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Comunidade que Sustena a Agricultura, assentamento Rodeio, Presidente Bernardes

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ISSN: 2358-6923 
 
 
111 
 
A PRODUÇÃO E A COMERCIALIZAÇÃO AGROECOLÓGICA COMO 
FERRAMENTAS PARA MATERIALIZAÇÃO DA CONCEPÇÃO DE REFORMA 
AGRÁRIA POPULAR: A EXPERIÊNCIA DA CSA ASSENTAMENTO RODEIO 
 
Fernanda Aparecida Matheus 
Doutoranda em Geografia, FCT/UNESP. Bolsista CAPES. Eng. Agrônoma, UFRRJ. 
Especialista em Estudos Latino-americanos, UFJF/ENFF. Mestre em Desenvolvimento 
Territorial na América Latina e Caribe, IPPRI-UNESP/ENFF. 
 
Marisa de Fátima da Luz 
Agricultora assentada. Pedagoga, UERGS. Especialista em Educação do Campo e 
realidade brasileira, UFPR. Especialista em Educação do Campo e Agroecologia, 
USP. 
 
Resumo: A concepção de Reforma Agrária Popular é uma construção teórica e 
política, pautada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST, parte 
da análise da imprescindibilidade da reforma agrária no país e da constatação da 
impossibilidade, na atualidade, da sua realização nos moldes clássicos, em virtude da 
desfavorável correlação de forças política na sociedade. Este artigo se propõe a 
discutir a experiência da “Comunidade que Sustenta a Agricultura” (CSA) do 
assentamento Rodeio, município de Presidente Bernardes, no contexto do debate da 
Reforma Agrária Popular e das iniciativas de comercialização que se inserem no 
conceito da agroecologia e de circuitos curtos de comercialização. Foi desenvolvido a 
partir de revisão bibliográfica e trabalho de campo, com entrevista coletiva 
semiestruturada. 
 
Palavras-chave: Circuitos curtos de comercialização. CSA. Agroecologia. Reforma 
Agrária. 
 
Introdução 
 
A concepção de Reforma Agrária Popular é uma construção teórica e 
política elaborada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, expressa no 
programa agrário aprovado no VI Congresso Nacional, realizado em fevereiro de 2014. 
Propõe um programa de reforma agrária pautado na disputa pela terra, pelos meios de 
produção, pelo território, pela tecnologia e pelos bens da natureza, como forma de 
enfrentamento ao modelo do capital para a agricultura. 
 
Os enfrentamentos com o capital, e seu modelo de agricultura, 
partem das disputas das terras e do território. Mas, se ampliam para 
as disputas sobre o controle das sementes, da agroindústria, da 
tecnologia, dos bens da natureza, da biodiversidade, das águas e das 
 
 ISSN: 2358-6923 
 
 
112 
 
florestas (MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM 
TERRA, 2014, p.32). 
 
O programa de Reforma Agrária Popular, propõe transformações 
estruturais na sociedade, a democratização da terra e dos meios de produção e o 
enfrentamento ao projeto hegemônico do capital para a agricultura (CALDART, 2016; 
FRIGOTTO, 2016). Trata-se de uma proposição que se insere no contexto do debate 
proposto por Raffestin (1993) da disputa pelo território e dos bens da natureza, 
incluindo os alimentos, como elemento da disputa de poder. 
Efetivamente, a concepção de Reforma Agrária Popular representa o 
esforço em discutir e propor as bases para a construção de um projeto societário, 
fundamentado pelas necessidades classe trabalhadora, no tocante à apropriação, 
gestão e uso da terra, do território e dos bens da natureza. Logo coloca a necessidade 
de construir metodologias e ferramentas que ampliem o diálogo com a sociedade, 
visando à articulação de lutas e ações conjuntas (THOMAZ JÚNIOR, 2008; CALDART, 
2016; CALDART, 2019; FRIGOTTO, 2016). 
A fundamentação teórica e prática que tem sido construída para 
sustentação da Reforma Agrária Popular, prima pela defesa do alimento como direito 
humano não submetido à lógica do lucro. Nesta perspectiva a agroecologia tem sido 
afirmada como princípio orientador da matriz produtiva e tecnológica. Como forma de 
enfrentar os impérios agroalimentares (VAN DER PLOEG, 2008) e produzir alimentos 
e outras matérias-primas essenciais para a satisfação das necessidades humanas 
fundamentais (MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA, 2014; 
CALDART, 2016; CALDART, 2019; MARTINS, 2018). Com base no aproveitamento 
do potencial da natureza, em produzir energia através da fotossíntese (MACHADO; 
MACHADO FILHO, 2014). 
Para Caldart (2016) e Frigotto (2016) a tarefa de implementar a 
agroecologia não pode se restringir aos trabalhadores do campo. Para os autores, é 
preciso que os trabalhadores urbanos, assumam a agroecologia como parte do projeto 
de emancipação da classe. Até porque, os trabalhadores urbanos sofrem de forma 
direta as consequências do processo de mercantilização dos alimentos. São estes e 
estas trabalhadores (as) que nas cidades consomem alimentos de má qualidade, 
contaminados por agrotóxicos e adquiridos a preços elevados. 
Os autores Machado e Machado Filho (2014), Primavesi (2016) e Bezerra 
et al. (2018), nos permitem interpretar a agroecologia como um conjunto de princípios 
e práticas que se vinculam ao bem-estar da humanidade, de forma que transcende a 
questão da alimentação. Pois, contribuem com aspectos da recuperação de áreas 
 
