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DEPARTAMENTO DE ANTIBIÓTICOS - CCB UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO. ANÁLISES BACTERIOLÓGICAS DE ÁGUA Glícia Maria Torres Calazans Maria de Fátima Vieira de Queiroz Sousa José Otamar Falcão de Morais Recife 2010 Análises Bacteriológicas da Água – Calazans, Sousa e Falcão de Morais - ANO 2010 2 ANÁLISES BACTERIOLÓGICAS DE ÁGUA 1. INTRODUÇÃO. A finalidade de se analisar bacteriologicamente uma amostra de água é investigar a presença das chamadas bactérias do grupo coliforme. Estas bactérias embora, geralmente, não sejam causadoras de doenças, podem estar associadas com outras patogênicas sendo assim bom índice de segurança bacteriológica de uma água. As bactérias coliformes são encontradas, normalmente, nos intestinos do homem e demais mamíferas, sendo expelidas em grande quantidade, através de seus dejetos. Assim se uma amostra água, contiver bactérias do grupo coliforme, outros tipos de microrganismos - causadores de doença - poderão estar igualmente presentes. A escolha das bactérias do grupo coliforme como indicadores de contaminação, deve-se à: sua localização primordialmente intestinal; grande quantidade em que são encontradas; maior resistência fora de seu habitat natural, que os germes patogênicos; facilidade de seu isolamento (incluindo meios de cultura e técnicas de trabalho). Ao grupo coliforme pertencem os bacilos aeróbios ou anaeróbios facultativos, Gram negativos, não esporulantes, móveis ou imóveis que fermentam lactose produzindo ácidos e gases (geralmente ácidos láctico e acético, CO2 e H2), dentro de 48 horas, a 35 o C. Os coliformes compreendem principalmente Escherichia coli, Enterobacter aerogenes; em segundo plano, por serem menos freqüentes, vêm os chamados Intermediários: Citrobacter ( = Escherichia) freundii e suas variedades bioquímicas. 2. COLETA DA AMOSTRA Frasco de amostra Os recipientes para coleta de amostra podem ser sacos plásticos estéreis ou frascos de plástico autoclavável, com capacidade para coletar pelo menos 100 ml de água deixando ainda um espaço para o ar, tornando possível a homogeneização da amostra, frascos brancos transparentes de vidro, com tampa de rosca ou esmerilhadas, com capacidade de 250 ml, também podem ser usados. Os frascos devem estar devidamente limpos e esterilizados. Na preparação do frasco de amostra, é conveniente juntar tiossulfato de sódio para eliminar qualquer ação de cloro residual (se trata de uma água clorada) posterior à coleta da amostra. Para tal fim, junta-se 0,1 ml de uma solução a 10% de tiossulfato de sódio ( = hipossulfito de sódio), que neste teor não tem qualquer ação nociva aos germes porventura existente. No caso de tampas de rosca não apertar por demais as tampas, e em se tratando de frascos de tampa esmerilhada, usar na preparação do frasco, entre a tampa e o gargalo, uma tirinha de papel, para permitir a saída livre do ar e circulação do vapor saturado (na autoclave). Por medida de segurança, proteger ainda a tampa do frasco com um papel ou folha metálica. Autoclavar os recipentes a 120 o C durante 20 minutos. Análises Bacteriológicas da Água – Calazans, Sousa e Falcão de Morais - ANO 2010 3 3. TÉCNICA DE COLETA Todo o cuidado, na execução de uma técnica asséptica na coleta da amostra deve ser tomado. Durante a amostragem evita-se cuidadosamente tocar o interior ou a tampa do frasco; o papel deve ser afrouxado, devendo o operador segurar a tampa, para abri-lo, sem remover o papel, deixando, entretanto, cair por não mais necessária, a tirinha inserida no gargalo. Para colher amostras no sistema distribuidor de água, escolhe-se uma torneira e abrindo-a deixa-se a água fluir em jato forte durante 3-5 minutos; depois fecha-se e faz-se uma desinfecção enterna e internamente, com algodào embebido em solução de etanol diluída a 70% ou solução diluída de hipoclorito de sódio. Alguns autores recomendavam a flambagem da torneira com algodão embebido em álcool na atualidade esta prática tem sido substituída pela desinfecção química. Em seguida abrese-se novamente a torneira deixando fluir a água em forte jato por um a dois minutos, diminui-se a vazão de água e com a torneira aberta moderadamente colhe-se a amostra não esquecendo de deixar o espaço de ar para a sua homogeneização. Poços com bombas manuais são operados de maneira semelhante, bombeando-se por 5 minutos antes da tomada de amostra. Se o poço não tem bomba, faz-se descer o frasco esterilizado, ligado a um peso e com um dispositivo que permita abri-lo debaixo d’água. Existem frascos e dispositivos especiais para a coleta de amostras de água abaixo da superfície, a profundidades desejadas. 4. REGISTRO DE DADOS. Devem ser anotados: data e hora da coleta; temperatura da água; pH da água; localização da tomada de amostra. Sempre que possível, medir o teor residual de cloro, no momento da coleta. A descrição da localização deve ser bastante exata para que outra pessoa possa chegar ao mesmo local. Pode ainda ser de utilidade o inquérito sanitário do lugar de onde provem a amostra, para a avaliação do suprimento, anotando informações tais como profundidade de poços, tempo de seu funcionamento, proximidade de fossas, etc. 5. TRANSPORTE E TEMPO DE ESPERA O exame deve começar o mais cedo possível, de preferência dentro de 1 hora após a coleta. O tempo máximo decorrido entre a coleta e o exame, não deve exceder 24 horas. Se for o caso, deve-se estudar a possibilidade de realizá-lo no local da coleta. Tanto quanto possível, manter a temperatura da amostra próxima a da ocasião da retirada da mesma. Os métodos modernos de análise não mais recomendam o seu resfriamento pois Análises Bacteriológicas da Água – Calazans, Sousa e Falcão de Morais - ANO 2010 4 consideram desprezíveis as alterações em tipos e números de bactérias durante a conservação. 