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SOCIOLOGIA POLÍTICA Professora Esp. Alessandra Domingues Gomes Professor Esp. Cleber Henrique Sanitá Kojo REITOR Prof. Ms. Gilmar de Oliveira DIRETOR DE ENSINO PRESENCIAL Prof. Ms. Daniel de Lima DIRETORA DE ENSINO EAD Prof. Dra. Geani Andrea Linde Colauto DIRETOR FINANCEIRO EAD Prof. Eduardo Luiz Campano Santini DIRETOR ADMINISTRATIVO Guilherme Esquivel SECRETÁRIO ACADÊMICO Tiago Pereira da Silva COORDENAÇÃO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza COORDENAÇÃO ADJUNTA DE ENSINO Prof. Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo COORDENAÇÃO ADJUNTA DE PESQUISA Prof. Ms. Luciana Moraes COORDENAÇÃO ADJUNTA DE EXTENSÃO Prof. Ms. Jeferson de Souza Sá COORDENAÇÃO DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal COORDENAÇÃO DOS CURSOS - ÁREAS DE GESTÃO E CIÊNCIAS SOCIAIS Prof. Dra. Ariane Maria Machado de Oliveira COORDENAÇÃO DOS CURSOS - ÁREAS DE T.I E ENGENHARIAS Prof. Me. Arthur Rosinski do Nascimento COORDENAÇÃO DOS CURSOS - ÁREAS DE SAÚDE E LICENCIATURAS Prof. Dra. Katiúscia Kelli Montanari Coelho COORDENAÇÃO DO DEPTO. DE PRODUÇÃO DE MATERIAIS Luiz Fernando Freitas REVISÃO ORTOGRÁFICA E NORMATIVA Beatriz Longen Rohling Caroline da Silva Marques Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante Eduardo Alves de Oliveira Jéssica Eugênio Azevedo Kauê Berto Marcelino Fernando Rodrigues Santos PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO André Dudatt Carlos Firmino de Oliveira Vitor Amaral Poltronieri ESTÚDIO, PRODUÇÃO E EDIÇÃO Carlos Eduardo da Silva DE VÍDEO Carlos Henrique Moraes dos Anjos Yan Allef FICHA CATALOGRÁFICA Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP G633s Gomes, Alessandra Domingues Sociologia política / Alessandra Domingues Gomes, Cleber Henrique Sanitá Kojo. Paranavaí: EduFatecie, 2023. 120 p. 1 . Sociologia política - Brasil. 2. Bem-estar social. 3. Elites (Ciênias sociais). I. Kojo, Cleber Henrique Sanitá. II. Centro Universitário UniFatecie. III. Núcleo de Educação a Distância. IV. Título. CDD:23.ed. 306.2 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9 /1577 As imagens utilizadas neste material didático são oriundas dos bancos de imagens Shutterstock e Google Imagens . 2023 by Editora Edufatecie. Copyright do Texto C 2023. Os autores. Copyright C Edição 2023 Editora Edufatecie. O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permitido o download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais. https://www.shutterstock.com/pt/ 3 AUTORES Professora Esp. Alessandra Domingues Gomes ● Licenciatura Plena em História – Unespar. ● Licenciatura Plena em Filosofia – Unimes. ● Licenciatura Plena em Pedagogia – Unimes. ● Licenciatura Plena em Letras/Português – Uniasselvi. ● Especialista em Educação Especial (Faculdade Integrada do Vale do Ivaí). ● Especialista em Educação Especial e Libras (Faculdade Integrada do Vale do Ivaí). ● Especialista em Gestão Educacional e organização pública (Faculdade Integrada do Vale do Ivaí). ● Especialista em Tutoria em EAD (Universidade Estadual de Londrina). Ampla experiência como docente da educação básica (Fundamental e Médio), Professora formadora e produtora de Materiais nas áreas de história, filosofia, sociologia e pedagogia. Link do currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/8765496270465438 http://lattes.cnpq.br/8765496270465438 4 Professor Esp. Cleber Henrique Sanitá Kojo ● Licenciatura Plena em História pela UNESPAR – FAFIPA, Paranavaí. ● Licenciatura Plena em Sociologia pela UNAR - Centro Universitário de Araras “Dr. Edmundo Ulson”. ● Licenciatura Plena em Pedagogia pela Unifatecie. ● Licenciatura Plena em Educação Física pela Unifatecie ● Especialista em História e Geografia pela Faculdade Integrada do Vale do Ivaí. ● Especialista em Gestão Escolar, Supervisão e Orientação pela ESAP - Faculdades Integradas do Vale do Ivaí. ● Especialista em Educação de Jovens e Adultos pela ESAP – Faculdades Integradas do Vale do Ivaí. ● Docente da educação básica (Fundamental e Médio) da SEED, PR. ● Docente do ensino superior na UniFatecie. ● Coordenador Pedagógico da educação básica (Médio) do Colégio Fatecie Premium. ● Coordenador de cursos da EAD UniFatecie. ● Supervisor de tutoria e Tutor da EAD UniFatecie. ● Produtor de livros e materiais para EAD. Ampla experiência como docente da educação básica (Fundamental e Médio), Pro- fessor de cursinhos pré-vestibulares em história e filosofia e prática docente na educação à distância. Link do currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/7716876167354361 http://lattes.cnpq.br/7716876167354361 5 Seja muito bem-vindo(a)! Sejam bem-vindos (as) ao nosso curso de Sociologia Política. A partir de agora partiremos para uma viagem no tempo para buscar nas nossas experiências históricas e algumas explicações para conhecermos os conceitos e os fatos históricos para constituição do mesmo no passado recente do Brasil. Em nosso ponto inicial da viagem sobre a sociologia política, abordaremos o concei- to básico do que é a sociologia política. Além de visualizar a Filosofia Política em Maquiavel. Um pensador que demonstra passo a passo de como se fazer a política. Seguiremos nosso estudo, identificando o conceito básico de Ciência Política. Por fim, terminaremos nosso capítulo conhecendo os conceitos de Políticas Públicas e Política Social. Na segunda unidade, nosso foco será o conceito de Elite e os pressupostos his- tóricos. Passaremos também pela definição de Elitismo. Conhecendo personagens como Gaetano Mosca, Vilfredo Pareto e Robert Michels. Que descortinarão nossos olhos sobre o tema proposto. Continuaremos nossa viagem apresentando a denúncia contra a Elite com uma forte crítica à elite liberal. Já na Unidade III, teremos como objetivo de conhecimento: o conceito de Estado e o bem-estar social, enfatizando seu compromisso com as políticas públicas. Seguiremos nosso estudo compreendendo a responsabilidade do Estado enquanto regulador e responsável pela economia e política nacional. Contextualizando o processo da dimensão da política enquanto órgão competente quanto às responsabilidades junto ao Estado de direito democrático. Então terminaremos o capítulo problematizando as questões que envolvem o bem-estar social e influência do neoliberalismo nas políticas públicas na sociedade contemporânea. Enfim, finalizaremos nossa aventura na Unidade IV com uma questão polêmica. Mas extremamente necessária no campo da sociologia política. Vale ressaltar que nesse mo- mento de nosso estudo, será necessário abandonar toda e qualquer ideologia existente em nossas entranhas, para que o processo de ensino e aprendizagem alcance seu objetivo. Vale ressaltar que abordaremos a Compreensão do Brasil Contemporâneo. Passando pelo Neoliberalismo de Fernando Henrique Cardoso e conhecendo o fenômeno chamado “Lu- lismo”. Seguiremos nossa viagem conhecendo a hegemonia e a nova classe média. Para que atrelado a isso, tudo possamos conhecer sobre as manifestações populares a partir de 2013. Debatendo, assim, se foi Impeachment ou Golpe? Por fim, faremos uma breve viagem na crise do Governo Dilma ao “Bolsonarismo”. Assim, chegaremos ao fim dessa viagem. Espero que seu horizonte de expectativas seja modificado e novos horizontes sejam acrescentados,uma vez que todos nós, brasilei- ros, necessitamos ter uma visão aberta, principalmente com fatos históricos, abandonado os achismos da fake News e das redes sociais. Muito obrigado e bom estudo! APRESENTAÇÃO DO MATERIAL SUMÁRIO 6 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Plano de Estudos • O que é Sociologia Política; • Filosofia Política de Maquiavel; • Ciência Política; • Políticas Públicas e Política Social; Objetivos da Aprendizagem • Conhecer o que é a sociologia política; • Apresentar a Filosofia Política em Maquiavel; • Identificar o conceito de Ciência Política; • Conhecer os conceitos de Políticas Públicas e Política Social. 1UNIDADEUNIDADESOCIOLOGIASOCIOLOGIAPOLÍTICA:POLÍTICA:CAMPOS ECAMPOS ECONCEITOSCONCEITOS Professor Esp. Cleber Rodrigues Sanitá Kojo 8 INTRODUÇÃO Seja muito bem-vindo(a) a nossa disciplina de Sociologia Política! Prezado (a) educando (a), sintam-se abraçados e cheios de entusiasmo para iniciar a nossa disciplina de Sociologia Política. Agora preste muita atenção, pois estamos iniciando um caminho repleto de conhe- cimento que você precisa compreender para o desenrolar do capítulo a seguir. A partir de agora, partimos para uma jornada em busca de definições e conceitos sobre a sociologia política. Vale ressaltar que esses conceitos básicos irão nortear toda nossa produção de conhecimento futuro. Logo após aprendermos o que é a sociologia política, partiremos para uma jornada buscando experiências históricas, e, conhecendo alguns pontos que envolvem a filosofia política de Nicolau Maquiavel e toda sua riqueza. Ainda, nesta unidade, vamos fazer uma viagem conhecendo o que é ciência política e suas definições de poder. Então, encerraremos nossa trilha de aprendizagem conhecendo os conceitos de políticas públicas e política social. Passando por todos os desafios para sua construção, seja pela luta de classes ou pelos desejos e vontades do homem. Desde já, muito obrigado e bom estudo! UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA: CAMPOS E CONCEITOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 Sempre quando pensamos em estudar a sociologia, somos direcionados a ima- ginar diretamente as entranhas que a compõem, e, assim, tentar entendê-la, para que possamos tratá-la