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degradadas e da conservação dos solos, das águas e da biodiversidade e permite a 
recomposição da vegetação nativa. 
Associado ao debate mais amplo de projeto societário, o programa de 
Reforma Agrária Popular, reafirma a necessidade de criar as condições para a 
garantia da qualidade de vida das famílias assentadas. Isso tanto em termos de 
acesso a serviços essenciais, como saúde, educação, cultura e lazer, quanto no 
aspecto da infraestrutura produtiva e geração de renda (MOVIMENTO DOS 
TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA, 2014). 
No contexto da geração de renda, o apontamento se dá no sentido de 
fortalecer as formas associativas, cooperativas e comunitárias na produção, na 
agroindustrialização e na comercialização. 
 
Organizar a produção e comercialização com base em todas as 
formas de cooperação agrícola, como mutirões, formas tradicionais 
de organização comunitária, associações, cooperativas, empresas 
públicas e empresas sociais (MOVIMENTO DOS TRABALHADORES 
RURAIS SEM TERRA 2014, p.42). 
 
As análises de Borges e Nunes (2017); Souza, Michelotti e Ferreira (2017); 
Chã et al. (2017) destacam a pertinência do papel que o desenvolvimento de formas 
de comercialização que privilegiam o contato direto entre o produtor e o consumidor 
cumprem na dinâmica de disputa pelo território travada entre os movimentos 
socioterritoriais e o agronegócio (FERNANDES, 2000). 
De acordo com Borges e Nunes (2017) as iniciativas de comercialização 
da produção agroecológica dos assentamentos de forma direta, com o contato entre 
produtor e consumidor, eliminam a especulação exercida pelos atravessadores na 
revenda dos alimentos. Proporciona ao consumidor, acesso a alimentos de boa 
qualidade a preço acessível, valoriza a produção e o trabalho dos produtores e 
contribui para a elevação da autoestima dos camponeses. Se constituem, assim, em 
ferramentas de combate ao modelo do capital e de disputa pela terra, controle das 
sementes, tecnologia, biodiversidade e bens da natureza. Ou em outras palavras, 
consiste em instrumental que contribui para a materialização da concepção de 
Reforma Agrária Popular. 
Para Bezerra et al. (2018); Franquez et al. (2018), as experiências de 
comercialização de produtos agroecológicos, oriundos de assentamentos, no estado 
de São Paulo demonstram um significativo esforço das famílias assentadas em 
produzir e disponibilizar para autoconsumo e para a sociedade, alimentos saudáveis e 
a preços acessíveis. 
 
