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SOCIOLOGIA POLÍTICA Professora Esp. Alessandra Domingues Gomes Professor Esp. Cleber Henrique Sanitá Kojo REITOR Prof. Ms. Gilmar de Oliveira DIRETOR DE ENSINO PRESENCIAL Prof. Ms. Daniel de Lima DIRETORA DE ENSINO EAD Prof. Dra. Geani Andrea Linde Colauto DIRETOR FINANCEIRO EAD Prof. Eduardo Luiz Campano Santini DIRETOR ADMINISTRATIVO Guilherme Esquivel SECRETÁRIO ACADÊMICO Tiago Pereira da Silva COORDENAÇÃO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza COORDENAÇÃO ADJUNTA DE ENSINO Prof. Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo COORDENAÇÃO ADJUNTA DE PESQUISA Prof. Ms. Luciana Moraes COORDENAÇÃO ADJUNTA DE EXTENSÃO Prof. Ms. Jeferson de Souza Sá COORDENAÇÃO DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal COORDENAÇÃO DOS CURSOS - ÁREAS DE GESTÃO E CIÊNCIAS SOCIAIS Prof. Dra. Ariane Maria Machado de Oliveira COORDENAÇÃO DOS CURSOS - ÁREAS DE T.I E ENGENHARIAS Prof. Me. Arthur Rosinski do Nascimento COORDENAÇÃO DOS CURSOS - ÁREAS DE SAÚDE E LICENCIATURAS Prof. Dra. Katiúscia Kelli Montanari Coelho COORDENAÇÃO DO DEPTO. DE PRODUÇÃO DE MATERIAIS Luiz Fernando Freitas REVISÃO ORTOGRÁFICA E NORMATIVA Beatriz Longen Rohling Caroline da Silva Marques Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante Eduardo Alves de Oliveira Jéssica Eugênio Azevedo Kauê Berto Marcelino Fernando Rodrigues Santos PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO André Dudatt Carlos Firmino de Oliveira Vitor Amaral Poltronieri ESTÚDIO, PRODUÇÃO E EDIÇÃO Carlos Eduardo da Silva DE VÍDEO Carlos Henrique Moraes dos Anjos Yan Allef FICHA CATALOGRÁFICA Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP G633s Gomes, Alessandra Domingues Sociologia política / Alessandra Domingues Gomes, Cleber Henrique Sanitá Kojo. Paranavaí: EduFatecie, 2023. 120 p. 1 . Sociologia política - Brasil. 2. Bem-estar social. 3. Elites (Ciênias sociais). I. Kojo, Cleber Henrique Sanitá. II. Centro Universitário UniFatecie. III. Núcleo de Educação a Distância. IV. Título. CDD:23.ed. 306.2 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9 /1577 As imagens utilizadas neste material didático são oriundas dos bancos de imagens Shutterstock e Google Imagens . 2023 by Editora Edufatecie. Copyright do Texto C 2023. Os autores. Copyright C Edição 2023 Editora Edufatecie. O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permitido o download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais. https://www.shutterstock.com/pt/ 3 AUTORES Professora Esp. Alessandra Domingues Gomes ● Licenciatura Plena em História – Unespar. ● Licenciatura Plena em Filosofia – Unimes. ● Licenciatura Plena em Pedagogia – Unimes. ● Licenciatura Plena em Letras/Português – Uniasselvi. ● Especialista em Educação Especial (Faculdade Integrada do Vale do Ivaí). ● Especialista em Educação Especial e Libras (Faculdade Integrada do Vale do Ivaí). ● Especialista em Gestão Educacional e organização pública (Faculdade Integrada do Vale do Ivaí). ● Especialista em Tutoria em EAD (Universidade Estadual de Londrina). Ampla experiência como docente da educação básica (Fundamental e Médio), Professora formadora e produtora de Materiais nas áreas de história, filosofia, sociologia e pedagogia. Link do currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/8765496270465438 http://lattes.cnpq.br/8765496270465438 4 Professor Esp. Cleber Henrique Sanitá Kojo ● Licenciatura Plena em História pela UNESPAR – FAFIPA, Paranavaí. ● Licenciatura Plena em Sociologia pela UNAR - Centro Universitário de Araras “Dr. Edmundo Ulson”. ● Licenciatura Plena em Pedagogia pela Unifatecie. ● Licenciatura Plena em Educação Física pela Unifatecie ● Especialista em História e Geografia pela Faculdade Integrada do Vale do Ivaí. ● Especialista em Gestão Escolar, Supervisão e Orientação pela ESAP - Faculdades Integradas do Vale do Ivaí. ● Especialista em Educação de Jovens e Adultos pela ESAP – Faculdades Integradas do Vale do Ivaí. ● Docente da educação básica (Fundamental e Médio) da SEED, PR. ● Docente do ensino superior na UniFatecie. ● Coordenador Pedagógico da educação básica (Médio) do Colégio Fatecie Premium. ● Coordenador de cursos da EAD UniFatecie. ● Supervisor de tutoria e Tutor da EAD UniFatecie. ● Produtor de livros e materiais para EAD. Ampla experiência como docente da educação básica (Fundamental e Médio), Pro- fessor de cursinhos pré-vestibulares em história e filosofia e prática docente na educação à distância. Link do currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/7716876167354361 http://lattes.cnpq.br/7716876167354361 5 Seja muito bem-vindo(a)! Sejam bem-vindos (as) ao nosso curso de Sociologia Política. A partir de agora partiremos para uma viagem no tempo para buscar nas nossas experiências históricas e algumas explicações para conhecermos os conceitos e os fatos históricos para constituição do mesmo no passado recente do Brasil. Em nosso ponto inicial da viagem sobre a sociologia política, abordaremos o concei- to básico do que é a sociologia política. Além de visualizar a Filosofia Política em Maquiavel. Um pensador que demonstra passo a passo de como se fazer a política. Seguiremos nosso estudo, identificando o conceito básico de Ciência Política. Por fim, terminaremos nosso capítulo conhecendo os conceitos de Políticas Públicas e Política Social. Na segunda unidade, nosso foco será o conceito de Elite e os pressupostos his- tóricos. Passaremos também pela definição de Elitismo. Conhecendo personagens como Gaetano Mosca, Vilfredo Pareto e Robert Michels. Que descortinarão nossos olhos sobre o tema proposto. Continuaremos nossa viagem apresentando a denúncia contra a Elite com uma forte crítica à elite liberal. Já na Unidade III, teremos como objetivo de conhecimento: o conceito de Estado e o bem-estar social, enfatizando seu compromisso com as políticas públicas. Seguiremos nosso estudo compreendendo a responsabilidade do Estado enquanto regulador e responsável pela economia e política nacional. Contextualizando o processo da dimensão da política enquanto órgão competente quanto às responsabilidades junto ao Estado de direito democrático. Então terminaremos o capítulo problematizando as questões que envolvem o bem-estar social e influência do neoliberalismo nas políticas públicas na sociedade contemporânea. Enfim, finalizaremos nossa aventura na Unidade IV com uma questão polêmica. Mas extremamente necessária no campo da sociologia política. Vale ressaltar que nesse mo- mento de nosso estudo, será necessário abandonar toda e qualquer ideologia existente em nossas entranhas, para que o processo de ensino e aprendizagem alcance seu objetivo. Vale ressaltar que abordaremos a Compreensão do Brasil Contemporâneo. Passando pelo Neoliberalismo de Fernando Henrique Cardoso e conhecendo o fenômeno chamado “Lu- lismo”. Seguiremos nossa viagem conhecendo a hegemonia e a nova classe média. Para que atrelado a isso, tudo possamos conhecer sobre as manifestações populares a partir de 2013. Debatendo, assim, se foi Impeachment ou Golpe? Por fim, faremos uma breve viagem na crise do Governo Dilma ao “Bolsonarismo”. Assim, chegaremos ao fim dessa viagem. Espero que seu horizonte de expectativas seja modificado e novos horizontes sejam acrescentados,uma vez que todos nós, brasilei- ros, necessitamos ter uma visão aberta, principalmente com fatos históricos, abandonado os achismos da fake News e das redes sociais. Muito obrigado e bom estudo! APRESENTAÇÃO DO MATERIAL SUMÁRIO 6 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Plano de Estudos • O que é Sociologia Política; • Filosofia Política de Maquiavel; • Ciência Política; • Políticas Públicas e Política Social; Objetivos da Aprendizagem • Conhecer o que é a sociologia política; • Apresentar a Filosofia Política em Maquiavel; • Identificar o conceito de Ciência Política; • Conhecer os conceitos de Políticas Públicas e Política Social. 1UNIDADEUNIDADESOCIOLOGIASOCIOLOGIAPOLÍTICA:POLÍTICA:CAMPOS ECAMPOS ECONCEITOSCONCEITOS Professor Esp. Cleber Rodrigues Sanitá Kojo 8 INTRODUÇÃO Seja muito bem-vindo(a) a nossa disciplina de Sociologia Política! Prezado (a) educando (a), sintam-se abraçados e cheios de entusiasmo para iniciar a nossa disciplina de Sociologia Política. Agora preste muita atenção, pois estamos iniciando um caminho repleto de conhe- cimento que você precisa compreender para o desenrolar do capítulo a seguir. A partir de agora, partimos para uma jornada em busca de definições e conceitos sobre a sociologia política. Vale ressaltar que esses conceitos básicos irão nortear toda nossa produção de conhecimento futuro. Logo após aprendermos o que é a sociologia política, partiremos para uma jornada buscando experiências históricas, e, conhecendo alguns pontos que envolvem a filosofia política de Nicolau Maquiavel e toda sua riqueza. Ainda, nesta unidade, vamos fazer uma viagem conhecendo o que é ciência política e suas definições de poder. Então, encerraremos nossa trilha de aprendizagem conhecendo os conceitos de políticas públicas e política social. Passando por todos os desafios para sua construção, seja pela luta de classes ou pelos desejos e vontades do homem. Desde já, muito obrigado e bom estudo! UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA: CAMPOS E CONCEITOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 Sempre quando pensamos em estudar a sociologia, somos direcionados a ima- ginar diretamente as entranhas que a compõem, e, assim, tentar entendê-la, para que possamos tratá-la como se fosse um corpo humano. Vale ressaltar que esse pensamento inicial sobre a sociologia é um conhecimento empírico que não pode ser descartado para análise da sociedade. Por isso, devemos elevá-la à categoria de ciência e se possível dividir “o corpo humano”, ou seja, separando-as em partes específicas para que ocorra a melhor compreensão da sociedade e que seja mapeado os possíveis problemas para que se apresente possíveis soluções. Podemos afirmar, então, que assim como na medicina, em que existem especia- listas para determinadas áreas, a sociologia também utiliza desse mecanismo para facilitar seu estudo. Então, a sociologia passa a ser dividida para seu melhor entendimento. Assim podemos destacar a importância da sociologia política para a evolução da sociedade. Pois é apenas uma parte dessa ciência que ajuda a desvendar a realidade de toda a sociedade. Mas o que é a sociologia política? Como ela surgiu? Podemos diferenciá-la de outros ramos da sociologia? É claro que sim. Assim, começamos nosso estudo distinguindo essa vertente da sociologia de ou- tras partes que a compõem. Pois existe uma grande diferença entre Sociologia Política e Sociologia da Política por exemplo. Essa diferença é expressada pela primeira vez no final da década de 1960 por Sartori (1969). No entanto, antes de apresentar essa diferença, iremos expressar um pouco melhor a importância do estudo da sociologia política. UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA: CAMPOS E CONCEITOS 2 O QUE É ASOCIOLOGIAPOLÍTICATÓPICO 9 Para compreendermos o aparecimento do nosso objeto de estudo que é a sociolo- gia política, vamos apresentar o termo “universo político”. Esse termo serve para explicar que a sociologia não vive só. Pois temos a ciência política, a filosofia política, a economia entre outras que vão justificar seu surgimento. Como assim? Talvez você se pergunte. Para explicar melhor, iremos expor o exemplo da economia, que se utiliza de instrumentos metódicos e científicos para aclarar as relações econômicas. Tornando-se transparente seu papel e expondo que as relações econômicas interferem na sociedade. A Filosofia da política também se torna importante para compreensão do papel político do cidadão. Assim, o indivíduo age de maneira coletiva e não individual para que não ocorra a quebra da ética exposta pela sociedade. Nasce também a ciência política que apresenta as relações de poder e suas vertentes. Assim, temos o aparecimento da sociologia política que vai estudar cada vez mais todas essas relações e assim apresentar a sociedade como é de fato e como pode evo- luir-se. Vale ressaltar que isso ocorrerá através dos métodos científicos que o cientista vai utilizar para comprovar seu objeto de estudo. Então, podemos afirmar que a junção dessas ciências ou disciplinas, vão formar nosso objeto de estudo, ou seja, a sociologia política. Podemos perceber a relação apre- sentada acima em Souza (2009): O que se passa quando duas disciplinas se aproximam para formar uma terceira e circunscrevem como objeto de estudo o universo de fatos já traba- lhados por outras abordagens? Isso ocorre com a Sociologia Política diante da Filosofia Política ou da Ciência Política. É preciso uma análise mais cui- dadosa para distinguir essas formas de produção de conhecimento sobre o universo político. (SOUZA, 2009, p. 08). No entanto, a sociologia política pode ser declarada que nasceu muito além des- sa ideia moderna citada acima, pois muito antes já havia pensadores que se debruçaram sobre a sociedade e seus desafios. Esses pensadores apresentavam suas ideias sobre os indivíduos, cidadãos, ou sobre a própria sociedade tribal. Vale ressaltar que podemos começar apresentando Aristóteles e sua filosofia política através da virtude humana e seus desafios. Além de apresentar a sociedade grega e a verdade da pólis. Então, a partir de avaliações morais e de suas observações, desenvolveu teoria e normas sociais. Pois ele vasculhou seus pensamentos analisando a sociedade natural, ou seja, família, escravidão e o cotidiano. Assim, percebemos a liderança do pai na família, submetendo sua mulher e filhos a suas regras, provendo o sustento da família. Já a escravidão é vista como algo natural na sociedade grega, em que temos os costumes e as relações sociais. UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA: CAMPOS E CONCEITOS 10 Por fim, a pólis é a junção de várias tribos que, por sua vez, movimenta a relação das famílias, escravos e cidadãos livres. Com isso nasce a necessidade de se criar cargos políticos, para se debater os problemas da sociedade. Temos a assembleia em que os cidadãos gregos (homense livres), passam a opinar e decidir os rumos da pólis. Inclusive ocorria cargos temporários e eletivos. Vale ressaltar que com isso temos governos que passam a ser avaliados entre os cidadãos. Alguns chamados de bons e outros de ruim, governos de poucos ou de muitos, entre outros. Assim Aristóteles passa a definir a “polítia”, entendendo a oligarquia (governo de poucos) e o que ele chama de democracia (demo: povo e cracia: governo). Podemos per- ceber isso logo abaixo quando Bobbio (1980), diz que: A politia é a fusão da oligarquia e da democracia. Agora que sabemos o que consiste uma e outra, podemos compreender melhor em que consiste essa fusão: é um regime em que a união dos ricos e dos pobres deveria remediar a causa mais importante de tensão em todas as sociedades. A luta dos que não possuem, contra os proprietários. É o regime mais propício para assegurar “a paz social”. (BOBBIO, 1980, p. 153). A explicação do professor italiano Bobbio, é uma grande definição da política de Aris- tóteles, em que ele utilizou-se dessa afirmação para exemplificar o início da filosofia política. Vale ressaltar que a filosofia política ajuda e muito na construção da sociologia política e Aristóteles nos fornece indícios para a construção dessa nova ciência. Mas o que os pensadores posteriores a Aristóteles contribuíram para essa construção? Podemos destacar essa resposta em Souza (2009) logo abaixo: O que esses pensadores fizeram foi imaginar, com rigor lógico, a origem do Estado e, a partir dessa construção abstrata, tiraram consequências sobre o exercício do poder numa sociedade que se quer livre e igual. O olhar desses filósofos estava voltado para um ”Estado” ideal. Construir uma abordagem abstrata, entretanto, não significa distanciar-se da realidade, e sim, estabele- cer com ela um diálogo fundado não na experiência, mas no raciocínio lógico dedutivo. (SOUZA, 2009, p. 9). Assim podemos afirmar que a filosofia política nasceu nas sociedades tribais e com Aristóteles, mas os pensadores que o sucederam passaram a acrescentar métodos e critérios de avaliação que construíram a futura sociologia política. Antes de apresentarmos novos pensadores que contribuíram para a construção da sociologia política, vamos dar um pulo no tempo cronológico e apresentar uma diferença que vai contribuir para o conceito moderno de sociologia política. Vale ressaltar que já comentamos acima sobre a diferença entre sociologia da política e sociologia política. No entanto, não nos aprofundamos no assunto para conhecermos a importância da filosofia política com Aristóteles. UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA: CAMPOS E CONCEITOS 11 A partir de agora conheceremos a grande diferença que (SARTORI, 1969) faz sobre a sociologia da política e a política. Mas a diferença não seria só o “da”? Espero que você se atente ao que vamos apresentar, logo abaixo, e procure refletir sobre o tema. Entendendo que a diferença é muito maior do que se pensa. Para iniciar nossa análise, vamos entender que quando utilizamos o termo “So- ciologia da Política”, estamos apresentando apenas uma pequena vertente da sociologia, como, por exemplo, sociologia da violência, Sociologia da educação, Sociologia do direito, até sociologia da religião. Vale destacar que é apenas uma vertente sem aprofundamento com métodos e investigações minuciosas como a sociologia política nos fornece. Assim, podemos afirmar que a sociologia política nos fornece uma relação direta com a ciência política, estabelecendo uma interligação metódica entre a Sociologia e a Política de fato. No entanto, Sartori (1969), não descarta as vertentes como a sociologia da política entre outras, pois nos apresenta que não existe superioridades entre elas, e, que a relação entre elas é de extrema importância para evolução política da sociedade. Podemos encontrar a importância de se saber diferenciar a sociologia política da sociologia política em Souza (2009), quando ele tenta explicar a visão de Sartori (1969) logo abaixo: Sartori enfatiza a necessidade de não confundir Sociologia Política com So- ciologia da Política, enfim, a tarefa de construir uma ciência interdisciplinar requer a superação da tentativa equivocada de reduzir a Sociologia Política a um subcampo da Sociologia. (SOUZA, 2009, p. 10). A partir do momento que entendemos a importância de se diferenciar a sociologia “da” política e sociologia política, passamos a entender a importância de se utilizar uma pesquisa metódica para classificarmos a política em si. Desde a política cotidiana com as relações humanas, até a política dos partidos, das lideranças, da democracia, ditadura entre outras formas de governo que envolvem a política dos partidos. Com isso, podemos definir a sociologia política como a responsável por analisar o cotidiano das sociedades, a participação dos cidadãos na sua construção. Além de compreender a função dos atores sociais, de sua participação, de seu envolvimento, de suas ideologias, do seu papel em si. Entendendo até mesmo a questão de dominação e dominados, público e privado, entre outros. Chegando assim à conclusão dessa divisão que não é só do termo “da”. Mas de uma questão muito ampla que encontramos em sociedades do passado e do presente. Aparecem muitos pensadores que transformam e somam na construção da sociologia política. Como Nicolau Maquiavel que conheceremos logo abaixo. UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA: CAMPOS E CONCEITOS 12 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 Para começar nossos estudos sobre Maquiavel, precisamos entender que ele é estudado em vários ramos da ciência, como história, filosofia, sociologia, até mesmo desta- cando a poesia, peças de teatro, entre outros setores da produção de conhecimento. No entanto, nesse determinado momento, vamos nos prender a sua filosofia polí- tica e a sua contribuição na sociologia política. Ressaltando ainda que dentro da filosofia política, temos momentos memoráveis e de grande importância nessa construção através de suas ideias, desde a questão de soberania, estado, república entre outras coisas. No entanto, utilizaremos como ponto de partida o início de sua jornada para com- pletarmos o caminho do processo de ensino-aprendizagem de maneira frutífera. Então, iniciaremos sua história de maneira dulcificada, apontando que o mesmo nasceu em Florença na Itália e tinha uma origem pobre, ou seja, sem meios financeiros para frequentar a alta classe em que se exerce a política. Com a ideia de dominante e dominado. Onde temos os detentores dos meios de produção e os operários em uma visão marxista simplificada. No entanto, o doce de sua história passa a ter um sabor amargo na visão humana e romantizada, mas um sabor menos açucarado na visão política. Pois Maquiavel demonstra desde cedo ser ambicioso politicamente. Conseguindo estabelecer relações com pessoas poderosas da sociedade. Atingiu seu ápice na política, tornando-se um político influente na flor da idade. Pois exercia o cargo de secretário da segunda chancelaria. UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA: CAMPOS E CONCEITOS 2 FILOSOFIAPOLÍTICA DEMAQUIAVELTÓPICO 13 Vale ressaltar que logo escreve sua obra mais conhecida e que por muitas vezes tem suas ideias reproduzidas no senso comum sem que as pessoas saibam que é dele. Esta obra foi o livro intitulado “O príncipe”. Esse livro apresenta suas ideias em relação à política, afirmando que não podemos nos guiar pela imposição divina e sim como uma ati- vidade comum aos homens, ou seja, uma atividade vivenciada por muitos e que é exercida através da coletividade. Maquiavel nos apresenta como visualizar a política, nos guiando a ir além da orga- nização do espaço público, afirmando que devemosver a coletividade e principalmente a ação política. Nicolau Maquiavel aponta que essa ação política humana deve ocorrer através de uma disputa, de um jogo político desprezando o caráter religioso que a sociedade medieval tanto se norteava. Vale ressaltar que para ele a ação política é o caminho para a efetivação do meio de convivência. Sustentando que essa ação política traz a ideia inovadora até então que é “lugar”, que seria a sociedade e “alguém” que seria o povo. Tão somente a ação política ocorre se “alguém” conviva em um “lugar”. Com isso, Maquiavel nos mostra a verdade concreta da sociedade. Verdade essa que podemos verificar logo abaixo: Aqui reside o caráter realista da política em Maquiavel, pois não se trata de falar sobre como a sociedade deve ser, mas de falar, antes de tudo, da socie- dade que existe. Por isso, é preciso conhecer a realidade, ou seja, a socieda- de que existe, e definir uma ação com base nisso. (ALMEIDA, 2015, p. 108). Então nos perguntamos: Como mostrar a realidade? Como demonstrar o papel do homem? Maquiavel por sua vez vai descortinando a relação política com sua filosofia, de- monstrando com sua obra “o Príncipe”, uma espécie de manual da política, que pode e consegue auxiliar o político a governar uma cidade e aplicar a ação política a um “lugar” como vimos acima. Ainda nos debruçando sobre o livro "O príncipe", percebemos que Maquiavel apre- senta a função do governante e como ele deve agir para ter sucesso em seu governo. Destaca que o Príncipe, o Rei, o Governante, deve analisar fatos históricos, acon- tecimentos do passado, e, com uma análise profunda, deve aproveitar o que deu certo e excluir o que deu errado como podemos perceber logo abaixo: Por isso, para qualquer príncipe governar bem o espaço coletivo, é preciso que ele se atenha aos fatos históricos e retire dessa observação as soluções que deram certo, fazendo o mesmo processo com as de insucesso. (ALMEI- DA, 2015, p. 111.). UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA: CAMPOS E CONCEITOS 14 A ideia maquiavélica apresentada acima demonstra que a ação política é capaz de suprir a vida coletiva em que o Rei deve conhecer o lugar em que vive nos mínimos detalhes, através de observação, de métodos. Somente depois dessa análise que o rei pode relacionar com acontecimentos passados. Assim, ele poderá compreender o que está acontecendo na atualidade de seu governo e então poderá agir para resolver problemas cotidianos do estado. Tanto problemas simples como os mais complexos. Maquiavel demonstra ainda em “seu manual político” que é algo que deve ser pensado pelos homens. Lembrando que os homens são repletos de desejos e vontades, que brigam, que lutam, que “competem entre si”. Por isso que a ação política deve ser calculada e as decisões do governante devem ser assertivas em relação à realidade do meio em que vive. Isso nos leva acreditar que o governante deve observar a vida ao seu redor e percebê-la como ela é de verdade, não ficar fechado em um mundo paralelo, para depois tomar decisões que demonstrem a realidade e não como ela poderia ser. Formando assim o estado como se deve ser. Afirmando ainda que não precisa de forças sobrenaturais para governar e sim a inteligência, a sabedoria por parte do governante. Para exemplificar melhor o que foi expressado acima, podemos utilizar o que Almei- da (2015) diz logo abaixo: Virtude no sentido de “boa luta”, que se faz com as mãos, que se trava no cotidiano e não carece de forças divinas e sobrenaturais, mas, antes de tudo, carece de conhecimento, determinação, astúcia e força. O Estado é aquilo que pode ser, mas as pessoas são o que são e, por isso, delas nascerá o Estado como atividade puramente humana. (ALMEIDA, 2015, p. 111.). Ferrari (2019) diz ainda que podemos dizer que o pensamento ideal de Maquiavel é a criação de um Estado forte em que precisa-se manter assim como não se questiona seus fins, pois seu interesse é objetivo. Assim, podemos afirmar que a soberania do estado e do governante deve ser o ponto alto do estado. Pois só se constrói um estado forte com um gover- nante forte que é capaz de manter-se à frente desse estado. Vale ressaltar ainda que pode ser utilizado de todas artimanhas para que isso ocorra, ou seja, “os fins justificam os meios”. Assim, Maquiavel separa de vez a ideia de moral e política para estar perfeitamente interligadas. Vale ressaltar que Maquiavel aplica a ideia de Estado para exemplificar o que podemos chamar de principados ou repúblicas afirmadas por ele. Mas qual a diferença de principados e república no Estado segundo Maquiavel? Tem muita diferença? UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA: CAMPOS E CONCEITOS 15 Podemos responder essa questão de maneira simples, analisando a obra “Dis- cursos sobre a primeira década de Tito Lívio”, de Maquiavel, podemos afirmar que nas Repúblicas, o povo decide seu destino. Já em sua obra “O Príncipe”, a república apresenta muitas normas que devem ser seguidas. Pois aqui, o autor analisa a república romana no geral e o de Florença. Para explicar a ideia do Principado, temos que entender que Maquiavel o divide em antigo e novo principado. Maquiavel afirma que o antigo já existia, ou seja, são passados de geração em geração de pai para filho, de rei para príncipe. Já os novos principados são tomados por líderes militares. Então, Maquiavel em sua obra “O Príncipe”, afirma que no principado antigo, não se precisa de conselhos, de um manual, pois o governo é estável. Agora se o líder militar acabou de tomar o principado ou deseja tomar um para si, precisa dessa orientação. Por isso, de sua obra. Assim, posso afirmar que na República o povo escolhe sua autonomia de vida, enquanto no principado, o príncipe decide pelo povo. Com tantas informações que Nicolau Maquiavel nos fornece sobre a política, enten- demos seu papel tanto na filosofia, na sociologia, na ciência política entre outros. Mas o que é Ciência Política? Como defini-la? Vamos responder essas questões? UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA: CAMPOS E CONCEITOS 16 Até o momento, estudamos a definição e conceitos de sociologia política e passamos por um grande pensador da política que é Nicolau Maquiavel. No entanto, nesse momento iremos nos desprender de pensadores, autores para respondermos o que é ciência política. Temos que entender que ao compararmos ideias de autores atuais podemos nos confundir sobre o que é ciência política. Ressaltando que alguns autores se posicionam politicamente de maneira variada, e algumas vezes de maneira polêmica. Por isso, vamos conhecer a ciência política, as teorias, ideias e não de determinadas pessoas. A partir de agora vamos responder às questões levantadas no fim do tópico anterior, ou seja, o que é Ciência Política? Podemos definir a Ciência Política como uma ciência social que estuda como fun- ciona a sociedade política, ou seja, estuda o poder e suas vertentes na sociedade. Vale ressaltar que essa Ciência estudou os acontecimentos políticos, os processos que levaram a determinados resultados. Podemos exemplificar melhor afirmando que a ciência política estuda o processo eleitoral, o que antecedeu ou aconteceu em determinada sociedade an- tes do pleito, estudo dos partidos políticos e suas características. Ocorre também a análise de diferentes governos de formas de governar. Para esclarecer um pouco mais a definição do tema, vou trazer para a atualidade alguns temas da política brasileira. UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA: CAMPOS E CONCEITOS 3 CIÊNCIAPOLÍTICA 17 Temos o Brasil Colônia em que a política era a exploração, ou seja, temos preten- sões políticas no Brasil, mas somos submissos a Portugal. Vale ressaltar que