como se fosse um corpo humano. Vale ressaltar que esse pensamento inicial sobre a sociologia é um conhecimento empírico que não pode ser descartado para análise da sociedade. Por isso, devemos elevá-la à categoria de ciência e se possível dividir “o corpo humano”, ou seja, separando-as em partes específicas para que ocorra a melhor compreensão da sociedade e que seja mapeado os possíveis problemas para que se apresente possíveis soluções. Podemos afirmar, então, que assim como na medicina, em que existem especia- listas para determinadas áreas, a sociologia também utiliza desse mecanismo para facilitar seu estudo. Então, a sociologia passa a ser dividida para seu melhor entendimento. Assim podemos destacar a importância da sociologia política para a evolução da sociedade. Pois é apenas uma parte dessa ciência que ajuda a desvendar a realidade de toda a sociedade. Mas o que é a sociologia política? Como ela surgiu? Podemos diferenciá-la de outros ramos da sociologia? É claro que sim. Assim, começamos nosso estudo distinguindo essa vertente da sociologia de ou- tras partes que a compõem. Pois existe uma grande diferença entre Sociologia Política e Sociologia da Política por exemplo. Essa diferença é expressada pela primeira vez no final da década de 1960 por Sartori (1969). No entanto, antes de apresentar essa diferença, iremos expressar um pouco melhor a importância do estudo da sociologia política. UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA: CAMPOS E CONCEITOS 2 O QUE É ASOCIOLOGIAPOLÍTICATÓPICO 9 Para compreendermos o aparecimento do nosso objeto de estudo que é a sociolo- gia política, vamos apresentar o termo “universo político”. Esse termo serve para explicar que a sociologia não vive só. Pois temos a ciência política, a filosofia política, a economia entre outras que vão justificar seu surgimento. Como assim? Talvez você se pergunte. Para explicar melhor, iremos expor o exemplo da economia, que se utiliza de instrumentos metódicos e científicos para aclarar as relações econômicas. Tornando-se transparente seu papel e expondo que as relações econômicas interferem na sociedade. A Filosofia da política também se torna importante para compreensão do papel político do cidadão. Assim, o indivíduo age de maneira coletiva e não individual para que não ocorra a quebra da ética exposta pela sociedade. Nasce também a ciência política que apresenta as relações de poder e suas vertentes. Assim, temos o aparecimento da sociologia política que vai estudar cada vez mais todas essas relações e assim apresentar a sociedade como é de fato e como pode evo- luir-se. Vale ressaltar que isso ocorrerá através dos métodos científicos que o cientista vai utilizar para comprovar seu objeto de estudo. Então, podemos afirmar que a junção dessas ciências ou disciplinas, vão formar nosso objeto de estudo, ou seja, a sociologia política. Podemos perceber a relação apre- sentada acima em Souza (2009): O que se passa quando duas disciplinas se aproximam para formar uma terceira e circunscrevem como objeto de estudo o universo de fatos já traba- lhados por outras abordagens? Isso ocorre com a Sociologia Política diante da Filosofia Política ou da Ciência Política. É preciso uma análise mais cui- dadosa para distinguir essas formas de produção de conhecimento sobre o universo político. (SOUZA, 2009, p. 08). No entanto, a sociologia política pode ser declarada que nasceu muito além des- sa ideia moderna citada acima, pois muito antes já havia pensadores que se debruçaram sobre a sociedade e seus desafios. Esses pensadores apresentavam suas ideias sobre os indivíduos, cidadãos, ou sobre a própria sociedade tribal. Vale ressaltar que podemos começar apresentando Aristóteles e sua filosofia política através da virtude humana e seus desafios. Além de apresentar a sociedade grega e a verdade da pólis. Então, a partir de avaliações morais e de suas observações, desenvolveu teoria e normas sociais. Pois ele vasculhou seus pensamentos analisando a sociedade natural, ou seja, família, escravidão e o cotidiano. Assim, percebemos a liderança do pai na família, submetendo sua mulher e filhos a suas regras, provendo o sustento da família. Já a escravidão é vista como algo natural na sociedade grega, em que temos os costumes e as relações sociais. UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA: CAMPOS E CONCEITOS 10 Por fim, a pólis é a junção de várias tribos que, por sua vez, movimenta a relação das famílias, escravos e cidadãos livres. Com isso nasce a necessidade de se criar cargos políticos, para se debater os problemas da sociedade. Temos a assembleia em que os cidadãos gregos (homense livres), passam a opinar e decidir os rumos da pólis. Inclusive ocorria cargos temporários e eletivos. Vale ressaltar que com isso temos governos que passam a ser avaliados entre os cidadãos. Alguns chamados de bons e outros de ruim, governos de poucos ou de muitos, entre outros. Assim Aristóteles passa a definir a “polítia”, entendendo a oligarquia (governo de poucos) e o que ele chama de democracia (demo: povo e cracia: governo). Podemos per- ceber isso logo abaixo quando Bobbio (1980), diz que: A politia é a fusão da oligarquia e da democracia. Agora que sabemos o que consiste uma e outra, podemos compreender melhor em que consiste essa fusão: é um regime em que a união dos ricos e dos pobres deveria remediar a causa mais importante de tensão em todas as sociedades. A luta dos que não possuem, contra os proprietários. É o regime mais propício para assegurar “a paz social”. (BOBBIO, 1980, p. 153). A explicação do professor italiano Bobbio, é uma grande definição da política de Aris- tóteles, em que ele utilizou-se dessa afirmação para exemplificar o início da filosofia política. Vale ressaltar que a filosofia política ajuda e muito na construção da sociologia política e Aristóteles nos fornece indícios para a construção dessa nova ciência. Mas o que os pensadores posteriores a Aristóteles contribuíram para essa construção? Podemos destacar essa resposta em Souza (2009) logo abaixo: O que esses pensadores fizeram foi imaginar, com rigor lógico, a origem do Estado e, a partir dessa construção abstrata, tiraram consequências sobre o exercício do poder numa sociedade que se quer livre e igual. O olhar desses filósofos estava voltado para um ”Estado” ideal. Construir uma abordagem abstrata, entretanto, não significa distanciar-se da realidade, e sim, estabele- cer com ela um diálogo fundado não na experiência, mas no raciocínio lógico dedutivo. (SOUZA, 2009, p. 9). Assim podemos afirmar que a filosofia política nasceu nas sociedades tribais e com Aristóteles, mas os pensadores que o sucederam passaram a acrescentar métodos e critérios de avaliação que construíram a futura sociologia política. Antes de apresentarmos novos pensadores que contribuíram para a construção da sociologia política, vamos dar um pulo no tempo cronológico e apresentar uma diferença que vai contribuir para o conceito moderno de sociologia política. Vale ressaltar que já comentamos acima sobre a diferença entre sociologia da política e sociologia política. No entanto, não nos aprofundamos no assunto para conhecermos a importância da filosofia política com Aristóteles. UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA: CAMPOS E CONCEITOS 11 A partir de agora conheceremos a grande diferença que (SARTORI, 1969) faz sobre a sociologia da política e a política. Mas a diferença não seria só o “da”? Espero que você se atente ao que vamos apresentar, logo abaixo, e procure refletir sobre o tema. Entendendo que a diferença é muito maior do que se pensa. Para iniciar nossa análise, vamos entender que quando utilizamos o termo “So- ciologia da Política”, estamos apresentando apenas uma pequena vertente da sociologia, como, por exemplo, sociologia da violência, Sociologia da educação, Sociologia do direito, até sociologia da religião. Vale destacar que é apenas uma vertente sem aprofundamento com métodos e investigações minuciosas como a sociologia política nos fornece. Assim, podemos afirmar que a sociologia política nos fornece uma relação direta com a ciência política, estabelecendo uma interligação metódica entre a Sociologia e a Política de fato. No entanto, Sartori (1969), não descarta as vertentes como a sociologia da política entre outras, pois nos apresenta que não existe superioridades entre elas, e, que a relação entre elas é de extrema importância para evolução política da sociedade. Podemos encontrar a importância de se saber diferenciar a sociologia política da sociologia política em Souza (2009), quando ele tenta explicar a visão de Sartori (1969) logo abaixo: Sartori enfatiza a necessidade de não confundir Sociologia Política com So- ciologia da Política, enfim, a tarefa de construir uma ciência interdisciplinar requer a superação da tentativa equivocada de reduzir a Sociologia Política a um subcampo da Sociologia. (SOUZA, 2009, p. 10). A partir do momento que entendemos a importância de se diferenciar a sociologia “da” política e sociologia política, passamos a entender a importância de se utilizar uma pesquisa metódica para classificarmos a política em si. Desde a política cotidiana com as relações humanas, até a política dos partidos, das lideranças, da democracia, ditadura entre outras formas de governo que envolvem a política dos partidos. Com isso, podemos definir a sociologia política como a responsável por analisar o cotidiano das sociedades, a participação dos cidadãos na sua construção. Além de compreender