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04/01/2024, 12:55 Ética e legislação em publicidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02450/index.html# 1/51 Ética e legislação em publicidade Profª. Raquel Evangelista Descrição A legislação brasileira e suas relações com a ética e o exercício profissional na área de Publicidade e Propaganda. Propósito A adoção de comportamentos éticos na produção de campanhas publicitárias é essencial para a formação e o desenvolvimento da sociedade; logo, ela precisa ser avaliada por quem atua nesse setor, fazendo do conhecimento de suas questões algo imprescindível. Além disso, para o exercício profissional da publicidade e da propaganda, é fundamental conhecer a legislação concernente à área. Preparação Leia o Código de ética dos profissionais da propaganda, disponível no portal do Conselho Executivo das Normas-Padrão (CENP), e tenha em mãos o Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária (CBARP), presente no site do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar). Objetivos 04/01/2024, 12:55 Ética e legislação em publicidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02450/index.html# 2/51 Módulo 1 Ideologia, publicidade e ética pro�ssional Relacionar ideologia, publicidade e ética profissional. Módulo 2 Regulamentações pro�ssionais em publicidade Comparar as regulamentações profissionais em publicidade. Módulo 3 Conselho e código de autorregulamentação Identificar as regras do Conar em processos avaliativos de campanhas publicitárias. Discussões sobre a ética ultrapassam os limites da filosofia e dos estudos científicos. Elas marcam presença na formação de profissionais – e a publicidade está incluída nessa dinâmica, uma vez que sua capacidade persuasiva pode contribuir para mudar hábitos, influenciar a economia, criar uma imagem, promover o consumo, vender produtos e informar o consumidor. A adoção de comportamentos e valores éticos na produção de campanhas publicitárias, portanto, é essencial para a formação e o desenvolvimento de nossa sociedade. Para que haja uma conciliação entre os interesses de mercado, o atendimento de necessidades ou desejos dos consumidores e o exercício profissional ético das agências de comunicação, é preciso que os Introdução 04/01/2024, 12:55 Ética e legislação em publicidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02450/index.html# 3/51 1 - Ideologia, publicidade e ética pro�ssional Ao �nal deste módulo, você deverá ser capaz de relacionar ideologia, publicidade e ética pro�ssional. Primeiras palavras Em uma sociedade como a brasileira, em que o sistema capitalista determina as práticas econômicas, é esperado que os interesses e as ideias da elite política e econômica sobre jornada de trabalho, salários e produtividade também sejam assimilados por boa parte dos trabalhadores. Por isso, a ideologia capitalista é tida como um importante elemento legitimador das desigualdades e da dominação de um pequeno grupo sobre os demais. Partindo do pressuposto de que a obtenção de lucro é a máxima seguida pelas organizações brasileiras e de que a ideologia capitalista exerce influência sobre atitudes e comportamentos no ambiente profissional, surge, com isso, uma questão importante: como manter uma atuação ética nesse contexto de pressão por resultados? publicitários compreendam a relação entre ideologia, ética e sua prática profissional diária. 04/01/2024, 12:55 Ética e legislação em publicidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02450/index.html# 4/51 Relacionando esse contexto com a atuação publicitária, apresentaremos duas situações que servem como exemplos de tal dilema: A pressão exercida por empresas para que um produto, cujos atributos são duvidosos, seja publicizado de forma desonesta. As organizações que demandam que suas campanhas publicitárias apelem diretamente ao público infantil, mesmo sabendo que a regulamentação brasileira não permite tal abordagem. Mas, a�nal, o que é ideologia? Se ideologia é um conjunto de ideias e convicções que caracteriza o pensamento de um indivíduo ou uma sociedade, é preciso refletir sobre quais ideias têm marcado a atividade dos publicitários. O filósofo alemão Karl Marx (1818-1883) trabalhou esse conceito para evidenciar a prevalência do ideário e da cultura própria da burguesia na sociedade capitalista. O marxismo trouxe à luz uma ideologia da classe operária como uma concepção de mundo alternativa àquela imposta pelo capitalismo. 04/01/2024, 12:55 Ética e legislação em publicidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02450/index.html# 5/51 Dessa maneira, a ideologia, no sentido marxista, utiliza-se de estratégias que facilitam a sua reprodução e dominação. O uso da mídia a favor da consolidação do ideário capitalista, valendo-se, para tal, de táticas como a da legitimação de ideias a partir do uso de argumentos científicos é um testemunho disso. Exemplo Podemos citar a apresentação das vantagens dos alimentos transgênicos pelas empresas multinacionais que os desenvolvem, não dando ênfase às desvantagens e aos prejuízos eventualmente associados a eles. Ainda nesse processo relacional entre publicidade e ideologia, cabe observar que a propaganda (mais que um simples anúncio) veicula mensagens cujo objetivo final é influenciar representações ou visões de mundo de todos nós, formando o que chamamos de imaginário social. De outra forma, podemos considerar a publicidade uma ferramenta ideológica de informação, isto é, a ideologia se materializa em práticas sociais diversas, sendo uma delas a publicidade. E se a ética entrar em ação? Do grego ethos, a palavra “ética” etimologicamente também quer dizer conduta, modo de agir. No entanto, ela se distingue da moral por não ter uma função normatizadora das situações. Conhecer-se, julgar a si mesmo e condicionar-se à prática profissional são estados da consciência que dependem de vários fatores e conexões. Como o campo ético não possui uma normatização como a de uma legislação, há órgãos que estudam e propõem códigos de ética a fim de que a conduta dos profissionais não se limite ao subjetivismo. Exemplo 04/01/2024, 12:55 Ética e legislação em publicidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02450/index.html# 6/51 Um publicitário precisa criar uma campanha digital para uma empresa de cigarros. Ainda que ele não fume e se oponha veemente a esse consumo, ele terá de agir proativamente dentro da sua equipe de criação para que o resultado final atenda ao briefing do cliente. É aí que nossa conduta, como fruto da consciência, passa não só por julgamentos próprios, mas também de terceiros, tornando-se, nesse caso, genuinamente ética. Distinções entre ética e moral É importante relembrar que muitas pessoas usam os termos “ética” e “moral” como sinônimos. No entanto, ambos são conceitos diferentes. Vejamos: Moral A palavra “moral” deriva do latim mores, que significa costume. Dizemos que alguém agiu com base em princípios morais quando suas ações estão de acordo com costumes e valores de determinada sociedade. Quem não segue tais regras é, então, uma pessoa imoral, o que nos leva à conclusão de que a moral é fruto do padrão cultural vigente. Ética A ética, por sua vez, possui diferentes concepções. Uma delas é a área do conhecimento que procura estudar e explicar as regras morais existentes numa sociedade. Dessa forma, tal conteúdo pretende discutir o que é certo e o que é errado em uma visão geral sobre o mundo, ou seja, baseando-se em regras universais. A partir de 1950, foi possível notar uma crescente valorização do papel da ética nos negócios. Apesar de tal movimento ter adquirido força devido aos escândalos de corrupção, como, por exemplo, os de Watergate e Lockheed, ainda há muito por fazer – especialmente no Brasil. 