isso ocorre até a independência. A ciência política vai estudar como se formou a classe política no Brasil, quais os fatores que levaram à organização da independênciado Brasil. Como foi organizada a primeira assembleia constituinte do Brasil. Como se dividiu os políticos brasi- leiros. Como foi realizada a primeira constituição brasileira. Em seguida, no Brasil temos a Proclamação da República e a ciência política ana- lisa todos os fatores que a construíram e que a compõem. Por fim, podemos exemplificar a era Vargas, em que Getúlio criou as leis traba- lhistas, salário mínimo e ficou conhecido como o “Pai dos pobres”. Getúlio não podia mais disputar as eleições e indicou Dutra, desconhecido do povo ganhou as eleições com folga. Fez um governo catastrófico e Vargas voltou nos braços do povo. A Ciência política compara e analisa todos os fatores e assim consegue explicar o novo pai dos pobres posteriormente. Estamos falando do Lula, que também agrada pobres e ricos, indica alguém que não era conhecido e que ganha as eleições. Para não agradar um ou outro no momento bipolar que o Brasil vive, podemos citar a AIB (Ação Integralista Brasileira), que tinha o lema Deus, Pátria e Família e que pretendia praticar um governo de extrema direita. Alguns de seus passos são reproduzidos e Bolsonaro chega ao poder no Brasil. Enfim, Dias (2013) afirma que: A ciência política é uma ciência social que estuda o exercício, a distribuição e a organização do poder na sociedade. Como ciência social, procura estudar os fatos políticos, que envolvem tanto acontecimentos e processos políticos, como o comportamento político que se expressa concretamente na interação social. (DIAS, 2013, p. 01). A ciência política pensa concretamente em todos os fatores que relacionam o po- der. Assim, podemos afirmar que o conceito de política está ligado ao poder. Pois quem faz política quer o poder, seja para vantagem pessoal ou para realizar o bem coletivo como afirma Weber (2012): Todo homem, que se entrega à política, aspira ao poder, seja porque o con- sidere como instrumento a serviço da consecução de outros fins, ideais ou egoístas, seja porque deseje o poder ‘pelo poder’, para gozar do sentimento de prestígio que ele confere. (WEBER, 2012, p. 57). O poder está ligado aos desejos e vontades dos homens e está relacionado a acon- tecimentos sociais e produz uma espécie de hierarquia em que a sociedade se organiza. Já para haver a paz social, o poder precisa atingir o que podemos chamar de legitimidade, seja pela aceitação dos homens ou pelo uso da força, promovendo a dominação e a submissão. UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA: CAMPOS E CONCEITOS 18 Vale ressaltar que cada grupo social estabelece sua forma de poder. Utilizando até mesmo a força e alienação do divino em algumas sociedades. Vale ressaltar que o poder estudado pela ciência política também analisa a coerção, o comportamento, os vínculos de dependência social, até mesmo o poder ideológico, entre outros. Bobbio (2000), separa o poder em três partes, em que temos o poder econômico, ideológico e político. Que explica como: (...) esses três tipos de poder tem como característica comum instituir e man- ter uma sociedade de desiguais, ou seja, dividida entre ricos e pobres (poder econômico); entre sapientes e ignorantes (poder ideológico) e entre fortes e fracos (poder político), ou seja, tem a particularidade de dividirem entre supe- riores e inferiores. (BOBBIO, 2000, p. 163). Precisamos também definir a relação entre as principais fontes de poder, pois elas aparecem de forma complementar umas das outras, sempre que necessário. Então, entre as principais fontes de poder, temos a força e autoridade. A força nada mais é que a coerção, seja física ou através de intimidação, em que se utiliza algo para dominar. Como exemplo, poderíamos apontar facas, armas, objetos como palmatória, bastões de madeira ou aço, entre outras. Nos estados essa força é exercida pela polícia e pelas forças armadas. Essa força intimidadora mantém o ciclo da vida e da sociedade em harmonia. A outra força exercida para se atingir o poder é a autoridade. Essa força é de simples compreensão, pois é através dela que ocorre a legitimação do poder. Vale ressaltar que a autoridade é construída com a soma de vários fatores como a utilização da cultura e a moral de uma sociedade, da legislação vigente e várias outras. Destacando ainda que a autoridade vem acompanhada da legitimidade social, obtendo apoio social. Podemos apresentar ainda que a legitimidade da autoridade pode ser burocrática, tradicional ou carismática. Assim, podemos definir a “autoridade burocrática” como: Autoridade burocrática ou racional-legal, baseada no cargo ou posição for- malmente instituída. É a autoridade investida no cargo que o indivíduo ocupa. Ele só tem essa autoridade enquanto estiver ocupando o cargo. O exercício da autoridade é legítimo por estar de acordo com as leis ou com as regras escritas. (DIAS, 2013, p. 34). Vale ressaltar ainda que não importa quem é o governante para que ocorra o princí- pio da legitimação do poder e sim a lei como ponto principal. Com isso temos composições burocráticas como órgãos de justiça na figura do juiz, de segurança na imagem do delegado e no administrativo na pessoa do funcionário público. Dias (2013) aponta que a “autoridade tradicional” é baseada na crença, normas e tradições sagradas e a que as pessoas obedecem em virtude da tradição. UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA: CAMPOS E CONCEITOS 19 Assim, podemos afirmar que essa força é exercida através do que se recebe atra- vés dos costumes de uma determinada sociedade, promovendo a aceitação de formas de governos que em certos casos chega ao ponto da repressão e de um governo único como uma monarquia absolutista. Como exemplos dessa autoridade podemos apontar a questão governamental na imagem do rei. Temos também a religião na figura do padre. A família na pessoa do marido entre outras. Por fim, vamos apresentar a “autoridade carismática”, que Dias (2013) nos apre- senta como: “Baseada na veneração extracotidiana da santidade, do poder heroico ou do caráter exemplar de uma pessoa e das ordens por ela reveladas ou criadas”, às quais se obedece em função do carisma (imagem de notável sabedo- ria, invencibilidade, exemplo ou santidade). Sua natureza é quase religiosa, e a organização ou sociedade permanecerá estável enquanto durar o líder. Exemplos: Cristo, Napoleão, Ghandi, Hitler, Martin Luther King, Perón, Fidel Castro etc. (DIAS, 2013, p. 35). Para continuarmos nosso estudo, precisamos entender que a ciência política vai muito mais longe que a relação de poder apresentada acima. Pois como o próprio nome diz, ela é uma ciência que envolve muitos outros fatores que a compõem, como, por exemplo, as políticas públicas e a política social que conheceremos logo abaixo. UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA: CAMPOS E CONCEITOS 20 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 Para continuarmos nosso estudo na sociologia política, precisamos conhecer os conceitos de políticas públicas e sociais. Talvez possa ser de conhecimento empírico uma definição simples e de compreensão vulgar desse tema. No entanto, vamos nos prender em definições científicas para que assim possamos expressar sua importância para a sociedade. Kauchakje (2017), nos apresenta uma definição simples, mas cientifica sobre as políticas públicas. Pois a mesma aponta a “política pública” como o “Estado em ação”, ou seja, o Estado passa a exercer seu papel em relação à tomada de decisões que resultará no desenvolvimento social e, os impactos das decisões e suas práticas, impactaram a vida de todos os cidadãos. Assim, podemos destacar que o Estado na figura de seu governante toma a decisão de direta em ações que deverão ser aplicadas ou não para o bem-estar de seus cidadãos. Kauchakje (2017), nos diz ainda que essas decisõesnos respondem às seguintes pergun- tas: Quem ganha? O que? Quando e como? Para explicarmos o que é política pública com maior facilidade, iremos avançar nas ideias apresentadas acima. Por isso, iremos começar nossos estudos apresentando a dificuldade de definição do termo política nas ciências políticas e apresentado nas línguas latinas. Como assim? O termo política é um conceito amplo e tem definições diferentes em várias línguas latinas, complicando o início do estudo. Por exemplo, Dias e Matos (2012), demonstra que na inglesa temos a distinção clara de dois termos: politics e policie. UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA: CAMPOS E CONCEITOS 4 POLÍTICAS PÚBLICAS E POLÍTICASOCIALTÓPICO 21 Já Secchi, Coelho e Pires (2019), complementa afirmando que: Na língua portuguesa, por exemplo, diversas conotações podem ser dadas ao termo “política”, enquanto na língua inglesa, contudo, essas conotações são diferen-ciadas pelos termos polity, politics e policy. (SECCHI, COELHO, PIRES, 2019. Pg. 01.). Polity, denota o ambiente político-institucional em que ocorrem os processos sociais. Secchi, Coelho e Pires (2019), afirma que Politics, pode ser explicada como uma atividade humana para obter e manter o que for necessário para o exercer o poder sobre o homem. Por isso que temos frases de senso comum como: “A política é pra quem tem estômago”, “Os conchavos políticos são comuns para se manter o poder” e “A política realizada na câmara dos deputados e no Senado é muito distante da realidade do povo”. Por fim, Secchi, Coelho e Pires (2019), apresentam a definição mais coerente com a realidade que estamos estudando. Quando afirma que: O terceiro sentido da palavra “política” é expresso pelo termo policy em inglês. Essa dimensão de “política” é a mais concreta e a que tem relação com orien- tações para a decisão e ação. (SECCHI, COELHO, PIRES, 2019, p. 02.). Então, partimos da ideia que a política pública vem do terceiro termo, em que temos o papel direto nas tomadas de decisões políticas. Dessa forma, podemos afirmar que a política pública vem de encontro com a solu- ção de problemas enfrentados pela sociedade. Percebemos isso em Dias e Matos (2012) quando afirma que: A política, nesse sentido, é executada por uma autoridade legitimada que busca efetuar uma realocação dos recursos escassos da sociedade. Nesse caso, a política pode ser adjetivada em função do campo de sua atuação ou de especialização da agência governamental encarregada de executá-lá. Desse modo, podemos nos referir à política de educação, saúde, assistência social, agrícola, fiscal etc., ou seja, produtos de ações que têm efeitos no sistema político e social. (DIAS e MATOS, 2012, p. 02.). O interessante a ser debatido nesse momento, é que todos os pensadores apresen- tados acima, demonstram a mesma definição sobre políticas públicas. Vale ressaltar que as diferenças são mínimas. Então se pergunte: Por que a política pública é tão conturbada em nosso país? Podemos responder essa pergunta apresentando a simples ideia de que o homem é feito de desejos e vontades que em alguns casos se sobrepõe a definição de que as políticas públicas devem ser responsáveis por resolver conflitos e estabilizar a sociedade. Ou seja, algumas vezes o poder individual fala mais alto que seu papel total e social. UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA: CAMPOS E CONCEITOS 22 Podemos destacar que uma política pública em sua totalidade, apresenta dois elementos fundamentais. O primeiro elemento é intencionalidade pública e o segundo é a resposta a um problema público. Vale destacar que o governante deve deixar seus desejos e vontades e pensar no coletivo. Somente assim, a realidade social pode ser atingida. As políticas públicas devem ser pensadas através de estudos aos problemas sociais, implantação de políticas públicas pensando nos instrumentos que devem ser utili- zados para o sucesso da mesma. Para que isso ocorra, Secchi, Coelho e Pires (2019), afirmam que políticas públicas devem tomar formas de programas públicos, projetos, leis, esclarecimentos públicos, entre outros. Ou seja, existe a necessidade de se operacionalizar as políticas públicas em sua área de atuação. Como exemplo, a saúde através do SUS, a educação através do MEC e INEP, o meio ambiente através do Ibama entre outros pontos a ser apresentado. Pode apresentar políticas públicas de maneira, mas exemplificada? Claro que sim. Podemos exemplificar a política pública através de programas criados por diferentes governos. Na educação, temos o Prouni e o Fies que ajudam na inclusão de acadêmicos nas instituições públicas e privadas. Temos o programa “minha casa, minha vida” e agora o “casa verde e amarela”, para resolver o problema da habitação. Citamos ainda o “bolsa família” e posteriormente o “renda Brasil”, que promete diminuir os índices de pobreza em nosso país. Vale ressaltar que existem muitas outras áreas que necessitam de políticas públi- cas para resolver problemas estruturais de determinadas sociedades e os exemplos acima demonstram algumas das políticas públicas que se misturam e se completam com políticas sociais. Mas o que é política social? As políticas sociais são criadas como um dispositivo de inclusão e de proteção ao cidadão. Vale ressaltar que algumas pessoas criticam as políticas sociais por acharem que é uma despesa desnecessária ao Estado. Surgindo jargões como: “Devemos ensinar a pescar e não dar o peixe”. No entanto, existe uma ambiguidade em nossa sociedade, pois existe uma grande parcela de nosso país que acredita nessas políticas, Por sua vez promoverá uma evolução se falarmos em relação ao equilíbrio social. Dentro do Estado, existe uma dualidade das políticas sociais que é explicada por Azevedo, Martins, e Ferreira, (2018), logo abaixo: As políticas sociais exercem um papel de dualidade no Estado capitalista, isto é, ao mesmo tempo, são fruto da luta da classe trabalhadora, mas tam- bém são um instrumento do Estado capitalista para a pacificação dessa mes- ma classe trabalhadora. Nesse cenário, as políticas sociais são um constante campo de disputa, ora em prol do proletariado, ora em prol da burguesia, ten- do estreita relação com a pobreza e a questão social. (AZEVEDO, MARTINS, E FERREIRA, 2018, p. 13). UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA: CAMPOS E CONCEITOS 23 Podemos perceber que a luta de classes se torna constante na sociedade capitalis- ta e, as políticas sociais tornam-se um papel importante para a superação da pobreza e da desigualdade, ou seja, as políticas sociais têm o grande papel de enfrentamento à situação social da sociedade. Podemos compreender melhor o papel das políticas sociais quando afirmamos que ela é simplesmente uma ferramenta para transformação social. Podemos perceber isso logo abaixo: Desse modo, as políticas sociais são uma ferramenta estratégica, que por intermédio de diversas ações são capazes de provocar transformação social, não somente na sociedade, mas principalmente nos sujeitos. É pelo conjunto organizado dos trabalhadores e por outras classes excluídas que realizam tensionamentos para a elaboração de políticas públicas em prol da popula- ção vulnerável. (AZEVEDO, MARTINS, E FERREIRA, 2018, p. 19). Assim, podemos concluir o tema, afirmando que as políticas públicas têm o papel importantíssimo para o enfrentamento de problemas de questão social. Seja da pobreza, da questão das mulheres, dos direitos dos autistas, entre outros. Pois uma política pública bem executada possibilita a emancipação dos humanos, promovendo cidadania aos membros de nossa sociedade. UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA: CAMPOS E CONCEITOS 24 UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA: CAMPOS E CONCEITOS 2525 AS FASES DAS POLÍTICAS PÚBLICAS (O ciclo ou Estágios das Políticas Públicas) O processo de formulação de Políticas Públicas, também chamado de Ciclo das PolíticasPúblicas, apresen- ta diversas fases: 1° FASE – Formação da Agenda (Seleção das Prioridades); 2° FASE – Formulação de Políticas (Apresentação de Soluções ou Alternativas); 3° FASE – Processo de Tomada de Decisão (Escolha das Ações); 4° FASE – Implementação (ou Execução das Ações); 5° FASE – Avaliação. Na prática, as fases se interligam entre si, de tal forma que essa separação se dá mais para facilitar a com- preensão do processo. Para conhecer um pouco mais acesse o livro no link abaixo: CALDAS, Ricardo Wahrendorff. Políticas Públicas: conceitos e práticas. Belo Horizonte: Sebrae/MG, 2008. Disponível em: http://www.mp.ce.gov.br/nespeciais/promulher/manuais/manual%20de%20politicas%20p%- C3%9Ablicas.pdf http://www.mp.ce.gov.br/nespeciais/promulher/manuais/manual%20de%20politicas%20p%C3%9Ablicas.pdf http://www.mp.ce.gov.br/nespeciais/promulher/manuais/manual%20de%20politicas%20p%C3%9Ablicas.pdf UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA: CAMPOS E CONCEITOS 26 O povo é o legislador no sentido de ser a fonte do poder político. Isso significa que só o conjunto dos cidadãos tem autoridade para impor as leis, ainda que estas sejam elaboradas por um grupo restrito de homens, mais habilitados para o desempenho de uma tarefa de tanta responsabilidade, que requer dis- cernimento e prudência. Para isso é conveniente que, por delegação do povo, alguns cidadãos mais com- petentes elaborem as leis, mas estas só se tornam preceitos coercitivos, ou seja, têm caráter de lei, se tiverem a sanção popular, pois “a autoridade humana para legislar compete exclusivamente ao conjunto dos cidadãos ou à sua parte preponderante”. (STREFLING, 2016, p. 102) Disponível em: https://www.scielo.br/j/ea/a/q9NsXLTYy4RQhkyC8Xq6FdG/?lang=pt&format=html https://www.scielo.br/j/ea/a/q9NsXLTYy4RQhkyC8Xq6FdG/?lang=pt&format=html 27 WEB Para construirmos uma consciência política e entendermos como funciona a Ciência política, temos que conhecer nosso próprio país. Por isso, como processo de evolução no processo de ensino-aprendizagem, deixo abaixo, uma lista de órgãos importantes na produção de políticas públicas que lhe auxiliarão a conhecer ainda mais nossa história. Nossa política. Nosso investimento em políticas sociais. Bom estudo! IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística É uma instituição da administração pública federal, subordinada ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. O IBGE se constitui no principal provedor de dados e informações do país, que atende às necessidades dos mais diversos segmentos da socie- dade civil. Disponível em: http://www.ibge.gov.br Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão Tem como missão promover o planejamento participativo e a melhoria da gestão pública para o desenvolvimento sustentável e socialmente includente do país. Disponível em: www.planejamento.gov.br Portal da Transparência É uma iniciativa da Controladoria-Geral da União (CGU), lançada em novembro de 2004, para assegurar a boa e correta aplicação dos recursos públicos. O objetivo é aumentar a transparência da gestão pública, permitindo que o cidadão acompanhe como o dinheiro público está sendo utilizado e ajude a fiscalizar. Disponível em: www.portaltransparencia.gov.br UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA: CAMPOS E CONCEITOS 27 http://www.ibge.gov.br. http://www.planejamento.gov.br http://www.portaltransparencia.gov.br 28 Secretária-geral da Presidência da República Compete assistir direta e imediatamente o Presidente da República no desempenho de suas atribuições, especialmente: (I) no relacionamento e articulação com as entidades da sociedade civil e na criação e implementação de instrumentos de consulta e participação popular de interesse do Poder Executivo; (II) na elaboração da agenda futura do Presidente da República; (III) na preparação e formulação de subsídios para os pronunciamentos do Presidente da República; (IV) na promoção de análises de políticas públicas e temas de interesse do Presidente da República e na realização de estudos de natureza político-insti- tucional; dentre outras tarefas. Disponível em: www.secretariageral.gov.br/ TCU – Tribunal de Contas da União A Constituição Federal de 1988 conferiu ao TCU o papel de auxiliar o Congresso Nacional no exercício do controle externo, tendo como competências: apreciar as contas anuais do Presidente da República; julgar as contas dos administradores e demais respon- sáveis por dinheiros, bens e valores públicos; apreciar a legalidade dos atos de admissão de pessoal e de concessão de aposentadorias, reformas e pensões civis e militares; reali- zar inspeções e auditorias por iniciativa própria ou por solicitação do Congresso Nacional, dentre outras. Disponível em: http://portal2.tcu.gov.br/TCU UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA: CAMPOS E CONCEITOS 28 http://www.secretariageral.gov.br/ http://portal2.tcu.gov.br/TCU 29 CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro (a) aluno (a), chegamos ao fim do capítulo sobre sociologia política. Espero que o entusiasmo proposto no início dessa unidade tenha atingido seu ápice nesse momen- to. Vale ressaltar que você deve cada vez mais ampliar seus horizontes buscando explorar todas orientações passadas durante nosso estudo e algo a mais. Acredito que percorremos um caminho repleto de conhecimento sobre as definições e conceitos sobre a sociologia política. Entendendo sua origem. Vale ressaltar que esses con- ceitos básicos farão parte de outros momentos de nossa jornada em busca do conhecimento. Após aprendermos os conceitos do que é a sociologia política, partimos para uma jornada encontrando experiências históricas e, conhecemos alguns pontos que envolvem a filosofia política de Nicolau Maquiavel em toda sua riqueza. Ainda nessa unidade, fizemos uma viagem e conhecemos o que é ciência política e entendemos suas definições e tipos de poder. Então, encerramos esse primeiro momento de nossa trilha de aprendizagem co- nhecendo os conceitos de políticas públicas e política social. Por fim, passamos por todos os desafios da construção sobre as políticas públicas e políticas sociais em todas suas vertentes. Desde já, muito obrigado e nos vemos no próximo capítulo! UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA: CAMPOS E CONCEITOS 29 30 MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO 1 Título: Sociologia política. Autor: Paulo G. M. De Moura. Editora: InterSaberes; 1ª edição (1 junho 2017). Sinopse: O que motiva o homem à ação política? Que tipos de regimes políticos existem? Como podemos definir o termo democracia? Que influências a mídia pode ter sobre a política? As pesquisas podem ter real impacto sobre a opinião pública? Essas e muitas outras questões são objeto de estudo da so- ciologia política, que busca compreender os elementos que compõem a realidade social, desfazendo preconceitos e para- digmas. Reflita sobre os complexos fenômenos presentes nas sociedades contemporâneas e desenvolva suas próprias ideias sobre como os problemas sociais e políticos da atualidade po- dem ser solucionados. LIVRO 2 Título: Introdução ao Estudo das Políticas Públicas: uma Visão Interdisciplinar e Contextualizada. Autor: Alvaro Chrispino. Editora: FGV; 1ª edição (1 janeiro 2016). Sinopse: Em relação a políticas públicas, a sociedade contem- porânea se comporta de duas maneiras distintas: pode ser mais esclarecida e participante, solicitando melhores resultados da gestão pública na solução de seus problemas, ou assiste estar- recida aos fatos que envolvem os desvios em torno da gestão pública. Entender como se articulam as variáveis, explícitas ou implícitas, na formulação, na execução e na avaliação das po- líticas públicas, é uma necessidade urgente. Este livro propõe olhar os acontecimentos recentes, da perspectiva do conheci- mento de políticas públicas. UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA: CAMPOS E CONCEITOS 30 31LIVRO 3 Título: A Ciência da Política - Uma Introdução. Autor: Adriano Gianturco. Editora: Forense Universitária; 3ª edição (10 julho 2020). Sinopse: A leitura definitiva sobre política. Para além dos “achis- mos”, este livro é um manual essencial sobre Ciência Política e seu funcionamento: apresenta o que há de mais relevante na literatura internacional, questões pertinentes da área e seus diagnósticos. Com uma abordagem científica rigorosa e atual, A Ciência da Política – Uma Introdução está divida em quatro partes. A primeira parte traz uma abordagem metodológica; a segunda trata dos pilares fundamentais da política: poder, polí- tica, guerra, impostos, Estado e obediência; já a terceira, analisa as questões relativas à democracia, como formas de governo, partidos, sistema partidário, sistema eleitoral, paradoxos do voto, luta eleitoral etc.; e, por último, se aprofunda na regu- lamentação, bens públicos, corrupção e análise das políticas públicas. Por que ler A Ciência da Política?A Ciência Política é o ramo das Ciências Sociais que se ocupa das relações de poder institucionalizadas e adota o método descritivo, individualista metodológico, reducionista e analítico para poder compreen- der, explicar e prever a ação política, mais do que esperar po- der mudar a realidade de forma revolucionária segundo nossos ideais preconcebidos. É a diferença entre prever e torcer. Nesse sentido, a Ciência Política representa uma alternativa às ver- tentes culturalistas da Antropologia e da Sociologia, mostrando que não “é uma questão de cultura”, mas de instituições e de incentivos (positivos ou negativos). Este livro trata-se, portanto, de um verdadeiro manual de ciência política, que cobre uma enorme lacuna no mercado editorial brasileiro.? FILME / VÍDEO 1 Título: Tropa de Elite 2: O Inimigo Agora é Outro. Ano: (2010). Diretor: José Padilha. Roteirista: José Padilha, Bráulio Mantovani. Produção: José Padilha, Marcos Prado. Sinopse: Filme que demonstra a segurança pública de nosso país através da história do capitão Nascimento (Wagner Mou- ra), agora coronel, foi afastado do BOPE por conta de uma mal sucedida operação. Desta forma, ele vai parar na inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Estado. Contudo, ele des- cobre que o sistema que tanto combate é mais podre do que imagina e que o buraco é bem mais embaixo. Seus problemas só aumentam, porque o filho, Rafael (Pedro Van Held), tornou- -se adolescente, Rosane (Maria Ribeiro) não é mais sua esposa e seu arqui-inimigo, Fraga (Irandhir Santos), ocupa posição de destaque no seio de sua família. UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA: CAMPOS E CONCEITOS 31 32 FILME / VÍDEO 2 Título: Real: O Plano por Trás da História. Ano: (2017). Diretor: Rodrigo Bittencourt. Roteirista: Mikael de Albuquerque. Produção: Ricardo Fadel Rihan. Sinopse: O filme nos leva ao ano de 1993, onde o inflexível Gus- tavo Franco é um crítico feroz da política econômica adotada pelo governo brasileiro nos últimos anos, que resultou em um cenário de hiperinflação. Opositor de políticas de cunho social, é adepto de um choque fiscal de forma que seja criada uma moeda forte, que devolva a dignidade aos cidadãos. Quando o presidente Itamar Franco nomeia Fernando Henrique Cardoso como o novo Ministro da Fazenda, Gustavo é convidado a inte- grar uma verdadeira força-tarefa, cujo objetivo é criar um novo plano econômico. FILME / VÍDEO 3 Título: Preciosa: Uma História de Esperança. Ano: (2010). Diretor: Lee Daniels. Roteirista: Geoffrey Fletcher. Produtor: Lee Daniels, Oprah Winfrey, Tom Heller, Tyler Perry. Sinopse: 1987, Nova York, bairro do Harlem. Claireece "Precio- sa" Jones (Gabourey Sidibe) é uma adolescente de 16 anos que sofre uma série de privações durante sua juventude. Violenta- da pelo pai (Rodney Jackson) e abusada pela mãe (Mo'Nique), ela cresce irritada e sem qualquer tipo de amor. O fato de ser pobre e gorda também não a ajudam nem um pouco. Além disto, Preciosa tem um filho apelidado de "Mongo", por ser portador de síndrome de Down, que está sob os cuidados da avó. Quando engravida pela segunda vez, Preciosa é suspensa da escola. A sra. Lichtenstein (Nealla Gordon) consegue para ela uma escola alternativa, que possa ajudá-la a melhor lidar com sua vida. Lá Preciosa encontra um meio de fugir de sua existência traumática, se refugiando em sua imaginação. UNIDADE 1 SOCIOLOGIA POLÍTICA: CAMPOS E CONCEITOS 32 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Plano de Estudos • Conceito de Elite e os pressupostos históricos; • Elitismo em: Gaetano Mosca; Vilfredo Pareto e Robert Michels; • A denúncia contra a Elite; • Critica a elite liberal. Objetivos da Aprendizagem • Conceituar e contextualizar o conceito de elite e os pressupostos históricos; • Compreender o que representou o elitismo de acordo com os sociólogos: Gaetano Mosca; Vilfredo Pareto e Robert Michels; • Contextualizar o processo da denúncia contra as elites estabelecendo as motivações para compreensão de tal ação; • Problematizar as questões que envolvem a crítica à elite liberal e suas características. 