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Aula 07 AFRFB 2009 DIREITO PREVIDENCIARIO

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Aula VII: Recolhimento Fora do Prazo, Juros, Multa e Atualização 
Monetária e Obrigações Acessórias 
 
1 – Recolhimento Fora do Prazo 
 
V. Lei n° 8.212/91, art. 34 e 35. V. RPS, art. 238 a 246. 
 
Freqüentemente nos deparamos no Edital do concurso com a estranha 
previsão dos “consectários legais”. Ora, o que seria isso? São as 
“conseqüências legais”, isto é, os valores de juros e multa cobrados em 
razão do recolhimento em atraso. Atualmente, não há correção 
monetária. A correção monetária visava, somente, a manutenção do 
valor frente à inflação, mantendo o poder de compra. 
Pessoalmente, acredito que este tema tenha perdido muito de sua 
importância, pois não mais existe uma regra específica de juros e multa 
para contribuições previdenciárias, caindo, hoje, na regra geral dos 
tributos federais, em razão da MP 449/08. 
Por isso, o tema passa a ser periférico para o direito previdenciário, mas 
recomendo, ao menos, uma leitura atenta. 
 
Pois bem, vamos aos juros! 
Uma empresa ou segurado que deixam de recolher as contribuições 
devidas no prazo, além do descumprimento da lei, obtém 
uma vantagem financeira, pois ficam com um dinheiro que já 
deveria ter sido repassado ao Poder Público. 
Isto é, tais pessoas têm uma vantagem financeira “às custas” do 
sistema previdenciário. Por isso, quando finalmente fazem o 
recolhimento, devem efetuá-lo com um valor maior, por causa da 
disponibilidade financeira maior que tiveram. 
A idéia é similar ao indivíduo que vai pedir um dinheiro emprestado no 
Banco. Ora, como a pessoa remunera o Banco pelo empréstimo? Por 
meio de pagamento de juros, que são o mecanismo de remuneração 
de capital (você também, quando deixa seu dinheiro aplicado em 
um Banco, ganha juros). Alguns doutrinadores insistem em fazer 
distinções entre juros moratórios, compensatórios ou ainda 
remuneratórios, mas, para nosso estudo, podemos ignorar esta 
distinção. 
Basta você saber que os juros de mora são cobrados das empresas ou 
segurados em atraso, independente do motivo. 
 
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Agora, vejam bem, como disse antes, as empresas ou segurados que 
recolhem em atraso também descumprem a lei e, por isso, sofrem uma 
sanção. 
Como se sabe, toda vez que há um descumprimento de algum preceito 
legal, há, como conseqüência, uma sanção, uma punição imposta ao 
infrator. No caso de recolhimento em atraso, a sanção punitiva é 
de natureza pecuniária, isto é, uma multa. 
Então vejam, a empresa ou segurado que recolhe em atraso, 
além de pagar juros de mora, pela vantagem financeira “às custas” da 
previdência social, também deve arcar com a multa de mora, por causa 
do descumprimento da lei, que determinava o recolhimento da 
contribuição em determinado tempo. 
A expressão “de mora” resulta do fato do recolhimento do atraso das 
contribuições, em razão da “demora” do mesmo. 
De acordo com a legislação, as contribuições sociais e outras 
importâncias arrecadadas pela Receita Federal do Brasil, incluídas 
ou não em auto-de-infração, pagas com atraso, objeto ou não de 
parcelamento, ficam sujeitas aos juros equivalentes à taxa referencial 
do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia - SELIC, a que se 
refere o art. 13 da Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995, incidentes 
sobre o valor devido, e multa de mora, todos de caráter irrelevável. 
Perceba que há previsão de cobrança de acréscimos legais em razão de 
pagamento de valores em atraso “incluídos ou não em auto-de-
infração”, ou seja, objeto ou não de lançamento de ofício. A 
idéia é que mesmo um recolhimento espontâneo dará azo à 
cobrança de juros e multa. 
A questão é problemática, vacilando o Judiciário sobre o tema. Mais 
recentemente, o STJ editou súmula dispondo que o benefício da 
denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a lançamento 
por homologação regularmente declarados, mas pagos a destempo 
(súmula 360). Ou seja, é reforçada a posição do Fisco, que não admite 
a dispensa da multa demora, ainda que recolhido espontaneamente. 
Naturalmente, tal interpretação deve ser flexibilizada em 
algumas hipóteses, em especial na situação de “consulta fiscal”, quando 
feita antes do vencimento do tributo, a qual suspende a cobrança de 
eventuais acréscimos legais. 
Entendidas estas premissas teóricas, podemos então verificar como 
são calculados os juros de mora e a multa de mora. Começaremos pelos 
juros. 
 
