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CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB 2009 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA – AULA 03 www.pontodosconcursos.com.br 1 Olá, amigo(a) concurseiro(a)! Hoje daremos início à Aula 03 de Direito Comercial para AFRFB 2009. Hoje veremos o restante do item 5 do edital: 5. (...) Sociedade cooperativa. Operações societárias. Dissolução e liquidação de sociedades. Vamos lá! 1 – SOCIEDADE COOPERATIVA Introdução As sociedades cooperativas são regidas pela Lei 5.764/1971, observadas as novas regras trazidas pelo Código Civil de 2002 (arts. 1.093 a 1.096). No que a Lei for omissa, aplicam-se às cooperativas as disposições referentes às sociedades simples (art. 1.096 do CC/2002). Os dispositivos legais abaixo citados, em matéria de sociedade cooperativa, quando nada for dito, referem-se à Lei 5.764/1971 As sociedades cooperativas são entidades destinadas ao desenvolvimento de atividades econômicas, em benefício comum dos seus sócios, sem fins lucrativos (art. 3.º da Lei). Seus membros se obrigam reciprocamente a contribuir com bens ou serviços para o exercício dessas atividades, com o intuito de prestação de auxílio e colaboração mútua entre eles. São sociedades de pessoas, com forma e natureza jurídica próprias, de natureza civil, não sujeitas a falência, constituídas para prestar CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB 2009 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA – AULA 03 www.pontodosconcursos.com.br 2 serviços aos associados (art. 4.º da Lei). São consideradas sociedade simples (art. 982, par. único, in fine, do CC/2002). O capital social será subdividido em quotas (ou quotas-partes), cujo valor unitário não poderá ser superior ao valor do salário mínimo (art. 24). Há uma diferença na doutrina entre cooperativismo e mutualidade. As mútuas são associações civis, ou seja, entidades sem fins econômicos, que se destinam ao estabelecimento de um fundo voluntário, formado pelas contribuições de todos os partícipes, a fim de se resguardarem de contingências diversas, como morte, acidente ou doença. Já as cooperativas, como dito acima, são sociedades constituídas por seus sócios para o desenvolvimento de determinada atividade econômica em benefício comum, embora sem fins lucrativos. Na verdade, no cooperativismo existe o elemento lucro, embora de forma secundária. Somente se não houvesse nenhum intuito econômico a cooperativa se transformaria em uma entidade de natureza puramente mutualística. A cooperativa, assim, é uma entidade que exerce atividade econômica sui generis, já que o objetivo primordial da sociedade não é o lucro, mas o auxílio e a colaboração mútua entre os sócios, que, podem, inclusive, contribuir apenas com serviços (art. 3.º). Não obstante, o lucro está presente, sob a forma de distribuição das chamadas sobras líquidas do exercício (art. 4.º, VII). Assim, a mutualidade é presente tanto nas mútuas como nas cooperativas, mas, nestas, há também o elemento econômico, que, no entanto, não deve prevalecer sobre a mutualidade, sob pena de a cooperativa se transmudar em uma sociedade em sentido estrito. A Lei 5.764/1971 bem demonstra a proximidade entre a cooperativa e as associações civis, quando, apesar de chamar a cooperativa de CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB 2009 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA – AULA 03 www.pontodosconcursos.com.br 3 sociedade, nomeia seus membros não de sócios, mas de associados (art. 4.º). Em função das particularidades acima, é comum dizer que a cooperativa possui natureza mutualística. Veremos, no entanto, que o entendimento da Esaf parece ser o de que as cooperativas não são entidades mutualistas (mútuas) em sentido estrito (digo parece, porque a questão que cobrava tal entendimento acabou sendo anulada, conforme veremos abaixo). Na sociedade cooperativa, a responsabilidade dos sócios pode ser limitada ou ilimitada. No primeiro caso, o sócio responde somente pelo valor de suas quotas e pelo prejuízo verificado nas operações sociais, guardada a proporção de sua participação nas mesmas operações. No segundo, o sócio responde solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais (art. 1.095 do CC/2002). Em qualquer caso, prevalece o benefício de ordem, isto é, a responsabilidade do sócio perante terceiros somente poderá ser invocada depois de judicialmente exigida da cooperativa (art. 13 da Lei). Disposições Constitucionais A Constituição Federal de 1988 (CF/88) traz algumas disposições importantes sobre as cooperativas. Diz a Carta Magna que a criação de cooperativas, na forma da lei, independe de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento (art. 5.º, XVIII), dispositivo que acabou por revogar os arts. 17 e 18 da Lei 5.764/1971, que dispunham sobre a autorização governamental prévia para o funcionamento das cooperativas. CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB 2009 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA – AULA 03 www.pontodosconcursos.com.br 4 Embora independam de autorização para funcionar, as cooperativas devem efetuar o registro dos seus atos constitutivos no órgão competente, o que nos leva a um problema. É que, segundo o art. 32, II, a, da Lei 8.934/1994 (Lei do Registro Público de Empresas Mercantis), o arquivamento dos atos da cooperativa deve ser feito na Junta Comercial, mas o art. 1.150 do CC/2002 estabelece que esse arquivamento deve ser realizado no Registro Civil das Pessoas Jurídicas (RJPJ), já que se trata de uma sociedade simples. Até hoje não se chegou a um consenso sobre qual regra deve prevalecer, a do CC/2002, por ser mais recente, ou a da Lei 8.934/1994, por ser norma especial. Atualmente, tem sido aceito o registro da cooperativa em qualquer desses órgãos. Eis uma questão sobre o assunto: (CESPE/PROCURADOR DO ESTADO/PGE-AM/2004) Determinada sociedade cooperativa, que atue no ramo de prestação de serviços de informática, estará sujeita ao registro civil das pessoas jurídicas. Contudo, não obstante a sociedade ser de natureza simples, a lei determina que seus constitutivos sejam arquivados no registro público de empresas mercantis e atividades afins. Gabarito: Certo O item é correto, já que o art. 1.150 do CC/2002 estabelece que o arquivamento dos atos constitutivos das sociedades simples (entre as quais se insere a cooperativa) deve ser realizado no Registro Civil das Pessoas Jurídicas, ao passo que a Lei 8.934/1994 determina que o registro da CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB 2009 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA – AULA 03 www.pontodosconcursos.com.br 5 cooperativa deve se dar no Registro Público de Empresas Mercantis (Junta Comercial). A CF/88 diz também que cabe à lei complementar estabelecer normas gerais sobre o adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas (art. 146, III, c). Atos cooperativos são os praticados entre as cooperativas e seus associados ou entre as cooperativas entre si, quando na qualidade de associados (veremos adiante que existem cooperativas de cooperativas), para a consecução dos objetivos sociais. O ato cooperativo não deve ser considerado operação de mercado, nem contrato de compra e venda de produto ou mercadoria (art. 79 da Lei). Ainda segundo a Lei Maior, a lei apoiará e estimulará o cooperativismo (art. 174, § 2.º) e o Estado favorecerá a organização da atividade garimpeira em cooperativas, levando em conta a proteção do meio ambiente e a promoção econômico-social dos garimpeiros (art. 174, § 3.º). Essas cooperativas de garimpeiros terão prioridade na autorização ou concessão para pesquisa e lavra dos recursos e jazidas de minerais garimpáveis, nas áreas onde estejam atuando e naquelasestabelecidas pela União para o exercício da atividade de garimpagem, em forma associativa (arts. 174, § 4.º, e 21, XXV). Por fim, a Carta Magna reza que a política agrícola levará em conta, especialmente, entre outros fatores, o cooperativismo (art. 187, VI) e o Sistema Financeiro Nacional abrangerá as cooperativas de crédito (art. 192). Características das Cooperativas CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB 2009 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA – AULA 03 www.pontodosconcursos.com.br 6 São características da sociedade cooperativa (art. 1.094 do CC/2002): - Variabilidade ou dispensa do capital social. A cooperativa é uma sociedade de capital variável, isto é, seu capital social pode ser aumentado ou diminuído, mediante adesão ou retirada de novos associados. Assim, havendo capital, ele será variável, sem necessidade de deliberação social para seu aumento ou redução. Frise-se, contudo, que os sócios podem contribuir apenas com serviços, situação em que a sociedade não terá capital social (ou fundo social, como parte da doutrina prefere chamar); - concurso de sócios em número mínimo necessário a compor a administração da sociedade, sem limitação de número máximo; - limitação do valor da soma de quotas do capital social que cada sócio poderá tomar; - intransferibilidade das quotas do capital a terceiros estranhos à sociedade, ainda que por herança, regra que demonstra ser a cooperativa uma sociedade de pessoas, o que, aliás, está expresso no art. 4.