2UNIDADEUNIDADETEORIATEORIADASDASELITESELITESProfessora Esp. Alessandra Domingues Gomes 34 INTRODUÇÃO Seja muito bem-vindo(a) ! Prezado(a) educando(a), é com muito prazer que daremos continuidade aos nos- sos estudos sobre a disciplina de Teoria das Elites. Iniciaremos nossos estudos explorando o contexto que representa o Conceito de Elite e os pressupostos históricos. Nossa abordagem sobre a sociologia e seus pressupostos teóricos também fará uma fundamentação sobre importantes sociólogos que contribuíram para o entendimento do contexto sobre as elites que são Gaetano Mosca, Vilfredo Pareto e Robert Michaels. Dando continuidade aos nossos estudos sobre a sociologia na contemporaneidade e sua influência para formação das elites e a constituição das massas, o foco de pesquisa estará na denúncia quanto à monopolização do poder e o abandono social dos grupos menos favorecidos. E, por último, estaremos concluindo os estudos deste capítulo abordando sobre a Crítica da elite liberal, nela será feita uma análise quanto à Crítica à elite liberal, suas características e seu papel na sociedade. Espero que tenham um momento de estudo satisfatório e que essa leitura possa colaborar no aprofundamento de seu conhecimento, relacionando a importância da socio- logia e seus conceitos para a sociedade em seus mais diversos períodos. Muito obrigado e bom estudo! UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES 34 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 A palavra Elite tem origem do Francês ÉLITE, “escolha, seleção”, que veio do Latim ELIGERE, “escolher”, formado por EX-, “fora”, mais LEGERE, “catar, escolher”. O signifi- cado da palavra elite se refere a um determinado grupo com privilégios, grupo minoritário, visto como indivíduos superiores, por possuírem poder econômico ou domínio social. A teoria das elites surgiu a partir do século XIX idealizada pelo filósofoitaliano Gae- tano Mosca. Segundo BUARQUE DE HOLANDA (2011), Gaetano defendia o pensamento de que o elitismo nas mais diversas sociedades está sempre relacionado há uma minoria que detém os bens de consumo e poder e de um outro lado uma maioria que está privada de todos esses benefícios. De maneira geral é possível compreender que as elites são fruto de uma classe dominante, compreendida como um grupo que possui uma capacidade superior junto às classes dominadas, ela ainda teria como valor, manter o equilíbrio no sistema social ao permitir a mobilidade de classes, principalmente quando isso ocorre na ascensão de um sujeito através do seu mérito. O grupo considerado como elite é visto como um grupo minoritário de detentores do poder. Nos dias atuais as sociedades modernas possuem uma multiplicidade de elites, em um grupo relativamente organizado, que detém o poder de decisão. Essa mesma elite mantém um conflito com as classes dominadas, mantém-se exclusiva e suas características econômicas e sociais, no entanto ela só se mantém viva a partir do momento que mantém contato com outras classes consideradas inferiores a sua, mas que mantém a geração de conflitos. TÓPICO UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES 1 CONCEITO DEELITE E OS PRESSUPOSTOSHISTÓRICOS O poder econômico, social, as ideologias políticas, assim como o pensamento individual de cada cidadão são importantes fatores na formação da teoria das elites. De acordo com Mosca (2009), a sociedade está dividida em dois grupos: os governantes e os governados, neste entendimento os governantes estão em um número muito mais re- duzido, no entanto são eles que detém o poder, impõem sua vontade de acordo com suas necessidades, desejos, de relações sociais e políticas. Em vários momentos impor essa vontade significa a imposição de ações arbitrárias, violentas e desnecessárias para o restante da sociedade. A questão relacionada à divisão do poder entre governantes e governados se estende há muito tempo, constando em obras de pensadores modernos como Marx, Mon- tesquieu e Maquiavel. De acordo com Mosca (2009), as classes governantes por serem a minoria se constituem de uma forma muito mais organizada, se relacionando por afinidade e interesses sendo solidários entre si e com seus. Já as classes que são governados são extremamente numerosas e isso faz com que se dividam em grupos desestruturados e desorganizados, o que dificulta de forma expressiva sua ascensão. Quando pensamos em uma sociedade clássica, tradicional é simples conceituar o sistema de elite, pois ela se encontra de forma estável e com pouca mobilidade. No entanto, ao analisarmos as sociedades modernas podemos caracterizar o sistema de elite de uma maneira mais complexa e com um perfil mais dinâmico, baseado em uma sociedade com perfil tecnológico e extremamente rotativo. A sociedade moderna se caracteriza por uma variedade de elite relacionados com uma sociedade complexa, que vive cercada de desafios, busca constantemente se firmar como classe dominante através de suas ações, do seu poder de controle e decisão, e a imposição de suas vontades em detrimento das classes dominadas. Quando pensamos em elite, é possível compreender que vivemos em uma socie- dade capitalista, sendo esta sociedade dividida em classes com configurações histórico estrutural particular. Nesse sentido, evidencia-se a relação existente entre as estruturas de apropriação voltadas para economia e a dominação voltada para a política, definindo uma estratificação social. Este é o ponto de partida fundamental para teoria das elites: a constatação de uma lei histórica inescapável que divide os homens em governantes e governados. Atente para a expressão todas as sociedades. Essa generaliza- ção é fundamental pois ela autoriza mosca a afirmar que essa divisão, muito provavelmente, jamais deixará de existir, Os governantes são chamados por mosca de classe política ou classe dirigente, os governados são as massas. A classe política conduz a sociedade humana, as massas são conduzidas. Portanto a classe política deve ser o objeto de estudo central ciência políti- ca… (PERISSINOTTO, 2018, p. 30). UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES 36 As sociedades constituem a sua hierarquia desde a história antiga pelo seu poder econômico e sua posição social. Assim como entendemos que em uma sociedade capitalista quando pensamos no poder de hierarquização, é necessário analisar o processo produtivo, ou seja, a capacidade do indivíduo de produzir em prol de uma sociedade, e considera-se também a capacidade de consumo como um fator determinante para essa classificação. Assim, é possível compreender que ao analisar uma sociedade e os grupos que a compõem, o processo hierárquico se fará de acordo com os interesses daqueles que são parte dessa sociedade e o poder de oferta para classificar um indivíduo como sendo de um grupo elitizado ou não. Em nossa sociedade contemporânea, ao analisarmos a divisão de classes, fica evidente que elas se caracterizam por um grau variável de desigualdade. Essa variável se evidencia através da apropriação de riquezas geradas pela sociedade expressa, geral- mente, pela propriedade, pela renda e consumo de bens. Outro. De extrema importância é a participação de um indivíduo nas decisões políticas evidenciando-se pelo maior ou menor poder de decidir ou forçar decisões que favoreçam esse indivíduo, assim como seu poder econômico em sociedade. Outra questão importante que evidencia a elitização de um indivíduo se expressa em sua apropriação de bens simbólicos como, por exemplo, o acesso à educação, bens culturais como acesso a museus, teatros, livros etc. As questões que envolvem renda, propriedade, consumo, educação formal, tam- bém definem como as diversas classes sociais participam da sociedade. O que não se pode deixar de ressaltar é o nível exacerbado de desigualdade que vivemos na atualidade. Os números que expressam a pobreza e a miséria são incontestáveis, assim como a cons- tatação desses números quando se vivencia diariamente com uma diversidade de pessoas, buscando conhecer os diferentes grupos aos quais pertencem. Uma análise sobre a elite pode ser um desafio bastante amplo. Quando pensamos na questão, os que governam e os que são governados, isso nos remete não só para esfera pública, mas também para esfera privada. E como podemos conceituar essas duas linhas de pensamento em um mundo tão globalizado, em que temos uma diversidade de oportunidades, mas ao mesmo tempo somos massacrados por uma desigualdade econômica, cultural, e de direitos. Se pensarmos na constituição que rege o Brasil, assim como na constituição de outros países, temos o entendimento de que direitos básicos são iguais para todos. No entanto, a prática não reflete a teoria. Ao estudarmos os documentos que regem diversas nações, seja o Brasil ou seja outro país, o cidadão de fato se sente protegido e livre de ameaças. No entanto, ao nos depararmos com a realidade, principal- mente, em países subdesenvolvidos, entendemos que a teoria pode parecer libertadora UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES 37 e tentadora, no entanto ao vivenciar esta realidade, os indivíduos se deparam com uma grande desigualdade, com um estado de direito que não cumpre o que a lei propõe, sendo assim o mundo está cada vez mais se apropriando de uma grande desigualdade entre homens e mulheres, que dependem não só da sua força de trabalho, mas também de uma qualificação profissional, que nem sempre está disponível para todos, a sorte de estar no lugar certo e na hora certa, e ainda uma garra infinita para derrubar obstáculos. Analisando a questão da formação das elites na sociedade contemporânea, em termos gerais ela se divide em três ordens institucionais: estado, forças armadas e grandes companhias. Ao longodos séculos essas ordens institucionais tiveram um crescimento sig- nificativo quanto a sua capacidade de ação e recursos, centralizaram e concentraram sua organização assim como seu poder de decisão, criando corporações gigantescas ligadas por sua administração e economia. Não distante dessa realidade, o poder público e as ordens militares passaram a acumular uma capacidade de interferir na tomada de decisões de uma sociedade, expandindo-se o que resultou em um maior consumo de recursos públicos. Essas três ordens compõem a elite econômica política e militar, estão no topo da economia comandada por grandes executivos, autoridades estatais e poderosos políticos, assim como a elite militar, formando assim um pequeno grupo responsável por grandes decisões políticas e sociais. Essas reflexões nos fazem pensar em uma sociedade elitizada, formada por in- divíduos que se destacam positivamente e são entendidos como grupos privilegiados, ou seja, os que governam, e do outro lado, aqueles que trabalham, aqueles que vendem sua força de trabalho, que mesmo não tendo reconhecimento por sua força e dedicação, são os indivíduos que produzem para o crescimento privado ou governamental. A partir desse contexto, vamos buscar aprofundar esse entendimento de uma forma mais individual e contextualizada. 1.1 “Os que governam e que são governados”, esfera privada Quando pensamos o que pode representar a ideia de governar e ser governado na esfera privada, a primeira palavra que nos vem à mente, é a ideia do poder. A elite enquanto classe dominante assumiu esse papel a partir do momento em que foi vista como a classe que possui o controle econômico, o poder de decisões, e a superioridade diante das classes que são dominadas. UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES 38 A partir desse princípio, primeiramente buscamos entender o significado de poder. De acordo com Japiassu (2006, p. 222), “a palavra poder significa a capacidade, faculdade, possi- bilidade de realizar algo, derivada de um elemento físico ou natural, ou conferida por autoridade institucional,por exemplo: poder de criar, poder de nomear, e demitir, de escolher etc”. Ainda Japiassu (2006), descreve sobre Michel Foucault no qual faz um exame das relações entre saber e poder, ciência e dominação, controle, na formação da sociedade contemporânea. Essa genealogia parte da constatação de que o poder é exercido na so- ciedade não apenas através do Estado e das autoridades formalmente constituídas, mas de maneiras diversas, em uma multiplicidade de sentidos, em níveis distintos e variados, muitas vezes sem nos darmos conta disso. A partir desse pensamento é possível não só entender o sentido do poder, mas também compreender qual a relevância e o resultado do uso desse poder na formação de uma sociedade. Antigos filósofos como Aristóteles já abordavam a questão do poder, sua força e seu fascínio diante da sociedade. Aristóteles entendia o poder como elemento natural, que faz parte das relações sociais e não visto somente como um ato de dominação pela força. Assim como Aristóteles, Karl Marx (2013), já na idade moderna, compreendeu o sentido de poder como uma dominação política existente na humanidade na qual não só criou uma divergência entre diferentes classes, mas também contribuiu para o desenvolvimento do capitalismo industrial. Ainda na idade moderna Thomas Hobbes (2019) e John Locke (1996) também discutiam sobre as questões relacionadas ao poder. Enquanto Hobbes defendia a monar- quia e o controle do estado, Locke compreendia que o poder deveria ser dissolvido nas instituições, a fim de garantir o direito à população, em que o poder seria de origem política e de domínio da esfera estatal. O sociólogo Max Weber (2014) compreende o poder como uma imposição sobre os indivíduos. Essa imposição é dada como uma força de ordem ou não,em que as pessoas são submetidas ao poder e ao aceitá-lo passa a ser submetida à autoridade de outra pes- soa. Nesse princípio de Vader podemos imaginar que os indivíduos têm poder de escolher e podem ou não aceitar essa submissão ao poder. No entanto, se pensarmos no sentido de controle através das classes sociais, a imposição da elite sobre as classes populares muitas vezes de uma forma velada, entende-se que o indivíduo submetido não o faz por aceitação ou concordância, mas pelo fato de ser parte do grupo que é governado, ou seja a necessidade de sobrevivência e a falta de opção o leva à submissão, à submissão eco- nômica, à submissão social, geradas pela dependência econômica na maioria dos casos. Segunda condição essencial para o possuidor do dinheiro encontrar no mer- cado força de trabalho como mercadoria: o dono dessa força não pode ven- der mercadoria em que encarne seu trabalho e é forçado a vender sua força de trabalho que só existe nele mesmo... Quem quiser vender mercadoria que não seja sua força de trabalho tem que possuir meios de produção, tais como matérias-primas, instrumentos de produção e, e etc. (MARX, 2013, p.313). UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES 39 O poder, na sociedade atual, pode ser entendido de maneiras diferentes. Podemos classificá-lo como poder ideológico: pode influenciar as massas através de sua retórica, seu poder de convencimento, através de mídias, o que pode ser expresso pelas relações sociais, pelo mundo do trabalho, ou religião. O poder político está diretamente ligado ao estado, po- dendo ser visto de forma legal quando sua finalidade e a vida política ou tido como ilegítimo quando busca a dominação de pessoas ou classes. O poder econômico está diretamente ligado com a instituição privada através de bens e riquezas que levam à manipulação daque- les que necessitam do poder econômico de outros. Então, se o poder político está relacionado com ideologia, economia, política, ele também se encontra subdividido em grupos que determinam essa relação de poder, que podemos exemplificar através das relações familiares em que pais e mães exercem poder sobre os filhos, professores e alunos, em que o professor é visto como autoridade no âmbito acadêmico ou escolar, as relações de governantes e governados no âmbito político pelo qual aquele que governa exerce o poder sobre os governados e ainda a relação patrão e empregado que toda a força de poder vendo patrão aquele que detém a posse sobre aquele que necessita de sua sobrevivência através da sua força de trabalho. É nesse último item, a relação patrão empregado, que nos deparamos com as questões relacionadas com o mundo privado. A relação de trabalho é a que mais se sobre- põe quanto às relações privadas, pois em uma sociedade economicamente desigual em que as massas ou seja os governados necessitam sobreviver e seu único meio de alcançar essa necessidade é através de sua força de trabalho. Quando os governantes entendem isso, passam a utilizar dos meios de produção para controlar seus governados por saber que os mesmos mantém uma relação de dependência econômica com eles. Para transformar dinheiro em capital, tenho possuidor do dinheiro de encon- trar o trabalho livre no mercado de mercadorias, livre nos dois sentidos, o de dispor, como pessoa livre, de sua força de trabalho como sua mercadoria, e o de estar livre, inteiramente despojado de todas as coisas necessárias a mate- rialização de sua força de trabalho, não tendo, além desta, outra mercadoria para vender. (MARX, 2013, p.199). Em uma sociedade que é controlada por pequenos grupos que representam o po- der e se eu for em uma maioria desprovida de poder. Esse controle acontece exatamente pelo fato de que é a minoria que se concentra em controlar essas organizações. Assim entendemos que a elite estará sempre na posição de controle. Tal constatação não significa que essa elite representada pelas minorias não signi- fica que sejam os melhores, mas você tem o mecanismo para que a economia possa girar e, dessa maneira, as diversassociedades possam sobreviver em sociedade. UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES 40 Ao longo das décadas a velha elite baseada nas famílias tradicionais da sociedade se mesclaram com os chamados novos ricos. Mesmo que haja uma diferença de costumes, valores e heranças culturais e sociais, esses grupos se unificam por representarem os mesmos interesses, nesse sentido, o sistema educacional tem papel de extrema importân- cia, a educação apresenta os mesmos valores unificando as classes. A escola tem papel de agregar e apagar essas distinções presentes nesses grupos, transformando-os em um mesmo grupo, distintos do restante da sociedade por representarem os considerados gru- pos superiores, aqueles que governam. A escola assumirá um poder de socialização, assim como os laços familiares, as amizades, as influências sociais e pessoais. A união entre os muitos recursos executivos acaba por gerar aquilo que Wright Mills chama de riscos associados. Este alto grau de associação... Transforma cada vez mais interesses localizados e particulares em interesses amplos e de classe... Esse grupo passa, assim a controlar todo tipo de privilégio: altas rendas, isenção de impostos, influência social e política. Tudo isso permite a seus membros participar direta ou indiretamente das decisões que afetam a vida de milhões de pessoas. (PERISSINOTTO, 2018, p. 117) Com o desenvolvimento do capitalismo e o acúmulo de riquezas cada vez mais, surgiram novos ricos e pessoas que se tornaram extremamente influentes dentro da socie- dade. Essa influência também resulta em um acúmulo de vantagens em que a influência possibilita a conquista de mais riquezas. A elite comandada por pessoas muito ricas, que buscam associarem-se com todo aquele que também tem vantagens de oportunizar e, as- sim, na sociedade econômica privada formar grandes corporações, formada por pessoas altamente qualificadas que tiveram oportunidade de se apropriarem de conhecimento e estratégias que garantem cada vez mais sucesso no âmbito econômico e social. Esses grupos estão presentes nas associações industriais, comércio, bancos, transformando interesses não só particulares, como também amplo e dessas classes dominantes. 1.2 “Os que governam e que são governados”, esfera pública Na história contemporânea quando analisamos a sociedade e os grupos sociais que a ela pertence nos deparamos com uma elite que controla a sociedade através de grupos poderosos e unificados, tendo eles o controle e a capacidade de decisão. Quando analisamos os grupos políticos presentes na sociedade atual é possível identificá-la em grupos como, por exemplo: o político profissional, aquele que vive da po- lítica e que se reelege a cada mandato tendo seus grupos e alianças já firmados, a fim de garantir sua permanência nos grupos políticos; o político que é um ex-burocrata, ou seja, são aqueles que possuem uma formação, experiência ou conhecimento que justifique sua permanência, na qual podem contribuir para o processo político e assim acabam fazendo UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES 41 parte da vida pública através de indicações, de escolhas de partidos, de acordos políticos; o político não profissional, é aquele que não idealizou em um primeiro momento fazer parte do mundo da política, mas devido a condições de aceitação pública, indicação, aconte- cimentos sociais que o tornem uma pessoa pública e conhecida o levam a candidaturas e muitas vezes à eleição, muitos deles não têm qualquer conhecimento sobre políticas públicas sobre as questões sociais, mas se aventuram na vida política por questões econô- micas, de visibilidade ou vaidade. É claro o entendimento de que, quem governa são aqueles que pertencem à elite, sua posição social irá identificar quem fará parte desse processo, é importante não só o seu posicionamento social, como também a sua origem, pois no processo eleitoral muitas vezes isso se torna decisivo na escolha daqueles que votam, como, por exemplo, as pessoas votarem em candidatos que tem em seu histórico familiares como pais e avós que tiveram um histórico de sucesso encargos políticos no passado. Neste contexto, nos deparamos com aquele grupo que é dirigido, muitas vezes manipulado, ou seja, a massa. É através das massas que é possível gerar a chamada opi- nião pública, esse grupo é formado por indivíduos com capacidade de análise, discussão e reflexão. São pessoas que possuem uma opinião independente que representam a maioria da sociedade, por esse motivo se tornam o público-alvo em períodos eleitorais garantindo, assim, a eleição daqueles que fazem parte dos que governam, ou seja, das elites. Muitos compreendem que o homem de massa é o homem incapaz de pensar cri- ticamente e de agir com racionalidade, sendo assim fácil de manipular e estimular a tomar decisões nem sempre as mais assertivas. Essas características são constituídas socialmente, fazem parte do processo de concentração econômica nas elites. Nesse processo a sociedade de massa é funcional para o poder da elite, pois a manipulação pode impedir o surgimento de uma visão crítica do poder, impedindo uma visão clara e construtiva sobre o poder político e a elite, mantendo a classe dominada fora do processo reflexivo e construtivo da política. As diversas situações de descaso, promessas infundadas e jamais cumpridas, a falta de políticas públicas consistentes que garantam o direito da sociedade são alguns dos motivos que em muitos casos tem criado um pensamento mais crítico junto à sociedade de massa. Embora esse grupo tenha muitas vezes a característica de ser facilmente ma- nipulado, gerado pela falta de pesquisa, do conhecimento científico e social, e do senso crítico, nos últimos anos, esse mesmo grupo social, as chamadas massas, têm se mostrado críticas e construtivas, buscando mudar o cenário político, efetivando a busca por seus direitos através de manifestações e pelo voto. UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES 42 Não é prioritário saber quem governa ou quem controla diretamente o Esta- do, mas sim saber quais os efeitos que as ações estatais produzem sobre a estrutura social, não se trata de estudar ”Quem toma as decisões”?, mas se estas reproduzem o domínio de uma classe social sobre a outra, enfim a pergunta fundamental não é “Quem controla o estado”?, Mas o que o Estado faz, não é “Quem decide?”, mas o que é decidido e quais os efeitos objetivos da decisão. (PERISSINOTTO, 2018, p. 188) Concluindo, a relação entre dominantes e dominados, ou seja, os que governam e os que são governados, encontramos a elite estatal, formada por aqueles que controlam as instituições do Estado, por essa razão são eles que exercem o poder político. Em grande parte, são elementos das classes economicamente dominantes, assim em vários momentos da história esses indivíduos tendem a tomar decisões que favoreçam os interesses capita- listas. Nesse sentido, as classes dos governados em diversas situações ficam desprovidas da efetivação de seus direitos criando assim a eterna luta de classes. UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES 43 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44 2.1 Gaetano Mosca Gaetano Mosca nasceu na Sicília em 1858 e faleceu em Roma em 1941. Jurista e teórico político foi um dos grandes defensores e precursor da Teoria das Elites. Para Mosca (2009), toda a sociedade é dividida em dois grupos: os que comandam e os que são coman- dados, aqueles que comandam ficam destinados ao poder. Mosca era formado em direito, foi docente na universidade de Palermo, na universidade de Turim e na universidade de Roma. Devido à ascensão do fascismo e às críticas feitas por mosca suas atividades universitárias foram interrompidas por não concordar com o novo regime. Mosca foi autor de livros como:Sulla teorica dei governi e Sul governo parlamentar e história das doutrinas políticas, Elementi de ciência política entre outras obras. Ao longo das décadas, as ideias de música repercutiram por todo mundo, música defendia ideias como paciência, ser um resultado de um sistema de observações, pelo uso de métodos em busca de verdades indiscutíveis o que seria impossível a uma observação comum, sendo assim a ciência deveria ser um procedimento de observação rigoroso, a fim de se chegar a resultados exatos e específicos. Isso explicaria a evolução biológica se dando por aquele mais preparado e que alcançou resultados mais exatos em sua busca científica, compreendendo o que é história da humanidade se faz pelo homem que tem o predomínio da economia, da sociedade e da política assim como o conhecimento científico. Sendo assim, o que faz um homem se sobrepor ao outro é a sua capacidade de crescimen- to, de predominância, e não a luta pela sobrevivência. UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES 2 ELITISMO EM:GAETANO MOSCA,VILFREDO PARETOE ROBERT MICHELSTÓPICO Mosca valorizava o conhecimento e o método histórico como forma de encontrar as respostas científicas referentes às sociedades humanas. Nesse método são consideradas as observações de grupos e sociedades políticas em diversos períodos históricos, produ- zindo uma análise baseada na observação. Para Mosca (2009), o mais importante era identificar as modificações, as ações, as regularidades da sociedade. Essa identificação de acordo com Mosca deveria ser feita através de observação para que se pudesse chegar a uma conclusão histórica e realista. Essa observação proporcionou a constatação de que a sociedade é dividida entre os que governam e aqueles que são governados. Para ele, aqueles que governam estão entre a classe política, os grandes empresários, aqueles que detém o poder e por outro lado encontramos aqueles que são governados que são conhecidos como as massas. Para Mosca, a classe que mais deveria ser observada seria a dos que governam, pois está sob influência e decisão desses homens o futuro da sociedade. Dessa condição como veremos mais adiante, derivar a outra, não menos fun- damental, a saber, a de que é essa classe é organizada. A classe política é, portanto, uma minoria organizada termo frequentemente utilizado por mosca. Segundo, é importante atentar para a ideia de que a classe política é aquela que monopoliza os recursos de poder e os utiliza em benefício próprio ponto além disso essa classe exerce todas as funções políticas e não apenas a tela dos governos, isto é, ela controla vários recursos (econômicos, religiosos, escolares, e etc) que podem ser usados para influenciar as decisões políti- cas. Ao contrário, a massa de governados é definida como oposto da classe política, são governados e por isso dominados porque não tem a posse dos meios de governo e por que são uma maioria desorganizada. (PERISSINO- TTO, 2018, p. 30) Conforme Mosca (2009), toda mudança social é fundamentada historicamente na mudança de quem está no poder, aquele que o assume. Assim, a possibilidade de mudanças se fará através das fontes de poder em que , em muitos casos não parece ser interessante, pois temos classes políticas baseadas na política aristocrática, definidas por sua origem que tem a lutar para que não haja a manutenção desse poder, para que fique em volta desse mesmo processo hereditário, ou seja, para que fique nos seus próprios membros familiares como filhos, netos etc. Esse fato historicamente tende a mudar, muitas dessas classes declinam e perdem seu poder não significando o fim de um monopólio. Com o fim de uma dinastia política, a tendência é que surjam novas forças políticas e isso fará com que os governantes se man- tenham no poder em sua grande maioria, enquanto as massas continuam a ser governadas. UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES 45 O domínio da classe política sobre o resto da sociedade não é entendido por mosca como sendo exclusivamente o resultado de uma relação de força en- tre dominantes e dominados. Segundo o estudioso italiano, a classe política justifica o seu poder procurando dar de uma base moral ilegal, apresentando este mesmo poder como consequência necessária de doutrinas e crenças geralmente reconhecidas e aceitas na sociedade comandada por esta clas- se. (PERISSINOTTO, 2018, p. 37) Para Mosca (2009), a ideia da soberania popular não passa de um engodo, pois na sociedade contemporânea é possível observar que a vontade popular não predomina sobre as questões políticas, pois por mais que o homem tenha direito ao voto nem sempre as opções são necessariamente uma solução para os problemas sociais assim como ao ser eleito aquele que governa passará a manipular a política de acordo com suas vontades, sendo assim, essa mudança de comportamento, essa divergência entre a fala e a ação daqueles que governam faz com que a sociedade se torne refém de uma política social de uma política