 
 
1.1 – Juros de Mora 
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De acordo com o art. 35 da Lei nº. 8.212/91, com a redação dada pela 
MP nº. 449/08, as contribuições sociais previdenciárias em atraso, 
incluindo as instituídas a título de substituição e das contribuições 
devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não 
pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de 
mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei nº. 9.430, de 1996. 
Ou seja, a nova redação legal acaba com as regras diferenciadas de 
consectários legais para as contribuições previdenciárias, que seguem a 
regra geral para os tributos federais como um todo, previstas na Lei nº. 
9.430/96. 
Na parte referente aos juros, o dispositivo legal citado prevê que a 
contribuição em atraso arcará com juros equivalentes à taxa referencial 
do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC, para títulos 
federais, acumulada mensalmente, calculados a partir do primeiro dia 
do segundo mês subseqüente ao do encerramento do período de 
apuração até o último dia do mês anterior ao do pagamento e de um 
por cento no mês do pagamento. 
A SELIC é a central de negociação de títulos públicos em mercado 
secundário, sendo sua taxa parâmetro para a fixação de todas as 
demais taxas de juros. Por isso, foi adotada como referencial para a 
cobrança de juros de mora. 
Por exemplo, estando em atraso a competência de janeiro, recolhida até 
20/02, caso não haja pagamento, haverá a incidência da SELIC a partir 
de 01/03. Caso a competência janeiro somente seja paga em 15/12, 
teremos a SELIC acumulada de março a novembro, mais 1% referente a 
dezembro. 
 
1.2 – Multa de Mora 
 
As multas de mora, para fins de contribuições previdenciárias recolhidas 
em atraso, eram fixadas em regra próprias da Lei nº. 8.212/91, mas 
foram também derrogadas pela MP nº. 449/08, aplicando-se a 
sistemática geral da Lei nº. 9.430, de 1996. 
Assim, a atual redação legal muda, por completo, a sistemática de 
multa de mora das contribuições previdenciárias, que agora se submete 
ao art. 61 da Lei nº. 9.430, de 1996, assim como os demais tributos 
federais. Realmente, não fazia sentido tributos arrecadados pelo mesmo 
órgão terem sistemáticas de acréscimo legal diferenciadas. A regra 
citada prevê uma multa de 0,33% por dia de atraso, calculada a partir 
do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o 
pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o 
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seu pagamento. O percentual máximo, neste caso, de recolhimento 
voluntário, fica limitado a 20%. 
Já nos casos de lançamento de ofício, aplica-se o disposto no art. 44 da 
mesma Lei nº. 9.430/96, que são de 75% sobre a totalidade ou 
diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento 
ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata. 
Este percentual pode dobrar nas hipóteses de sonegação, fraude ou 
conluio, nos termos dos arts. 71 a 73 da Lei nº. 4.502/64. Pode também 
aumentar em 50% os casos de não atendimento pelosujeito passivo, no 
prazo marcado, de intimação para prestar esclarecimentos; apresentar 
os arquivos ou sistemas ou apresentar a documentação técnica. 
Caso o sujeito passivo, notificado, efetue o pagamento, a compensação 
ou o parcelamento, será concedida redução da multa de lançamento de 
ofício nos seguintes percentuais: I - 50% se for efetuado o pagamento 
ou a compensação no prazo de trinta dias, contados da data em que o 
sujeito passivo foi notificado do lançamento; II – 40% se o sujeito 
passivo requerer o parcelamento no prazo de trinta dias, contados da 
data em que foi notificado do lançamento; III – 30%, se for efetuado o 
pagamento ou a compensação no prazo de trinta dias, contados da data 
em que o sujeito passivo foi notificado da decisão administrativa de 
primeira instância; e IV – 20%, se o sujeito passivo requerer o 
parcelamento no prazo de trinta dias, contados da data em que foi 
notificado da decisão administrativa de primeira instância. No caso de 
provimento a recurso de ofício interposto por autoridade julgadora de 
primeira instância, aplica-se a redução prevista no inciso III, para o 
caso de pagamento ou compensação, e no inciso IV, para o caso de 
parcelamento. A rescisão do parcelamento implica restabelecimento do 
montante da multa proporcionalmente ao valor da receita não satisfeita 
e que exceder o valor obtido com a garantia apresentada – sobre a 
diferença ainda devida, paga-se a multa sem a redução. 
 