º da Lei 5.764/1971; - quórum, para a Assembleia Geral (AG) funcionar e deliberar, fundado no número de sócios presentes à reunião, e não no capital social representado; - direito de cada sócio a um só voto nas deliberações, tenha ou não capital a sociedade, e qualquer que seja o valor de sua participação; - distribuição dos resultados, proporcionalmente ao valor das operações efetuadas pelo sócio com a sociedade, podendo ser atribuído juro fixo ao capital realizado; - indivisibilidade do fundo de reserva entre os sócios, ainda que em caso de dissolução da sociedade. Segundo o art. 28, I, da Lei CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB 2009 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA – AULA 03 www.pontodosconcursos.com.br 7 5.764/1971, as cooperativas são obrigadas a constituir fundo de reserva destinado a reparar perdas e atender ao desenvolvimento de suas atividades, constituído com 10%, pelo menos, das sobras líquidas do exercício. As cooperativas possuem ainda as seguintes características (art. 4.º da Lei 5.764/1971) (perceba que muitas das características abaixo foram repetidas no art. 1.094 do CC/2002, acima descrito): - adesão voluntária, com número ilimitado de associados, salvo impossibilidade técnica de prestação de serviços, o que pode ocorrer, por exemplo, em caso de excessivo número de sócios; - variabilidade do capital social representado por quotas-partes; - limitação do número de quotas-partes do capital para cada associado, facultado, porém, o estabelecimento de critérios de proporcionalidade, se assim for mais adequado para o cumprimento dos objetivos sociais; - incessibilidade das quotas-partes do capital a terceiros estranhos à sociedade (sociedade de pessoas); - singularidade de voto, podendo as cooperativas centrais, federações e confederações de cooperativas, com exceção das que exerçam atividade de crédito, optar pelo critério da proporcionalidade (veremos esses tipos especiais de cooperativas à frente); - quórum para o funcionamento e deliberação da AG baseado no número de associados e não no capital; - retorno das sobras líquidas do exercício, proporcionalmente às operações realizadas pelo associado, salvo deliberação em contrário da AG; CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB 2009 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA – AULA 03 www.pontodosconcursos.com.br 8 - indivisibilidade dos fundos de reserva e de assistência técnica educacional e social (art. 28); - neutralidade política e indiscriminação religiosa, racial e social; - prestação de assistência aos associados, e, quando previsto nos estatutos, aos empregados da cooperativa; - área de admissão de associados limitada às possibilidades de reunião, controle, operações e prestação de serviços. Veja estas questões da Esaf sobre as cooperativas: (ESAF/JUIZ DO TRABALHO/TRT 7.ª REGIÃO/2005) A cooperativa: a) tem, por força legal, a natureza de sociedade simples, o que a impedirá de ser sócia de qualquer tipo societário e de prestar serviços, voltados ao atendimento de seus sócios, impossibilitando o exercício de uma atividade econômica comum. b) apresenta indivisibilidade do fundo de reserva entre os sócios, mesmo que haja dissolução da sociedade, para reforçar o patrimônio cooperativo e assegurar aos credores a integridade de seus créditos. c) impõe responsabilidade ao cooperado, que só poderá ser limitada. d) tem por característica a invariabilidade ou impossibilidade de dispensa do capital social, desde que estipulada no ato constitutivo. e) disciplinar-se-á em caso de omissão de lei especial pelos artigos 986 a 996 do novo Código Civil, alusivos à sociedade em comum. Gabarito: B A letra A é errada, pois a cooperativa exerce uma atividade econômica, sem fins lucrativos, em proveito comum dos associados, além de CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB 2009 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA – AULA 03 www.pontodosconcursos.com.br 9 não haver impedimento à sua participação em outras sociedades. A letra B é correta porque a indivisibilidade do fundo de reserva entre os sócios, mesmo em caso de dissolução da sociedade, é uma das características da cooperativa, sendo o saldo desse fundo, após a liquidação, destinado ao Poder Público. A letra C é incorreta, já que, na sociedade cooperativa, a responsabilidade dos sócios pode ser limitada ou ilimitada. A letra D é falsa, pois é característica da sociedade cooperativa a variabilidade ou dispensa do capital social. E a letra E é errada porque, nas lacunas legislativas, as cooperativas regem-se pelas regras aplicáveis às sociedades simples. (ESAF/AFT/MTE/2006) As sociedades cooperativas: a) caracterizam-se por serem de natureza mutualística. b) têm capital fixo ou variável. c) não têm capital, pois usam os bens dos seus cooperados. d) são consideradas sociedades empresárias para todos os fins de direito. e) podem operar exclusivamente na atividade agrícola e agropecuária. Gabarito preliminar: B Gabarito definitivo: anulada A Esaf considerou a letra A inicialmente errada. Parece, assim, que, na visão dessa banca, as cooperativas não possuem natureza mutualística, conforme exposto anteriormente. A letra B foi inicialmente considerada correta, mas uma das características da cooperativa é a variabilidade de seu capital. Em função disso, esta opção está errada, o que provavelmente gerou a anulação da questão pela Esaf. Nada impede, contudo, que a letra A também tenha sido considerada defeituosa pela banca. A falta de justificativa pública da anulação da questão deixa-nos com essa incerteza. CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB 2009 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA – AULA 03 www.pontodosconcursos.com.br 10 Diante da situação, caso esse assunto seja cobrado no dia (natureza mutualística das cooperativas), recomendo olhar com atenção as demais opções para poder escolher a melhor resposta. A letra C é falsa, pois as cooperativas podem ter ou não capital. Não o terão se todos os associados contribuírem apenas com serviços para a formação da cooperativa. A letra D é errada, já que a cooperativa é uma sociedade simples. E a letra E é incorreta porque o objeto da cooperativa pode ser dasmais diversas naturezas, como de consumo, de crédito, de trabalho, agrícola, etc. (ESAF/PROCURADOR DF/2007.2) Desde Rochdale, na Inglaterra, as cooperativas singulares difundiram-se como um importante instrumento catalisador das condições econômicas e sociais de seus associados. A respeito dos aspectos societários das cooperativas no atual estágio do ordenamento brasileiro, assinale a opção correta. a) Para a constituição de uma cooperativa, é indispensável a participação de, no mínimo, 30 (trinta) associados. b) Nas cooperativas, cada sócio tem direito a um só voto, qualquer que seja o valor de sua participação. c) Conforme seu objeto, a sociedade cooperativa poderá ser empresária ou simples. d) Assim como as sociedades em geral, as cooperativas orientam-se pelo princípio da intangibilidade do capital social. e) O regime das cooperativas admite amplamente a alienação das participações dos associados. Gabarito: B CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB 2009 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA – AULA 03 www.pontodosconcursos.com.br 11 Apenas para explicar o enunciado, costuma-se dizer que a primeira cooperativa do mundo foi criada no Século XIX (1844), por tecelões ingleses, no bairro de Rochdale, em Manchester (Inglaterra), a qual forneceu ao mundo os fundamentos do cooperativismo moderno. Chamava- se “Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale”. Na questão acima, a letra A está errada porque o número mínimo de associados de uma cooperativa singular é de vinte pessoas físicas, conforme o art. 6.º, I, da Lei 5.764/1971 (veremos isso adiante). A letra B é o gabarito, já que é característica da cooperativa o direito de cada sócio a um só voto nas deliberações, tenha ou não capital a sociedade, e qualquer que seja o valor de sua participação. A letra C é incorreta, pois a cooperativa é sempre uma sociedade simples. A letra D é falsa, já que, em função da variabilidade ou mesmo dispensa do capital social da cooperativa, não há como falar em princípio da intangibilidade do capital nesse tipo de entidade. De acordo com esse princípio, os sócios não podem receber dividendos ou outros valores em prejuízo do capital. Em outras palavras, o patrimônio líquido da entidade não pode ser reduzido abaixo do montante do capital social, em razão da distribuição de lucros e outros bens. Como o capital da cooperativa é variável, o citado princípio não é aplicável a essa espécie societária. Finalmente, a letra E está errada porque vigora na cooperativa o princípio da intransferibilidade das quotas do capital a terceiros estranhos à sociedade. A sociedade cooperativa funciona sob denominação integrada pelo vocábulo “cooperativa”, sendo vedado às cooperativas o uso da expressão “Banco”. (art. 1.159 do CC/2002 e art. 5.º da Lei). CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB 2009 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA – AULA 03 www.pontodosconcursos.com.br 12 Embora o art. 3.º da Lei 5.764/1971 fale em “contrato de sociedade cooperativa”, o ato constitutivo desse tipo de sociedade é o estatuto social, conforme consta, entre outros dispositivos, do art. 21 da Lei. Assim, trata-se de uma sociedade estatutária ou institucional. A cooperativa constitui-se por deliberação da Assembleia Geral n, os quais devem constar da respectiva ata, ou por instrumento público (art. 14). Classificação das Cooperativas As cooperativas podem se classificar de acordo com o objeto ou pela natureza das atividades desenvolvidas por elas ou por seus associados (art. 10). Elas poderão adotar por objeto qualquer gênero de serviço, operação ou atividade (art. 5.º). Existem cooperativas de produtores, de consumo, de crédito, educacional, habitacional, de trabalho, etc. Serão consideradas mistas as cooperativas que apresentarem mais de um objeto de atividades (art. 10, § 2.