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Dentre as experiências de comercialização baseadas no princípio de 
contato direto entre produtores e consumidores no estado de São Paulo, encontra-se o 
sistema de economia associativa CSA (Comunidade que sustenta a agricultura). Que 
integra a definição de circuitos curtos de comercialização, sendo caracterizado pela 
organização de consumidores com a finalidade de apoiar agricultoresde base 
ecológica e contribui para a produção de alimentos sem agrotóxicos, a valorização do 
trabalho camponês e a conservação do meio ambiente, onde as responsabilidades, 
riscos e benefícios da produção são compartilhados por produtores e consumidores 
“coprodutores” (FERREIRA NETO et al., 2018) (DAROLT; LAMINE; BRANDEMBURG, 
2013). 
Uma das iniciativas de CSA em áreas de assentamentos está sendo 
desenvolvida pelas famílias do assentamento Rodeio, localizado no município de 
Presidente Bernardes, região do Pontal do Paranapanema. Experiência foco da 
discussão proposta por este trabalho, procurando refletir sobre a produção e a 
comercialização da produção agroecológica como instrumento para o fortalecimento 
das lutas pela terra e da materialização da concepção de Reforma Agrária Popular. 
A metodologia utilizada para a construção deste artigo baseou-se em 
revisão bibliográfica, observação participante e realização de entrevista coletiva 
semiestruturada. Tal opção se fundamenta na tentativa das autoras em debater o 
assunto a partir do discurso coletivo das famílias assentadas participantes da CSA. A 
realização da entrevista se deu a partir de uma reunião, articulada especificamente 
para este fim, em que os membros assentados (as) da CSA: Claudecir A. da Silva, 
Lúcia H. S. Xavier, José Aparecido G. Maia e Marisa F. da Luz foram solicitados a 
relatar a trajetória de lutas que deu origem esta comunidade, o processo de discussão 
e organização da produção agroecológica e a comercialização na modalidade CSA, no 
assentamento Rodeio. Também, fez se a opção, em comum acordo com os membros 
assentados(as) da CSA, pela elaboração conjunta do texto com uma das assentadas 
que participa diretamente da construção da experiência. 
Assim, identificamos na experiência de produção e comercialização 
através do CSA, no assentamento Rodeio, espaços de produção e autoconsumo de 
uma diversidade de alimentos saudáveis, demonstrando uma condição de retomada 
de novas relações socioambientais, de sociabilidade e de viabilidade econômica e 
assim contribuindo para o processo de materialização da reforma agrária popular. 
Cenário da luta pela terra na região do Pontal do Paranapanema: a conquista do 
assentamento rodeio em Presidente Bernardes/SP 
 
 
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A construção desta sessão é resultado do relato da entrevista 
semiestruturada coletiva51, em diálogo com autores que debatem a questão agrária na 
região. Buscando enfatizar os aspectos históricos sobre o quadro da luta pela terra no 
Pontal do Paranapanema e o processo de consolidação do Assentamento Rodeio no 
município de Presidente Bernardes. 
O assentamento Rodeio, localizado no município de Presidente Bernardes, 
criado pelo governo do estado de São Paulo em 1997, com 65 famílias, ocupa área de 
1.861,39 hectares. Na década de 1990 outros sete assentamentos foram instalados no 
município: Água Limpa I, Estância Palú, Santa Eudóxia, Santo Antonio, Quatro Irmãs, 
Água Limpa II e Florestan Fernandes. 
Segundo Miralha (2006) a implantação dos assentamentos provocou 
expressivas modificações na paisagem do município. A movimentação de pessoas e a 
diversidade de plantações e criações, quebrou a monotonia da paisagem conformada 
pelo latifúndio. 
O município atualmente com população de 13.570 pessoas (BRASIL, 
[2019]), de acordo com dados do censo demográfico de 2000 apresentou dados 
demonstrando ligeiro crescimento populacional Miralha (2006). Segundo o autor, a 
implantação dos assentamentos no município impactou a dinâmica populacional, 
dinamizou a economia local pelo aumento do número de consumidores no comércio e 
pela colocação em circulação de recursos, provenientes das linhas de créditos e 
destinadas a construção de habitações e infraestrutura produtiva. 
As famílias assentadas na fazenda Rodeio, participaram da ocupação que 
deu origem ao acampamento Taquaruçu, em outubro de 1995, no município de 
Sandovalina. Destas, foram selecionadas 65 famílias, que se deslocaram e montaram 
acampamento na fazenda Rodeio, em 10 de março de 1997. 
Já em 20 de setembro de 1997, inicia-se o parcelamento da área e a ida 
das famílias para os lotes. Lotes com tamanho total entre 17 e 20 hectares, sendo que 
as famílias podiam optar por residir em uma parcela do lote localizada na Agrovila ou 
não. Neste sentido foram apresentadas duas propostas de tamanho de lotes na 
agrovila – de 800 m2 e 10.000m2. A maioria das famílias optaram por lotes com 
tamanho de 10.000m2 (1 hectare). 
Porém as distâncias dos lotes de moradia do lote de plantio, associado a 
falta de infraestrutura nos lotes da agrovila, como falta de energia elétrica, fizeram com 
 
51 Entrevista realizada com 4 membros assentados(as) da CSA Rodeio, reunidos(as) em 05 de 
outubro de 2019, no assentamento Rodeio. Reunião articulada especificamente para este fim, 
com duração de 4 horas. 
 