04/01/2024, 12:55 Ética e legislação em publicidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02450/index.html#7/51 Complexo de Watergate - Washington, DC. Ética aplicada à publicidade A ética aplicada ao contexto do publicitário requer o domínio de conceitos e de legislações específicas. Exemplo Um profissional da área de atendimento não deve atender contas de empresas concorrentes ao mesmo tempo. Bragaglia (2017, p. 38) define que os princípios da ética publicitária precisam ter em vista os interesses do consumidor, excetuando, portanto, as agências e os anunciantes, e que os profissionais devem ter uma "postura reflexiva sobre as normas morais preexistentes no setor disseminadas culturalmente, sem intenso esforço reflexivo, quanto à revisão desses princípios morais publicitários derivada de tal reflexão”. A ética traz em si a ideia da universalidade, ou seja, a justi�cativa de uma ação não pode se dar exclusivamente em razão de interesses de um grupo social em particular. Ao emitir juízos éticos, portanto, é necessário extrapolar preferências ou aversões. Isso significa que um juízo, para ser ético, tem de ser formado a partir de um ponto de vista universal. Portanto, a ética configura uma forma de solucionar conflitos de interesses por meio de argumentos racionais de caráter universal. 04/01/2024, 12:55 Ética e legislação em publicidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02450/index.html# 8/51 [...] uma das questões mais importantes quando se trata da conceituação da ética é de que ela trata de princípios, um pensamento re�exivo sobre as normas e valores que regem as condutas humanas. Essas regras não estão acabadas ou postas em de�nitivo. A ética como ciência da moral vive num eterno pensar, re�etir e construir para o bem da humanidade. (CRISÓSTOMO, 2018, p. 25) A partir de uma atuação ética, um publicitário conseguiria resolver, por exemplo, a pressão do cliente por uma campanha desonesta. Mais do que isso, ele estaria atento a uma série de procedimentos comuns a seu dia a dia, como: • Dar créditos a imagens que não foram produzidas por si próprio; • Analisar o discurso de suas campanhas para garantir que elas sejam honestas; • Usar comerciais e outros formatos publicitários como recursos para a promoção da igualdade de gênero. Quando um publicitário produz uma peça publicitária, ele deve se preocupar com o conjunto de valores estabelecidos na sociedade, uma vez que os anúncios podem estimular uma parcela da população a determinados comportamentos (bons ou maus) apresentados por ele. 04/01/2024, 12:55 Ética e legislação em publicidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02450/index.html# 9/51 A publicidade in�uencia o consumo e a formação de um imaginário coletivo. Há uma dimensão normativa ou ética para o novo tipo de publicidade criado pela mídia? Essa questão pode parecer estranhamente antiquada para alguns. Pois já se tornou habitual em círculos de teoria social e cultural considerar a re�exão ética como uma preocupação do passado, uma expressão residual da razão legisladora que procurou – inutilmente e, em alguns casos, com desastrosas consequências – princípios universais e obrigatórios para a conduta humana. (THOMPSON, 2004, p. 223) Verifica-se, assim, a relevância desse compromisso social a ser firmado entre os publicitários e a sociedade nos dias atuais. 04/01/2024, 12:55 Ética e legislação em publicidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02450/index.html# 10/51 Código de ética Como veremos adiante, o Código de ética dos profissionais da propaganda surgiu no final dos anos 1950, já quase na década de 1960. Dada a sua necessidade de atualização, ele precisou ser revisto e atualizado cerca de 55 anos depois. Atualmente, o documento é dividido em três partes: Introdução Normas Recomendações Em seus cinco parágrafos iniciais, o Código explicita a importância ética do profissional da propaganda devido à sua influência na sociedade. Vejamos: “II - O profissional da propaganda, cônscio do poder que a aplicação de sua técnica lhe põe nas mãos, compromete-se a não utilizá-la, senão em campanhas que visam ao maior consumo dos bons produtos, à maior utilização dos bons serviços, ao progresso das boas instituições e à difusão de ideias sadias. Código de ética dos profissionais da propaganda 04/01/2024, 12:55 Ética e legislação em publicidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02450/index.html# 11/51 III - O profissional da propaganda, para atingir aqueles fins, jamais induzirá o povo ao erro; jamais lançará mão da inverdade; jamais disseminará a desonestidade e o vício.” (BRASIL, 2015) Após destacar a importância do componente ético na atividade publicitária, o Código apresenta um total de 28 pontos delimitados entre definições, normas e recomendações. A leitura atenta dele, enfim, é fundamental para a orientação das práticas profissionais. Videocases: publicidade infantil e de bebidas alcóolicas Dois exemplos de como os valores e a conscientização da sociedade mudam são os casos da publicidade infantil e das propagandas de bebidas alcóolicas. Quer conhecer os cases? Assista aqui! 04/01/2024, 12:55 Ética e legislação em publicidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02450/index.html# 12/51 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Ser ético na propaganda, além do respeito à concorrência, aos clientes e à sociedade em geral, tem a ver com a promoção de uma comunicação que não reforça preconceitos, preserva valores positivos e promove uma boa relação das pessoas com os produtos e entre elas mesmas. Identifique a narrativa ideal de um comercial publicitário para que o trabalho realizado seja considerado ético. A Um carro em alta velocidade ultrapassa sinais vermelhos, mas consegue deixar o motorista a tempo no seu local de trabalho. 