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Aula 03 AFRB 2009 DIREITO COMERCIAL

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Olá, amigo(a) concurseiro(a)! Hoje daremos início à Aula 03 de 
Direito Comercial para AFRFB 2009. Hoje veremos o restante do item 5 do 
edital: 
 
5. (...) Sociedade cooperativa. Operações societárias. 
Dissolução e liquidação de sociedades. 
 
Vamos lá! 
 
1 – SOCIEDADE COOPERATIVA 
 
Introdução 
 
As sociedades cooperativas são regidas pela Lei 5.764/1971, 
observadas as novas regras trazidas pelo Código Civil de 2002 (arts. 1.093 a 
1.096). No que a Lei for omissa, aplicam-se às cooperativas as disposições 
referentes às sociedades simples (art. 1.096 do CC/2002). Os dispositivos 
legais abaixo citados, em matéria de sociedade cooperativa, quando nada 
for dito, referem-se à Lei 5.764/1971 
 
As sociedades cooperativas são entidades destinadas ao 
desenvolvimento de atividades econômicas, em benefício comum dos 
seus sócios, sem fins lucrativos (art. 3.º da Lei). Seus membros se 
obrigam reciprocamente a contribuir com bens ou serviços para o exercício 
dessas atividades, com o intuito de prestação de auxílio e colaboração 
mútua entre eles. 
 
São sociedades de pessoas, com forma e natureza jurídica próprias, 
de natureza civil, não sujeitas a falência, constituídas para prestar 
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serviços aos associados (art. 4.º da Lei). São consideradas sociedade 
simples (art. 982, par. único, in fine, do CC/2002). O capital social será 
subdividido em quotas (ou quotas-partes), cujo valor unitário não poderá 
ser superior ao valor do salário mínimo (art. 24). 
 
Há uma diferença na doutrina entre cooperativismo e mutualidade. 
As mútuas são associações civis, ou seja, entidades sem fins econômicos, 
que se destinam ao estabelecimento de um fundo voluntário, formado pelas 
contribuições de todos os partícipes, a fim de se resguardarem de 
contingências diversas, como morte, acidente ou doença. Já as cooperativas, 
como dito acima, são sociedades constituídas por seus sócios para o 
desenvolvimento de determinada atividade econômica em benefício 
comum, embora sem fins lucrativos. Na verdade, no cooperativismo existe o 
elemento lucro, embora de forma secundária. Somente se não houvesse 
nenhum intuito econômico a cooperativa se transformaria em uma entidade 
de natureza puramente mutualística. 
 
A cooperativa, assim, é uma entidade que exerce atividade econômica 
sui generis, já que o objetivo primordial da sociedade não é o lucro, mas o 
auxílio e a colaboração mútua entre os sócios, que, podem, inclusive, 
contribuir apenas com serviços (art. 3.º). Não obstante, o lucro está 
presente, sob a forma de distribuição das chamadas sobras líquidas do 
exercício (art. 4.º, VII). Assim, a mutualidade é presente tanto nas 
mútuas como nas cooperativas, mas, nestas, há também o elemento 
econômico, que, no entanto, não deve prevalecer sobre a mutualidade, sob 
pena de a cooperativa se transmudar em uma sociedade em sentido estrito. 
 
A Lei 5.764/1971 bem demonstra a proximidade entre a cooperativa e 
as associações civis, quando, apesar de chamar a cooperativa de 
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sociedade, nomeia seus membros não de sócios, mas de associados (art. 
4.º). 
 
Em função das particularidades acima, é comum dizer que a 
cooperativa possui natureza mutualística. Veremos, no entanto, que o 
entendimento da Esaf parece ser o de que as cooperativas não são 
entidades mutualistas (mútuas) em sentido estrito (digo parece, porque a 
questão que cobrava tal entendimento acabou sendo anulada, conforme 
veremos abaixo). 
 
Na sociedade cooperativa, a responsabilidade dos sócios pode ser 
limitada ou ilimitada. No primeiro caso, o sócio responde somente pelo 
valor de suas quotas e pelo prejuízo verificado nas operações sociais, 
guardada a proporção de sua participação nas mesmas operações. No 
segundo, o sócio responde solidária e ilimitadamente pelas obrigações 
sociais (art. 1.095 do CC/2002). Em qualquer caso, prevalece o benefício 
de ordem, isto é, a responsabilidade do sócio perante terceiros somente 
poderá ser invocada depois de judicialmente exigida da cooperativa (art. 13 
da Lei). 
 
Disposições Constitucionais 
 
A Constituição Federal de 1988 (CF/88) traz algumas disposições 
importantes sobre as cooperativas. Diz a Carta Magna que a criação de 
cooperativas, na forma da lei, independe de autorização, sendo vedada 
a interferência estatal em seu funcionamento (art. 5.º, XVIII), dispositivo 
que acabou por revogar os arts. 17 e 18 da Lei 5.764/1971, que dispunham 
sobre a autorização governamental prévia para o funcionamento das 
cooperativas. 
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Embora independam de autorização para funcionar, as cooperativas 
devem efetuar o registro dos seus atos constitutivos no órgão competente, o 
que nos leva a um problema. É que, segundo o art. 32, II, a, da Lei 
8.934/1994 (Lei do Registro Público de Empresas Mercantis), o 
arquivamento dos atos da cooperativa deve ser feito na Junta Comercial, 
mas o art. 1.150 do CC/2002 estabelece que esse arquivamento deve ser 
realizado no Registro Civil das Pessoas Jurídicas (RJPJ), já que se trata 
de uma sociedade simples. Até hoje não se chegou a um consenso sobre 
qual regra deve prevalecer, a do CC/2002, por ser mais recente, ou a da Lei 
8.934/1994, por ser norma especial. Atualmente, tem sido aceito o registro 
da cooperativa em qualquer desses órgãos. 
 
Eis uma questão sobre o assunto: 
 
(CESPE/PROCURADOR DO ESTADO/PGE-AM/2004) Determinada 
sociedade cooperativa, que atue no ramo de prestação de serviços de 
informática, estará sujeita ao registro civil das pessoas jurídicas. 
Contudo, não obstante a sociedade ser de natureza simples, a lei 
determina que seus constitutivos sejam arquivados no registro público 
de empresas mercantis e atividades afins. 
 
Gabarito: Certo 
 
O item é correto, já que o art. 1.150 do CC/2002 estabelece que o 
arquivamento dos atos constitutivos das sociedades simples (entre as quais 
se insere a cooperativa) deve ser realizado no Registro Civil das Pessoas 
Jurídicas, ao passo que a Lei 8.934/1994 determina que o registro da 
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cooperativa deve se dar no Registro Público de Empresas Mercantis (Junta 
Comercial). 
 
A CF/88 diz também que cabe à lei complementar estabelecer normas 
gerais sobre o adequado tratamento tributário ao ato cooperativo 
praticado pelas sociedades cooperativas (art. 146, III, c). Atos cooperativos 
são os praticados entre as cooperativas e seus associados ou entre as 
cooperativas entre si, quando na qualidade de associados (veremos adiante 
que existem cooperativas de cooperativas), para a consecução dos objetivos 
sociais. O ato cooperativo não deve ser considerado operação de mercado, 
nem contrato de compra e venda de produto ou mercadoria (art. 79 da Lei). 
 
Ainda segundo a Lei Maior, a lei apoiará e estimulará o 
cooperativismo (art. 174, § 2.º) e o Estado favorecerá a organização da 
atividade garimpeira em cooperativas, levando em conta a proteção do 
meio ambiente e a promoção econômico-social dos garimpeiros (art. 174, § 
3.º). Essas cooperativas de garimpeiros terão prioridade na autorização ou 
concessão para pesquisa e lavra dos recursos e jazidas de minerais 
garimpáveis, nas áreas onde estejam atuando e naquelasestabelecidas pela 
União para o exercício da atividade de garimpagem, em forma associativa 
(arts. 174, § 4.º, e 21, XXV). 
 
Por fim, a Carta Magna reza que a política agrícola levará em conta, 
especialmente, entre outros fatores, o cooperativismo (art. 187, VI) e o 
Sistema Financeiro Nacional abrangerá as cooperativas de crédito (art. 
192). 
 
Características das Cooperativas 
 
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São características da sociedade cooperativa (art. 1.094 do CC/2002): 
 
- Variabilidade ou dispensa do capital social. A cooperativa é uma 
sociedade de capital variável, isto é, seu capital social pode ser 
aumentado ou diminuído, mediante adesão ou retirada de novos 
associados. Assim, havendo capital, ele será variável, sem necessidade 
de deliberação social para seu aumento ou redução. Frise-se, contudo, 
que os sócios podem contribuir apenas com serviços, situação em que 
a sociedade não terá capital social (ou fundo social, como parte da 
doutrina prefere chamar); 
- concurso de sócios em número mínimo necessário a compor a 
administração da sociedade, sem limitação de número máximo; 
- limitação do valor da soma de quotas do capital social que 
cada sócio poderá tomar; 
- intransferibilidade das quotas do capital a terceiros estranhos 
à sociedade, ainda que por herança, regra que demonstra ser a 
cooperativa uma sociedade de pessoas, o que, aliás, está expresso 
no art. 4.º da Lei 5.764/1971; 
- quórum, para a Assembleia Geral (AG) funcionar e deliberar, 
fundado no número de sócios presentes à reunião, e não no 
capital social representado; 
- direito de cada sócio a um só voto nas deliberações, tenha ou 
não capital a sociedade, e qualquer que seja o valor de sua 
participação; 
- distribuição dos resultados, proporcionalmente ao valor das 
operações efetuadas pelo sócio com a sociedade, podendo ser 
atribuído juro fixo ao capital realizado; 
- indivisibilidade do fundo de reserva entre os sócios, ainda que 
em caso de dissolução da sociedade. Segundo o art. 28, I, da Lei 
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5.764/1971, as cooperativas são obrigadas a constituir fundo de 
reserva destinado a reparar perdas e atender ao desenvolvimento de 
suas atividades, constituído com 10%, pelo menos, das sobras 
líquidas do exercício. 
 