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que muitas famílias desistissem da agrovila e se mudassem definitivamente para o lote 
de cultivo. 
A criação do assentamento Rodeio é resultado da intensificação dos 
processos de lutas pela terra no Pontal do Paranapanema na década de 1990. 
Compõe o quadro de conflitos e disputas territoriais em torno das terras devolutas na 
região. 
Para Leite (1981) o processo de ocupação do território da região do Pontal 
do Paranapanema tem como ponto central a ocupação ilegal e irregular de terras 
devolutas, com a legitimação da posse e da propriedade de grandes extensões, 
mediante processo de grilagem. Um modelo fundado na exploração e expulsão das 
populações pobres dos seus territórios, excluindo-as da posse da terra resulta na 
conformação do latifúndio (FELICIANO, 2007). 
Diante desse contexto histórico, a partir da década de 1990, começa a 
ocorrer uma ofensiva da luta pela terra na região. Neste período, o MST intensifica 
suas ações no Pontal do Paranapanema. Através de massivas ocupações, os 
trabalhadores sem terras, disputam grandes extensões de terras e exigem do governo 
estadual a regularização das terras públicas devolutas. 
A década de 1990 é marcada pelos conflitos entre trabalhadores sem 
terras e grileiros, decorrência da organização de grandes acampamentos, como é o 
caso do acampamento Taquaruçu, de onde se originou o grupo que ocupou a fazenda 
Rodeio, que chegou a ter em torno de 600 famílias, que aos poucos foram sendo 
distribuídas em outras ocupações e conquistando assentamentos. 
A espacialização e territorialização do MST na região, questiona a 
estrutura fundiária e a grilagem de terras e produz intensos conflitos e disputas 
territoriais. Ao ponto do Pontal se tornar um dos principais focos de disputas entre o 
MST e latifundiários, no Brasil. E ser palco da criação da União Democrática Ruralista 
- UDR, marcando o auge da contraofensiva do latifúndio ao processo de luta pela terra 
e reforma agrária (SOBREIRO FILHO, 2012). 
A intensificação das lutas pela terra no Pontal, segue a dinâmica das lutas 
nacionais. Como podemos observar no gráfico a seguir, a década de 1990 se 
configura como o período de auge das ocupações de terras, no Pontal e no país. 
 
 
 
 
 
 
 
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Figura 1: Gráfico comparativo entre o número de ocupações no Brasil no Pontal, 
período de 1988-2013 
 
Fonte: Boletim Dataluta 2012 (2013). Organização: MATHEUS, F. A.; LUZ, M. F. (2019). 
 
O gráfico a seguir, figura 3, destaca os anos em que houve maior número 
de assentamentos criados no país. Se comparado com o gráfico anterior, conclui-se 
que em certa medida há coincidência entre o período de intensificação das ocupações 
de terras e o período em que o maior número de assentamentos são criados. 
 
Figura 3: Número de assentamentos criados no Brasil, 1988-2013 
 
Fonte: Boletim Dataluta 2012 (2013). Organização:MATHEUS, F. A.; LUZ, M. F. (2019). 
 
Uma das interpretações possíveis do que demonstra os dois gráficos 
analisados anteriormente, é que há uma relação de mão dupla entre a intensificação 
do número de ocupações e a criação de assentamentos. De tal modo que o maior 
número de ocupações força a ação do Estado, criando assentamentos. E por sua vez 
a criação de novos assentamentos incentiva a organização de novos acampamentos. 
Este aspecto é relevante para a discussão da Reforma Agrária Popular, 
pois coloca o desafio de construir assentamentos viáveis social, ambiental e 
 
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economicamente, que favorecem o surgimento de novos acampamentos, que vão 
contribuir para pressionar o Estado a criar novos assentamentos. Aí reside a 
contribuição da agroecologia e da comercialização que privilegia o contato direto entre 
produtor e consumidor, os denominados circuitos curtos de comercialização. 
 
