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Módulo 4 - Regulação e ambiente institucional em visão intermunicipal

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Consórcios Públicos 
Intermunicipais
Regulação e ambiente 
institucional em visão 
intermunicipal4
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Conteudista:
Yan Cattani (conteudista, 2021); 
Diretoria de Desenvolvimento Profissional.
Enap Escola Nacional de Administração Pública
Enap, 2021
SAIS - Área 2-A -70610-900 - Brasília, DF
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Sumário
Unidade 1: O que é regulação subnacional de serviços públicos .....................................4
1.1 O que é relevante no ambiente institucional dos municípios ............................................................ 4
1.2 Elementos básicos de regulação de serviços públicos ....................................................................... 6
1.3 Aspectos setoriais da regulação dos serviços públicos ..................................................................... 8
Referências .............................................................................................................................................................10
Unidade 2 : Formatos bem-sucedidos de regulação intermunicipal ............................. 11
2.1 O desenho do consórcio regulador e o seu potencial na regulação de serviços subnacionais .........11
2.2 Como é a experiência brasileira com consórcios reguladores na forma de agências 
reguladoras intermunicipais? ............................................................................................................................11
2.3 Como fortalecer as agências reguladoras subnacionais? ................................................................13
Referências .............................................................................................................................................................14
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1.1 O que é relevante no ambiente institucional dos municípios
As diversas teorias sobre o federalismo contemporâneo são razoavelmente convergentes quando se 
referem ao processo de elaboração de políticas públicas e a necessidade de coordenação entre governo 
central e governos subnacionais, ou mesmo o processo de coordenação que envolva atores diferentes, que 
não sejam, necessariamente, provenientes do setor público. 
Após décadas de experimentação de diferentes arranjos no federalismo, a complexidade de atores envolvidos 
nos tratos de assuntos federativos se expandiu, não relacionando apenas governos ou mecanismos simples 
de gestão, mas sim “[...] formas de associação, parceria e negociação territorial, incluindo grupos de interesse 
distintos, governos locais, o setor privado, e agências públicas e governos de outros níveis (SPINK, 2011)”. 
Dito de outra forma:
Unidade 1: O que é regulação subnacional de 
serviços públicos
Objetivo de aprendizagem
Ao final desta unidade, você será capaz de reconhecer a relevância do ambiente institucional dos 
municípios, quais são os elementos básicos de regulação de serviços públicos e os aspectos setoriais da 
regulação dos serviços públicos.
Neste módulo, você verá conceitos importantes para a compreensão da regulação subnacional de serviços 
públicos. Você verá um resumo do que é regulação subnacional de serviços públicos e conhecerá alguns formatos 
bem-sucedidos de regulação intermunicipal no âmbito dos consórcios públicos. 
O módulo 4 está estruturado da seguinte forma:
Regulação e ambiente institucional em 
visão intermunicipal
M
Ó
D
U
LO
4
• Unidade 1 – O que é regulação subnacional de serviços públicos
• Unidade 2 – Formatos bem-sucedidos de regulação intermunicipal
O termo governança, quando relacionado à implementação de políticas públicas, em geral, 
refere-se à forma como os impactos coletivos são produzidos em um sistema social [...]. 
No entanto, seu conceito tem caráter polissêmico, sendo usado de diferentes maneiras. 
Para muitos teóricos, pode referir-se a uma determinada fase no processo de evolução do 
governo ocidental, em que surgiu a percepção de que nem o governo nem o mercado, quando 
agem isoladamente, são capazes de solucionar os problemas da sociedade. Desse modo, a 
governança está ligada à perspectiva da ação concentrada entre os governos e a sociedade. 
Noutro ponto, também pode ser definida como o caráter multidimensional da ação do governo, 
que ocorre em distintos níveis, incorporando diferentes tipos de variáveis que influenciam o 
desempenho governamental (IPEA, 2019).
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No caso, utiliza-se o uso da expressão “governança” por se tratar de uma acepção mais genérica e, portanto, 
adequada para os diversos arranjos existentes dentro da teoria federativa, mas que, também, afetam 
políticas públicas setoriais, como, por exemplo, arranjos do setor de educação, da saúde, ou outros tipos de 
arranjos administrativos existentes em diversas áreas de atuação pública.