º). A cooperativa de consumo, por exemplo, é formada por consumidores que adquirem, por meio da cooperativa, os bens e serviços de que necessitam, reduzindo custos pela eliminação do empresário varejista da cadeia econômica. Já a cooperativa de trabalho é constituída por trabalhadores de determinada área, para a melhoria de ganhos e condições de trabalho, por meio da realização de obras e serviços de forma coletiva, sem a figura de um patrão. As cooperativas de crédito, por sua vez, destinam-se, precipuamente, a prover, por meio da mutualidade, a prestação de serviços financeiros a seus associados, sendo-lhes assegurado o acesso aos instrumentos do mercado financeiro (art. 2.º da Lei Complementar CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB 2009 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA – AULA 03 www.pontodosconcursos.com.br 13 130/2009). Fornecem uma melhor administração dos recursos financeiros de seus sócios, inclusive com a prestação de serviços bancários em condições mais vantajosas. São consideradas instituições financeiras (art. 1.º da LC 130/2009). As sociedades cooperativas podem ainda ser classificadas da seguinte forma (art. 6.º): - cooperativas singulares (cooperativas de 1.º grau): constituídas pelo número mínimo de vinte pessoas físicas (levando- se em conta também as necessidades de composição da administração – art. 1.094, II, do CC/2002), sendo excepcionalmente permitida a admissão de pessoas jurídicas que tenham por objeto as mesmas ou correlatas atividades econômicas das pessoas físicas ou, ainda, aquelas sem fins lucrativos; - cooperativas centrais ou federações de cooperativas (cooperativas de 2.º grau): constituídas de, no mínimo, três cooperativas singulares, podendo, excepcionalmente, admitir associados individuais, salvo se se tratar de centrais e federações que exerçam atividades de crédito (art. 6.º, § 2.º); - confederações de cooperativas (cooperativas de 3.º grau): constituídas, pelo menos, de três federações de cooperativas ou cooperativas centrais, da mesma ou de diferentes modalidades. As cooperativas singulares se caracterizam pela prestação direta de serviços aos associados (art. 7.º). As cooperativas centrais e federações de cooperativas objetivam organizar, em comum e em maior escala, os serviços econômicos e assistenciais de interesse das filiadas, integrando e orientando suas atividades, bem como facilitando a utilização recíproca dos CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB 2009 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA – AULA 03 www.pontodosconcursos.com.br 14 serviços (art. 8.°). Já as confederações de cooperativas têm por objetivo orientar e coordenar as atividades das filiadas, nos casos em que o vulto dos empreendimentos transcender o âmbito de capacidade ou conveniência de atuação das centrais e federações (art. 9.º). Resolva agora esta questão sobre as cooperativas: (CESPE/EXAME DE ORDEM/OAB-PR/2008) Acerca das sociedades cooperativas, assinale a opção correta. A As cooperativas constituem sociedades de pessoas que se obrigam reciprocamente para o exercício de uma atividade econômica, sempre com o objetivo de lucro. B A lei determina que as sociedades cooperativas singulares sejam constituídas com o número mínimo de três pessoas físicas. C É ilícita a transferência das quotas do capital social das sociedades cooperativas a não-cooperado, ainda que seja por herança. D Nas sociedades cooperativas em que o cooperado possua mais de 50% do capital social, é a ele conferido o direito de mais de um voto nas deliberações da sociedade. Gabarito: C A letra A é errada porque as cooperativas não têm objetivo de lucro. A letra B é falsa, pois a Lei exige que as cooperativas singulares tenham o número mínimo de vinte associados pessoas físicas. A letra C é o gabarito, já que, nas cooperativas, é vedada a transferência das quotas do capital a terceirosestranhos à sociedade, ainda que por herança. Por fim, a letra D é incorreta porque cada sócio da cooperativa tem direito a apenas um voto CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB 2009 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA – AULA 03 www.pontodosconcursos.com.br 15 nas deliberações, independentemente do valor de sua participação na capital social. Sócios ou Associados A cooperativa deve assegurar aos seus sócios, associados ou, ainda, cooperados igualdade de direitos. Além disso, é defeso (vedado) à sociedade (art. 37): - remunerar quem agencie novos associados; - cobrar prêmios ou ágio pela entrada de novos associados, ainda que a título de compensação das reservas; - estabelecer restrições de qualquer espécie ao livre exercício dos direitos sociais. Frise-se ainda que não há vínculo empregatício (trabalhista, celetista) entre a cooperativa e seus sócios. O associado que aceitar e estabelecer relação de emprego com a cooperativa perderá o direito de votar e ser votado, até que sejam aprovadas as contas do exercício em que ele deixou o emprego (art. 31). Nada impede, contudo, a sociedade de contratar empregados para o desenvolvimento de suas atividades. Apesar de serem sociedades de pessoas, já que as quotas de capital não podem ser cedidas a terceiros estranhos à sociedade, o art. 29 da Lei estabelece que o ingresso nas cooperativas é livre a todos que desejarem utilizar os serviços prestados pela sociedade, desde que adiram aos propósitos sociais e preencham as condições estabelecidas no estatuto, salvo se houver impossibilidade técnica de prestação de serviços. Assim, os CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB 2009 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA – AULA 03 www.pontodosconcursos.com.br 16 associados não podem alienar suas quotas, mas terceiros podem ingressar na cooperativa, cumpridas as exigências do estatuto. A admissão dos associados poderá ser restrita, a critério do órgão normativo respectivo, às pessoas que exerçam determinada atividade ou profissão, ou estejam vinculadas a determinada entidade (art. 29, § 1.º). Não poderão ingressar no quadro das cooperativas os agentes de comércio e empresários que operem no mesmo campo econômico da sociedade (art. 29, § 4.º). O desligamento do associado da cooperativa pode ocorrer das seguintes maneiras: - retirada a pedido, que a Lei chama de demissão (art. 32); - eliminação, em virtude de infração legal ou estatutária (art. 33). A diretoria da cooperativa tem o prazo de 30 dias para comunicar ao interessado a sua eliminação (art. 34), do que caberá recurso com efeito suspensivo à primeira Assembleia Geral (art. 34, par. único); e - exclusão, nos casos de dissolução do associado pessoa jurídica, morte ou incapacidade civil não suprida do associado pessoa física, ou por deixar o associado de atender aos requisitos estatutários de ingresso ou permanência na cooperativa (art. 35). A responsabilidade do associado perante terceiros, por compromissos da sociedade, perdura para os demitidos, eliminados ou excluídos até quando forem aprovadas as contas do exercício em que se deu o desligamento (art. 36). Caso tenha falecido, a responsabilidade passa aos seus herdeiros (art. 36, par. único). CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB 2009 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA – AULA 03 www.pontodosconcursos.com.br 17 Eis uma questão de concurso sobre os pontos acima: (CESPE/ANALISTA LEGISLATIVO/CÂMARA DOS DEPUTADOS/2002) Com relação às cooperativas de trabalho, julgue os itens a seguir. 1 As cooperativas de mão-de-obra são criadas mediante contrato de sociedade entre pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviços para o exercício de uma atividade econômica, de proveito comum, objetivando lucro. 2 Como espécie societária típica, as cooperativas de mão-de-obra são sociedades civis que não se sujeitam à falência, constituídas para a prestação de serviços aos associados e que se particularizam em relação às demais sociedades, entre outras razões, pela adesão voluntária de seus membros e pelo rateio das sobras líquidas de forma proporcional às operações realizadas por seus associados, salvo deliberação em contrário a cargo da assembléia geral. 3 As relações entre a cooperativa de mão-de-obra e seus associados são regidas pela CLT, salvo disposição contrária em seus estatutos. 4 A demissão do trabalhador cooperado apenas pode ocorrer por infração legal ou estatutária, jamais a pedido do próprio trabalhador, observada a respectiva anotação no Livro de Matrícula, com a exposição do fato que a determinou. 5 A responsabilidade do trabalhador cooperado perante terceiros, por compromissos da sociedade, perdura para os demitidos, eliminados ou excluídos até quando aprovadas as contas do exercício em que se deu o desligamento. Gabarito: E-C-E-E-C CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB 2009 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA – AULA 03 www.pontodosconcursos.com.br 18 O item 1 é errado, pois o contrato de sociedade cooperativa é celebrado entre pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviços para o exercício de uma atividade econômica, de proveito comum, porém sem o objetivo de lucro (art. 3.º). O item 2 está certo, já que as cooperativas são sociedades de pessoas, com forma e natureza jurídica próprias, de natureza civil (atualmente: sociedades simples), não sujeitas a falência, constituídas para prestar serviços aos associados, distinguindo-se das demais sociedades pelas seguintes características, entre outras (art. 4.