Vejam que interessante: o percentual de multa “congela” em 
20%, somente aumentando para a etapa seguinte se houve o auto-de-
infração! 
Assim, se a empresa efetua o recolhimento anos depois, mas sem 
o mesmo estar incluído em auto-de-infração, ainda pagará, somente, 
20% de multa. 
 
É óbvio que os juros continuarão “crescendo”, de modo que o valor 
devido será bem aumentado com o tempo. Mas a multa, salvo auto-
de-infração, não avança. 
 
 
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2 – Obrigações Acessórias 
 
 
V. Lei n° 8.212/91, art. 31 e 32. V. RPS, art. 225 a 228. 
 
 
São obrigações acessórias as prestações positivas ou negativas no 
interesse da fiscalização e/ou arrecadação. São também chamadas de 
“deveres instrumentais”. 
As obrigações acessórias aqui relacionadas são exigíveis somente 
de empresa, não incluindo o empregador doméstico. 
As obrigações acessórias, na maioria, são ligadas à área contábil, ou 
seja, lançamentos de pagamentos na contabilidade, elaboração 
de folhas de pagamento e da escrituração de todos os livros 
contábeis obrigatórios etc. 
 
São elas: 
 
1 - preparar folha de pagamento da remuneração paga, 
devida ou creditada a todos os segurados a seu serviço, devendo 
manter, em cada estabelecimento, uma via da respectiva folha e 
recibos de pagamentos. 
A folha de pagamento deve ser elaborada mensalmente, de forma 
coletiva, por estabelecimento da empresa, por obra de construção civil 
e por tomador de serviços, com a correspondente totalização. 
Por exemplo, se a empresa possui três estabelecimentos 
distintos, cada um deles deve possuir sua folha de pagamento, 
relacionando os segurados que lá prestaram serviços, evidenciando 
todos os valores pagos a estes. 
A folha de pagamento deverá também discriminar o nome dos 
segurados, indicando cargo, função ou serviço prestado, agrupando os 
segurados por categoria, ou seja, segurado empregado, trabalhador 
avulso, contribuinte individual. 
Vejam, quem pode prestar serviços a empresa? Somente os segurados 
empregado, trabalhador avulso, contribuinte individual. Somente 
estes poderiam figurar numa folha de pagamento de empresa. O resto 
(doméstico, segurado especial e facultativo) não tem essa possibilidade. 
Excepcionalmente, o segurado especial, nos períodos de entressafra e 
defeso, poderiam prestar serviços a empresa, mas é uma situação 
bastante excepcional. 
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A folha ainda deve destacar o nome das seguradas em gozo de salário-
maternidade, pois tais valores, como vimos, integram o salário-de-
contribuição, e ainda permite a fiscalização verificar se estão 
sendo corretamente pagos às seguradas. 
 
Também deve a folha destacar as parcelas integrantes e não 
integrantes da remuneração e os descontos legais, de modo que a 
fiscalização possa verificar se, de fato, aquela parcela realmente integra 
ou não o salário-de-contribuição, além de indicar o número de 
quotas de salário-família atribuídas a cada segurado empregado ou 
trabalhador avulso, para verificar se as mesmas estão sendo 
corretamente pagas. 
No que se refere ao trabalhador portuário avulso, o OGMO elaborará a 
folha de pagamento por navio, mantendo-a disponível para uso da 
fiscalização, indicando o operador portuário e os trabalhadores que 
participaram da operação, detalhando, com relação aos últimos: os 
correspondentes números de registro ou cadastro no OGMO; o cargo, 
função ou serviço prestado; os turnos em que trabalharam; e as 
remunerações pagas, devidas ou creditadas a cada um dos 
trabalhadores e a correspondente totalização. 
Para os avulsos terrestres, estes entram na folha de pagamento da 
empresa tomadora de serviços, junto com seus empregados e CI. 
 