Iniciando-se pelo trato da cooperação entre diferentes jurisdições, o problema da governança é abordado, 
inicialmente, pelo texto seminal de Garret Hardin, de 1968, The tragedy of Commons, artigo acadêmico 
que ganhou fama por tratar do problema de uso de recursos comuns. A ideia geral do texto tratava de uma 
situação em que indivíduos, agindo de modo a otimizar sua utilidade na exploração de terras, acabavam 
esgotando o recurso comum e coletivo, gerando, assim, perdas para toda a sociedade. O problema trata, 
portanto, do uso de recursos livres de uso e coletivos (common-pool resources), cujos recursos que são 
difíceis de restringir e/ou direcionar o uso e ao serem consumidos/utilizados não podem mais ser reutilizados 
por outros agentes econômicos (pessoas, empresas ou governos).
Ostrom retoma o tema na década de 1960, mas discutindo que a tragédia dos comuns não é, na 
realidade, impossível de se resolver como Hardin sustentou. Em seus textos, a autora mostra que o uso 
de recursos comuns não é uma situação de encurralamento, mas que, também, a sociedade não está livre 
de responsabilidade moral pela criação de incentivos de exploração de recursos. Assim, a solução para o 
problema se daria pela aplicação de normas e pela criação de instituições que garantem direitos parciais 
de propriedade em arranjos sociais eficazes que garantem o uso dos recursos comuns sem um aspecto 
predatório (WILSON; GAMKHAR, 2011).
O tema passa, então, a ser estudado por acadêmicos de diferentes áreas, como ciência política, 
administradores públicos, urbanistas, economistas, entre outros. Com foco inicial no desenvolvimento de 
áreas metropolitanas, apreende-se que o principal problema de coordenação decorre da fragmentação das 
jurisdições da governança local. Com o desenvolvimento do tema ao longo dos anos, 
Dito de outro modo, a questão para os estudiosos não se tratava de lidar com a fragmentação da governança 
local, pouco importando o tamanho das jurisdições de governança. Assim, a efetividade de ações resolutivas 
viria da identificação do tipo de bem público, das suas externalidades. 
Dentro de um sistema policêntrico, há múltiplas situações vivenciadas entre os atores, alternando-se entre 
situações de cooperação, conflito e competição. Para manutenção de um sistema harmônico, a solução 
trivial consiste na resolução de conflitos e manutenção da competição entre limites. Assim, a compreensão 
das diversas interfaces da vida política, em especial nas regiões metropolitanas, seria mais adequada se 
notados os diversos arranjos formais e informais existentes nos problemas territoriais (SPINK, 2011).
Lippi (2011), por sua vez, sintetiza elementos necessários e recorrentes em pesquisas sobre governabilidade 
desenvolvidos sobre os grandes centros metropolitanos, como pode ser visto no quadro abaixo:
Ostrom, Tiebout e Warren (1961) propuseram, em um texto clássico, que os argumentos a favor 
de reformas amplas fossem embasados na premissa que a fragmentação era patológica. Sua 
posição, partindo da concepção de áreas metropolitanas como sistemas políticos policêntricos 
(válida também para áreas regionais e subnacionais) foi de que não se trata de uma opção entre 
grande ou pequeno, mas de discutir a escala de organização apropriada para cada tipo diferentede bem público e a natureza das externalidades produzidas por diferentes ações (SPINK, 2011). 
Fatores Principais Argumentos
Cooperação entre os atores 
governamentais
A cooperação é necessária para a resolução de problemas que extrapolam fronteiras 
territoriais. Deve-se superar o “ jogo de soma zero”. Deve-se garantir que as relações 
não sejam assimétricas e com imposição de interesses. A cooperação pode reduzir a 
desigualdade entre governos locais e favorecer a eficiência econômica.
Inexistência de polarização 
entre os municípios
A polarização numa relação horizontal entre municípios pode sugerir relações políticas 
dominantes, que, em cenário de municipalismo autônomo, não favorecem a ação coletiva 
e cooperada.
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Fatores que favorecem à governança e à governabilidade regional. 
Fonte: adaptado de Lippi (2011).
1.2 Elementos básicos de regulação de serviços públicos
É impossível falar de regulação de serviços públicos sem uma breve contextualização histórica de sua 
instituição. De acordo com o documento emitido para a primeira grande reforma administrativa da década 
de 1990, realizado pelo Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado (MARE, 1995), o Brasil 
viveu ondas de reformulação de sua burocracia estatal.