As cooperativas possuem ainda as seguintes características (art. 4.º 
da Lei 5.764/1971) (perceba que muitas das características abaixo foram 
repetidas no art. 1.094 do CC/2002, acima descrito): 
 
- adesão voluntária, com número ilimitado de associados, salvo 
impossibilidade técnica de prestação de serviços, o que pode 
ocorrer, por exemplo, em caso de excessivo número de sócios; 
- variabilidade do capital social representado por quotas-partes; 
- limitação do número de quotas-partes do capital para cada 
associado, facultado, porém, o estabelecimento de critérios de 
proporcionalidade, se assim for mais adequado para o cumprimento 
dos objetivos sociais; 
- incessibilidade das quotas-partes do capital a terceiros 
estranhos à sociedade (sociedade de pessoas); 
- singularidade de voto, podendo as cooperativas centrais, 
federações e confederações de cooperativas, com exceção das que 
exerçam atividade de crédito, optar pelo critério da proporcionalidade 
(veremos esses tipos especiais de cooperativas à frente); 
- quórum para o funcionamento e deliberação da AG baseado no 
número de associados e não no capital; 
- retorno das sobras líquidas do exercício, proporcionalmente 
às operações realizadas pelo associado, salvo deliberação em 
contrário da AG; 
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- indivisibilidade dos fundos de reserva e de assistência técnica 
educacional e social (art. 28); 
- neutralidade política e indiscriminação religiosa, racial e 
social; 
- prestação de assistência aos associados, e, quando previsto nos 
estatutos, aos empregados da cooperativa; 
- área de admissão de associados limitada às possibilidades de 
reunião, controle, operações e prestação de serviços. 
 
Veja estas questões da Esaf sobre as cooperativas: 
 
(ESAF/JUIZ DO TRABALHO/TRT 7.ª REGIÃO/2005) A cooperativa: 
a) tem, por força legal, a natureza de sociedade simples, o que a 
impedirá de ser sócia de qualquer tipo societário e de prestar serviços, 
voltados ao atendimento de seus sócios, impossibilitando o exercício 
de uma atividade econômica comum. 
b) apresenta indivisibilidade do fundo de reserva entre os sócios, 
mesmo que haja dissolução da sociedade, para reforçar o patrimônio 
cooperativo e assegurar aos credores a integridade de seus créditos. 
c) impõe responsabilidade ao cooperado, que só poderá ser limitada. 
d) tem por característica a invariabilidade ou impossibilidade de 
dispensa do capital social, desde que estipulada no ato constitutivo. 
e) disciplinar-se-á em caso de omissão de lei especial pelos artigos 
986 a 996 do novo Código Civil, alusivos à sociedade em comum. 
 
Gabarito: B 
 
A letra A é errada, pois a cooperativa exerce uma atividade 
econômica, sem fins lucrativos, em proveito comum dos associados, além de 
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não haver impedimento à sua participação em outras sociedades. A letra B é 
correta porque a indivisibilidade do fundo de reserva entre os sócios, mesmo 
em caso de dissolução da sociedade, é uma das características da 
cooperativa, sendo o saldo desse fundo, após a liquidação, destinado ao 
Poder Público. A letra C é incorreta, já que, na sociedade cooperativa, a 
responsabilidade dos sócios pode ser limitada ou ilimitada. A letra D é falsa, 
pois é característica da sociedade cooperativa a variabilidade ou dispensa do 
capital social. E a letra E é errada porque, nas lacunas legislativas, as 
cooperativas regem-se pelas regras aplicáveis às sociedades simples. 
 
(ESAF/AFT/MTE/2006) As sociedades cooperativas: 
a) caracterizam-se por serem de natureza mutualística. 
b) têm capital fixo ou variável. 
c) não têm capital, pois usam os bens dos seus cooperados. 
d) são consideradas sociedades empresárias para todos os fins de 
direito. 
e) podem operar exclusivamente na atividade agrícola e agropecuária. 
 
Gabarito preliminar: B 
Gabarito definitivo: anulada 
 
A Esaf considerou a letra A inicialmente errada. Parece, assim, que, na 
visão dessa banca, as cooperativas não possuem natureza mutualística, 
conforme exposto anteriormente. A letra B foi inicialmente considerada 
correta, mas uma das características da cooperativa é a variabilidade de seu 
capital. Em função disso, esta opção está errada, o que provavelmente 
gerou a anulação da questão pela Esaf. Nada impede, contudo, que a letra A 
também tenha sido considerada defeituosa pela banca. A falta de 
justificativa pública da anulação da questão deixa-nos com essa incerteza. 
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Diante da situação, caso esse assunto seja cobrado no dia (natureza 
mutualística das cooperativas), recomendo olhar com atenção as demais 
opções para poder escolher a melhor resposta. 
 
A letra C é falsa, pois as cooperativas podem ter ou não capital. Não o 
terão se todos os associados contribuírem apenas com serviços para a 
formação da cooperativa. A letra D é errada, já que a cooperativa é uma 
sociedade simples. E a letra E é incorreta porque o objeto da cooperativa 
pode ser dasmais diversas naturezas, como de consumo, de crédito, de 
trabalho, agrícola, etc. 
 
(ESAF/PROCURADOR DF/2007.2) Desde Rochdale, na Inglaterra, as 
cooperativas singulares difundiram-se como um importante 
instrumento catalisador das condições econômicas e sociais de seus 
associados. A respeito dos aspectos societários das cooperativas no 
atual estágio do ordenamento brasileiro, assinale a opção correta. 
a) Para a constituição de uma cooperativa, é indispensável a 
participação de, no mínimo, 30 (trinta) associados. 
b) Nas cooperativas, cada sócio tem direito a um só voto, qualquer 
que seja o valor de sua participação. 
c) Conforme seu objeto, a sociedade cooperativa poderá ser 
empresária ou simples. 
d) Assim como as sociedades em geral, as cooperativas orientam-se 
pelo princípio da intangibilidade do capital social. 
e) O regime das cooperativas admite amplamente a alienação das 
participações dos associados. 
 
Gabarito: B 
 
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Apenas para explicar o enunciado, costuma-se dizer que a primeira 
cooperativa do mundo foi criada no Século XIX (1844), por tecelões 
ingleses, no bairro de Rochdale, em Manchester (Inglaterra), a qual 
forneceu ao mundo os fundamentos do cooperativismo moderno. Chamava-
se “Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale”. 
 
 Na questão acima, a letra A está errada porque o número mínimo de 
associados de uma cooperativa singular é de vinte pessoas físicas, conforme 
o art. 6.º, I, da Lei 5.764/1971 (veremos isso adiante). A letra B é o 
gabarito, já que é característica da cooperativa o direito de cada sócio a um 
só voto nas deliberações, tenha ou não capital a sociedade, e qualquer que 
seja o valor de sua participação. 
 
 A letra C é incorreta, pois a cooperativa é sempre uma sociedade 
simples. A letra D é falsa, já que, em função da variabilidade ou mesmo 
dispensa do capital social da cooperativa, não há como falar em princípio da 
intangibilidade do capital nesse tipo de entidade. De acordo com esse 
princípio, os sócios não podem receber dividendos ou outros valores em 
prejuízo do capital. Em outras palavras, o patrimônio líquido da entidade não 
pode ser reduzido abaixo do montante do capital social, em razão da 
distribuição de lucros e outros bens. Como o capital da cooperativa é 
variável, o citado princípio não é aplicável a essa espécie societária. 
Finalmente, a letra E está errada porque vigora na cooperativa o princípio da 
intransferibilidade das quotas do capital a terceiros estranhos à sociedade. 
 
A sociedade cooperativa funciona sob denominação integrada pelo 
vocábulo “cooperativa”, sendo vedado às cooperativas o uso da expressão 
“Banco”. (art. 1.159 do CC/2002 e art. 5.º da Lei). 
 
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Embora o art. 3.º da Lei 5.764/1971 fale em “contrato de sociedade 
cooperativa”, o ato constitutivo desse tipo de sociedade é o estatuto 
social, conforme consta, entre outros dispositivos, do art. 21 da Lei. Assim, 
trata-se de uma sociedade estatutária ou institucional. A cooperativa 
constitui-se por deliberação da Assembleia Geral n, os quais devem 
constar da respectiva ata, ou por instrumento público (art. 14). 
 
