos! 40 REFERÊNCIAS HIBBELER, R. C. Estática – Mecânica para Engenharia. 14. ed. Pearson, 2018. _____. Resistência dos Materiais. 7. ed. Pearson, 2010.
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