Iniciando-se pela reforma de 1936, através da criação do Departamento Administrativo do Serviço Público, 
seu objetivo foi transformar a administração patrimonialista da antiga República em uma administração mais 
conectada com os anseios capitalistas, com a instituição da profissionalização de servidores públicos, visando 
evitar corrupção e nepotismo, estabelecendo controles rígidos de processos, até então praticamente inexistentes.
A partir da década de 1950, contudo, com o crescente enrijecimento da burocracia, inicia-se um processo 
de flexibilização de processos, etapa que compreende o período da administração pública gerencialista. O 
foco da atividade burocrática passa a priorizar o atendimento à sociedade, garantido, através da definição 
precisa das atribuições do gestor público, da autonomia deste com relação aos recursos humanos, materiais 
financeiros e controle de cobrança a posteriori dos resultados. 
Envolvimento dos 
legislativos municipais
A atuação legislativa nas áreas metropolitanas está sujeita aos legislativos municipais ou 
aos interesses dos deputados estaduais em se engajar no projeto metropolitano. Além 
de comprometer as políticas de interesse regional, deixa, ao executivo, a função essencial 
de proposição de políticas públicas.
Participação e validação da 
sociedade civil
A boa governança em regiões metropolitanas depende, também, do envolvimento e 
da participação da sociedade civil. O direito do cidadão à voz deve ser preservado na 
democracia, mesmo diante de uma representação indireta dos executivos municipais, 
como é no espaço metropolitano.
Existência do arranjo 
institucional
Os arranjos institucionais atuais não respondem satisfatoriamente às demandas 
metropolitanas. Mas, ainda, deve-se uma atenção às alianças e às alternativas 
institucionais, pois elas favorecem que políticas importantes mudem de escala e passem 
a ser mais eficazes.
Assunto organizador 
das demandas da região 
metropolitana
Algumas políticas têm como característica a necessidade de atuação coletiva, e somente 
dessa forma elas serão efetivas, pois extrapolam as fronteiras municipais, como, por 
exemplo: saneamento básico, resíduos sólidos, segurança pública, transporte.
Recursos e fontes de 
financiamento
A inexistência de recursos e de fontes de financiamento é reconhecida como um dos 
principais fatores limitantes de políticas e de ações metropolitanas.
Existência de liderança 
política
Os líderes, ou, também, empreendedores políticos, possibilitam a ação coletiva dos 
governos locais, pois são fundamentais no papel de articulação e de cooperação.
Portanto, para que a governança e o ambiente institucional 
prevaleçam em efetiva coordenação dos atores, há uma 
necessidade constante de balanceamento entre poderes entre 
governos, hierarquias, reconhecimento de capacidades locais, entre 
outros fatores que permeiam a literatura do federalismo. Como 
afirma Ostrom (1999), o processo de adaptação dos atores é 
essencial para levar o uso de recursos à uma situação de equilíbrio. 
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Nesse sentido, o desenvolvimento de diversas atividades de Estado, descentralizadas, passam a ter, como 
contraparte de suas ações, a fiscalização de atividades. É, portanto, através da introdução do decreto-lei 
200 que a regulação inicia um papel mais ativo na atividade econômica brasileira. 
O último marco normativo a ser estudado é a promulgação da Constituição de 1988. Conforme aponta 
Guerra (2017), a regra geral para execução de atividades econômicas pelo Estado é a abstenção, sendo 
necessária uma autorização constitucional ou legal prévia em que se leve em consideração o interesse 
coletivo ou a segurança nacional. 
Dessa forma, o Artigo 174 introduz, explicitamente, a autorização para regulação de serviços públicos:
Contudo, a regulação dos serviços públicos tem progresso no âmbito das reformas liberalizantes do governo 
Collor. A fim de promover o “desinchaço” de décadas de criação de organismos estatais e paraestatais, foi, 
então, promulgada a Lei Federal nº 8.031/1990.
Sua efetividade, entretanto, é baixa, uma vez que controversos assuntos de desestatização necessitavam de 
amparo constitucional para sua consecução. Por conta disto, a partir de 1995, inicia-se um grande processo 
revisionista da Constituição, promovendo uma série de Emendas Constitucionais. Nas palavras de Guerra (2017):
Para todas essas modalidades de desestatização, fez-se necessário o adequado acompanhamento 
regulador do estado. Moreira (apud GUERRA, 2017), aponta que a amplitude do conceito de regulação 
tem três apurações. A primeira é num sentido amplo, como forma de intervenção do Estado na economia, 
independentemente dos meios e fins. A segunda é através de formas indiretas na atividade econômica, 
equiparando-se à coordenação e à disciplina da atividade econômica privada. A terceira e última é 
condicionando a atividade privada mediante lei ou outros tipos de normas.