Classificação das Cooperativas 
 
As cooperativas podem se classificar de acordo com o objeto ou pela 
natureza das atividades desenvolvidas por elas ou por seus associados (art. 
10). Elas poderão adotar por objeto qualquer gênero de serviço, 
operação ou atividade (art. 5.º). Existem cooperativas de produtores, de 
consumo, de crédito, educacional, habitacional, de trabalho, etc. Serão 
consideradas mistas as cooperativas que apresentarem mais de um objeto 
de atividades (art. 10, § 2.º). 
 
A cooperativa de consumo, por exemplo, é formada por 
consumidores que adquirem, por meio da cooperativa, os bens e serviços de 
que necessitam, reduzindo custos pela eliminação do empresário varejista 
da cadeia econômica. Já a cooperativa de trabalho é constituída por 
trabalhadores de determinada área, para a melhoria de ganhos e condições 
de trabalho, por meio da realização de obras e serviços de forma coletiva, 
sem a figura de um patrão. 
 
As cooperativas de crédito, por sua vez, destinam-se, 
precipuamente, a prover, por meio da mutualidade, a prestação de serviços 
financeiros a seus associados, sendo-lhes assegurado o acesso aos 
instrumentos do mercado financeiro (art. 2.º da Lei Complementar 
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130/2009). Fornecem uma melhor administração dos recursos financeiros de 
seus sócios, inclusive com a prestação de serviços bancários em condições 
mais vantajosas. São consideradas instituições financeiras (art. 1.º da LC 
130/2009). 
 
As sociedades cooperativas podem ainda ser classificadas da seguinte 
forma (art. 6.º): 
 
- cooperativas singulares (cooperativas de 1.º grau): 
constituídas pelo número mínimo de vinte pessoas físicas (levando-
se em conta também as necessidades de composição da administração 
– art. 1.094, II, do CC/2002), sendo excepcionalmente permitida a 
admissão de pessoas jurídicas que tenham por objeto as mesmas ou 
correlatas atividades econômicas das pessoas físicas ou, ainda, 
aquelas sem fins lucrativos; 
- cooperativas centrais ou federações de cooperativas 
(cooperativas de 2.º grau): constituídas de, no mínimo, três 
cooperativas singulares, podendo, excepcionalmente, admitir 
associados individuais, salvo se se tratar de centrais e federações que 
exerçam atividades de crédito (art. 6.º, § 2.º); 
- confederações de cooperativas (cooperativas de 3.º grau): 
constituídas, pelo menos, de três federações de cooperativas ou 
cooperativas centrais, da mesma ou de diferentes modalidades. 
 
As cooperativas singulares se caracterizam pela prestação direta de 
serviços aos associados (art. 7.º). As cooperativas centrais e federações 
de cooperativas objetivam organizar, em comum e em maior escala, os 
serviços econômicos e assistenciais de interesse das filiadas, integrando e 
orientando suas atividades, bem como facilitando a utilização recíproca dos 
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serviços (art. 8.°). Já as confederações de cooperativas têm por objetivo 
orientar e coordenar as atividades das filiadas, nos casos em que o vulto dos 
empreendimentos transcender o âmbito de capacidade ou conveniência de 
atuação das centrais e federações (art. 9.º). 
 
Resolva agora esta questão sobre as cooperativas: 
 
(CESPE/EXAME DE ORDEM/OAB-PR/2008) Acerca das sociedades 
cooperativas, assinale a opção correta. 
A As cooperativas constituem sociedades de pessoas que se obrigam 
reciprocamente para o exercício de uma atividade econômica, sempre 
com o objetivo de lucro. 
B A lei determina que as sociedades cooperativas singulares sejam 
constituídas com o número mínimo de três pessoas físicas. 
C É ilícita a transferência das quotas do capital social das sociedades 
cooperativas a não-cooperado, ainda que seja por herança. 
D Nas sociedades cooperativas em que o cooperado possua mais de 
50% do capital social, é a ele conferido o direito de mais de um voto 
nas deliberações da sociedade. 
 
Gabarito: C 
 
 A letra A é errada porque as cooperativas não têm objetivo de lucro. A 
letra B é falsa, pois a Lei exige que as cooperativas singulares tenham o 
número mínimo de vinte associados pessoas físicas. A letra C é o gabarito, 
já que, nas cooperativas, é vedada a transferência das quotas do capital a 
terceirosestranhos à sociedade, ainda que por herança. Por fim, a letra D é 
incorreta porque cada sócio da cooperativa tem direito a apenas um voto 
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nas deliberações, independentemente do valor de sua participação na capital 
social. 
 
Sócios ou Associados 
 
A cooperativa deve assegurar aos seus sócios, associados ou, ainda, 
cooperados igualdade de direitos. Além disso, é defeso (vedado) à 
sociedade (art. 37): 
 
- remunerar quem agencie novos associados; 
- cobrar prêmios ou ágio pela entrada de novos associados, ainda que 
a título de compensação das reservas; 
- estabelecer restrições de qualquer espécie ao livre exercício dos 
direitos sociais. 
 
Frise-se ainda que não há vínculo empregatício (trabalhista, 
celetista) entre a cooperativa e seus sócios. O associado que aceitar e 
estabelecer relação de emprego com a cooperativa perderá o direito de 
votar e ser votado, até que sejam aprovadas as contas do exercício em 
que ele deixou o emprego (art. 31). Nada impede, contudo, a sociedade de 
contratar empregados para o desenvolvimento de suas atividades. 
 
Apesar de serem sociedades de pessoas, já que as quotas de capital 
não podem ser cedidas a terceiros estranhos à sociedade, o art. 29 da Lei 
estabelece que o ingresso nas cooperativas é livre a todos que desejarem 
utilizar os serviços prestados pela sociedade, desde que adiram aos 
propósitos sociais e preencham as condições estabelecidas no estatuto, 
salvo se houver impossibilidade técnica de prestação de serviços. Assim, os 
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associados não podem alienar suas quotas, mas terceiros podem ingressar 
na cooperativa, cumpridas as exigências do estatuto. 
 
A admissão dos associados poderá ser restrita, a critério do órgão 
normativo respectivo, às pessoas que exerçam determinada atividade ou 
profissão, ou estejam vinculadas a determinada entidade (art. 29, § 
1.º). Não poderão ingressar no quadro das cooperativas os agentes de 
comércio e empresários que operem no mesmo campo econômico da 
sociedade (art. 29, § 4.º). 
 
O desligamento do associado da cooperativa pode ocorrer das 
seguintes maneiras: 
 
- retirada a pedido, que a Lei chama de demissão (art. 32); 
- eliminação, em virtude de infração legal ou estatutária (art. 33). 
A diretoria da cooperativa tem o prazo de 30 dias para comunicar ao 
interessado a sua eliminação (art. 34), do que caberá recurso com 
efeito suspensivo à primeira Assembleia Geral (art. 34, par. único); 
e 
- exclusão, nos casos de dissolução do associado pessoa jurídica, 
morte ou incapacidade civil não suprida do associado pessoa 
física, ou por deixar o associado de atender aos requisitos 
estatutários de ingresso ou permanência na cooperativa (art. 35). 
 
A responsabilidade do associado perante terceiros, por 
compromissos da sociedade, perdura para os demitidos, eliminados ou 
excluídos até quando forem aprovadas as contas do exercício em que se deu 
o desligamento (art. 36). Caso tenha falecido, a responsabilidade passa aos 
seus herdeiros (art. 36, par. único). 
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Eis uma questão de concurso sobre os pontos acima: 
 
(CESPE/ANALISTA LEGISLATIVO/CÂMARA DOS DEPUTADOS/2002) 
Com relação às cooperativas de trabalho, julgue os itens a seguir. 
1 As cooperativas de mão-de-obra são criadas mediante contrato de 
sociedade entre pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir 
com bens ou serviços para o exercício de uma atividade econômica, de 
proveito comum, objetivando lucro. 
2 Como espécie societária típica, as cooperativas de mão-de-obra são 
sociedades civis que não se sujeitam à falência, constituídas para a 
prestação de serviços aos associados e que se particularizam em 
relação às demais sociedades, entre outras razões, pela adesão 
voluntária de seus membros e pelo rateio das sobras líquidas de forma 
proporcional às operações realizadas por seus associados, salvo 
deliberação em contrário a cargo da assembléia geral. 
3 As relações entre a cooperativa de mão-de-obra e seus associados 
são regidas pela CLT, salvo disposição contrária em seus estatutos. 
4 A demissão do trabalhador cooperado apenas pode ocorrer por 
infração legal ou estatutária, jamais a pedido do próprio trabalhador, 
observada a respectiva anotação no Livro de Matrícula, com a 
exposição do fato que a determinou. 
5 A responsabilidade do trabalhador cooperado perante terceiros, por 
compromissos da sociedade, perdura para os demitidos, eliminados ou 
excluídos até quando aprovadas as contas do exercício em que se deu 
o desligamento. 
 
Gabarito: E-C-E-E-C 
 
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O item 1 é errado, pois o contrato de sociedade cooperativa é 
celebrado entre pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir com 
bens ou serviços para o exercício de uma atividade econômica, de proveito 
comum, porém sem o objetivo de lucro (art. 3.º). O item 2 está certo, já 
que as cooperativas são sociedades de pessoas, com forma e natureza 
jurídica próprias, de natureza civil (atualmente: sociedades simples), não 
sujeitas a falência, constituídas para prestar serviços aos associados, 
distinguindo-se das demais sociedades pelas seguintes características, entre 
outras (art. 4.º): adesão voluntária, com número ilimitado de associados, 
salvo impossibilidade técnica de prestação de serviços; e retorno das sobras 
líquidas do exercício, proporcionalmente às operações realizadas pelo 
associado, salvo deliberação em contrário da Assembleia Geral. 
 