2 - lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, de 
forma discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições, o 
montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os 
totais recolhidos. 
Observem bem: se toda empresa efetivamente colocasse na folha de 
pagamento todos os valores pagos a seus segurados, corretamente, 
nada mais seria necessário! 
Todavia, não é isso que ocorre em todas as hipóteses, sendo comum 
empresas que pagam valores “por fora” ou “camuflam” o salário-de-
contribuição com outros nomes. 
Por exemplo, pode uma empresa perfeitamente pagar, além dos 
salários de seus empregados, o aluguel dos imóveis de seus 
supervisores e gerentes. Muito provavelmente esta empresa não irá 
colocar tais valores na folha de pagamento, mas deveria! São 
componentes do salário-de-contribuição. 
Assim, o que faz o Auditor-fiscal na contabilidade? Ele é um “caçador” 
de salário-de-contribuição, que pode estar “escondido” em todo tipo de 
conta contábil. Outro exemplo: empregado que tem carro à disposição 
(não para o trabalho, mas sim pelo trabalho).Tal benesse não é 
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usualmente espelhada na folha de pagamento, mas deveria! Cabe ao 
Auditor localizá-lo na contabilidade e cobrar os valores devidos. 
 
As empresas também deverão manter à disposição da 
fiscalização os códigos ou abreviaturas que identifiquem as respectivas 
rubricas utilizadas na elaboração da folha de pagamento, 
bem como os utilizados na escrituração contábil. 
Tal regra fala o óbvio, pois se o Auditor não tem acesso aos códigos ou 
abreviaturas contidas na contabilidade, certamente não iria 
entender “patavina” do que está lá escriturado! 
São desobrigadas de apresentação de escrituração contábil: 
I - o pequeno comerciante, nas condições estabelecidas pelo Decreto-lei 
nº 486, de 3 de março de 1969, e seu Regulamento (com o 
novo Código Civil, melhor falar em pequeno empresário); 
II - a pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido, de 
acordo com a legislação tributária federal, desde que mantenha a 
escrituração do Livro Caixa e Livro de Registro de Inventário; e 
III - a pessoa jurídica que optar pela inscrição no SIMPLES Nacional, 
desde que mantenha escrituração do Livro Caixa e Livro de Registro de 
Inventário. 
 
Por fim, a empresa que utiliza sistema de processamento eletrônico 
de dados parao registro de negócios e atividades econômicas, 
escrituração de livros ou produção de documentos de natureza contábil, 
fiscal, trabalhista e previdenciária é obrigada a arquivar e conservar, 
devidamente certificados, os respectivos sistemas e arquivos, em 
meio digital ou assemelhado, até a prescrição dos créditos envolvidos, o 
que pode demorar muitos anos. 
 
 
3 - prestar a Receita Federal do Brasil todas as informações cadastrais, 
financeiras e contábeis de interesse dos mesmos, na forma por 
eles estabelecida, bem como os esclarecimentos necessários à 
fiscalização. 
Vejam, se as empresas informarem todos os fatos geradores na 
folha de pagamento e/ou contabilidade, o auditor terá todas as 
informações necessárias para a quantificação do valor devido. 
Infelizmente, isso nem sempre acontece, pois a empresa que 
visa sonegar a contribuição pode, perfeitamente, “montar” uma folha de 
pagamento e contabilidade fora da realidade, com valores bem 
inferiores ao que é efetivamente pago. 
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Nestas hipóteses, o Auditor poderá utilizar-se de mecanismos 
outros, como a solicitação de informação de todo tipo, como inquirir 
diretamente empregados, verificando se os mesmos estão na folha de 
pagamento, se a remuneração lá contida é real, etc. 
 