6. TÉCNICAS DE ANÁLISES 6.1. TÉCNICA DOS TUBOS MÚLTIPLOS O método de fermentação em tubos múltiplos determina a presença e o número aproximado de coliformes através da inoculação de uma série de porções da amostra de água em tubos com meios de cultura adequados. O exame se processa através de três ensaios consecutivos: a) Ensaio presuntivo; b) Ensaio confirmativo e c) Ensaio completo diferencial. É possível parar a análise de água após qualquer um destes ensaios, desde que tenha sido atingida a finalidade da análise, ou se dá seqüência ao exame passando ao ensaio seguinte. Na prática de rotina, as provas bacteriológicas, da maior parte da água de abastecimento público, param no final do ensaio confirmativo, o qual na maioria das vezes é o único realizado. Este critério é válido para o exame de amostras tomadas na fonte de um abastecimento de água e nas várias fases do tratamento. Os métodos indicados pêlos Padrões de Água Potável do Serviço de Saúde Pública do Estados Unidos, os quais são normalmente aceitos entre nós recomendam, para testar águas com a qualidade de água potável, inocular 5 porções de 10 ml da amostra ou ainda, numa prova mais sensível, este plano pode ser aplicado à inoculação de 5 porções de 100 ml da amostra, o que é preferido em muitas estações de tratamento de água. 6.1.2. ENSAIO PRESUNTIVO Meio de cultura utilizado: caldo lactosado, podendo ou não conter um indicador como o caldo lauril triptose que contém o indicador de Andrade ou púrpura de bromocresol. Geralmente são usados 5 tubos grandes - com os respectivos tubos de Durham invertidos, para recolhimento de gases - com 10 ml cada um de meio de caldo lactosado de concentração dupla e 10 tubos menores também munidos com tubos de Durham com 10 ml cada um de caldo lactosado. Na impossibilidade da obtenção no comércio dos tubos de Durham, pode-se fazer uso de pequenas ampolas de injeção vazias. Técnica: com pipeta estéril de 10 ml, inocular cada umdos 5 tubos grandes (com caldo lactosado duplo) com 10 ml da amostra; com uma outra pipeta de 1 ml, estéril, inocular 1,0 ml da amostra em cada um de 5 tubos com caldo lactosado (concentração simples) e depois transferir 1 ml da amostra para um tubo de diluição com 9 ml de água estéril ou água tamponada estéril. Desta diluição de 1/10, inocular 1 ml em cada um dos 5 tubos de caldo lactosado restantes. Agitar cuidadosamente os tubos e incubá-los a 35 o C. 1 a observação: após 24 h de incubação. Se houver formação de gás em qualquer quantidade, em qualquer tubo, o ensaio presuntivo é positivo. Se não houver gás, prolonga-se a incubação por mais 24 h. Análises Bacteriológicas da Água – Calazans, Sousa e Falcão de Morais - ANO 2010 5 2 a observação: após 48 h de incubação. Se após este período não houver gás em qualquer tubo, o ensaio é negativo e a análise está encerrada quanto a coliformes. Havendo formação de gás, anota-se o número de tubos positivos e negativos. 6.1.3. ENSAIO CONFIRMATIVO Um ensaio presuntivo positivo, não indica necessariamente, a presença de coliformes; alguns germes da flora normal de águas e do solo, principalmente bacilos esporulados Gram- positivos anaeróbios do gênero Clostridium são capazes de fermentar a lactose com produção de gases. Também a ação sinérgica de duas espécies diferentes de bactérias pode resultar no aparecimento de gases. Nesta hipótese, uma das espécies seria capaz de hidrolisar a lactose, liberando glicose e galactose; a glicose é um açúcar facilmente fermentescível, sendo atacada pela segunda espécie. O ensaio confirmativo tem assim por finalidade afastar estas duas possibilidades. Meios de cultura utilizados: baseia-se no emprego de meios nos quais os germes Gram- positivos são inibidos não o sendo os germes Gram-negativos. Podem ser usados meios líquidos (caldo lactosado adicionado ou de verde-brilhante ou de fucsina ou de cristal violeta, com ou sem sais biliares p. ex.), ou ainda meios sólidos igualmente adicionados de substâncias inibidoras. Ensaio confirmativo em meio líquido: de cada um dos tubos positivos usados no ensaio presuntivo, transferir com alça estéril, após agitação, uma gota para um tubo com caldo verde- brilhante lactose bile, igualmente dotado de tubinhos de Durham. Assim serão usados tantos tubos com caldo verde-brilhante quantos forem os tubos positivos do ensaio presuntivo. Incubar a 35 o C durante 24-48 h. Os tubos que apresentarem bolhas de gás são aqueles em que ficou confirmada a presença de germes coliformes. Devem ser anotados, recorrendo-se em seguida a tabela de Hoskins que indica, baseada em estatística, o número mais provável de coliformes existentes em 100 ml da amostra. Este número constitui o N. M. P. Ensaio confirmativo em meio sólido: para realizar este ensaio pode-se partir de um ou mais tubos fermentados do ensaio presuntivo ou de um dos tubos positivos usados no ensaio confirmativo em meio líquido. Uma boa prática consiste em realizar este ensaio, tão logo comece a fermentação em qualquer dos tubos, na suposição de que os coliformes por melhor adaptados aos meios utilizados, predominarão nos primeiros estágios do crescimento. Neste ensaio podem ser usados os meios de EMB (eosina - azul de metileno), Endo, MacConkey e outros. Com uma alça de platina espalhar uma gota do líquido (do tubo positivo) na superfície do meio sólido já colocado na placa. Incuba-se a placa em estufa a 35 o C durante 24 h. Observa-se, para determinar se houve ou não crescimento de colônias; o não crescimento indica que o ensaio confirmativo é negativo, ou seja, não há presença de germes coliformes. Esta possibilidade refere-se ao uso direto de um tubo de caldo lactosado do ensaio presuntivo para inocular a placa do meio confirmativo. Análises Bacteriológicas da Água – Calazans, Sousa e Falcão de Morais - ANO 2010 6 Quando, no entanto, partindo de um tubo fermentado do ensaio confirmativo ou de um tubo positivo do ensaio presuntivo, aparecerem colônias, estas devem ser escolhidas e transferidas, cada uma, para dois tubos, um contendo meio AN (ágar-nutritivo) e outro caldo lactosado. A escolha as colônias baseia-se no conhecimento prático do operador, que determinará as colônias típicas de coliformes, a transferir. São exemplos de colônias típicas: 1. Colônias pequenas, vermelho-escuras, as vezes com brilho metálico (geralmente são de Escherichia coli). 