a função dos atores sociais, de sua participação, de seu envolvimento, de suas ideologias, do seu papel em si. Entendendo até mesmo a questão de dominação e dominados, público e privado, entre outros. Chegando assim à conclusão dessa divisão que não é só do termo “da”. Mas de uma questão muito ampla que encontramos em sociedades do passado e do presente. Aparecem muitos pensadores que transformam e somam na construção da sociologia política. Como Nicolau Maquiavel que conheceremos logo abaixo. UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA: CAMPOS E CONCEITOS 12 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 Para começar nossos estudos sobre Maquiavel, precisamos entender que ele é estudado em vários ramos da ciência, como história, filosofia, sociologia, até mesmo desta- cando a poesia, peças de teatro, entre outros setores da produção de conhecimento. No entanto, nesse determinado momento, vamos nos prender a sua filosofia polí- tica e a sua contribuição na sociologia política. Ressaltando ainda que dentro da filosofia política, temos momentos memoráveis e de grande importância nessa construção através de suas ideias, desde a questão de soberania, estado, república entre outras coisas. No entanto, utilizaremos como ponto de partida o início de sua jornada para com- pletarmos o caminho do processo de ensino-aprendizagem de maneira frutífera. Então, iniciaremos sua história de maneira dulcificada, apontando que o mesmo nasceu em Florença na Itália e tinha uma origem pobre, ou seja, sem meios financeiros para frequentar a alta classe em que se exerce a política. Com a ideia de dominante e dominado. Onde temos os detentores dos meios de produção e os operários em uma visão marxista simplificada. No entanto, o doce de sua história passa a ter um sabor amargo na visão humana e romantizada, mas um sabor menos açucarado na visão política. Pois Maquiavel demonstra desde cedo ser ambicioso politicamente. Conseguindo estabelecer relações com pessoas poderosas da sociedade. Atingiu seu ápice na política, tornando-se um político influente na flor da idade. Pois exercia o cargo de secretário da segunda chancelaria. UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA: CAMPOS E CONCEITOS 2 FILOSOFIAPOLÍTICA DEMAQUIAVELTÓPICO 13 Vale ressaltar que logo escreve sua obra mais conhecida e que por muitas vezes tem suas ideias reproduzidas no senso comum sem que as pessoas saibam que é dele. Esta obra foi o livro intitulado “O príncipe”. Esse livro apresenta suas ideias em relação à política, afirmando que não podemos nos guiar pela imposição divina e sim como uma ati- vidade comum aos homens, ou seja, uma atividade vivenciada por muitos e que é exercida através da coletividade. Maquiavel nos apresenta como visualizar a política, nos guiando a ir além da orga- nização do espaço público, afirmando que devemosver a coletividade e principalmente a ação política. Nicolau Maquiavel aponta que essa ação política humana deve ocorrer através de uma disputa, de um jogo político desprezando o caráter religioso que a sociedade medieval tanto se norteava. Vale ressaltar que para ele a ação política é o caminho para a efetivação do meio de convivência. Sustentando que essa ação política traz a ideia inovadora até então que é “lugar”, que seria a sociedade e “alguém” que seria o povo. Tão somente a ação política ocorre se “alguém” conviva em um “lugar”. Com isso, Maquiavel nos mostra a verdade concreta da sociedade. Verdade essa que podemos verificar logo abaixo: Aqui reside o caráter realista da política em Maquiavel, pois não se trata de falar sobre como a sociedade deve ser, mas de falar, antes de tudo, da socie- dade que existe. Por isso, é preciso conhecer a realidade, ou seja, a socieda- de que existe, e definir uma ação com base nisso. (ALMEIDA, 2015, p. 108). Então nos perguntamos: Como mostrar a realidade? Como demonstrar o papel do homem? Maquiavel por sua vez vai descortinando a relação política com sua filosofia, de- monstrando com sua obra “o Príncipe”, uma espécie de manual da política, que pode e consegue auxiliar o político a governar uma cidade e aplicar a ação política a um “lugar” como vimos acima. Ainda nos debruçando sobre o livro "O príncipe", percebemos que Maquiavel apre- senta a função do governante e como ele deve agir para ter sucesso em seu governo. Destaca que o Príncipe, o Rei, o Governante, deve analisar fatos históricos, acon- tecimentos do passado, e, com uma análise profunda, deve aproveitar o que deu certo e excluir o que deu errado como podemos perceber logo abaixo: Por isso, para qualquer príncipe governar bem o espaço coletivo, é preciso que ele se atenha aos fatos históricos e retire dessa observação as soluções que deram certo, fazendo o mesmo processo com as de insucesso. (ALMEI- DA, 2015, p. 111.). UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA: CAMPOS E CONCEITOS 14 A ideia maquiavélica apresentada acima demonstra que a ação política é capaz de suprir a vida coletiva em que o Rei deve conhecer o lugar em que vive nos mínimos detalhes, através de observação, de métodos. Somente depois dessa análise que o rei pode relacionar com acontecimentos passados. Assim, ele poderá compreender o que está acontecendo na atualidade de seu governo e então poderá agir para resolver problemas cotidianos do estado. Tanto problemas simples como os mais complexos. Maquiavel demonstra ainda em “seu manual político” que é algo que deve ser pensado pelos homens. Lembrando que os homens são repletos de desejos e vontades, que brigam, que lutam, que “competem entre si”. Por isso que a ação política deve ser calculada e as decisões do governante devem ser assertivas em relação à realidade do meio em que vive. Isso nos leva acreditar que o governante deve observar a vida ao seu redor e percebê-la como ela é de verdade, não ficar fechado em um mundo paralelo, para depois tomar decisões que demonstrem a realidade e não como ela poderia ser. Formando assim o estado como se deve ser. Afirmando ainda que não precisa de forças sobrenaturais para governar e sim a inteligência, a sabedoria por parte do governante. Para exemplificar melhor o que foi expressado acima, podemos utilizar o que Almei- da (2015) diz logo abaixo: Virtude no sentido de “boa luta”, que se faz com as mãos, que se trava no cotidiano e não carece de forças divinas e sobrenaturais, mas, antes de tudo, carece de conhecimento, determinação, astúcia e força. O Estado é aquilo que pode ser, mas as pessoas são o que são e, por isso, delas nascerá o Estado como atividade puramente humana. (ALMEIDA, 2015, p. 111.). Ferrari (2019) diz ainda que podemos dizer que o pensamento ideal de Maquiavel é a criação de um Estado forte em que precisa-se manter assim como não se questiona seus fins, pois seu interesse é objetivo. Assim, podemos afirmar que a soberania do estado e do governante deve ser o ponto alto do estado. Pois só se constrói um estado forte com um gover- nante forte que é capaz de manter-se à frente desse estado. Vale ressaltar ainda que pode ser utilizado de todas artimanhas para que isso ocorra, ou seja, “os fins justificam os meios”. Assim, Maquiavel separa de vez a ideia de moral e política para estar perfeitamente interligadas. Vale ressaltar que Maquiavel aplica a ideia de Estado para exemplificar o que podemos chamar de principados ou repúblicas afirmadas por ele. Mas qual a diferença de principados e república no Estado segundo Maquiavel? Tem muita diferença? UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA: CAMPOS E CONCEITOS 15 Podemos responder essa questão de maneira simples, analisando a obra “Dis- cursos sobre a primeira década de Tito Lívio”, de Maquiavel, podemos afirmar que nas Repúblicas, o povo decide seu destino. Já em sua obra “O Príncipe”, a república apresenta muitas normas que devem ser seguidas. Pois aqui, o autor analisa a república romana no geral e o de Florença. Para explicar a ideia do Principado, temos que entender que Maquiavel o divide em antigo e novo principado. Maquiavel afirma que o antigo já existia, ou seja, são passados de geração em geração de pai para filho, de rei para príncipe. Já os novos principados são tomados por líderes militares. Então, Maquiavel em sua obra “O Príncipe”, afirma que no principado antigo, não se precisa de conselhos, de um manual, pois o governo é estável. Agora se o líder militar acabou de tomar o principado ou deseja tomar um para si, precisa dessa orientação. Por isso, de sua obra. Assim, posso afirmar que na República o povo escolhe sua autonomia de vida, enquanto no principado, o príncipe decide pelo povo. Com tantas informações que Nicolau Maquiavel nos fornece sobre a política, enten- demos seu papel tanto na filosofia, na sociologia, na ciência política entre outros. Mas o que é Ciência Política? Como defini-la? Vamos responder essas questões? UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA: CAMPOS E CONCEITOS 16 Até o momento, estudamos a definição e conceitos de sociologia política e passamos por um grande pensador da política que é Nicolau Maquiavel. No entanto, nesse momento iremos nos desprender de pensadores, autores para respondermos o que é ciência política. Temos que entender que ao compararmos ideias de autores atuais podemos nos confundir sobre o que é ciência política. Ressaltando que alguns autores se posicionam politicamente de maneira variada, e algumas vezes de maneira polêmica. Por isso, vamos conhecer a ciência política, as teorias, ideias e não de determinadas pessoas. A partir