 
4 - encaminhar ao sindicato representativo da categoria profissional 
mais numerosa entre seus empregados, até o dia dez de cada mês (e 
não dia 20), cópia da Guia da Previdência Social relativamente à 
competência anterior. 
O propósito desta obrigação acessória é possibilitar aos sindicatos que 
exerçam algum controle sobre os recolhimentos da empresa para a 
previdência social. 
Como o sindicato deve tutelar os interesses de seus integrantes, 
incluindo a previdência social, a falta de recolhimento, como prejudica o 
sistema protetivo, igualmente prejudica o trabalhador, e por isso o 
sindicato pode mesmo oferecer denúncia a Receita Federal do Brasil se 
o recolhimento não está adequado. 
Como a guia de recolhimento é enviada ao sindicato representativo da 
categoria mais numerosa da empresa, este tem uma razoável idéia do 
quantitativo de empregados na mesma, além de ter uma 
idéia aproximada do valor da folha de pagamento. Por isso pode 
este sindicato facilmente identificar indícios de sonegação. 
 
Caso a empresa possua mais de um estabelecimento localizado em 
base geográfica diversa (diferentes Municípios, por exemplo), a cópia a 
Guia da Previdência Social será encaminhada ao sindicato 
representativo da categoria profissional mais numerosa entre os 
empregados de cada estabelecimento. 
Se a empresa recolhe suas contribuições em mais de uma Guia da 
Previdência Social, encaminhará cópia de todas as guias. A remessa das 
cópias poderá ser efetuada por qualquer meio que garanta a 
reprodução integral do documento (incluindo fax), cabendo à empresa 
manter, em seus arquivos, prova do recebimento pelo sindicato. Isto é, 
cabe à empresa a comprovação, perante a fiscalização, do cumprimento 
de sua obrigação frente ao sindicato. Por isso a empresa deve ter 
cuidado com o meio escolhido para a remessa das cópias das guias. 
 
Evidenciando falha de recolhimento ou qualquer outro problema, os 
sindicatos poderão apresentar denúncia contra a empresa, nas 
seguintes hipóteses: 
I - falta de envio da Guia da Previdência Social para o sindicato,; 
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II - não afixação da Guia da Previdência Social no quadro de horário; 
III - existência de evidentes indícios de recolhimento a menor 
das contribuições devidas, constatados pela comparação com dados 
disponíveis sobre quantidade de empregados e de rescisões de contrato 
de trabalho homologadas pelo sindicato. 
 
As denúncias formuladas pelos sindicatos deverão identificar com 
precisão a empresa infratora e serão encaminhadas por seu 
representante legal, especificando nome, número no Cadastro Nacional 
da Pessoa Jurídica e endereço da empresa denunciada, o item infringido 
e outros elementos indispensáveis à análise dos fatos. 
 
5 - afixar cópia da Guia da Previdência Social, relativamente à 
competência anterior, durante o período de um mês, no quadro de 
horário de que trata o art. 74 da Consolidação das Leis do Trabalho. 
 
O art. 74 da CLT trata do quadro de horário, prevendo que o “horário do 
trabalho constará de quadro, organizado conforme modelo expedido 
pelo Ministro do Trabalho, Industria e Comercio, e afixado em lugar bem 
visível. Esse quadro será discriminativo no caso de não ser o horário 
único para todos os empregados de uma mesma seção ou turma”. 
Neste mesmo quadro, a empresa deverá fixar uma cópia da GPS 
recolhida. A idéia é que os próprios empregados possam, também, 
efetuar um controle sobre o recolhimento previdenciário da empresa. 
São dispensadas desta obrigação acessória, assim como a anterior 
(remessa da GPS para o sindicato), o contribuinte individual, em relação 
a segurado que lhe presta serviço, isto é, o equiparado à empresa é 
dispensado das obrigações acessórias 4 e 5. 
 
6 – Comunicação dos Municípios de alvarás para construção civil e 
documentos de habite-se concedidos. 
 
O Município, como sabemos, pode perfeitamente ser enquadrado como 
empresa para fins previdenciários, devendo, se for o caso, 
cumprir todas as obrigações previdenciárias, incluindo as 
acessórias. 
 