É, portanto, uma forma de controlar ou de “[...] influenciar o comportamento dos agentes econômicos, 
evitando que lesem os interesses sociais definidos no marco da Constituição e orientando-os em direções 
socialmente desejáveis” (ARAGÃO apud GUERRA, 2017, p. 20).
Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da 
lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor 
público e indicativo para o setor privado.
A desestatização implementada no país foi executada mediante várias modalidades: alienação 
de participação societária detida pelo Estado, inclusive de controle acionário; abertura de 
capital; aumento de capital, com renúncia ou cessão, total ou parcial, de direitos de subscrição; 
alienação, arrendamento, locação, comodato ou cessão de bens e instalações; dissolução de 
sociedades ou desativação parcial de seus empreendimentos, com a consequente alienação 
de seus ativos; e concessão, permissão ou autorização de serviços públicos. 
Mediante o referido decreto-lei, realizou-se a transferência de atividades para autarquias, 
fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista, a fim de obter-se maior 
dinamismo operacional por meio da descentralização funcional. Instituíram-se como princípios de 
racionalidade administrativa o planejamento e o orçamento, o descongestionamento das chefias 
executivas superiores (desconcentração/descentralização), a tentativa de reunir competência e 
informação no processo decisório, a sistematização, a coordenação e o controle.
Em 1967, a reforma introduzida pelo Decreto-lei 200 representa, no histórico nacional, uma das maiores 
tentativas de superação da rigidez burocrática. Conforme aponta o MARE (1995, p.19):
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De forma geral, as atividades do “Núcleo Estratégico”são aquelas que somente o governo realiza, enquanto 
as atividades de “Serviços Não Exclusivos” são aquelas atividades em que o Estado atua simultaneamente 
com outras organizações públicas não-estatais e privadas. “Produção de Bens e Serviços para o Mercado” 
corresponde à área de atuação das empresas. Por sua vez, as Atividades Exclusivas são, conforme aponta 
o MARE (1995, p. 41):
As Atividades Exclusivas de Estado reguladas enquadram iniciativas que podem ser abertas à iniciativa privada, 
a serviços públicos, cuja titularidade é de algum ente federativo, ou a monopólios públicos (GUERRA, 2017).
Conforme detalha Guerra (2017, p. 32), os seguintes serviços públicos podem doravante explorados pelos 
respectivos entes federados:
É o setor em que são prestados serviços que só o Estado pode realizar. São serviços em que 
se exerce o poder extroverso do Estado - o poder de regulamentar, fiscalizar, fomentar. Como 
exemplos temos: a cobrança e fiscalização dos impostos, a polícia, a previdência social básica, 
o serviço de desemprego, a fiscalização do cumprimento de normas sanitárias, o serviço de 
trânsito, a compra de serviços de saúde pelo Estado, o controle do meio ambiente, o subsídio 
à educação básica, o serviço de emissão de passaportes, etc.
[...] Compete à União explorar, ou conceder, os serviços de telecomunicações, serviço postal e 
aéreo; radiodifusão sonora e de sons e imagens; energia elétrica; aproveitamento energético 
dos cursos d´água; navegação aérea e infraestrutura aeroportuária; transporte ferroviário 
e aquaviário entre portos brasileiros, fronteiras nacionais e os que transponham limites de 
Estados e Territórios; transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros; 
serviços portuários. Além disso, é de competência da União instituir sistema nacional de 
gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso; 
instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e 
transportes urbanos; e estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacional de viação.
Aos Estados, cabe, expressamente, a prestação dos serviços públicos de distribuição 
de gás canalizado, e toda e qualquer competência que não tenha sido atribuída à União, 
nem seja estritamente de interesse local (poderes remanescentes). São eles: transporte 
ferroviário, exceto quando competente a União, transporte metroviário; Transporte rodoviário 
intermunicipal; Transporte aquaviário, exceto quando for de competência da União, nos termos 
do art. 21, XII, d, da CF.