de agora vamos responder às questões levantadas no fim do tópico anterior, ou seja, o que é Ciência Política? Podemos definir a Ciência Política como uma ciência social que estuda como fun- ciona a sociedade política, ou seja, estuda o poder e suas vertentes na sociedade. Vale ressaltar que essa Ciência estudou os acontecimentos políticos, os processos que levaram a determinados resultados. Podemos exemplificar melhor afirmando que a ciência política estuda o processo eleitoral, o que antecedeu ou aconteceu em determinada sociedade an- tes do pleito, estudo dos partidos políticos e suas características. Ocorre também a análise de diferentes governos de formas de governar. Para esclarecer um pouco mais a definição do tema, vou trazer para a atualidade alguns temas da política brasileira. UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA: CAMPOS E CONCEITOS 3 CIÊNCIAPOLÍTICA 17 Temos o Brasil Colônia em que a política era a exploração, ou seja, temos preten- sões políticas no Brasil, mas somos submissos a Portugal. Vale ressaltar que isso ocorre até a independência. A ciência política vai estudar como se formou a classe política no Brasil, quais os fatores que levaram à organização da independênciado Brasil. Como foi organizada a primeira assembleia constituinte do Brasil. Como se dividiu os políticos brasi- leiros. Como foi realizada a primeira constituição brasileira. Em seguida, no Brasil temos a Proclamação da República e a ciência política ana- lisa todos os fatores que a construíram e que a compõem. Por fim, podemos exemplificar a era Vargas, em que Getúlio criou as leis traba- lhistas, salário mínimo e ficou conhecido como o “Pai dos pobres”. Getúlio não podia mais disputar as eleições e indicou Dutra, desconhecido do povo ganhou as eleições com folga. Fez um governo catastrófico e Vargas voltou nos braços do povo. A Ciência política compara e analisa todos os fatores e assim consegue explicar o novo pai dos pobres posteriormente. Estamos falando do Lula, que também agrada pobres e ricos, indica alguém que não era conhecido e que ganha as eleições. Para não agradar um ou outro no momento bipolar que o Brasil vive, podemos citar a AIB (Ação Integralista Brasileira), que tinha o lema Deus, Pátria e Família e que pretendia praticar um governo de extrema direita. Alguns de seus passos são reproduzidos e Bolsonaro chega ao poder no Brasil. Enfim, Dias (2013) afirma que: A ciência política é uma ciência social que estuda o exercício, a distribuição e a organização do poder na sociedade. Como ciência social, procura estudar os fatos políticos, que envolvem tanto acontecimentos e processos políticos, como o comportamento político que se expressa concretamente na interação social. (DIAS, 2013, p. 01). A ciência política pensa concretamente em todos os fatores que relacionam o po- der. Assim, podemos afirmar que o conceito de política está ligado ao poder. Pois quem faz política quer o poder, seja para vantagem pessoal ou para realizar o bem coletivo como afirma Weber (2012): Todo homem, que se entrega à política, aspira ao poder, seja porque o con- sidere como instrumento a serviço da consecução de outros fins, ideais ou egoístas, seja porque deseje o poder ‘pelo poder’, para gozar do sentimento de prestígio que ele confere. (WEBER, 2012, p. 57). O poder está ligado aos desejos e vontades dos homens e está relacionado a acon- tecimentos sociais e produz uma espécie de hierarquia em que a sociedade se organiza. Já para haver a paz social, o poder precisa atingir o que podemos chamar de legitimidade, seja pela aceitação dos homens ou pelo uso da força, promovendo a dominação e a submissão. UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA: CAMPOS E CONCEITOS 18 Vale ressaltar que cada grupo social estabelece sua forma de poder. Utilizando até mesmo a força e alienação do divino em algumas sociedades. Vale ressaltar que o poder estudado pela ciência política também analisa a coerção, o comportamento, os vínculos de dependência social, até mesmo o poder ideológico, entre outros. Bobbio (2000), separa o poder em três partes, em que temos o poder econômico, ideológico e político. Que explica como: (...) esses três tipos de poder tem como característica comum instituir e man- ter uma sociedade de desiguais, ou seja, dividida entre ricos e pobres (poder econômico); entre sapientes e ignorantes (poder ideológico) e entre fortes e fracos (poder político), ou seja, tem a particularidade de dividirem entre supe- riores e inferiores. (BOBBIO, 2000, p. 163). Precisamos também definir a relação entre as principais fontes de poder, pois elas aparecem de forma complementar umas das outras, sempre que necessário. Então, entre as principais fontes de poder, temos a força e autoridade. A força nada mais é que a coerção, seja física ou através de intimidação, em que se utiliza algo para dominar. Como exemplo, poderíamos apontar facas, armas, objetos como palmatória, bastões de madeira ou aço, entre outras. Nos estados essa força é exercida pela polícia e pelas forças armadas. Essa força intimidadora mantém o ciclo da vida e da sociedade em harmonia. A outra força exercida para se atingir o poder é a autoridade. Essa força é de simples compreensão, pois é através dela que ocorre a legitimação do poder. Vale ressaltar que a autoridade é construída com a soma de vários fatores como a utilização da cultura e a moral de uma sociedade, da legislação vigente e várias outras. Destacando ainda que a autoridade vem acompanhada da legitimidade social, obtendo apoio social. Podemos apresentar ainda que a legitimidade da autoridade pode ser burocrática, tradicional ou carismática. Assim, podemos definir a “autoridade burocrática” como: Autoridade burocrática ou racional-legal, baseada no cargo ou posição for- malmente instituída. É a autoridade investida no cargo que o indivíduo ocupa. Ele só tem essa autoridade enquanto estiver ocupando o cargo. O exercício da autoridade é legítimo por estar de acordo com as leis ou com as regras escritas. (DIAS, 2013, p. 34). Vale ressaltar ainda que não importa quem é o governante para que ocorra o princí- pio da legitimação do poder e sim a lei como ponto principal. Com isso temos composições burocráticas como órgãos de justiça na figura do juiz, de segurança na imagem do delegado e no administrativo na pessoa do funcionário público. Dias (2013) aponta que a “autoridade tradicional” é baseada na crença, normas e tradições sagradas e a que as pessoas obedecem em virtude da tradição. UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA: CAMPOS E CONCEITOS 19 Assim, podemos afirmar que essa força é exercida através do que se recebe atra- vés dos costumes de uma determinada sociedade, promovendo a aceitação de formas de governos que em certos casos chega ao ponto da repressão e de um governo único como uma monarquia absolutista. Como exemplos dessa autoridade podemos apontar a questão governamental na imagem do rei. Temos também a religião na figura do padre. A família na pessoa do marido entre outras. Por fim, vamos apresentar a “autoridade carismática”, que Dias (2013) nos apre- senta como: “Baseada na veneração extracotidiana da santidade, do poder heroico ou do caráter exemplar de uma pessoa e das ordens por ela reveladas ou criadas”, às quais se obedece em função do carisma (imagem de notável sabedo- ria, invencibilidade, exemplo ou santidade). Sua natureza é quase religiosa, e a organização ou sociedade permanecerá estável enquanto durar o líder. Exemplos: Cristo, Napoleão, Ghandi, Hitler, Martin Luther King, Perón, Fidel Castro etc. (DIAS, 2013, p. 35). Para continuarmos nosso estudo, precisamos entender que a ciência política vai muito mais longe que a relação de poder apresentada acima. Pois como o próprio nome diz, ela é uma ciência que envolve muitos outros fatores que a compõem, como, por exemplo, as políticas públicas e a política social que conheceremos logo abaixo. UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA: CAMPOS E CONCEITOS 20 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 Para continuarmos nosso estudo na sociologia política, precisamos conhecer os conceitos de políticas públicas e sociais. Talvez possa ser de conhecimento empírico uma definição simples e de compreensão vulgar desse tema. No entanto, vamos nos prender em definições científicas para que assim possamos expressar sua importância para a sociedade. Kauchakje (2017), nos apresenta uma definição simples, mas cientifica sobre as políticas públicas. Pois a mesma aponta a “política pública” como o “Estado em ação”, ou seja, o Estado passa a exercer seu papel em relação à tomada de decisões que resultará no desenvolvimento social e, os impactos das decisões e suas práticas, impactaram a vida de todos os cidadãos. Assim, podemos destacar que o Estado na figura de seu governante toma a decisão de direta em ações que deverão ser aplicadas ou não para o bem-estar de seus cidadãos. Kauchakje (2017), nos diz ainda que essas decisõesnos respondem às seguintes pergun- tas: Quem ganha? O que? Quando e como? Para explicarmos o que é política pública com maior facilidade, iremos avançar nas ideias apresentadas acima. Por isso, iremos começar nossos estudos apresentando a dificuldade de definição do termo política nas ciências políticas e apresentado nas línguas latinas. Como assim? O termo política é um conceito amplo e tem definições diferentes em várias línguas latinas, complicando o início do estudo. Por exemplo, Dias e Matos (2012), demonstra que na inglesa temos