 O item 3 é falso porque não há vínculo celetista (relação de 
emprego) entre a cooperativa e seus associados. O item 4 é incorreto, pois a 
demissão do cooperado é o seu desligamento a pedido, sendo chamada de 
eliminação o desligamento do sócio da cooperativa por infração legal ou 
estatutária. Por fim, o item 5 é verdadeiro, já que, nos termos do art. 36 da 
Lei, a responsabilidade do associado perante terceiros, por compromissos da 
sociedade, perdura para os demitidos, eliminados ou excluídos até quando 
forem aprovadas as contas do exercício em que se deu o desligamento (art. 
36). 
 
Órgãos da Cooperativa 
 
A sociedade cooperativa possui os seguintes órgãos em sua estrutura: 
Assembleia Geral, Diretoria, Conselho de Administração e Conselho 
Fiscal. 
 
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Assembleia Geral 
 
 A Assembléia Geral dos associados (AG) é o órgão supremo da 
sociedade, dentro dos limites legais e estatutários, tendo poderes para 
decidir os negócios relativos ao objeto da sociedade e tomar as resoluções 
convenientes ao desenvolvimento e defesa desta, e suas deliberações 
vinculam a todos, ainda que ausentes ou discordantes (art. 38). A 
Assembleia Geral pode ser ordinária (AGO) ou extraordinária (AGE). 
 
A convocação da AG será feita pelo presidente, por qualquer dos 
órgãos de administração, pelo Conselho Fiscal ou por um quinto dos 
associados em pleno gozo dos seus direitos, se não forem atendidos em 
solicitação anterior de convocação da AG (art. 38, § 2.º). As deliberações na 
AG serão tomadas por maioria de votos dos associados presentes com 
direito de votar (maioria simples) (art. 38, § 3.º). 
 
A AGO se realizará anualmente nos três primeiros meses após o 
término do exercício social e deliberará sobre osseguintes assuntos (art. 
44): 
 
- prestação de contas dos órgãos de administração acompanhada 
de parecer do Conselho Fiscal: 
- destinação das sobras apuradas (deduzidas as parcelas para os 
fundos obrigatórios – art. 28) ou rateio das perdas decorrentes da 
insuficiência das contribuições para cobertura das despesas da 
sociedade; 
- eleição dos componentes dos órgãos de administração, do Conselho 
Fiscal e de outros, quando for o caso; 
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- fixação de honorários, gratificações e cédula de presença dos 
membros do Conselho de Administração ou da Diretoria e do Conselho 
Fiscal; 
- quaisquer assuntos de interesse social, excluídos os de 
competência exclusiva da AGE (ver adiante). 
 
Quanto aos assuntos acima, os membros dos órgãos de administração 
e fiscalização não poderão participar das votações referentes à prestação de 
contas e à fixação de honorários, gratificações e cédula de presença (art. 44, 
§ 1.º). 
 
No tocante à destinação das sobras apuradas e ao rateio das 
perdas, a Lei estabelece que as despesas da sociedade serão cobertas pelos 
associados mediante rateio na proporção direta da fruição de serviços 
(art. 80). No entanto, a cooperativa poderá, para melhor atender à 
equanimidade (igualdade) de cobertura das despesas da sociedade, 
estabelecer dois outros tipos de rateio (art. 80, par. único): 
 
- rateio das despesas gerais da sociedade entre todos os 
associados, em partes iguais, tenham ou não usufruído dos serviços 
por ela prestados durante o ano, conforme definido no estatuto; 
- rateio das sobras líquidas ou dos prejuízos do exercício, apenas 
entre os associados que tenham usufruído dos serviços durante 
o ano, de forma proporcional à respectiva utilização, excluídas as 
despesas gerais atendidas na forma do item anterior. 
 
Os prejuízos do exercício só serão rateados entre os associados depois 
de consumido os recursos do fundo de reserva (arts. 28, I, e 89). 
 
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A AGE realizar-se-á sempre que necessário e poderá deliberar sobre 
qualquer assunto de interesse da sociedade, desde que mencionado no 
edital de convocação (art. 45). É da competência exclusiva da AGE 
deliberar sobre os seguintes assuntos (art. 46): 
 
- reforma do estatuto; 
- fusão, incorporação ou desmembramento da sociedade; 
- mudança do objeto da sociedade; 
- dissolução voluntária da sociedade e nomeação de liquidantes; 
- contas do liquidante. 
 
São necessários os votos de dois terços dos associados presentes 
para tornar válidas as deliberações acima (art. 46, par. único). 
 
Diretoria e Conselho de Administração 
 
A sociedade será administrada por uma Diretoria ou Conselho de 
Administração, este composto exclusivamente de associados eleitos pela 
Assembleia Geral, com mandato nunca superior a quatro anos, sendo 
obrigatória, ao término da gestão, a renovação de, no mínimo, um terço 
do Conselho de Administração (art. 47). A Diretoria e o Conselho de 
Administração, assim, são os órgãos de administração da cooperativa. O 
estatuto poderá criar outros órgãos necessários à administração (art. 47, § 
1.º). Os membros dos órgãos de administração são os administradores. 
 
Os órgãos de administração podem contratar gerentes técnicos ou 
comerciais, que não pertençam ao quadro de associados, fixando-lhes as 
atribuições e salários (art. 48). 
 
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Conselho Fiscal 
 
A administração da sociedade será fiscalizada por um Conselho Fiscal 
(CF), constituído de três membros efetivos e três suplentes, todos 
associados, eleitos anualmente pela AG, sendo permitida a reeleição 
de apenas um terço dos seus componentes. Não podem fazer parte do CF, 
além dos inelegíveis para administradores (ver abaixo), os parentes dos 
diretores até o 2° grau, em linha reta ou colateral, bem como os parentes 
entre si até esse grau. O associado não pode exercer cumulativamente 
cargos nos órgãos de administração e de fiscalização. (art. 56). 
 
Administradores 
 
Os administradores não serão pessoalmente responsáveis pelas 
obrigações que contraírem em nome da sociedade, mas responderão 
solidariamente pelos prejuízos resultantes de seus atos, se procederem 
com culpa ou dolo (art. 49). Entretanto, neste último caso, se a sociedade 
ratificar os atos dos administradores ou deles tirar proveito, ela 
responderá pelos atos (art. 49, par. único). 
 
Caso o administrador participe de ato ou operação social em que se 
oculte a natureza da sociedade, ele poderá ser declarado pessoalmente 
responsável pelas obrigações contraídas em nome da sociedade, sem 
prejuízo das sanções penais cabíveis (art. 50). 
 
São inelegíveis para administradores, além das pessoas impedidas 
por lei, os condenados a pena que vede, ainda que temporariamente, o 
acesso a cargos públicos, os condenados por crime falimentar, de 
prevaricação, peita ou suborno, concussão ou peculato e, ainda, os 
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condenados por crime contra a economia popular, a fé pública ou a 
propriedade (art. 51). Também não podem compor uma mesma Diretoria ou 
Conselho de Administração, os parentes entre si até 2.º grau, em linha reta 
ou colateral (art. 51, par. único). 
 
Além disso, o diretor ou associado que, em qualquer operação, tenha 
interesse oposto ao da sociedade não pode participar das deliberações 
referentes a essa operação, cumprindo-lhe acusar o seu impedimento (art. 
52). 
 
A sociedade terá direito de ação contra os administradores, para 
promover sua responsabilidade, sem prejuízo da ação que também couber 
ao associado prejudicado (art. 54). 
 
Muito bem, caro(a) concurseiro(a), tratemos agora das operações 
societárias. 
 
2 – OPERAÇÕES SOCIETÁRIAS 
 
Introdução 
 
As operações societárias englobam a transformação, a 
incorporação, a fusão e a cisão de sociedades. O Código Civil traz o 
regramento aplicável às sociedades contratuais, a Lei 6.404/1976 dispõe 
sobre o assunto para as sociedades por ações e a Lei 5.764/1971 trata das 
operações societárias envolvendo as cooperativas. É importante ressaltar 
que, havendo ao menos uma sociedade por ações envolvida nas operações, 
as regras a serem seguidas são as da Lei 6.404/1976. Sendo as sociedades 
empresárias todas contratuais, o Código Civil será o diploma de regência. As 
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cooperativas, como veremos, somente podem realizar essas operações entre 
si, sem o envolvimento de outras formas societárias, com o que devem 
sempre seguir a Lei 5.764/1971. 
 
A Lei 6.404/1976 e o Código Civil trazem expressamente as definições 
dessas operações. A transformação é a operação pela qual a sociedade 
passa, independentemente de dissolução e liquidação, de um tipo 
societário para outro (art. 220 da Lei 6.404/1976) (falaremos sobre 
dissolução e liquidação à frente). Assim, uma companhia pode se 
transformar em uma sociedade limitada, uma limitada pode se transformar 
em uma sociedade em comandita simples, uma sociedade em nome coletivo 
pode se transformar em uma companhia, e assim por diante. Claro que, em 
qualquer caso, devem ser atendidos os respectivos requisitos legais 
referentes à nova espécie societária a ser adotada. A transformação da 
sociedade não afeta sua personalidade jurídica, isto é,não há criação nem 
extinção de sociedade. É apenas a mesma entidade, que se transforma de 
um tipo societário em outro. 
 