2. Colônias maiores, mais claras, as vezes com centro escuro, muitas vezes mucilaginosas (geralmente são de Enterobacter aerogenes). Os tubos de AN e caldo lactosado, inoculados a partir de colônias típicas - ou em falta destas de uma colônia rósea-clara atípica - serão incubados a 35 o C durante 24-48 h. Se após 48 h não houver fermentação no tubo com caldo lactosado (será mais prudente esperar até 72 h, se bem que os coliformes típicos, estatisticamente mais prováveis de ocorrer, produzem gás, logo nas primeiras 24 h de incubação), o ensaio confirmativo é negativo. Caso haja formação de gás faz-se uma coloração de Gram, partindo-se da cultura em AN. Tratando-se de bastonetes Gram-negativos, não esporulantes, o ensaio confirmativo é positivo. Para verificação de coliformes fecais ou termotolerantes utiliza-se o meio EC. Também podem ser utilizados meios sólidos adicionados de substâncias inibidoras, ex.: EMB, Endo e Mac Conkey. 6.1.4. ENSAIO COMPLETO OU DIFERENCIAL Partindo da cultura de coliformes em ágar-nutritivo (AN) obtida no ensaio anterior inocula- se: a) um tubo de caldo-peptona ou caldo triptona, para o teste de Indol. Caso se use peptona dá-se preferência à de caseína ou faz-se teste, usando uma cultura conhecida de Escherichia coli, para verificar a presença de triptofano na peptona utilizada. (Se Escherichia coli típica não produzir Indol, a peptona não deve ser usada). b) um tubo com caldo glicosado-fosfatado (meio de Clark Lubs), para os testes de vermelho de metila e de acetil-metil-carbinol ou de Voges-Proskauer. c) um tubo com meio citratado de Koser para a prova de utilização de citrato. Pode-se também usar um meio citratado sólido, o meio de citrato de Simmons. Após o semeio, os tubos serão incubados à 35 o C. Estes testes são conhecidos pela sigla IMViC. Teste de indol: após incubação durante 18 a 24 h, juntar à cultura crescida 0,2 a 0,3 ml do reagente de Kovacs. O aparecimento de anel sobrenadante vermelho intenso indica a presença de indol. Se a cor do reagente permanecer inalterada: indol negativo. Triptona → indol + reativo de Kovacs → anel vermelho. Glicose → ácidos + vermelho de metila → cor vermelha Análises Bacteriológicas da Água – Calazans, Sousa e Falcão de Morais - ANO 2010 7 Teste de Voges-Proskauer (método de Barrit) Após incubação no caldo glicosado-fosfatado por 48 h, retira-se com pipeta estéril 1 ml da amostra crescida para outro tubo de ensaio; junta-se 0,6 ml de solução de -naftol e 0,2 ml de KOH a 40%. Agita-se vigorosamente e deixa-se em repouso em estufa a 35 o C. Observa-se a partir de 15 min até um máximo de 4 h. O aparecimento de coloração cereja que se estende da superfície para o fundo do tubo indica um teste VP positivo. O aparecimento de coloração acobreada ou mesmo de coloração vermelha após 4 horas de observação não deve ser levado em consideração. O caldo de cultura restante é reincubado por mais 2 ou 3 dias para a prova de vermelho de metila. Teste de vermelho de metila A cultura em meio glicosado-fosfatado e que ficou incubada por 4 e 5 dias, junta-se algumas gotas do indicador vermelho de metila. A cor vermelha indica vermelho de metila positivo. Cor amarela indica vermelho de metila negativo. Teste de citrato A amostra de coliforme é inoculada no meio de citrato de Koser, de preferência com uma agulha e levando o mínimo possível de material. Incuba-se o tubo em estufa a 35 o C de 72 a 96 h. Prova positiva:crescimento visível (o meio fica turvo). Prova negativa: ausência de crescimento ( o meio permanece límpido). O teste realizado em meio de Simmons apresenta uma viragem do indicador azul de bromotimol, de verde para azul indicando o teste positivo para citrato. Obs.: Nestes testes, o citrato é utilizado como fonte de carbono e de Nitrogênio inorgânico nas sínteses orgânicas. Citrato de Simmons - viragem azul de bromotimol (alcalinização do meio na utilização) > Positivo = azul intenso. 6.1.5. COLIFORMES TERMOTOLERANTES Geralmente os testes referidos são suficientes para determinar a espécie do coliforme presente. Entretanto muitas vezes deseja-se separar os componentes de origem fecal dos provenientes de outras fontes. Estas determinações de coliformes fecais são aplicáveis às estimativas do grau de poluição das águas brutas submetidas a processos de depuração, ou a estudos de poluição dos cursos de água ou ainda à interpretação de dados sobre coliformes totais cuja significação seja duvidosa. Estes ensaios são realizados a partir dos tubos positivos do ensaio presuntivo. De cada positivo, inocula-se um tubo com meio EC, incubando-se em seguida em banho-maria a 44,5 o C 0,2 o C durante 24 horas. Os tubos devem ser previamente aquecidos a 44,5 o C e após sua inoculação colocados imediatamente no banho-maria. A produção de gás dentro de 24 h é considerada positiva para a presença de coliformes e sua densidade numérica é calculada pela tabela N. M. P. Análises Bacteriológicas da Água – Calazans, Sousa e Falcão de Morais - ANO 2010 8 Baseada nos testes realizados encontra-se a seguinte classificação: Interpretação das reações IMViC Microorganismos Indol Vermelho de metila Voges- Proskauer Citrato Escherichia coli Variedade I + + - - Variedade II - + - - Escherichia freundii (Intermediários) Variedade I - + - Variedade II + + - + Enterobacter aerogenes Variedade I - - + Variedade II + - + + CONTAGEM DE BACTÉRIAS HETEROTRÓFICAS. Reveste-se de importância, muitas vezes, a determinação do número de colônias em placas, também chamada contagem padrão em placas (n o de colônias desenvolvidas em placas de Petri com meio de ágar-nutrivo-glicosado, incubadas em aerobiose a 35 o C até 72 horas). Esta contagem pode ser de grande utilidade no controle da eficiência dos filtros nas plantas de tratamento, bem como pode ajudar, quando associados aos demais resultados, a interpretar corretamente uma análise. As águas de rios, poços recentemente abertos ou descobertos, piscinas, etc, costumam dar uma contagem alta. Águas de poços tubulares profundos, ou águas tratadas (cloradas), devem dar uma contagem pequena. Técnica: para assegurar-se a realização da contagem em placas costuma-se, além da inoculação da amostra original, efetuar-se diluições decimais, que irão de 1/10 (para águas sabidamente boas) até 1/10 5 quando se fizeram necessárias. Estas diluições são feitas com frascos ou tubos contendo água tamponada (com KH2PO4) ou água de torneira ou destilada estéreis. A amostra deve ser agitada vigorosamente antes de se iniciar as diluições. Usando de tubos, faz-se a 1 a diluição (1/10) colocando 1 ml da amostra em 9 ml de água tamponada estéril; agita-se bem e transfere-se 1 ml para outro tubo de 9 ml da água tamponada estéril (1/100), prossegue-se desta