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PRINCÍPIOS DE MECÂNICA E RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS AULA 4 Prof.a Francielly Elizabeth de Castro Silva 2 CONVERSA INICIAL Olá, seja bem-vindo(a) a esta aula. Nela, vamos falar sobre cargas distribuídas, forças internas e diagrama de momento fletor e força cortante. Sempre que nos deparamos com uma carga distribuída, podemos representá-la como uma única força resultante aplicada em seu centro geométrico ou centroide de área. Esse assunto é importante, pois simplifica o carregamento e permite a obtenção de outras forças que envolvem o problema. Calcular forças internas é um assunto que serve como base para construir diagramas de momento fletor e força cortante, permitindo-nos compreender como as cargas de momento e de cisalhamento se distribuem ao longo de uma viga. Este último assunto é muito valioso no projeto de eixos de máquinas, como o eixo de uma caixa de transmissão de um automóvel, projeto de vigas, longarinas, chassis, entre outros. TEMA 1 – REDUÇÃO DE UM CARREGAMENTO DISTRIBUÍDO SIMPLES O assunto abordado neste tema é de grande valia, pois grande parte das cargas sobre as estruturas que envolvem nosso dia a dia se distribui numa superfície. Imagine uma caixa d’água apoiada sobre um suporte (Figura 1a). Devido ao peso, a carga da água se distribui sobre a superfície inferior do reservatório (Figura 1b). Para calcular as dimensões do reservatório e do suporte que irá sustentá-lo, precisamos substituir a carga distribuída em função do peso da água por uma força resultante concentrada no centro geométrico do tanque (Figura 1c). Figura 1 – Modelo real (a), carga distribuída (b) e força concentrada (c) (a) (b) (c) Fonte: Iralu/Shutterstock. Carga distribuída Força concentrada 3 1.1 Carregamento uniforme ao longo de um eixo Na prática da engenharia, o tipo mais comum de carga distribuída é geralmente uniforme ao longo de um único eixo, como mostra a Figura 2a. Veja que o modelo é tridimensional, mas a carga é aplicada apenas na direção vertical ao longo do eixo. Assim, podemos simplificá-lo se o tratarmos como um problema no plano, como mostra a Figura 2b. Figura 2 – Carga distribuída ao longo de uma viga (a) e simplificação do modelo no plano (b) (a) (b) Fonte: Hibbeler, 2011. A carga distribuída 𝑤 é uma função de x, ou seja, varia com o eixo x. Podemos substituir essa carga distribuída por uma força resultante, dada pelo cálculo da área abaixo da “curva” da carga distribuída. Ou seja: 𝐹𝑅 = ∫ 𝑤(𝑥)𝑑𝑥 𝐿 0 ou 𝐹𝑅 = ∫ 𝑑𝐴 𝐴 = 𝐴 (1) Sendo 𝑑𝑥 o comprimento do elemento infinitesimal mostrado na Figura 2b, 𝑑𝐴 a área do elemento infinitesimal, e 𝐴 a área total abaixo da função da carga distribuída. Essa força resultante deve ser posicionada no centro geométrico ou centroide sob o carregamento distribuído, �̅�, conforme a Figura 3. 4 Figura 3 – Resultante de um sistema de carga distribuída Fonte: Hibbeler, 2011. Esse ponto (centro geométrico ou centroide) é obtido pelo equilíbrio de momentos e resulta na seguinte equação: �̅� = ∫ 𝑥𝑤(𝑥)𝑑𝑥 𝐿 0 ∫ 𝑤(𝑥)𝑑𝑥 𝐿 0 , ou �̅� = ∫ 𝑥𝑤(𝑥)𝑑𝑥 𝐿 0 𝐹𝑅 , ou �̅� = ∫ 𝑥𝑑𝐴 𝐴 ∫ 𝑑𝐴 𝐴 (2) Vamos aos exemplos para aplicar as Equações 1 e 2 e compreender como reduzir um sistema de carga distribuída a uma força concentrada e como determinar a posição dessa força. Exemplo 1: Calcule a intensidade e a posição da força resultante equivalente do carregamento distribuído mostrado na figura. Fonte: Hibbeler, 2011. Solução: para resolver o problema, temos que aplicar inicialmente a Equação 1, cuja função 𝑤(𝑥) corresponde a 60𝑥2𝑁/𝑚, conforme a figura. Logo, substituindo 𝑤(𝑥) na Equação 1 por 60𝑥2, temos: 𝐹𝑅 = ∫ 60𝑥 2𝑑𝑥 𝐿 0 O limite superior de integração, 𝐿, corresponde ao comprimento da viga (2 m); logo, como 60 é uma constante e pode sair da integral, ficamos com: 5 𝐹𝑅 = 60 ∫ 𝑥 2𝑑𝑥 2 0 A solução da integral de um polinômio é dada pela seguinte “regra”: ∫ 𝑥𝑛𝑑𝑥 = 𝑥𝑛+1 𝑛 + 1 (3) 𝑛 corresponde ao grau do polinômio, que no nosso exemplo é 2 (𝑥2). Logo, resolvendo a integral para calcular a força resultante, temos: 𝐹𝑅 = 60 𝑥3 3 | 0 2 = 20𝑥3|0 2 Aplicando o teorema fundamental do cálculo, ou seja, substituindo os limites de integração, ficamos com: 𝐹𝑅 = 20(2 3 − 03) = 20.23 = 20.8, logo 𝐹𝑅 = 160 𝑁 O próximo passo é determinar a posição dessa carga, e isso pode ser feito se aplicarmos a Equação 2. Logo, substituindo 𝐿 = 2 𝑚, 𝑤(𝑥) = 60𝑥2 e 𝐹𝑅 = 160 𝑁 na Equação 2, ficamos com: �̅� = ∫ 𝑥60𝑥²𝑑𝑥 2 0 160 No numerador dessa equação, temos 60, que é uma constante e pode sair da integral, ficando: �̅� = 60 ∫ 𝑥. 𝑥²𝑑𝑥 2 0 160 = 60 ∫ 𝑥³𝑑𝑥 2 0 160 Aplicando a Equação 3 para resolver a integral de um polinômio, temos: �̅� = 60 𝑥4 4 | 0 2 160 = 15𝑥4|0 2 160 . Aplicando o teorema fundamental do cálculo, ficamos com: �̅� = 15(24 − 04) 160 = 15. 24 160 = 15.16 160 = 240 160 ; portanto, �̅� = 1,5 𝑚 O problema apresentado é mais teórico, porém os conceitos envolvidos nele podem ser aplicados aos problemas mais práticos. A partir de agora vamos considerar situações em que a carga distribuída é dada por uma figura geométrica simples, como retângulos e triângulos, visto que conhecemos as equações para obter suas áreas e a posição do centroide dessas figuras. Para retângulos e/ou quadrados, a área é dada por: 𝐴 = 𝑏. 𝑤, sendo 𝑏 a base e 𝑤 a altura (que é a carga distribuída), e o centro geométrico está exatamente no meio da figura, ou seja, 𝑏/2. Veja essas dimensões na Figura 4: 6 Figura 4 – Redução de um carregamento distribuído do tipo retangular Fonte: Silva, 2020. Aplicando o mesmo raciocínio para um triângulo retângulo, a área é dada por: 𝐴 = 𝑏.𝑤 2 , sendo 𝑏 a base e 𝑤 a altura (carga distribuída), e o centro geométrico corresponde a 𝑏/3, medido com base na aresta vertical do triângulo. Veja as duas possibilidades de reduzir um sistema de cargas distribuídas em figuras do tipo triângulo retângulo: Figura 5 – Redução de um carregamento distribuído do tipo triangular Fonte: Silva, 2020. Vamos aos exemplos para aplicar essa ideia aos problemas mais gerais e com geometria simples. Exemplo 2: calcule a intensidade e a posição da força resultante equivalente do carregamento distribuído (mostrado na figura) em relação à origem da viga. Fonte: Hibbeler, 2011. 