Eis uma questão sobre o tema: 
 
(CESPE/32.º EXAME DE ORDEM/OAB-RJ/2007) O ato de transformação 
importa na 
A sucessão dos direitos e obrigações de uma sociedade existente por 
outra sociedade recém-constituída. 
B obediência às normas de constituição e inscrição próprias do tipo em 
que a sociedade vai converter-se. 
C dissolução de uma sociedade por ações. 
D conversão de uma sociedade em massa falida. 
 
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Gabarito: B 
 
A letra A é errada porque, na transformação, não há sucessão de 
direitos e obrigações de uma sociedade por outra recém-constituída. Trata-
se da mesma sociedade, que apenas muda de tipo societário. A Letra B é 
correta, pois a transformação deve atender aos respectivos requisitos legais 
referentes à nova espécie societária a ser adotada. A letra C é falas, já que a 
transformação não implica dissolução da sociedade (desfazimento do 
contrato ou estatuto social – veremos esse assunto adiante). E a letra D é 
errada porque a transformação nada tem a ver com a falência da sociedade. 
 
A incorporação é a operação pela qual uma ou mais sociedades são 
absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e 
obrigações (art. 227 da Lei 6.404/1976 e art. 1.116 do CC/2002). A 
sucessão é fenômeno por meio do qual a sociedade sucessora passa a ser a 
titular dos direitos e obrigações que anteriormente eram da sociedade 
sucedida. Assim, a sociedade A pode ser incorporada (absorvida) pela 
sociedade B, que passará a ser titular dos direitos e obrigações de A 
(sucessora de A), enquanto esta restará extinta, embora não tenha havido 
dissolução nem liquidação. 
 
A fusão é a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para 
formar sociedade nova, que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações 
(art. 228 da Lei 6.404/1976 e art. 1.119 do CC/2002). Podem, por exemplo, 
a sociedade A e a sociedade B se fundirem, dando origem a uma nova 
sociedade C, que se tornará sucessora das anteriores (titular dos direitos e 
obrigações de A e B), ficando as sociedades primitivas A e B extintas, 
também sem dissolução nem liquidação. 
 
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Por fim, a cisão é a operação pela qual a sociedade transfere parcelas 
do seu patrimônio para uma ou mais sociedades, constituídas para 
esse fim ou já existentes, extinguindo-se a sociedade cindida (dividida), 
se houver versão de todo o seu patrimônio, ou dividindo-se o seu capital, se 
parcial a versão (art. 229 da Lei 6.404/1976). Por exemplo, a sociedade A 
pode ceder parcela de seu patrimônio (cisão parcial) para a sociedade B, já 
existente ou criada especialmente para esse fim. A cisão parcial ou 
desmembramento assemelha-se à incorporação, porém sem extinção da 
sociedade primitiva. A sociedade A pode também decidir transferir 
completamente seu patrimônio para as sociedades C e D, já existentes ou 
criadas para absorver o patrimônio de A (cisão total). Pode ainda a 
sociedade A ceder completamente seu patrimônio a uma sociedade E, 
constituindo a operação, nesse caso, uma verdadeira incorporação de A 
por E. 
 
A incorporação, a fusão e a cisão podem ocorrer entre tipos iguais ou 
diferentes de sociedades. Nada impede, por exemplo: a incorporação de 
uma limitada por uma companhia; a fusão de uma sociedade em nome 
coletivo em duas limitadas ou em uma limitada e uma sociedade em 
comandita simples; a transferência parcial do patrimônio de uma companhia 
para uma limitada (cisão parcial); etc. A exceção fica por conta das 
cooperativas, conforme citado. 
 
Os sócios das sociedades incorporadas, fundidas ou cindidas passam a 
ser sócios das sociedades recebedoras do patrimônio das sociedades 
anteriores, na proporção do patrimônio líquido transferido. 
 
Veja estas questões da Esaf sobre o assunto: 
 
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(ESAF/AUDITOR DO TESOURO MUNICIPAL/RECIFE/2003) As operações 
de reorganização societária como a incorporação, fusão ou a cisão 
caracterizam-se por: 
a) alterar as relações entre sociedade e credores. 
b) alterar a proporção em que os sócios participam do capital social. 
c) sucessão nas obrigações. 
d) modificação da estrutura societária. 
e) modificação tipológica em todas as hipóteses. 
 
Gabarito: C 
 
A letra A é errada porque as operações societárias não alteram as 
relações entre sociedades envolvidas e seus credores. Estes não podem ter 
seus direitos prejudicados pela operação (art. 1.115 do CC/2002). Por 
exemplo, os credores anteriores de uma sociedade em nome coletivo que se 
transforme em limitada poderão requerer que a responsabilidade dos sócios 
permaneça ilimitada, quanto aos créditos preexistentes à transformação. A 
letra B é incorreta, pois as operações societárias devem ser feitas com 
respeito à proporção de cada sócio no capital social. Por exemplo, se duas 
sociedades A e B, cujos capitais são, respectivamente, de R$ 100.000 e R$ 
50.000, se fundem em uma sociedade C, de capital equivalente a R$ 
150.000, as participações dos sócios de A devem corresponder a dois terços 
do capital de C (R$ 100.000), enquanto as dos sócios de B equivalerão a um 
terço (R$ 50.000), respeitando-se a proporcionalidade na fusão. 
 
A letra C está correta, pois na incorporação, na fusão e na cisão ocorre 
o fenômeno da sucessão dos direitos e obrigações da sociedade incorporada 
pela incorporadora, das sociedades fundidas pela resultante da fusão e da 
sociedade cindida pelas que receberam seu patrimônio. No caso da cisão 
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parcial, a sucessão será referente apenas aos direitos e obrigações que 
fizerem parte da parcela do patrimônio transferido. As letras D e E são falsas 
porque nas operações societárias pode haver ou não modificação de tipos 
societários (ex.: pode haver a fusão de duas limitadas em uma companhia, a 
incorporação de uma sociedade em nome coletivo por outra do mesmo tipo 
ou por uma comandita simples, etc.) 
 
(ESAF/PROCURADOR DF/2007.2/ADAPTADA) Julgue os itens abaixo. 
1 Transformação consiste na situação pela qual uma sociedade passa, 
independentemente de dissolução e liquidação, de um tipo para outro, 
como, por exemplo, quando deixa de ser por quotas de 
responsabilidade limitada para se transformar em sociedade por ações. 
2 Incorporação caracteriza-se quando uma ou mais empresas são 
absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e 
obrigações. 
3 Fusão é a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para 
formar uma entidade nova, que lhes sucederá em todos os direitos e 
obrigações. 
 
Gabarito: C-C-C 
 
Os itens de 1 a 3 são corretos, pois apresentam, respectivamente, as 
exatas definições de transformação, incorporação e fusão de sociedades. 
 
Vejamos agora as regras que regem as operações societárias das 
sociedades contratuais, constantes do Código Civil, diploma ao qual se 
referem os artigos citados a seguir. 
 
Transformação das Sociedades Contratuais 
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O ato de transformação das sociedades contratuais independe de 
dissolução ou liquidação da entidade e obedecerá aos preceitos 
reguladores da constituição e inscrição próprios do tipo em que asociedade vai se converter (art. 1.113). 
 
A transformação depende do consentimento de todos os sócios, salvo 
se prevista contrato, caso em que o dissidente poderá retirar-se da 
sociedade, aplicando-se, no silêncio do contrato social, o disposto no art. 
1.031 do Código, quanto às regras de resolução da sociedade em relação a 
um sócio (art. 1.114). 
 
Dois casos interessantes de transformação são: a do empresário 
individual que venha a admitir sócios, tornando-se uma sociedade 
empresária (art. 968, § 3.º); e a da sociedade empresária em que passe a 
inexistir a pluralidade de sócios, quando o sócio remanescente requeira a 
transformação da sociedade em empresário individual, para evitar sua 
dissolução (art. 1.033, par. único). 
 
Incorporação, Fusão e Cisão das Sociedades Contratuais 
 
A incorporação de uma ou mais sociedades contratuais por outra 
deve ser aprovada por todas as sociedades envolvidas na operação, na 
forma estabelecida para os respectivos tipos societários, como, por exemplo, 
os quóruns de aprovação exigidos em cada sociedade (art. 1.116). 
 
A deliberação dos sócios da sociedade incorporada deverá aprovar as 
bases da operação e o projeto de reforma do ato constitutivo, aprovar esse 
ato e autorizar os seus administradores a praticar o que for necessário à 
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incorporação, inclusive, se for o caso, a subscrição em bens pelo valor da 
diferença que se verificar entre o ativo e o passivo. Na sociedade 
incorporadora, a deliberação dos sócios compreenderá a nomeação de 
peritos para a avaliação do patrimônio líquido da sociedade a ser 
incorporada (art. 1.117). 
 
Aprovados os atos da incorporação, a incorporadora declarará extinta 
a incorporada, e promoverá a respectiva averbação no registro próprio (art. 
1.118). 
 