Agroecologia e circuitos curtos de comercialização e o processo de construção 
da CSA Assentamento Rodeio 
 
A constituição da CSA em que participam 3 famílias do assentamento 
Rodeio, segundo depoimentos dos(as) agricultores(as) membros52, é resultado da 
confluência de vários fatores. Os quais serão descritos ao longo do tópico que segue. 
Para os(as) entrevistados(as) o surgimento da CSA deve ser analisado no 
contexto das lutas pela terra no Pontal, do histórico da cooperação agrícola e das 
práticas agroecológicas desenvolvidas pelo MST. 
A discussão sobre a organização social e produtiva das famílias no 
assentamento, remete ao processo de organização das famílias no acampamento. A 
afirmação é que o grupo de discussão do acampamento se transformou no 
organizador da produção no assentamento. 
Em 1997 as famílias recebem, através da Cocamp (Cooperativa de 
Comercialização e Prestação de Serviços dos Assentados do Pontal), a doação de um 
trator equipado com implementos agrícolas. Para administração do trabalho realizado 
pelo trator, se constitui um coletivo, que será transformado em 2000 na Associação 
APAR (Associação de Produtores Assentados da Rodeio). Atuante até os dias atuais. 
De acordo com a entrevista a produção agrícola e pecuária é desenvolvida 
individualmente nos lotes familiares. E a APAR atua na perspectiva de incentivar a 
cooperação, através da prestação de serviços e comercialização. Surgiu como um 
núcleo da Cocamp, que pretendia atuar também na comercialização e industrialização. 
Na última década, a associação atuou operacionalizando projetos do Programa de 
Aquisição de Alimentos (PAA) e do Programa Nacional de Alimentação Escolar 
(PNAE). Atualmente tem trabalhado na implantação de um projeto de 
agroindustrialização – unidade de beneficiamento de alimentos minimamente 
processados. 
 
52 Entrevista realizada com 4 membros assentados(as) da CSA Rodeio, reunidos(as) em 05 de 
outubro de 2019, no assentamento Rodeio. Reunião articulada especificamente para este fim, 
com duração de 4 horas. 
 
 
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Em 2009 a APAR dá início ao 1º projeto do PAA, com participação de 8 
famílias. Em 2014 amplia a atuação no programa, atendendo 70 famílias do 
assentamento Rodeio e assentamentos vizinhos. Para os(as) entrevistados(as) o PAA 
fez surgir a olericultura como alternativa ou complemento de renda à produção leiteira, 
no assentamento Rodeio. 
O leite foi a linha de produção que se estabeleceu nos assentamentos na 
região do Pontal, devido às condições de solos e de clima. Entretanto a cooperativa 
regional - Cocamp, não conseguiu viabilizar o projeto de laticínio, como proposto. Com 
o tempo as famílias começaram a sentir dificuldades em se viabilizarem 
economicamente com a produção de leite. Os custos permanecem constantes, porém 
com tendência decrescente das receitas. Com o PAA a olericultura representava uma 
renda segura e não exige grandes investimentos. 
Nos últimos 2 anos, principalmente, as modificações sofridas pelo 
programa PAA, as dificuldades em estabelecer relações com as prefeituras para 
operacionalização do PNAE e os cortes de recursos para o apoio à comercialização 
institucional provocaram a necessidades das famílias assentadas a procurar outras 
formas de comercialização. Fazendo crescer o debate e a construção de experiências 
baseadas nos princípios dos circuitos curtos de comercialização, dentre os quais se 
destaca a CSA. 
Com relação a CSA, apesar da participação de apenas três famílias na 
experiência no momento atual. Segundo a compreensão dos(as) entrevistados(as), tal 
iniciativa compõe o quadro de ações da APAR, que está empenhada em difundir o 
debate da agroecologia e em buscar alternativas de comercialização para o conjunto 
das famílias do assentamento Rodeio. 
As primeiras conversações sobre a possibilidade da produção orgânica no 
assentamento, surgiram de contatos da APAR com instituições de assistência técnica 
e extensão rural da região - Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI) e 
Fundação Instituto de Terras do estado de São Paulo (ITESP). 
A origem da CSA está inserida neste contexto de discussão da produção 
orgânica e agroecológica no assentamento. Assim, as famílias que já vinham 
discutindo sobre a produção orgânica e agroecológica, tiveram contato com um 
produtor orgânico, que tem uma loja em Presidente Prudente para comercializar sua 
produção própria, mas também adquire a produção de terceiros. 
O interesse da loja de produtos orgânicos, em adquirir a produção das 
famílias assentadas, encontrou dificuldades no fato das famílias não terem produção 
em escala e com certificação orgânica. Como forma de fortalecer a produção das 
 