º): adesão voluntária, com número ilimitado de associados, salvo impossibilidade técnica de prestação de serviços; e retorno das sobras líquidas do exercício, proporcionalmente às operações realizadas pelo associado, salvo deliberação em contrário da Assembleia Geral. O item 3 é falso porque não há vínculo celetista (relação de emprego) entre a cooperativa e seus associados. O item 4 é incorreto, pois a demissão do cooperado é o seu desligamento a pedido, sendo chamada de eliminação o desligamento do sócio da cooperativa por infração legal ou estatutária. Por fim, o item 5 é verdadeiro, já que, nos termos do art. 36 da Lei, a responsabilidade do associado perante terceiros, por compromissos da sociedade, perdura para os demitidos, eliminados ou excluídos até quando forem aprovadas as contas do exercício em que se deu o desligamento (art. 36). Órgãos da Cooperativa A sociedade cooperativa possui os seguintes órgãos em sua estrutura: Assembleia Geral, Diretoria, Conselho de Administração e Conselho Fiscal. CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB 2009 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA – AULA 03 www.pontodosconcursos.com.br 19 Assembleia Geral A Assembléia Geral dos associados (AG) é o órgão supremo da sociedade, dentro dos limites legais e estatutários, tendo poderes para decidir os negócios relativos ao objeto da sociedade e tomar as resoluções convenientes ao desenvolvimento e defesa desta, e suas deliberações vinculam a todos, ainda que ausentes ou discordantes (art. 38). A Assembleia Geral pode ser ordinária (AGO) ou extraordinária (AGE). A convocação da AG será feita pelo presidente, por qualquer dos órgãos de administração, pelo Conselho Fiscal ou por um quinto dos associados em pleno gozo dos seus direitos, se não forem atendidos em solicitação anterior de convocação da AG (art. 38, § 2.º). As deliberações na AG serão tomadas por maioria de votos dos associados presentes com direito de votar (maioria simples) (art. 38, § 3.º). A AGO se realizará anualmente nos três primeiros meses após o término do exercício social e deliberará sobre osseguintes assuntos (art. 44): - prestação de contas dos órgãos de administração acompanhada de parecer do Conselho Fiscal: - destinação das sobras apuradas (deduzidas as parcelas para os fundos obrigatórios – art. 28) ou rateio das perdas decorrentes da insuficiência das contribuições para cobertura das despesas da sociedade; - eleição dos componentes dos órgãos de administração, do Conselho Fiscal e de outros, quando for o caso; CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB 2009 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA – AULA 03 www.pontodosconcursos.com.br 20 - fixação de honorários, gratificações e cédula de presença dos membros do Conselho de Administração ou da Diretoria e do Conselho Fiscal; - quaisquer assuntos de interesse social, excluídos os de competência exclusiva da AGE (ver adiante). Quanto aos assuntos acima, os membros dos órgãos de administração e fiscalização não poderão participar das votações referentes à prestação de contas e à fixação de honorários, gratificações e cédula de presença (art. 44, § 1.º). No tocante à destinação das sobras apuradas e ao rateio das perdas, a Lei estabelece que as despesas da sociedade serão cobertas pelos associados mediante rateio na proporção direta da fruição de serviços (art. 80). No entanto, a cooperativa poderá, para melhor atender à equanimidade (igualdade) de cobertura das despesas da sociedade, estabelecer dois outros tipos de rateio (art. 80, par. único): - rateio das despesas gerais da sociedade entre todos os associados, em partes iguais, tenham ou não usufruído dos serviços por ela prestados durante o ano, conforme definido no estatuto; - rateio das sobras líquidas ou dos prejuízos do exercício, apenas entre os associados que tenham usufruído dos serviços durante o ano, de forma proporcional à respectiva utilização, excluídas as despesas gerais atendidas na forma do item anterior. Os prejuízos do exercício só serão rateados entre os associados depois de consumido os recursos do fundo de reserva (arts. 28, I, e 89). CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB 2009 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA – AULA 03 www.pontodosconcursos.com.br 21 A AGE realizar-se-á sempre que necessário e poderá deliberar sobre qualquer assunto de interesse da sociedade, desde que mencionado no edital de convocação (art. 45). É da competência exclusiva da AGE deliberar sobre os seguintes assuntos (art. 46): - reforma do estatuto; - fusão, incorporação ou desmembramento da sociedade; - mudança do objeto da sociedade; - dissolução voluntária da sociedade e nomeação de liquidantes; - contas do liquidante. São necessários os votos de dois terços dos associados presentes para tornar válidas as deliberações acima (art. 46, par. único). Diretoria e Conselho de Administração A sociedade será administrada por uma Diretoria ou Conselho de Administração, este composto exclusivamente de associados eleitos pela Assembleia Geral, com mandato nunca superior a quatro anos, sendo obrigatória, ao término da gestão, a renovação de, no mínimo, um terço do Conselho de Administração (art. 47). A Diretoria e o Conselho de Administração, assim, são os órgãos de administração da cooperativa. O estatuto poderá criar outros órgãos necessários à administração (art. 47, § 1.º). Os membros dos órgãos de administração são os administradores. Os órgãos de administração podem contratar gerentes técnicos ou comerciais, que não pertençam ao quadro de associados, fixando-lhes as atribuições e salários (art. 48). CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB 2009 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA – AULA 03 www.pontodosconcursos.com.br 22 Conselho Fiscal A administração da sociedade será fiscalizada por um Conselho Fiscal (CF), constituído de três membros efetivos e três suplentes, todos associados, eleitos anualmente pela AG, sendo permitida a reeleição de apenas um terço dos seus componentes. Não podem fazer parte do CF, além dos inelegíveis para administradores (ver abaixo), os parentes dos diretores até o 2° grau, em linha reta ou colateral, bem como os parentes entre si até esse grau. O associado não pode exercer cumulativamente cargos nos órgãos de administração e de fiscalização. (art. 56). Administradores Os administradores não serão pessoalmente responsáveis pelas obrigações que contraírem em nome da sociedade, mas responderão solidariamente pelos prejuízos resultantes de seus atos, se procederem com culpa ou dolo (art. 49). Entretanto, neste último caso, se a sociedade ratificar os atos dos administradores ou deles tirar proveito, ela responderá pelos atos (art. 49, par. único). Caso o administrador participe de ato ou operação social em que se oculte a natureza da sociedade, ele poderá ser declarado pessoalmente responsável pelas obrigações contraídas em nome da sociedade, sem prejuízo das sanções penais cabíveis (art. 50). São inelegíveis para administradores, além das pessoas impedidas por lei, os condenados a pena que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos, os condenados por crime falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, concussão ou peculato e, ainda, os CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB 2009 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA – AULA 03 www.pontodosconcursos.com.br 23 condenados por crime contra a economia popular, a fé pública ou a propriedade (art. 51). Também não podem compor uma mesma Diretoria ou Conselho de Administração, os parentes entre si até 2.º grau, em linha reta ou colateral (art. 51, par. único). Além disso, o diretor ou associado que, em qualquer operação, tenha interesse oposto ao da sociedade não pode participar das deliberações referentes a essa operação, cumprindo-lhe acusar o seu impedimento (art. 52). A sociedade terá direito de ação contra os administradores, para promover sua responsabilidade, sem prejuízo da ação que também couber ao associado prejudicado (art. 54). Muito bem, caro(a) concurseiro(a), tratemos agora das operações societárias. 2 – OPERAÇÕES SOCIETÁRIAS Introdução As operações societárias englobam a transformação, a incorporação, a fusão e a cisão de sociedades. O Código Civil traz o regramento aplicável às sociedades contratuais, a Lei 6.404/1976 dispõe sobre o assunto para as sociedades por ações e a Lei 5.764/1971 trata das operações societárias envolvendo as cooperativas. É importante ressaltar que, havendo ao menos uma sociedade por ações envolvida nas operações, as regras a serem seguidas são as da Lei 6.404/1976. Sendo as sociedades empresárias todas contratuais, o Código Civil será o diploma de regência. As CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB 2009 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA – AULA 03 www.pontodosconcursos.com.br 24 cooperativas, como veremos, somente podem realizar essas operações entre si, sem o envolvimento de outras formas societárias, com o que devem sempre seguir a Lei 5.764/1971. A Lei 6.404/1976 e o Código Civil trazem expressamente as definições dessas operações. A transformação é a operação pela qual a sociedade passa, independentemente de dissolução e liquidação, de um tipo societário para outro (art. 220 da Lei 6.404/1976) (falaremos sobre dissolução e liquidação à frente). Assim, uma companhia pode se transformar em uma sociedade limitada, uma limitada pode se transformar em uma sociedade em comandita simples, uma sociedade em nome coletivo pode se transformar em uma companhia, e assim por diante. Claro que, em qualquer caso, devem ser atendidos os respectivos requisitos legais referentes à nova espécie societária a ser adotada. A transformação da sociedade não afeta sua personalidade jurídica, isto é,não há criação nem extinção de sociedade. É apenas a mesma entidade, que se transforma de um tipo societário em outro. Eis uma questão sobre o tema: (CESPE/32.