A fusão, como visto, determina a extinção das sociedades que se 
unem, para formar uma sociedade nova, que a elas sucederá em todos os 
direitos e obrigações (art. 1.119). A fusão será decidida por todas as 
sociedades que pretendem se unir, na forma estabelecida para os 
respectivos tipos societários (art. 1.120). 
 
Em reunião ou assembleia dos sócios de cada sociedade, será 
deliberada a fusão e a aprovação do projeto do ato constitutivo da nova 
sociedade, bem como o plano de distribuição do capital social. Após isso, 
serão nomeados os peritos para a avaliação do patrimônio da sociedade. 
Apresentados os laudos dos peritos, os administradores convocarão nova 
reunião ou assembleia dos sócios para tomar conhecimento deles, decidindo 
sobre a constituição definitiva da nova sociedade. Destaque-se que os sócios 
não poderão votar o laudo de avaliação do patrimônio da sociedade de que 
façam parte, apenas os das demais sociedades a serem fundidas (art. 1.120, 
§§ 1.º a 3.º). 
 
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Constituída a nova sociedade, os atos relativos à fusão devem ser 
inscritos no registro próprio da sede pelos administradores da nova 
sociedade (art. 1.121). 
 
Quanto à cisão das sociedades contratuais, o Código Civil não traz 
regras específicas sobre a matéria, devendo-se aplicar, no que couber, as 
regras da Lei 6.404/1976 referentes ao tema, que serão estudadas adiante. 
 
Direitos de Credores Anteriores 
 
A transformação da sociedade contratual não modificará nem 
prejudicará os direitos dos credores da sociedade (art. 1.115). Assim, 
por exemplo, se alguém for credor de uma sociedade em nome coletivo, 
cujos sócios têm responsabilidade ilimitada, e esta se transformar em uma 
sociedade limitada, a responsabilidade dos sócios permanecerá ilimitada em 
relação aos créditos do citado credor, que já existia antes da transformação, 
pois, do contrário, ele seria prejudicado quanto à possibilidade de receber 
seu crédito. 
 
Além disso, caso a sociedade transformada vá à falência, os credores 
preexistentes à transformação podem requerer que os efeitos incidentes 
sobre os sócios sejam os que eles sofreriam antes da transformação, com 
o fim de verem resguardada (os credores) a garantia do recebimento de 
seus créditos anteriores à transformação (art. 1.115, par. único). 
 
Por exemplo, se uma sociedade limitada vai à falência, os sócios 
respondem solidariamente pela integralização de todas as quotas não 
realizadas, suas ou não, caso o patrimônio social seja insuficiente para pagar 
os credores da sociedade (vimos isso na aula de limitadas). Supondo, agora, 
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que essa sociedade, antes de falir, tenha se transformado em uma 
companhia, não haverá mais a solidariedade pela integralização de todas 
as quotas, pois, nesta espécie societária, como vimos, o acionista se 
responsabiliza apenas pela integralização das próprias ações. Isso, por 
certo, é prejudicial aos direitos dos credores preexistentes, que, portanto, 
podem solicitar que a citada solidariedade dos sócios seja aplicada aos agora 
acionistas, para assegurar o pagamento dos seus créditos, mas apenas os 
anteriores à transformação. 
 
No caso de incorporação, fusão ou cisão, os credores anteriores a 
essas operações que se sentirem prejudicados terão noventa dias após a 
publicação dos atos da operação para promover judicialmente a sua 
anulação (art. 1.122). Além disso, caso a sociedade incorporadora, a 
resultante da fusão ou a cindida venham a falir, os credores anteriores 
poderão pedir a separação dos patrimônios, para o fim de serem os seus 
créditos pagos pelos bens das respectivas massas falidas (art. 1.122, § 3.º) 
(estudaremos os procedimentos da falência em aula própria). 
 
Veja estas questões da Esaf abordando os assuntos vistos até agora: 
 
(ESAF/AFTE/RN/2004-2005) As operações de fusão e incorporação de 
sociedades 
a) dependem de aprovação por todos os membros de cada uma das 
sociedades envolvidas. 
b) constituem formas de reorganizar as relações societárias. 
c) podem ser deliberadas por maioria desde que haja previsão 
contratual. 
d) facilitam a mudança dos tipos societários. 
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e) permitem a redução do capital social de qualquer das envolvidas no 
processo sem que os credores possam se opor. 
 
Gabarito: B 
 
A letra A está errada porque, embora as operações de fusão e 
incorporação devam ser aprovadas por todas as sociedades envolvidas, não 
necessariamente os quóruns de aprovação serão a unanimidade dos 
membros de cada uma das sociedades. Na limitada, por exemplo, exigem-se 
três quartos do capital social (art. 1.076, I, do CC/2002). Na companhia, 
metade do capital votante (art. 136, IV, da Lei 6.404/1976). A letra B é 
certa, pois a incorporação, a fusão e a cisão de sociedades reorganizam as 
relações societárias, alterando a composição do capital das sociedades, 
podendo inclusive alterar a natureza da responsabilidade dos sócios 
(limitada ou ilimitada), caso haja mudança de tipo societário no processo. 
 
A letra C é falsa, pois os quóruns estabelecidos expressamente em lei 
não podem ser alterados pelo contrato social, por exemplo, a aprovação de 
três quartos do capital para a incorporação ou a fusão da limitada (art. 
1.076, I, do CC/2002). A letra D está errada porque as operações de fusão e 
incorporação não facilitam nem dificultam a mudança dos tipos societários. 
Essa modificação pode ocorrer pelas citadas transformações ou por simples 
transformação da sociedade. Por fim, a letra E é incorreta porque, nas 
operações societárias, oscredores anteriores que se sentirem prejudicados 
poderão promover judicialmente a anulação da operação. 
 
(ESAF/ANALISTA JURÍDICO/SEFAZ/CE/2006) No tocante à sociedade 
limitada, 
a) ela somente pode ser transformada em sociedade anônima. 
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b) somente pode fundir-se com outra sociedade limitada. 
c) não pode ser cindida, pois se trata de sociedade de pequeno porte 
econômico. 
d) uma vez aprovada a sua fusão com outra sociedade, o sócio cotista 
descontente pode dela se retirar, recebendo seus haveres. 
e) sua incorporação por uma sociedade anônima não faz desaparecer o 
modelo de responsabilidade original dos sócios da sociedade 
incorporada. 
 
Gabarito: D 
 
A letra A é falsa, pois a transformação da limitada pode ser em 
qualquer tipo de sociedade empresária. A letã B é errada, já que a fusão da 
limitada pode se dar com qualquer espécie societária. A letra C é incorreta, 
já que não há vedação à cisão da limitada, ainda que se trate de entidade de 
pequeno porte econômico. 
 
A letra D é o gabarito, pois a fusão deve ser decidida pelas sociedades 
que pretendem se unir, na forma estabelecida para os respectivos 
tipos societários (art. 1.120). No caso das limitadas, quando os sócios 
decidirem realizar a fusão da sociedade, o sócio que dissentiu terá o direito 
de retirar-se da sociedade (direito de recesso), nos trinta dias subsequentes 
à reunião, conforme o art. 1.077 do CC/2002. Pro fim, a letra E é falsa, pois 
a incorporação da limitada pela sociedade anônima altera o modelo de 
responsabilidade dos agora acionistas para o regramento da Lei 6.404/1976. 
 
Transformação das Sociedades por Ações 
 
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Vejamos agora as regras das operações societárias envolvendo as 
sociedades por ações. Os artigos citados a seguir são da Lei 6.404/1976. 
 
Compete privativamente à Assembleia Geral deliberar sobre 
transformação, fusão, incorporação e cisão da companhia (art. 122, VIII). 
Essa questão, inclusive, já foi cobrada pela Esaf: 
 
(ESAF/AFRF/AUDITORIA/2002) A deliberação sobre a transformação, 
fusão, incorporação e cisão da companhia, compete privativamente 
a) à Assembléia Geral. 
b) ao conselho Fiscal. 
c) à presidência da sociedade. 
d) ao conselho de Administração. 
e) à diretoria da empresa. 
 
Gabarito: A 
 
O gabarito é a letra A, segundo o art. 122, VIII, da Lei 6.404/1976. 
 
Também no caso de transformação envolvendo sociedades por ações, 
a operação deverá obedecer aos preceitos que regulam a constituição e o 
registro do tipo a ser adotado pela sociedade (art. 220, par. único). 
 
A transformação exige o consentimento unânime dos sócios ou 
acionistas, salvo se já estiver prevista no estatuto ou no contrato 
social, caso em que o sócio dissidente terá o direito de retirar-se da 
sociedade. Os sócios de sociedade contratual podem renunciar 
previamente ao direito de retirada, no caso de transformação da sociedade 
em companhia, desde que o façam no próprio contrato social (art. 221). 
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Assim como ocorre com as sociedades contratuais, também a 
transformação envolvendo sociedade por ações não poderá prejudicar os 
direitos dos credores anteriores, que continuarão, até o pagamento integral 
dos seus créditos, com as mesmas garantias que o tipo anterior de 
sociedade lhes oferecia (art. 222). 
 
Também se aplica aqui a regra de que a falência da sociedade 
transformada produzirá os efeitos do tipo societário anterior, em relação 
aos atuais sócios, sempre que o pedirem os titulares de créditos anteriores à 
transformação, sendo que o referido pedido somente beneficiará esses 
credores, em relação a esses créditos (art. 222, par. único). 
 
Incorporação, Fusão e Cisão das Sociedades por Ações 
 
As operações de incorporação, fusão e cisão da companhia exigem a 
aprovação de acionistas que representem metade, no mínimo, das ações 
com direito a voto, se maior quórum não for exigido pelo estatuto, no caso 
de companhia fechada (art. 136, IV e IX). 
 
A aprovação dessas operações dá ao acionista dissidente o direito 
de retirada, que será feito mediante o reembolso do valor de suas ações 
(arts. 137 e 45). Todavia, no caso de incorporação ou fusão, o acionista 
não terá esse direito se suas ações tiverem liquidez e dispersão no 
mercado (art. 137, II). Já no caso de cisão, somente haverá direito de 
retirada se a operação implicar (art. 137, III): 
 
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- mudança do objeto social (exceto se a atividade preponderante da 
nova sociedade coincidir com a atividade decorrente do objeto social 
da cindida); 
- redução do dividendo obrigatório; ou 
- participação em grupo de sociedades. 
 
Quanto ao primeiro caso (mudança do objeto social), imagine, por 
exemplo, uma sociedade cujo objeto seja o comércio de equipamentos 
eletrônicos. As atividades decorrentes desse objeto são a compra e venda 
desses equipamentos, bem como a manutenção e o reparo dos mesmos. 
Essa sociedade resolve fazer a cisão de seu patrimônio, com a transferência 
do patrimônio para uma sociedade cujo objeto é a manutenção e reparo de 
equipamentos eletrônicos. Havendo um acionista que não aprove a operação 
(dissidente), ele não terá o direito de retirada, pois, apesar de ter havido 
mudança do objeto social, a atividade preponderante da nova sociedade 
coincide com a atividade decorrente do objeto social da sociedade cindida. 
 
A incorporação, a fusão ou a cisão envolvendo sociedades por ações 
podem ser operadas entre sociedades de tipos iguais ou diferentes e 
deverão ser deliberadas na forma prevista para a alteração dos respectivos 
estatutos ou contratos sociais (art. 223). Havendo criação de novas 
sociedades, devem ser observadas as normas reguladoras da constituição 
das sociedades do respectivo tipo (art. 223, § 1.º). Os sócios das sociedades 
incorporadas, fundidas ou cindidas receberão diretamente da sociedade 
emissora (a que recebe o patrimônio) as ações ou quotas que lhes 
couberem (art. 223, § 2.º). 
 
Se a sociedade a ser incorporada, fundida ou cindida for uma 
companhia aberta e as sociedades que a sucederem não o forem, 
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qualquer acionista terá o direito de retirar-se da companhia, mediante o 
reembolso do valor das suas ações. Além disso, mesmo sendo aberta, a 
sociedade sucessora deve obter o respectivo registro e, se for o caso, 
promover a admissão de negociação das novas ações no mercado 
secundário em até 120 dias, contados da data da Assembleia Geral que 
aprovou a operação, observadas, ainda, as pertinentes normas da CVM. Se 
tudo isso não ocorrer no citado prazo, o acionista também terá direito de 
retirada, a ser exercido em até trinta dias do término do prazo de 120 dias, 
sob pena de decadência desse direito (art. 223, §§ 3.º e 4.º). 
 
As condições da incorporação, da fusão ou da cisão com incorporação 
em sociedade existente deverão constar de protocolo firmado pelos órgãos 
de administração ou pelos sócios das sociedades interessadas, incluindo 
todas as condições a que estiver sujeita a operação (art. 224 – dê uma lida 
nos incisos desse artigo). 
 
Essas operações devem ser sujeitas, ainda, à deliberação da 
Assembleia Geral das companhias interessadas, mediante justificação,que 
exporá (art. 225): 
 
- os motivos ou fins da operação e o interesse da companhia na sua 
realização; 
- as ações que os acionistas preferenciais receberão e as razões para a 
modificação dos seus direitos, se prevista; 
- a composição, após a operação, do capital das companhias que 
deverão emitir ações em substituição às que serão extintas; 
- o valor de reembolso das ações a que terão direito os acionistas 
dissidentes. 
 
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Nos casos de incorporação ou fusão, o prazo para exercício do direito 
de retirada do acionista dissidente da operação será contado a partir da 
publicação da ata que aprovar o protocolo ou a justificação, mas o 
pagamento do preço de reembolso somente será devido se a operação vier a 
efetivar-se (art. 230). 
 
A efetivação das operações de incorporação, fusão e cisão dependem 
da avaliação do patrimônio a ser transferido para o capital social das 
sociedades sucessoras por peritos devidamente nomeados pela Assembleia 
Geral. As operações somente poderão ser efetivadas nas condições 
aprovadas se os peritos determinarem que o valor do patrimônio a ser 
vertido (transferido) é, ao menos, igual ao montante do capital a 
realizar nas sociedades sucessoras (art. 226), pois, do contrário, não 
haveria bens suficientes para a integralização do capital subscrito. 
 
Eis uma questão da Esaf sobre o assunto: 
 
(ESAF/AFRF/AUDITORIA/2003) É fator condicional para a efetivação 
das condições aprovadas, de operação de fusão se os peritos 
nomeados determinarem que o valor dos patrimônios líquidos vertidos 
para a formação do novo capital social seja: 
a) inferior a 20% do capital preferencial das empresas envolvidas. 
b) pelo menos, igual ao montante do capital a realizar. 
c) no máximo 50% do capital ordinário anterior de cada uma das 
empresas. 
d) inferior ao total do capital preferencial anterior de cada uma das 
empresas. 
e) totalmente integralizado e superior a 50% do capital ordinário. 
 
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Gabarito: B 
 
A letra B é o gabarito, segundo o art. 226, caput, da Lei 6.404/1976. 
 
As ações ou quotas do capital da sociedade a ser incorporada, fundida 
ou cindida que forem de propriedade da sociedade incorporadora, resultante 
da fusão ou da cisão (no caso de a sucessora ser sócia da sucedida) 
poderão, conforme dispuser o protocolo de incorporação, ser extintas ou 
substituídas por ações em tesouraria da incorporadora. O limite de ações 
em tesouraria, nesse caso, será o montante dos lucros acumulados e das 
reservas, exceto a reserva legal (art. 226, §§ 1.º e 2.º). 
 
A CVM estabelecerá normas especiais de avaliação e 
contabilização aplicáveis às operações de fusão, incorporação e cisão que 
envolvam companhia aberta (art. 226, § 3.º). 
 
Na incorporação, a Assembleia Geral da sociedade incorporadora 
deve aprovar o protocolo da operação e autorizar o aumento de capital a 
ser subscrito e realizado pela incorporada mediante versão do seu 
patrimônio líquido, bem como nomear os peritos que avaliarão esse 
patrimônio (art. 227, § 1.º). A sociedade a ser incorporada também deve 
aprovar o protocolo da operação e autorizar seus administradores a 
praticarem os atos necessários à incorporação, inclusive a subscrição do 
aumento de capital da incorporadora (art. 227, § 2.º). 
 
Após a aprovação do laudo de avaliação e da incorporação pela 
Assembleia Geral da incorporadora, a incorporada restará extinta (art. 219, 
II), competindo à incorporadora promover o arquivamento e a publicação 
dos atos da incorporação (art. 227, § 3.º). 
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Na operação de fusão, a Assembleia Geral de cada sociedade deve 
aprovar o protocolo de fusão e nomear os peritos que avaliarão os 
patrimônios líquidos das demais sociedades (art. 228, § 1.º). Em outras 
palavras, na fusão, uma sociedade não pode nomear os peritos que 
avaliarão seu próprio patrimônio. 
 
Após a apresentação dos laudos, os administradores convocarão os 
sócios ou acionistas das sociedades para uma Assembleia Geral, em que 
todos tomarão conhecimento desses documentos e resolverão sobre a 
constituição definitiva da nova sociedade, sendo vedado aos sócios ou 
acionistas votar o laudo de avaliação do patrimônio líquido da própria 
sociedade de que fazem parte (art. 228, § 2.º). 
 
Constituída a nova companhia, seus primeiros administradores 
deverão promover o arquivamento e a publicação dos atos da fusão (art. 
228, § 3.º). As sociedades que se fundiram restarão extintas (art. 219, II). 
 
Na cisão, a sociedade que absorver parcela do patrimônio da 
companhia cindida sucederá a esta nos respectivos direitos e obrigações 
relacionados no ato da cisão. No entanto, se houver extinção da 
sociedade cindida (cisão total – art. 219, II), também os direitos e 
obrigações desta não relacionados na cisão passarão à titularidade das 
sociedades que absorveram o patrimônio, na proporção dos patrimônios 
líquidos transferidos, pois, do contrário, restariam direitos e obrigações sem 
o respectivo sujeito titular, ao término da operação (art. 229, § 1.º). 
 
Na cisão com versão de parcela do patrimônio em sociedade nova, a 
operação será deliberada pela Assembleia Geral da entidade à vista da 
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justificação que incluirá as informações do protocolo. A Assembleia, após 
aprovar a justificação, nomeará os peritos que avaliarão a parcela do 
patrimônio a ser transferida e funcionará como Assembleia de constituição 
da nova sociedade (art. 229, § 2.º). Já a cisão com versão de parcela de 
patrimônio em sociedade já existente obedecerá às disposições sobre 
incorporação (artigo 229, § 3.º). 
 