maneira até que se tenha todas as diluições desejadas. De cada diluição transfere-se então 1 ml para placa de Petri estéril (é aconselhável fazer duplicatas ou triplicatas se possível) e juntar 10 a 15 ml de maio de ágar-glicosado (GA) fundido e resfriado entre 42-45 o C. Agitar a placa por movimentos circulares nos dois sentidos e, também, segundo dois diâmetros perpendiculares evitando sujar a tampa. Análises Bacteriológicas da Água – Calazans, Sousa e Falcão de Morais - ANO 2010 9 Deixa-se solidificar e incubar-se em estufa a 35 o C durante 24 h. Após a incubação examinam-se as placas escolhendo para contagem as que tenham entre 30 e 300 colônias (evidentemente se a placa inoculada com 1 ml da amostra não diluída tiver um número inferior a 30 colônias, esse número é registrado). Usa-se para auxiliar na contagem um aparelho especial munido de lupa, o contador de colônias tipo Quebec. Se as placas escolhidas forem originadas de qualquer das diluições não se deve esquecer que o resultado final será: a média do n o de colônias nas placas X recíproca de diluição. Na prática, esta contagem é feita na mesma ocasião em que é feito o ensaio presuntivo, planejando-se o trabalho para que se gaste o menor número de pipetas estéreis. Veja o esquema 2 de operações que conjuga o ensaio presuntivo e a contagem em placas simultaneamente. CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES Não é fácil interpretar corretamente os resultados de uma análise de água. As observações locais - natureza do terreno onde um poço está localizado; se o reservatório é descoberto ou mal coberto; se há fossa nas imediações ou se há acesso de água de chuva, etc - ajudam bastante a interpretação. Pode-se adotar na decisão sobre a potabilidade bacteriológica, como guia, os limites estabelecidos pelos Padrões de Água Potável do Serviço de Saúde Pública dos Estados Unidos. Estes limites são baseados na inoculação inicial de 5 porções de 10 ml ou 5 de 100 ml de uma amostra-padrão. Análises Bacteriológicas da Água – Calazans, Sousa e Falcão de Morais - ANO 2010 10 TABELA DE HOSKINS PARA SÉRIE DE 05 TUBOS Índice de NMP e limites de confiança de 95% quando são utilizados inóculos de 10 ml, 1 ml e 0,1 ml em séries de 5 tubos. N o de tubos com reação positiva quando utilizados, em séries de 5 tubos com inóculos de: Índice NMP/100mL Limite de confiança de 95% 10 ml 1 ml 0, 1 ml inferior superior 0 0 0 0 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 3 3 3 3 3 3 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 0 0 1 2 0 0 1 1 2 0 0 1 1 2 3 0 0 1 1 2 2 0 0 1 1 1 2 2 3 3 4 0 0 0 1 1 1 2 2 2 3 3 3 3 4 4 4 4 4 5 5 5 5 5 5 0 1 0 0 0 1 0 1 0 0 1 0 1 0 0 0 1 0 1 0 1 0 1 0 1 2 0 1 0 1 0 0 1 2 0 1 2 0 1 2 0 1 2 3 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 5 <2 2 2 4 2 4 4 6 6 4 7 7 9 9 12 8 11 11 14 14 17 13 17 17 21 26 22 26 27 33 34 23 30 40 30 50 60 50 70 90 80 110 140 170 130 170 220 280 350 240 300 500 900 1600 1600 - 1 1 1 1 1 1 2 2 1 2 2 3 3 5 3 4 4 6 6 7 5 7 7 9 12 9 12 12 15 16 9 10 20 10 20 30 20 30 40 30 40 60 80 50 70 100 120 160 100 100 200 300 600 - - 10 10 13 11 15 15 18 18 17 20 21 24 25 29 24 29 29 35 35 40 38 45 46 55 63 56 65 67 77 80 86 110 140 120 150 180 170 210 250 250 300 360 410 390 480 580 690 820 940 1300 2000 2900 5300 - Análises Bacteriológicas da Água – Calazans, Sousa e Falcão de Morais - ANO 2010 11 MOST PROBABLE NUMBER Three successive dilutions should be used to cover a suitable range of both positive and negative vials. The MPN can be estimated by multiplying the MPN derived from the table by the dilution factor of the first dilution. For example: if the first three dilutions (1/10; 1/100; 1/1000) are used, an MPN from the table of 15 indicates numbers of 15x10 = 150 per mL of sample. For example: if 1/100; 1/1000 and 1/10000 dilutions are used, an MPN of 15 indicates numbers of 15 x 100 = 1500 mL per sample. VALES OF THE MPN FOR 3 TUBES WITH THREEE SUCCESSIVE 10-FOLD DILUTIONS Number of positive tubes observed at each dilution MPN per mL of the first dilution 1 stdilution 2 nd dilution 3 rd dilution 0 0 0 0,0 0 0 1 0,3 0 1 0 0,3 0 1 1 0,6 0 2 0 0,6 1 0 0 0,4 1 0 1 0,7 1 0 2 1,1 1 1 0 0,7 1 1 1 1,1 1 2 0 1,1 1 2 1 1,5 1 3 0 1,6 2 0 0 0,9 2 0 1 1,4 2 0 2 2,0 2 1 0 1,5 2 1 1 2,0 2 1 2 3,0 2 2 0 2,0 2 2 1 3,0 2 2 2 3,5 2 2 3 4,0 2 3 0 3,0 2 3 1 3,5 2 3 2 4,0 3 0 0 2,5 3 0 1 4,0 3 0 2 6,5 3 1 0 4,5 3 1 1 7,5 3 1 2 11,5 3 1 3 16,0 3 2 0 9,5 3 2 1 15,0 3 2 2 20,0 3 2 3 30,0 3 3 0 25,0 3 3 1 45,0 3 3 2 110,0 3 3 3 140,0 Análises Bacteriológicas da Água – Calazans, Sousa e Falcão de Morais - ANO 2010 12 Tabela índice de NMP e limites de confiança de 95% , quando inoculadas 10 porções de 10ml da amostra Número de tubos com reação positiva a partir de 10 tubos de 10mL Índice de NMP 100 mL Limites de confiança de 95% Inferior Superior 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 <1,1 1,1 2,2 3,6 5,1 6,9 9,2 12,0 16,1 23,0 >23,0 0 0,03 0,26 0,69 1,3 2,1 3,1 4,3 5,9 8,1 13,5 3,0 5,9 8,1 10,6 13,4 16,8 21,1 27,1 36,8 59,9 Inifinito Análises Bacteriológicas da Água – Calazans, Sousa e Falcão de Morais - ANO 2010 13 1. TÉCNICA DE TUBOS MÚLTIPLOS ESQUEMA DE INOCULAÇÃO DA ÁGUA I. TESTE PRESUNTIVO 9ml água Diluído 1/10 5 tubos com 10ml de C.L. Simples 5 tubos com 10ml de C.L. duplo 5 tubos com 10ml de C.L. Simples Incubar a 35°C durante 24-48h. Formação de gás Não formação de gás POSITIVO PARA NEGATIVO COLIFORMES 1ml 10ml 1ml 1ml Análises Bacteriológicas da Água – Calazans, Sousa e Falcão de Morais - ANO 2010 14 II. TESTE CONFIRMATIVO VB ou Fucsina ou Cristal-violetacom ou sem bil e Tubos Positivos CLVBB EC Presença de bolhas POSITIVO PARA COLIFORMES TOTAIS POSITIVO PARA COLIFORMES TERMOTOLERANTES Incubar a 35°c durante 24h Transferir colônias típicas Incubar 35°c durante 24-48h EMB, ENDO ou Mac-Conkey Gram Bastonetes Gram-negativos não esporulantes POSITIVO PARA COLIFORMES An CL 24-48h 35 oC 44,5 oC 24h Análises Bacteriológicas da Água – Calazans, Sousa e Falcão de Morais - ANO 2010 15 III. ENSAIO COMPLETO OU DIFERENCIAL Testes IMVC Meio An INDOL VERMELHO DE VOGES-PROSKAUER CITRATO METILA Incubar a 35°C durante 4 a 5 dias.. Incubar a 35°C durante 18-24h. Incubar a 35°C durante 48h. Incubar a 35°C durante 72-96h. 0,2 a 0,3ml reagente de Kovacs Gotas do VM 1ml amostra +0,6ml solução