pública, na qual a sua vontade estará sempre em segundo plano. Mosca (2009), entende que o fim do despotismo poderia se dar através da solida- riedade, contando com uma proteção jurídica. No entanto, ele entende que a maioria dos indivíduos pensam mais em si próprios do que no coletivo, assim o autor entende que a pro- teção jurídica proporciona uma conduta moral, evitando desvio de ações através da política, da religião, entre outros mecanismos. Para Mosca (2009), o caminho mais provável para garantir um contra peso seria através da proteção jurídica liberal limitando o poder daqueles que governam. No entanto, esse sistema só terá resultados através de uma sociedade organizada, na qual estaria presente uma diversidade social através da sua representatividade. Ele ainda coloca que o voto não deveria ser geral, mas sim o sistema representativo em que apenas uma parte da sociedade estaria autorizada ao voto, essa parte estaria sendo deter- minada através de sua renda. Nesse sistema, iria garantir que as minorias também estivessem organizadas evitando o despotismo. Mosca era contra o sistema democrático, acreditando que os prin- cípios políticos deveriam ser mistos divididos entre um governo monárquico, democrático, e aristocrático sem haver predominância de nenhum deles, garantindo assim uma política organizada em que os grupos se controlariam entre si. UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES 46 2.2 Vilfredo Pareto Wilfried Fritz Pareto nasceu na França em 1848, e morreu na Suíça em 1923. Filho de nobres, em sua trajetória foi sociólogo, teórico político e economista italiano. Em suas obras abordou sobre as elites dominantes sobre a teoria do comportamento político e a es- sência racional do homem. Pareto graduou-se em matemática e física e também se tornou engenheiro. Também ficou conhecido por seus estudos em matemática e análise econômica. Foi na sociologia que Pareto buscou alcançar aquilo que a economia não explicava, o pensa- mento daquilo que não está voltado para lógica, mas para as relações humanas. Pareto (1991), graduou-se através da tese dos princípios fundamentais do equilíbrio dos Estados sólidos. Esse tema esteve presente nos estudos de Pareto principalmente pela ideia do equilíbrio, palavra-chave de seus estudos, ele também estudou economia através das obras de Adam Smith pelo qual aprofundou seus estudos quanto à economia, à política, e os movimentos sociais. Através das suas pesquisas e estudos de Pareto assim como Mosca acreditava na impossibilidade de produzir um estudo neutro quanto às questões sociais e políticas, pois acreditava que os cientistas naturais se deixavam influenciar por preconceitos e pai- xões. Para Pareto (1991), o método lógico experimental é aquele que irá proporcionar um conhecimento sistematizado para um sociólogo, buscando verdades e conclusões. Para ele, a busca por identificar regularidades é ação quefaz com que o homem busque as experiências e a partir delas chegue a conclusões nas quais possa não só compreender como colaborar com o desenvolvimento da sociedade. Através da observação da busca pelas experiências como forma de alcançar a verdade, Pareto (1991), buscou a distinção entre verdade e utilidade. Para ele a verdade vem através da ciência, no entanto isso não significa que seja socialmente útil sendo assim nem tudo que é verdadeiro caracteriza positividade para o equilíbrio social. Pareto (1991) buscava através de suas obras encontrar o equilíbrio e como a sociedade alcançou esse equilíbrio ao longo dos tempos. Ele entendia que através da observação que todo fenômeno social pode ser visto como a realidade, exatamente como ela se apresenta, ou seja, aquilo que é objetivo e por outro lado como ela é vista ao espírito de alguns homens, que é entendida como subjetiva. Ele compreende que a ação subjetiva compreende uma relação lógica entre meio e fim. Um exemplo de uma ação subjetiva seria uma penitência religiosa, a fim de alcançar alguma Graça como, por exemplo, um trabalho. O trabalho como ação humana é algo objetivo, no entanto a ação da penitência é algo subjetivo, por isso é uma relação lógica. UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES 47 Para Pareto (1991) as relações lógicas são frutos de um processo de raciocínio que busca através da observação compreender e analisar o seu meio e dessa forma gerar uma relação lógica em todos os seus componentes. Pareto (1991) discutia sobre a questão da democracia em um mundo contemporâ- neo e sua reflexão nos faz pensar sobre a questão do verdadeiro valor da democracia e a liberdade democrática da sociedade como um todo. Em todo governo democrático entende-se que a soberania é popular, que as deci- sões serão tomadas pelo povo e para o povo, no entanto é fato que em um processo demo- crático em que os representantes do povo são eleitos através do voto, a soberania popular não é uma realidade, pois as decisões trazidas pelos eleitos nem sempre contemplam as necessidades e a realidade do povo, levando por terra a ideia do princípio de igualdade e participação política popular. Quanto aos fenômenos sociais e políticos, Pareto (1991), criou uma teoria iden- tificada como resíduos. Nela ele discute que a verdade quanto aos fenômenos sociais e políticos não está naquilo que é defendido pelo homem de maneira explicativa, no entanto abstrata, pois a verdade estará em sentimentos profundos, na explicação instintiva. Ainda sobre a teoria dos resíduos, conforme Pareto (1991), sua discussão quanto à heterogeneidade social. Neste momento, Pareto reflete sobre a questão da homogeneidade da sociedade, para ele esse fato não existe, pois os homens são física, moral e intelectual- mente diferentes. Assim vivendo em uma sociedade desigual essa mesma sociedade deve ser dividida em dois lados, um considerado o estrato superior e o outro o chamado estrato inferior. Para ele, o estrato superior com quem as elites, as classes eleitas formadas por indivíduos economicamente superiores detentores do poder. Pareto conclui que a ideia de elite está de fato associada ao seu termo etimológico original, ou seja, significa que são os melhores, os eleitos. O conceito defendido por Pareto (1991), acaba por dividir a elite. Para ele, a socie- dade divide a elite governante e elite não governante, a elite não governante representa o grupo que se destaca em suas atividades, no entanto não estão no controle político. Para Pareto (1991), a classe governante é aquela que direta ou indiretamente influenciam o governo, sendo assim a elite política se forma não só por aqueles que foram eleitos, mas também por aqueles que controlam a economia, a cultura, religião, ou saber etc. Assim, aquele que não representa a elite é considerado como não elite, ou seja, as massas consi- deradas inferiores, no entanto essas classes devem se manter próximas, para que haja a circulação das elites para ocorrer o equilíbrio social. UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES 48 2.3 Robert Michels Nascido na Alemanha em 1876 e faleceu em Roma em 1936. Robert Michels le- cionou em universidades durante quase toda a sua vida, tornando-se um especialista em sociologia e política. Foi autor de importantes obras como: Zur Soziologie dês Parteiwesens in der modernen Demokratie e Corso di sociologia política. Em sua militância fez parte do partido social democrata alemão e partido socialista italiano assim como posteriormente se juntou ao sindicalismo revolucionário. Se tornou do- cente universitário onde abordava temas como economia política. Foi muito próximo a Max Weber, no entanto, futuramente afastou-se retomando bases teóricas de Mosca e Pareto. Michels foi aluno de Weber que teve grande contribuição para o seu sucesso, pois o orientava quanto aos temas a serem desenvolvidos em suas pesquisas. Ele era um mili- tante do movimento socialista, mas devido à desorganização interna, a falta de democracia acabou afastando-se do movimento compreendendo com isso a importância da formação de minorias dominantes, mesmo onde o discurso democrático era mais presente e se mos- trava mais adepto ao radicalismo. Através da obra “Sociologia dos Partidos Políticos” (1982), ele cita a divisão entre governantes que ele chama de oligarquia ao invés de elite, grupo esse organizado, a fim de gerar interesses próprios ao invés de representar o grupo no qual foi escolhido para. Do outro lado estão as multidões, que em sua interpretação esse grupo tenha necessidade de submissão alguém que os governe. Michels (1982), enfatiza que qualquer tipo de reivindicação seja de grupos elitiza- dos ou pelas massas, existe a necessidade de uma organização, pois para ele não existe a democracia sem necessariamente se organizar. No entanto, ele ainda coloca que a partir do momento em que essa organização se faz presente ela permite reunir forças, ela estará se colocando claramente contra os princípios democráticos. Essa observação se faz, pois Michels se aprofundou nos estudos sobre a organização operária de orientação socialista, em especial a corrente marxista no início do século XX. Para esses grupos, a democracia deveria ser destinada como um autogoverno das massas definindo o destino de cada comunidade. Para Michels (1982), a democracia é um sistema político inviável. Isso porque, de acordo com o sociólogo, consultar o reunir as massas é algo inviável em cada momento que for necessário uma tomada de decisões, por isso elas devem ser representadas. Ele ainda coloca que não existe a possibilidade de consultar as massas a todo instante. E isso repre- senta a participação ativa daqueles que possuem o conhecimento que seriam os técnicos e profissionais especializados como, por exemplo, economistas, advogados, entre outros. UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES 49 De acordo com Michels (1982), teríamos então uma lei sociológica, em que o poder se concentra nas mãos de chefes e especialistas, e aos poucos é retirado das massas esse mesmo poder de decisão. Para ele, isso não significa concentrar o poder nas mãos das mino- rias, mas sim faz parte de uma exigência organizacional refletindo assim em uma hierarquia. Como resultado da crescente complexidade das tarefas organizacionais e da especialização das funções no seu interior, as oligarquias são conduzidos há uma posição de superioridade intelectual contra a posta a uma incompe- tência formal e real das massas. Para Michels, portanto, trata-se da seguinte equação: a expansão das organizações exigem especialização das funções, está por sua vez, conduz a profissionalização, que por fim, vem acentuar as diferenças entre chefes e as massas no que se refere ao grau de instrução possuído por ambos. (PERISSINOTTO, p.88, 2018) Assim, Michels (1982), refere-se à superioridade intelectual em comparação àsmassas. Para ele, essa superioridade é algo indispensável, pois esses chefes que se tem conhecimento. Outra questão considerável é a necessidade de mobilização e agilidade quanto à solução de problemas. Para ele é necessário ações que tragam uma solução ime- diata e ágil para os problemas surgidos. E nesse sentido a democracia não colabora com essa agilidade, pois ela demanda de consultas e assembleias e reuniões que tornam esse processo bastante lento. Conclui-se então que a representação democrática é uma farsa em que a vontade dos pequenos grupos representam o que seria o desejo das massas o que de fato nem sempre é uma realidade. UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES 50 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 Desde o surgimento da teoria das elites através de Gaetano Mosca no século XIX, muitas são as discussões que permeiam este tema. É de conhecimento que quando estamos nos referindo à elite política, a elite privada, através de grandes industriais, gran- des banqueiros entre outros, estamos nos referindo àqueles que detém o poder, ou seja, aqueles que governam. Aqueles que governam são numericamente menores do que aqueles que são governados. No entanto, mesmo aqueles que são governados representem a maioria, isso não significa que a eles será atribuído o poder de escolher, pois os governantes são responsáveis por monopolizar o poder e assim fazer prevalecer a sua vontade através de circunstâncias legítimas ou se necessário arbitrárias, desde que prevaleça a suas necessi- dades e as necessidades e anseios dos pequenos grupos. Pensadores antigos e modernos como Marx, Maquiavel, Montesquieu, já represen- tavam a ideia de uma elite que controlava o poder. No entanto, quando essas teorias foram discutidas em tempos passados elas ainda não haviam sido articuladas e conceituadas de acordo com o pensamento de Mosca que prioriza esta teoria, embasada naqueles que governam e naqueles que são governados. Assim compreendemos que as classes dirigentes são representadas por um grupo homogêneo, e que se compreendem devido ao fato de defenderem os mesmos interesses. Mesmo que o grupo que governa representa as minorias eles são detentores do poder, e a partir dessa constatação também serão eles a definirem os caminhos a serem tomados pela sociedade não só para os pequenos grupos, mas também para as grandes massas. UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES 3 A DENÚNCIACONTRA AELITETÓPICO E será a partir desse contexto que iremos nos deparar com as desigualdades sociais. Esse processo de desigualdade entre as camadas sociais, serão determinantes para que as elites se destaquem e monopolizem o poder. A partir desse monopólio, as desigualdades irão se evidenciar, a desigualdade condiciona as massas a se limitarem a pouco ou a nenhum poder de decisão, e de sobrevivência em sociedade. Se por um lado aqueles que governam, detém o poder e o monopolizam para que as necessidades, os desejos dos pequenos grupos se tornem prioridade, do outro lado nos deparamos com os grupos mais vulneráveis da nossa sociedade. São aqueles que são negligenciados, que a eles o direito à educação, o direito a condições básicas de so- brevivência, a efetivação de políticas públicas. Eles não têm garantido condições básicas de sobrevivência nas quais encontramos na constituição brasileira, que é o documento mais que direciona nossa sociedade. Assim, encontramos grupos como negros, mulheres, indígenas, imigrantes entre outros que representam a grande massa, que são lembrados em momentos de decisão política, que são lembrados quando as necessidades desses grupos colaboram para que as elites alcancem seus anseios econômicos e políticos , mas que em nenhum momento muda a realidade desses grupos de fato, é uma prática ou uma necessidade imediata para as classes que governam, tornando as massas descartáveis até o próximo momento que se tornam uteis novamente para garantir a conquista das elites. As desigualdades se apresentam em grupos como: econômica, social e política. Esses grupos se definem e se completam. A desigualdade pode estar presente verticalmente quando materializamos a divisão social, ou seja, aqueles que representam as elites se encon- tram no topo desta pirâmide, por outro lado a base é representada pelas massas, por aqueles que representam a classe menos favorecida na sociedade. Essa diferença se evidencia através da diferença baseada na renda mensal. Podemos identificá-las através das etnias, raça, religião, orientação sexual entre outros. Basicamente a desigualdade social tem como causa aspectos relevantes e de co- nhecimento de toda a sociedade. Elas podem ser exemplificadas por questões como: acesso à educação ou a falta dele, à falta de políticas públicas que contemplem de forma igualitária a sociedade, acesso à cultura, entre outros fatores. As consequências dessa desigualdade podem-se evidenciar em questões como a desigualdade salarial que irá refletir na saúde, na cultura, na moradia, enfim, nas condições básicas de sobrevivência de um cidadão. UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES 52 O problema aqui não consiste em que os sociólogos levam em conta as mui- tas e bem documentada as diferenças no caráter do trabalho, no estilo de vida, comportamento político e nas atitudes que existem entre os grupos o problema consiste, antes de tudo, no fato de que, assim procedendo, mui- tos sociólogos deixam de levar em conta a possibilidade de que essas dife- renciações, dentro da classe operária como um todo, podem muito bem ser respostas diversas as situações idênticas do trabalho assalariado e que é igualdade subjacente a essa situação se torna crescentemente mais clara sobre o impacto da mecanização, da desqualificação e da crescente inse- gurança de emprego, que afetam tanto os trabalhadores manuais quantos não-manuais. A crítica a tais conceitualizações elípticas consiste em que elas estão totalmente voltadas para percepção subjetiva de diferenças, ao mesmo tempo em que ignoram a igualdade das condições objetivas, as quais todos os trabalhadores assalariados são submetidos. (OFFE, 1984, p. 59) Diante de tais reflexões é impossível não atribuir as desigualdades sociais presen- tes àqueles que governam. Se na esfera pública aqueles que governam são responsáveis por administrar a economia de um país, se são eles que recebem os impostos para que os mesmos sejam atribuídos a uma sociedade de forma que se diminua a disparidade social, então podemos pensar que é de responsabilidade dos que governam toda problemática que envolve as questões sociais de um país. Ainda podemos pensar naqueles que governam e que representam as instituições privadas, são esses que oferecem salários em troca da força de trabalho das massas. Sendo assim também é de responsabilidade desse grupo garantir salários que garantam a dignidade social de um cidadão, assim como todos os direitos legais e trabalhistas que competem a uma sociedade eticamente organizada. Se teoricamente sabemos que a essa elite cabe a organização social, a questionar e buscar transparência quanto ao papel desenvolvido por aqueles que governam para que a prática de uma política pública ou de uma empresa privada tenha como prioridade um compor- tamento ético no qual garantam as necessidades básicas daqueles que são governados através da política, da economia e das práticas sociais. UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES 53 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 Começamos a apresentar a crítica à elite liberal, através de Japiassu (2006), quan- do ele afirma que: o liberalismo políticoconsidera a vontade individual como fundamento das relações sociais, dependendo, portanto, a liberdade individual, liberdade de pensamento e de opinião, liberdade de culto”, em relação ao poder do estado um deve ser limitado defendendo assim o pluralismo das opiniões e a inde- pendência entre os poderes legislativo, executivo e judiciário que constituem o Estado. (JAPIASSU, 2006. Pg. 168). Já o liberalismo econômico, cujo principal teórico foi Smith (1996), considera que existem leis inerentes ao próprio processo econômico tais como a lei da oferta e da procura, que estabelece o equilíbrio entre a produção, distribuição e o consumo de bens em uma sociedade. O estado não deve interferir na economia, mas apenas garantir a livre iniciativa e a propriedade privada dos meios de produção. Ainda no âmbito privado podemos entender como pessoas politicamente liberais que têm como característica uma educação que proporcionou a elas acesso à riqueza e ao poder, nos quais a transforma em um grupo que representa as minorias que governam. É comum também a este grupo se posicionarem como aqueles que apoiam as massas trabalhadoras, no entanto eles representam a elite que governa e assim estão longe de uma compreensão realmente clara das necessidades básicas da classe dominada. UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES 4 CRÍTICA À ELITE LIBERALTÓPICO É comum encontrarmos indivíduos que fazem parte desta elite liberal defender o princípio de que, a valorização da liberdade individual, direciona o indivíduo para que ele tenha mais facilidade em alcançar seus objetivos e assim conquistar os seus desejos. No entanto, é de conhecimento que nem sempre o fato de um indivíduo escolher qual caminho trilhar irá significar o sucesso nesse caminho. Os seres humanos estão fadados a serem rotulados por sua classe social, sua etnia, suas condições econômicas. Neste sentido um indivíduo que pertence às massas terá muito mais dificuldade de se posicionar em uma sociedade extremamente preconceituosa, assim como ter acesso à educação, saúde e condições sociais que possam proporcionar a ele condições para que o sucesso não signi- fique uma luta diária a ser conquistada, mas sim, o resultado de um trabalho estruturado e natural para a conquista social dos indivíduos. Para Rosas (2018), o liberalismo igualitário nasce como uma reação as classes dominantes. Busacando valores que não podem ser negociáveis. Podemos perceber essa afirmação em Rosas (2018): O paradigma liberal igualitário contemporâneo surge como reação contra o utilitarismo dominante na política e na economia. Em vez da perspectiva con- sequencialista, welfarista e agregativa que caracteriza as diferentes formas de utilitarismo, o liberalismo igualitário é de carácter deontológico, não welfarista e anti-agregativo. Ele afirma a primazia da virtude social da justiça e do respeito por direitos individuais. Para o liberalismo igualitário estes valores não são ne- gociáveis em função de quaisquer consequências antecipáveis que permitam a maximização do bem-estar agregado. (ROSAS, 2018. Pg. 37.). Já o liberalismo em si, apresenta sua base na liberdade e nos direitos individuais, a igualdade diante da lei, o direito à propriedade privada e ao comércio. A história do libera- lismo iniciou-se no século XIII na Inglaterra sendo marcada pela ideia do estado mínimo, a meritocracia e o esforço individual para que cada um possa alcançar seus objetivos. Quando pensamos intimamente nas questões sociais, como, por exemplo, os gru- pos que governam e os grupos que são governados. Basicamente entendemos a ideia de liberalismo e a questão da meritocracia como sendo um objetivo individual, em que cada cidadão irá trabalhar e lutar em busca de reconhecimento e de alcançar suas expectativas e seus anseios. Mas a dúvida que nos faz questionar e refletir é, todos os cidadãos, inde- pendentemente de sua classe social, do seu acesso à educação, a cultura, possuem as mesmas condições de alcançarem o sucesso através da concorrência? Surge então uma fundamentação teórica muito discutida dentre os grupos que so- cialmente discutem as questões sociais no mundo. Sendo assim compreender que todas as pessoas possuem os mesmos direitos, mas ao mesmo tempo questionar o sistema no qual um indivíduo tem a liberdade de viver, mas não tem a liberdade de escolher a sua profissão no futuro, pois as condições sociais nas quais ele está inserido não proporcionam a ele o direito de estar frequentando esses meios educacionais. UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES 55 Historicamente quando pensamos na questão do liberalismo e a visão de que será através da valorização, da meritocracia e da liberdade de escolha que o indivíduo terá sucesso em sua vida social e profissional, é possível perceber que isso não depende única e exclusivamente da vontade dos seres humanos, mas é um processo no qual a sociedade como um todo está inserida. A sociologia já provou que não basta unicamente o desejo, a vontade, a luta individual para que o sucesso chegue às pessoas. Esse é um processo coletivo, pois cada indivíduo pertence a uma cultura, a uma história individual e coletiva di- ferente. Será através dessa história que a busca pelo sucesso poderá ou não ter êxito, pois cada um, através do seu processo coletivo que envolve família, escola, políticas públicas, sociedade, poderá ou não alcançar os objetivos traçados. Na idade média os critérios que definiam a pobreza não eram exclusivamente rela- cionados aos critérios econômicos, mas as condições de nascença ponto a igreja católica era muito influente na vida das pessoas, sendo assim havia uma visão positiva da pobreza, pois ela despertava o sentido da caridade e compaixão junto aos indivíduos. Ter uma alma nobre em virtude era algo compensatório, assim como a pobreza de ações referentes à caridade eram vistos como defeito. Na visão cristã a caridade era vista como uma obrigação moral. Já no século XVI, na história moderna, o antropocentrismo passa a ser o prota- gonista de toda a formação social. Os pobres representavam as questões religiosas, a pobreza e a caridade despertados por Cristo. Esse período também foi marcado principal- mente na Inglaterra pelo crescimento comercial industrial, aumentando excessivamente a necessidade de mão de obra. Nesse processo, a pobreza e a miséria passaram a ser vistas como preguiça, o desinteresse econômico, pois, havia muitas oportunidades de trabalho. No entanto, em nenhum momento foram consideradas as condições de trabalho, a explo- ração da mão de obra do trabalhador, a falta de leis trabalhistas que garantem o mínimo de qualidade de vida e respeito ao trabalhador. Se o povo não adquirir o hábito do trabalho, os preços baixos de todos os ar- tigos necessários para a vida estimulam a preguiça. O melhor remédio contra isso é aumentar a demanda de todos os artigos necessários; não somente através de prêmios de exportação — o que aliás muitas vezes também é útil — mas aumentando o número de pessoas que os consomem; e quando os artigos forem caros, exigir-se-ão mais trabalho e aplicação em todos os tipos de comércio e artes para obtê-los. (SMITH, 1996, p. 47). No século XVIII o liberalismo se fortaleceu, levando a justificativa para o sucesso dos indivíduos, a falta de interesse e de luta para se alcançar o sucesso. As pessoas eram vistas como protagonistas do seu destino, somente a elas cabia alcançar o sucesso social e econômico. A caridade como um todo já não fazia parte da rotina social, pois para muitos era necessário manter o medo da pobreza e da fome, a fim de que os trabalhadores reali- zassem com disciplina interesse suas funções. UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES 56 Na idade contemporânea, quando se analisa todo este processo que caracteriza o mundo do trabalho e a visão quanto ao objetivo de alcançar o sucesso, compreende-se também as grandes lacunas entre asoportunidades ofertadas, as chamadas elites e as massas, as precariedades dessas oportunidades e os meios disponíveis a ela. Assim, quan- do analisamos a atualidade e as questões sociais, observamos que a meritocracia cada vez mais passa a fazer parte da realidade da sociedade. Os indivíduos são cobrados desde sua formação acadêmica que o seu sucesso será fruto dos seus esforços, no entanto, a desigualdade social, as dificuldades, o preconceito junto às classes mais pobres estão cada vez mais presentes. Assim a chamada meritocracia, vista como um sonho a ser atingido individualmente e que só depende do indivíduo, passa a ser vista pela sociologia como uma luta desigual, em uma sociedade em que as oportunidades não se apresentam de forma igualitária para todos, em que as diferenças se fazem presentes e são determinantes para que um indivíduo possa ou não ser inserido na sociedade e no mundo do trabalho. Mas seria realmente razoável assumir que a probabilidade de uma concei- tualização equivocada dos interesses esteja equitativamente distribuída entre as classes? Argumentar aqui que esse não é o caso, que ao contrário, a probabilidade de distorção dos interesses é maior por parte da classe traba- lhadora que por sua parte da classe capitalista, sobre o domínio das relações capitalistas de produção. De acordo com esse argumento, os membros da classe operária experimentam maiores dificuldades para determinar o que seria os seus verdadeiros interesses, isto é, eles têm maiores dificuldades de superar o hiato entre interesses empíricos e interesses verdadeiros. Essa assimetria tem a ver com a própria dominação de classe com a ambiguidade, alienação, a mistificação e o fetichismo afetam diretamente a consciência da classe operária tanto quanto a exploração e a forma mercadoria, imposta a força de trabalho humano afetam suas condições materiais e sociais de vida se tá uma simetria existisse a um nível da percepção dos interesses, então esperaríamos encontrar diferentes tipos e graus de esforços organizacionais e comunicativos para racionalizar os respectivos interesses, isto é, para su- perar as distorções e desvios específicos que são o resultado da posição específica de classe .