Efetivada a cisão com extinção da cindida (cisão total), caberá aos 
administradores das sociedades que tiverem absorvido parcelas do seu 
patrimônio promover o arquivamento e publicação dos atos da operação. Por 
outro lado, se a cisão for parcial, esse dever caberá aos administradores da 
companhia cindida e da que absorver parcela do seu patrimônio (artigo 229, 
§ 4.º). 
 
As ações integralizadas com parcelas de patrimônio da companhia 
cindida serão atribuídas a seus titulares, em substituição às extintas, na 
proporção das que possuíam (o que é a regra geral das operações 
societárias). No entanto, é possível que essa atribuição ocorra em 
proporção diferente, desde que haja aprovação de todos os titulares 
(unanimidade), inclusive das ações sem direito a voto (artigo 229, § 
5.º). 
 
Resolva agora mais esta questão da Esaf sobre operações societárias 
envolvendo sociedades por ações: 
 
(ESAF/PROCURADOR DF/2007) A Lei Distrital n. 3.863/2006 autoriza a 
incorporação da Sociedade de Abastecimento de Brasília S.A. – SAB, 
às Centrais de Abastecimento do Distrito Federal S.A. – CEASA-DF, 
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ambas empresas públicas sob o controle do Distrito Federal. Com a 
finalização do processo de incorporação: 
a) a SAB irá desaparecer e a CEASA-DF terá um aumento do capital 
social equivalente ao patrimônio líquido da SAB. 
b) o Distrito Federal, na condição de acionista controlador, é 
responsável pessoalmente por todas as obrigações das empresas 
citadas. 
c) ocorrerá o vencimento antecipado das obrigações da SAB. 
d) a CEASA-DF irá ter seu controle alterado. 
e)tanto a Sociedade de Abastecimento de Brasília S.A. – SAB, quanto 
as Centrais de Abastecimento do Distrito Federal S.A. – CEASA-DF irão 
desaparecer dando origem a uma nova sociedade. 
 
Gabarito: A 
 
A letra está certa porque, no processo de incorporação, a sociedade 
incorporada (SAB) é extinta, mantendo-se apenas a incorporadora (CEASA-
DF), cujo capital social é acrescido do valor do patrimônio líquido recebido 
da incorporada. A letra B é incorreta, pois os acionistas das companhias 
respondem sempre de forma subsidiária pelas obrigações da sociedade, em 
função do benefício de ordem. Além disso, como vimos, essa 
responsabilidade só existe quanto às ações ainda não integralizadas. A letra 
C é falsa porque a incorporação não acarreta o vencimento antecipado das 
obrigações da sociedade incorporada. Os prazos continuam correndo 
normalmente, sob a titularidade da incorporadora, que sucede a antiga 
sociedade em todos os direitos e obrigações. 
 
A letra D é errada, pois o controle acionário da sociedade 
incorporadora continuará a ser do Distrito Federal, principalmente porque a 
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incorporada também era por ele controlada. Por fim, a letra E é incorreta 
porque apenas a incorporada, e não a incorporadora, desaparece na 
operação de incorporação, não havendo o surgimento, tampouco, de 
nenhuma nova sociedade. 
 
Direitos de Credores Anteriores 
 
Na incorporação e na fusão, publicados os atos relativos à 
operação, o credor anterior por ela prejudicado terá 60 dias, a partir da 
publicação, poderá pleitear judicialmente a anulação da incorporação ou da 
fusão, sob pena de decadência (art. 232). Todavia, se a sociedade 
consignar a importância em pagamento, a ação de anulação ficará 
prejudicada (será extinta) (art. 232, § 1.º). Em se tratando de dívida 
ilíquida do credor (sujeita a apuração de seu valor), a sociedade poderá 
garantir a execução da dívida (geralmente por meio de caução em 
dinheiro), o que suspenderá a ação até o final da execução (art. 232, § 2.º). 
 
Ocorrendo, nos 60 dias a partir da publicação, a falência da sociedade 
incorporadora ou da sociedade nova (resultante da fusão), qualquer credor 
anterior terá o direito de pedir a separação dos patrimônios, para o fim 
de serem os créditos pagos pelos bens das respectivas massas falidas (art. 
232, § 3.º). 
 
Na cisão total (com extinção da sociedade cindida), as entidades que 
absorverem parcelas do seu patrimônio responderão solidariamente pelas 
obrigações da sociedade extinta (art. 233). 
 
Já na cisão parcial, a cindida e as sociedades que absorveram 
parcelas do seu patrimônio responderão solidariamente pelas 
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obrigações anteriores à cisão (art. 233, 2.ª parte). Não obstante, o ato de 
cisão parcial poderá estipular que as sociedades que absorverem parcelas do 
patrimônio da companhia cindida serão responsáveis apenas pelas 
obrigações que lhes forem transferidas, sem solidariedade entre si 
ou com a companhia cindida. Nesse caso, qualquer credor anterior 
poderá se opor à estipulação, em relação ao seu crédito, desde que notifique 
a sociedade no prazo de 90 dias, a contar da data da publicação dos atos da 
cisão (art. 233, par. único). 
 
Havendo solidariedade, o credor da companhia extinta poderá cobrar 
seu crédito, pela integralidade, de qualquer das sociedades solidárias, 
independentemente da magnitude da parcela recebida. Efetuado o 
pagamento integral ao credor, a sociedade que pagou poderá se voltar 
regressivamente contra às demais, para haver para si as respectivas quotas-
partes que deveriam ter sido honradas por elas. 
 
Finalmente, algumas regras relativas aos debenturistas, que também 
são credores da sociedade. A incorporação, a fusão ou a cisão da companhia 
emissora de debêntures em circulação dependerá da prévia aprovação dos 
debenturistas, reunidos em assembleia especialmente convocada com 
esse fim (art. 231). Será dispensada a aprovação pela assembleia se for 
assegurado aos debenturistas que o desejarem o resgate das debêntures 
de que forem titulares, durante o prazo mínimo de seis meses, a contar da 
data da publicação das atas das assembleias relativas à operação de 
incorporação, fusão ou cisão. No caso de cisão parcial, a sociedade cindida e 
suas sucessoras responderão solidariamente pelo resgate das debêntures 
(art. 231, §§ 1.º e 2.º). 
 
Veja esta questão da Esaf sobre o assunto: 
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(ESAF/AFTN/AUDITORIA/1998) Com relação às reorganizações 
societárias mediante os processos de incorporações, fusões ou cisões, 
podemos afirmar que todas as opções abaixo são corretas, exceto 
a) uma companhia emissora de debêntures em circulação ficará 
sempre obrigada à prévia autorização dos debenturistas sob pena de 
nulidade da incorporação, fusão ou cisão 
b) incorporação é a operação pela qual uma ou mais sociedades são 
absorvidas por outra, que a sucede em todos os direitos e obrigações 
c) cisão é a operação pela qual a companhia transfere parcelas do seu 
patrimônio para uma ou mais sociedades, constituídas para esse fim, 
ou já existentes, extinguindo-se a companhia cindida, se houver 
versão de todo o seu patrimônio, e dividindo-se o seu capital, se 
parcial a versão 
d) interesses de natureza societária entre quotistas ou acionistas são 
fatores importantes a serem contemplados no processo de 
reorganização 
e) fusão é a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para 
formar sociedade nova, que as sucederá em todos os direitos e 
obrigações 
 
Gabarito: A 
 
Note que a questão pede que se assinale a alternativa falsa. A letra A 
é o gabarito, já que a aprovação dos debenturistas da companhia para a 
realização das operações de incorporação, fusão ou cisão poderá ser 
dispensada se lhes for assegurado o direito de resgate das suas debêntures, 
durante o prazo mínimo de seis meses, a contar da data da publicação das 
atas das assembleias relativas à operação. A letra B está certa, pois 
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apresenta a correta definição de incorporação. A letra C também traz a 
exata definição de cisão. A Letra D é correta, já que os interesses dos sócios 
são fatores que devem ser necessariamente considerados nas operações de 
reorganização societária, principalmente porque são eles mesmos que 
aprovarão ou não as mudanças. Por fim, a letra E apresenta a definição 
correta de fusão. 
 
Transformação das Sociedades Cooperativas 
 
A Lei 5.764/1971 não admite a transformação da sociedade 
cooperativa em outra espécie societária. Se ocorrer alteração de sua forma 
jurídica, a sociedade é dissolvida de pleno direito, conforme o art. 63, IV, 
da Lei. Assim, as operações societárias que podem ocorrer com a 
cooperativa são as de incorporação, fusão e cisão (esta chamada de 
desmembramento pela Lei), e, mesmo assim, apenas entre cooperativas, 
conforme veremos a seguir. Os artigos abaixo citados são da Lei 
5.764/1971. 
 
Incorporação, Fusão e Cisão das Sociedades Cooperativas 
 
Pela fusão, duas ou mais cooperativas formam uma nova sociedade 
cooperativa (art. 57). A fusão determina a extinção das sociedades que se 
unem para formar a nova sociedade, a qual lhes sucederá nos direitos e 
obrigações (art. 58). 
 
Deliberada a fusão, cada cooperativa interessada indicará nomes para 
comporem uma comissão mista de estudos, que elaborará um relatório 
contendo

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