alfa-naftol e 0,2ml de KOH a 40%. Agitar e incubar a 35°C por 15min a 4h Caldo glicosado fosfatado (Clark Lubs) V.P. POSITIVOINDOL POSITIVO V-M POSITIVO V-M NEGATIVO Crescimento Visível CITRATO POSITIVO CITRATO NEGATIVO Análises Bacteriológicas da Água – Calazans, Sousa e Falcão de Morais - ANO 2010 16 IV. INTERPRETAÇÃO DAS REAÇÕES DE I.M.V.C MICRORGANISMOS INDOL VERMELHO DE METILA Voges- Proskauer CITRATO Escherichia coli Variedade I Variedade II + - + + - - - - Escherichia freundii Variedade I Variedade II - + + + - - +- + Enterobacter aerogenes Variedade I Variedade II - + - - + + +- + Coloração de Gram: Cobrir a lâmina com solução de cristal de violeta por 1 min,. Lavar com água corrente, Cobrir com solução de lugol durante 1 min, Descorar usando solução álcool-acetona (1:1), Cobrir com solução safranina diluída por 15 seg, Lavar a lâmina com água corrente e deixar secar. Análises Bacteriológicas da Água – Calazans, Sousa e Falcão de Morais - ANO 2010 17 V. CONTAGEM DE HETEROTRÓFICOS 9ml 9ml 9ml 9ml Plate count Agar - PCA fundido 1ml 1ml não diluído 1ml Incubar a 35°C durante 48-72h CONTAGEM NO CONTADOR DE COLÔNIAS TIPO QUEBEC Média do nº de colônias X diluição Análises Bacteriológicas da Água – Calazans, Sousa e Falcão de Morais - ANO 2010 18 PROVAS BIOQUÍMICAS – IMViC Teste da produção de indol a) Princípio: Determinar a habilidade de um determinado microrganismo produzir indol a partir da molécula do triptofano. b) Bases bioquímicas: O triptofano é um aminoácido essencial que pode sofrer oxidação por meio da atividade enzimática de certas bactérias. A conversão do triptofano em produtos metabólicos é mediada pela enzima triptofanase. Esta capacidade de hidrolisar o triptofano com a produção de indol não é uma característica de todos os microrganismos e, portanto serve como um marcador bioquímico. A presença do indol é detectada pela adição do reagente de Kovacs (p-dimetilamino benzaldeído, butanol e ácido clorídrico) que produz uma camada vermelha devido à formação de um complexo quinoidal. Triptofano ( triptofanase ) → indol + ácido pirúvico + amônia H2O Desaminação + p-dimetilamino benzaldeído HCl + álcool Composto quinoidal (vermelho) d)Técnica A inoculação das bactérias em caldo peptonado ou triptonado deve seguir as normas de semeadura usualmente empregadas em microbiologia. Incubar a 35ºC por 24 horas. e) Resultado Para fazer a leitura, adicionam-se cinco gotas do reativo de Kovacs. f) Interpretação No teste positivo, a presença do indol no meio de cultivo é revelada pela adição do reativo de Kovacs, ocorrendo então a seguinte reação química: o p-dimetilamino benzaldeído se liga à molécula do indol, produzindo um composto quinoidal de coloração vermelha, evidenciado Análises Bacteriológicas da Água – Calazans, Sousa e Falcão de Morais - ANO 2010 19 pela formação de um anel na camada alcoólica superficial do meio. A reação de cor, na realidade, é devida à reação dos grupos CH2 do anel pirrólico da molécula do indol com o aldeído, que num meio ácido forma uma quinona. O teste negativo fica amarelo, que é a cor do reativo de Kovacs. Teste do vermelho de metila a) Princípio: Testar a habilidade de um microrganismo em produzir ácidos orgânicos, relativamente estáveis, a partir da fermentação da glicose, de modo a suplantar a capacidade tampão existente no meio de cultivo. b) Bases bioquímicas: Neste teste será pesquisada a fermentação ácida mista, em que as bactérias utilizam a glicose como substrato e liberam grande concentração de ácidos como produto final. Os principais gêneros que realizam esta fermentação são: Escherichia, Salmonella, Shigella e Proteus Glicose ácido lático ácido acético ácido fórmico ácido succínico d)Técnica A inoculação das bactérias em caldo glicosado-fosfatado deve seguir as normas de semeadura usualmente empregadas em microbiologia. Incubar a 35ºC por 24 horas. e) Resultado Antes de efetuar a leitura, retirar 2,5 mL de 5 mL de meio fermentado e acrescentar cinco gotas de uma solução hidroalcoólica de vermelho de metila. O vermelho de metila é um indicador em que a faixa de viragem do pH é de 4,4 a 6,2, ou seja, um pH = 4,4 toma a coloração vermelha e um pH = 6,2 toma a coloração amarela.f) Interpretação Os microrganismos que dão resultado positivo fermentam a glicose produzindo ácidos e dando um pH final muito baixo, vencendo o sistema tampão de fosfato e mantendo o meio ácido. Os microrganismos que dão resultado negativo produzem ácidos, porém o pH é mais elevado (pH ~ 6,0) porque eles continuam metabolizando os produtos iniciais da fermentação por descarboxilação, produzindo acetoína. Teste de Voges Proskauer H2 + CO2 Análises Bacteriológicas da Água – Calazans, Sousa e Falcão de Morais - ANO 2010 20 a) Princípio Determinar a habilidade de certo microrganismo em produzir um composto neutro, o acetilmetilcarbinol (acetoína), a partir da fermentação da glicose. b) Bases bioquímicas Neste teste será pesquisada a fermentação butilenoglicol, na qual as bactérias utilizam a glicose como substrato e liberam acetoína como principal produto final. Os principais gêneros que realizam esta fermentação são: Enterobacter e Aeromonas. Glicose 2 Ácido pirúvico Descarboxilação Acetilmetilcarbinol Redução 2,3 (Acetoína) Butanodiol Oxidação naftol + KOH a 40% Diacetila + H2O Diacetila + Núcleo guanidina Composto vermelho (Arginina) Condensação d) Técnica A inoculação das bactérias em caldo glicosado-fosfatado deve seguir as normas de semeadura usualmente empregadas em microbiologia. Incubar a 35ºC por 24 horas. e) Resultado: Antes de efetuar a leitura, aos 2,5 mL restantes dos 5 mL de meio fermentado em tubo do teste do vermelho de metila, adicionar os seguintes reativos de Barrit nesta ordem: 0,6 mL de uma solução de alfa-naftol a 5% e 0,2 mL de uma solução de KOH a 40%. Agitar o tubo suavemente para oxigenar o meio, a fim de oxidar a acetoína e obter uma reação de cor. Finalmente, deixar descansar o tubo por cerca de 10 a 15 minutos antes de iniciar a interpretação. f) Interpretação Depois de unir o alfa-naftol e o KOH, agita-se suavemente o tubo para o oxigênio atmosférico entrar e oxida a acetoína em diacetila, sendo que o KOH atua como agente oxidante e o alfa-naftol como catalizador e intensificador de cor. Análises Bacteriológicas da Água – Calazans, Sousa