Cumpre destacar que aos Estados-membros compete, ainda, mediante lei complementar, 
instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por 
agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, planejamento e a 
execução de funções públicas de interesse comum.
Aos Municípios compete a prestação dos serviços de interesse local (art. 30, V, CF), que 
“deve ser entendido como predominante e não exclusivo, para efeito da caracterização da 
competência em cada caso, máxime se considerarmos as alterações tecnológicas, sempre 
No que se refere aos aspectos setoriais da regulação de serviços públicos, diversas são os matizes possíveis. 
É possível falar em termos dos setores econômicos, como, por exemplo, as atividades industriais, comerciais 
ou mais comumente, de serviços. 
No entanto, faz-se necessário levar em consideração as “Atividades Exclusivas” de Estado, elaborado pelo 
MARE (1995), pois é aquele setor que comporta as atividades de regulação propriamente ditas. De acordo 
com o MARE (1995), no Aparelho do Estado, é possível distinguir quatro setores: “Núcleo Estratégico”, 
“Atividades Exclusivas”, “Serviços Não Exclusivos” e “Produção de Bens e Serviços para o Mercado”. 
1.3 Aspectos setoriais da regulação dos serviços públicos
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Você chegou ao final desta unidade de estudo.Caso ainda tenha dúvidas, reveja o conteúdo e se aprofunde 
nos temas propostos.
Por fim, pode-se dizer que os serviços públicos podem ser realizados diretamente pelos titulares da 
competência (ver ‘Sanfona’), mas, também, pode ter a execução dos serviços delegada a terceiros. No caso 
da prestação direta, cabe ao Estado decidir se os serviços serão realizados por meio de empresas públicas 
ou de sociedades de economia mista. No caso de terceirização dos serviços, a delegação pode ser realizada 
a empresas do setor privado, a autarquias, em que, no caso de regulação e de fiscalização propriamente 
ditas, podem compreender as autarquias interfederativas, também conhecidas como consórcios públicos. 
incidentes na evolução dos serviços públicos que são capazes de transformar, em pouco 
tempo, um serviço tipicamente local num serviço que poderá vir a ser prestado eficientemente 
em escala regional ou, mesmo, nacional.”71 Sob a competência municipal, tem-se, ainda, 
como inovação na Constituição de 1988, as atividades administrativas de interesse comum 
(art. 23), a exemplo do saneamento básico.
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Referências
GUERRA, S. Regulação e Serviços Públicos. FGV Direito Rio: Rio de Janeiro, 2016.
HARDIN, G. The Tragedy of the Commons. science, 162. Journal of Natural Resources Policy 
Research, v. 162, n. 13, p. 3, 1968.
IPEA. Adequação dos Arranjos de Governança Metropolitana ao Estatuto da Metrópole e 
Subsídios à Elaboração dos Planos de Desenvolvimento Urbano Integrado (PDUI): Região 
Metropolitana de Porto Alegre. Rio de Janeiro: Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicada, 2019.
LIPPI, M. F. Governança e governabilidade regional: uma análise da Região Metropolitana da 
Baixada Santista. In: SPINK, P.; CARNEIRO, J. M. B.; TEIXEIRA, M. A. C. Municípios e Estados: 
experiências com arranjos cooperativos. Fundação Konrad Adenauer: Rio de Janeiro, 2011. 
p. 203-218.
MARE. Plano Diretor da Reforma do Aparelo do Estado. Brasília: Ministério da Administração 
Federal e da Reforma do Estado, 1995.
OSTROM, V.; TIEBOUT, C. M.; WARREN, R. The organization of government in metropolitan 
areas: a theoretical inquiry. American political science review, v. 55, n. 4, p. 831-842, 1961.
OSTROM, E. Coping with tragedies of the commons. Annual review of political science, v. 
2, n. 1, p. 493-535, 1999.
SPINK, P. Cooperação e Governança Interjurisdicional: conceitos em discussão. In: SPINK, 
P.; CARNEIRO, J. M. B.; TEIXEIRA, M. A. C. Municípios e Estados: experiências com arranjos 
cooperativos. Rio de Janeiro: Fundação Konrad Adenauer, 2011. p. 13-30.
WILSON, R.; GAMKHAR, S. Cooperação e relações intergovernamentais nos governos 
locais: o caso dos Estados Unidos. In: SPINK, P.; CARNEIRO, J. M. B.; TEIXEIRA, M. A. C. 