7 Solução: a carga distribuída do problema em tela é do tipo linear, definida pelo triângulo apresentado na figura. Logo, a força concentrada é calculada pela área desse triângulo, cuja base é 9 m e cuja altura é 1440 N/m. Assim, temos: 𝐹𝑅 = 9.1440 2 ; consequentemente, 𝐹𝑅 = 6480 𝑁 O centro geométrico dessa figura é 𝑏/3, analisado com base na aresta da altura do triângulo, conforme a segunda configuração apresentada na Figura 5. Porém, é solicitada a distância do centro geométrico em relação à origem da viga. Essa distância é representada na seguinte figura: Fonte: Silva, 2020, com base em Hibbeler, 2011. Temos o seguinte cálculo para determinar a posição da força resultante: �̅� = 9 − 𝑏 3 = 9 − 9 3 = 9 − 3; logo, �̅� = 6 𝑚 Agora vamos aplicar esse conceito em carregamentos distribuídos que podem ser divididos em mais de uma figura geométrica simples. Nesse caso, temos que determinar a força resultante e o centro geométrico de cada figura em relação a um ponto específico. A força resultante total é dada pela soma da força resultante de cada figura, e o centro geométrico é dado por: �̅� = �̅�1. 𝐹𝑅1 + �̅�2. 𝐹𝑅2 + ⋯ + �̅�𝑛. 𝐹𝑅𝑛 ∑ 𝐹𝑅 (4) Sendo 𝑛 o número de segmentos (figuras) do carregamento distribuído. Vamos ao exemplo: Exemplo 3: calcule a intensidade e a posição da força resultante equivalente docarregamento distribuído mostrado na figura em relação à origem da viga. 8 Fonte: Hibbeler, 2011. Solução: o carregamento distribuído mostrado na figura pode ser dividido em duas figuras: um retângulo e um triângulo. Veja-os destacados na seguinte imagem: Fonte: Silva, 2020, com base em Hibbeler, 2011. A força resultante do primeiro segmento é obtida se calcularmos a área do triângulo. Observe que a base corresponde a 9 m, e a altura (𝑤 em kN/m), a 100 − 50 = 50 kN/m. Logo, a força resultante é: 𝐹𝑅1 = 𝑏. 𝑤 2 = 9.50 2 = 225 𝑘𝑁 Aplicando a mesma ideia ao segmento 2 (retângulo), temos o seguinte cálculo para a força resultante: 𝐹𝑅2 = 𝑏. 𝑤 = 9.50 = 450 𝑘𝑁 Note que a carga distribuída do retângulo equivale a 50 kN/m. Trabalhando com os centros geométricos dos segmentos, para o triângulo temos �̅� = 𝑏/3 em relação à sua altura. Logo: �̅�1 = 𝑏 3 = 9 3 = 3 𝑚 Para o segmento 2 (o retângulo), o centro geométrico fica exatamente no centro da figura. Logo: �̅�2 = 𝑏 2 = 9 2 = 4,5 𝑚 9 Agora vamos calcular a força resultante. Isso pode ser feito se simplesmente somarmos a força resultante do segmento 1 com a do segmento 2. Ou seja: 𝐹𝑅 = 𝐹𝑅1 + 𝐹𝑅2 = 225 + 450 = 675 𝑘𝑁 A determinação do ponto em que vamos colocar a força resultante se dá pela aplicação da Equação 4. Logo: �̅� = �̅�1. 𝐹𝑅1 + �̅�2. 𝐹𝑅2 ∑ 𝐹𝑅 = (3.225 + 4,5.450) 675 = 2700 675 ; ou seja, �̅� = 4 𝑚 A maioria dos casos práticos envolve cargas distribuídas e, para projetarmos as estruturas, precisamos aplicar essa simplificação, substituindo a carga distribuída por uma força resultante aplicada no centro geométrico (centro de gravidade) do carregamento. TEMA 2 – FORÇAS INTERNAS DESENVOLVIDAS EM MEMBROS ESTRUTURAIS Toda estrutura é projetada a fim de suportar um determinado tipo de carregamento. Você não ficaria aborrecido se esquecesse o celular no bolso de trás da calça e, ao sentar, ele amassasse como na Figura 6a? E quando vamos a uma festinha de aniversário e, ao espetar o bolo, o garfinho quebra (Figura 6b)? Também é uma situação desagradável, não é? Figura 6 – Celular amassado (a) e garfinho quebrado (b) (a) (b) Fonte: Lucas Rizzi; Ahmad Fozi/Shutterstock. As duas situações nos mostram que os objetos simples e complexos sofrem cargas, e é necessário compreendê-las a fim de projetá-los, para que eles atuem de forma adequada e segura. Os dois exemplos citados são simples, mas logicamente, na engenharia, encontramos estruturas mais complexas que, 10 se não operarem de forma adequada, podem trazer, além das perdas materiais, perdas irreparáveis, como a vida de pessoas. Essa reflexão nos mostra a importância dos projetistas e dos projetos, bem como da sua execução correta. Você possivelmente trabalhará numa área de projetos que, na maioria dos casos, é de grande responsabilidade. Então vamos ao tema que determina as cargas internas de uma estrutura. Três tipos de esforço podem estar presentes nas estruturas: 1. Força normal: essa força atua na mesma direção do elemento analisado, ou seja, a força pode estar saindo do elemento ou entrando, provocando uma tração ou compressão do objeto. Podemos observar essa força nas treliças trabalhadas anteriormente ou quando brincávamos de cabo de guerra e aplicávamos esse tipo de força para vencer a outra equipe. A força normal é representada por 𝑁. A Figura 7a mostra essa força aplicada a uma viga qualquer, e a Figura 7b mostra um caso prático de uma ponte estaiada, cujos cabos sofrem tração, e o poste principal sofre compressão (ambas são forças normais): Figura 7 – Força normal aplicada (a) a uma viga e nos cabos de uma ponte estaiada (b) (a) (b) Fonte: Nahlik/Shutterstock. 2. Força cortante (cisalhamento): essa força atua na direção transversal da viga, fazendo com que ela seja “cortada”. Esse efeito é chamado de cisalhamento, e essa força também é comumente denominada força de cisalhamento ou força cisalhante. Esse efeito pode ser observado se cortarmos um pão (Figura 8a; ou qualquer outro alimento em que aplicamos uma força que corte o objeto, literalmente – Figura 8b): Figura 8 – Força cortante aplicada ao cortar um pão (a) e ao cortar um cabo (b) 11 (a) (b) Fonte: Master1305; Serhii Ivashchuk/Shutterstock. Essa força é representada pela letra 𝑉 na literatura. A Figura 9a mostra a aplicação dessa força numa viga qualquer, e a Figura 9b mostra o caso prático de uma máquina que corta chapas de aço. Figura 9 – Força cortante aplicada a uma viga (a) e a uma chapa de aço (b) (a) (b) Fonte: Vadim Gavrilo/Shutterstock. 