a distinção clara de dois termos: politics e policie. UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA: CAMPOS E CONCEITOS 4 POLÍTICAS PÚBLICAS E POLÍTICASOCIALTÓPICO 21 Já Secchi, Coelho e Pires (2019), complementa afirmando que: Na língua portuguesa, por exemplo, diversas conotações podem ser dadas ao termo “política”, enquanto na língua inglesa, contudo, essas conotações são diferen-ciadas pelos termos polity, politics e policy. (SECCHI, COELHO, PIRES, 2019. Pg. 01.). Polity, denota o ambiente político-institucional em que ocorrem os processos sociais. Secchi, Coelho e Pires (2019), afirma que Politics, pode ser explicada como uma atividade humana para obter e manter o que for necessário para o exercer o poder sobre o homem. Por isso que temos frases de senso comum como: “A política é pra quem tem estômago”, “Os conchavos políticos são comuns para se manter o poder” e “A política realizada na câmara dos deputados e no Senado é muito distante da realidade do povo”. Por fim, Secchi, Coelho e Pires (2019), apresentam a definição mais coerente com a realidade que estamos estudando. Quando afirma que: O terceiro sentido da palavra “política” é expresso pelo termo policy em inglês. Essa dimensão de “política” é a mais concreta e a que tem relação com orien- tações para a decisão e ação. (SECCHI, COELHO, PIRES, 2019, p. 02.). Então, partimos da ideia que a política pública vem do terceiro termo, em que temos o papel direto nas tomadas de decisões políticas. Dessa forma, podemos afirmar que a política pública vem de encontro com a solu- ção de problemas enfrentados pela sociedade. Percebemos isso em Dias e Matos (2012) quando afirma que: A política, nesse sentido, é executada por uma autoridade legitimada que busca efetuar uma realocação dos recursos escassos da sociedade. Nesse caso, a política pode ser adjetivada em função do campo de sua atuação ou de especialização da agência governamental encarregada de executá-lá. Desse modo, podemos nos referir à política de educação, saúde, assistência social, agrícola, fiscal etc., ou seja, produtos de ações que têm efeitos no sistema político e social. (DIAS e MATOS, 2012, p. 02.). O interessante a ser debatido nesse momento, é que todos os pensadores apresen- tados acima, demonstram a mesma definição sobre políticas públicas. Vale ressaltar que as diferenças são mínimas. Então se pergunte: Por que a política pública é tão conturbada em nosso país? Podemos responder essa pergunta apresentando a simples ideia de que o homem é feito de desejos e vontades que em alguns casos se sobrepõe a definição de que as políticas públicas devem ser responsáveis por resolver conflitos e estabilizar a sociedade. Ou seja, algumas vezes o poder individual fala mais alto que seu papel total e social. UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA: CAMPOS E CONCEITOS 22 Podemos destacar que uma política pública em sua totalidade, apresenta dois elementos fundamentais. O primeiro elemento é intencionalidade pública e o segundo é a resposta a um problema público. Vale destacar que o governante deve deixar seus desejos e vontades e pensar no coletivo. Somente assim, a realidade social pode ser atingida. As políticas públicas devem ser pensadas através de estudos aos problemas sociais, implantação de políticas públicas pensando nos instrumentos que devem ser utili- zados para o sucesso da mesma. Para que isso ocorra, Secchi, Coelho e Pires (2019), afirmam que políticas públicas devem tomar formas de programas públicos, projetos, leis, esclarecimentos públicos, entre outros. Ou seja, existe a necessidade de se operacionalizar as políticas públicas em sua área de atuação. Como exemplo, a saúde através do SUS, a educação através do MEC e INEP, o meio ambiente através do Ibama entre outros pontos a ser apresentado. Pode apresentar políticas públicas de maneira, mas exemplificada? Claro que sim. Podemos exemplificar a política pública através de programas criados por diferentes governos. Na educação, temos o Prouni e o Fies que ajudam na inclusão de acadêmicos nas instituições públicas e privadas. Temos o programa “minha casa, minha vida” e agora o “casa verde e amarela”, para resolver o problema da habitação. Citamos ainda o “bolsa família” e posteriormente o “renda Brasil”, que promete diminuir os índices de pobreza em nosso país. Vale ressaltar que existem muitas outras áreas que necessitam de políticas públi- cas para resolver problemas estruturais de determinadas sociedades e os exemplos acima demonstram algumas das políticas públicas que se misturam e se completam com políticas sociais. Mas o que é política social? As políticas sociais são criadas como um dispositivo de inclusão e de proteção ao cidadão. Vale ressaltar que algumas pessoas criticam as políticas sociais por acharem que é uma despesa desnecessária ao Estado. Surgindo jargões como: “Devemos ensinar a pescar e não dar o peixe”. No entanto, existe uma ambiguidade em nossa sociedade, pois existe uma grande parcela de nosso país que acredita nessas políticas, Por sua vez promoverá uma evolução se falarmos em relação ao equilíbrio social. Dentro do Estado, existe uma dualidade das políticas sociais que é explicada por Azevedo, Martins, e Ferreira, (2018), logo abaixo: As políticas sociais exercem um papel de dualidade no Estado capitalista, isto é, ao mesmo tempo, são fruto da luta da classe trabalhadora, mas tam- bém são um instrumento do Estado capitalista para a pacificação dessa mes- ma classe trabalhadora. Nesse cenário, as políticas sociais são um constante campo de disputa, ora em prol do proletariado, ora em prol da burguesia, ten- do estreita relação com a pobreza e a questão social. (AZEVEDO, MARTINS, E FERREIRA, 2018, p. 13). UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA: CAMPOS E CONCEITOS 23 Podemos perceber que a luta de classes se torna constante na sociedade capitalis- ta e, as políticas sociais tornam-se um papel importante para a superação da pobreza e da desigualdade, ou seja, as políticas sociais têm o grande papel de enfrentamento à situação social da sociedade. Podemos compreender melhor o papel das políticas sociais quando afirmamos que ela é simplesmente uma ferramenta para transformação social. Podemos perceber isso logo abaixo: Desse modo, as políticas sociais são uma ferramenta estratégica, que por intermédio de diversas ações são capazes de provocar transformação social, não somente na sociedade, mas principalmente nos sujeitos. É pelo conjunto organizado dos trabalhadores e por outras classes excluídas que realizam tensionamentos para a elaboração de políticas públicas em prol da popula- ção vulnerável. (AZEVEDO, MARTINS, E FERREIRA, 2018, p. 19). Assim, podemos concluir o tema, afirmando que as políticas públicas têm o papel importantíssimo para o enfrentamento de problemas de questão social. Seja da pobreza, da questão das mulheres, dos direitos dos autistas, entre outros. Pois uma política pública bem executada possibilita a emancipação dos humanos, promovendo cidadania aos membros de nossa sociedade. UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA: CAMPOS E CONCEITOS 24 UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA: CAMPOS E CONCEITOS 2525 AS FASES DAS POLÍTICAS PÚBLICAS (O ciclo ou Estágios das Políticas Públicas) O processo de formulação de Políticas Públicas, também chamado de Ciclo das PolíticasPúblicas, apresen- ta diversas fases: 1° FASE – Formação da Agenda (Seleção das Prioridades); 2° FASE – Formulação de Políticas (Apresentação de Soluções ou Alternativas); 3° FASE – Processo de Tomada de Decisão (Escolha das Ações); 4° FASE – Implementação (ou Execução das Ações); 5° FASE – Avaliação. Na prática, as fases se interligam entre si, de tal forma que essa separação se dá mais para facilitar a com- preensão do processo. Para conhecer um pouco mais acesse o livro no link abaixo: CALDAS, Ricardo Wahrendorff. Políticas Públicas: conceitos e práticas. Belo Horizonte: Sebrae/MG, 2008. Disponível em: http://www.mp.ce.gov.br/nespeciais/promulher/manuais/manual%20de%20politicas%20p%- C3%9Ablicas.pdf http://www.mp.ce.gov.br/nespeciais/promulher/manuais/manual%20de%20politicas%20p%C3%9Ablicas.pdf http://www.mp.ce.gov.br/nespeciais/promulher/manuais/manual%20de%20politicas%20p%C3%9Ablicas.pdf UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA: CAMPOS E CONCEITOS 26 O povo é o legislador no sentido de ser a fonte do poder político. Isso significa que só o conjunto dos cidadãos tem autoridade para impor as leis, ainda que estas sejam elaboradas por um grupo restrito de homens, mais habilitados para o desempenho de uma tarefa de tanta responsabilidade, que requer dis- cernimento e prudência. Para isso é conveniente que, por delegação do povo, alguns cidadãos mais com- petentes elaborem as leis, mas estas só se tornam preceitos coercitivos, ou seja, têm caráter de lei, se tiverem a sanção popular, pois “a autoridade humana para legislar compete exclusivamente ao conjunto dos cidadãos ou à sua parte preponderante”. (STREFLING, 2016, p. 102) Disponível em: https://www.scielo.br/j/ea/a/q9NsXLTYy4RQhkyC8Xq6FdG/?lang=pt&format=html https://www.scielo.br/j/ea/a/q9NsXLTYy4RQhkyC8Xq6FdG/?lang=pt&format=html 27 WEB Para construirmos uma consciência política e entendermos como funciona a Ciência política, temos que conhecer nosso próprio país. Por isso, como processo de evolução no processo de ensino-aprendizagem, deixo abaixo, uma lista de órgãos importantes na produção de políticas públicas que lhe auxiliarão a conhecer