Municípios e Estados: experiências com arranjos cooperativos. Rio de Janeiro: Fundação 
Konrad Adenauer, 2011. p. 31-56.
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2.1 O desenho do consórcio regulador e o seu potencial na regulação de 
serviços subnacionais
2.2 Como é a experiência brasileira com consórcios reguladores na forma 
de agências reguladoras intermunicipais?
A atribuição da regulação de um serviço público depende da sua titularidade. Por exemplo, a energia elétrica 
é de titularidade federal, e a regulação é da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). Por sua vez, a 
iluminação pública é de titularidade municipal, e a sua concessão e eventual regulação cabem ao município. 
Há serviços, como os de saúde, que dependem muito mais da cooperação entre os vários entes.
A regulação de um serviço municipal pode ser delegada a um ente regulador de outro nível federativo. 
É comum a delegação da regulação dos serviços de saneamento a agências reguladoras estaduais, por 
exemplo. Da mesma forma, algumas agências federais delegam a fiscalização de alguns serviços a agências 
estaduais. Há, também, a possibilidade de cooperação entre agências estaduais transferindo atividades a 
reguladores municipais.
Nesse caso, o consórcio funciona como agência independente, a qual reúne as competências para recepção 
da delegação da função de regulação de serviços públicos,com a devida independência e as características 
necessárias à atuação na área regulatória. 
Em geral, os recursos desse tipo de consórcio provêm de algumas fontes de recursos ligadas aos próprios 
serviços públicos regulados e não dos poderes concedentes que delegam a regulação. É possível, também, 
nesse tipo de consórcio, a obtenção de receitas através da recepção da delegação de agências nacionais 
para atividades de fiscalização mediante repasse de recursos.
É preciso notar que os consórcios reguladores podem contribuir decisivamente para o desenvolvimento das 
capacidades institucionais dos municípios, podendo, inclusive, contribuir para a formação e o fortalecimento 
do mercado de capitais relacionado à infraestrutura subnacional. 
A cooperação entre municípios para a regulação conjunta de serviços públicos já é uma realidade no Brasil. 
Já existem muitos consórcios intermunicipais que assumem a regulação de serviços municipais.
Unidade 2 : Formatos bem-sucedidos de regulação 
intermunicipal
Objetivo de aprendizagem
Ao final desta unidade, você será capaz de reconhecer o desenho do consórcio regulador e o seu potencial na 
regulação de serviços subnacionais e como é a experiência brasileira com consórcios reguladores na forma de 
agências reguladoras intermunicipais e como se dá o fortalecimento das agências reguladoras subnacionais.
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Saiba mais:
Hoje, no Brasil, operam diversas agências reguladoras intermunicipais. É o caso, por 
exemplo, da Agência Reguladora dos Serviços de Saneamento das Bacias dos rios 
Piracicaba, Capivari e Jundiaí (ARES-PCJ), no interior de São Paulo, e da Agência 
Reguladora Intermunicipal de Saneamento (ARIS) e da Agência Intermunicipal de 
Regulação do Médio Vale do Itajaí (AGIR), em Santa Catarina. 
Saiba mais visitando o site dessas agências intermunicipais:
AGIR: https://www.agir.sc.gov.br/
ARES-PCJ: http://www.arespcj.com.br/ 
ARIS: https://www.aris.sc.gov.br/
A estrutura de funcionamento de um consórcio 
regulador pode, basicamente, dividida em três 
etapas. A primeira delas trata da forma de 
financiamento do consórcio público. A segunda 
etapa tem relação com a estrutura de governança. 
A terceira e última etapa trata da produção final do 
consórcio, isto é, qual o tipo de serviço prestado. 
Com relação à etapa de financiamento (ou do 
inglês, funding), além do contrato de rateio, válido 
para todos os tipos de consórcios, a estrutura 
básica de funcionamento se dá pela captação de 
taxa de regulação e/ou fiscalização, a qual é paga, 
geralmente, a um concessionário operador do 
serviço público regulado e que, posteriormente, 
tem um percentual de pagamento destinado ao 
consórcio regulador. 
Outra forma de se obter recursos para um 
consórcio regulador é através da obtenção 
de recursos não onerosos, via transferências 
voluntárias e doações, voltada para a assistência 
técnica e para o desenvolvimento institucional 
do próprio consórcio.