3. Momento fletor: esse tipo de esforço ocorre se aplicarmos uma força que gera momento – por exemplo, se quebrarmos um biscoito ao meio (Figura 10a) ou dobrarmos uma barra de aço (Figura 10b): Figura 10 – Momento fletor aplicado ao quebrar um biscoito (a) e ao dobrar uma barra (b) (a) (b) Fonte: Snow Toy; Funtay/Shutterstock. Esse tipo de esforço é representado pela letra 𝑀. A Figura 11a mostra a aplicação dessa força numa viga qualquer, e a Figura 11b mostra um caso 12 prático de cantoneiras feitas com base numa força de flexão que dobra as chapas até o formato desejado. Figura 11 – Momento fletor aplicado a uma viga (a) e ao dobrar chapas (b) (a) (b) Fonte: Myfotoprom/Shutterstock. 2.1 Convenção de sinal Na engenharia, é muito comum assumir uma convenção de sinal, como já temos feito para as forças em x e em y. Mas neste tema assumiremos uma convenção de sinal específica para as forças internas 𝑁, 𝑉 e 𝑀, representada pela Figura 12. Figura 12 – Convenção de sinal para as forças internas: normal (a), cortante (b) e momento fletor (c) (a) (b) (c) Fonte: Silva, 2020. O passo a passo para determinar as forças internas atuantes num determinado ponto de uma estrutura é descrito a seguir: • Antes de seccionar a estrutura no ponto de interesse, pode ser necessário determinar as reações de apoio. Seccione a estrutura e escolha um dos lados da seção para determinar as forças internas (escolha sempre o lado mais fácil, ou seja, o que contém o menor número de forças e momentos); • Desenhe o DCL do lado da seção escolhida; 13 • Aplique as equações de equilíbrio vistas anteriormente, (∑ 𝐹𝑥 = 0, ∑ 𝐹𝑦 = 0 e ∑ 𝑀𝑜 = 0), para obter a força normal (𝑁), a força de cortante (𝑉) e o momento fletor (𝑀). Observação: se o resultado for um valor negativo, isso significa que o sentido adotado conforme a convenção de sinal não está correto. Exemplo 4: calcule as forças internas que atuam no ponto C da estrutura mostrada. Fonte: Hibbeler, 2011. Solução: o primeiro passo é analisar se é necessário determinar as reações de apoio. Sabemos que essa viga será seccionada no ponto C; logo, analisando o lado esquerdo desse ponto, temos o apoio do tipo rolete em A e, analisando o lado direito, temos um pino em B. Temos que escolher um dos lados da seção para determinar as forças internas; logo, não é necessário determinar as reações para ambos os apoios. Vamos determinar somente a força de reação no rolete em A. O DCL para calcular essa reação é mostrado a seguir: Para determinar a reação 𝐴𝑦, basta fazer o somatório de momentos em relação ao ponto B. Logo: ∑ 𝑀𝐵 = 0; 30.10 3 − 𝐴𝑦. (1,5 + 1,5) − 10.10 3. 1,5 = 0 30.103 − 10.103. 1,5 = 𝐴𝑦. (1,5 + 1,5) ou 𝐴𝑦. (1,5 + 1,5) = 30.10 3 − 10.103. 1,5 𝐴𝑦. 3 = 30.10 3 − 15.103 𝐴𝑦 = 15.103 3 ; portanto, 𝐴𝑦 = 5.10 3𝑁 𝑜𝑢 𝐴𝑦 = 5 𝑘𝑁 14 Finalizamos o passo 1. O próximo passo é escolher um dos lados da seção sobre o ponto C para trabalhar. Já analisamos isso antes e escolhemos o lado esquerdo. Portanto, o DCL do lado esquerdo da seção em C fica assim: Aplicando as equações de equilíbrio como sugere o passo 3, temos: ∑ 𝐹𝑥 = 0 ; 𝑁 = 0; ∑ 𝐹𝑦 = 0 ;5.10 3 − 𝑉 = 0 5.103 = 𝑉 ou 𝑉 = 5.103𝑁 e ∑ 𝑀 = 0 ; 30.103 − 5.103. 1,5 + 𝑀 = 0 𝑀 = −30.103 + 5.103. 1,5, logo, 𝑀 = −22,5.103 𝑁. 𝑚 ou 𝑀 = −22,5 𝑘𝑁. 𝑚 O sinal indica que o momento interno 𝑀 não é no sentido anti-horário, mas no horário. Exemplo 5: calcule as forças internas que atuam no ponto C da estrutura mostrada. Fonte: Hibbeler, 2011. Solução: novamente, tanto do lado esquerdo do ponto C quanto do lado direito, existem apoios. Vamos escolher o lado direito por ser mais simples e conter menos forças. Logo, temos que determinar as forças de reação no pino B. O DCL dessa estrutura é mostrado na seguinte figura: 15 A força resultante 𝐹𝑅 proveniente da carga distribuída é calculada se aplicarmos o Tema anterior, ou seja, a área abaixo desse carreamento. Logo, 𝐹𝑅 = 2.50 = 100 𝑘𝑁. A posição dessa força resultante é o centro geométrico do retângulo, ou seja, o meio, conforme a figura anterior. Para determinarmos as reações 𝐵𝑥 e 𝐵𝑦, basta fazer o somatório de forças em x e o somatório de momentos em relação ao ponto A, respectivamente: ∑ 𝐹𝑥 = 0 ; 𝐵𝑥 = 0 e ∑ 𝑀𝐴 = 0 ; 𝐹𝑅 . 1 − 𝐵𝑦. (1,5 + 1,5) = 0 𝐹𝑅 . 1 = 𝐵𝑦. (1,5 + 1,5) ou 𝐵𝑦. (1,5 + 1,5) = 𝐹𝑅 . 1 𝐵𝑦. 3 = 100.10³. 1 𝐵𝑦 = 100.10³ 3 , logo 𝐵𝑦 = 33,33.10 3𝑁 ou 𝐵𝑦 = 33,33 𝑘𝑁 Fazendo a seção em C e escolhendo o lado direito desse ponto, temos o seguinte DCL: Aplicando as equações de equilíbrio como sugere o passo 3, temos: ∑ 𝐹𝑥 = 0 ; 𝑁 = 0; ∑ 𝐹𝑦 = 0 ; 𝑉 − 33,33.10³ = 0 𝑉 = 33,33.103𝑁 ou 𝑉 = 33,33 𝑘𝑁 ∑ 𝑀 = 0 ; −𝑀 − 33,33.103. 1,5 = 0 −50.103 = 𝑀 ou 𝑀 = −50.103 𝑁. 𝑚 ou ainda 𝑀 = −50 𝑘𝑁. 𝑚 O sinal indica que o momento interno 𝑀 não é no sentido horário, mas no anti-horário. Vamos resolver um último exemplo para consolidar o conhecimento adquirido. Exemplo 6: a barra aparafusada está sujeita a uma força de tração de 400 N. Calcule as forças internas que atuam no ponto C da haste semicircular. 16 Fonte: Silva, 2020, com base em Hibbeler, 2011. Solução: como as únicas forças do problema são as aplicadas no parafuso, logo não há reações de apoio que precisamos calcular e tanto faz analisar o lado esquerdo ou direito do ponto C, pois são simétricos. Entretanto, à medida que a porca é apartada, ela traciona o parafuso e comprime a haste semicircular. Logo, podemos partir do passo 2 elaborando o DCL da haste semicircular seccionada, assim temos a seguinte figura: Note que os sentidos das forças e momento internos foram adotados a convenção de sinais. Aplicando as equações de equilíbrio, temos: ∑ 𝐹𝑥 = 0 ; 400 + 𝑁 = 0, logo, 𝑁 = −400 𝑁; ∑ 𝐹𝑦 = 0 ; −𝑉 = 0 ou 𝑉 = 0 e ∑ 𝑀 = 0 ; 400.150. 10−3 + 𝑀 = 0 𝑀 = −400.150. 10−3, portanto, 𝑀 = −60 𝑁. 𝑚 A operação 150. 10−3 transforma a distância de 150 milímetros (mm) em 150 metros (m). Observe que os sinais negativos indicam que o sentido adotado para força normal e para o momento fletor estão errados. Portanto, a força normal é para a esquerda e o momento fletor é no sentido horário. 