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famílias, a solução encontrada foi entrar em contato com a CSA Brasil, para 
desenvolver uma experiência de comercialização sem a necessidade da certificação 
orgânica por empresas certificadoras. 
Segundo relato da entrevista, 40 famílias participaram do início das 
discussões sobre a produção orgânica. Conforme o debate foi se aprofundando, o 
número de famílias participantes decaiu. A princípio 7 famílias assumiram o 
compromisso da produção orgânica, porém após as visitas aos lotes e o 
estabelecimento dos procedimentos necessários para a produção, apenas 4 famílias 
aceitaram a proposta de construção de CSA. Atualmente, apenas três continuam 
construindo a experiência. 
Para a criação da CSA foram realizadas reuniões entre as famílias 
assentadas, representantes da CSA Brasil e pessoas da comunidade urbana de 
Presidente Prudente interessadas em participar da experiência. Outra ação realizada 
foram as visitas, por membros da CSA Brasil e interessados em se tornarem 
coprodutores(as) aos lotes das famílias assentadas interessadas. 
Na concepção da CSA, coprodutores(as) é a denominação dada aos 
consumidores (FERREIRA NETO et al., 2018), (DAROLT; LAMINE; BRANDEMBURG, 
2013), que se reivindicam não apenas como consumidores, mas como 
corresponsáveis pelo processo de produção. No início do processo foram 23 pessoas 
interessadas em participar na condição de co-produtores. Número que se ampliou e 
oscilou entre 36 e 56 nos três primeiros meses. Com o amadurecimento das 
conversas, várias pessoas desistiram do processo e outras se integraram. Atualmente 
o número de coprodutores(as) oscila entre 40-45 pessoas/semana. 
Segundo os(as) entrevistados(as), nem todas as pessoas que aderem 
inicialmente a proposta conseguem entender os aspectos relevantes para o sucesso 
da iniciativa. Como a compreensão da sazonalidade da produção agrícola e a 
impossibilidade de produzir determinados produtos em função das condições de solo e 
clima. 
A experiência da CSA Presidente Prudente completou 1 ano em setembro 
de 2019. Dentre os coprodutores participantes são médicos, psicólogos, nutricionistas,pequenos empresários. Além do público que compõe o quadro de coprodutores ser 
diversificado no que se refere às distintas profissões, também há diversidade quanto 
ao aspecto dos posicionamentos político partidário. O que segundo, os(as) 
entrevistados(as) não representa um limite a proposta, pelo contrário representa um 
potencial para dialogar com diferentes setores da sociedade sobre a questão da 
reforma agrária e das terras devolutas no Pontal. 
 
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Num primeiro momento havia receio de pautar o tema da reforma 
agrária, mas hoje já se tem momentos de conversas, ainda pontuais e 
espontâneos sobre reforma agrária e terras devolutas. A relação 
campo-cidade pauta a questão da produção de alimentos saudáveis, 
abre espaço para acreditar que é possível apresentar a luta pela 
reforma agrária e a produção de alimentos. É visível a preocupação 
da sociedade com as atuais liberações de agrotóxicos 
(ENTREVISTA). 
 
O funcionamento prático da CSA se dá da seguinte forma. Cada 
coprodutores contribui com uma cota mensal no valor de R$ 150,00 - parte deste valor 
R$ 5,00 fica para compor um fundo, o restante é rateado entre as famílias produtoras. 
Assim, cada família de agricultores(as) participante recebe mensalmente, em torno de 
R$ 1.600,00 a R$ 2.000,00. 
 As entregas são realizadas semanalmente, em cada entrega há o 
compromisso dos agricultores de levar 2 tipos de folhosas, 4 legumes – incluindo 
tubérculos, 1 tipo de tempero, 1 tipo de fruta e 1 proteína animal (preferencialmente 
ovos). 
Atualmente são entregues em torno de 15 tipos diferentes de alimentos 
semanalmente, com estimativa de entrega de aproximadamente 300 quilos em cada. 
Inicialmente havia um controle da produção entregue, este procedimento foi 
abandonado. Mas por considerá-lo um instrumento importante para avaliação do 
processo, se considera a possibilidade de retomá-lo. 
A partir da entrevista, pode-se verificar uma expressiva diversidade de 
alimentos produzidos e entregues. Os coprodutores se beneficiam da produção de 
mais de 20 tipos de alimentos diferentes. É importante frisar que a disponibilidade dos 
alimentos depende de aspectos relacionados à sazonalidade. Logo há uma 
diferenciação nas espécies vegetais disponíveis ao longo do ano. 
 