04/01/2024, 12:55 Ética e legislação em publicidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02450/index.html# 13/51 Parabéns! A alternativa B está correta. A publicidade de uma boneca negra contribui para a melhoria das questões de identificação e representatividade perante a comunidade negra, caracterizando a preocupação do discurso publicitário com o combate contra o racismo e o preconceito. Além disso, a letra A está incorreta, pois estimula o comportamento perigoso na direção de trânsito. Já a C abusa da confiança de um público que, por vezes, tem dificuldade de leitura, enquanto a D estimula os adolescentes a um comportamento inapropriado de invasão à propriedade particular. Por fim, na alternativa E, os créditos de produção intelectual devem ser sempre respeitados. Questão 2 Em relação à ética e à cidadania, leia as afirmações a seguir: I. O respeito aos semelhantes e o direito a uma vida digna deverão ser relativizados numa peça publicitária quando ela tratar de pessoas condenadas pela Justiça, pois elas não possuem esses direitos. B Uma criança brinca de boneca com outras crianças em seu quarto. Após um close na cena, percebe-se que a boneca é negra. C As letras que informam os detalhes de um financiamento com condições especiais para aposentados são minúsculas e aparecem rapidamente no fim de um comercial. D Uma adolescente pula o muro de seu vizinho e deixa uma lata de Coca-Cola em cima da pia da cozinha sem que ele perceba. E Um publicitário reproduz ou usa a propriedade intelectual de outros publicitários sem a menção de crédito. 04/01/2024, 12:55 Ética e legislação em publicidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02450/index.html# 14/51 II. Sem o estabelecimento de regras de conduta, não se constrói uma sociedade democrática, pluralista por definição, nem se pode contar com referenciais para instaurar a cidadania como valor. III. Segundo o princípio da dignidade humana, que é contrário ao preconceito, toda e qualquer pessoa é digna e merecedora de respeito, não importando, portanto, sexo, idade, cultura, raça, religião, classe social, grau de instrução e orientaçãosexual. Selecione a alternativa correta: Parabéns! A alternativa E está correta. A sentença I está incorreta, pois todas as pessoas têm esses direitos, mesmo as que foram julgadas por seus delitos e estão cumprindo pena de privação de liberdade, já que a Constituição Federal prevê essa proteção. As afirmativas II e III estão corretas, porque apresentam aspectos relacionados ao direito à dignidade humana. A Todas as sentenças estão corretas. B Apenas a sentença I está correta. C Apenas a sentença II está correta. D As sentenças I e II estão corretas. E As sentenças II e III estão corretas. 04/01/2024, 12:55 Ética e legislação em publicidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02450/index.html# 15/51 2 - Regulamentações pro�ssionais em publicidade Ao �nal deste módulo, você deverá ser capaz de comparar as regulamentações pro�ssionais em publicidade. Um pouco de história A publicidade não está presente desde o início da história da comunicação no Brasil. O crescimento exponencial dos meios de comunicação de massa nos anos 1930, principalmente o rádio, fez com que o governo regulamentasse a propaganda para essa mídia. Mesmo assim, foi preciso esperar 20 anos para que surgisse o primeiro compilado de diretrizes da atividade profissional. Saiba mais Somente em outubro de 1957 surgiram as primeiras orientações formais relacionadas a essa categoria profissional: o Código de ética dos profissionais da propaganda. No caso brasileiro, então, o atual equilíbrio entre as demandas mercadológicas e a performance publicitária tem origem no final da década de 1950, quando o I Congresso Brasileiro de Propaganda definiu as normas que até hoje organizam a publicidade. Acompanhe esta linha cronológica para conhecer os diversos marcos relacionados ao tema: 1957 A A i ã B il i d 04/01/2024, 12:55 Ética e legislação em publicidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02450/index.html# 16/51 A Associação Brasileira de Agências de Propaganda (ABAP) convoca um congresso para reestruturar o setor de propaganda. 1965 Entra em vigor a Lei nº 4.580, que dispõe sobre o exercício da profissão de publicitário e de agenciador de propaganda. 1978 O CBARP é aprovado durante o 3º Congresso Brasileiro de Propaganda, realizado em São Paulo. 1980 O Conar é fundado. 1989 A ABAP reforça a ilegalidade dos bureaux e aconselha a desconstituição desses escritórios, já que eles não apresentavam o mesmo fim que as agências de publicidade e propaganda. 1996 O CENP é i d 04/01/2024, 12:55 Ética e legislação em publicidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02450/index.html# 17/51 Bureaux Empresas que compram antecipadamente grandes volumes de espaço e tempo dos veículos, vendendo-os depois para agências e clientes grandes e médios com os quais chegam a ter contratos de negociação permanente. APP Veja uma matéria da própria APP sobre o assunto na seção Explore+. Tipos de regulamentação Na atividade da publicidade, são possíveis três modelos de regulação: Regulação Determinada por diretrizes do Estado para o ordenamento e a classificação da atividade publicitária. O CENP é criado. 2014 A Associação dos Profissionais de Propaganda (APP) faz a revisão do Código originalmente lançado em 1957 por entender que novas questões éticas surgiram em função da globalização e da internet. 2021 O Conar lança um guia de publicidade para influenciadores digitais. 04/01/2024, 12:55 Ética e legislação em publicidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02450/index.html# 18/51 Autorregulação Erigida a partir de um consenso entre os profissionais da área, que determinam as principais regras e seus códigos de conduta. Híbrido Etapa em que determinadas situações não podem ser avaliadas inicialmente por um código autorregulado. Nesse caso, as legislações específicas do país são adotadas. Atenção O sistema de regulação brasileiro, conforme aponta o Conar, é misto. Há uma autorregulamentação, com o estabelecimento consensual entre o mercado, as empresas e os próprios profissionais da área, porém, além do seu Código (de autorregulação), existem inúmeras leis e outros códigos, esses sim de caráter governamental, compondo o sistema misto de regulamentação da publicidade brasileira. Principais leis Listaremos agora as principais leis que compõem o sistema misto de regulação da publicidade no Brasil: Constituição Federal/1988 • Arts. 1º; 5º, incisos IV, V, IX, XIV; 22, inciso XXIX; 220. 04/01/2024, 12:55 Ética e legislação em publicidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02450/index.html# 19/51 E, mais recentemente, duas leis de extrema importância: 1. Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) – Lei nº 13.709/2018. 2. Marco Civil da Internet (MIC) – Lei nº 12.965/2014 (estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da Internet no Brasil). Código de Defesa do Consumidor (CDC) • Lei nº 8.078/1990: Arts. 6º, 10, 30, 31, 33, 35, 36, 37, 38, 60, 63, 67 e 68. • Lei nº 14.181/2021 (que altera o CDC e o Estatuto do Idoso): Arts. 6º, XIII; 54A, 54B e 54C. Estatuto da Criança e do Adolescente • Lei nº 8.069/1990. Novo Código Civil - Lei nº 10.406/2002 • Arts. 18 e 19 - uso do nome e apelido. • Art. 20 - uso de imagem. Regulamentação da pro�ssão de publicitário • Lei nº 4.680/1965. 