(OFFE, 1984, p. 85). O liberalismo está intimamente relacionado com as ideias iluministas do século XVIII. A partir de John Locke (1996), a ideia do liberalismo passou a ser defendida de uma forma mais precisa. Para ele, os indivíduos têm o direito natural à liberdade, à propriedade privada e a resistir contra a imposição de ideias de seus governos. Locke ainda compreendia que o po- der emanava do povo e não propriamente de Deus como era defendido no período medieval. Por esse motivo era necessário estabelecer uma relação entre governantes e governados e criar uma relação entre essas forças para que a sociedade pudesse se movimentar harmoni- camente respeitando os direitos individuais. UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES 57 O liberalismo tem suas bases no afastamento do estado quanto nas políticas pú- blicas e sociais. Sendo ele um defensor da Liberdade individual, dos direitos individuais, da igualdade, segurança, felicidade, liberdade religiosa, é também parte do seu processo de formação liberal a ideia de não intervenção governamental, pois alcançar o sucesso através dos itens já citados fazem parte de um plano individual e não coletivo. Essa ideia já pressupõe o ideal defendido por Smith (1996) em que eram prioriza- dos a propriedade privada, o livre mercado, e a tributação mínima. A partir do pressuposto do liberalismo e o livre mercado entende-se que, a não intervenção do estado significa liberdade para esses detentores do capital e dos meios de produção e venda à liberdade de opção pelo preço a ser comercializado, o salários a serem pagos, o que muitas vezes ocasiona uma grande disparidade econômica entre elite e massa. Assim um estado liberal deve ser regido por leis que estabeleçam limites. No entanto, a liberdade comercial passa a ser parte fundamental dessas relações estando a elite livre para determinar este segmento. Outra questão muito debatida e presente nas transformações econômicas é o neo- liberalismo e a privatização de empresas estatais. Se por um lado a circulação de capitais, abertura econômica, podem trazer benefícios para a economia de um país, por outro lado nós temos o desmonte de concursos e políticas públicas que em muitos casos favorecem aqueles que proporcionam o sucesso individual de cada pessoa. Ainda que alguém fizesse um uso assim perverso das bênçãos derramadas por Deus sobre sua cabeça com mão liberal, que alguém fosse cruel e des- provido de caridade a esse extremo, não estaria comprovado que a proprie- dade da terra, mesmo neste caso, conferir se alguma autoridade sobre as pessoas dos homens, o que somente pode ocorrer mediante um pacto. Pois a autoridade do rico proprietário e a submissão do mendigo necessitado origi- nam-se não das posses do senhor, e sim do consentimento do pobre que pre- feriu ser súdito a morrer de fome e o homem em que se submete desta forma não pode pretender estar submetido a um poder maior do que aquele em que consentiu mediante ao pacto ponto com base nessas premissas, o fato de um homem os armazéns abarrotados em período de escassez, ou dinheiro no bolso, ou estar numa embarcação no mar sabendo nadar, pode ser também a origem de um governo e domínio, tal como se tivesse a posse de toda a terra do mundo, dados em qualquer uma dessas circunstâncias suficiente para permitir a ele salvar a vida de um homem que pereceria caso tal assistência ali fosse negada e, segundo está regra tudo quanto possa constituir uma oportunidade para Se valer da necessidade de outrem para salvar a vida ou algo que lhe traga caro, ao preço de sua liberdade pode converter-se numa fundação de soberania bem como de propriedade. (LOCKE, 1996, p. 245). Assim o princípio do liberalismo acaba por desencadear novos problemas sociais que muitas vezes afetam diretamente aqueles que são governados, ou seja, as massas. É possível citar entre as principais críticas a serem abordadas: a meritocracia seria um sistema falho, pois nem todos fazem parte dos grupos com condições de alcançar esses objetivos. Levando assim a uma diferença injusta entre as partes, em que o favorecimento estará para aquele que tem mais condições financeiras e estabilidade. UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES 58 Toda mercadoria que não possui uma política de estado reguladora terá em sua comercialização o favorecimento das ambições do detentor dessas mercadorias e de seu poder de comércio. Quanto à tributação, privilegia as elites e as chances de que isso levará a oneração dos cidadãos que pagam os impostos, principalmente as massas. Quando o estado coloca a liberdade individual acima de outros direitos fundamen- tais ele abre espaço para a formação de uma sociedade com uma moralidade definida. UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES 59 60 CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro (a) acadêmico (a), chegamos ao final desta unidade e ao decorrer dela apro- fundamos nossos estudos quanto à Teoria das Elites, e sua compreensão quanto ao estudo da sociologia. Iniciamos nosso estudo através do conceito de elite e seus pressupostos históricos, neste capítulo foi de suma importância compreender a influência das elites na visão social, econômica e histórica ao longo dos tempos. No segundo capítulo, nosso foco de estudos direcionou-se a conhecer e compreender a corrente sociológica de pensadores como: Vilfredo Pareto, Gaetano Mosca e Robert Michels. Através do contexto teórico desses sociólogos foi possível conhecer e aprofundar nossos es- tudos nas questões sociais sobre a formação das elites e das massas, ao longo das décadas. Dando continuidade aos nossos estudos, abordamos ainda a questão da “Denún- cia contra as elites” buscando compreender mais sistematicamenteas ações econômicas, políticas e sociais praticadas por esse grupo, e assim através de reflexões que objetivam formular uma crítica real e construtiva sobre as ações praticadas pelas elites e o reflexo delas na sociedade contemporânea. Por fim, encerramos essa unidade buscando compreender a importância das re- flexões quanto à Crítica da elite liberal, seu conceito, ações, e reflexo para sociedade em todos os seus momentos buscando um despertar crítico e reflexivo quanto à sociologia. Sucesso e até o próximo capítulo. Obrigada a todos(as)! UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES 60 UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES 6161 Vídeo do canal Futura aborda sobre a desigualdade social no Brasil. A desigualdade econômica se dá por meio da distribuição irregular da renda, gerando a pobreza. Fonte: Canal Futura.Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Iw4h88BY3A4 . Acesso : 21 fev. 2022 O escritor Jessé de Souza, faz uma análise crítica sobre a política brasileira desde a escravidão até a Lava Jato, com um olhar bastante afinado e críticas inteligentes sobre a história política do Brasil. Fonte: Revista Cult.Disponível em: https://revistacult.uol.com.br/home/jesse-souza-a-elite-do-atraso/. Acesso: 21 Fev. 2022 https://www.youtube.com/watch?v=Iw4h88BY3A4 https://revistacult.uol.com.br/home/jesse-souza-a-elite-do-atraso/ 62 WEB O podcast aborda a questão da desigualdade social no Brasil relacionados à edu- cação. Seu principal foco de estudo está na diferença dos níveis de aprendizagem entre escolas públicas e privadas. Gazeta do Povo. Tragédia na educação: Brasil aprofunda desigualdade social na sala de aula. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=IDIXmmDFj8E . Acesso em: 11 fev. 2022. UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES 62 https://www.youtube.com/watch?v=IDIXmmDFj8E 63 MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Violência e a história da desigualdade. Autor: Walter Scheidel Editora: Zahar; 1ª Edição (1 março 2017). Sinopse: Das primeiras sociedades humanas até hoje, a desigual- dade econômica só diminuiu de forma significativa com rupturas violentas de larga escala. Sem guerras em massa, revoluções transformadoras, falência do Estado ou epidemias catastró- ficas nunca houve nivelamento real de renda ou riqueza ― os ricos continuaram ricos ou, como nas últimas décadas, ficaram ainda mais ricos, uma vez que sempre resistiram a mudanças profundas alcançadas pacificamente. Com argumentos sólidos, fundamentados por pesquisa detalhada e apresentada com fartura de dados, Walter Scheidel, historiador da Universidade Stanford, chega a uma conclusão ainda mais perturbadora: se atualmente os eventos de violência cataclísmica não parecem ser tão ameaçadores quanto antes, por outro lado as propostas eco- nômicas para reduzir a desigualdade não estão surtindo efeito, e o desequilíbrio econômico e social só tende a aumentar. LIVRO 2 TÍtulo: A Elite do Atraso Autor: Jessé Souza Editora: Estação Brasil(Fevereiro 2019) Numa época em que a questão das desigualdades racial e social estão, mais do que nunca, no centro de cena, o sociólogo Jessé Souza escancara o pacto dos donos do poder para perpetuar uma sociedade cruel forjada na escravidão. Esse é o pilar de sustentação de nossa elite, A elite do atraso. Depois da polêmica aberta pela obra A tolice da inteligência brasileira e da contun- dência exposta em A radiografia do golpe, o autor apresenta uma obra surpreendente, forte, inovadora e crítica na essência, com um texto aguerrido e acessível. Figuras como as do “homem cordial” de Sérgio Buarque de Holanda e do “jeitinho brasileiro” interpretada por Roberto DaMatta sedimentaram a síndrome de vira-lata do brasileiro e a ideia de que a corrupção política é o grande problema nacional. Para Jessé, no entanto, ideias velhas nos legaram o tema da corrupção dos tolos, restrita à política. Na corrupção real, no entanto, o problema central – sustentado por outras forças – é a manutenção secular de uma sociedade desigual, que impossibilita o resgate do Brasil esquecido e humilhado. Com o objetivo de desconstruir essa legitimação “naturalizada” ao longo de décadas, o autor toma a experiência da escravidão como a semente da sociedade desigual, perversa e excludente do Brasil para, em seguida, analisar como a luta de classes por privilégios construiu alianças e preconceitos que esclarecem o padrão histórico repetido nos embates políticos do Brasil moderno. Por fim, faz o diagnóstico do momento atual, batendo forte no que chama de conluio entre a grande mídia e a operação Lava Jato. UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES 63 64 FILME / VÍDEO Filme: Você não estava aqui Ano: 2020 Diretor: Ken Loach Sinopse: O foco da obra está nas críticas ao trabalho informal, as condições às quais as pessoas são submetidas nesse tipo de atividade e sobretudo ao que vem sendo chamado de “uberiza- ção do trabalho”. Uma família enfrenta dificuldades financeiras depois da crise de 2008. O pai começa a trabalhar em uma empresa de entre- gas sem um vínculo empregatício. Com o tempo, a autonomia de fazer seus próprios chefe acaba se tornando um pesadelo de turnos desumanos e sacrifícios financeiros para conseguir manter a família. Uma tragédia social que está na ordem do dia. FILME / VÍDEO 2 Filme: Coringa Ano: 2019 Diretor: Todd Phillips Sinopse: Indicado a 11 categorias no Oscar 2020 e levando duas estatuetas, o filme conta a história do grande inimigo de Batman. Após ser demitido de seu emprego como palhaço em uma agência, Arthur, o Coringa, comete uma série de assassi- natos. Suas ações iniciam um movimento popular contra a elite de Gotham City. A obra mostra as dificuldades enfrentadas pelo personagem na vida social, financeira e psicológica. Nesse contexto, existe uma forte crítica ao neoliberalismo, já que a obra provoca o espectador para questionar a falta de auxílio do estado ao personagem. Arthur responde a isso tudo com uma violência extrema que acaba sendo aclamada por uma população que só enxerga a solução para seus problemas por esse caminho. Vale lembrar que, na época de sua estreia, apesar do sucesso de público, o filme chegou a ser criticado nas redes sociais pela violência empregada nas cenas. As discussões chegaram aos massacres com armas de fogo nos Estados Unidos – tema de extrema relevância nos dias de hoje. Muitos apontavam que o filme incitaria esse tipo de ataque. UNIDADE 2 TEORIA DAS ELITES 64 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Plano de Estudos • Definição o que é?; • Dimensão Econômica e Política; • Dimensão Política; • Crise do Estado de Bem-Estar Social e ascensão do Neoliberalismo Objetivos da Aprendizagem • Conceituar e contextualizar o conceito de Estado e o bem estar social, enfatizando seu compromisso com as políticas públicas; • Compreender a responsabilidade do Estado enquanto regulador e responsável pela economia e política nacional; • Contextualizar o processo da dimensão da política enquanto órgão competente quanto às responsabilidades junto ao Estado de direito democrático; • Problematizar as questões que envolvem o bem estarsocial e influência do neoliberalismo nas políticas públicas na sociedade contemporânea. 3UNIDADEUNIDADEO ESTADOO ESTADODE BEMDE BEMESTAR SOCIALESTAR SOCIALProfessora Esp. Alessandra Domingues Gomes 66 INTRODUÇÃO Seja muito bem-vindo(a) ! Prezado(a) educando(a), é com muito prazer que daremos continuidade aos nossos estudos sobre o Estado e o bem-estar social. Iniciaremos nossos estudos explorando o contexto que representa os Estado e suas responsabilidades legais junto a uma nação. Nossa abordagem sobre a sociologia e a Dimensão Econômica e Política, tendo como ênfase relacionar o princípio do que é a política e a relação com a economia em uma abordagem social e igualitária, que prevaleça as questões de necessidades pertinentes às políticas públicas. Dando continuidade aos nossos estudos sobre a sociologia na contemporaneidade e sua influência para formação das elites e a constituição das massas, o foco de pesquisa estará na denúncia quanto à monopolização do poder e o abandono social dos grupos menos favorecidos. E, por último, estaremos concluindo os estudos deste capítulo abordando sobre a Crítica da elite liberal, nela será feita uma análise quanto à Crítica à elite liberal, suas características e seu papel na sociedade. Espero que tenham um momento de estudo satisfatório e que essa leitura possa colaborar no aprofundamento de seu conhecimento, relacionando a importância da socio- logia e seus conceitos para a sociedade em seus mais diversos períodos. Muito obrigado e bom estudo! UNIDADE 3 O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67 O estado de bem-estar social surgiu após a segunda guerra mundial com o objetivo de reconstruir a economia nos países ocidentais objetivando uma nova organização econô- mica e política quanto à sociedade. Quando criado, seu objetivo era garantir o enfrentamento quanto aos trabalhadores que exigiam melhores condições de vida e trabalho, assim como garantir uma nova ordem econômica contrapondo aos blocos socialistas. O estado social surgiu a partir das teorias de John Maynard Keynes em sua obra “Teoria geral do emprego do juro e da moeda”. (2010). Assim o estado teria como objetivo intervir nas atividades econômicas investindo, executando obras, redistribuindo rendas e assim garantindo o bem-estar da população. Essa ideia contrapunha o liberalismo, ou estado mínimo, que tinha como objetivo distanciar a intervenção do estado. Fiori (1997), nos fornece uma definição sobre o estado de bem- estar social simples e objetiva, como podemos verificar abaixo: Uma premissa metodológica aparentemente simples, mas cuja imensa com- plexidade prática aparece de imediato quando tentamos reunir, sob um mesmo conceito - o da "proteção social". Instituições e práticas tão radicalmente distin- tas como silo as Poor Laws e as Friendly Societies inglesas, os seguros sociais compulsórios alemães, dos tempos de Bismarck, as Caixas de Pensão brasilei- ras dos tempos de Eloy Chaves, o New Deal norte-americano de Roosevelt ou, finalmente, o Estado de Bem-Estar Social, a forma moderna mais avançada de exercício público da proteção social. (FIORI, 1997. Pg. 131). 1 DEFINIÇÃOTÓPICO UNIDADE 3 O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIAL Fiori (1997), deixa claro sua definição e abre espaço para novas informações. Vale ressaltar que através da teoria apresentada acima, os economistas modernos, baseados no capitalismo compreendiam como necessária: moradia, educação básica, saúde, transporte, lazer, trabalho, salário, garantindo o mínimo de qualidade de vida para os menos favorecidos. Nesse mesmo período em países latinos, instaurou-se uma variedade de modelos governamentais, entre eles ditaduras que foram implantadas através de golpes militares, em uma ideia deturpada do que seria agir de acordo com a lei, esses golpes exerciam poder e controle sobre os grupos sociais de seus países. O estado de bem-estar social entendido como uma organização política, econômica, social e cultural que tem como objetivo colocar o estado como responsável em promover ações sociais e organização econômica, a fim de garantir o bem-estar da sociedade como um todo. Esse processo deve ter como princípio uma distribuição de renda igualitária e ainda serviços básicos como saúde e educação. As questões ligadas ao estado e que se relacionam socialmente perpassam a ideia do dia a dia individual e passam a fazer respeito à estrutura de uma sociedade causando problemas sociais como desemprego, a fome, crises financeiras como outros problemas. Esses problemas afetam a sociedade como um todo, atingindo principalmente os grupos sociais menos favorecidos identificados como as massas. O Estado de bem-estar social adota o sistema de medidas com a finalidade de proteger seus cidadãos, garantindo assim a saúde, a segurança, moradia, lazer, educação entre outros. Assim, seu objetivo é trazer a igualdade de oportunidades a todos, a distri- buição de riquezas e ainda a responsabilidade por aqueles que não tem condições de manter as condições básicas de sobrevivência, mesmo quando se beneficia de subsídios oferecidos pelo governo. O estado de bem-estar social que busca garantir a igualdade de oportunidades e a distribuição de riquezas tem na sua prática características que irão variar de acordo com cada país. Ele pode ter uma aplicação ampla ou restrita de acordo com as necessidades sociais de cada país, entre as principais necessidades podemos citar como contribuição do governo no sentido amplo para o bem-estar do cidadão tais como: pavimentação, transporte público, saneamento básico, policiamento, escolas etc. Já no sentido estrito é possível destacar ações como: seguro desemprego, licença-maternidade, assistência médica gratuita, pensões etc. A origem do Estado de bem-estar social originou-se nas políticas sociais. Historica- mente, as políticas sociais estão classificadas em três momentos diferentes: Estado liberal, Estado social, Estado neoliberal. UNIDADE 3 O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIAL 68 O estado liberal é baseado no liberalismo, doutrina essa surgida desde o período do iluminismo nos séculos XVII e XVIII. A proposta dessa forma de governo entendia a valorizar o direito à liberdade como forma de proteção dos cidadãos, desde que não ultrapasse o di- reito de outros cidadãos. Esse sistema de governo tem como foco de interesse a burguesia, pois acredita que a não interferência do Estado irá garantir uma regulamentação individual e particular com maior sucesso e autonomia. Nele são valorizadas características como Liberdade individual, igualdade de direitos, tolerância, Liberdade da mídia, livre-mercado. No estado social tem como característica a ocupação e o uso da intervenção efetiva do Estado quando necessário, se faz através dos direitos culturais vírgulas econômicas e sociais. Já no estado neoliberal o governo é visto apenas como um regulador da economia. Com a crise do liberalismo na década de 70 o modelo foi adotado por muitos países. Mas a crise de 29 apresentou dados que comprovaram que uma falta de regulamentação pode acarretar um crescimento descontrolado gerando a quebra econômica de um país, daí a ideia de um estado mínimo regulador das políticas nacionais de um país. No Estado neoliberal,é o aspecto em que os trabalhadores são os que mais perdem, pois seus os salários, desaparecem como vapor. Segundo Pereira (2004), os resultados percebidos das políticas neoliberais tem sido: a) aumento do desemprego, que nos anos 1990 alcança 20% da população economicamente ativa nas regiões metropolitanas, principalmente em São Paulo; b)acentuada precarização dos postos de trabalho, prejudicando os trabalhadores; c) desassalariamento, que seconsubstancia principalmente no crescimento das ocupações informais; d) aumento do trabalho em tempo parcial, ou seja, cada vez mais os trabalhadores não conseguem empregos em tempo total. e) queda nos rendimentos, tendo como exemplo o salário mínimo real, que sofreu significativas perdas na década de 1990. (PEREIRA, 2004, p. 22). O Estado de bem- estar social surge no segundo momento, no Estado Social, sendo responsável por diversas mudanças ao longo dos anos. Entre as transformações sofridas que podem ser citadas estão: a conquista de direitos políticos pela classe trabalhadora ocorrendo graças a luta de classes que passou a ter direitos políticos através da socializa- ção em que a sociedade civil passa a ter acesso às decisões, levando a elite a perder o monopólio sobre o estado. Dessa forma o estado passa a assumir o dever de proteger os direitos dos cidadãos. UNIDADE 3 O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIAL 69 1.1 Políticas públicas O conceito de bem-estar social entendido como uma prática política que objetiva colocar o estado como responsável em promover e organizar as ações sociais deve se or- ganizar, a fim de que tal ação tenha sucesso. Assim a organização das políticas públicas é necessária compreendendo que ela irá garantir assistência àqueles que necessitam da in- tervenção do estado, efetivando a garantia de direitos por lei. Nesse sentido, a administração pública deve-se planejar criando condições para que as necessidades dos cidadãos sejam contempladas, e assim diminuir a desigualdade social garantindo melhor qualidade de vida, saúde, moradia, educação, cultura entre outros. As políticas públicas podem estar diretamente ligadas com a ideia da distribuição de benefícios, contemplando um grupo de pessoas que não tenha acesso a condições básicas de sobrevivência ponto as políticas distributivas não possuem uma regra básica de organização, elas se fazem de acordo com as necessidades de cada grupo. Oferecer taxa atrativa como incentivo para pequenos e microempreendedores. As políticas entendidas como redistributivas tem o objetivo de garantir o bem-estar. Dessa forma ela irá garantir o benefício de atingir maior igualdade. Um exemplo seria des- contos sobre impostos de acordo com a renda básica do cidadão. Compreendidas as diversas demandas e expectativas da sociedade, ele fará a seleção de prioridades para, em seguida, oferecer as respostas. As res- postas nunca atenderão às expectativas de todos os grupos. Alguns grupos serão contemplados, outros não. Para os grupos contemplados o governo terá de formular e desenvolver ações para buscar atender suas expectativas, integral ou parcialmente. Quando o governo busca atender as principais (na sua percepção) demandas recebidas, diz-se que ele está voltado para o in- teresse público (ou seja, para o interesse da sociedade). Ao atuar na direção do interesse público, o governo busca maximizar o bem estar social. (LOPES, 2008, p. 07). As políticas regulatórias estão relacionadas às normas de comportamento que devem ser regulamentadas por regras em uma sociedade. Um exemplo seria destinar poltronas para pessoas idosas e deficientes no transporte público. As políticas constitutivas se relacionam com a formação de regras para elaboração das políticas públicas assim como direcionar as pessoas responsáveis por essa organiza- ção, um exemplo seria a regulamentação para processos eletivos. Organizar todo esse processo de regulamentação e prática de tais ações. Essas ações têm como base respeitar e priorizar etapas em sua formação identificando os problemas que necessitam de ação, priorizando aqueles que necessitam de urgência, buscando o caminho mais viável para que as políticas se efetivem, definindo metas e ações, garantindo a implanta- ção e ainda avaliando os resultados buscando assim novas medidas quando necessário. UNIDADE 3 O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIAL 70 1.2 Estado Democrático de Direito Quando pensamos em um estado de direito, ou liberalismo, a princípio a ideia é que uma relação entre essas teorias parecem um pouco distantes. No entanto, compreender a finalidade do liberalismo não significa desvincular suas ações, com as ações de um estado democrático, pois a ideia do liberalismo, ou estado mínimo em uma sociedade não significa o sucesso ou independência de toda sociedade. É necessário manter um olhar crítico e empático com todas as classes sociais. Um estado democrático de direito tem como base a vontade de seu povo agindo de forma democrática. No entanto, as leis são partes imprescindíveis nesse processo, que esteja valendo para todos e que não haja oprimidos ou opressores. Assim, o estado deve agir a partir da soberania popular que deve participar de forma efetiva nas decisões políticas promovendo o bem-estar e a igualdade de todos. Para entender o poder político corretamente, e derivá-lo de sua origem, de- vemos considerar o estado em que todos os homens naturalmente )estão, o que é um estado de perfeita liberdade para regular suas ações e dispor de suas posses e pessoas do modo como julgarem acertado, dentro dos limites da lei da natureza, sem pedir licença ou depender da vontade de qualquer outro homem. (LOCKE, 1996, p. 381). Assim, alguns casos, o entendimento do significado de um estado democrático um dos princípios é compreender o significado de um estado de direito, que está intrinse- camente relacionado com o liberalismo, em que as políticas são livres sem intervenção maciça do Estado, desde que se submetam ao princípio da legalidade. A partir de políticas de um estado democráticoem que o poder emana do povo, o povo será o objetivo. Nesse contexto, a justiça social deverá fazer-se presente como garantia desses direitos buscando diminuir os níveis de desigualdade. Entre as características presentes em um estado democrático podemos citar: uma constituição formada pela vontade popular, vigência de um estado que se baseia em seu povo, direitos fundamentais devem ser respeitados, promoção da justiça e igualdade social, poder judiciário independente que garanta o direito de todos os cidadãos. 1.3 Estado Mínimo O estado mínimo surgiu entre os séculos XVIII e XIX tendo origem compensadores como Adam Smith. Também conhecido como estado liberal tem como base a ideia de uma economia em que a participação do setor público seja mínima comparado ao setor privado. Em um estado mínimo o estado irá funcionar basicamente para manter os bens públicos que facilitam o funcionamento dos mercados. Dessa forma, tal ideia será fortalecida por pensadores que defendem o mercado livre para economia. UNIDADE 3 O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIAL 71 É verdade que nas democracias o povo parece fazer o que quer, mas a liber- dade política não consiste em se fazer o que se quer em um estado, isto é, numa social sociedade onde existem leis, a liberdade só pode consistir em poder fazer o que se deve querer e não ser forçado a fazer o que não se tem o direito de querer. Deve-se ter em mente. O que é independência e o que é liberdade. A liberdade é o direito de fazer tudo o que as leis permitem se um cidadão pudesse fazer o que elas proíbem ele já não teria Liberdade, porque os outros também teriam este poder. (MONTESQUIEU, 2000, p. 166). A teoria do estado mínimo surgiu no século XVIII no estado absolutista durante a revolução Francesa, caracterizada pelo surgimento durante a segunda guerra Mundial, ele voltou a ser cogitado com a criação do neoliberalismo que possui uma visão mais ampla quanto à intervenção do estado. A tentativa de implantação do estado mínimo continuou a ser alvo de aplicação. Surgindo novamente no Reino Unido em 1979 no governo de Margaret Thatcher quando houve a privatização de indústrias, a redução de impostos, o controle dos sindicatos entre outras ações. Na Estônia após a independência de um regimesocialista através de corte de subsídios, redução de tarifas entre outros. ...em uma época em que os moradores do campo estavam expostos a todo tipo de violência, nas metrópoles se implantou a ordem e a boa administra- ção e, juntamente com elas, a liberdade e a segurança dos indivíduos. É natural que os habitantes do campo, colocados nessa situação indefesa, se contentassem com a sua subsistência; porque conseguir mais apenas provo- caria a injustiça de seus opressores. Ao contrário, quando os cidadãos têm segurança de gozar dos frutos do trabalho, empenham-se naturalmente em melhorar sua condição e em adquirir não somente o necessário, mas também os confortos e o luxo que a vida pode proporcionar. (SMITH, 1996, p. 393). UNIDADE 3 O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIAL 72 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73 A ideia de um estado social está diretamente ligada às questões políticas, quanto à desigualdade social. Vale destacar que é ela que impulsiona a ideia de um estado baseado em políticas públicas que possam balancear a economia de um país através da geração de trabalho, distribuição de renda, garantindo assim o fortalecimento da economia através da reestruturação do poder de compra e consumo da sua população. Historicamente a desigualdade social gera uma economia enfraquecida que não garante o sustento de seus aposentados dignamente, assim como os seus trabalhadores e seus dependentes. Contrapondo a essa afirmação a desigualdade, por outro lado garante a existência de uma economia elitizada que irá garantir àqueles que possuem condições econômicas de adquirir formação econômica e profissional assim como qualidade de vida para esses grupos. A desigualdade social é fruto de uma sociedade em que grupos elitizados detém o controle do capital garantindo visibilidade e qualidade de vida em detrimento de outras. Ela pode ser vista como uma condição natural considerando fatores religiosos, cul- turais, políticos etc., ou ainda pode ser vista como uma condição historicamente constituída. Quando analisamos a segunda opção é possível pensar que esta condição não é fruto somente de condições naturais, mas está presente na ação do homem relacionando com inúmeros fatores buscando justificar sua existência assim como propondo políticas públicas que muitas vezes não passam de questões teóricas. TÓPICO UNIDADE 3 O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIAL 2 DIMENSÃOPOLÍTICA EECONÔMICA A desigualdade acontece principalmente quando os privilégios dos principais só são honrosos porque são vergonhosos para o povo. Qual foi a lei que em Roma, proibiu os patrícios de se unirem por casamento com os plebeus, o que não tinha outro efeito se não tornar, por um lado, os patrícios mais so- berbos e por outro, mais odiosos. Esta desigualdade acontecerá ainda se a condição dos cidadãos for diferente em relação aos subsídios, coisa que acontece de quatro maneiras: quando os nobres conseguem o privilégio de não pagar os, quando fazem fraude para isentar-se deles, quando os tornam para se sob o pretexto de retribuições ou de honorários pelos empregos que exerce, enfim, quando tornam o povo tributário e dividem os impostos que levaram sobre ele. (MONTESQUIEU, 2000, p. 63). Assim é possível analisar a desigualdade social tendo como causa diversas ori- gens. Em alguns países como índia, essas diferenças são justificadas por questões político religiosas definidas por um sistema de castas. Quando analisamos o Brasil, um país de es- tado democrático, compreendemos a desigualdade social como uma questão de má gestão das políticas públicas. Assim, analisando a Índia compreendemos como um caso isolado ou especial. Mas, ao questionarmos as questões relacionadas ao Brasil, por exemplo, percebemos que países que vivem em um capitalismo resultam em uma divisão social que incide naqueles que possuem os meios de produção e aqueles que possuem sua força de trabalho como forma de sobrevivência e assim permitem a continuidade do empreendedor, gerando lucros ao seu proprietário. Fica somente no controle de seu proprietário, gerando a mais-valia ou seja, parte da produção do trabalho que não é paga a seus trabalhadores indo direto para as mãos do empresário. Analisando este contexto compreendemos que o mundo do trabalho não gera um processo igualitário, mas garante a exploração da mão de obra em que seu trabalhador não terá parte naquilo que promoveu gerando a desigualdade social, que é um grande ponto de conflito e questionamento quanto à política de um estado de bem-estar social. UNIDADE 3 O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIAL 74 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75 Através das classes menos favorecidas no século XIX e com o crescimento do ca- pitalismo industrial na Europa que o estado de bem-estar social passou a figurar de maneira importante na economia. Neste período a economia se encontrava em um cenário de miséria, fome, doenças e o crescimento da violência e da desigualdade. O capitalismo se tornava cada vez mais presente como uma política econômica, a revolução industrial, o avançar da burguesia com suas máquinas levou a um caos generalizado para as classes trabalhadoras. É claro que no âmbito burguês este foi um dos momentos de maior visibilidade e enriquecimento. A Europa, principalmente a Inglaterra, se via em um momento de grande crescimento econômico, afinal a revolução industrial expandiu as fronteiras garantindo riqueza, propriedade e poder. No entanto, na outra conta estavam os trabalhadores das indústrias. Estes trabalhadores ultrapassam as doze horas de trabalho diário. Também não conheciam o descanso remunerado, férias, ou qualquer outro benefício que não fosse o seu mísero salário. Esta situação não garantia dignidade para esses trabalhadores, eles viviam na miséria, passavam fome e as vagas precárias nas indústrias não eram suficientes para garantir o bem-estar de todos os trabalhadores, pois muitos ficavam sem trabalho e sem condições de sobrevivência. Nesse período começaram a surgir os primeiros sindicatos que tinham um objetivo de garantir a sobrevivência desses trabalhadores compreendendo que era dever do Estado promover o bem-estar para sua população. 