Quadro 1: Relação de alimentos produzidos e entregues pelos agricultores da CSA 
Rodeio 
Olerícolas - 
frutos 
Olerícolas - 
folhosas e flores 
Frutas Raízes e 
tubérculos 
Temperos 
abóbora alface mamão mandioca cebolinha 
abobrinha almeirão banana cenoura salsinha 
tomate cereja couve limão rabanete coentro 
berinjela couve flor manga batata doce hortelã 
maxixe brócolis abacate beterraba 
 
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pimentão rúcula jabuticaba 
 amora 
 acerola 
Fonte: Entrevista com agricultores. Organização: MATHEUS, F. A.; LUZ, M. F. 
 
Para os(as) agricultores(as) que participam da experiência, a CSA é uma 
possibilidade de apresentar a produção de alimentos saudáveis para os coprodutores, 
que passam a conhecer o modo de produção de alimentos e o modo de vida no 
assentamento. Se estabelece, assim um compromisso entre quem está produzindo e 
quem está consumindo. “As visitas dos coprodutores e seus familiares, aos lotes de 
produção é uma experiência importante para que conheçam o assentamento. É uma 
possibilidade de construir processos de intercâmbio e desenvolver outras atividades” 
(ENTREVISTA). 
A entrada de novos membros agricultores(as) na CSA está condicionada 
ao compromisso de construir um processo de produção com bases na agroecologia. 
De acordo com os(as) entrevistados(as) representa uma espécie de “prêmio” para 
quem acredita na produção agroecológica. 
 
Os desafios para a materialização da reforma agrária popular e a CSA 
Assentamento Rodeio 
 
A entrevista realizada com os(as) assentados(as)53 que estão construindo 
a experiência da CSA Rodeio, aponta alguns elementos para pensar os desafios para 
a materialização da reforma agrária popular, de modo especial, nos aspectos 
referentes à organização da produção nos assentamentos, a geração de renda para 
as famílias assentadas e a relação com a sociedade. 
A realidade muitas vezes dificulta a opção pela agroecologia, nem sempre 
existe tecnologias e insumos disponíveis. Os assentamentos são instalados em áreas 
degradas e em se tratando da região do Pontal, os solos são arenosos e de baixa 
fertilidade e as altas temperaturas é outro fator que converge como fator limitante para 
a produção agrícola. Entretanto, há que se ressaltar que no assentamento Rodeio, as 
famílias já evitavam o uso de agrotóxicos, desde o período em que a Associação 
organizava as entregas para os programas de comercialização institucional. E “cada 
 
53 Entrevista realizada com 4 membros assentados(as) da CSA Rodeio, reunidos(as) em 05 de 
outubro de 2019, no assentamento Rodeio. Reunião articulada especificamente para este fim, 
com duração de 4 horas. 
 
 
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vez mais as pessoas estão percebendo as possibilidades de fazer diferente, se 
percebe uma mudança de conceito” (ENTREVISTA). Assim, o desafio é conciliar a 
realidade, os aspectos da paisagem com o compromisso político e a vontade em 
produzir agroecologicamente. 
A CSA, a exemplo da produção agroecológica, de modo geral, envolve 
toda família. Há uma série de tarefas exigem mais de uma pessoa para sua execução. 
No caso da CSA, além do volume de trabalho na produção, há muito trabalho também 
na organização das entregas, que envolvem a colheita, a limpeza e o 
acondicionamento dos alimentos. 
A compreensão do conjunto da família é importante, as expectativas da 
família em relação ao retorno econômico e a participação familiar na organização do 
trabalho condicionam a opção pela agroecologia. As famílias que têm resistência a 
produção agroecológica, são influenciadas pela ideologia dominante, suas 
necessidades são pautadas pela expectativa de um padrão de vida capitalista. 
Não há incentivos estatais, falta políticas públicas de apoio. Por exemplo, o 
Estado poderia realizar a certificação da produção orgânica e/ou agroecológica e não 
deixar este procedimento tão relevante para a comercialização da produção nas mãos 
das empresas certificadoras. Os grupos de produção agroecológica mantidos na base 
da confiança mútua, são importantes, um sabe e avaliza que os outros membros do 
grupo não usam agrotóxicos. Mas apresenta o limitante de condicionar a 
comercialização a determinados espaços, como feiras e entregas diretas, não permite 
a venda em lojas de produtos especializados. O que representa um empecilho para 
que outros(as) assentados se interessem pela produção agroecológica. 
As CSAs são alternativas de comercialização importantes, especialmente 
em regiões, como a que está localizado o assentamento Rodeio, distante de grandes 
centros consumidores. Porém a questão da escala de produção é um limite. 
Para os(as) assentados(as) a CSA contribui para o planejamento e oferece 
condições para a produção agroecológica, sendo uma proposta que prima pelo cultivo 
de espécies mais adaptadas à região, menos exigentes em insumos. E leva em 
consideração o aspecto da sazonalidade, incentivando o consumo de alimentos da 
época. 
 O diferencial da construção das experiências de CSA no contexto da 
reforma agrária, está na coletividade, pois não se adota a lógica de manutenção de um 
agricultor individualmente. Outro diferencial está relacionado ao tamanho da unidade 
da produção. De modo geral, as outras experiências de CSA são organizadas a partir 
 
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unidades de produção menores que os lotes destinados às famílias nos 
assentamentos. 
 
Considerações finais 
 
A Reforma Agrária Popular representa o esforço do MST de manter empauta o debate sobre a questão agrária e as lutas pela terra, em uma conjuntura 
desfavorável e com desigual correlação de forças entre a classe trabalhadora e o 
capital. 
Com exceção de um breve período na década de 1990, em que o Estado 
se sentiu pressionado, pelos processos de luta que ecoaram na sociedade, a realizar 
um processo de distribuição de terras, com a criação de assentamentos, as famílias de 
trabalhadores rurais sem terras se deparam com a inoperância e o descaso estatal. 
Em alguns casos, inclusive, o Estado se apresenta convivente com os processos de 
apropriação ilegal e irregular de terras públicas, mediante a prática da grilagem, como 
é o caso do Pontal do Paranapanema (SOBREIRO FILHO, 2012). 
Os princípios da reforma agrária popular pautada pela análise da 
necessidade de conquistar o apoio da sociedade com vistas a construção de um 
projeto societário baseado na democratização da propriedade da terra e dos meios de 
produção, coloca a reforma agrária como instrumento de luta pela transformação 
social. Ou seja, a luta pela reforma agrária se apresenta como um dos pontos centrais 
da luta de classes e como meio para as melhorias nas condições de vida, não 
somente para os trabalhadores rurais, mas do conjunto da classe trabalhadora. Tendo 
como bandeira de luta a produção e o acesso a alimentação saudável. 
A agroecologia como forma de garantir a produção de alimentos saudáveis 
e acessíveis aos trabalhadores urbanos, questiona o modelo produtivo que é base do 
agronegócio. Um modelo de produção baseado na degradação humana e ambiental. 
Com a adoção de práticas, como desmatamentos, uso intensivo de agrotóxicos, dentre 
outras que intoxicam os seres humanos e o ambiente. 
As diversas práticas de produção e comercialização de produtos 
agroecológicos, desenvolvidas nas áreas de assentamentos, com a participação de 
outros setores da sociedade, que privilegiam o contato direto entre produtores e 
consumidores e a corresponsabilização dos consumidores pelo processo de produção 
dos alimentos, como é o caso da CSA, ainda são pontuais e enfrentam uma série de 
limitações e desafios. Como demonstrado ao longo deste trabalho de análise da 
experiência da CSA do assentamento Rodeio. 
 
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Entretanto, tais iniciativas relacionadas a produção agroecológica e aos 
circuitos curtos de comercialização compõem o quadro de ações no contexto da 
proposição da Reforma Agrária Popular e materializam a concepção do programa 
político do MST. A ampliação destas iniciativas o debate com outros segmentos da 
sociedade e afirma a reforma agrária, não apenas como uma política corporativa, que 
atende aos interesses de um segmento social, mas uma política universal capaz de 
influenciar na qualidade de vida do conjunto da sociedade. 
A produção agroecológica e a corresponsabilização dos consumidores 
pelo processo de produção de alimentos saudáveis. Contribui do ponto de vista 
ambiental para a conservação e recuperação de solos, água e biodiversidade. Do 
ponto de vista econômico, para a geração de renda para as famílias assentadas e 
acesso da população urbana aos alimentos com preços mais acessíveis. E do ponto 
de vista político-social constrói outras formas de sociabilidade, a partir do contato 
direto entre trabalhadores rurais e urbanos. 
 
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