ainda mais nossa história. Nossa política. Nosso investimento em políticas sociais. Bom estudo! IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística É uma instituição da administração pública federal, subordinada ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. O IBGE se constitui no principal provedor de dados e informações do país, que atende às necessidades dos mais diversos segmentos da socie- dade civil. Disponível em: http://www.ibge.gov.br Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão Tem como missão promover o planejamento participativo e a melhoria da gestão pública para o desenvolvimento sustentável e socialmente includente do país. Disponível em: www.planejamento.gov.br Portal da Transparência É uma iniciativa da Controladoria-Geral da União (CGU), lançada em novembro de 2004, para assegurar a boa e correta aplicação dos recursos públicos. O objetivo é aumentar a transparência da gestão pública, permitindo que o cidadão acompanhe como o dinheiro público está sendo utilizado e ajude a fiscalizar. Disponível em: www.portaltransparencia.gov.br UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA: CAMPOS E CONCEITOS 27 http://www.ibge.gov.br. http://www.planejamento.gov.br http://www.portaltransparencia.gov.br 28 Secretária-geral da Presidência da República Compete assistir direta e imediatamente o Presidente da República no desempenho de suas atribuições, especialmente: (I) no relacionamento e articulação com as entidades da sociedade civil e na criação e implementação de instrumentos de consulta e participação popular de interesse do Poder Executivo; (II) na elaboração da agenda futura do Presidente da República; (III) na preparação e formulação de subsídios para os pronunciamentos do Presidente da República; (IV) na promoção de análises de políticas públicas e temas de interesse do Presidente da República e na realização de estudos de natureza político-insti- tucional; dentre outras tarefas. Disponível em: www.secretariageral.gov.br/ TCU – Tribunal de Contas da União A Constituição Federal de 1988 conferiu ao TCU o papel de auxiliar o Congresso Nacional no exercício do controle externo, tendo como competências: apreciar as contas anuais do Presidente da República; julgar as contas dos administradores e demais respon- sáveis por dinheiros, bens e valores públicos; apreciar a legalidade dos atos de admissão de pessoal e de concessão de aposentadorias, reformas e pensões civis e militares; reali- zar inspeções e auditorias por iniciativa própria ou por solicitação do Congresso Nacional, dentre outras. Disponível em: http://portal2.tcu.gov.br/TCU UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA: CAMPOS E CONCEITOS 28 http://www.secretariageral.gov.br/ http://portal2.tcu.gov.br/TCU 29 CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro (a) aluno (a), chegamos ao fim do capítulo sobre sociologia política. Espero que o entusiasmo proposto no início dessa unidade tenha atingido seu ápice nesse momen- to. Vale ressaltar que você deve cada vez mais ampliar seus horizontes buscando explorar todas orientações passadas durante nosso estudo e algo a mais. Acredito que percorremos um caminho repleto de conhecimento sobre as definições e conceitos sobre a sociologia política. Entendendo sua origem. Vale ressaltar que esses con- ceitos básicos farão parte de outros momentos de nossa jornada em busca do conhecimento. Após aprendermos os conceitos do que é a sociologia política, partimos para uma jornada encontrando experiências históricas e, conhecemos alguns pontos que envolvem a filosofia política de Nicolau Maquiavel em toda sua riqueza. Ainda nessa unidade, fizemos uma viagem e conhecemos o que é ciência política e entendemos suas definições e tipos de poder. Então, encerramos esse primeiro momento de nossa trilha de aprendizagem co- nhecendo os conceitos de políticas públicas e política social. Por fim, passamos por todos os desafios da construção sobre as políticas públicas e políticas sociais em todas suas vertentes. Desde já, muito obrigado e nos vemos no próximo capítulo! UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA: CAMPOS E CONCEITOS 29 30 MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO 1 Título: Sociologia política. Autor: Paulo G. M. De Moura. Editora: InterSaberes; 1ª edição (1 junho 2017). Sinopse: O que motiva o homem à ação política? Que tipos de regimes políticos existem? Como podemos definir o termo democracia? Que influências a mídia pode ter sobre a política? As pesquisas podem ter real impacto sobre a opinião pública? Essas e muitas outras questões são objeto de estudo da so- ciologia política, que busca compreender os elementos que compõem a realidade social, desfazendo preconceitos e para- digmas. Reflita sobre os complexos fenômenos presentes nas sociedades contemporâneas e desenvolva suas próprias ideias sobre como os problemas sociais e políticos da atualidade po- dem ser solucionados. LIVRO 2 Título: Introdução ao Estudo das Políticas Públicas: uma Visão Interdisciplinar e Contextualizada. Autor: Alvaro Chrispino. Editora: FGV; 1ª edição (1 janeiro 2016). Sinopse: Em relação a políticas públicas, a sociedade contem- porânea se comporta de duas maneiras distintas: pode ser mais esclarecida e participante, solicitando melhores resultados da gestão pública na solução de seus problemas, ou assiste estar- recida aos fatos que envolvem os desvios em torno da gestão pública. Entender como se articulam as variáveis, explícitas ou implícitas, na formulação, na execução e na avaliação das po- líticas públicas, é uma necessidade urgente. Este livro propõe olhar os acontecimentos recentes, da perspectiva do conheci- mento de políticas públicas. UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA: CAMPOS E CONCEITOS 30 31LIVRO 3 Título: A Ciência da Política - Uma Introdução. Autor: Adriano Gianturco. Editora: Forense Universitária; 3ª edição (10 julho 2020). Sinopse: A leitura definitiva sobre política. Para além dos “achis- mos”, este livro é um manual essencial sobre Ciência Política e seu funcionamento: apresenta o que há de mais relevante na literatura internacional, questões pertinentes da área e seus diagnósticos. Com uma abordagem científica rigorosa e atual, A Ciência da Política – Uma Introdução está divida em quatro partes. A primeira parte traz uma abordagem metodológica; a segunda trata dos pilares fundamentais da política: poder, polí- tica, guerra, impostos, Estado e obediência; já a terceira, analisa as questões relativas à democracia, como formas de governo, partidos, sistema partidário, sistema eleitoral, paradoxos do voto, luta eleitoral etc.; e, por último, se aprofunda na regu- lamentação, bens públicos, corrupção e análise das políticas públicas. Por que ler A Ciência da Política?A Ciência Política é o ramo das Ciências Sociais que se ocupa das relações de poder institucionalizadas e adota o método descritivo, individualista metodológico, reducionista e analítico para poder compreen- der, explicar e prever a ação política, mais do que esperar po- der mudar a realidade de forma revolucionária segundo nossos ideais preconcebidos. É a diferença entre prever e torcer. Nesse sentido, a Ciência Política representa uma alternativa às ver- tentes culturalistas da Antropologia e da Sociologia, mostrando que não “é uma questão de cultura”, mas de instituições e de incentivos (positivos ou negativos). Este livro trata-se, portanto, de um verdadeiro manual de ciência política, que cobre uma enorme lacuna no mercado editorial brasileiro.? FILME / VÍDEO 1 Título: Tropa de Elite 2: O Inimigo Agora é Outro. Ano: (2010). Diretor: José Padilha. Roteirista: José Padilha, Bráulio Mantovani. Produção: José Padilha, Marcos Prado. Sinopse: Filme que demonstra a segurança pública de nosso país através da história do capitão Nascimento (Wagner Mou- ra), agora coronel, foi afastado do BOPE por conta de uma mal sucedida operação. Desta forma, ele vai parar na inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Estado. Contudo, ele des- cobre que o sistema que tanto combate é mais podre do que imagina e que o buraco é bem mais embaixo. Seus problemas só aumentam, porque o filho, Rafael (Pedro Van Held), tornou- -se adolescente, Rosane (Maria Ribeiro) não é mais sua esposa e seu arqui-inimigo, Fraga (Irandhir Santos), ocupa posição de destaque no seio de sua família. UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA: CAMPOS E CONCEITOS 31 32 FILME / VÍDEO 2 Título: Real: O Plano por Trás da História. Ano: (2017). Diretor: Rodrigo Bittencourt. Roteirista: Mikael de Albuquerque. Produção: Ricardo Fadel Rihan. Sinopse: O filme nos leva ao ano de 1993, onde o inflexível Gus- tavo Franco é um crítico feroz da política econômica adotada pelo governo brasileiro nos últimos anos, que resultou em um cenário de hiperinflação. Opositor de políticas de cunho social, é adepto de um choque fiscal de forma que seja criada uma moeda forte, que devolva a dignidade aos cidadãos. Quando o presidente Itamar Franco nomeia Fernando Henrique Cardoso como o novo Ministro da Fazenda, Gustavo é convidado a inte- grar uma verdadeira força-tarefa, cujo objetivo é criar um novo plano econômico. FILME / VÍDEO 3 Título: Preciosa: Uma História de Esperança. Ano: (2010). Diretor: Lee Daniels. Roteirista: Geoffrey Fletcher. Produtor: Lee Daniels, Oprah Winfrey, Tom Heller, Tyler Perry. Sinopse: 1987, Nova York, bairro do Harlem. Claireece "Precio- sa" Jones (Gabourey Sidibe) é uma adolescente de 16 anos que sofre uma série de privações durante sua juventude. Violenta- da pelo pai (Rodney Jackson) e abusada pela mãe (Mo'Nique), ela cresce irritada e sem qualquer tipo de amor. O fato de ser pobre e gorda também não a ajudam nem um pouco. Além disto, Preciosa tem um filho apelidado de "Mongo", por ser portador de síndrome de Down, que está sob os cuidados da avó. Quando engravida pela segunda vez, Preciosa é suspensa da escola. A sra. Lichtenstein (Nealla Gordon) consegue para ela uma escola alternativa, que possa ajudá-la a melhor lidar com sua vida. Lá Preciosa encontra um meio de fugir de sua existência traumática, se refugiando em sua imaginação. UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA: CAMPOS E CONCEITOS 32 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Plano de Estudos • Conceito de Elite e os pressupostos históricos; • Elitismo em: Gaetano Mosca; Vilfredo Pareto e Robert Michels; • A denúncia contra a Elite; • Critica a elite liberal. Objetivos da Aprendizagem • Conceituar e contextualizar o conceito de elite e os pressupostos históricos; • Compreender o que representou o elitismo de acordo com os sociólogos: Gaetano Mosca; Vilfredo Pareto e Robert Michels; • Contextualizar o processo da denúncia contra as elites estabelecendo as motivações para compreensão de tal ação; • Problematizar as questões que envolvem a crítica à elite liberal e suas características. 2UNIDADEUNIDADETEORIATEORIADASDASELITESELITESProfessora Esp. Alessandra Domingues Gomes 34 INTRODUÇÃO Seja muito bem-vindo(a) ! Prezado(a) educando(a), é com muito prazer que daremos continuidade aos nos- sos estudos sobre a disciplina de Teoria das Elites. Iniciaremos nossos estudos explorando o contexto que representa o Conceito de Elite e os pressupostos históricos. Nossa abordagem sobre a sociologia e seus pressupostos teóricos também fará uma fundamentação sobre importantes sociólogos que contribuíram para o entendimento do contexto sobre as elites que são Gaetano Mosca, Vilfredo Pareto e Robert Michaels. Dando continuidade aos nossos estudos sobre a sociologia na contemporaneidade e sua influência para formação das elites e a constituição das massas, o foco de pesquisa estará na denúncia quanto à monopolização do poder e o abandono social dos grupos menos favorecidos. E, por último, estaremos concluindo os estudos deste capítulo abordando sobre a Crítica da elite liberal, nela será feita uma análise quanto à Crítica à elite liberal, suas características e seu papel na sociedade. Espero que tenham um momento de estudo satisfatório e que essa leitura possa colaborar no aprofundamento de seu conhecimento, relacionando a importância da socio- logia e seus conceitos para a sociedade em seus mais diversos períodos. Muito obrigado e bom estudo! UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES 34 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 A palavra Elite tem origem do Francês ÉLITE, “escolha, seleção”, que veio do Latim ELIGERE, “escolher”, formado por EX-, “fora”, mais LEGERE, “catar, escolher”. O signifi- cado da palavra elite se refere a um determinado grupo com privilégios, grupo minoritário, visto como indivíduos superiores, por possuírem poder econômico ou domínio social. A teoria das elites surgiu a partir do século XIX idealizada pelo filósofoitaliano Gae- tano Mosca. Segundo BUARQUE DE HOLANDA (2011), Gaetano defendia o pensamento de que o elitismo nas mais diversas sociedades está sempre relacionado há uma minoria que detém os bens de consumo e poder e de um outro lado uma maioria que está privada de todos esses benefícios. De maneira geral é possível compreender que as elites são fruto de uma classe dominante, compreendida como um grupo que possui uma capacidade superior junto às classes dominadas, ela ainda teria como valor, manter o equilíbrio no sistema social ao permitir a mobilidade de classes, principalmente quando isso ocorre na ascensão de um sujeito através do seu mérito. O grupo considerado como elite é visto como um grupo minoritário de detentores do poder. Nos dias atuais as sociedades modernas possuem uma multiplicidade de elites, em um grupo relativamente organizado, que detém o poder de decisão. Essa mesma elite mantém um conflito com as classes dominadas, mantém-se exclusiva e suas características econômicas e sociais, no entanto ela só se mantém viva a partir do momento que mantém contato com outras classes consideradas inferiores a sua, mas que mantém a geração de conflitos. TÓPICO UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES 1 CONCEITO DEELITE E OS PRESSUPOSTOSHISTÓRICOS O poder econômico, social, as ideologias políticas, assim como o pensamento individual de cada cidadão são importantes fatores na formação da teoria das elites. De acordo com Mosca (2009), a sociedade está dividida em dois grupos: os governantes e os governados, neste entendimento os governantes estão em um número muito mais re- duzido, no entanto são eles que detém o poder, impõem sua vontade de acordo com suas necessidades, desejos, de relações sociais e políticas. Em vários momentos impor essa vontade significa a imposição de ações arbitrárias, violentas e desnecessárias para o restante da sociedade. A questão relacionada à divisão do poder entre governantes e governados se estende há muito tempo, constando em obras de pensadores modernos como Marx, Mon- tesquieu e Maquiavel. De acordo com Mosca (2009), as classes governantes por serem a minoria se constituem de uma forma muito mais organizada, se relacionando por afinidade e interesses sendo solidários entre si e com seus. Já as classes que são governados são extremamente numerosas e isso faz com que se dividam em grupos desestruturados e desorganizados, o que dificulta de forma expressiva sua ascensão. Quando pensamos em uma sociedade clássica, tradicional é simples conceituar o sistema de elite, pois ela se encontra de forma estável e com pouca mobilidade. No entanto, ao analisarmos as sociedades modernas podemos caracterizar o sistema de elite de uma maneira mais complexa e com um perfil mais dinâmico, baseado em uma sociedade com perfil tecnológico e extremamente rotativo. A sociedade moderna se caracteriza por uma variedade de elite relacionados com uma sociedade complexa, que vive cercada de desafios, busca constantemente se firmar como classe dominante através de suas ações, do seu poder de controle e decisão, e a imposição de suas vontades em detrimento das classes dominadas. Quando pensamos em elite, é possível compreender que vivemos em uma socie- dade capitalista, sendo esta sociedade dividida em classes com configurações histórico estrutural particular. Nesse sentido, evidencia-se a relação existente entre as estruturas de apropriação voltadas para economia e a dominação voltada para a política, definindo uma estratificação social. Este é o ponto de partida fundamental para teoria das elites: a constatação de uma lei histórica inescapável que divide os homens em governantes e governados. Atente para a expressão todas as sociedades. Essa generaliza- ção é fundamental pois ela autoriza mosca a afirmar que essa divisão, muito provavelmente, jamais deixará de existir, Os governantes são chamados por mosca de classe política ou classe dirigente, os governados são as massas. A classe política conduz a sociedade humana, as massas são conduzidas. Portanto a classe política deve ser o objeto de estudo central ciência políti- ca… (PERISSINOTTO, 2018, p. 30). UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES 36 As sociedades constituem a sua hierarquia desde a história antiga pelo seu poder econômico e sua posição social. Assim como entendemos que em uma sociedade capitalista quando pensamos no poder de hierarquização, é necessário analisar o processo produtivo, ou seja, a capacidade do indivíduo de produzir em prol de uma sociedade, e considera-se também a capacidade de consumo como um fator determinante para essa classificação. Assim, é possível compreender que ao analisar uma sociedade e os grupos que a compõem, o processo hierárquico se fará de acordo com os interesses daqueles que são parte dessa sociedade e o poder de oferta para classificar um indivíduo como sendo de um grupo elitizado ou não. Em nossa sociedade contemporânea, ao analisarmos a divisão de classes, fica evidente que elas se caracterizam por um grau variável de desigualdade. Essa variável se evidencia através da apropriação de riquezas geradas pela sociedade expressa, geral- mente, pela propriedade, pela renda e consumo de bens. Outro. De extrema importância é a participação de um indivíduo nas decisões políticas evidenciando-se pelo maior ou menor poder de decidir ou forçar decisões que favoreçam esse indivíduo, assim como seu poder econômico em sociedade. Outra questão importante que evidencia a elitização de um indivíduo se expressa em sua apropriação de bens simbólicos como, por exemplo, o acesso à educação, bens culturais como acesso a museus, teatros, livros etc. As questões que envolvem renda, propriedade, consumo, educação formal, tam- bém definem como as diversas classes sociais participam da sociedade. O que não se pode deixar de ressaltar é o nível exacerbado de desigualdade que vivemos na atualidade. Os números que expressam a pobreza e a miséria são incontestáveis, assim como a cons- tatação desses números quando se vivencia diariamente com uma diversidade de pessoas, buscando conhecer os diferentes grupos aos quais pertencem. Uma análise sobre a elite pode ser um desafio bastante amplo. Quando pensamos na questão, os que governam