e Falcão de Morais - ANO 2010 21 Com o uso de um agente oxidante, a cor produzida desaparece rapidamente, sobretudo porque o complexo de reação diacetila-peptona pode ser rapidamente oxidado num composto incolor. Concluindo, o resultado positivo será de rosa a vermelho e o negativo terá a cor cobre, que é a reação entre o KOH e o alfa-naftol. Teste do citrato a) Princípio: Determinar se um microrganismo é capaz de utilizar o citrato como única fonte de carbono para seu crescimento com conseqüente alcalinização do meio. b) Bases bioquímicas Neste teste serão observadas as bactérias que metabolizam o substrato citrato pelo ciclo de Krebs (oxidação) ou pelo ciclo de fermentação, resultando como produto final pH alcalino, acetato + formato. O meio utilizado para a fermentação do citrato contém sais de amônia inorgânica. Um microrganismo que é capaz de usar citrato corno uma única fonte de carbono utiliza também sais de amônia como sua fonte única de nitrogênio. Os sais de amônia se desdobram em amoníaco com conseqüente alcalinidade. ciclo de Krebs Citrato Citratase (citrato oxaloacetato - liase) ciclo da fermentação do citrato Citrato oxaloacetato + acetato piruvato + CO2 pH alcalino acetato + formato d) Técnica: A inoculação das bactérias no meio de citrato de Simmons deve seguir as normas de semeadura em meio sólido, usualmente empregadas em microbiologia. Incubar a 35ºC por 24 horas. f) Interpretação As bactérias que utilizam o citrato, como única fonte de carbono terão como resultado positivo cor azul (pH alcalino), que é um produto do metabolismo do sal inorgânico acrescentado no meio, pois o produto do metabolismo do citrato é difícil de detectar, porque são dois sais. Portanto, sabe-se que o citrato foi metabolizado, pelo produto do metabolismo do sal inorgânico de amônio, porque neste meio foram colocadas uma fonte de carbono que é o citrato, e uma de nitrogênio, que é um sal inorgânico de amônio. Análises Bacteriológicas da Água – Calazans, Sousa e Falcão de Morais - ANO 2010 22 O teste negativo será verde e sem crescimento, pois a bactéria, não conseguindo utilizar a fonte de carbono e de nitrogênio do meio não sobreviverá. Resumo das Provas Bioquímicas - IMViC Fonte: MICROBIOLOGY: a laboratory manual. Cappuccino, J.G. & Sherman, N.; The Benjamin/Cummings Publishing Company, Inc.; 4 th Edition; 1996 Análises Bacteriológicas da Água – Calazans, Sousa e Falcão de Morais - ANO 2010 23 6. 2. TÉCNICA DA MEMBRANA FILTRANTE Este método baseia-se na filtração a vácuo de volumes adequados com diluições variadas (10 -1 , 10 -2 , 10 -3 ...) de água através de uma membrana com porosidade de 0,45μm. As bactérias com diâmetro maior ficarão retidas na membrana e esta será transferida para meio de cultura diferencial, seletivo e nutritivo, dependendo do tipo de bactéria a ser identificada (ex: meio ágar M-TEC para E. coli, ágar M-enterococos para estreptococos fecais...). Este teste revela a presença ou não de coliformes totais. As placas serão incubadas a 35°C durante 24 horas. Após este período observa-se colônias típicas e atípicas realizando a contagem destas para o cálculo da densidade. O limite aceitável é de 20 a 80 colônias típicas de coliformes totais, sendo que a contagem total de colônias típicas e atípicas deve ser inferior a 200. VOLUME DA AMOSTRA: Para consumo humano -- Volume mínimo de 100ml. Para águas "in natura" -- 50ml, 25ml, 5ml, etc. (dependendo da procedência). Para a identificação dos coliformes fecais, retirar uma porção da colônia que ficou retida na membrana e inocular em tubo com EC e incubar a 44°C durante 24h. A formação de gás indica presença de coliformes fecais. Cálculo dos resultados * Nº colônias de coliformes totais/100ml = nº colônias típicas __ X 100 Volume filtrado da amostra (ml) NCMF (nº de colônias em membrana filtrante)/100ml. Presença ou ausência de coliformes fecais em 100ml. Nº colônias de coliformes totais/100mL: < 1 (ausente) Quando a contagem não for efetuada devido ao grande número de colônias (>200), seguir: Presença de coliformes totais e/ou fecais: Contagem prejudicada devido ao crescimento confluente. 6.3. TÉCNICA DE PRESENÇA - AUSÊNCIA (P/A) É uma modificação simplificada da técnica de tubos múltiplos onde se utiliza um maior volume da amostra (100ml) e 50 ml de meio P-A com concentração tripla, para obter informações sobre a presença de coliformes. Incubar a 35° por 24-48h dependendo do Análises Bacteriológicas da Água – Calazans, Sousa e Falcão de Morais - ANO 2010 24 resultado. Após este período, se positivo, realizar a diferenciação de totais e fecais utilizando os meios CLVBB (incubar a 35°C) e EC (incubar a 44,5°C ± 0,2) ambos num período de 24 a 48 horas. A presença de gás em cada um destes meios indica positividade para coliformes totais e termotolerantes (fecais). Esta técnica é mais simples além de ter um baixo custo do que a de tubos múltiplos e membrana filtrante, e apresenta resultados fidedignos. 6.4. TÉCNICA DO SUBSTRATO CROMOGÊNICO E FLUOROGÊNICO Esta técnica baseia-se na identificação de enzimas produzidas por microrganismos, através da alteração de cor sem nenhuma necessidade de testes confirmativos. Baseia-se na adição de um volume da amostra em frasco estéril contendo o substrato em pó, hidrolisável que é usado como substrato definido apenaspara os microrganismos alvo que se quer modificar, com posterior incubação, obtendo-se os resultados após 24-48 horas. As bactérias coliformes possuem a enzima β-D-galactosidase que hidrolisa a molécula de ONPG, que atua como nutriente-indicador, liberando uma substância cromogênica amarela ou azul dependendo do fabricante do produto, indicando positividade para coliformes totais. Algumas bactérias como as do gênero Aeromonas e Pseudomonas também possuem esta enzima hidrolítica, só que estas são suprimidas, não produzindo uma resposta positiva, a menos que estejam presentes em densidades superiores a 10 4 unidades formadoras de colônias por ml. E.coli possui uma enzima glucoronidase que hidrolisa o MUG liberando 4- metilumbelliferona que, quando exposto a UV (366nm) apresenta fluorescência de cor azul brilhante. Se a coloração for duvidosa, incubar a 35°C por mais 4 horas. Identificação de coliformes totais e Escherichia coli num mesmo meio: Transferir 100 ml da amostra de água para