A segunda etapa, de governança, tem relação com 
a questão de delegação de atribuições feitas a um 
consórcio público. Nesse caso, questões concernentes 
à delegação regulatória são feitas de comum acordo 
no protocolo de intenções e, após ser ratificado 
pelas leis municipais de cada município, dão vida às 
atividades de regulação circunscritas no acordo. 
Por fim, a etapa de produção final tem relação aos 
tipos de serviços prestados. No caso, dois possíveis 
produtos são possíveis. O primeiro deles trata da 
regulação técnica das atividades reguladas, como, 
por exemplo, aprimoramento de equipamentos, 
acompanhamento de indicadores de performance, 
atividades fiscalizatórias, entre outros. Por sua vez, 
no caso da regulação econômica, cabe ao consórcio 
regulador monitorar e acompanhar o mercado, 
de forma a avaliar oportunidades de redução 
de entraves institucionais à promoção de mais 
concorrência, bem como subsidiar o processo de 
formulação de políticas públicas. Um dos exemplos 
mais conhecidos é o processo de revisão/reajuste 
tarifário, nos quais o regulador define o preço das 
tarifas a serem cobradas dos consumidores pelas 
concessionárias do serviço público.
https://www.agir.sc.gov.br/
http://www.arespcj.com.br/
https://www.aris.sc.gov.br/
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2.3 Como fortalecer as agências reguladoras subnacionais?
A regulação dos serviços públicos é um elemento fundamental do ambiente institucional de um município. 
Um município que possui boa regulação e respeita seus contratos vai atrair mais investimentos privados 
em sua infraestrutura e poderá contar com capitais nacionais e internacionais para seu desenvolvimento 
econômico e social. A população ganha muito com isso.
Por isso, criar um consórcio regulador é uma forma de o município tomar a frente de sua própria regulação, 
mas contando com o compartilhamento de recursos com outros municípios para obter o melhor resultado 
nessa função. 
Um ponto a ser notado é que o consórcio regulador não pode operar os serviços que ele mesmo regula. 
Há um conflito entre a regulação e a prestação dos serviços. Por isso, o consórcio intermunicipal voltado à 
regulação dos serviços públicos não deve concentrar outras finalidades que estejam conflitadas com a sua 
prática regulatória.
Para compreender melhor os temas que foram tratados nesta unidade, veja a vídeoaula a seguir.
Que bom que você chegou até aqui! Agora, chegou a hora de você testar seus conhecimentos. Então, 
acesse o Exercício Avaliativo 4 que está disponível no ambiente virtual. Boa sorte! 
Videoaula: Regulação e ambiente institucional em visão intermunicipal
Esquema genérico para consórcio regulador.
Fonte: PNUD e ME (2020).
GOVERNANÇA
CONSÓRCIO REGULADOR (AGÊNCIA)
MUNICÍPIO 1 MUNICÍPIO 2 MUNICÍPIO 3
REGULAÇÃO TÉCNICA
PRODUTOFUNDING
OPERADOR DE 
SERVIÇO PÚBLICO 
CONCESSIONADO
ASSISTÊNCIA TÉCNICA 
E DESENVOLVIMENTO 
INSTITUCIONAL
TAXA DE REGULAÇÃO E 
FISCALIZAÇÃO
Agência 
Intermunicipal
DELEGAÇÃO 
REGULATÓRIA
REGULAÇÃO ECONÔMICA
TRANSFERÊNCIAS 
VOLUNTÁRIAS E DOAÇÕES
Usuário
1
Usuário
2
Usuário
3
Usuário
4
https://cdn.evg.gov.br/cursos/678_EVG/video/m01_un01_va04/index.html
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Referências
PNUD & ME. Arranjos Cooperativos Intergovernamentais. In: Programa de Desenvolvimento 
das Nações Unidas e Ministério da Economia.
	Unidade 1: O que é regulação subnacional de serviços públicos
	1.1 O que é relevante no ambiente institucional dos municípios
	1.2 Elementos básicos de regulação de serviços públicos
	1.3 Aspectos setoriais da regulação dos serviços públicos
	Referências
	Unidade 2 : Formatos bem-sucedidos de regulação intermunicipal
	2.1 O desenho do consórcio regulador e o seu potencial na regulação de serviços subnacionais
	2.2 Como é a experiência brasileira com consórcios reguladores na forma de agências reguladoras intermunicipais?
	2.3 Como fortalecer as agências reguladoras subnacionais?
	Referências

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