17 Este tema serve de suporte para o próximo tema, no qual vamos obter a função de força cortante e de momento fletor. Ou seja, em vez de obter esses dois parâmetros para um único ponto da estrutura, podemos obter para todos os pontos e, assim, conseguir verificar qual é o ponto mais crítico e que tem mais chances de falhar por cisalhamento ou flexão. TEMA 3 – EQUAÇÕES E DIAGRAMAS DE ESFORÇO CORTANTE E MOMENTO FLETOR Como mencionado no final do Tema 2, é possível compreender o comportamento da força cortante e do momento fletor ao longo de toda uma viga. Para isso, apresentaremos dois métodos: método das seções e método das integrais. Neste tema abordaremos o primeiro método, que basicamente consiste em aplicar seções na viga à medida que houver mudança de carregamento. O seguinte passo a passo nos ajudará a construir esses diagramas: 1. Determine as reações nos apoios (veja nos conteúdos anteriores); 2. Pelo lado esquerdo da viga, faça uma seção após a primeira força concentrada ou momento concentrado que aparece na viga. Se houver uma carga distribuída, a seção deverá passar sobre essa carga; 3. Obtenha a função de força cortante (uma função de x que varia com o comprimento da viga); 4. Obtenha a função de momento fletor (uma função de x que varia com o comprimento da viga); 5. Volte ao passo 2 para desenhar a próxima seção, que deve passar pela próxima força concentrada ou momento concentrado. Repita os passos subsequentes até ter considerado todos os carregamentos ao longo de toda a viga; 6. Construa o diagrama (gráfico) de força cortante (ordenada) versus comprimento da viga (abscissa); 7. Construa o diagrama (gráfico) de momento fletor (ordenada) versus comprimento da viga (abscissa). Exemplo 7: construa os diagramas de força cortante e momento fletor para o eixo apoiado pelos mancais mostrados na figura. O mancal em A é do 18 tipo axial, ou seja, exerce reações em x e y, e o mancal em C é do tipo radial, exercendo reação apenas em y (veja nos conteúdos anteriores). Fonte: Hibbeler, 2011. Solução: o primeiro passo é determinar as reações de apoio nos mancais em A e C. Como não há forças externas na direção x, a reação de apoio no mancal em A nessa direção é zero; ou seja, 𝐴𝑥 = 0. Como a força de 5 kN se aplica exatamente no centro desse eixo, para manter o equilíbrio, metade dessa carga é reagida pelo apoio em A, e a outra metade, pelo apoio em C; logo, 𝐴𝑦 = 2,5 𝑘𝑁, e 𝐶𝑦 = 2,5 𝑘𝑁, ambas com sentido para cima. Portanto, o DCL com as cargas citadas é mostrado na seguinte figura: Fonte: Hibbeler, 2011. O passo 2 nos orienta a fazer uma seção após a primeira força concentrada ou momento concentrado que aparece na viga. Nesse exemplo, temos três forças concentradas: 2,5 kN, 5 kN e 2,5 kN. Portanto, temos que fazer uma seção entre a força de 2,5 kN e a força de 5 kN, ficando da seguinte forma o corte (a) e o DCL da seção (b): (a) (b) Observe que o corte foi feito num ponto qualquer entre o início da viga (𝑥 = 0) e o ponto de aplicação da força de 5 kN (𝑥 = 2 𝑚). Portanto, o intervalo avaliado é 0 ≤ 𝑥 ≤ 2 𝑚. Observe também que a força normal não é considerada nesse tipo de problema. Seção 19 O terceiro passo é obter a função de força cortante. Para isso, aplicamos a equação do somatório de forças em y. Assim, temos: ∑ 𝐹𝑦 = 0; 2,5 − 𝑉1 = 0, logo, 𝑉1 = 2,5 𝑘𝑁 O quarto passo é obter a função de momento fletor. Para isso, aplicamos a equação do somatório de momentos em relação à seção. Assim, temos: ∑ 𝑀 = 0; −2,5. 𝑥 + 𝑀1 = 0, logo, 𝑀1 = 2,5𝑥 𝑘𝑁. 𝑚 O quinto passo nos orienta a voltar ao segundo passo e selecionar a próxima seção. Conforme o critério estabelecido, a próxima seção deve ser após a próxima força concentrada, ou seja, após a força de 5 kN. Portanto, temos a seguinte figura, que representa a próxima seção (a) e o DCL dessa seção (b): (a) (b) Observe que o corte foi feito num ponto qualquer entre a força de 5 kN (𝑥 = 2) e a força de 2,5 kN (𝑥 = 4 𝑚), que corresponde ao final da viga. Portanto, o intervalo avaliado é 2 ≤ 𝑥 ≤ 4 𝑚. Aplicando o terceiro passo, vamos ao somatório de forças em y: ∑ 𝐹𝑦 = 0; 2,5 − 5 − 𝑉2 = 0 2,5 − 5 = 𝑉2, logo, 𝑉2 = −2,5 𝑘𝑁 Aplicando o quarto passo, vamos ao somatório de momentos: ∑ 𝑀 = 0; −2,5. 𝑥 + 5. (𝑥 − 2) + 𝑀2 = 0 𝑀2 = 2,5. 𝑥 − 5. (𝑥 − 2) 𝑀2 = 2,5. 𝑥 − 5. 𝑥 + 10, logo, 𝑀2 = −2,5𝑥 + 10 𝑘𝑁. 𝑚 Como a próxima força concentrada está no final da viga, em 𝑥 = 4 𝑚, não podemos fazer uma seção após essa força. Portanto, finalizamos essa etapa. Agora vamos ao sexto passo, que nos orienta a construir o diagrama de força cortante (ordenada) versus o comprimento da viga (abscissa). Para isso, desenhamos os respectivos eixos do gráfico:Seção 20 Agora vamos considerar as duas funções de forças cortantes. A primeira nos diz que 𝑉1 = 2,5 𝑘𝑁, e é válida para o intervalo de 0 ≤ 𝑥 ≤ 2 𝑚. Logo, como a função é uma constante, faremos uma linha horizontal em 2,5 no eixo y, iniciando em 𝑥 = 0 e terminando em 𝑥 = 2 𝑚: A próxima função para a força constante é 𝑉2 = −2,5 𝑘𝑁 e é válida para o intervalo de 2 ≤ 𝑥 ≤ 4 𝑚. Logo, como a função também é uma constante, faremos uma linha horizontal em −2,5 no eixo y, iniciando em 𝑥 = 2 e terminando em 𝑥 = 4 𝑚: Finalmente, o último passo nos orienta a construir o diagrama de momento fletor (ordenada) versus o comprimento da viga (abscissa). Logo, iniciamos pela construção dos eixos do gráfico: 21 Agora vamos considerar as duas funções de momentos fletores. A primeira nos diz que 𝑀1 = 2,5𝑥 𝑘𝑁. 𝑚 e é válida para o intervalo de 0 ≤ 𝑥 ≤ 2 𝑚. Logo, como a função é uma reta (ou equação do 1° grau), substituímos nessa equação os valores do intervalo. Desse modo, para 𝑥 = 0, temos 𝑀1 = 2,5.0 e, consequentemente, 𝑀1 = 0 𝑘𝑁. 𝑚. Para 𝑥 = 2 𝑚, temos 𝑀1 = 2,5.2 e, consequentemente, 𝑀1 = 5 𝑘𝑁. 𝑚. Portanto, faremos uma reta que se inicia em 𝑀 = 0 para 𝑥 = 0 e termina em 𝑀 = 5 para 𝑥 = 2 𝑚: A próxima função para o momento fletor é 𝑀2 = −2,5𝑥 + 10 𝑘𝑁. 𝑚 e é válida para o intervalo de 2 ≤ 𝑥 ≤ 4 𝑚. Logo, como a função também é uma reta (ou equação do 1° grau), substituímos nessa equação os valores do intervalo. Desse modo, para 𝑥 = 2, temos 𝑀2 = −2,5.2 + 10 e, consequentemente, 𝑀2 = 5 𝑘𝑁. 𝑚. Para 𝑥 = 4 𝑚, temos 𝑀2 = −2,5.4 + 10. Logo, 𝑀2 = 0 𝑘𝑁. 𝑚. Portanto, faremos uma reta que se inicia em 𝑀 = 5 e termina em 𝑀 = 0: Concluímos o exemplo e construímos os dois diagramas. Mas o que é importante observar nesses diagramas? Um engenheiro deve perceber que no meio do eixo há uma força cortante de magnitude igual a 5 kN (2,5 a −2,5) e que 22 o momento fletor máximo também ocorre no centro desse eixo. Portanto, na hora de projetar o diâmetro desse eixo, a força cortante e o momento fletor que devem ser considerados nos cálculos são os valores máximos obtidos nos diagramas. Exemplo 8: construa os diagramas de força cortante e momento fletor para a viga engastada mostrada na figura. Fonte: Hibbeler, 2011. Solução: construindo o DCL para obter as reações de apoio do engaste no ponto B, temos: Note que a força resultante proveniente do carregamento distribuído é 3 kN, pois (2 𝑚). (1,5 𝑘𝑁 𝑚 ) = 3 𝑘𝑁. Como já sabemos calcular as reações de apoio, vamos descrevê-las de forma mais direta: ∑ 𝐹𝑥 = 0; 𝐵𝑥 = 0, ∑ 𝐹𝑦 = 0; −2 − 3 + 𝐵𝑦 = 0, 𝑙𝑜𝑔𝑜, 𝐵𝑦 = 5 𝑘𝑁 e ∑ 𝑀𝐵 = 0; 2.4 + 3.1 − 𝑀𝐵 = 0, 𝑙𝑜𝑔𝑜, 𝑀𝐵 = 11 𝑘𝑁. 𝑚 A primeira força concentrada está no início da viga, em 𝑥 = 0, e o próximo carregamento se deve à carga distribuída que se inicia em 𝑥 = 2 𝑚. Logo, a primeira seção deve ser feita entre essas duas cargas, como mostra a figura (a), no intervalo de 0 ≤ 𝑥 ≤ 2 𝑚. A figura (b) mostra o DCL da seção: 23 (a) (b) Aplicando o somatório de forças em y e o somatório de momentos na seção, vamos obter 𝑉1 e 𝑀1, respectivamente: ∑ 𝐹𝑦 = 0; −2 − 𝑉1 = 0; logo, 𝑉1 = −2 𝑘𝑁 e ∑ 𝑀 = 0; 2. 𝑥 + 𝑀1 = 0; logo, 𝑀1 = −2𝑥 𝑘𝑁. 𝑚 A próxima seção será feita dentro do carregamento distribuído, ou seja, em 2 ≤ 𝑥 ≤ 4 𝑚. Logo, a figura (a) mostra a seção, e a figura (b) mostra o DCL da viga seccionada: (a) (b) Observe que a força resultante proveniente do carregamento distribuído é dada pela área do retângulo e, como a seção passa por um ponto qualquer desse retângulo, sua base não é mais 2 𝑚, mas (𝑥 − 2), e o ponto de aplicação da força resultante corresponde ao centro geométrico do retângulo, ou seja, 𝑏/2, sendo 𝑏 a base do retângulo. Por isso, seu centro é (𝑥 − 2)/2. Aplicando o somatório de forças em y e o somatório de momentos na seção, vamos obter 𝑉2 e 𝑀2, respectivamente: ∑ 𝐹𝑦 = 0; −2 − 𝐹𝑅 − 𝑉2 = 0 𝑉2 = −2 − (𝑥 − 2). 1,5 𝑉2 = −2 − 1,5. 𝑥 + 3, logo, 𝑉2 = −1,5𝑥 + 1 𝑘𝑁 e ∑ 𝑀 = 0; 2. 𝑥 + 𝐹𝑅 . (𝑥 − 2) 2 +𝑀2 = 0 𝑀2 = −2. 𝑥 − (𝑥 − 2). 1,5. (𝑥 − 2) 2 𝑀2 = −2. 𝑥 − (𝑥 − 2). (𝑥 − 2) 1,5 2 = −2. 𝑥 − (𝑥 − 2)2. 0,75 𝑀2 = −2. 𝑥 − (𝑥 2 − 4𝑥 + 4). 0,75 = 𝑀2 = −2. 𝑥 − 0,75𝑥 2 + 3𝑥 − 3 24 𝑀2 = −0,75𝑥 2 + 𝑥 − 3 𝑘𝑁. 𝑚 Considerando as duas funções de forças cortantes, vamos construir seu respectivo diagrama. A primeira equação nos diz que 𝑉1 = −2 𝑘𝑁 e é válida para o intervalo de 0 ≤ 𝑥 ≤ 2 𝑚. Logo, como a função é uma constante, faremos uma linha horizontal em −2 no eixo y, iniciando em 𝑥 = 0 e terminando em 𝑥 = 2 𝑚: A segunda função para a força constante é 𝑉2 = −1,5𝑥 + 1 𝑘𝑁 e é válida para o intervalo de 2 ≤ 𝑥 ≤ 4 𝑚. Logo, como a função é do 1° grau, temos que substituir os valores do intervalo de 𝑥. Para 𝑥 = 2 𝑚, temos 𝑉2 = −1,5.2 + 1; consequentemente, 𝑉2 = −2 𝑘𝑁. 𝑚. Para 𝑥 = 4 𝑚, temos 𝑉2 = −1,5.4 + 1; logo, 𝑉2 = −5 𝑘𝑁. 𝑚. Portanto, faremos uma reta que se inicia em 𝑉 = −2 e termina em 𝑉 = −5: Aplicando a mesma ideia para construir o diagrama de momento fletor, temos que a primeira função é 𝑀1 = −2𝑥 𝑘𝑁. 𝑚. Substituindo o 𝑥 pelos valores do primeiro intervalo, temos que, para 𝑥 = 0 𝑚, 𝑀1 = −2.0 = 0, e, para 𝑥 = 2 𝑚, 𝑀1 = −2.2 = −4 𝑘𝑁. 𝑚. Logo, como é uma função do 1º grau, faremos uma reta que começa em 0 e termina em −4: Para a segunda função de momento fletor, temos 𝑀2 = −0,75𝑥 2 + 𝑥 − 3 𝑘𝑁. 𝑚. É uma função do 2° grau (parábola). Substituindo o 𝑥 pelos valores do 25 primeiro intervalo, temos que, para 𝑥 = 2 𝑚, 𝑀2 = −0,75. 2 2 + 2 − 3 = −3 + 2 − 3 = −4 𝑘𝑁. 𝑚, e, para 𝑥 = 4 𝑚, −0,75. 42 + 4 − 3 = −12 + 4 − 3 = −11 𝑘𝑁. 𝑚. Logo, como é uma função do 2º grau, faremos uma parábola com concavidade para baixo, pois o sinal da função é negativo (−0,75𝑥2), começando em −4 e terminando em −11: Em ambos os diagramas, percebemos que, no ponto de engaste, se encontram a força de cisalhamento e o momento fletor máximos dessa viga. No próximo tema você aprenderá a obter esses diagramas utilizando o método das integrais. TEMA 4 – RELAÇÕES ENTRE CARGA DISTRIBUÍDA, ESFORÇO CORTANTE E MOMENTO FLETOR Este tema dedica-se à aplicação do método das integrais para construir os diagramas de força cortante e de momento fletor de uma estrutura. O método apresentado anteriormente torna-se muito trabalhoso à medida que o número de forças e momentos do problema se amplia. Uma das vantagens em trabalhar com o método das integrais é poder aplicá-lo a problemas que envolvem várias forças e/ou momentos concentrados e a cargas distribuídas, pois baseia-se nas relações diferenciais entre as forças do problema, o esforço cortante e o momento fletor. Para desenvolver esse método, vamos considerar as seguintes relações: 1. Relação entre a carga distribuída e o esforço cortante: no intervalo dentro do carregamento distribuído 𝑤(𝑥), temos que a variação da força cortante é dada por: ∆𝑉 = ∫ 𝑤(𝑥)𝑑𝑥 O termo da integral corresponde à área sob a curva do carregamento distribuído. Ou seja, se tivermos um carregamento distribuído na 26 estrutura, no diagrama de momento fletor desenharemos uma função com um grau acima da função que descreve a carga distribuída, e sua magnitude é dada pelo cálculo da área sob a carga distribuída; 2. Relação entre esforço cortante e momento fletor: o momento fletor sempre será um grau acima da função de força cortante. Por exemplo: se no diagrama de força cortante tivermos uma reta (função do 1° grau) dentro de um determinado intervalo, no diagrama de momento fletor teremos uma parábola (função do 2° grau); logo, a variação do momento fletor é dada por: ∆𝑀 = ∫ 𝑉𝑑𝑥, O termo da integral correspondeà área sob o diagrama de esforço cortante no intervalo avaliado; 3. Relação de força concentrada e diagrama de força cortante: sempre que houver uma força concentrada na estrutura analisada, haverá um salto no diagrama de força cortante. Esse salto será para cima se a força concentrada tiver sentido para cima; caso contrário, o salto será para baixo. A função a ser desenhada é do tipo constante e vale até a próxima força aplicada; 4. Relação de momento concentrado e diagrama de momento fletor: sempre que houver um momento concentrado na estrutura analisada, haverá um salto no diagrama de momento fletor. Esse salto será para cima se o momento concentrado tiver sentido horário; caso contrário, o salto será para baixo. A função a ser desenhada é constante. Exemplo 9: considere o Exemplo 7 e construa os diagramas de força cortante e de momento fletor utilizando o método das integrais. Solução: na solução do Exemplo 7, obtivemos as reações nos apoios dos mancais. O próximo passo é construir o diagrama de força cortante de forma direta, considerando os tipos de força e momentos aplicados ao eixo. Para isso, analisaremos o seguinte DCL: 27 Fonte: Silva, 2020, com base em Hibbeler, 2011. A primeira força que aparece, analisando o eixo da esquerda para a direita, é a de 2,5 kN. Como essa força é concentrada, aplicaremos a relação 3. Logo, no diagrama de força cortante haverá um salto para cima no valor da força, e esse salto deve ser desenhado com base no ponto de aplicação dessa força até a próxima força sobre o eixo; ou seja, temos que desenhar uma função constante no intervalo de 0 a 2 m, pois a partir de 2 m há outra força concentrada aplicada. Assim, temos: Em 𝑥 = 2 𝑚, há uma força concentrada no valor de 5 kN com sentido para baixo; logo, no diagrama de força cortante, nesse ponto, o diagrama saltará para baixo no valor de 5 kN. Como a força atual é de 2,5 (para cima) e vamos aplicar 5 para baixo, ficamos com 2,5 − 5 = −2,5 kN. Essa função vale com base na posição de 2 m até a próxima força sobre o eixo. Ou seja, temos que desenhar uma função constante no intervalo de 2 a 4 m, pois a partir de 4 m há outra força aplicada. Assim, temos: Por fim, em 𝑥 = 4 𝑚 há uma força concentrada no valor de 2,5 kN com sentido para cima; logo, no diagrama de força cortante, nesse ponto, o diagrama saltará para cima no valor de 2,5 kN. Como a força atual é de −2,5 (para baixo) e vamos aplicar 2,5 para cima, ficamos com −2,5 + 2,5 = 0 kN. Logo, como não há mais eixo após esse ponto, finalizamos o diagrama de força cortante com esse salto, terminando em 𝑉 = 0: 28 O diagrama de momento fletor é construído ao analisarmos o diagrama de força cortante e algum momento concentrado fornecido no problema. Como nesse exemplo não existe nenhum momento concentrado, vamos focar somente o diagrama de força cortante para desenhar o diagrama de momento fletor aplicando a relação 2. Como em 𝑥 = 0 𝑚 não há nenhum momento concentrado, no diagrama de momento fletor iniciaremos com um momento igual a zero nesse ponto. Vimos na relação 2 que a variação do momento fletor é determinada pelo cálculo da área abaixo do diagrama de força cortante. Logo, analisando o retângulo construído dentro do intervalo de 0 ≤ 𝑥 ≤ 2 𝑚, sua área é base vezes altura. A base é 2 m, e a altura, 2,5 kN; logo, 2.2,5 = 5 kN. m. Como no diagrama de força cortante temos uma função constante, no diagrama de momento fletor teremos uma função de um grau acima, ou seja, uma função linear (1° grau); logo, faremos uma reta que sai de 0 em 𝑥 = 0 𝑚 e vai a 5 em 𝑥 = 2 𝑚: A próxima área a ser avaliada no diagrama de força cortante está no intervalo de 2 ≤ 𝑥 ≤ 4 𝑚, e tem valor negativo para o eixo vertical; logo, a área desse retângulo é 2. (−2,5) = −5 𝑘𝑁. 𝑚. Note que a base é 2 m, pois está entre 2 e 4; logo, 4 − 2 = 2 m. No diagrama, já desenhado, estamos em 𝑥 = 2 𝑚, com um momento igual a 5 𝑘𝑁. 𝑚, e vimos que, por meio da área do diagrama de força cortante, temos uma variação do momento fletor em −5 𝑘𝑁. 𝑚. Logo, o momento final para 𝑥 = 4 𝑚 é dado pela soma desses momentos; ou seja, 5 − 5 = 0 𝑘𝑁. 𝑚. Portanto, 29 como no diagrama de força cortante a função no intervalo avaliado é constante, no diagrama de momento fletor teremos uma função linear (1° grau); logo, faremos uma reta que sai de 5 em 𝑥 = 2 𝑚 e termina em 0 em 𝑥 = 4 𝑚: Exemplo 10: considere o Exemplo 8 e construa os diagramas de força cortante e de momento fletor utilizando o método das integrais. Solução: na solução do Exemplo 8, obtivemos as reações nos apoios do engaste. O próximo passo é construir o diagrama de força cortante de forma direta, considerando os tipos de força e os momentos aplicados à viga. Para isso, analisaremos o seguinte DCL: A primeira força que aparece, analisando a viga da esquerda para a direita, é de 2 kN. Como essa força é concentrada, aplicaremos a relação 3. Logo, no diagrama de força cortante haverá um salto para baixo de −2 kN, pois a força tem sentido para baixo, desenhado com base no ponto de aplicação dessa força até a próxima força sobre a viga; ou seja, temos que desenhar uma função constante no intervalo de 0 a 2 m, pois a partir de 2 m há um carregamento distribuído. Assim, temos: 30 Em 𝑥 = 2 𝑚, inicia-se um carregamento distribuído que vai até 𝑥 = 4 𝑚. Nesse caso, temos que aplicar a relação 1, ou seja, calcular a área do carregamento distribuído e, com essa informação, vamos traçar uma função de um grau acima no diagrama de força cortante. Para descobrir as reações de apoio, tínhamos calculado a força resultante proveniente do carregamento distribuído 𝐹𝑅 = 3 𝑘𝑁, pois (2 m). (1,5 kN m ) = 3kN. Como o carregamento distribuído tem sentido para baixo, o sinal da força resultante entrará como valor negativo (−3 kN) no diagrama. Em 𝑥 = 2 𝑚, estamos com um valor de −2 kN. Como o carregamento distribuído produz uma força de −3 kN, ficamos com −2 −3 = −5 kN. Logo, entre o intervalo de 2 ≤ 𝑥 ≤ 4 𝑚, teremos que desenhar uma reta (função do 1° grau), pois o carregamento distribuído é uma função constante. Essa reta se inicia com valor de −2, em 𝑥 = 2 𝑚, e termina em −5, com 𝑥 = 4 𝑚: Para finalizar, em 𝑥 = 4 𝑚 há uma força concentrada devido à reação 𝐵𝑦 no valor de 5 kN. Logo, temos que desenhar um salto no diagrama de força cortante devido a esse valor e nessa posição, ficando com o seguinte diagrama: O diagrama de momento fletor é obtido ao considerarmos as áreas em cada intervalo do diagrama de força cortante. Como não há nenhum momento 31 concentrado em 𝑥 = 0, o diagrama de momento fletor se inicia com valor 0. Analisando o diagrama de força cortante, para o primeiro intervalo 𝑥 = 0 a 𝑥 = 2 𝑚, temos que determinar a área do retângulo de base igual a 2 m e altura igual a −2 𝑘𝑁; logo, a área é 2. (−2) = −4 kN. m. Como é uma função constante, no diagrama de momento fletor desenharemos uma função linear. Analisando o segundo intervalo 𝑥 = 2 𝑚 a 𝑥 = 4 𝑚 do diagrama de força cortante, temos que determinar a área composta por um retângulo de base igual a 2 m e altura igual a −2 kN, resultando em −4 kN. m, e do triângulo de base igual a 2 m e altura igual a −5 𝑘𝑁 − (−2 𝑘𝑁) = −3 𝑘𝑁; logo, a área é 2. (−3)/2 = −3 kN. m. A soma das duas áreas resulta em −7 kN. m. Como a função desse intervalo é linear, desenharemos uma função do 2° grau com concavidade para baixo, por ser um valor negativo, começando em −4 kN. m para 𝑥 = 2 𝑚 e terminando em −4 − 7 = −11 kN. m para 𝑥 = 8 𝑚. Como em 𝑥 = 8 𝑚 existe um momento concentrado de 11 𝑘𝑁. 𝑚 no sentido horário, desenharemos um salto positivo no diagrama com esse valor, ficando nesse ponto o valor de −11 + 11 = 0 𝑘𝑁. 𝑚: 32 Vamos aplicar os conhecimentos adquiridosno próximo tema com um exercício completo, abrangendo os conteúdos vistos nesta aula. TEMA 5 – EXEMPLO PRÁTICO: APLICANDO OS DOIS MÉTODOS PARA CONSTRUIR DIAGRAMAS Chegamos ao último tema desta aula. Aqui, resolveremos um único exercício, aplicando os conhecimentos adquiridos nos temas anteriores. Estudo aplicado: para sair do chão e voar, um avião precisa que sua força de sustentação seja maior que sua força peso (Figura a). Analisando as forças envolvidas em uma das asas de um avião, podemos observar a distribuição do peso da asa, a distribuição da força de sustentação e o peso da turbina (Figura b). Um modelo simplificado da magnitude dessas forças é apresentado na Figura c (observação: nem todas as forças de um caso real foram consideradas nesse modelo). (a) (b) (c) Sustentação Sustentação Peso 33 Fonte: Vchal/Shutterstock. Para o modelo simplificado apresentado na Figura c, determine a força resultante proveniente das cargas aplicadas sobre a asa, calcule a as forças de reação na junta que conecta a asa à aeronave (engaste) e construa o diagrama de momento fletor e força cortante. Solução: analisando a Figura c, observamos cinco tipos de carregamento, sendo quatro distribuídos e uma força concentrada. Os dois carregamentos distribuídos destacados pelas setas pretas correspondem ao peso da asa. Para calcular a força resultante e sua localização – proveniente desses dois carregamentos –, vamos aplicar a metodologia descrita no Tema 1. Considerando primeiro o carregamento retangular e subsequentemente o carregamento triangular, temos: 𝐹𝑅1 = 𝑏. ℎ = (5 𝑚). (1 𝑘𝑁 𝑚 ) = 5 𝑘𝑁 �̅�1 = 𝑏 2 = 5 𝑚 2 = 2,5 𝑚 𝐹𝑅2 = 𝑏. ℎ 2 = (8 𝑚). (1 𝑘𝑁 𝑚 ) 2 = 4 𝑘𝑁 �̅�2 = 5 𝑚 + 𝑏 3 = 5 𝑚 + 8 𝑚 3 = 5 𝑚 + 2,667 𝑚 = 7,667 𝑚 Note que a localização dessas forças resultantes toma como referência a origem da asa (ponto A). Os dois carregamentos distribuídos destacados pelas setas vermelhas correspondem à força de sustentação feita pelo ar quando a aeronave se desloca a uma certa velocidade. Vamos calcular as forças resultantes e suas localizações, considerando primeiro o carregamento retangular e, posteriormente, o triangular: 𝐹𝑅3 = 𝑏. ℎ = (5 𝑚). (9 𝑘𝑁 𝑚 ) = 45 𝑘𝑁, 34 �̅�3 = 𝑏 2 = 5 𝑚 2 = 2,5 𝑚, 𝐹𝑅4 = 𝑏. ℎ 2 = (8 𝑚). (9 𝑘𝑁 𝑚 ) 2 = 36 𝑘𝑁, e �̅�4 = 5 𝑚 + 𝑏 3 = 5 𝑚 + 8 𝑚 3 = 5 𝑚 + 2,667 𝑚 = 7,667 𝑚 A seguinte figura mostra as forças resultantes e suas posições na asa: A força resultante é obtida pela soma das forças resultantes. Lembre-se de considerar o sinal conforme o sentido para sabermos se essa força é para cima ou para baixo. 𝐹𝑅 = 𝐹𝑅1 + 𝐹𝑅2 + 𝐹𝑅3 + 𝐹𝑅4 = −5 − 4 + 45 + 36 − 2 = 70 𝑘𝑁 Portanto, como o resultado é positivo, sabemos que a força resultante tem sentido para cima, direção vertical e módulo equivalente a 70 kN. Para determinar o centroide, vamos aplicar a Equação 4, considerando o sentido dos momentos em relação ao ponto A: �̅� = �̅�1. 𝐹𝑅1 + �̅�2. 𝐹𝑅2 + �̅�3. 𝐹𝑅3 + �̅�4. 𝐹𝑅4 + �̅�5. 𝐹𝑅5 ∑ 𝐹𝑅 �̅� = (−2,5.5 − 7,667.4 + 2,5.45 + 7,667.36 − 5.2) 70 ; logo, �̅� = 4,79 𝑚 O próximo passo é determinar as reações de apoio no engaste da asa. Para isso, vamos aproveitar os cálculos feitos anteriormente. O DCL com as reações de apoio é apresentado na seguinte figura: 35 Aplicando as equações de equilíbrio, temos: ∑ 𝐹𝑥 = 0 ; 𝐴𝑥 = 0; ∑ 𝐹𝑦 = 0 ; −𝐴𝑦 − 5.10 3 − 2.103 − 4.103 + 45.103 + 36.103 = 0 𝐴𝑦 = −5.10 32.103 − 4.103 + 45.103 + 36.103; logo, 𝐴𝑦 = 70.10 3𝑁 ou 𝐴𝑦 = 70 𝑘𝑁 e ∑ 𝑀𝐴 = 0 ; −𝑀𝐴 − 5.10 3. 2,5 − 2.103. 5 − 4.103. 9 + 45.103. 2,5 + 36.103. 9 = 0 𝑀𝐴 = −5.10 3. 2,5 − 2.103. 5 − 4.103. 7,667 + 45.103. 2,5 + 36.103. 7,667 𝑀𝐴 = 335333,33 𝑁. 𝑚 ou 𝑀𝐴 = 335,33 𝑘𝑁. 𝑚 Poderíamos determinar as forças internas em algum ponto específico da asa, mas melhor que isso é determinar o comportamento da força de cisalhamento e do momento fletor ao longo de toda a asa. Para isso, vamos construir os diagramas de força cortante e de momento fletor utilizando o método das integrais (mais fácil). Em 𝑥 = 0, temos a força concentrada 𝐴𝑦 = 70 𝑘𝑁 com sentido para baixo. Logo, desenharemos um salto para baixo com valor de −70 no diagrama de força cortante, que fica assim: No intervalo entre 𝑥 = 0 e 𝑥 = 5 𝑚, existem dois carregamentos distribuídos que são funções constantes. Já calculamos a força resultante proveniente de cada carregamento. Logo, o próximo passo é descobrir a força 36 resultante naquele intervalo; ou seja, 𝐹𝑅1 + 𝐹𝑅3 = −5.10 3 + 45.103 = 40.103𝑁 (sinal positivo indica que a força é para cima). Portanto, desenharemos uma reta que se inicia em −70 para 𝑥 = 0 e termina em −70 + 40 = −30 kN em 𝑥 = 5 𝑚: Em 𝑥 = 5 𝑚 há uma força concentrada no valor