º EXAME DE ORDEM/OAB-RJ/2007) O ato de transformação importa na A sucessão dos direitos e obrigações de uma sociedade existente por outra sociedade recém-constituída. B obediência às normas de constituição e inscrição próprias do tipo em que a sociedade vai converter-se. C dissolução de uma sociedade por ações. D conversão de uma sociedade em massa falida. CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB 2009 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA – AULA 03 www.pontodosconcursos.com.br 25 Gabarito: B A letra A é errada porque, na transformação, não há sucessão de direitos e obrigações de uma sociedade por outra recém-constituída. Trata- se da mesma sociedade, que apenas muda de tipo societário. A Letra B é correta, pois a transformação deve atender aos respectivos requisitos legais referentes à nova espécie societária a ser adotada. A letra C é falas, já que a transformação não implica dissolução da sociedade (desfazimento do contrato ou estatuto social – veremos esse assunto adiante). E a letra D é errada porque a transformação nada tem a ver com a falência da sociedade. A incorporação é a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações (art. 227 da Lei 6.404/1976 e art. 1.116 do CC/2002). A sucessão é fenômeno por meio do qual a sociedade sucessora passa a ser a titular dos direitos e obrigações que anteriormente eram da sociedade sucedida. Assim, a sociedade A pode ser incorporada (absorvida) pela sociedade B, que passará a ser titular dos direitos e obrigações de A (sucessora de A), enquanto esta restará extinta, embora não tenha havido dissolução nem liquidação. A fusão é a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar sociedade nova, que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações (art. 228 da Lei 6.404/1976 e art. 1.119 do CC/2002). Podem, por exemplo, a sociedade A e a sociedade B se fundirem, dando origem a uma nova sociedade C, que se tornará sucessora das anteriores (titular dos direitos e obrigações de A e B), ficando as sociedades primitivas A e B extintas, também sem dissolução nem liquidação. CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB 2009 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA – AULA 03 www.pontodosconcursos.com.br 26 Por fim, a cisão é a operação pela qual a sociedade transfere parcelas do seu patrimônio para uma ou mais sociedades, constituídas para esse fim ou já existentes, extinguindo-se a sociedade cindida (dividida), se houver versão de todo o seu patrimônio, ou dividindo-se o seu capital, se parcial a versão (art. 229 da Lei 6.404/1976). Por exemplo, a sociedade A pode ceder parcela de seu patrimônio (cisão parcial) para a sociedade B, já existente ou criada especialmente para esse fim. A cisão parcial ou desmembramento assemelha-se à incorporação, porém sem extinção da sociedade primitiva. A sociedade A pode também decidir transferir completamente seu patrimônio para as sociedades C e D, já existentes ou criadas para absorver o patrimônio de A (cisão total). Pode ainda a sociedade A ceder completamente seu patrimônio a uma sociedade E, constituindo a operação, nesse caso, uma verdadeira incorporação de A por E. A incorporação, a fusão e a cisão podem ocorrer entre tipos iguais ou diferentes de sociedades. Nada impede, por exemplo: a incorporação de uma limitada por uma companhia; a fusão de uma sociedade em nome coletivo em duas limitadas ou em uma limitada e uma sociedade em comandita simples; a transferência parcial do patrimônio de uma companhia para uma limitada (cisão parcial); etc. A exceção fica por conta das cooperativas, conforme citado. Os sócios das sociedades incorporadas, fundidas ou cindidas passam a ser sócios das sociedades recebedoras do patrimônio das sociedades anteriores, na proporção do patrimônio líquido transferido. Veja estas questões da Esaf sobre o assunto: CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB 2009 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA – AULA 03 www.pontodosconcursos.com.br 27 (ESAF/AUDITOR DO TESOURO MUNICIPAL/RECIFE/2003) As operações de reorganização societária como a incorporação, fusão ou a cisão caracterizam-se por: a) alterar as relações entre sociedade e credores. b) alterar a proporção em que os sócios participam do capital social. c) sucessão nas obrigações. d) modificação da estrutura societária. e) modificação tipológica em todas as hipóteses. Gabarito: C A letra A é errada porque as operações societárias não alteram as relações entre sociedades envolvidas e seus credores. Estes não podem ter seus direitos prejudicados pela operação (art. 1.115 do CC/2002). Por exemplo, os credores anteriores de uma sociedade em nome coletivo que se transforme em limitada poderão requerer que a responsabilidade dos sócios permaneça ilimitada, quanto aos créditos preexistentes à transformação. A letra B é incorreta, pois as operações societárias devem ser feitas com respeito à proporção de cada sócio no capital social. Por exemplo, se duas sociedades A e B, cujos capitais são, respectivamente, de R$ 100.000 e R$ 50.000, se fundem em uma sociedade C, de capital equivalente a R$ 150.000, as participações dos sócios de A devem corresponder a dois terços do capital de C (R$ 100.000), enquanto as dos sócios de B equivalerão a um terço (R$ 50.000), respeitando-se a proporcionalidade na fusão. A letra C está correta, pois na incorporação, na fusão e na cisão ocorre o fenômeno da sucessão dos direitos e obrigações da sociedade incorporada pela incorporadora, das sociedades fundidas pela resultante da fusão e da sociedade cindida pelas que receberam seu patrimônio. No caso da cisão CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB 2009 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA – AULA 03 www.pontodosconcursos.com.br 28 parcial, a sucessão será referente apenas aos direitos e obrigações que fizerem parte da parcela do patrimônio transferido. As letras D e E são falsas porque nas operações societárias pode haver ou não modificação de tipos societários (ex.: pode haver a fusão de duas limitadas em uma companhia, a incorporação de uma sociedade em nome coletivo por outra do mesmo tipo ou por uma comandita simples, etc.) (ESAF/PROCURADOR DF/2007.2/ADAPTADA) Julgue os itens abaixo. 1 Transformação consiste na situação pela qual uma sociedade passa, independentemente de dissolução e liquidação, de um tipo para outro, como, por exemplo, quando deixa de ser por quotas de responsabilidade limitada para se transformar em sociedade por ações. 2 Incorporação caracteriza-se quando uma ou mais empresas são absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações. 3 Fusão é a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar uma entidade nova, que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações. Gabarito: C-C-C Os itens de 1 a 3 são corretos, pois apresentam, respectivamente, as exatas definições de transformação, incorporação e fusão de sociedades. Vejamos agora as regras que regem as operações societárias das sociedades contratuais, constantes do Código Civil, diploma ao qual se referem os artigos citados a seguir. Transformação das Sociedades Contratuais CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB 2009 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA – AULA 03 www.pontodosconcursos.com.br 29 O ato de transformação das sociedades contratuais independe de dissolução ou liquidação da entidade e obedecerá aos preceitos reguladores da constituição e inscrição próprios do tipo em que asociedade vai se converter (art. 1.113). A transformação depende do consentimento de todos os sócios, salvo se prevista contrato, caso em que o dissidente poderá retirar-se da sociedade, aplicando-se, no silêncio do contrato social, o disposto no art. 1.031 do Código, quanto às regras de resolução da sociedade em relação a um sócio (art. 1.114). Dois casos interessantes de transformação são: a do empresário individual que venha a admitir sócios, tornando-se uma sociedade empresária (art. 968, § 3.º); e a da sociedade empresária em que passe a inexistir a pluralidade de sócios, quando o sócio remanescente requeira a transformação da sociedade em empresário individual, para evitar sua dissolução (art. 1.033, par. único). Incorporação, Fusão e Cisão das Sociedades Contratuais A incorporação de uma ou mais sociedades contratuais por outra deve ser aprovada por todas as sociedades envolvidas na operação, na forma estabelecida para os respectivos tipos societários, como, por exemplo, os quóruns de aprovação exigidos em cada sociedade (art. 1.116). A deliberação dos sócios da sociedade incorporada deverá aprovar as bases da operação e o projeto de reforma do ato constitutivo, aprovar esse ato e autorizar os seus administradores a praticar o que for necessário à CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB 2009 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA – AULA 03 www.pontodosconcursos.com.br 30 incorporação, inclusive, se for o caso, a subscrição em bens pelo valor da diferença que se verificar entre o ativo e o passivo. Na sociedade incorporadora, a deliberação dos sócios compreenderá a nomeação de peritos para a avaliação do patrimônio líquido da sociedade a ser incorporada (art. 1.117). Aprovados os atos da incorporação, a incorporadora declarará extinta a incorporada, e promoverá a respectiva averbação no registro próprio (art. 1.118). A fusão, como visto, determina a extinção das sociedades que se unem, para formar uma sociedade nova, que a elas sucederá em todos os direitos e obrigações (art. 1.119). A fusão será decidida por todas as sociedades que pretendem se unir, na forma estabelecida para os respectivos tipos societários (art. 1.120). Em reunião ou assembleia dos sócios de cada sociedade, será deliberada a fusão e a aprovação do projeto do ato constitutivo da nova sociedade, bem como o plano de distribuição do capital social. Após isso, serão nomeados os peritos para a avaliação do patrimônio da sociedade. Apresentados os laudos dos peritos, os administradores convocarão nova reunião ou assembleia dos sócios para tomar conhecimento deles, decidindo sobre a constituição definitiva da nova sociedade. Destaque-se que os sócios não poderão votar o laudo de avaliação do patrimônio da sociedade de que façam parte, apenas os das demais sociedades a serem fundidas (art. 1.120, §§ 1.