Todavia, temos aqui uma obrigação exclusiva dos Municípios, 
independente das demais. Os Municípios, por intermédio do órgão 
competente, devem fornecer à Receita Federal do Brasil, para fins de 
fiscalização, mensalmente, até o dia dez do mês seguinte àquele a que 
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se referirem os documentos (e não dia 20), relação de todos os alvarás 
para construção civil e documentos de habite-se concedidos. 
 
A idéia é a seguinte: sabemos que uma obra de construção 
civil não “sobe” sozinha, ou seja, há mão-de-obra, que em geral é 
remunerada. Se há mão-de-obra remunerada, sabemos que 
haverá contribuição social a ser recolhida. 
Daí a idéia: se alguém (pessoa física ou jurídica) tira alvará para fazer 
obra, deve também matricular a obra na RFB. Se não o faz, fica fácil 
identificar pela comunicação do Município, cabendo aí uma inscrição de 
ofício, mais a multa. 
Da mesma forma, se alguém pede habite-se ao Município, é 
sinal que uma obra foi feita. Se foi, certamente temos contribuição 
devida. Se o Município comunica a concessão do habite-se 
para determinada obra, a RFB irá verificar se o recolhimento foi 
feito. Caso não tenha sido, fará a cobrança sobre a cobrança mediante 
aferição. 
 
No passado, o Município somente poderia conceder o habite-se 
após o interessado obter a certidão negativa, mas hoje isso não mais 
existe. 
 
 
7 – Comunicação dos óbitos pelo Cartório ao INSS (Registrador Civil de 
Pessoas Naturais). 
 
O titular de cartório de registro civil e de pessoas naturais é obrigado a 
comunicar, até o dia dez de cada mês, o registro dos óbitos 
ocorridos no mês imediatamente anterior, devendo da comunicação 
constar o nome, a filiação, a data e o local de nascimento da pessoa 
falecida. 
Para que o INSS quer saber quem morreu? 
É evidente que isto tem como propósito o controle da concessão de 
benefícios. Se chegar a informação de que determinado segurado 
faleceu, o INSS irá cancelar o benefício, evitando que alguém o receba 
em seu lugar. 
 
Mesmo no caso de não haver sido registrado nenhum óbito, a 
comunicação ainda assim será feita. 
 
 
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8 - informar mensalmente a RFB, por intermédio da Guia de 
Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de 
Serviço e Informações à Previdência Social - GFIP, na forma por 
eles estabelecida, dados cadastrais, todos os fatos 
geradores de contribuição previdenciária e outras informações de 
interesse; 
Com o objetivo principal de abastecer o CNIS (Cadastro Nacional de 
Informações Sociais) com as informações relativas aos segurados da 
previdência social, criou-se um documento no qual as empresas 
informam dados de todos os segurados que lhe prestem serviço, 
tais como nome, remuneração, categoria (empregado, avulso ou CI), 
exposição a agentes nocivos, etc. 
Para evitar o custo extra para o Poder Público e para as empresas de 
terem de trabalhar com mais um documento, optou-se por 
transformar uma guia já existente, para também atender aos interesses 
da previdência. 
Foi o que aconteceu. O governo federal alterou a guia de recolhimento 
do FGTS para, além de continuar cumprindo essa função, prestar 
também informações à previdência social (por isso o nome tão grande!). 
 
Assim, cuidado! Para a previdência, a GFIP é mera obrigação 
acessória, sendo que o recolhimento previdenciário continua sendo 
feito em GPS (guia de recolhimento da previdência). 
 
Tal base de dados irá subsidiar a concessão de benefícios, pois todas as 
informações relativas ao segurado já constarão do CNIS, podendo-se 
identificar seu status de segurado e o cumprimento de determinados 
requisitos, como, por exemplo, carência. 
 
Esta sistemática de concessão de benefícios, conhecida como inversão 
do ônus da prova, já foi implantada no art. 29-A da Lei n. 8213/91. 
 
Além deste objetivo, a GFIP também é documento a ser utilizado como 
confissão de dívida por parte da empresa, pois esta informará todas os 
valores pagos aos trabalhadores que lhe prestaram serviço, 
informando, inclusive, o valor total devido. 
 
A MP nº. 449/08 traz algumas mudanças também neste tema. Entre 
elas, atualiza a obrigação de declarar à Secretaria da Receita Federal do 
Brasil e ao Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de 
Serviço - FGTS, na forma, prazo e condições estabelecidos por esses 
órgãos, dados relacionados a fatos geradores, base de cálculo e valores 
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devidos da contribuição previdenciária e outras informações de interesse 
do INSS ou do Conselho Curador do FGTS, que é a conhecida GFIP. 
Muito embora o INSS seja também beneficiado pelas informações da 
GFIP, haja vista sua função de prover o CNIS de dados, a disciplina 
normativa desta guia compete, exclusivamente, a SRFB e ao Conselho 
Curador do FGTS. 
Também fica claro na lei que a GFIP constitui confissão de dívida e 
instrumento hábil e suficiente para a exigência do crédito tributário, e 
suas informações comporão a base de dados para fins de cálculo e 
concessão dos benefícios previdenciários. Como tem entendido os 
Tribunais, o valor declarado em GFIP pode ser diretamente inscrito em 
Dívida Ativa, como se fosse uma espécie de auto-lançamento, não 
obstante o descontentamento doutrinário com este ponto de vista. Da 
mesma forma, com a atual redação, a lei expressa, claramente, a 
possibilidade das informações do CNIS serem utilizadas para a 
concessão de benefícios, o que muito tende a melhorar a ação do INSS. 
Reproduzindo obrigação que já constava do manual da GFIP, agora 
prevê a lei que as empresas devem apresentar a guia ainda que não 
ocorram fatos geradores de contribuição previdenciária, que é a 
conhecida GFIP “Sem Movimento”, sob pena de multa. A ausência de 
GFIP, mesmo com a MP nº. 449/08, continua gerando impedimento à 
emissão de CND. 
Também há reformulação, por completo, da sistemática de multas para 
as empresas que deixam de elaborar GFIP. Agora, o contribuinte que 
deixar de apresentá-la no prazo fixado (dia 07 do mês subseqüente) ou 
que a apresentá-la com incorreções ou omissões, será intimado a 
apresentá-la ou a prestar esclarecimentos e sujeitar-se-á à multa de 2% 
ao mês-calendário ou fração, incidente sobre o montante das 
contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de 
falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a vinte 
por cento. 
Por exemplo, uma empresa deixa de fazer a GFIP do mês de janeiro de 
2008. Ao entregar a GFIP em outubro do mesmo ano, submeter-se-ia a 
uma multa de 18% (2% x 9 – fevereiro, que seria o mês de 
apresentação, até outubro, mês do efetivo adimplemento da obrigação 
acessória). Caso não haja a apresentação da GFIP, a data fim para 
cálculo de multa é o mês da emissão do auto-de-infração. O percentual 
máximo é de 20%. Caso haja entrega de GFIP, mas com omissões ou 
erros, a multa é de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de dez 
informações incorretas ou omitidas. 
O valor mínimo da multa é de R$ 200,00, tratando-se de omissão de 
declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição 
previdenciária ou de R$ 500,00, nos demais casos. 
Desde que respeitados os valores mínimos de multas de GFIP, estas 
serão reduzidas à metade, quando a declaração for apresentada após o 
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prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou a setenta e 
cinco por cento, se houver apresentação da declaração no prazo fixado 
em intimação. Interessante observar que a MP nº. 449/08 “aboliu” a 
denúncia espontânea para fins de GFIP sendo, obviamente, de 
constitucionalidade duvidosa. 
A entrega da Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de 
Serviço e Informações à Previdência Social deverá ser efetuada na rede 
bancária até o dia 7 do mês seguinte àquele a que se referirem as 
informações. A GFIP exigida a partir da competência janeiro de 1999, 
sendo atualmente elaborada e entregue, em regra, por meio eletrônico, 
por meio do programa SEFIP. 
 
 
EXERCÍCIOS: 
 
1) Analise os itens. 
 
a) A cobrança da taxa SELIC em contribuições em atraso é 
inconstitucional, já que a referida taxa não se adequa ao fim 
proposto. 
b) O pagamento da multa de mora exclui qualquer responsabilidade 
penal do agente. 
c) Os juros de mora não poderão ser inferiores a 1%. 
d)No recolhimento a maior, a empresa não terá direito a juros na 
restituição, já que o erro foi culpa exclusiva desta. 
e) Um empregador doméstico poderá ter sua multa de mora reduzida 
pela metade se confeccionar a GFIP de acordo com a legislação em 
vigor. 
 
 
 
Gabarito: 
 
a) Errado. Apesar do próprio STJ já ter tido este entendimento, hoje a 
questão encontra-se superada, sendo amplamente admitida a 
utilização da taxa SELIC para cobrança de créditos previdenciários em 
atraso. 
 
b) Errado. Como ainda veremos nos crimes previdenciários, a pessoa 
responsável pelo recolhimento, ao deixar de fazê-lo, pode incorrer em 
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algumas condutas tipificadas como crime, o que não tem qualquer 
relação com o ilícito tributário. Ou seja, o pagamento de multa 
de mora não traz a dispensa de outro tipo de pena, agora de 
natureza criminal, em razão de eventual ilícito. 
 
c) Errado. Esta regra já não mais existe. 
 
d) Errado. Por óbvio, a empresa ou segurado que façam 
recolhimento a maior terão direito à restituição ou compensação 
com juros, calculados a partir da data do pagamento indevido ou a 
maior até o mês anterior ao da compensação ou restituição e de um 
por cento relativamente ao mês em que estiver sendo efetuada (art. 
247, § 2º, RPS). 
Assim como a Receita cobra SELIC no recolhimento em atraso, também 
paga SELIC para aqueles que recolhem a maior.Nada mais justo! 
 
e) Errado. Também errado, pois o empregador doméstico não tem de 
elaborar GFIP, que é obrigação exclusiva de empresa, salvo quando 
opta por recolher FGTS para sua doméstica. 
 
 
2) Analise os itens. 
 
 
 
a) O recolhimento previdenciário é atualmente feito junto com o 
recolhimento do fundo de garantia por tempo serviço, até o dia 20 de 
cada mês. 
b) Todos os segurados que prestam serviços remunerados a 
empresas devem constar da folha de pagamento. 
c) Os registradores civis de pessoas naturais devem comunicar ao INSS 
os óbitos ocorridos mensalmente. 
d)A multa pela não apresentação da GFIP não dispensa o recolhimento 
da contribuição previdenciária devida. 
e) Todos os segurados que constam da folha de pagamento devem, 
também, ser declarados em GFIP. 
 
 
 
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GABARITO: 
 
 
a) Errado. Como vimos, a GFIP, que é a guia de recolhimento do FGTS, 
funciona para a previdência social somente como uma mera 
obrigação acessória, prestando informações diversas, como os 
segurados que prestaram serviços durante o mês. 
 
O recolhimento previdenciário é feito em guia simplificada, que é a GPS, 
na qual somente há previsão do montante total a recolher, incluindo a 
parte de empresa e os valores descontados dos segurados, tudo 
junto. 
 
Somente na GFIP é que os dados são individualizados, e por isso sua 
importância. 
 
 
 
b) Certo. De fato, todo e qualquer segurado (e não empresa) que preste 
serviço a determinada empresa, deve figurar na folha de pagamento da 
mesma, ainda que a atividade seja eventual. 
 
c) Certo. Como vimos, esta obrigação visa evitar fraudes ao sistema, 
como pessoas que continuam retirando o benefício de pessoas já 
falecidas. 
 
d) Certo. A GFIP, por ser mera obrigação acessória para a previdência 
social, não tem qualquer relação com o descumprimento da 
obrigação principal, que é cumprida em GPS. Se a empresa também 
deixa de recolher sua contribuição social devida, arcará com juros e 
multa de mora. 
 
e) Certo. A GFIP, de fato, reproduz todos os segurados relacionados na 
folha de pagamento da empresa, sejam empregados, avulsos ou 
contribuintes individuais. Tais informações são de extrema relevância 
para o CNIS, que irá subsidiar a concessão de benefícios para estes 
segurados no futuro.

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