e os que são governados, isso nos remete não só para esfera pública, mas também para esfera privada. E como podemos conceituar essas duas linhas de pensamento em um mundo tão globalizado, em que temos uma diversidade de oportunidades, mas ao mesmo tempo somos massacrados por uma desigualdade econômica, cultural, e de direitos. Se pensarmos na constituição que rege o Brasil, assim como na constituição de outros países, temos o entendimento de que direitos básicos são iguais para todos. No entanto, a prática não reflete a teoria. Ao estudarmos os documentos que regem diversas nações, seja o Brasil ou seja outro país, o cidadão de fato se sente protegido e livre de ameaças. No entanto, ao nos depararmos com a realidade, principal- mente, em países subdesenvolvidos, entendemos que a teoria pode parecer libertadora UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES 37 e tentadora, no entanto ao vivenciar esta realidade, os indivíduos se deparam com uma grande desigualdade, com um estado de direito que não cumpre o que a lei propõe, sendo assim o mundo está cada vez mais se apropriando de uma grande desigualdade entre homens e mulheres, que dependem não só da sua força de trabalho, mas também de uma qualificação profissional, que nem sempre está disponível para todos, a sorte de estar no lugar certo e na hora certa, e ainda uma garra infinita para derrubar obstáculos. Analisando a questão da formação das elites na sociedade contemporânea, em termos gerais ela se divide em três ordens institucionais: estado, forças armadas e grandes companhias. Ao longodos séculos essas ordens institucionais tiveram um crescimento sig- nificativo quanto a sua capacidade de ação e recursos, centralizaram e concentraram sua organização assim como seu poder de decisão, criando corporações gigantescas ligadas por sua administração e economia. Não distante dessa realidade, o poder público e as ordens militares passaram a acumular uma capacidade de interferir na tomada de decisões de uma sociedade, expandindo-se o que resultou em um maior consumo de recursos públicos. Essas três ordens compõem a elite econômica política e militar, estão no topo da economia comandada por grandes executivos, autoridades estatais e poderosos políticos, assim como a elite militar, formando assim um pequeno grupo responsável por grandes decisões políticas e sociais. Essas reflexões nos fazem pensar em uma sociedade elitizada, formada por in- divíduos que se destacam positivamente e são entendidos como grupos privilegiados, ou seja, os que governam, e do outro lado, aqueles que trabalham, aqueles que vendem sua força de trabalho, que mesmo não tendo reconhecimento por sua força e dedicação, são os indivíduos que produzem para o crescimento privado ou governamental. A partir desse contexto, vamos buscar aprofundar esse entendimento de uma forma mais individual e contextualizada. 1.1 “Os que governam e que são governados”, esfera privada Quando pensamos o que pode representar a ideia de governar e ser governado na esfera privada, a primeira palavra que nos vem à mente, é a ideia do poder. A elite enquanto classe dominante assumiu esse papel a partir do momento em que foi vista como a classe que possui o controle econômico, o poder de decisões, e a superioridade diante das classes que são dominadas. UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES 38 A partir desse princípio, primeiramente buscamos entender o significado de poder. De acordo com Japiassu (2006, p. 222), “a palavra poder significa a capacidade, faculdade, possi- bilidade de realizar algo, derivada de um elemento físico ou natural, ou conferida por autoridade institucional,por exemplo: poder de criar, poder de nomear, e demitir, de escolher etc”. Ainda Japiassu (2006), descreve sobre Michel Foucault no qual faz um exame das relações entre saber e poder, ciência e dominação, controle, na formação da sociedade contemporânea. Essa genealogia parte da constatação de que o poder é exercido na so- ciedade não apenas através do Estado e das autoridades formalmente constituídas, mas de maneiras diversas, em uma multiplicidade de sentidos, em níveis distintos e variados, muitas vezes sem nos darmos conta disso. A partir desse pensamento é possível não só entender o sentido do poder, mas também compreender qual a relevância e o resultado do uso desse poder na formação de uma sociedade. Antigos filósofos como Aristóteles já abordavam a questão do poder, sua força e seu fascínio diante da sociedade. Aristóteles entendia o poder como elemento natural, que faz parte das relações sociais e não visto somente como um ato de dominação pela força. Assim como Aristóteles, Karl Marx (2013), já na idade moderna, compreendeu o sentido de poder como uma dominação política existente na humanidade na qual não só criou uma divergência entre diferentes classes, mas também contribuiu para o desenvolvimento do capitalismo industrial. Ainda na idade moderna Thomas Hobbes (2019) e John Locke (1996) também discutiam sobre as questões relacionadas ao poder. Enquanto Hobbes defendia a monar- quia e o controle do estado, Locke compreendia que o poder deveria ser dissolvido nas instituições, a fim de garantir o direito à população, em que o poder seria de origem política e de domínio da esfera estatal. O sociólogo Max Weber (2014) compreende o poder como uma imposição sobre os indivíduos. Essa imposição é dada como uma força de ordem ou não,em que as pessoas são submetidas ao poder e ao aceitá-lo passa a ser submetida à autoridade de outra pes- soa. Nesse princípio de Vader podemos imaginar que os indivíduos têm poder de escolher e podem ou não aceitar essa submissão ao poder. No entanto, se pensarmos no sentido de controle através das classes sociais, a imposição da elite sobre as classes populares muitas vezes de uma forma velada, entende-se que o indivíduo submetido não o faz por aceitação ou concordância, mas pelo fato de ser parte do grupo que é governado, ou seja a necessidade de sobrevivência e a falta de opção o leva à submissão, à submissão eco- nômica, à submissão social, geradas pela dependência econômica na maioria dos casos. Segunda condição essencial para o possuidor do dinheiro encontrar no mer- cado força de trabalho como mercadoria: o dono dessa força não pode ven- der mercadoria em que encarne seu trabalho e é forçado a vender sua força de trabalho que só existe nele mesmo... Quem quiser vender mercadoria que não seja sua força de trabalho tem que possuir meios de produção, tais como matérias-primas, instrumentos de produção e, e etc. (MARX, 2013, p.313). UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES 39 O poder, na sociedade atual, pode ser entendido de maneiras diferentes. Podemos classificá-lo como poder ideológico: pode influenciar as massas através de sua retórica, seu poder de convencimento, através de mídias, o que pode ser expresso pelas relações sociais, pelo mundo do trabalho, ou religião. O poder político está diretamente ligado ao estado, po- dendo ser visto de forma legal quando sua finalidade e a vida política ou tido como ilegítimo quando busca a dominação de pessoas ou classes. O poder econômico está diretamente ligado com a instituição privada através de bens e riquezas que levam à manipulação daque- les que necessitam do poder econômico de outros. Então, se o poder político está relacionado com ideologia, economia, política, ele também se encontra subdividido em grupos que determinam essa relação de poder, que podemos exemplificar através das relações familiares em que pais e mães exercem poder sobre os filhos, professores e alunos, em que o professor é visto como autoridade no âmbito acadêmico ou escolar, as relações de governantes e governados no âmbito político pelo qual aquele que governa exerce o poder sobre os governados e ainda a relação patrão e empregado que toda a força de poder vendo patrão aquele que detém a posse sobre aquele que necessita de sua sobrevivência através da sua força de trabalho. É nesse último item, a relação patrão empregado, que nos deparamos com as questões relacionadas com o mundo privado. A relação de trabalho é a que mais se sobre- põe quanto às relações privadas, pois em uma sociedade economicamente desigual em que as massas ou seja os governados necessitam sobreviver e seu único meio de alcançar essa necessidade é através de sua força de trabalho. Quando os governantes entendem isso, passam a utilizar dos meios de produção para controlar seus governados por saber que os mesmos mantém uma relação de dependência econômica com eles. Para transformar dinheiro em capital, tenho possuidor do dinheiro de encon- trar o trabalho livre no mercado de mercadorias, livre nos dois sentidos, o de dispor, como pessoa livre, de sua força de trabalho como sua mercadoria, e o de estar livre, inteiramente despojado de todas as coisas necessárias a mate- rialização de sua força de trabalho, não tendo, além desta, outra mercadoria para vender. (MARX, 2013, p.199). Em uma sociedade que é controlada por pequenos grupos que representam o po- der e se eu for em uma maioria desprovida de poder. Esse controle acontece exatamente pelo fato de que é a minoria que se concentra em controlar essas organizações. Assim entendemos que a elite estará sempre na posição de controle. Tal constatação não significa que essa elite representada pelas minorias não signi- fica que sejam os melhores, mas você tem o mecanismo para que a economia possa girar e, dessa maneira, as diversas
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