um frasco estéril; adicionar o conteúdo do flaconete contendo os substratos ONPG (orto-nitrofenil β-D galactopiranosídeo) e MUG (4-metilumbeliferil β-D glucoronídeo); Agitar vigorosamente até a dissolução do substrato; Incubar a 35°C durante 24 horas e observar a modificação da cor, a qual dependerá do fabricante do substrato a ser usado (amarelo ou azul). Exemplo: a cor mudará de amarelo (negativo) para azul esverdeado (positivo), indicando a presença de coliformes totais. Após a leitura de coliformes totais o frasco deverá ser irradiado com luz ultravioleta. Se houver aparecimento de fluorescência no meio irradiado, a qual se evidencia pela Análises Bacteriológicas da Água – Calazans, Sousa e Falcão de Morais - ANO 2010 25 emissão de luz azulada fluorescente, que ocorrerá a partir do cultivo líquido contido no frasco, o teste é considerado positivo para Escherichia coli (coliforme fecal). TÉCNICA DA MEMBRANA FILTRANTE Avaliação de águas minerais e potáveis, Avaliação e controle de águas tratadas, Avaliação e controle das condições higiênicas de sistemas industriais. Incubar a 35°C durante 24h. ------- ------------- ---------- I I I I I I Incubar a 44,5°C durante 24h. Cálculo dos resultados Nº de colônias /100ml= X 100 nº de colônias típicas M-endo Ágar LES Ágar M-Endo Observar colônias típicas através do microscópio estereoscópico Formação de gás POSITIVO PARA COLIFORMES termotolerantes Bomba à vácuo Análises Bacteriológicas da Água – Calazans, Sousa e Falcão de Morais - ANO 2010 26 (NCMF) Volume filtrado da amostra (ml) Análises Bacteriológicas da Água – Calazans, Sousa e Falcão de Morais - ANO 2010 27 MEIOS DE CULTURA UTILIZADOS NA ANÁLISE BACTERIOLÓGICA DE ÁGUAS Estes meios podem ser encontrados sob forma desidratada, de fabricantes, BBL, Difee, Merck, Oxoid, etc. Caldo lactosado Extrato de carne - 3,0 g Peptona - 5,0 g Lactose - 5,0 g Água destilada - 1 L pH 6,8 - 7,0. Autoclava-se a 120 o C, 15 min. Caso deseje o caldo lactosado de concentração dupla, usa-se a metade da água destilada. Glicose - agar Extrato de carne - 3,0 g peptona - 5,0 g Glicose - 10,0 g Agar (em pó) - 10 g a 15 g (conforme a qualidade) Água destilada - 1 L pH 6,8 - 7,0. Autoclava-se a 120 o C, 20 min. Caldo de verde brilhante lactose bile Peptona -10,0 g Lactose -10,0 g Bile de boi -20,0 g ou sais biliares (1/2) Água destilada - 1 L pH 7,2. Autoclava - se a 115 o C, 15 min. Para adicionar o verde brilhante pode-se preparar uma solução à 0,1% em água destilada e dela juntar 13,3 ml ao meio de cultura. Eosina - azul de metileno - agar Peptona - 10,0 g Lactose - 5,0 g Sacarose - 5,0 g PO4HK2 - 2,0 g Agar (em pó) - 10,0 g a 15,0 g (conforme a qualidade) Coloca - se em balões, para uso, fundir o meio, esfriar a 45 o C e juntar para cada 100 ml, 1 ml de solução aquosa estéril de eosina a 4 g / 100 ml, e 1 ml de solução aquosa estéril de azul de metileno a 0,65g/100 ml. Endo - agar Peptona -10,0 g Análises Bacteriológicas da Água – Calazans, Sousa e Falcão de Morais - ANO 2010 28 Lactose -10,0 g K2HPO4 - 3,5 g Sulfito de sódio - 2,5 g Fucsina básica - 0,5 g Agar (em pó) - 10,0 g a 15,0 (conforme a qualidade) Água destilada - 1 L pH 7,4. Esterilizar a 115 o C, 15 min. O meio deve ser rosa claro quando quente incolor ao esfriar. Caldo peptonado ou triptonado Peptona de caseína ou triptona -1 g Água destilada -100 ml Colocar porções de 5 ml em tubos de ensaio e autoclavar a 120 o C por 15 min. Caldo glicosado - fosfatado Peptona - 5,0 g Glicose - 5,0 g K2HPO4 - 5,0 g Água destilada - 1,0 L Colocar porções de 5 ml em tubos de ensaio e autoclavar a 120 o C por 15 min. Citrato de Koser Citrato de sódio - 3,0 g K2HPO4 - 1,0 g MgSO4.7H2O - 0,2 g NaNH4HPO4. 4H2O - 1,5 g Água destilada - 1 L Colocar porções de 5 ml em tubos de ensaio e autoclavar a 120 o C por 15 min. Citrato de Simmons Citrato de sódio - 2,0 g MgSO4 . 7H2O - 0,2 g NH4H2PO4 - 1,0 g NaCL - 5,0 g Azul de bromotimol - 0,08 g Agar ( em pó ) - 10,0 g Água destilada - 1,0 L Fundir e colocar em tubos e autoclavar a 120 o C por 15 min. Meio EC Análises Bacteriológicas da Água – Calazans, Sousa e Falcão de Morais - ANO 2010 29 Triptose ou tripticase - 20,0 g Lactose - 5,0 g Mistura de sais biliares ou sais biliares n o 3 - 1,5 g K2HPO4 - 4,0 g KH2PO4 - 1,5 g NaCl - 5,0 g Água destilada - 1,0 L pH 6,9 Colocar em tubos de fermentação e autoclavar a 115 o C por 15 min. Preparação da água tamponada para diluições Prepara-se uma solução “stock” dissolvendo 34,0 g de KH2PO4 em 500 ml de água destilada, ajusta-se, com NaOH 1N, o pH a 7,2 e completa-se o litro com água destilada. Para preparar a água tamponada de diluição, junta-se 1,25 ml da solução “stock” a 1 L de água destilada. Distribui-se em frascos ou tubos convenientemente e autoclava-se a 120 o C por 15 minutos. Soluções corantes e reagentes Cristal violeta ou violeta de genciana (Hueker) Solução A Cristal violeta (90% de corante) - 2,0 g Álcool etílico (95%) - 20,0 ml Solução B Oxalato de amônio - 0,8 g Água destilada - 80,0 ml Juntar as soluções A e B. Lugol Iodo - 1 g Iodeto de potássio - 2 g Água destilada - 300 ml Misturar num almofariz o iodo e o iodeto de potássio, depois juntar a água. Solução Safranina Safranina - 0,25 g Álcool etílico (95%) - 10 ml Água destilada - 100 ml Reagente de Kovacs Análises Bacteriológicas da Água – Calazans, Sousa e Falcão de Morais - ANO 2010 30 Para-dimetil-amino benzaldeído - 5 g Álcool amílico ou butílico - 75 ml HCl, concentrado - 25 ml Reagente para a prova de Voges-Proskauer (Método de Barrit) Solução A - Naftol - 5 g Álcool absoluto - 100 ml Solução B KOH - 40 g Água destilada - para completar 100 ml Reagente indicador de vermelho de metila Vermelho de metila - 0,1 g Álcool absoluto - 300 ml Água destilada - 200 ml Corante para coloração de esporos Verde malaquita Verde malaquita - 5 g Água - 100 ml (Solução aquosa a 5%) Análises Bacteriológicas da Água – Calazans, Sousa e Falcão de Morais - ANO 2010 31 APÊNDICE Análises Bacteriológicas da Água – Calazans, Sousa e Falcão de Morais - ANO 2010 32 Universidade Federal de Pernambuco Centro de Ciências Biológicas Departamento deAntibióticos Disciplina: “Análises Bacteriológicas da Água” EQUIPE ______ Alunos: ANÁLISES BACTERIOLÓGICAS DE ÁGUA PROTOCOLO PARA COLETA Interessado: Escola/Creche/Asilo/ outros Endereço: Ponto de