º a 3.º). CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB 2009 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA – AULA 03 www.pontodosconcursos.com.br 31 Constituída a nova sociedade, os atos relativos à fusão devem ser inscritos no registro próprio da sede pelos administradores da nova sociedade (art. 1.121). Quanto à cisão das sociedades contratuais, o Código Civil não traz regras específicas sobre a matéria, devendo-se aplicar, no que couber, as regras da Lei 6.404/1976 referentes ao tema, que serão estudadas adiante. Direitos de Credores Anteriores A transformação da sociedade contratual não modificará nem prejudicará os direitos dos credores da sociedade (art. 1.115). Assim, por exemplo, se alguém for credor de uma sociedade em nome coletivo, cujos sócios têm responsabilidade ilimitada, e esta se transformar em uma sociedade limitada, a responsabilidade dos sócios permanecerá ilimitada em relação aos créditos do citado credor, que já existia antes da transformação, pois, do contrário, ele seria prejudicado quanto à possibilidade de receber seu crédito. Além disso, caso a sociedade transformada vá à falência, os credores preexistentes à transformação podem requerer que os efeitos incidentes sobre os sócios sejam os que eles sofreriam antes da transformação, com o fim de verem resguardada (os credores) a garantia do recebimento de seus créditos anteriores à transformação (art. 1.115, par. único). Por exemplo, se uma sociedade limitada vai à falência, os sócios respondem solidariamente pela integralização de todas as quotas não realizadas, suas ou não, caso o patrimônio social seja insuficiente para pagar os credores da sociedade (vimos isso na aula de limitadas). Supondo, agora, CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB 2009 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA – AULA 03 www.pontodosconcursos.com.br 32 que essa sociedade, antes de falir, tenha se transformado em uma companhia, não haverá mais a solidariedade pela integralização de todas as quotas, pois, nesta espécie societária, como vimos, o acionista se responsabiliza apenas pela integralização das próprias ações. Isso, por certo, é prejudicial aos direitos dos credores preexistentes, que, portanto, podem solicitar que a citada solidariedade dos sócios seja aplicada aos agora acionistas, para assegurar o pagamento dos seus créditos, mas apenas os anteriores à transformação. No caso de incorporação, fusão ou cisão, os credores anteriores a essas operações que se sentirem prejudicados terão noventa dias após a publicação dos atos da operação para promover judicialmente a sua anulação (art. 1.122). Além disso, caso a sociedade incorporadora, a resultante da fusão ou a cindida venham a falir, os credores anteriores poderão pedir a separação dos patrimônios, para o fim de serem os seus créditos pagos pelos bens das respectivas massas falidas (art. 1.122, § 3.º) (estudaremos os procedimentos da falência em aula própria). Veja estas questões da Esaf abordando os assuntos vistos até agora: (ESAF/AFTE/RN/2004-2005) As operações de fusão e incorporação de sociedades a) dependem de aprovação por todos os membros de cada uma das sociedades envolvidas. b) constituem formas de reorganizar as relações societárias. c) podem ser deliberadas por maioria desde que haja previsão contratual. d) facilitam a mudança dos tipos societários. CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB 2009 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA – AULA 03 www.pontodosconcursos.com.br 33 e) permitem a redução do capital social de qualquer das envolvidas no processo sem que os credores possam se opor. Gabarito: B A letra A está errada porque, embora as operações de fusão e incorporação devam ser aprovadas por todas as sociedades envolvidas, não necessariamente os quóruns de aprovação serão a unanimidade dos membros de cada uma das sociedades. Na limitada, por exemplo, exigem-se três quartos do capital social (art. 1.076, I, do CC/2002). Na companhia, metade do capital votante (art. 136, IV, da Lei 6.404/1976). A letra B é certa, pois a incorporação, a fusão e a cisão de sociedades reorganizam as relações societárias, alterando a composição do capital das sociedades, podendo inclusive alterar a natureza da responsabilidade dos sócios (limitada ou ilimitada), caso haja mudança de tipo societário no processo. A letra C é falsa, pois os quóruns estabelecidos expressamente em lei não podem ser alterados pelo contrato social, por exemplo, a aprovação de três quartos do capital para a incorporação ou a fusão da limitada (art. 1.076, I, do CC/2002). A letra D está errada porque as operações de fusão e incorporação não facilitam nem dificultam a mudança dos tipos societários. Essa modificação pode ocorrer pelas citadas transformações ou por simples transformação da sociedade. Por fim, a letra E é incorreta porque, nas operações societárias, oscredores anteriores que se sentirem prejudicados poderão promover judicialmente a anulação da operação. (ESAF/ANALISTA JURÍDICO/SEFAZ/CE/2006) No tocante à sociedade limitada, a) ela somente pode ser transformada em sociedade anônima. CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB 2009 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA – AULA 03 www.pontodosconcursos.com.br 34 b) somente pode fundir-se com outra sociedade limitada. c) não pode ser cindida, pois se trata de sociedade de pequeno porte econômico. d) uma vez aprovada a sua fusão com outra sociedade, o sócio cotista descontente pode dela se retirar, recebendo seus haveres. e) sua incorporação por uma sociedade anônima não faz desaparecer o modelo de responsabilidade original dos sócios da sociedade incorporada. Gabarito: D A letra A é falsa, pois a transformação da limitada pode ser em qualquer tipo de sociedade empresária. A letã B é errada, já que a fusão da limitada pode se dar com qualquer espécie societária. A letra C é incorreta, já que não há vedação à cisão da limitada, ainda que se trate de entidade de pequeno porte econômico. A letra D é o gabarito, pois a fusão deve ser decidida pelas sociedades que pretendem se unir, na forma estabelecida para os respectivos tipos societários (art. 1.120). No caso das limitadas, quando os sócios decidirem realizar a fusão da sociedade, o sócio que dissentiu terá o direito de retirar-se da sociedade (direito de recesso), nos trinta dias subsequentes à reunião, conforme o art. 1.077 do CC/2002. Pro fim, a letra E é falsa, pois a incorporação da limitada pela sociedade anônima altera o modelo de responsabilidade dos agora acionistas para o regramento da Lei 6.404/1976. Transformação das Sociedades por Ações CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB 2009 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA – AULA 03 www.pontodosconcursos.com.br 35 Vejamos agora as regras das operações societárias envolvendo as sociedades por ações. Os artigos citados a seguir são da Lei 6.404/1976. Compete privativamente à Assembleia Geral deliberar sobre transformação, fusão, incorporação e cisão da companhia (art. 122, VIII). Essa questão, inclusive, já foi cobrada pela Esaf: (ESAF/AFRF/AUDITORIA/2002) A deliberação sobre a transformação, fusão, incorporação e cisão da companhia, compete privativamente a) à Assembléia Geral. b) ao conselho Fiscal. c) à presidência da sociedade. d) ao conselho de Administração. e) à diretoria da empresa. Gabarito: A O gabarito é a letra A, segundo o art. 122, VIII, da Lei 6.404/1976. Também no caso de transformação envolvendo sociedades por ações, a operação deverá obedecer aos preceitos que regulam a constituição e o registro do tipo a ser adotado pela sociedade (art. 220, par. único). A transformação exige o consentimento unânime dos sócios ou acionistas, salvo se já estiver prevista no estatuto ou no contrato social, caso em que o sócio dissidente terá o direito de retirar-se da sociedade. Os sócios de sociedade contratual podem renunciar previamente ao direito de retirada, no caso de transformação da sociedade em companhia, desde que o façam no próprio contrato social (art. 221). CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB 2009 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA – AULA 03 www.pontodosconcursos.com.br 36 Assim como ocorre com as sociedades contratuais, também a transformação envolvendo sociedade por ações não poderá prejudicar os direitos dos credores anteriores, que continuarão, até o pagamento integral dos seus créditos, com as mesmas garantias que o tipo anterior de sociedade lhes oferecia (art. 222). Também se aplica aqui a regra de que a falência da sociedade transformada produzirá os efeitos do tipo societário anterior, em relação aos atuais sócios, sempre que o pedirem os titulares de créditos anteriores à transformação, sendo que o referido pedido somente beneficiará esses credores, em relação a esses créditos (art. 222, par. único). Incorporação, Fusão e Cisão das Sociedades por Ações As operações de incorporação, fusão e cisão da companhia exigem a aprovação de acionistas que representem metade, no mínimo, das ações com direito a voto, se maior quórum não for exigido pelo estatuto, no caso de companhia fechada (art. 136, IV e IX). A aprovação dessas operações dá ao acionista dissidente o direito de retirada, que será feito mediante o reembolso do valor de suas ações (arts. 137 e 45). Todavia, no caso de incorporação ou fusão, o acionista não terá esse direito se suas ações tiverem liquidez e dispersão no mercado (art. 137, II). Já no caso de cisão, somente haverá direito de retirada se a operação implicar (art. 137, III): CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB 2009 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA – AULA 03 www.pontodosconcursos.com.br 37 - mudança do objeto social (exceto se a atividade preponderante da nova sociedade coincidir com a atividade decorrente do objeto social da cindida); - redução do dividendo obrigatório; ou - participação em grupo de sociedades. Quanto ao primeiro caso (mudança do objeto social), imagine, por exemplo, uma sociedade cujo objeto seja o comércio de equipamentos eletrônicos. As atividades decorrentes desse objeto são a compra e venda desses equipamentos, bem como a manutenção e o reparo dos mesmos. Essa sociedade resolve fazer a cisão de seu patrimônio, com a transferência do patrimônio para uma sociedade cujo objeto é a manutenção e reparo de equipamentos eletrônicos. Havendo um acionista que não aprove a operação (dissidente), ele não terá o direito de retirada, pois, apesar de ter havido mudança do objeto social, a atividade preponderante da nova sociedade coincide com a atividade decorrente do objeto social da sociedade cindida. A incorporação, a fusão ou a cisão envolvendo sociedades por ações podem ser operadas entre sociedades de tipos iguais ou diferentes e deverão ser deliberadas na forma prevista para a alteração dos respectivos estatutos ou contratos sociais (art. 223). Havendo criação de novas sociedades, devem ser observadas as normas reguladoras da constituição das sociedades do respectivo tipo (art. 223, § 1.º). Os sócios das sociedades incorporadas, fundidas ou cindidas receberão diretamente da sociedade emissora (a que recebe o patrimônio) as ações ou quotas que lhes couberem (art. 223, § 2.º). Se a sociedade a ser incorporada, fundida ou cindida for uma companhia aberta e as sociedades que a sucederem não o forem, CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB 2009 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA – AULA 03 www.pontodosconcursos.com.br 38 qualquer acionista terá o direito de retirar-se da companhia, mediante o reembolso do valor das suas ações. Além disso, mesmo sendo aberta, a sociedade sucessora deve obter o respectivo registro e, se for o caso, promover a admissão de negociação das novas ações no mercado secundário em até 120 dias, contados da data da Assembleia Geral que aprovou a operação, observadas, ainda, as pertinentes normas da CVM. Se tudo isso não ocorrer no citado prazo, o acionista também terá direito de retirada, a ser exercido em até trinta dias do término do prazo de 120 dias, sob pena de decadência desse direito (art. 223, §§ 3.º e 4.º). As condições da incorporação, da fusão ou da cisão com incorporação em sociedade existente deverão constar de protocolo firmado pelos órgãos de administração ou pelos sócios das sociedades interessadas, incluindo todas as condições a que estiver sujeita a operação (art. 224 – dê uma lida nos incisos desse artigo). Essas operações devem ser sujeitas, ainda, à deliberação da Assembleia Geral das companhias interessadas, mediante justificação,que exporá (art. 225): - os motivos ou fins da operação e o interesse da companhia na sua realização; - as ações que os acionistas preferenciais receberão e as razões para a modificação dos seus direitos, se prevista; - a composição, após a operação, do capital das companhias que deverão emitir ações em substituição às que serão extintas; - o valor de reembolso das ações a que terão direito os acionistas dissidentes. CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB 2009 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA – AULA 03 www.pontodosconcursos.com.br 39 Nos casos de incorporação ou fusão, o prazo para exercício do direito de retirada do acionista dissidente da operação será contado a partir da publicação da ata que aprovar o protocolo ou a justificação, mas o pagamento do preço de reembolso somente será devido se a operação vier a efetivar-se (art. 230). A efetivação das operações de incorporação, fusão e cisão dependem da avaliação do patrimônio a ser transferido para o capital social das sociedades sucessoras por peritos devidamente nomeados pela Assembleia Geral. As operações somente poderão ser efetivadas nas condições aprovadas se os peritos determinarem que o valor do patrimônio a ser vertido (transferido) é, ao menos, igual ao montante do capital a realizar nas sociedades sucessoras (art. 226), pois, do contrário, não haveria bens suficientes para a integralização do capital subscrito. Eis uma questão da Esaf sobre o assunto: (ESAF/AFRF/AUDITORIA/2003) É fator condicional para a efetivação das condições aprovadas, de operação de fusão se os peritos nomeados determinarem que o valor dos patrimônios líquidos vertidos para a formação do novo capital social seja: a) inferior a 20% do capital preferencial das empresas envolvidas. b) pelo menos, igual ao montante do capital a realizar. c) no máximo 50% do capital ordinário anterior de cada uma das empresas. d) inferior ao total do capital preferencial anterior de cada uma das empresas. e) totalmente integralizado e superior a 50% do capital ordinário. CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB 2009 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA – AULA 03 www.pontodosconcursos.com.br 40 Gabarito: B A letra B é o gabarito, segundo o art. 226, caput, da Lei 6.404/1976. As ações ou quotas do capital da sociedade a ser incorporada, fundida ou cindida que forem de propriedade da sociedade incorporadora, resultante da fusão ou da cisão (no caso de a sucessora ser sócia da sucedida) poderão, conforme dispuser o protocolo de incorporação, ser extintas ou substituídas por ações em tesouraria da incorporadora. O limite de ações em tesouraria, nesse caso, será o montante dos lucros acumulados e das reservas, exceto a reserva legal (art. 226, §§ 1.º e 2.º). A CVM estabelecerá normas especiais de avaliação e contabilização aplicáveis às operações de fusão, incorporação e cisão que envolvam companhia aberta (art. 226, § 3.º). Na incorporação, a Assembleia Geral da sociedade incorporadora deve aprovar o protocolo da operação e autorizar o aumento de capital a ser subscrito e realizado pela incorporada mediante versão do seu patrimônio líquido, bem como nomear os peritos que avaliarão esse patrimônio (art. 227, § 1.º). A sociedade a ser incorporada também deve aprovar o protocolo da operação e autorizar seus administradores a praticarem os atos necessários à incorporação, inclusive a subscrição do aumento de capital da incorporadora (art. 227, § 2.º). Após a aprovação do laudo de avaliação e da incorporação pela Assembleia Geral da incorporadora, a incorporada restará extinta (art. 219, II), competindo à incorporadora promover o arquivamento e a publicação dos atos da incorporação (art. 227, § 3.º). CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB 2009 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA – AULA 03 www.pontodosconcursos.com.br 41 Na operação de fusão, a Assembleia Geral de cada sociedade deve aprovar o protocolo de fusão e nomear os peritos que avaliarão os patrimônios líquidos das demais sociedades (art. 228, § 1.º). Em outras palavras, na fusão, uma sociedade não pode nomear os peritos que avaliarão seu próprio patrimônio. Após a apresentação dos laudos, os administradores convocarão os sócios ou acionistas das sociedades para uma Assembleia Geral, em que todos tomarão conhecimento desses documentos e resolverão sobre a constituição definitiva da nova sociedade, sendo vedado aos sócios ou acionistas votar o laudo de avaliação do patrimônio líquido da própria sociedade de que fazem parte (art. 228, § 2.º). Constituída a nova companhia, seus primeiros administradores deverão promover o arquivamento e a publicação dos atos da fusão (art. 228, § 3.º). As sociedades que se fundiram restarão extintas (art. 219, II). Na cisão, a sociedade que absorver parcela do patrimônio da companhia cindida sucederá a esta nos respectivos direitos e obrigações relacionados no ato da cisão. No entanto, se houver extinção da sociedade cindida (cisão total – art. 219, II), também os direitos e obrigações desta não relacionados na cisão passarão à titularidade das sociedades que absorveram o patrimônio, na proporção dos patrimônios líquidos transferidos, pois, do contrário, restariam direitos e obrigações sem o respectivo sujeito titular, ao término da operação (art. 229, § 1.º). Na cisão com versão de parcela do patrimônio em sociedade nova, a operação será deliberada pela Assembleia Geral da entidade à vista da CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB 2009 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA – AULA 03 www.pontodosconcursos.com.br 42 justificação que incluirá as informações do protocolo. A Assembleia, após aprovar a justificação, nomeará os peritos que avaliarão a parcela do patrimônio a ser transferida e funcionará como Assembleia de constituição da nova sociedade (art. 229, § 2.º). Já a cisão com versão de parcela de patrimônio em sociedade já existente obedecerá às disposições sobre incorporação (artigo 229, § 3.º). Efetivada a cisão com extinção da cindida (cisão total), caberá aos administradores das sociedades que tiverem absorvido parcelas do seu patrimônio promover o arquivamento e publicação dos atos da operação. Por outro lado, se a cisão for parcial, esse dever caberá aos administradores da companhia cindida e da que absorver parcela do seu patrimônio (artigo 229, § 4.º). As ações integralizadas com parcelas de patrimônio da companhia cindida serão atribuídas a seus titulares, em substituição às extintas, na proporção das que possuíam (o que é a regra geral das operações societárias). No entanto, é possível que essa atribuição ocorra em proporção diferente, desde que haja aprovação de todos os titulares (unanimidade), inclusive das ações sem direito a voto (artigo 229, § 5.º). Resolva agora mais esta questão da Esaf sobre operações societárias envolvendo sociedades por ações: (ESAF/PROCURADOR DF/2007) A Lei Distrital n. 3.863/2006 autoriza a incorporação da Sociedade de Abastecimento de Brasília S.A. – SAB, às Centrais de Abastecimento do Distrito Federal S.A. – CEASA-DF, CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB 2009 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA – AULA 03 www.pontodosconcursos.com.br 43 ambas empresas públicas sob o controle do Distrito Federal. Com a finalização do processo de incorporação: a) a SAB irá desaparecer e a CEASA-DF terá um aumento do capital social equivalente ao patrimônio líquido da SAB. b) o Distrito Federal, na condição de acionista controlador, é responsável pessoalmente por todas as obrigações das empresas citadas. c) ocorrerá o vencimento antecipado das obrigações da SAB. d) a CEASA-DF irá ter seu controle alterado. e)tanto a Sociedade de Abastecimento de Brasília S.A. – SAB, quanto as Centrais de Abastecimento do Distrito Federal S.A. – CEASA-DF irão desaparecer dando origem a uma nova sociedade. Gabarito: A A letra está certa porque, no processo de incorporação, a sociedade incorporada (SAB) é extinta, mantendo-se apenas a incorporadora (CEASA- DF), cujo capital social é acrescido do valor do patrimônio líquido recebido da incorporada. A letra B é incorreta, pois os acionistas das companhias respondem sempre de forma subsidiária pelas obrigações da sociedade, em função do benefício de ordem. Além disso, como vimos, essa responsabilidade só existe quanto às ações ainda não integralizadas. A letra C é falsa porque a incorporação não acarreta o vencimento antecipado das obrigações da sociedade incorporada. Os prazos continuam correndo normalmente, sob a titularidade da incorporadora, que sucede a antiga sociedade em todos os direitos e obrigações. A letra D é errada, pois o controle acionário da sociedade incorporadora continuará a ser do Distrito Federal, principalmente porque a CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB 2009 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA – AULA 03 www.pontodosconcursos.com.br 44 incorporada também era por ele controlada. Por fim, a letra E é incorreta porque apenas a incorporada, e não a incorporadora, desaparece na operação de incorporação, não havendo o surgimento, tampouco, de nenhuma nova sociedade. Direitos de Credores Anteriores Na incorporação e na fusão, publicados os atos relativos à operação, o credor anterior por ela prejudicado terá 60 dias, a partir da publicação, poderá pleitear judicialmente a anulação da incorporação ou da fusão, sob pena de decadência (art. 232). Todavia, se a sociedade consignar a importância em pagamento, a ação de anulação ficará prejudicada (será extinta) (art. 232, § 1.º). Em se tratando de dívida ilíquida do credor (sujeita a apuração de seu valor), a sociedade poderá garantir a execução da dívida (geralmente por meio de caução em dinheiro), o que suspenderá a ação até o final da execução (art. 232, § 2.º). Ocorrendo, nos 60 dias a partir da publicação, a falência da sociedade incorporadora ou da sociedade nova (resultante da fusão), qualquer credor anterior terá o direito de pedir a separação dos patrimônios, para o fim de serem os créditos pagos pelos bens das respectivas massas falidas (art. 232, § 3.º). Na cisão total (com extinção da sociedade cindida), as entidades que absorverem parcelas do seu patrimônio responderão solidariamente pelas obrigações da sociedade extinta (art. 233). Já na cisão parcial, a cindida e as sociedades que absorveram parcelas do seu patrimônio responderão solidariamente pelas CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB 2009 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA – AULA 03 www.pontodosconcursos.com.br 45 obrigações anteriores à cisão (art. 233, 2.ª parte). Não obstante, o ato de cisão parcial poderá estipular que as sociedades que absorverem parcelas do patrimônio da companhia cindida serão responsáveis apenas pelas obrigações que lhes forem transferidas, sem solidariedade entre si ou com a companhia cindida. Nesse caso, qualquer credor anterior poderá se opor à estipulação, em relação ao seu crédito, desde que notifique a sociedade no prazo de 90 dias, a contar da data da publicação dos atos da cisão (art. 233, par. único). Havendo solidariedade, o credor da companhia extinta poderá cobrar seu crédito, pela integralidade, de qualquer das sociedades solidárias, independentemente da magnitude da parcela recebida. Efetuado o pagamento integral ao credor, a sociedade que pagou poderá se voltar regressivamente contra às demais, para haver para si as respectivas quotas- partes que deveriam ter sido honradas por elas. Finalmente, algumas regras relativas aos debenturistas, que também são credores da sociedade. A incorporação, a fusão ou a cisão da companhia emissora de debêntures em circulação dependerá da prévia aprovação dos debenturistas, reunidos em assembleia especialmente convocada com esse fim (art. 231). Será dispensada a aprovação pela assembleia se for assegurado aos debenturistas que o desejarem o resgate das debêntures de que forem titulares, durante o prazo mínimo de seis meses, a contar da data da publicação das atas das assembleias relativas à operação de incorporação, fusão ou cisão. No caso de cisão parcial, a sociedade cindida e suas sucessoras responderão solidariamente pelo resgate das debêntures (art. 231, §§ 1.º e 2.º). Veja esta questão da Esaf sobre o assunto: CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB 2009 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA – AULA 03 www.pontodosconcursos.com.br 46 (ESAF/AFTN/AUDITORIA/1998) Com relação às reorganizações societárias mediante os processos de incorporações, fusões ou cisões, podemos afirmar que todas as opções abaixo são corretas, exceto a) uma companhia emissora de debêntures em circulação ficará sempre obrigada à prévia autorização dos debenturistas sob pena de nulidade da incorporação, fusão ou cisão b) incorporação é a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que a sucede em todos os direitos e obrigações c) cisão é a operação pela qual a companhia transfere parcelas do seu patrimônio para uma ou mais sociedades, constituídas para esse fim, ou já existentes, extinguindo-se a companhia cindida, se houver versão de todo o seu patrimônio, e dividindo-se o seu capital, se parcial a versão d) interesses de natureza societária entre quotistas ou acionistas são fatores importantes a serem contemplados no processo de reorganização e) fusão é a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar sociedade nova, que as sucederá em todos os direitos e obrigações Gabarito: A Note que a questão pede que se assinale a alternativa falsa. A letra A é o gabarito, já que a aprovação dos debenturistas da companhia para a realização das operações de incorporação, fusão ou cisão poderá ser dispensada se lhes for assegurado o direito de resgate das suas debêntures, durante o prazo mínimo de seis meses, a contar da data da publicação das atas das assembleias relativas à operação. A letra B está certa, pois CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB 2009 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA – AULA 03 www.pontodosconcursos.com.br 47 apresenta a correta definição de incorporação. A letra C também traz a exata definição de cisão. A Letra D é correta, já que os interesses dos sócios são fatores que devem ser necessariamente considerados nas operações de reorganização societária, principalmente porque são eles mesmos que aprovarão ou não as mudanças. Por fim, a letra E apresenta a definição correta de fusão. Transformação das Sociedades Cooperativas A Lei 5.764/1971 não admite a transformação da sociedade cooperativa em outra espécie societária. Se ocorrer alteração de sua forma jurídica, a sociedade é dissolvida de pleno direito, conforme o art. 63, IV, da Lei. Assim, as operações societárias que podem ocorrer com a cooperativa são as de incorporação, fusão e cisão (esta chamada de desmembramento pela Lei), e, mesmo assim, apenas entre cooperativas, conforme veremos a seguir. Os artigos abaixo citados são da Lei 5.764/1971. Incorporação, Fusão e Cisão das Sociedades Cooperativas Pela fusão, duas ou mais cooperativas formam uma nova sociedade cooperativa (art. 57). A fusão determina a extinção das sociedades que se unem para formar a nova sociedade, a qual lhes sucederá nos direitos e obrigações (art. 58). Deliberada a fusão, cada cooperativa interessada indicará nomes para comporem uma comissão mista de estudos, que elaborará um relatório contendo
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