3 DIMENSÃOECONÔMICATÓPICO UNIDADE 3 O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIAL O primeiro grande teórico que passou a defender essa teoria foi o alemão Otto von Bismarck em 1880 na Alemanha. Bismarck propôs uma política alternativa que não daria ênfase nem ao liberalismo econômico ou ao socialismo. Para ele, o controle do Estado sobre economia e uso de impostos arrecadados deveriam ser direcionados à população. Já no século XX foi o economista inglês John Maynard Keynes (2010) que apre- sentou um novo sistema de política econômica mundial seguindo os passos da economia e bem-estar social. O estado também de igualdade em que é recíproco todo o poder de juris- dição, não tendo ninguém mais que outro qualquer, sendo absolutamente evidente que criaturas da mesma espécie posição, promiscuamente nascidas para todas as mesmas vantagens da natureza e para o uso das mesmas faculdades vírgulas devam ser também iguais umas às outras, sem subor- dinação ou sujeição, a menos que o senhor e amo de todas elas mediante qualquer declaração manifesta de sua vontade, colocasse em cima de outra ele conferir se, por evidente e clarificação, um direito indubitável ao domínio e a soberania. (LOCKE, 1996, p.381). Em sua teoria Keynes (2010) defendeu o quê um estado organizado, de fontes econômicas liberalismo que garantissem o livre mercado estariam gerando empregos e que uma sociedade empregada soluciona os problemas sociais. Aindana sua teoria esses mesmos trabalhadores deveriam aceitar salários baixos e condições precárias de trabalho para garantir a manutenção e a existência de empregos. Para ele, o estado de bem-estar social significa que o estado deve regular a eco- nomia, manter a cobrança de impostos para todos e reverter esses impostos em ações públicas. As ideias deixadas por quem foram colocadas em prática em grandes potências democráticas ocidentais. No entanto, a partir de 1960, países como Estados Unidos e a Inglaterra entraram em crise econômica e o agravamento da economia levou esses países a enfrentamentos sem precedentes os levando a adotar ideias que se aproximavam do neoliberalismo. UNIDADE 3 O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIAL 76 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77 A crise do Estado de bem-estar social é um tema de grande complexidade que bus- ca compreender os motivos que levaram ao seu declínio. Em muitos países os primeiros sinais de crise ocorreram devido a crises econômicas como o crescimento do capitalismo e a crise fiscal com os gastos públicos, ponto esse processo se fortaleceu pelo crescimento de grandes empresas com bases capitalistas e as classes trabalhadores que buscam asse- gurar seus próprios interesses. Países como o Brasil não tiveram grande expressão quanto à estrutura de um estado de bem-estar como os países de primeiro mundo. No entanto, seu processo de efetivação iniciou-se no governo Vargas, na década de 30. Em meados de 1970 empresas privadas passaram a questionar o intervencionismo do Estado. Para partidos esquerdistas, assim como movimentos populares e classes traba- lhadoras entendiam que havia chegado o momento do Estado diminuir as desigualdades sociais e a pobreza que assolavam o país, ponto de esforço que não obteve resultados significativos. Seus governos sucessores a partir de 1985 passaram adotar políticas neo- liberais gerando privatizações e o desmonte de grandes estatais espalhadas pelo Brasil, principalmente nas grandes capitais. Diante de debates aflorados quanto ao papel do Bem- estar social, sua crise e de- cadência e ascensão do liberalismo, primeiramente buscamos compreender o significado de neoliberalismo. 4 CRISE DO BEM-ESTAR SOCIAL E ASCENSÃO DO NEOLIBERALISMOTÓPICO UNIDADE 3 O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIAL Sobre o Neoliberalismo econômico Japiassu, (2006), diz que: o neoliberalismo econômico constitui, em nossos dias, a doutrina que diante de certo fracasso do liberalismo clássico e da necessidade de reformar algum de seus modos de proceder, admite uma certa intervenção do estado na eco- nomia, mas sem questionar os princípios da concordância e da livre empresa. (JAPIASSU, 2006. Pg. 168.). O neoliberalismo pode ser visto como uma forma de ver e compreender o mundo social, uma organização de um movimento intelectual esta teoria se baseou no liberalismo, no entanto suas ideias políticas e econômicas capitalistas entendem que não há necessida- de de haver uma participação do estado na economia, devendo ocorrer total Liberdade de comércio o que resultaria no crescimento econômico e desenvolvimento social. De acordo com o neoliberalismo não deveria praticamente ocorrer intervenção do estado quanto ao mercado de trabalho, assim como priorizar a privatização de empresas estatais, a entrada de capital estrangeiro no país, a globalização vista de forma crescente e positiva, a entrada de multinacionais em países como o Brasil como algumas formas de incentivo para que ocorresse o crescimento sustentável sem a intervenção do estado. No Brasil o neoliberalismo passou a ganhar notoriedade a partir do governo de Fernando Henrique Cardoso. Em seu governo as privatizações se deram em grande escala utilizando esse capital para fortalecer a nova moeda e sua cotação no mercado. Na educação o princípio do neoliberalismo pressupõe a ideia de qualidade, moder- nização e adequação de uma educação competitiva incorporadas a técnicas de informática e comunicação. A questão é que em um estado mínimo, todo esse projeto de incentivo à educação de qualidade sem intervenção governamental, poderia resultar em um distan- ciamento das classes menos favorecidas em ambientes escolares tornando-o um espaço direcionado para as classes privilegiadas economicamente. Aceitar a definição de democracia nos termos pluralista as vírgulas a ques- tão passa a ser a seguinte: dada a passividade das massas e o fato de que a participação está restrita as elites, quem, então controlaria esses grupos minoritários a resposta pluralista, como já vimos, reside na defesa, já encon- trada em mosca 1939, da competição entre as minorias, isto é, do controle re- cíproco que elas exerceriam uma sobre as outras, já que seus interesses são distintos. Essa competição e esse controle multo impediriam o procedimento 10 político de apenas uma delas contudo, como nota Peter abacaxi 1984 la- riam reciprocamente pela competição. Ao contrário disso, a evidência de que, em cada área de políticas públicas, encontramos sempre o predomínio de um único grupo, que se especializa em dominar os procedimentos decisórios naquele campo específico. (PERISSINOTTO, 2018, p. 166). UNIDADE 3 O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIAL 78 Após a crise do petróleo, em meados de 1970 surgiu uma necessidade de mudança na organização do Estado. Empresas multinacionais buscavam a expansão, no entanto o nú- mero de desemprego em países Europeus e Estados Unidos surgindo movimentos grevistas. Podemos afirmar que a crise era fruto de políticas públicas sociais, o que gerava déficit no orçamento, gerando a inflação. Além disso, discutia-se o fato de que as políticas sociais comprometem a liberdade do mercado e a liberdade individual. Isso gerou a ideia de que o bem-estar dos cidadãos deveria ser de responsabilidade individual, levando os serviços públicos a privatização, sendo pagos por quem os utilizasse. Essa é a ideia de um estado mínimo, ou seja, a mínima intervenção do Estado. Assim, autores como Offe (1984), discutem o papel da burguesia e o resultado de ações que causam a opressão e a constante luta das classes operárias. O que antes chamamos de conflito de classe econômico difere do conflito de classe político em dois cm.um consiste na distinção completamente óbvia de que, no primeiro nível, os modos de ação coletiva institucionalizados São respeitáveis e aceitos por ambos os lados enquanto no segundo nível as pró- prias formas de institucionalização torna-se objeto da luta. Mas há também uma segunda diferença que a mais profunda e mais complicada ponto em lu- tas de classe econômica, a classe operária como um todo ou segmentos par- ticulares da mesma, como aqueles representados pelos sindicatos ou outras associações de classe operária, são confrontados com segmentos menores ou maiores da burguesia ponto em contrapartida, luta sobre formas políticas envolvem tanto a confrontação entre classe operária e a burguesia quanto lutas políticas dentro de uma classe operária. (OFFE, 1984, p. 94). O fruto deste contexto econômico e político que tornou-se convencional foi chama- do de estado neoliberal. Os setores mais atingidos com essa nova política foram aqueles que beneficiam os trabalhadores, como assistência social, habitação, transporte, saúde. De acordo com os neoliberais era necessário tomar atitudes drásticas quanto ao mundo dos negócios além de que o capital privado necessitava de espaço para crescer reforçando os valores e modo de vida capitalista ponto o resultado foi a presença cada vez mais constante de corporações produtivas e financeiras levando-a questões políticas serem dominadas pela economia. UNIDADE 3 O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIAL 79 80 CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro(a) acadêmico (a), chegamos ao final desta unidade e ao decorrerdela aprofundamos nossos estudos quanto à Teoria das Elites, e sua compreensão quanto ao estudo da sociologia. Iniciamos nosso estudo através do conceito de O Estado de bem- estar social e seus pressupostos históricos, conceitos e definições. Este capítulo proporcionou o conhecimento sobre o tema e a sua relevância do mesm para a formação das elites ao longo da história. No segundo capítulo, nosso foco de estudos direcionou-se a conhecer e compreender a dimensão política do Estado de bem- estar social, seu alcance e suas convicções quanto à a sociedade, desde os que governam àqueles que são governados, aprofundando nossos estudos nas questões sociais aà formação das elites e das massas, ao longo das décadas. Dando continuidade aos nossos estudos. abordamos ainda a questão das questões econômicas quanto o Estado de Bem- estar Social e suas características desde sua formação à a influência nos dias atuais, buscando compreender as ações econômicas praticadas nes- se contexto e assim através de reflexões que objetivam formular uma crítica real e construtiva sobre as ações daqueles que governa, na sociedade moderna e contemporânea. Por fim, encerramos essa unidade buscando compreender como ocorreu a crise do Estado de Bem-Estar Social e ascensão do Neoliberalismo, suas características, suas teorias e seu projeto de formação e implantação, conhecendo seus reflexos no passado e presente. Sucesso e até o próximo capítulo. Obrigado a todos(as)! UNIDADE 3 O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIAL UNIDADE 3 O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIAL 8181 Texto do consultor Cláudio Prado sobre Direitos Humanos e política: importância para a democracia, abor- dando questões como os direitos humanos, A presença da ONU, a constituição, a declaração universal dos direitos humanos entre outros temas relevantes para democracia de uma nação. Fonte: Fundação Primeiro de Maio . Disponível em: https://www.fundacao1demaio.org.br/artigo/direi- tos-humanos-e-politica-importancia-para-a-democracia/.Acesso : 21 fev. 2022. O historiador e filósofo Leandro Karnal, faz importantes considerações sobre o período pandêmico no Brasil e a relação com o Estado Mínimo e sua efetivação nas políticas sociais. Fonte: Estadão Notícias.Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=BuCo06tFvwQ. Acesso: 21 Fev. 2022 https://www.fundacao1demaio.org.br/artigo/direitos-humanos-e-politica-importancia-para-a-democracia/ https://www.fundacao1demaio.org.br/artigo/direitos-humanos-e-politica-importancia-para-a-democracia/ https://www.youtube.com/watch?v=BuCo06tFvwQ 82 WEB O podcast aborda a questão do Estado democrático de direito e a defesa da mo- ralidade administrativa, conversando com Affonso Ghizzo Neto, promotor de Justiça do Ministério Público de Santa Catarina, sobre o estado democrático de direito e a defesa da moralidade administrativa. Durante a conversa, o convidado explica a cultura da sociedade brasileira e sua relação com as práticas de corrupção. Como essa relação influenciou a formação de nosso estado democrático de direito? Quais os instrumentos constitucionais que temos à disposição no combate à corrupção e na defesa da moralidade administrativa? Como a educação pode servir de instrumento de transformação no combate ao fenômeno da corrupção? Estes e outros assuntos serão debatidos neste podcast. Ministério Público do Paraná, O estado democrático de direito e a defesa da moralidade administrativa. Disponível em: https://escolasuperior.mppr.mp.br/2021/04/1179/PODCAST-Confi- ra-novo-episodio-sobre-o-estado-democratico-de-direito-e-a-defesa-da-moralidade-admi- nistrativa.html . Acesso em 21 fev. 2022. UNIDADE 3 O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIAL https://escolasuperior.mppr.mp.br/2021/04/1179/PODCAST-Confira-novo-episodio-sobre-o-estado-democratico-de-direito-e-a-defesa-da-moralidade-administrativa.html https://escolasuperior.mppr.mp.br/2021/04/1179/PODCAST-Confira-novo-episodio-sobre-o-estado-democratico-de-direito-e-a-defesa-da-moralidade-administrativa.html https://escolasuperior.mppr.mp.br/2021/04/1179/PODCAST-Confira-novo-episodio-sobre-o-estado-democratico-de-direito-e-a-defesa-da-moralidade-administrativa.html 83 MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO 1 Título: O estado de bem estar social na idade da razão. Autor: Célia Lessa Kerstenetzky Editora: Elsevier; 1ª edição (18 julho 2012) Sinopse: O estado do bem-estar social morreu? O envelheci- mento das populações e a globalização econômica teriam disparado os tiros fatais? Este livro responde negativamente a essas questões, mas identifica uma nova e crucial fase do estado social. Mais do que nunca, o estado do bem-estar é necessário para garantir direitos frente aos novos riscos sociais, ao mesmo tempo em que é chamado a imaginar soluções que garantam sua sustentabilidade financeira e política. De acordo com a autora Celia Kerstenetzky, a construção do estado do bem-es- tar é uma marca civilizatória, que distingue as sociedades que reconhecem seus membros como cidadãos, sujeitos de direitos fundamentais, em busca do alargamento de suas liberdades. A partir de uma breve recuperação histórica e de princípios cons- titutivos do estado do bem-estar, este livro mostra a diversidade de respostas imaginadas no mundo desenvolvido, bem como a difusão do estado do bem-estar para países não desenvolvidos em décadas recentes, com uma parte inteiramente dedicada ao Brasil. LIVRO 2 Título: Estado, Direito e Democracia Autor: Carlos Vinicius Alves Ribeiro, Dias Toffoli, Otávio Luiz Rodrigues Jr Editora: Fórum; 1ª edição (13 dezembro 2021) Sinopse: Estado, Direito e Democracia conseguiu sintetizar o espírito do homenageado: é uma construção coletiva, aberta, sem dogmas ou restrições. Estado, Direito e Democracia conse- guiu sintetizar o espírito do homenageado: é uma construção coletiva, aberta, sem dogmas ou restrições. É um diálogo públi- co, franco, honesto e com incomum profundidade intelectual, travado entre os convidados, sobre os assuntos mais caros ao Prof. Augusto Aras. Sintam-se, caros leitores, todos, convidados para essa agradável conversa. UNIDADE 3 O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIAL 84 FILME / VÍDEO 1 Filme: O poço Ano: 2020 Diretor: Galder Gaztelu-Urrutia Sinopse: O Poço conta a história de um lugar misterioso, uma prisão indescritível, um buraco profundo. Dois reclusos que vivem em cada nível. Um número desconhecido de níveis. Uma plataforma descendente contendo comida para todos eles. Uma luta desumana pela sobrevivência, mas também uma oportunidade de solidariedade. FILME / VÍDEO 2 Filme: Crip camp Ano: 2020 Diretor: James Lebrecht , Nicole Newnham Sinopse: No final da estrada de Woodstock, uma revolução floresceu em um acampamento de verão construído para ado- lescentes com deficiência. Enquanto buscavam um mundo de mais igualdade, os jovens motivaram movimentos marcantes da época. UNIDADE 3 O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Plano de Estudos • Compreensão do Brasil Contemporâneo; • Neoliberalismo; “Lulismo”; Hegemonia e Nova Classe Média; • Manifestações Populares a partir de 2013; • Impeachmentou Golpe? Da crise do Governo Dilma ao “Bolsonarismo”; Objetivos da Aprendizagem • Apresentar a Compreensão do Brasil Contemporâneo; • Conhecer o Neoliberalismo; “Lulismo”; Hegemonia e Nova Classe Média; • Apresentar Manifestações Populares a partir de 2013; • Debater se é Impeachment ou Golpe? Da crise do Governo Dilma ao “Bolsonarismo”. 4UNIDADEUNIDADESOCIOLOGIA SOCIOLOGIA POLÍTICAPOLÍTICANO BRASILNO BRASILProfessor Esp. Cleber Henrique Sanitá Kojo 86 INTRODUÇÃO Caro (a) acadêmico (a), chegamos à última unidade da nossa apostila. Nessa etapa da disciplina, poderemos ter a compreensão do Brasil contemporâneo. Devemos estudar esse capítulo abandonando nossas ideologias políticas e nossos ídolos desse setor. Pois somente assim, alcançaremos o aprendizado desejado de nossa disciplina. Com isso, peço que preste muita atenção nessa reta final. Pois neste capítulo continuaremos a descortinar o caminho do conhecimento sobre o conceito neoliberal e sua aplicação em nosso país. Conhecendo o governo do sociólogo Fernando Henrique Car- doso. Vale destacar que após conhecer o neoliberalismo de Cardoso, chegou o momento de conhecer o “Lulismo”. Não como uma pessoa e sim o fenômeno governamental e suas raízes, expansão e desafios. A partir de agora, voltaremos nossos olhos para um debate sobre os reflexos do “Lulismo” e sua hegemonia com o aparecimento da nova classe média e a erradicação da pobreza em vários setores do Brasil. No entanto, faremos uma breve passagem pelas manifestações a partir de 2013 e seus reflexos para a crise do “Lulismo”. Ou seja, como foi arquitetado, quais fatores levaram a sua queda e o impeachment de Dilma Rousseff. Prosseguindo com nossa reflexão, iremos abordar através de um debate a questão da queda de Dilma, indagando se foi um simples impeachment ou um golpe. Assim enten- deremos alguns pontos de conflitos que envolvem nosso país e apresentaremos fatos que apontam para o que os estudiosos chamam de golpe. Então, passaremos a debater o ver- dadeiro papel do impeachment com a crise do governo Dilma, a ascensão do Bolsonarismo Descrevendo os problemas enfrentados em seu governo e a falta de tato para organizar, fazer alianças e jogar o jogo político. Finalizando mostraremos suas frases e seus reflexos na sociedade resultando em problemas em seu governo. Por isso, abandone seus preconceitos e leia com atenção todo ca- pítulo, para que ocorra o despertar do aprendizado através de fontes de estudiosos do assunto. Muito obrigado e bom estudo! UNIDADE 4 SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASIL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87 Em pleno século XXI, a sociedade brasileira por muitas vezes despreza aconteci- mentos históricos e sociológicos que ajudaram na construção de nosso país. Vale ressaltar que essa construção foi concretizada através de lutas, esforço físico, intelectual e político. Por isso, chegamos ao ponto de refletirmos sobre a sociologia política brasileira no âmbito da contemporaneidade, ou seja, chegou a hora de ponderarmos sobre a sociologia política atual. Sobre a construção e a validação política brasileira. Para que isso ocorra, precisamos nos despir de todo e qualquer “preconceito” que temos sobre a política e especialmente de políticos. Focando apenas nas realizações e na construção social. Vale destacar que atualmente passamos por problemas de divisão em nosso país. Pois temos uma cisão quase que bipolar da política na atualidade. Ressaltando ainda que muitas pessoas se intitulam de direita e outras de esquerda, sem possuir conhecimento político e sociológico para se posicionar. Buscando fontes com inverdades e muitas vezes tendenciosas para explicar sua ideia política. Assim, começaremos nosso estudo, abandonando todo e qualquer posicionamento que temos sobre a política atual. Iniciando assim a construção do conhecimento com a leveza, com luminescência, e com verdade. Está preparado para isso? Vamos lá? Iniciaremos afirmando que a sociologia política contemporânea no Brasil, passa por vários aspectos pela qual pretendemos discutir a partir desse momento. Pois objetivamos analisar mudanças políticas e sociais de nosso país. Refletindo sobre problemas e transfor- mações que levaram o partido dos trabalhadores ao poder. 1 COMPREENSÃODO BRASILCONTEMPORÂNEOTÓPICO UNIDADE 4 SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASIL Para compreensão do Brasil contemporâneo, apresentaremos a partir de agora alguns pontos de estudos sociológicos que servirão de suporte para compreender a as- censão do PT na presidência da república. Apresentando, alguns fatores enfrentados nas grandes cidades, que resultaram na procura por direitos perdidos ou nunca conquistados, mas almejados através da democracia e seus desafios. A democracia brasileira foi construída através de um longo processo, com lutas estudantis, enfrentado a repressão entre outros fatores. Vale ressaltar que com o fim do autoritarismo temos a construção de uma democracia lenta e gradual. Pois, mesmo com a euforia da liberdade conquistada, a democracia é construída a passos lentos.Em que visua- lizamos muitos vestígios da repressão e do autoritarismo do período intitulado de regime militar. Podemos verificar essa afirmação em Moisés (1989), logo abaixo, quando diz que: (...) as sociedades que saíram da ditadura e querem ser democráticas têm de se transformar em algum ou em vários sentidos para chegarem a ser demo- cracias modernas. E isso não se constitui, propriamente, em uma tarefa sim- ples, por duas razões: seja por causa do peso que a experiência autoritária ainda exerce sobre essas sociedades; seja por causa das dificuldades que as forças políticas relevantes comprometidas com o projeto democrático enfren- tam para dar conta das suas tarefas estratégicas, o terreno é essencialmente movediço. (MOISÉS, 1989, p. 47- 48). Mas como construir uma democracia enfrentando todos esses problemas que o Brasil herdou no pós-ditadura? Lassance (2009), afirma que as democratizações são o resultado das lutas sociais, de alcance político, que se espalham por todo o mundo nos séculos XIX e XX. Vale ressaltar que essa afirmação de Lassance (2007) é baseada em Tilly (2007), que além da afirmação acima, propõe que a construção democrática vai passar por “ondas de democratização”. Ou seja, passa por processos de construção democrática, de luta social. Se espalhando assim, por vários pontos do mundo, sem respeitar os limites territoriais de um país. Vale ressaltar que essa onda chega ao Brasil que ainda não entende muito bem o processo de redemocratização. Um ponto importante para construção de uma nova democracia é a participação em massa de vários setores da sociedade, que por sua vez pode não aderir a esse processo por não se encontrar, pelo medo, por não conhecer o jogo democrático ou, até mesmo, pelo conservadorismo. Para que ocorra uma comoção em torno da construção democrática, é preciso expor a oportunidade de evolução e, até mesmo, a de superação econômica, pois o Brasil enfrenta grandes agitações nesse setor. Por isso, a necessidade de construção de um projeto demo- crático transparente, que seja visível a divisão de poderes, de regras, entre outros. 88UNIDADE 4 SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASIL Vale destacar que um dos pontos principais para construção de uma democracia é a promulgação de uma constituição, ou seja, quando o país passa a ter um livro de leis para nortear os passos democráticos de sua nação. E o Brasil firma essa construção com representantes de vários setores da elite social. Excluindo o povo desse processo, e, enfim, temos sua promulgação. No entanto, o Brasil passa pelo enfrentamento da crise social exposta pelo capi- talismo, em que a criminalidade, principalmente nos grandes centrosde nosso país. Vale destacar que Caldeira (2000), passa a estudar esse aumento e faz a relação entre a crimi- nalidade, a democracia em si e a cidade de São Paulo. Alves (2002), afirma que: Caldeira avalia que uma das maiores contradições do Brasil contemporâneo reside no fato de que a expansão da cidadania política, através do processo de transição democrática, se desenvolveu pari passu com a deslegitimação da cidadania civil e a emergência de uma noção de espaço público fragmen- tado e segregado, daí o caráter disjuntivo desse processo de democratiza- ção. (ALVES, 2002, p. 213). Caldeira (2000), passa a construir a imagem da criminalidade em sua pesquisa e passa a perceber que existe uma diferença grande entre o espaço público e o espaço privado. Provocando a exclusão e o aumento da criminalidade. A evolução de sua pesquisa, nos mostra o choque entre o policiamento e a popula- ção nesse processo. Apresenta também o conflito entre o certo e o errado e, como o povo passa a ser excluído através de muros, grades, e o aumento da cultura da criminalidade. Em seu estudo, Caldeira (2000), percebe a falta de empatia e a segregação clássica encontrada na metrópole de São Paulo. Visualiza também que a chamada democracia não chegou em grande parte da cidade. Pois a chamada democracia através da constituição não cumpriu o papel de garantir os mínimos direitos civis tão sonhados. Segundo Caldeira (200), a última sempre atrapalha a primeira nesse processo, como podemos confirmar em Alves (2002) logo abaixo: Tudo se passa como se duas lógicas opostas estivessem em confronto: de um lado, a lógica da democracia, dos direitos civis e de suas instituições; do outro, a lógica da violência e da segregação. Esta última estaria sempre ameaçando o sucesso da primeira, tornando-se um entrave para o pleno de- senvolvimento da democracia no país. (ALVES, 2002, p. 215 - 216). Então, podemos afirmar que a compreensão do Brasil contemporâneo é construída com a democracia e com o problema social encontrado nas grandes cidades, com a crimi- nalidade, a segregação através dos muros e grades e do conflito entre o capital e a mão de obra, pois o trabalhador ainda enfrenta a crise econômica e sofre com a segregação social. 