referência: Telefone para contato: Data da coleta: Hora: Responsáve(l) ou (is) pela amostragem: Dados sobre a amostra de água a ser analisada e local de coleta: pH da amostra: Temperatura: 1. Água do sistema de abastecimento da COMPESA ( ) 2. Poço ( ) 2.2. Profundidade do poço: 2.2. Tempo de perfuração: 2.3. Água submetida a tratamento ( ) Cloração ( ) Outro ( ) Obs.: .................................................................................................................. A água captada é armazenada em cisterna ou tanque ( ) Obs.: Em caso afirmativo preencha os demais subitens relativos a cisternas/tanques, no item 3. Número de tanques existentes: 3. Local de coleta da amostra: 3.1. Torneira ( ) Localização: 3.2. Bebedouro ( ) Localização: 3.3 Cisterna/tanque ( ) Localização: ANOTE: Condições físicas do tanque de armazenamento usado para acumular água (registre presença ou não de tampas, rachaduras, condições de higiene, tempo da última limpeza realizada na caixa d’água, localização no terreno, proximidade de fossas, etc.): Número de alunos/usuários: Números de professores e funcionários: Espaço reservado para observações e notas consideradas relevantes, pelo responsável pela coleta: Análises Bacteriológicas da Água – Calazans, Sousa e Falcão de Morais - ANO 2010 33 LOGOMARCA DOS ALUNOS Exame nº 23/2008 Interessado: Endereço: Amostra: Água tratada, etc. ,................ (Colhida pelo interessado ou pela equipe xxxx..) Natureza do exame: Análise bacteriológica da água. TÉCNICA UTILIZADA: Tubos múltiplos; Substrato cromogênico; Presença e Ausência; Membrana Filtrante, etc.. Dados da amostra: pH: ..... Data e hora da coleta: Data e hora do início da análise: Resultados: 1) Coliformes totais: positivo/negativo ou presentes/ausentes 2) Número mais provável (NMP) de coliformes totais por 100/mL da amostra: .... (DEPENDENDO DO MÉTODO USADO) 3) Coliformes termotolerantes OU E. coli (DEPENDENDO DO MÉTODO USADO): positivo/negativo ou presentes/ausentes 4) Número mais provável (NMP) de coliformes termotolerantes por 100/mL da amostra: .... (DEPENDENDO DO MÉTODO USADO) 5) Contagem de bactérias heterotróficas em placa pela técnica do Pour Plate: 165 UFC/mL (SE HOUVER SIDO REALIZADA NA AMOSTRA) 7) Conclusão: De acordo com a Portaria N o 518, de 25 de março de 2004/Ministério da Saúde, a água é considerada NÃO POTÁVEL do ponto de vista bacteriológico, devido à presença de coliformes totais e termotolerantes. Recife, _____________________. NOME CRIADO PELA EQUIPE NOME DO LABORATÓRIO CRIADO PELA EQUIPE Análises Bacteriológicas da Água – Calazans, Sousa e Falcão de Morais - ANO 2010 34 OBSERVAÇÕES: SUGESTÕES OU RECOMENDAÇÕES OU ALERTAS QUE O ANALISTA DESEJE ENCAMINHAR AO CLIENTE. Análises Bacteriológicas da Água – Calazans, Sousa e Falcão de Morais - ANO 2010 35 PROCEDIMENTO PARA REALIZAÇÃO DA COLETA – SUMÁRIO 1. PROCEDIMENTO PARA COLETA: Todo o cuidado, na execução de uma coleta de amostra de água deve ser tomado para que os resultados sejam confiáveis. Durante a amostragem evita- se tocar o interior do recipiente ou tampa (no caso de frasco esterilizado). Coletar um volume mínimo de 100 mL. 1.1. ETAPAS DA COLETA COM FRASCO DE VIDRO OU PLÁSTICO: a. O papel que recobre a tampa deve ser afrouxado, devendo o operador segurar a tampa, para abri-lo, sem remover o papel totalmente, deixando, entretanto, cair por não mais necessária, a tira de papel ou alumínio inserida entre o gargalo e a tampa. b. Para colher amostras no sistema distribuidor de água, escolhe-se uma torneira, abrindo-a deixa-se a água fluir em jato forte durante 3-5 minutos; depois fecha-se e realiza-se a assepsia da mesma com algodão embebido em álcool a 70 % em água. c. Em seguida com a torneira aberta moderadamente, colhe-se a amostra não esquecendo de deixar o espaço de ar para a sua homogeneização. d. Poços com bombas manuais são operados de maneira semelhante, bombeando-se por 5 minutos antes da tomada de amostra. Se o poço não tem bomba, faz-se descer o frasco esterilizado, ligado a um peso e com um dispositivo que permita abri-lo debaixo d’água. e. Existem frascos e dispositivos especiais para a coleta de amostras de água abaixo da superfície, a profundidades desejadas. 1.2. COLETA COM SACOS PLÁSTICOS ESTÉREIS: Em caso de uso de sacos plásticos estéreis, o mesmo só deverá ser aberto no momento da captação da amostra de água, sem que os dedos toquem a abertura do plástico. Abrir o saco utilizando as abas de papel na extremidade da boca do saco (puxando as abas para as laterais). Encher o saco até a marca de 100 ml. Puxar o arame da borda para fechar o saco, dobrar a borda 3 vezes, e lacrar com o auxílio do arame, fazendo o arremate da dobra nas laterais no sentido oposto às voltas realizadas na boca do saco. 2. REGISTRO DE DADOS. a. Devem ser anotadas a data e hora da coleta, temperatura da água; pH da água; localização da tomada de amostra. b. Sempre que possível, medir o teor residual de cloro, no momento da coleta. c. A descrição da localização deve ser bastante exata para que outra pessoa possa chegar ao mesmo local. Pode ainda ser de utilidade o inquérito sanitário do lugar de onde provem a amostra, para a avaliação do suprimento, anotando informações tais como profundidade de poços, tempo de seu funcionamento, proximidade de fossas, etc. 3. TRANSPORTE E TEMPO DE ESPERA: o exame deve começar o mais cedo possível, de preferência dentro de 2 horas após a coleta. No entanto, o tempo máximo decorrido entre a coleta e o exame, não deve exceder 24 horas. Se for o caso, deve-se estudar a possibilidade de realizá-lo no local da coleta. Análises Bacteriológicas da Água – Calazans, Sousa e Falcão de Morais - ANO 2010 36 Tanto quanto possível, manter a temperatura da amostra próxima a da ocasião da retirada da mesma. Pode-se manter a amostra sobre refrigeração (em torno de 4 o C se o transporte até ao laboratório exceder mais de 2 horas. Análises Bacteriológicas da Água – Calazans, Sousa e Falcão de Morais - ANO 2010 37 Referências bibliográficas. A evolução do consumo de água mineral no Brasil. Organização não governamental SOS água. Disponível em: < sosaguas.org.br/notas/aguamineral.htm>. acesso em:25 fev.2002. ANA – Agência Nacional de Água - http://www.ana.gov.br Andueza, F. 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