04/01/2024, 12:55 Ética e legislação em publicidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02450/index.html# 20/51 Além disso, há outras leis, decretos e estatutos que regulamentam: Acessibilidade; Alimentos; Comércio eletrônico; Direitos autorais; Igualdade racial; Jogos de azar; Apostas esportivas e loterias; Medicamentos; Bebidas alcóolicas. Em outros países, essa situação pode ser diferente. Vejamos três exemplos: Portugal A publicidade é regulada pelo governo, uma vez que existe um conjunto de regras jurídicas específicas. Alemanha Conta com um modelo híbrido, em que o primeiro passo é a submissão às regras propostas pelo mercado (autorregulação) para, em seguida, haver uma análise do cumprimento jurídico (regulação). Estados Unidos A regulamentação da mídia é feita por diferentes legislações e sem um consenso ou iniciativas do próprio mercado. No caso das telecomunicações (rádio, TV aberta e a cabo, internet e telefonia móvel e fixa), a regulação fica a cargo da Federal Communications Commission (FCC), agência independente do governo criada em 1934. 04/01/2024, 12:55 Ética e legislação em publicidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02450/index.html# 21/51 De olho no conteúdo De volta ao nosso histórico, criadas as diretrizes da profissão publicitária ainda em meados do século passado, faltava uma regulação sobre o conteúdo publicitário. Embora houvesse uma busca pela conduta ética do profissional, tal realidade não se aplicava ao próprio anúncio produzido. Por isso, conforme apontamos, foram criados o Conar, em 1980, e o CENP, em 1996. Esses dois conselhos partiram de entidades nacionais representativas dos principais agentes econômicos do mercado publicitário brasileiro. Sobre a história do Conar, é importante lembrar que, nos anos 1960, o Brasil passava por momentos de tensão. A aprovação da Constituição de 1967 (que buscava legalizar o regime militar) e das leis de imprensa e de segurança nacional acabaram garantindo ao então presidente Artur da Costa e Silva poderes quase ilimitados, formalizando a ditadura iniciada por um golpe militar três anos antes. Na década de 1970, houve censura a vários dos principais veículos comunicativos do país. Aqueles que faziam tentativas de burlá-la ou que se manifestavam contra a ditadura quase sempre eram perseguidos pelos órgãos repressivos. Na mesma época, o governo federal fez ameaças da promulgação de uma lei de censura prévia à publicidade, em que todo tipo de propaganda comercial no Brasil precisaria ser submetido à avaliação de umórgão do governo antes de ser veiculado. Para evitar a intervenção do governo militar – e inspirados no modelo inglês de autorregulação –, os signatários do CBARP fundaram o Conar em 1980. A ideia era preservar a liberdade de expressão comercial e a defesa dos interesses das partes envolvidas no mercado – até mesmo os do 04/01/2024, 12:55 Ética e legislação em publicidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02450/index.html# 22/51 consumidor. Desse modo, o grupo convenceu as autoridades federais a abandonar o projeto da censura e confiar aos publicitários a possibilidade de autorregulação. Atualmente, a entidade afirma, em seu site institucional, que tem a missão de “impedir que a publicidade enganosa ou abusiva cause constrangimento ao consumidor ou a empresas e defender a liberdade de expressão comercial” (BRASIL, 2021). A seção Decisões do site do Conar traz estatísticas significativas a respeito da atuação do conselho nos últimos 20 anos. É possível acompanhar a “evolução” dos casos, os tipos de reclamação e em que veículos eles estão concentrados, além de outras informações. Vejamos: Gráfico 1: Tipos de queixa 2010 Extraído de: Conar – Código brasileiro de autorregulamentação publicitária. Gráfico 2: Tipos de queixa 2015 Extraído de: Conar – Código brasileiro de autorregulamentação publicitária. Gráfico 3: Setores envolvidos 2016 Extraído de: Conar – Código brasileiro de autorregulamentação publicitária. 04/01/2024, 12:55 Ética e legislação em publicidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02450/index.html# 23/51 Gráfico 4: Setores envolvidos 2018 Extraído de: Conar – Código brasileiro de autorregulamentação publicitária. Gráfico 5: Setores envolvidos 2020 Desde 2016, por exemplo, o conselho vem incluindo nessas estatísticas a representatividade de queixas por mídia. Não espanta que a internet responda pela imensa maioria das reclamações. Em 2016, ela era responsável pelos seguintes percentuais dos processos instaurados: Gráfico de percentual de reclamações relacionadas à propaganda na internet Extraído de: Conar - Código brasileiro de autorregulamentação publicitária. Em 2015, o setor com a maior porcentagem de processos era o de alimentação, refrigerantes e sucos (19%), seguido por medicamentos e cosméticos (18%) e bebidas alcoólicas (16%). Três anos depois, a ordem era a mesma, ainda que com leves variações nas proporções: 17%, 16% e 12%, respectivamente. Em 2020, processos contra medicamentos e cosméticos alcançaram praticamente a mesma proporção: cerca de 16% dos processos se 04/01/2024, 12:55 Ética e legislação em publicidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02450/index.html# 24/51 concentraram na indústria alimentícia, enquanto as reclamações no setor de bebidas alcóolicas ficavam levemente atrás (15,6%). Atenção Tais números não significam necessariamente que esses setores sejam menos éticos do que outros. Afinal, como o número total de publicidade nessas áreas é maior, a quantidade de reclamações também deve ser superior. O Conar possibilita que o consumidor reclame de peças publicitárias específicas veiculadas por meio dos veículos de comunicação. Mas como as reclamações chegam até ele? Há duas maneiras de uma reclamação ser feita no Conar: 1. Aquela realizada, na maioria das vezes, por empresas anunciantes, que questionam as campanhas de seus concorrentes. Na ocasião, constituem advogado para elaborar uma representação formal, a qual, por sua vez, é encaminhada e posteriormente julgada pelos conselheiros integrantes do conselho de ética do Conar; 2. Por meio do site na internet, aberto ao público em geral, que pode escrever sua reclamação de maneira bastante informal para que, em seguida, o próprio conselho formule uma denúncia a ser encaminhada e julgada. Tudo é perfeito? Não, infelizmente. Embora o Conar tenha uma composição bastante pluralista (anunciantes, agências de publicidade, veículos de comunicação, editores de jornal e revista e representantes civis), não se pode negar que sua raiz no mercado anunciante contribui para que, de certa forma, exista um atendimento especial desse mercado. Nas palavras de Eugenio Bucci, jornalista e importante pesquisador da ética na comunicação brasileira: Sem dúvida, a prática pioneira do Conar tem muito a ensinar aos comunicadores, 04/01/2024, 12:55 Ética e legislação em publicidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02450/index.html# 25/51 mas não se pode esperar que o órgão dê todas as respostas. Sendo uma entidade enraizada no mercado anunciante, representa os interesses desse mercado. É uma parte [dele], portanto. Nesse sentido, quando combate desvios ou abusos de alguns anúncios – e efetivamente os combate –, ele o faz para proteger, mais do que a sociedade em geral, a credibilidade da propaganda, ou, em outras palavras, para proteger o negócio da propaganda contra seus abusos. (BUCCI, 2000, p. 1) Embora algumas iniciativas do Conar para tornar mais rígidas suas normas possam ser destacadas, o órgão ainda não dá conta de equilibrar a demanda social por regulação. As regras de autorregulamentação, a�nal, costumam ser bem mais amenas que as determinações legais. Outro ponto de imperfeição diz respeito à forma com que as denúncias são feitas. Como já apontamos, existem diferenças de representação legal nesse processo. Por conta disso, verifica-se uma desigualdade entre as demandas propostas por advogados ou pessoas jurídicas e 04/01/2024, 12:55 Ética e legislação em publicidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02450/index.html# 26/51 aquelas provocadas pelos consumidores em geral, o que pode resultar em uma substantiva diferença de julgamento. Além disso, poucos são os consumidores cientes da possibilidade de denunciar peças publicitárias para o Conar, tendo em vista o atual cenário brasileiro de Educomunicação. A esse respeito, vejamos: “[...] tem como meta educar criticamente para a leitura dos meios de comunicação e, nesse ponto, encontra-se envolvida com as instituições de ensino, pois é nelas que se supõe que o indivíduo adquire instrumentos capazes de fazê-lo olhar o mundo sob um olhar crítico, tornando-o assim um cidadão ativo, que exerce seus direitos e deveres frente à sociedade da qual participa. Com a internet e o acesso mais fácil à informação, a seleção dos conteúdos a serem consumidos tornou-se mais difícil (e necessária) e, assim, a criticidade em relação ao consumo midiático assumiu caráter indispensável. Uma das ideias centrais da Educomunicação ressalta exatamente a necessidade de tornar o olhar do receptor um olhar crítico, incluindo-se aqui a produção publicitária.” (GAIA, 2001, p. 15) O que é o CENP? Mantido exclusivamente pelo setor privado, o CENP procura assegurar práticas comerciais éticas entre os seguintes atores do mercado publicitário: Educomunicação 04/01/2024, 12:55 Ética e legislação em publicidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02450/index.html# 27/51 Anunciantes Entidade, firma, sociedade ou indivíduo que utiliza a propaganda. Exemplo: Omo, Coca-Cola e Samsung. Agências de publicidade e propaganda Empresas organizadas para exercer as funções definidas pela ABAP, tais agências realizam a propaganda para o cliente e promovem negócios para os veículos de propaganda, que as reconhecem como tal e pagam uma comissão para elas. Exemplo: AlmapBBDO, Artplan e Ogilvy. Veículos de comunicação São jornais, revistas, estações de rádio e TV, exibidores de cartazes e outras entidades que recebem autorizações e 04/01/2024, 12:55 Ética e legislação em publicidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02450/index.html# 28/51 divulgam a propaganda segundo os preços fixados em suas tabelas. Exemplo: Grupo Globo, Rádio CBN e Editora Abril. Nesse contexto, é importante que você conheça duas funções exercidas pelos profissionais de comunicação que se relacionam diretamentecom os aspectos regulatórios da área: Representantes de veículos São organizações especializadas ou indivíduos que cuidam dos interesses dos seus representados – em geral, sediados em outras praças –, dos quais recebem remuneração e para os quais também contratam propaganda. Corretor É o indivíduo registrado no veículo que funciona como intermediário da publicidade remunerada, estando sujeito à disciplina e à hierarquia dele. O CENP (2021) tem como premissa “fomentar a livre e leal concorrência, auxiliando na compreensão e incentivando a conformidade (compliance) às normas legais e de autorregulação”. Ele também busca incentivar a qualidade técnica no atendimento de anunciantes e atua como fórum permanente de discussão técnico-comercial da área publicitária. Uma relação delicada Antes mesmo de a publicidade chegar ao público, outras questões éticas e legais já estavam em jogo nesse mercado. Quer conhecer as relações entre importantes atores sociais do setor publicitário? Assista ao vídeo a seguir. 04/01/2024, 12:55 Ética e legislação em publicidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02450/index.html# 29/51 04/01/2024, 12:55 Ética e legislação em publicidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02450/index.html# 30/51 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 O Conar é considerado um órgão Parabéns! A alternativa D está correta. A alternativa A está errada, porque o Conar não é um órgão público. A sentença B está errada por ele não estar ligado a qualquer Ministério e também por orientar a prática profissional em todas as mídias (e não apenas TV e rádio). Já a C está errada, pois a entidade não é de cunho jurídico. Finalmente, a letra E está incorreta, já que o Conar tem sua atuação em âmbito nacional. Questão 2 A regulação da publicidade e da propaganda no Brasil A público federal que se ocupa da regulamentação da mídia brasileira. B do Ministério das Comunicação com a função específica de regulamentar a publicidade na TV e no rádio. C do sistema judiciário com o objetivo de fiscalizar a publicidade e a propaganda brasileira. D de autorregulamentação publicitária em todo o país. E de regulação publicitária federado. 04/01/2024, 12:55 Ética e legislação em publicidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02450/index.html# 31/51 Parabéns! A alternativa E está correta. A autorregulação no Brasil não surge em função das necessidades de consumidores ou de empresas concorrentes. Atualmente, o Conar e o CENP são os principais órgãos reguladores, sendo eles formados por uma variedade de atores sociais, e não apenas por anunciantes e veículos. Com isso, a alternativa correta é a letra E por ela trazer o histórico de proteção à liberdade da atividade publicitária de forma coletiva. A surge a partir de demandas dos próprios consumidores, que não se veem representados em peças publicitárias. B teve seu início na discussão entre empresas concorrentes que buscavam legitimar suas práticas a fim de que todas tivessem as mesmas condições de disputa. C conta atualmente apenas com o Conar como órgão regulador, tendo ele surgido no contexto da ditadura militar, na década de 1970. D conta com o CENP e o Conar como órgãos reguladores, ambos formados apenas por anunciantes e veículos de comunicação. E é resultado de uma iniciativa coletiva para proteger a liberdade de produção no contexto da ditadura militar e que, desde então, vem se aperfeiçoando por meio do CENP e do Conar. 04/01/2024, 12:55 Ética e legislação em publicidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02450/index.html# 32/51 3 - Conselho e código de autorregulamentação Ao �nal deste módulo, você deverá ser capaz de identi�car as regras do Conar em processos avaliativos de campanhas publicitárias. Autorregulamentação Transcorridos mais de 40 anos, o Conar mantém os preceitos básicos fundantes que definem a ética na produção publicitária: • Honestidade. • Respeito. • Responsabilidade social. • Responsabilidade da cadeia de produção. • Respeitar a leal concorrência. • Respeitar a atividade publicitária. Seu Código está dividido em 5 capítulos e 22 anexos, sendo cada um deles destinado às áreas do consumo. Além dele, em 2021, foi lançado também o Guia de publicidade por influenciadores digitais. Princípios gerais do Código O capítulo II do Conar está dividido em 12 seções, as quais, de forma geral, incluem todos os princípios que devem nortear a atividade profissional dos publicitários no Brasil. Veremos cada um deles a seguir. 04/01/2024, 12:55 Ética e legislação em publicidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02450/index.html# 33/51 Comentário Tente se lembrar de comerciais de TV, de anúncios impressos ou de outdoors que você considere problemáticos segundo as disposições incluídas nessas 12 seções. Respeitabilidade Valoriza a dignidade humana, combate qualquer forma de preconceito e garante que não haja indução à atividade ilegal. Decência Prestigia os valores morais e combate as afirmações que ofendem a decência. Honestidade Garante que a confiança do consumidor não seja abusada, ou seja, anúncios não podem explorar a falta de experiência ou de conhecimento da audiência. Medo, superstição e violência Os anúncios não podem apresentar qualquer indício de que medo e superstições sejam explorados como apelo de venda, nem tampouco incitar a violência. 04/01/2024, 12:55 Ética e legislação em publicidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02450/index.html# 34/51 Apresentação verdadeira Dividida em oito parágrafos, esta seção garante que as informações prestadas acerca do produto ou do serviço publicizado sejam absolutamente verdadeiras. As marcas devem estar em prontidão para prestar quaisquer esclarecimentos técnicos sobre ambos. Identi�cação publicitária O anúncio precisa ser claramente distinguido como tal, não podendo se passar por matéria jornalística, por exemplo. A única exceção seria a chamada publicidade subliminar. Publicidade comparativa Registra oito condições para que a publicidade comparativa entre duas marcas atuantes no mesmo setor, ou seja, concorrentes, seja aceita. Parte-se do princípio de que seu objetivo seja o esclarecimento e a defesa dos direitos do consumidor. Segurança e acidentes Registra as cinco condições em que os anúncios relacionados a tal tema são condenados: manifestação de descaso pela segurança; uso perigoso de produtos; ausência de menções a cuidados especiais no uso de produtos; bilid d d t i id d i i 04/01/2024, 12:55 Ética e legislação em publicidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02450/index.html# 35/51 responsabilidade de terceiros; e cuidados especiais no uso de produtos especificamente por crianças e terceira idade. Proteção da intimidade Indica que todas as imagens ou citações de pessoas vivas tenham a autorização prévia de uso, bem como o respeito à propriedade privada e à dignidade da pessoa humana e à família. Poluição e ecologia Garante que os anúncios valorizem a proteção ambiental e a qualidade de vida, destacando a necessidade de veracidade e exatidão nas informações prestadas. Crianças e adolescentes Dividida em cinco itens e dois parágrafos especiais, esta seção define que a publicidade e a propaganda devem ser coadjuvantes no processo de formação de cidadãos. Há um especial destaque para o fato de que nenhum anúncio pode se dirigir de forma imperativa às crianças. Direito autoral e plágio R f ó i L i º 9 610/1998 (L i d Di it 04/01/2024, 12:55 Ética e legislação em publicidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02450/index.html# 36/51 O conteúdo das 12 seções do capítulo II serve de base para todas as outras orientações encontradas no próprio Código. Ele ainda é complementado por três capítulos: Capítulo III Trata das categoriasespeciais de anúncio; por serem regras especiais, a entidade optou por tratá-las como anexos. Capítulo IV Determina que o anunciante terá de assumir total responsabilidade por sua publicidade, ainda que utilize serviço de agências de comunicação. Capítulo V Registra as penalidades cabíveis às empresas que desrespeitarem as regras instituídas pelo Código. Publicidade enganosa versus abusiva A princípio, poderíamos imaginar que a publicidade enganosa e a abusiva significariam a mesma coisa. Mas há, segundo o Código de Defesa do Consumidor (CDC), uma diferença conceitual significativa entre os dois termos. Observemos: “Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva. §1º É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente Reforça a própria Lei nº 9.610/1998 (Lei de Direito Autoral), buscando manter o respeito aos direitos autorais envolvidos na atividade publicitária, inclusive de intérpretes e de reprodução das mais diversas formas de conteúdo. Artigo 37 do CDC 04/01/2024, 12:55 Ética e legislação em publicidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02450/index.html# 37/51 falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços. §2º É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança. §3º Para os efeitos deste código, a publicidade é enganosa por omissão quando deixar de informar sobre dado essencial do produto ou serviço.” (BRASIL, 1990, art. 37) É importante entender a diferença entre ambas: Propaganda enganosa Sugere que o consumidor adquire algo sem ter a clareza sobre as especificidades do produto, incluindo o real valor do produto anunciado, o que pode lhe causar um prejuízo econômico. Propaganda abusiva É aquela que releva aspectos morais e éticos estabelecidos na sociedade brasileira. Trata-se da propaganda que, mesmo com uma clara apresentação do produto – logo, honesta –, pode ferir aspectos relativos a determinados valores da sociedade. Na história da publicidade, aspectos morais sobre a representação da sociedade já foram mais relativizados. Entretanto, tal preocupação dos profissionais da propaganda apenas reflete o mesmo interesse – superior àquele apresentado há algumas décadas – que a sociedade tem por esse assunto. Esses aspectos da propaganda abusiva já foram mais relativizados na história da publicidade; contudo, nos últimos anos, tem havido uma expressiva preocupação em relação ao modo de representar a sociedade pela publicidade. Esse é o caso da fabricante de cervejas Budweiser. 04/01/2024, 12:55 Ética e legislação em publicidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02450/index.html# 38/51 Estudo de caso A década de 1950, nos Estados Unidos, ficou conhecida como a era de ouro, marcada pelo estabelecimento da área de marketing e pelo início de uma revolução sobre o modo como os produtos eram vendidos aos consumidores. O problema é que os anos 1950 e 1960 da publicidade foram extremamente machistas, reproduzindo tipicamente o que era a sociedade daquele tempo. De frases como "Até uma mulher pode abrir isso?" para anúncios em que um homem batia em uma mulher ou a usava como tapete de sala, a publicidade vigente mostrava uma mulher submissa ao marido, estando obrigada a, além de inúmeras atribuições domésticas, agradá-lo incondicionalmente. 04/01/2024, 12:55 Ética e legislação em publicidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02450/index.html# 39/51 Peça publicitária das Calças Dracon nos anos 1960. Nesse contexto, surgiria um caso muito interessante relacionado à marca de cerveja Budweiser. Na era de ouro norte-americana, a empresa criou diversos anúncios que seriam considerados ofensivos na atualidade. Atenta às questões sociais que permeiam nossas discussões morais e a fim de não perder clientes ou ser boicotada, a Budweiser, em parceria com a campanha #SeeHer (que luta pela representação adequada da mulher na publicidade), refez suas campanhas dos anos 1950, redesenhando anúncios e reescrevendo suas frases de efeito. 04/01/2024, 12:55 Ética e legislação em publicidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02450/index.html# 40/51 Anúncio da Budweiser de 1956 nas versões original e recriado, respectivamente. O anúncio original falava que a mulher havia casado com "dois homens", pois o marido sempre tem um "eu interior", e que uma Budweiser era a maneira de agradá-lo. Na imagem, o marido chega de viagem enquanto ela o espera com uma grinalda. Na recriação de 2019, o anúncio dizia: "Ela descobriu que tem tudo". Dessa vez, havia três amigas no bar esperando-a. Afinal, nem tudo se resume a casamento. Anúncio da Budweiser de 1958 nas versões original e recriado, respectivamente. No anúncio de 1958, porém, a frase foi mantida: "Onde há vida, há Bud". A diferença crucial está na própria imagem. Enquanto a vida com uma Budweiser nos anos 1950 era restrita ao homem (enquanto ele martela, a esposa serve a gelada), em 2019 a coisa ficou mais simples: junto, o casal passava a curtir a cerveja. 04/01/2024, 12:55 Ética e legislação em publicidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02450/index.html# 41/51 Anúncio da Budweiser de 1962 nas versões original e recriado, respectivamente. Nessa recriação do anúncio de 1962, a mulher que espera o marido em casa com o jantar pronto se transforma, na recriação do anúncio, em outra que, mesmo solteira, também é feliz. Afinal, ela tem tudo: uma cerveja, uma comida chinesa entregue via delivery e um cachorro fofo. Atenção As últimas três décadas foram de muitas alterações nas delimitações regulatórias da atividade publicitária, seja pela perspectiva das representações sociais, seja por uma maior regulação advinda das leis que delimitavam a forma de se fazer publicidade. Qualquer profissional da área precisa compreender as legislações em relação à publicidade infantil, à de bebidas e à de medicamentos, assim como no tocante ao entendimento sobre os estereótipos e, portanto, à representação de grupos minoritários. Sobre as promoções comerciais no Brasil Outra área de grande importância e preocupação ética na publicidade é a veiculação de promoções comerciais. Consideradas a “distribuição de prêmios a título de propaganda” (BRASIL, 2021), tais ações têm legislação própria, incluindo a exigência de autorização para ser realizada. Desse modo, elas requerem uma documentação a ser apresentada – até mesmo a prestação de contas ao final. 04/01/2024, 12:55 Ética e legislação em publicidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02450/index.html# 42/51 Promoção Retornável Todo Dia, da Coca-Cola. Órgãos envolvidos em tal processo, a Caixa Econômica Federal (CEF), a Superintendência de Seguros Privados (Susep) e a Secretaria de Acompanhamento Fiscal, Energia e Loteria (Sefel) têm suas formas de agir indicadas pelas seguintes leis: • Lei nº 5.768/1971, que estabelece o marco legal para as promoções comerciais. • Decreto nº 70.951/1972. • Portaria nº 41/2008. Nesse momento, você deve estar se perguntando: quem faz o quê? Vejamos: Quanto às promoções comerciais realizadas por instituições financeiras, a autorização e a fiscalização dessas atividades competem à Sefel. 04/01/2024, 12:55 Ética e legislação em publicidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02450/index.html# 43/51 Em casos de títulos de capitalização, a regulação fica a cargo da Susep. Para todos os demais casosde promoções comerciais e filantrópicas, a autorização e a fiscalização são responsabilidade da CEF. Há inclusive penalidades para as empresas ou as agências de comunicação que descumprirem a legislação. As penas podem variar da cassação de autorização, com a possível proibição da distribuição de prêmios pelo prazo de até dois anos, a uma multa de até 100% do valor dos prêmios. Saiba mais Há seis modalidades de promoções, mas três delas são as mais comuns: sorteio, vale-brinde e concurso. Sorteio Modalidade de promoção comercial na qual são emitidos, em séries de, no máximo, cem mil números, elementos sorteáveis numerados, distribuídos concomitante, aleatória e equitativamente, e cujos contemplados são definidos com base nos resultados das extrações da Loteria Federal ou na combinação de números desses resultados. 04/01/2024, 12:55 Ética e legislação em publicidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02450/index.html# 44/51 Vale-brinde Modalidade de promoção comercial na qual a forma de contemplação é instantânea, em que o brinde é colocado no interior do produto ou dentro do respectivo envoltório. Concurso Modalidade de promoção comercial mediante concurso de previsões, cálculos, testes de inteligência, seleção de predicados ou competição de qualquer natureza. A única exceção ao pedido de autorização são as promoções de ordem cultural, cuja base consta no artigo 30 do Decreto nº 70.951/1972: Independe de autorização a distribuição gratuita de prêmios em razão do resultado de concurso exclusivamente cultural, artístico, desportivo ou recreativo, desde que não haja subordinação a qualquer modalidade de álea [sorte] ou pagamento pelos concorrentes, nem vinculação destes ou dos contemplados à aquisição ou uso de qualquer bem, direito ou serviço. (BRASIL, 1972, art. 30) 04/01/2024, 12:55 Ética e legislação em publicidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02450/index.html# 45/51 São exclusivamente culturais, assim, os concursos cuja vitória e a consequente premiação se devem exclusivamente ao mérito. Exemplo Podemos citar concursos literários, cinematográficos, provas esportivas e gincanas. Videocases: meio ambiente e medicamentos Quer conhecer casos concretos e superatuais? Assista aos videocases sobre a questão do meio ambiente e a propaganda de medicamentos. 04/01/2024, 12:55 Ética e legislação em publicidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02450/index.html# 46/51 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Assinale o tema que ainda não é regulamentado pelo Conar. A Marco Civil da Internet. B Publicidade comparativa. C Infância e adolescência. D Poluição e ecologia. E Direito autoral e plágio. 04/01/2024, 12:55 Ética e legislação em publicidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02450/index.html# 47/51 Parabéns! A alternativa A está correta. Apesar de tratar da proteção da intimidade, o Código de autorregulamentação do Conar não trata da privacidade em relação à proteção de dados, assunto regulamentado pelo Marco Civil da Internet. O Capítulo II do Código versa sobre respeitabilidade, decência, honestidade, medo, superstição e violência, apresentação verdadeira, identificação publicitária, publicidade comparativa, segurança e acidentes, poluição e ecologia, crianças e adolescentes, direito autoral e plágio. Questão 2 Sobre a propaganda enganosa e a abusiva, considere as asserções e a relação entre elas. I. Considerando o Código de Defesa do Consumidor (CDC), fica evidenciado que os termos “publicidade enganosa” e “publicidade abusiva” são sinônimos... Porque II. Tanto a propaganda enganosa quanto a abusiva, além de induzir o consumidor a se comportar de forma perigosa, omitem informações relevantes do produto. A respeito dessas asserções, assinale a opção correta. A As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I. B As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I. C A asserção I é uma proposição verdadeira; a II, uma proposição falsa. D A asserção I é uma proposição falsa; a II, uma proposição verdadeira. 04/01/2024, 12:55 Ética e legislação em publicidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02450/index.html# 48/51 Parabéns! A alternativa E está correta. Existe uma diferença conceitual entre esses termos. Considerando o CDC, na publicidade enganosa existe a omissão de informação referente a um elemento importante do produto, o que pode causar prejuízo ao consumidor que adquiri-lo. Na abusiva, há violação de aspectos morais, podendo induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial e até mesmo perigosa em relação à sua saúde ou à sua segurança. Considerações �nais Começamos nossa caminhada pelos três módulos deste texto refletindo sobre as diferenças conceituais entre moral e ética e como elas se relacionam com a noção de ideologia e a prática profissional. Vale lembrar que as questões éticas sempre permearam as condutas humanas. A mensagem que a propaganda irradia pelos meios de comunicação pode fazer com que a população adquira produtos que sequer estavam em sua mente. Porém, para evitar abusos por parte das agências de propaganda a seus clientes, a questão ética tem de ser acompanhada e fiscalizada – e essa é a função do CENP e do Conar. Tal discussão norteia o mercado publicitário, e ela envolve as empresas anunciantes, as agências, os veículos, os órgãos reguladores e a própria sociedade. Conhecemos ainda o processo de autorregulação da publicidade brasileira e os órgãos que participaram desse processo, os já mencionados CENP e Conar. Por fim, aprofundamos nosso conhecimento acerca da legislação e de certas normas específicas do Conar. Podcast E As asserções I e II são proposições falsas. 04/01/2024, 12:55 Ética e legislação em publicidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02450/index.html# 49/51 Agora, com a palavra a professora Raquel Evangelista, apresentando questões práticas sobre o conteúdo estudado. Vamos ouvir! Explore + Leia este artigo: SILVA, L. M. M. G. da; TARSITANO, P. R. A relação agência-cliente: a ética na ótica do atendimento de publicidade. XXIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. Brasília. set. 2006. Veja como os autores abordam a questão ética relacionada ao processo de atendimento nas agências de publicidade. Assista aos seguintes vídeos no YouTube: EBC NA REDE. Entenda o que é regulação da mídia. Publicado em: 28 set. 2015. GRANDES NOMES DA PROPAGANDA. APP apresenta primeira revisão do Código de ética dos profissionais de propaganda. Publicado em: 9 jun. 2014. Acesse estas páginas: Biblioteca virtual do CENP Faça download do livro Compliance e proposições éticas na autorregulação da publicidade e observe com especial atenção o conteúdo sobre as relações tanto entre agências e veículos quanto entre agências e anunciantes para, em seguida, refletir sobre as dicas listadas. Conar No menu do site, escolha a opção Código e, em seguida, Guia de 04/01/2024, 12:55 Ética e legislação em publicidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02450/index.html# 50/51 influenciadores para o download do Guia de publicidade por influenciadores digitais. Leia-o com atenção, pois, com o crescimento no número de influenciadores digitais, é fundamental que você conheça as orientações da entidade a respeito desse campo de atuação. Ouça este podcast: SILVA, C. Ética criativa. Anchor. Consultado na internet em: 16 set. 2021. Camile Silva aborda o tema da criatividade e da ética na atuação profissional do publicitário. Referências BACCEGA, M. A. Comunicação/educação: apontamentos para discussão. Comunicação, mídia e consumo. v. 1. n. 2. 2004. p. 119-138. BRAGAGLIA, A. P. Ética na publicidade: por uma nova sociedade do consumo. Rio de Janeiro: Multifoco, 2017. BRASIL. Conar. Códigobrasileiro de autorregulamentação publicitária. Consultado na internet em: 16 set. 2021. BRASIL. Decreto nº 70.951, de 9 de agosto de 1972. Regulamenta a Lei nº 5.768, de 20 de dezembro de 1971, que dispõe sobre a distribuição gratuita de prêmios, mediante sorteio, vale-brinde ou concurso, a título de propaganda, e estabelece normas de proteção à poupança popular. BRASIL. Lei nº 5.768, de 20 de dezembro de 1971. Abre a legislação sobre distribuição gratuita de prêmios, mediante sorteio, vale-brinde ou concurso, a título de propaganda, estabelece normas de proteção à poupança popular, e dá outras providências. BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências. BRASIL. Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. BRASIL. Portaria nº 41, de 19 de fevereiro de 2008. Regulamenta a distribuição gratuita de prêmios a título de propaganda, quando efetuada mediante sorteio, vale-brinde, concurso ou modalidade assemelhada, a que se refere à Lei nº 5.768, 20 de dezembro de 1971, e o Decreto nº 70.951, de 9 de agosto de 1972. 04/01/2024, 12:55 Ética e legislação em publicidade https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02450/index.html# 51/51 BRASIL. Secretaria Especial de Comunicação Social. Código de ética dos profissionais da propaganda. Publicado em: 7 jan. 2015. BUCCI, E. Sobre ética e imprensa. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. CONSELHO EXECUTIVO DAS NORMAS-PADRÃO. CENP. Consultado na internet em: 16 set. 2021. CRISÓSTOMO, A. L. Ética. São Paulo: ABDR. 2018. GAIA, R. V. Educomunicação & mídias. 1. ed. Ufal, 2001. THOMPSON, J. B. A mídia e a modernidade: uma teoria social da mídia. Petrópolis: Vozes, 2004. Material para download Clique no botão abaixo para fazer o download do conteúdo completo em formato PDF. Download material O que você achou do conteúdo? Relatar problema javascript:CriaPDF()
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