89UNIDADE 4 SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASIL Mas onde está a cidadania proposta pela constituição? Será que a redemocratiza- ção do Brasil apresentou os direitos políticos das pessoas em sua totalidade? Infelizmente no Brasil os direitos foram concedidos totalmente de forma desigual entre as pessoas. Promovendo a exclusão da cidadania a todas pessoas. Índios ganham direitos com a constituição, mas pretos, pobres, trabalhadores rurais ficam de fora dessa distribuição de cidadania que por sua vez é absorvida por pequenos grupos. Holston (2013), vai nos dizer que esses excluídos passam a sonhar e lutar por seus direitos e, então cria a ideia de “Cidadania insurgente”. Holston (2013), começa a construir a cidadania ideal apresentando a importância de garantir os direitos dos trabalhadores, unificando tanto o do campo quanto o da cidade. Um ponto importante com a redemocratização do Brasil é a garantia que todos os cida- dãos têm de votar. Ou seja, as pessoas têm muito mais que o direito de votar, e sim participar do processo eleitoral. Assim, podemos afirmar que os brasileiros entram na redemocratização do país, aprendendo e lutando contra o descaso e o abandono por parte do governo a sua cidadania. Abrindo espaço para o partido dos trabalhadores crescerem e nascer o que Singer (2012) vai intitular de “Lulismo”. 90UNIDADE 4 SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASIL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91 Após conhecermos pontos específicos da redemocratização no Brasil e seus desafios, através da compreensão sociológica estudada acima. Passamos por um ponto específico da nossa disciplina. Vamos conhecer a fase do neoliberalismo no Brasil. Iniciaremos nosso estudo abordando o governo do presidente e sociólogo Fernan- do Henrique Cardoso. Mas, vale ressaltar que existem muitos fatores que antecedem seu governo. Pois ainda nos anos oitenta o Brasil e outros países da América latina passaram por transformações políticas e por problemas econômicos. Governos que o antecederam, procuraram resolver o problema econômico com planos engenhosos e mirabolantes. Por exemplo: O ex-presidente José Sarney trocou a moeda brasileira por várias vezes. Criando a figura do fiscal do Sarney após cortar os três zeros para tentar controlar a economia. Vale ressaltar que erros foram evidentes no processo de condução desses planos que fracassaram sucessivamente. Após o governo Sarney, o “dragão da inflação” dizimava a economia brasileira que ainda estava enfraquecida e, em um processo de redemocratização e cidadania constante. Foi então que nas primeiras eleições diretas após o regime militar ocorreu a eleição de Fernando Collor de Mello. O governo Collor foi marcado pela tentativa em investir no capital de giro e controlar a economia. Mas de onde viria o dinheiro para seu plano econômico? Collor decide seques- trar a poupança da população brasileira. Que, além de enfrentar o desprezo da cidadania e uma inflação galopante, perde suas economias. Podemos afirmar que o caos se instalou em nosso país. 2 NEOLIBERALISMO;“LULISMO”, HEGEMONIA ENOVA CLASSE MÉDIATÓPICO UNIDADE 4 SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASIL Mas, o governo Collor não dura muito e o presidente sofre o Impeachment. Abrindo espaço para seu vice-presidente. Itamar Franco pensa em controlar a economia e já havia trocado de ministro da fazenda, quando decide montar uma equipe econômica e busca a figura do sociólogo Fer- nando Henrique Cardoso para liderar e explicar para a população seu plano econômico, chamado de “Plano Real”. Fernando Henrique consegue controlar a economia e, a partir de então, seu nome é espalhado como a salvação do Brasil pela elite dominante. Podemos perceber isso na afirmação de Sallum Jr (1999), logo abaixo: (...) sua vontade foi interpretada como capaz de dominar uma economia em desordem e, por consequência, ganhar o favor popular. De acordo com a segunda interpretação pelo contrário, “o Plano Real não teria sido concebido para eleger FHC mas na ordem inversa, a candidatura FHC teria sido gesta- da pelas novas elites dominantes para viabilizar, no Brasil, a coalizão de po- der capaz de dar sustentação de permanência ao programa de estabilização hegemônico. (SALLUM JR., 1999, p. 24). Então, Cardoso de Mello adota uma maneira administrativa da economia e do Brasil que não se havia visto. Com isso o presidente praticamente acaba com o desenvolvimen- tismo criado no governo Vargas. Assim, FHC lidera o caminho do neoliberalismo em nosso país. Vale ressaltar que Fernando Henrique consegue aprovar projetos que reforçam esse projeto de poder como Sallum Jr (1999), nos apresenta logo abaixo: O governo Cardoso conseguiu isso através da aprovação quase integral de projetos de reforma constitucional e infraconstitucional que submeteu ao Congresso Nacional. Os mais relevantes foram: a) o fim da discriminação constitucional em relação a empresas de capital estrangeiro; b) a transferência para a União do monopólio da exploração, refino e trans- porte de petróleo e gás, antes detido pela PETROBRÁS, que se tornou con- cessionária do Estado (com pequenas regalias em relação a outras conces- sionárias privadas); c) a autorização para o Estado conceder o direito de exploração de todos os serviços de telecomunicações (telefone fixo e móvel, exploração de satélites, etc.) a empresas privadas (antes empresas públicas tinham o monopólio das concessões). (SALLUM JR., 1999, p. 32). Inaugurando assim o projeto neoliberal no Brasil e abrindoespaço para privatiza- ções de empresas públicas. Segundo Sallum Jr. (1999), o neoliberalismo liderado por FHC no Brasil se preocu- pou em fazer: a) manutenção do câmbio para estabilizar os preços; b) preservação e, am- pliação, da “abertura comercial” para reforçar o papel do câmbio; c) o bara- teamento das divisas e a abertura comercial para a renovação do parque industrial; d) política de juros altos, para atrair capital estrangeiro e reduzir o nível de atividade econômica interna; e) realização de um ajuste fiscal pro- gressivo, baseado na recuperação da carga tributária, no controle de gastos públicos e em reformas como previdência, administrativa; f) não oferecer es- tímulos diretos à atividades econômicas específicas, condenando as políticas industriais; (SALLUM JR., 1999, p. 33). 92UNIDADE 4 SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASIL Essas políticas adotadas por Fernando Henrique Cardoso criaram uma euforia, pois o real valorizou-se perante ao dólar e paralisou de forma agressiva o dragão da inflação. Vale ressaltar que com isso temos o acesso a bens de consumo da camada de baixa renda, provocando um problema futuro que é a falta de energia elétrica pelo aumento do consumo de eletrodomésticos. Outro problema ocorrido no governo FHC, foi os empréstimos constantes do FMI (Fundo Monetário Internacional), que basicamente sujeitou nossa moeda aos interesses internacionais. Além da necessidade de pagar as dívidas que acabam chegando. Com isso, Sallum Jr. (1999), afirma que: Quanto mais ela tem de obter recursos externos para equilibrar suas contas, mais uma mudança nas condições do mercado internacional de capitais tornas- se capaz de afetar os fluxos de financiamento para o país, sujeitando a moeda nacional ao perigo de eventuais ataques especulativos tendentes a desvalori- zá-la. (SALLUM JR., 1999, p. 36). Podemos destacar que mesmo com equívocos em seu governo, Fernando Hen- rique Cardoso manteve seu governo na área do neoliberalismo e cada vez mais isolou seu governo do interesse social. Vale ressaltar que a luta clara contra seu governo foi basicamente do MST (Movimento dos trabalhadores sem Terra). Essa batalha promovida pelo MST, provocou uma mudança do governo FHC em relação à questão fundiária em nosso país. Podemos perceber isso logo abaixo. O Movimento dos Sem-Terra (MST) manteve-se na ofensiva durante todo o governo Cardoso e com alto grau de apoio popular urbano. Fustigando o go- verno com invasões de terra e manifestações em todo o país, o MST obrigou a Presidência da República a transformar os órgãos dedicados ao tratamento da questão fundiária e a adotar medidas inovadoras para melhorar o seu pro- grama de reforma agrária. (SALLUM JR., 1999, p. 43). Mesmo assistindo o governo buscar a solução e retomar a reforma agrária no Brasil. Temos que destacar a luta do MST com suas invasões e pressões políticas. Pois, foi através dessa luta que temos a demonstração da conquista que a batalha pela democracia iniciada no fim do regime militar forneceu. Lembrando que essa luta foi sistemática e constante. Ressaltando que o governo FHC promoveu o controle da inflação com o plano real. Mas que resultou em sua reeleição. Em que posteriormente com seu neoliberalismo que provocou a exclusão da classe mais baixa. Resultando na ascensão de Lula ao poder e o surgimento do “Lulismo”. Mas o que foi o Lulismo? Para explicar o termo criado por Singer (2012) vamos entender que a política neoliberal de FHC promoveu a elevação de parte da população, mas a declinação de grande parte da mesma. Por isso eu pergunto: Pronto para conhecer o Lulismo? Vale ressaltar que para conhecer esse período histórico da sociologia brasileira precisamos abandonar o fanatismo contra, ou a favor do ex-presidente Lula. Procurando compreender seu governo e as mudanças promovidas na sociedade nesse período. Vamos lá? 93UNIDADE 4 SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASIL O professor da USP André Singer é formado em ciências políticas e jornalismo. Participou do governo Lula entre o período de (2003 a 2007) como porta-voz do governo. Presenciou parte do governo e de suas tomadas de decisões. Ou seja, como jornalista teve a missão de visualizar para posteriormente relatar o que viveu e presenciou. E, como cien- tista político, teve a missão de analisar e expor as mudanças que ocorreram em nosso país. Até mesmo propondo mudanças quando o governo Dilma tomou decisões equivocadas. Foi Singer (2012) que criou o termo Lulismo para explicar o fenômeno político que ocorreu em nosso país. Em que Lula vai se apresentar como a solução para problemas existentes. O Lulismo segundo Singer (2012), é quando o ex-presidente realiza seu governo, promovendo a inclusão social das classes mais baixas, erradicando a pobreza em nosso país naquele momento. Tudo isso eliminando qualquer tipo de radicalização política, pro- movendo alianças com o chamado “centrão” e com políticos individualmente. Então, podemos afirmar que o Lulismo é algo muito mais amplo que a ideia de um líder carismático. O que define o Lulismo é seu projeto político com suas raízes definidas no povo excluído da sociedade, que enfrentava a fome e a miséria em seu cotidiano. Vale ressaltar que com o apoio da massa, esse projeto de governo bateu de frente com os “pri- vilégios” sociais. Isso sem confronto direto com o capital. Esse projeto promoveu também a ascensão de uma nova classe média com o combate à miséria. Podemos perceber isso quando Singer (2012) diz que: Teria havido, a partir de 2003, uma orientação que permitiu, contando com a mudança da conjuntura econômica internacional, a adoção de políticas para reduzir a pobreza, com destaque para o combate à miséria, e, para a ativação do mercado interno, sem confronto com o capital. (SINGER, 2012, p. 17). Dizendo ainda que: há relevantes trocas de posição social no interior da coalizão majoritária: em função das opções governamentais tomadas no primeiro mandato de Lula, a classe média se afasta e contingentes pobres ocupam o seu lugar. (SINGER, 2012, p. 19). Singer (2012), é primeiro a analisar o governo Lula, afirmando a existência de uma bipolarização. Em que ele passa a chamar de “repolirização”, que não seria à “esquerda contra a direita” e, sim a ideia de “os pobres contra os ricos”. Essa afirmação pode ser percebida na forma que o projeto de governo se desenvolve e enfrenta conflitos com a elite. Podemos destacar que no livro, Esquerda e direita no eleitorado brasileiro, Singer (2002), entende que a base de Lula e do Partido dos trabalhadores, nasce com o apoio de alguns setores da classe média. Que inicialmente estava concentrado nas grandes cidades. Pois é ali que a ideologia da esquerda se espalhou para a massa pobre de nosso país. Vale ressaltar que essa ideia se alastrou pelos quatro cantos do país. Conseguindo o apoio dos pobres do sertão nordestino. 94UNIDADE 4 SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASIL Talvez, você se pergunte: Como ganhou a adesão da massa pobre do país? O que o projeto do Lulismo fez? Para responder a sua pergunta, nos debruçamos a pontos importantes do projeto de governo que foram aplicados e que funcionaram como o aumento real do salário mínimo, o barateamento de produtos da cesta básica, como o arroz e o feijão e principalmente o programa do Bolsa Família. Vale ressaltar que em entrevistas com trabalhadores rurais sobre o período do Lulismo, é comum afirmarem que na época anterior, trabalhavam o dia todo para comprar um saco de arroz e com o fenômeno do lulismo conseguiram consumir muitos outros bens de consumo como eletrodomésticos. Com isso, a essência do Partido dos Trabalhadores se mantém, que é a redistribuição de rendas. Singer (2012), apresenta também o conflito ideológico dentro do partido em que temos o chamado “Espírito do Anhembi”, mais liberal que vai suprimir o “Espírito de Sion”, que era a parte mais radical ideologicamentefalando. Então, como o domínio interno do “Espírito do Anhembi”, temos a expansão do público que apoia o PT. Vale ressaltar que ocorre as alianças que vão reafirmar o partido dos trabalhadores como o partido dos pobres como podemos vislumbrar abaixo: PT, enquanto “partido dos pobres” defensor de um modelo de “redução de pobreza e manutenção da ordem”, continuará fazendo prevalecer a sua se- gunda alma. “O êxito eleitoral lhes augura dominação prolongada” (SINGER, 2012, p. 119). Nesse momento podemos fazer uma comparação de senso comum, entre Vargas e Lula. Pois os dois foram os “pais dos pobres”, mas também foram a “mãe dos ricos”. Ou seja, ajudaram os pobres, mas favoreceram alguns setores da sociedade para seu aumento de ganho financeiro. Podemos reafirmar que não ocorreu a ruptura direta com o capital. Será que a não ruptura com o capital foi uma decisão acertada ou errônea do Lulismo? Teixeira (2013), nos diz que: O caminho sem rupturas é ambíguo: por um lado, ele permite a continuidade do projeto político, mas, por outro, ele faz com que as mudanças sejam muito lentas. Na opinião de Singer, o reformismo fraco não se opõe ao forte, pois seria, em último juízo, a sua diluição em doses homeopáticas. Lula pinçou das propostas originais do partido aquilo que não significava entrar em cho- que diretamente com o capital, mas manteve o rumo geral do reformismo. (TEIXEIRA, 2013, p. 143). Tanto diretamente em Singer (2012), quanto na análise de Teixeira (2013), perce- bemos que a decisão de não romper com o capital, apesar de ser arriscado em relação à execução das reformas propostas pelo Lulismo, não atrapalhou sua implantação. Pois, não ocorreu a tributação direta de grandes fortunas. E sim, sucedeu uma grande abertura de crédito consignado que vai elevar o poder de compra da população com menor poder aqui- 95UNIDADE 4 SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASIL sitivo. Promovendo um giro na economia que a fortaleceu. Ou seja, reativou diretamente a economia. Vale ressaltar que essas reformas resultaram no que vamos chamar de “Classe C”, ou “Nova Classe Média”. Destacamos também que Teixeira (2013), nos faz uma proposta para evitar conflitos acadêmicos, de não chamarmos de “Nova Classe Média” e sim de “No Proletariado”. Assim, teremos uma inclusão do subproletariado ao proletariado. Produzindo uma elevação no pen- sar dessa classe. Ou seja, ocorrerá uma organização e contentamento dos trabalhadores. Todas essas mudanças promovidas pelo Lulismo, torna-se evidente em seu progra- ma “Fome Zero”, que é a resposta aos direitos descritos na Constituição de 1988 e que não havia nem sombra de ser executado no Brasil. Podemos expressar aqui nesse momento que o Lulismo teve momentos compli- cados no futuro, pois a definição ideal para ele, seria a de “um projeto político de longa duração”. Principalmente preocupado com a redistribuição de renda. Por isso de confrontos futuros até mesmo com o “novo proletariado” que se vê em posição errônea de dono do meio de produção. Fruto direto do neoliberalismo explicado por Sader (2013), através da construção da chamada “hegemonia pós-neoliberal”. Para explicar essa “hegemonia pós-neoliberal”, vamos tentar apresentar uma visão rápida da era neoliberal, passando pelo neoliberalismo brasileiro e a partir daí, conhecer- mos sua definição. Sader (2013), propõe que a era neoliberal é: (...) o período histórico atual em que se situa o neoliberalismo. Trata-se de um período que promoveu a passagem de um mundo bipolar a um mundo unipolar, sob a hegemonia imperial norte-americana, a passagem de um ci- clo longo expansivo do capitalismo. sua “era de ouro”, segundo o historiador Eric Hobsbawm – a um ciclo longo recessivo, e a passagem da hegemonia de um modelo regulador ou keynesiano ou de bem-estar social como se queira chamá-lo – a um modelo liberal de mercado. (SADER, 2013, p. 135). Podemos dizer que a era neoliberal se apoiou na visão unipolar que implantou o livre- -mercado, a não interferência em empresas, privatizações entre outros pontos. No entanto, o que precisamos relatar é que nesse momento ocorreu a mudança de capital para o setor da especulação. Ou seja, no capital especulativo. Assim, o neoliberalismo ganha força e vai se espalhar na América Latina. Podemos destacar que a luta inflacionária e as confusões econômicas, adminis- trativas e tributárias, abriram espaço para o neoliberalismo nos países da América latina. Inclusive no Brasil. 96UNIDADE 4 SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASIL Em nosso país, o neoliberalismo é fruto da guerra fria entre capitalismo e socialismo. Em que o medo de novas revoluções cubanas, levam os Estados Unidos a apoiar golpes militares na América Latina, injetando dinheiro e a ideologia neoliberal. Após os governos militares o Brasil passou por um processo de redemocratização que se utilizou do neoliberalismo para se fortalecer. Pois o fracasso do governo Sarney, Collor, evidenciou a utilização do mesmo no governo Itamar e explícito no governo de FHC. Sader (2013), afirma que essa transição democrática não foi simples como pode- mos evidenciar abaixo: O processo de transição democrática se esgotava assim sem ter democrati- zado o poder econômico no Brasil. Não se democratizou o sistema bancário, nem os meios de comunicação, nem a propriedade da terra, nem as grandes estruturas industriais e comerciais. O fim da ditadura não representou a de- mocratização da sociedade brasileira. O país continuou sendo o mais desi- gual do continente, um dos mais desiguais do mundo. (SADER, 2013, p. 137). A redemocratização do Brasil promoveu a segregação social evidente. Principalmen- te pelo neoliberalismo. Com privatizações e desaparelhamento de estatais. Sader (2013) diz ainda que só sairíamos dessa confusão monetária no governo Lula. Pois somente nesse governo que presenciamos modernização econômica e a distribuição de renda. Podemos dizer ainda que o neoliberalismo promoveu em nosso país muitas confu- sões para a economia. Provocando o acréscimo do investimento especulativo, superando o produtivo e assim gerando o endividamento do nosso país. Com toda essa confusão gerada pelo neoliberalismo em nosso país, Sader (2013) conclui que a “herança maldita” herdada pelo governo Lula de FHC foi que: As relações de trabalho foram submetidas a processos de informalização, que na realidade significaram sua precarização, com a expropriação de direi- tos essenciais dos trabalhadores – a começar pelo contrato formal de traba- lho –, fazendo com que deixassem de ser cidadãos do ponto de vista social, isto é, deixassem de ser sujeitos de seus direitos. A maior parte dos trabalha- dores se manteve na condição de exclusão social. (SADER, 2013, p. 138). Então, chegamos ao ponto de conhecermos o pós-neoliberalismo no Brasil. Ou seja, conhecendo os governos Lula e Dilma. Que por sua vez, rompeu com o modelo neoliberal aplicado por Fernando Henrique Cardoso. Mas o que os governos pós-neoliberal diferenciam de seu antecessor? Sader (2013), apresenta três pontos importantes: a) priorizam as políticas sociais e não o ajuste fiscal; b) priorizam os proces- sos de integração regional e os intercâmbios Sul-Sul e não os tratados de livre-comércio com os Estados Unidos; c) priorizam o papel do Estado como indutor do crescimento econômico e da distribuição de renda, em vez do Es- tado mínimo e da centralidade do mercado. (SADER, 2013, p. 139). 97UNIDADE 4 SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASIL Os governos pós FHC romperam com o neoliberalismo, mesmo sendo praticado na maior parte do mundo, mesmo pressionando nosso governo. O lulismo como projeto político e social implantou um modelo de distribuição de renda promovendo a chamada de “hegemonia pós-neoliberal”. Vale ressaltar que para Sader (2013) essa hegemonia só existiu pelo fato dos go- vernos Lula e Dilma resistirem à pressão neoliberal, se adaptandoà desindustrialização e ao protagonismo de exportador primário. Destacando que a agricultura além do caráter exportador, passou a ser vista como parte do sustento da classe baixa de nosso país. Como autossustentável na alimentação de nosso país. No entanto, Souza (2012), afirma que todo o processo do Lulismo, gera uma nova classe média emergente, que por sua vez busca oportunidades que muitas vezes necessi- tam de capacitação para o seu sustento. Souza (2012), vai chamá-los no primeiro momento de “ralé brasileira”. Que trabalham incansavelmente em duas jornadas, duas fontes de trabalho para garantir o sustento de sua família. Vale ressaltar que essa nomenclatura de “ralé brasileira’’, é substituída posteriormente por Souza (2012), pelo termo “batalhadores”. Os batalhadores, passam a enxergar uma evolução, uma prosperidade econômica através do fruto de seu trabalho. Trazendo dignidade a si e sua família. Algumas pessoas querem que a ralé brasileira receba essa capacitação através de programas de transferência de renda como o bolsa família. No entanto, o próprio nome já diz: transferência de renda. Em que o estado por muitas vezes deixa a desejar em relação à própria organização dessa nova classe social. A partir do momento que os batalhadores se organizam, temos o surgimento da nova classe média que apresenta a mobilidade social através de pequenos empreendimen- tos, da pequena propriedade rural entre outros. Essa nova classe social, apesar de não possuir o domínio do capital, tem papel importante na economia do país, produzindo e usufruindo de bens de consumo que antes não passavam do ideal imaginário dos batalhadores. Os batalhadores, passam a implementar seu próprio negócio, aumentando o capital de giro em nossa economia exercendo uma pressão econômica jamais vista em nosso país. Souza (2012), aponta também o aspecto cultural para sua ascensão dessa nova classe média. Um dos fatores culturais para sua expansão foi a religião. Pois, através dela temos a valorização do trabalho duro, (“Deus ajuda quem cedo madruga!”). Ajuda também, segundo Souza (2012), a questão da solidariedade com outras pessoas. Pois segundo ele vivencia em comunidade e em torno de um pastor, prepara os batalhadores para a convivência e obediência no trabalho.... 98UNIDADE 4 SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASIL Braga (2012), também olha essa nova classe emergente se preocupando com a pre- cariedade do trabalhador. Vale ressaltar que a ideia também aparece em Corrêa (2013), que além de falar dos trabalhadores, aponta os jovens com pouca qualificação para o trabalho. A preocupação em qualificação de trabalho reflete em uma nova classe trabalhadora crescente em nosso país. Braga (2012), destaca a necessidade de analisar a transformação da juven- tude irresponsável em protagonistas. Braga (2012), aponta a “hegemonia lulista” com a passividade dos trabalhadores. Pois abraçaram o Lulismo por causa das políticas públicas de redistribuição de renda e com a ascensão econômica. No entanto, Braga (2012), aponta que os trabalhadores também indicaram uma espécie de descontentamento com as condições de trabalho e organizações sindicais. Vale ressaltar que essa inquietação social sobre o sindicalismo faz parte da refle- xão sociológica de Braga (2012). Podemos perceber isso logo abaixo: A articulação entre o poder sindical e o ativismo das bases sustentando a existência dos primeiros vestígios para a construção de uma hegemonia lulis- ta indica a natureza reformista desta prática política. (SOUZA e DE SOUZA, 2013, p. 121). Assim podemos afirmar que Braga (2012), diz que a hegemonia Lulista, mostra através de toda soma da qualificação profissional, sindicalismo, programa de transferência de renda entre outros. Uma inquietação social que ajuda a construir uma sociologia da inquietação operária que se transformará em qualificação e valorização salarial e inserção em políticas públicas. Podemos perceber isso também em Souza e De Souza (2013), logo abaixo que afirma que: As lutas do precariado por salários e condições de trabalho justas exigiram do sindicato uma iniciativa a fim resolver os conflitos inerentes às circunstâncias do crescimento do setor. A questão é que os sindicatos procuram amenizar os conflitos inserindo o trabalhador no cenário atual do modo de regulação ao criar condições para o mesmo se aproximar de forma efetiva das políticas públicas. (SOUZA e DE SOUZA, 2013, p. 123). Mas se o trabalhador luta todos os dias, consegue evoluir, renasce como classe média. Por que o Lulismo acabou? Segundo Singer (2012), o Lulismo não acabou. Entrou em crise e adormeceu. Se você analisar todas as transformações sociológicas criadas com o sindicalismo, a transformação de classe. O Lulismo não deveria acabar ou até mesmo adormecer. Mas por que isso aconteceu? Para responder essas perguntas apresentaremos especificamente a crise do governo Dilma. Que Singer (2018), vai intitular de um verdadeiro quebra-cabeças. Em que o sonho “rooseveltiano” se transformou em um pesadelo golpista. 99UNIDADE 4 SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASIL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100 A ideia de transformar o fenômeno do Lulismo em algo transformador entra em crise no governo de Dilma Rousseff. Vale ressaltar que a esperança era grande. Pois tínhamos uma classe média que crescia constantemente. Outro ponto a ser destacado é que Dilma assumiu o Brasil com um crescimento de 7,5% do PIB (produto interno bruto). Com uma taxa de desemprego de 5,3%. Algo fantástico em um país de dimensões continentais. Vale ressaltar que nesse período, a nova classe média encheu os aeroportos, via- jando e movimentando o setor turístico do país. Jovens conseguiram através de programas sociais o ingresso nas universidades públicas. Singer (2018), afirma ainda que: O Brasil parecia incluir os pobres no desenvolvimento capitalista sem que uma só pedra tivesse riscado o céu límpido de Brasília. Lula resolverá a qua- dratura do círculo e achará o caminho para a integração sem confronto. Acla- mado urbi et orbi, recebia aplausos da burguesia, nacional e estrangeira, e de centrais sindicais concorrentes. (SINGER, 2018, p. 12). Vale ressaltar que o presidente dos Estados Unidos declarou que Lula era “o cara”. “Que tinha grande influência no mundo”. Vale destacar também que a revista inglesa “The Economist” estampou em sua capa o cristo redentor voando como um foguete afirmando que o Brasil decolava. Essa aprovação de Lula, transformou-se em desaprovação de Dilma no ano de 2015. Mas como Singer (2018), montou esse quebra-cabeça do governo Dilma para explicar a crise. Singer (2018), uma espécie de linha do tempo partidária para demonstrar o jogo político que a construiu ao longo do tempo no Brasil. Ao final, ele apresenta a ideia de três partidos básicos no Brasil: “O popular, o de classe média e o de interior”. 