de 2 kN (ou −2kN, pois está para baixo); logo, devemos subtrair esse valor da força de −30 kN, ficando −30 −2 = −32 kN. Plotando esse valor no diagrama, temos: Por fim, no intervalo entre 𝑥 = 5 𝑚 e 𝑥 = 13 𝑚 (comprimento total da asa), existem dois carregamentos distribuídos que são funções lineares (1° grau). Já calculamos a força resultante proveniente de cada carregamento; logo, o próximo passo é descobrir a força resultante naquele intervalo. Ou seja, 𝐹𝑅2 + 𝐹𝑅4 = −4.10 3 + 36.103 = 32.103𝑁 (sinal positivo indica que a força é para cima). Portanto, desenharemos uma parábola que se inicia em −32 para 𝑥 = 5 𝑚 e termina em −32 + 32 = 0 kN para 𝑥 = 13 𝑚. 37 Agora vamos construir o diagrama de momento fletor baseando-se na figura do DCL com as reações de apoio da asa e na figura acima do diagrama de força cortante. No DCL notamos um momento concentrado, 𝑀𝐴, com sentido horário e magnitude de 335,33 kN.m em 𝑥 = 0. Logo, seguindo a relação 4, vista no tema anterior, teremos que desenhar um salto positivo no diagrama para 𝑥 = 0: Não há mais momentos concentrados na estrutura, então, a partir de agora, vamos analisar somente o diagrama de força cortante. Temos que obter a área dentro do diagrama de força cortante entre 𝑥 = 0 e 𝑥 = 5 𝑚, como mostra a figura: 38 A área do primeiro segmento é 𝐴1 = (5 𝑚). (−30 𝑘𝑁) = −150 𝑘𝑁. 𝑚, e a área do segundo segmento é 𝐴2 = (5 𝑚). ( −70−(−30) 2 𝑘𝑁) = (5 𝑚). −40 2 𝑘𝑁 = −100 𝑘𝑁. 𝑚. Portanto, a área total entre 𝑥 = 0 e 𝑥 = 5 𝑚 é −150 𝑘𝑁. 𝑚 − 100 𝑘𝑁. 𝑚 = −250 𝑘𝑁. 𝑚. Note que a função dentro desse intervalo é linear (equação do 1° grau); logo, temos que desenhar uma função do 2° grau (parábola) no diagrama de momento fletor. O ponto atual no diagrama é de 335,33 kN.m, em 𝑥 = 0, e a área total dentro do intervalo é −250 kN.m. Portanto, em 𝑥 = 5 𝑚, temos como resultado a soma desses valores, ou seja, 335,33 − 250 = 85,33 kN.m. O desenho do diagrama de momento fletor fica da seguinte forma: No intervalo entre 𝑥 = 5 𝑚 e 𝑥 = 13 𝑚, temos uma parábola que começa em −32 kN e termina em 0 no diagrama de força cortante. Para obtê-la, temos que integrar a equação da reta do carregamento distribuído, em que temos um triângulo com altura de 1 kN e outro com altura de 9 kN, e ambos com a mesma base. Portanto, o triângulo que vamos analisar para obter tal equação tem a altura equivalente de 9 kN – 1 kN = 8 kN (positivo, pois as forças estão para cima): Vamos considerar o intervalo de 0 a 8 para ficar mais fácil de obter a equação da reta, cuja equação geral da reta é 𝑦 = 𝑎𝑥 + 𝑏. Analisando o triângulo anterior, temos que, para 𝑥 = 0, o 𝑦 = 8 𝑘𝑁. Substituindo na equação geral da reta, ficamos com: 8 = 𝑎. 0 + 𝑏; logo, 𝑏 = 8. E, para 𝑥 = 8 𝑚, o 𝑦 = 0 𝑘𝑁; substituindo na equação geral da reta, ficamos com: 0 = 𝑎. 8 + 8; logo, 𝑎 = −1. Portanto, a equação da reta para o triângulo mostrado é: 𝑦 = −𝑥 + 8. 39 Agora vamos descobrira função da parábola desenhada no diagrama de força cortante. Para isso, temos que integrar a equação da reta obtida. Logo: ∫ −𝑥 + 8 𝑑𝑥 = − 𝑥2 2 + 8𝑥 + 𝑐. A constante 𝑐 pode ser obtida se analisarmos a equação geral da parábola, dada por: 𝑦 = 𝑎𝑥2 + 𝑏𝑥 + 𝑐. Para 𝑥 = 0, o 𝑦 = −32 𝑘𝑁, conforme diagrama de força cortante. Logo, substituindo na equação geral da parábola, temos: −32 = 𝑎. 02 + 𝑏. 0 + 𝑐; portanto, 𝑐 = −32. Temos então que a função da parábola mostrada no diagrama de força cortante é 𝑦 = − 𝑥2 2 + 8𝑥 − 32. Lembre-se: o que queremos calcular é a área abaixo dessa parábola, e isso pode ser obtido se integrarmos essa função que acabamos de obter. Assim, temos: 𝐴 = ∫ − 𝑥2 2 + 8𝑥 − 32 𝑑𝑥 8 0 = − 𝑥3 2.3 + 8 𝑥2 2 − 32𝑥| 0 8 = − 𝑥3 6 + 4𝑥2 − 32𝑥| 0 8 𝐴 = − 83 6 + 4. 82 − 32.8 = −85,33 + 256 − 256, portanto, 𝐴 = − 85,33 𝑘𝑁. 𝑚 Sabemos que precisamos desenhar uma função do 3° grau (um grau acima da função no diagrama de força cortante) e que ela começa no ponto em que paramos (em 85,33 kN. m) e termina em 85,33 kN. m “mais” a área da parábola do diagrama de força cortante; ou seja, 85,33 − 85,33 = 0 kN. m. O diagrama final fica assim: Há uma ferramenta online para construir diagramas de força cortante e de momento fletor. Você pode acessá-la pelo site: <http://www.viga.online/index.php>. O último exemplo foi resolvido utilizando essa ferramenta, e você pode acessá-la aqui: http://www.viga.online/index.php#L(13):E(0):W(0,5,1000,1000)W(5,13,1000,0) W(0,5,-9000,-9000)W(5,13,-9000,0)F(5,2000). Acesso em: 16 dez. 2020. 40 Observe que essa ferramenta fornece todo o descritivo de cálculos, desde o cálculo das reações de apoio até a seção de cada segmento, para obter as funções em cada intervalo avaliado, pois utiliza o método das seções. Por fim, plota os diagramas para o engenheiro analisar. Problemas que envolvem cargas distribuídas triangulares são mais complexos, e é necessário aplicar os conhecimentos básicos de cálculo integral. Por isso, uma ferramenta como essa facilita a construção desses diagramas. Mas, lembre-se que, para desenvolver uma ferramenta assim, é necessário ter os conhecimentos adquiridos nesta aula e, é claro, aplicar uma lógica de programação utilizando uma determinada linguagem. FINALIZANDO Nesta aula você aprendeu a obter a força resultante e sua posição se houver um carregamento distribuído sobre uma estrutura. Aprendeu também a determinar os esforços internos em um ponto qualquer de uma estrutura e em todos os pontos, mediante os diagramas de força cortante e de momento fletor. No nosso livro-texto, você encontrará outros exemplos resolvidos e muitos exercícios para praticar. Aproveite para plotar esses diagramas de força cortante e momento fletor utilizando a ferramenta Vigas Online. 41 REFERÊNCIAS DADOS da viga: comprimento – 13 m. Viga Online, [S.l.], [s.d.]. Disponível em: <http://www.viga.online/index.php#L(13):E(0):W(0,5,1000,1000)W(5,13,1000,0) W(0,5,-9000,-9000)W(5,13,-9000,0)F(5,2000)>. Acesso em: 16 dez. 2020. Exercício resolvido nesta aula. HIBBELER, R. C. Estática: mecânica para engenharia. 12. ed. São Paulo: Pearson, 2011.
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