3 MANIFESTAÇÕESPOPULARES A PARTIR DE 2013TÓPICO UNIDADE 4 SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASIL Tanto o do partido popular, quanto o da classe média faz uma distinção simples en- tre pobres e ricos. Já o partido do interior joga na base governista para sua sobrevivência. Por isso ele consegue descrever o partido do centro como o PMDB. Vale destacar que a aliança entre o PT e o PMDB, fazia com que houvesse governa- bilidade à presidente Dilma. Mas essa aliança acabou com rachaduras que destroem a força de Dilma Rousseff. No entanto, Singer (2018), aponta três fatores para a crise que ocorreu. Em que a primeira foi o “reformismo forte” pelo qual Dilma apresentou um projeto político para romper com as estruturas políticas e econômicas. Singer (2018) explica que essa decisão poderia ter provocado um movimento antirreformismo forte.Então, esse movimento seria o segundo fator. Já o terceiro fator seria quando a presidente tomou decisões erradas em seu governo sem buscar alianças necessárias para obter apoio em suas reformas políticas. Logo após a troca do ministro da fazenda, a esquerda que a apoiava abandonou o barco por entender que o novo ministro seria neoliberal. Por isso teremos a crise do Lulismo que resultará em dois momentos do governo Dilma. O primeiro momento foram as manifestações de 2013. Vale ressaltar que segundo Singer (2018) ocorre o abalo de duas vigas que sustentavam o Lulismo. A primeira foi quando Dilma mudou a política desenvolvimentista e a segunda é que ocorreu limpeza de líderes de estatais ligados ao “partido de interior” (PMDB) acusados de corrupção. Abalan- do, assim, as alianças necessárias para sua sustentação. Com isso temos as manifestações de 2013 que expõem o descontentamento de vários setores da sociedade. Desde a elite até os proletários que veem seu ganho reprimido com o aumento de produtos da cesta básica. Singer (2018) apresenta também o descontentamento dos pobres com ensino superior que não veem ganho expressivo com sua formação. Sem falar nos escândalos de corrupção que mexem com a massa impulsionada pelo “lavajatismo”. A Lava Jato por sua vez, independente de sua origem ou intenção. Provocou a ideia de criminalização do ex-presidente Lula e do Partido dos Trabalhadores. Isso através do ativismo jurídico praticado pelo Juiz Sérgio Moro que demonstra claramente intenções políticas em seu papel. Singer (2018) nomeia esse ativismo como “vanguarda togada do antilulismo”. Vale ressaltar que o sentimento contra o Lulismo cresce nas vigas de sus- tentação apresentadas por Singer (2018). Então, o presidente da câmara dos deputados Eduardo Cunha vetou os projetos que poderiam alavancar o governo da presidente Dilma. 101UNIDADE 4 SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASIL Enfim, com o argumento de pedaladas fiscais abre-se o inquérito para o impedi- mento de Dilma Rousseff. Estamos no auge dos protestos, com as chamadas de grandes manifestações e institucionais com o “acordo nacional” no Congresso. Vale salientar que as manifestações foram articuladas por setores da sociedade somados aos interesses do par- tido do interior que almejou o poder sem deixar que a presidente tivesse qualquer chance de se defender no processo de impeachment. No entanto, precisamos compreender um pouco mais sobre as manifestações populares de 2013. Por isso, vamos nos prender a algumas falas de Gohn (2015), pois a mesma procurou explicar o fato de maneira clara e ao mesmo tempo profunda. Vale ressaltar que a professora, expõe a importância das manifestações e a quantidade de pessoas que foram às ruas de maneira expressiva. Inclusive os jovens, parte considerada o futuro de nosso país. Segundo Gohn (2015), as manifestações se originaram em São Paulo, nas manifes- tações do pedido do passe livre. Vale destacar que foi noticiado e assistido pela população através de programas televisivos e reproduzidos em redes sociais. Os protestos evoluíram para a questão dos serviços públicos. Indagando problemas de saúde, educação, entre outros. Esses jovens vão às ruas e as demandas passam por exigências políticas, mas sem lideranças. As manifestações públicas estavam repletas de cartazes com diferentes reivindica- ções. Podemos salientar que existiam cartazes apontando descontentamento com a forma que a política em nosso país era apresentada, com a forma que a segurança pública era conduzida. Uma novidade nos protestos de 2013, foi a violência empregada pelos policiais na repressão e pelo movimento intitulado “black blocs”, que se expressam através de confron- tos e destruição de maneira anárquica. O mais interessante é que todas as bandeiras par- tidárias foram rejeitadas e excluídas do processo de descontentamento. Ou seja, excluídos das manifestações. Mas não se preocupavam com política? Sim, se preocupavam. Mas de uma política sem partidos ou políticos e sim uma política de bem-estar. Vale ressaltar que podemos ver isso em Gohn (2015), logo abaixo: Querem mudanças na política via atuação diferenciada do Estado no aten- dimento à sociedade. Não negam o Estado, mas querem um Estado mais eficiente. Apresentam-se como apartidários, mas não antipartidários. (GOHN, 2015, p. 436). As manifestações de junho de 2013 provocaram um grande espanto em todo o Brasil. Inclusive na mídia e no próprio governo que não esperava tamanha repercussão e adesão. Por isso o governo passou a pensar em reformas. Mas que reformas? O governo se organi- zou e ouviu o grito dos manifestantes em 2013 e enfrentou seu reflexo nos anos seguintes. 102UNIDADE 4 SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASIL Gohn (2015), expressou muito bem o que foi as manifestações de 2013 no trecho logo abaixo: As “vozes” que ecoaram nas ruas em junho não negavam o Estado, mas rei- vindicavam um Estado menos dependente dos bancos, de multinacionais, de empresários etc. Um Estado com pauta social efetiva, e não apenas focado nas metas e índices de crescimento e oferta de bens. Clamaram por mais cidadania social. (GOHN, 2015, p. 439). As vozes das manifestações segundo Gohn (2015) tem um papel importante por muitos motivos, mas principalmente pela identificação e por visualizar um cenário em que não se sentiam representados. Não sentiam que os direitos da cidadania estavam sendo respeitados. Vale ressaltar que manter as manifestações por um longo período é quase que impossível. Mas o sentimento das pessoas e suas “vozes” ecoaram por um vasto território com ajuda das mídias sociais e estavam prestes a explodir. Então, podemos dizer que as manifestações ocorridas em 2013, abrem espaço para o que Souza (2016) chama de quebra de aprovação dos governos petistas anteriores. No entanto, podemos complementar com Singer (2018), demonstrando todo o quebra-cabeças do golpe. Ou seja, o Lulismo em crise. 103UNIDADE 4 SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASIL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104 Vale ressaltar que no contexto das manifestações ocorridas no Brasil, a mídia passa a ter um papel contrário ao governo, aplicando uma espécie de “cruzada” política contra o governo Dilma. Tudo apoiado no poder financeiro da elite e em sua identidade conservadora. A mídia, que estava preocupada com a copa das confederações e os protestos, passou a falar da PEC 37. Afirmando que ela limitaria as investigações criminais e atra- palharia o “lavajatismo” de Sérgio Moro. Podemos destacar o posicionamento de Souza (2016) para esse fato. Pois ela chama a atenção dizendo que: É interessante notar aqui já um início da articulação e do conluio entre o apa- rato jurídico-policial do Estado e a imprensa. A PE(‘ 37 c sua crítica passa a ser frequentemente referida pelo Jornal Nacional como uma demanda cada vez mais importante das “ruas”. (SOUZA, 2016, p. 90). Vale ressaltar que começamos a ter uma série de reportagens sobre os protestos, desde os trabalhadores rurais, demarcação de terra indígena, gastos com a copa do mundo e construção de estádios, entre outras. A partir desse momento, partidos políticos foram rejeitados e execrados pela popu- lação. A FIESP passou a pendurar uma bandeira gigante em seu prédio se posicionando contra o governo. Ou seja, a elite começa a demonstrar seu poder e perguntava quem “ia pagar o pato”. UNIDADE 4 SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASIL TÓPICO 4 IMPEACHMENT OUGOLPE ? DA CRISE DOGOVERNO DILMA AO“BOLSONARISMO” Souza (2016) acrescentou o papel da mídia na construção do golpe afirmando que: A mídia passou a se associar às instituições do aparelho jurídico-policial no processo de deslegitimar o governo eleito. Palavras de ordem como “Muda Brasil”, como forma cifrada deinvocar a verdadeira bandeira - “Muda (de governo) Brasil”, passaram a dominar o imaginário das manifestações. A corrupção ganhava cada vez mais proeminência, e os gastos com saúde e educação que nunca haviam sido tão expressivos como agora, eram sempre mencionados de modo negativo ao governo. (SOUZA, 2016, p. 94). Assim, o governo Dilma perdia cada vez mais popularidade, visualizando a união direta entre a mídia e a classe média conservadora. Que por sua vez começa a demonstrar o ódio que estava enraizado em suas entranhas. Podemos perceber isso em Souza (2016), logo abaixo: O mero fato da proximidade física dos pobres em lugares antes reservados à classe média trouxe à baila um racismo de classe perverso que se mantinha escondido do debate público nas condições de extrema desigualdade que o país vivia, O compartilhamento dos mesmos espaços sociais irrita e incomoda ainda mais com a nova postura e atitude das classes populares de desafiar o olhar incômodo, (...). (SOUZA, 2016, p. 97). Vale ressaltar que o sentimento de “ódio”, conservadorismo, discriminação racial, sexual como a homofobia começa a se tornar evidente com a ideia conservadora. Mas vem a pergunta: Isso surgiu aqui? Podemos afirmar que não. Pois o conservadorismo com essas ideias discriminatórias em nosso país sempre existiu. Mas agora se torna cada vez mais evidente. Iniciando uma guerra entre “comunismo e capitalismo”, entre “coxinhas e morta- delas”, “amarelinhos e vermelhos”, “nós e eles”. Tornando nosso país “bipolar”. Provocando dissoluções de famílias por se posicionarem politicamente. Vale ressaltar que o grade “acordo” entre mídia, elite e a ignorância de maior parte da população em relação a questões econômicas, políticas. Tornam-se o maior fator para o que Souza (2016), Singer (2018) vão chamar de “golpe”, e que a extrema-direita que explodiria no Brasil vai chamar de “justiça”. E que no senso comum e sem posicionamento, podemos chamar de impeachment. Para entender o golpe de 2016, temos que entender que o governo Dilma entrou em crise por não sustentar os dois pilares que Singer (2016) nos apresenta. No entanto, não pode- mos descartar a questão internacional e o crescimento da direita no mundo naquele momento. Além disso, podemos destacar a união e falta de diálogo de Dilma Rousseff com sua base política em torno da governabilidade. Com isso, seu vice e líder do “partido do interior” (PMDB), Michel Temer, se une em torno da burguesia e articula a tomada de poder. Vale ressaltar que o mesmo se aproveitou de fakes News em larga escala que foram repro- duzidas nas redes sociais e esperou a hora certa para tomar o poder. 105UNIDADE 4 SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASIL A tomada do poder teve como marco inicial o aceite do pedido de impeachment. Vale ressaltar que já existiam mais de cinquenta pedidos que foram arquivados por falta de provas. Mas um pedido foi acatado pelo presidente da câmara dos deputados Eduardo Cunha, que era aliado direto de Temer. E foi apoiado por movimentos que estiveram presentes nas mani- festações e nas ruas pedindo a queda de Dilma Rousseff por crime de responsabilidade, ou as famosas “pedaladas fiscais”. Após a votação com palavras que evocaram anticorrupção, Deus, e o famoso “tchau querida!”. Vale ressaltar que até a memória do General Ustra foi declarado pelo até então deputado Bolsonaro. Almeida (2021), nos apresenta a votação da seguinte forma: A sessão de votação do impeachment foi transmitida em rede nacional e deteve a atenção massiva da população que, já polarizada em direita e es- querda desde a eleição de 2014, assistia cada um torcendo para o desfecho que defendiam. No plenário, cada deputado dava um show à parte. E nos discursos de defesa do voto ficou nítido que não havia indignação pelos su- postos crimes de Dilma, até porque em nenhum momento estes serviram de argumento para dar sim ou não à abertura do processo de impedimento e permanência dela na Presidência. Aquele momento histórico ficou marcado pela consolidação de um golpe parlamentar que usou o palco da câmara para comemorar, voto a voto, as alianças políticas que culminaram no bem-sucedi- do golpe. (ALMEIDA, 2021, p. 46). Após o golpe, Temer governou provisoriamente com escândalos de corrupção ao seu redor e assim abre espaço para extrema direita no Brasil representado por Jair Bolsonaro. Vale ressaltar que mesmo sem tempo de televisão, o candidato recebeu apoio massivo em redes sociais, graças ao seu discurso que representava grande parte do pen- samento da direita brasileira. Destaca-se ainda a conturbação que foi a eleição 2018 e a briga entre esquerda e direita escancarada. Além da cassação da candidatura de Lula e sua condenação afundando a esquerda. Aumentando o poder de Bolsonaro após a famosa “facada” recebida por Bolsonaro. O bolsonarismo ganha cada vez mais força principalmente pela prisão de Lula que liderava todas as pesquisas presidenciais. Almeida (2021) diz que: (...) a estratégia dá tão certo, que Lula é usado como alvo e é proibido pela justiça de concorrer às eleições mesmo sendo líder absoluto nas pesquisas de intenção de voto. Proibir Lula de disputar a Presidência em 2018 é a der- rota da “arma” capaz de fazer sucumbir a escalada do neofascismo no Brasil. (ALMEIDA, 2021, p. 53.). Podemos destacar que Almeida (2021), apresenta a carreira de Jair Bolsonaro na política, afirmando que seu governo está sendo controverso e cheio de polêmicas. Tanto no âmbito nacional como internacionalmente. 106UNIDADE 4 SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASIL Mesmo sem se posicionar diretamente sobre o governo Bolsonaro. Procuramos apresentar toda discussão através de pesquisadores que deixaram seu escrito. No entanto, não podemos continuar a falar da ascensão e do governo de Bolsonaro. Pois ainda demora um tempo para se ter uma análise completa de seus atos. Mas, podemos encerrar nosso estudo apresentando abaixo o pensamento de Almeida (2021), que aponta para um dos fatores de seu governo confuso e fracassado, pois o presidente não conseguiu apoio de fato para seu governo. Todo pronunciamento, entrevista ou fala do Presidente foi marcada por po- lêmicas, ofensas a jornalistas, argumentos sem fundamentos, palavras de baixo calão etc. Nunca na história do Brasil houve um Presidente com uma postura tão atípica. É importante ressaltar que o comportamento pouco po- lido de Bolsonaro foi peça chave no processo de desmoralização do país e culminou no descrédito no governo, o que refletiu na quebra de alianças importantes para consolidar os planos do governo. (ALMEIDA, 2021, p. 53). 107UNIDADE 4 SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASIL O presidente Jair Messias Bolsonaro produziu frases e discursos que levam pesquisadores como Alex Fer- nandes Silva de Almeida. Autor da tese de Mestrado, intitulada de: Do Golpe De 2016 Ao Bolsonarismo: O Neofascismo. A compararem suas frases a características neofacistas como a apresentado abaixo expostas na página 66 de sua tese: Característica Neofascista e Frases de Bolsonaro Nacionalismo: “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”. Negação dos direitos humanos: “Conosco não haverá essa politicagem de direitos humanos. Essa bandi- dada vai morrer porque não enviaremos recursos da União para eles.” Inimigos da nação: “Vamos unir o Brasil pela vontade de nos afastarmos de vez do socialismo, do comunis- mo, nos vermos livres desse fantasma do que acontece na Venezuela.” “esquerdistas, petistas e bandidos.” Militarismo: “Caso eu fosse Presidente da República, eu convidaria para o MEC (Ministério da Educação) um general que tivesse comandado um colégio militar pelo Brasil.” Sexismo/misoginia: “Jamais iria estuprar você, porque você não merece.” Controle da imprensa: “A imprensa tenta a todo custo comprar a corda que irá enforcá-la.” Acompanhe em: ALMEIDA, Alex Fernandes Silva de. Do Golpe De 2016 Ao Bolsonarismo: O NeofascismoNo Brasil. Goiás: Puc, 2021. Disponível em: http://tede2.pucgoias.edu.br:8080/handle/tede/4651 http://tede2.pucgoias.edu.br:8080/handle/tede/4651 108UNIDADE 4 SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASIL Quer saber um pouco mais sobre a ascensão do Bolsonarismo no Brasil? Acesse o artigo de Fernanda Rios Petrarca. Intitulado Uma Janela no Tempo: a ascensão do Bolsonarismo no Brasil. Publicada na Re- vista TOMO, núm. 38, 2021, Janeiro-Junho, pp. 339-371. Universidade Federal de Sergipe – Brasil. Sob o DOI: https://doi.org/10.21669/tomo.vi38.14356 e disponível em: http://portal.amelica.org/ameli/jatsRe- po/346/3461827012/3461827012.pdf https://doi.org/10.21669/tomo.vi38.14356 http://portal.amelica.org/ameli/jatsRepo/346/3461827012/3461827012.pdf http://portal.amelica.org/ameli/jatsRepo/346/3461827012/3461827012.pdf 109 WEB Tenho caracterizado o movimento de apoio a Bolsonaro, bem como o seu governo, como neofascistas (Boito, 2019). O texto pretende retomar essa tese, apresentá-la com argumentos talvez mais apurados e indicar diferenças bibliográficas que recusem tal ca- racterização. O texto apresenta um movimento de um governo neofascistas, e não de uma ditadura fascista. Quer saber mais sobre essa visão? Acesse o link abaixo: BOITO JR, Armando. Por que caracterizar o bolsonarismo como neofascismo? Crítica marxista, v. 1, n. 50, 2020. https://www.researchgate.net/profile/Armando-Boito-Jr/ publication/345392663_Por_que_caracterizar_o_bolsonarismo_como_neofascismo/links/ 5fa5a237a6fdcc06241cb794/Por-que-caracterizar-o-bolsonarismo-como-neofascismo.pdf Bom estudo ! UNIDADE 4 SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASIL https://www.researchgate.net/profile/Armando-Boito-Jr/publication/345392663_Por_que_caracterizar_o_bolsonarismo_como_neofascismo/links/5fa5a237a6fdcc06241cb794/Por-que-caracterizar-o-bolsonarismo-como-neofascismo.pdf https://www.researchgate.net/profile/Armando-Boito-Jr/publication/345392663_Por_que_caracterizar_o_bolsonarismo_como_neofascismo/links/5fa5a237a6fdcc06241cb794/Por-que-caracterizar-o-bolsonarismo-como-neofascismo.pdf https://www.researchgate.net/profile/Armando-Boito-Jr/publication/345392663_Por_que_caracterizar_o_bolsonarismo_como_neofascismo/links/5fa5a237a6fdcc06241cb794/Por-que-caracterizar-o-bolsonarismo-como-neofascismo.pdf 110 CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro (a) acadêmico (a), chegamos ao fim da última unidade da nossa apostila. Nessa etapa final da disciplina, obtivemos a compreensão do Brasil contemporâneo. Tudo tão próximo que provavelmente você concordou ou discordou do que leu e aprendeu. No entanto, gostaria de salientar que todo o conteúdo teve uma base científica de obras já produzidas e por muitas vezes com anos de pesquisa fundamentada. Então, estudamos neste capítulo assuntos polêmicos que com toda certeza descor- tinaram nossos olhos com o conhecimento sobre o conceito neoliberal e sua aplicação em nosso país. Conhecemos o governo de Fernando Henrique Cardoso e suas vertentes. Vale destacar que após conhecermos o neoliberalismo de Cardoso, aprendemos o conceito de “Lulismo”. Não como uma pessoa e sim o fenômeno governamental com todas suas raízes, expansão e desafios que enfrentou. Voltamos nossos olhos para um debate sobre os reflexos do “Lulismo” e sua he- gemonia com o aparecimento da nova classe média e a erradicação da pobreza em vários setores do Brasil. No entanto, fizemos uma breve passagem pelas manifestações a partir de 2013 e seus reflexos para a crise do “Lulismo”. Ou seja, como foi arquitetado, quais fatores que levaram a sua queda e o impeachment de Dilma Rousseff. Prosseguindo com nossa reflexão, abordamos a queda de Dilma e indagamos se foi um simples impeachment ou um golpe. Assim entendemos alguns pontos de conflitos que envolveram nosso país e apresentamos fatos que apontam para o que os estudiosos chamaram de golpe. Debatemos o verdadeiro papel do impeachment com a crise do go- verno Dilma, a ascensão do Bolsonarismo Descrevemos os problemas enfrentados em seu governo e a falta de tato para organizar, fazer alianças e jogar o jogo político. Finalizamos mostrando as frases de Bolsonaro e seus reflexos na sociedade que resultaram em problemas para seu governo. Foi extremamente importante e prazeroso nosso estudo até aqui. Então, fique com meu... Muito obrigado! UNIDADE 4 SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASIL 111 MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO 1 Título: Cidade de Muros: Crime, Segregação e Cidadania em São Paulo. Autor: Tereza Pires do Rio Caldeira. Editora: EDUSP; 2ª edição (1 janeiro 2006). Sinopse: O documentário analisa a maneira pela qual crime, medo e desrespeito aos direitos dos cidadãos associaram-se a transformações urbanas de São Paulo, produzindo um novo padrão de segregação espacial durante as duas últimas déca- das. Temos o aumento da violência na cidade e o fracasso da polícia e da justiça em combatê-la teve sérias consequências: a privatização da segurança, o apoio a ações ilegais e violentas da polícia e a reclusão de parte da sociedade em verdadeiros encraves fortificados. O resultado é a fragmentação do espaço público, a valorização da desigualdade e o incentivo ao precon- ceito em relação a certos grupos sociais. LIVRO 2 Título: Os sentidos do Lulismo: Reforma Gradual e Pacto Conservador. Autor: André Singer. Editora: Companhia das Letras; 1ª edição (28 agosto 2012). Sinopse: Em novembro de 2009, a prestigiosa revista Novos Estudos, do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Ce- brap), publicou um artigo de André Singer que já se tornou um marco da ciência política brasileira. Escrito durante o auge da popularidade desfrutada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, “Raízes sociais e ideológicas do lulismo” analisava o gran- de realinhamento eleitoral ocorrido no país durante o pleito de 2006. O subproletariado, isto é, a massa de milhões de pessoas excluídas das relações de consumo e trabalho, e que sempre havia se mantido distante da ameaça de “desordem” represen- tada pela esquerda, aderiu em bloco à vitoriosa candidatura à reeleição. Ao mesmo tempo, a classe média tradicional se afastou de Lula e do PT após as denúncias de corrupção que originaram o caso do “mensalão”. Invertia-se, desse modo, na trajetória eleitoral do partido e de seu principal líder, até então apoiados majoritariamente pelos eleitores urbanos e pelos estratos sociais de maior renda e instrução. UNIDADE 4 SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASIL 112 LIVRO 3 Título: O lulismo em crise: Um quebra-cabeça do período Dilma (2011-2016). Autor: André Singer. Editora: Companhia das Letras; 1ª edição (24 maio 2018). Sinopse: Em O lulismo em crise, André Singer enfrenta o desafio de remontar o quebra-cabeça dos anos em que Dilma Rousseff foi presidente da república e apresenta uma interpretação para o funcionamento do sistema político-partidário brasileiro. Com palavras claras e com argumentação rigorosa, Singer explica por que o afastamento de duas vigas estruturantes do arranjo lulista. (o capital financeiro e o PMDB), teve custo tão alto. On- ças foram cutucadas com varas curtas, sem que tivesse havido mobilização de bases sociais que apoiassem a continuidade do lulismo, em sua nova versão, de reformismo forte. Em processo simultâneo, a Lava Jato acabou por galvanizar apoio de significa- tivas frações da sociedade, tornando-se decisiva na propagação das ondas anti lulistas que levariam ao impeachment. FILME / VÍDEO 1 Título: Democracia em vertigem. Ano: (2019). Diretora: Petra Costa. Roteirista: Petra Costa. Produção: Joanna Natasegara; Shane Boris; Tiago Pavan Sinopse: Documentário sobre o processo de impeachment de Dilma Rousseff. Apresentado como um dos reflexos da polari- zação política e da ascensão da extrema-direita para o poder. FILME / VÍDEO 2 Título: O Processo. Ano: (2018). Diretor: Maria Ramos. Roteirista: Maria Ramos. Produção:Leonardo Mecchi. Sinopse: Ao passar meses nos bastidores do Congresso Na- cional, acompanhando ao vivo os trâmites que levaram ao impeachment da presidenta Dilma Rousseff. O documentário apresenta os eventos de 2016 trazem consequências no Brasil até hoje, e as imagens daquela época adquiriram novo signi- ficado em 2018, com Michel Temer no poder, às vésperas de uma nova eleição presidencial. UNIDADE 4 SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASIL 113 FILME / VÍDEO 3 Título: O Muro. Ano: (2017). Diretor: Lula Buarque de Hollanda. Roteirista: Lula Buarque de Hollanda. Produtor: Lula Buarque, Letícia Monte. Sinopse: O filme O Muro, de Lula Buarque de Hollanda, tem como ponto de partida a estrutura de aço erguida no meio da Esplanada dos Ministérios, durante o julgamento do impeach- ment da ex-presidente Dilma Rousseff. O objetivo era separar manifestantes pró e contra o processo, ironicamente, no centro de um local projetado para ser um espaço de comunhão. Misturando documentário e videoarte, o diretor entrevista pes- soas dos dois lados, bem como pensadores, cientistas políticos, historiadores, filósofos, acadêmicos e brasilianistas, que trazem outras leituras dos fatos. UNIDADE 4 SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASIL 114 ALMEIDA, Alex Fernandes Silva de. Do Golpe De 2016 Ao Bolsonarismo: O Neofascis- mo No Brasil. Goiás: Puc, 2021. Disponível em: http://tede2.pucgoias.edu.br:8080/handle/ tede/4651. Acesso em: 09 fev. 2022. ALMEIDA, Antonio Charles Santiago. Filosofia política. Curitiba: InterSaberes, 2015. (Série Estudos de Filosofia). Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br/Acervo/Pu- blicacao/31416. Acesso em: 04 mar. 2022. ALVES, Andréa Moraes. Cidade de Muros: Crime, Segregação e Cidadania em São Paulo. Revista Mana. Estudos de Antropologia Social [online]. 2002. Disponível em: https://doi. org/10.1590/S0104-93132002000100010. Acesso em: 30 jan. 2022. AZEVEDO, Vanessa.Lúcia.Santos de; FERREIRA, Adriana; MARTINS, Silvia. 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SINGER, André Vitor (2012). Os sentidos do lulismo: reforma gradual e pacto conservador. Revista Primeiros Estudos: Resenha. São Paulo: USP, 2013. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/primeirosestudos/article/ view/52559/67106. Acesso em: 02 fev. 2022. TILLY, Charles. Democracia. Petrópolis - RJ: Editora Vozes, 2007. WEBER, Max. Economia e sociedade. 1. ed. Brasília: Editora. UnB, 2012. Acesso em: 04 mar. 2022. WEBER, Max.Escritos políticos. Editora: Martins Fontes, São Paulo; 1ª edição, 2014. https://www.revistas.usp.br/primeirosestudos/article/view/52559/67106 https://www.revistas.usp.br/primeirosestudos/article/view/52559/67106 120 Caro(a) aluno(a), Chegamos ao fim do curso de Sociologia Política. Fizemos uma viagem libertadora. Buscando nas experiências históricas e nas explicações, os conceitos e os fatos históricos que construíram a sociologia política. Partimos conhecendo a sociologia política, através do conceito básico do que é a sociologia política. Visualizamos a Filosofia Política em Maquiavel. Um grande pensador que demonstrou, passo a passo, como se faz a política. Seguimos nosso estudo, identi- ficando o conceito básico de Ciência Política. Terminando nossa unidade conhecendo os conceitos de Políticas Públicas e Política Social. Na segunda unidade, nosso foco foi o conceito de Elite e os pressupostos histó- ricos. Passamos pela definição de Elitismo. E, como ponto alto da unidade, conhecemos importantes personagens como Gaetano Mosca, Vilfredo Pareto e Robert Michels. Que descortinam nossos olhos sobre a questão do elitismo. Continuamos nossa viagem apre- sentando a denúncia contra a Elite com uma forte crítica a elite liberal. Já na Unidade III, apresentamos o conceito de Estado e o bem-estar social, enfati- zando seu compromisso com as políticas públicas. Seguimos nosso estudo compreendendo a responsabilidade do Estado enquanto regulador e responsável pela economia e política nacional. Completando com a contextualização do processo da dimensão da política en- quanto órgão competente quanto às responsabilidades junto ao Estado de direito democrá- tico. Então, terminamos o capítulo problematizando as questões que envolvem o bem-estar social e influência do neoliberalismo nas políticas públicas na sociedade contemporânea. Enfim, em nossa Unidade IV, discutimos uma questão polêmica. Mas extrema- mente necessária no campo da sociologia política. Vale ressaltar que se abandonamos toda e qualquer ideologia existente em nossas entranhas, alcançamos o entendimento e concretizamos o processo de ensino e aprendizagem. Vale ressaltar que abordamos a Compreensão do Brasil Contemporâneo. Passamos pelo neoliberalismo de Fernando Henrique Cardoso e conhecemos o fenômeno chamado “Lulismo”. Seguimos nossa viagem conhecendo a hegemonia e a nova classe média. Atrelando a isso tudo as manifestações populares a partir de 2013. Debatemos se foi Impeachment ou Golpe? Chegando à conclu- são através de estudiosos que foi um golpe. Por fim, fizemos uma breve viagem na crise do Governo Dilma ao “Bolsonarismo” e suas atitudes. Assim, chegamos ao fim da nossa viagem. Espero que seu horizonte de expec- tativas tenha sido modernizado e novos horizontes acrescentados, uma vez que todos nós, brasileiros, necessitamos ter uma visão aberta, principalmente com fatos históricos, abandonado os achismos da fake News e das redes sociais. Por isso, Muito obrigado e bom estudo! CONCLUSÃO GERAL ENDEREÇO MEGAPOLO SEDE Praça Brasil , 250 - Centro CEP 87702 - 320 Paranavaí - PR - Brasil TELEFONE (44) 3045 - 9898 Site UniFatecie 3: Botão 11: Botão 10: Botão 9: Botão 8: Unidade 1: Unidade 2: Unidade 3: Unidade 4: