Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CURSO ON-LINE - DIREITO PREVIDENCIÁRIO P/ MINISTÉRIO DA FAZENDA E AFRFB PROFESSOR: FÁBIO ZAMBITTE www.pontodosconcursos.com.br 1 Aula VII: Recolhimento Fora do Prazo, Juros, Multa e Atualização Monetária e Obrigações Acessórias 1 – Recolhimento Fora do Prazo V. Lei n° 8.212/91, art. 34 e 35. V. RPS, art. 238 a 246. Freqüentemente nos deparamos no Edital do concurso com a estranha previsão dos “consectários legais”. Ora, o que seria isso? São as “conseqüências legais”, isto é, os valores de juros e multa cobrados em razão do recolhimento em atraso. Atualmente, não há correção monetária. A correção monetária visava, somente, a manutenção do valor frente à inflação, mantendo o poder de compra. Pessoalmente, acredito que este tema tenha perdido muito de sua importância, pois não mais existe uma regra específica de juros e multa para contribuições previdenciárias, caindo, hoje, na regra geral dos tributos federais, em razão da MP 449/08. Por isso, o tema passa a ser periférico para o direito previdenciário, mas recomendo, ao menos, uma leitura atenta. Pois bem, vamos aos juros! Uma empresa ou segurado que deixam de recolher as contribuições devidas no prazo, além do descumprimento da lei, obtém uma vantagem financeira, pois ficam com um dinheiro que já deveria ter sido repassado ao Poder Público. Isto é, tais pessoas têm uma vantagem financeira “às custas” do sistema previdenciário. Por isso, quando finalmente fazem o recolhimento, devem efetuá-lo com um valor maior, por causa da disponibilidade financeira maior que tiveram. A idéia é similar ao indivíduo que vai pedir um dinheiro emprestado no Banco. Ora, como a pessoa remunera o Banco pelo empréstimo? Por meio de pagamento de juros, que são o mecanismo de remuneração de capital (você também, quando deixa seu dinheiro aplicado em um Banco, ganha juros). Alguns doutrinadores insistem em fazer distinções entre juros moratórios, compensatórios ou ainda remuneratórios, mas, para nosso estudo, podemos ignorar esta distinção. Basta você saber que os juros de mora são cobrados das empresas ou segurados em atraso, independente do motivo. CURSO ON-LINE - DIREITO PREVIDENCIÁRIO P/ MINISTÉRIO DA FAZENDA E AFRFB PROFESSOR: FÁBIO ZAMBITTE www.pontodosconcursos.com.br 2 Agora, vejam bem, como disse antes, as empresas ou segurados que recolhem em atraso também descumprem a lei e, por isso, sofrem uma sanção. Como se sabe, toda vez que há um descumprimento de algum preceito legal, há, como conseqüência, uma sanção, uma punição imposta ao infrator. No caso de recolhimento em atraso, a sanção punitiva é de natureza pecuniária, isto é, uma multa. Então vejam, a empresa ou segurado que recolhe em atraso, além de pagar juros de mora, pela vantagem financeira “às custas” da previdência social, também deve arcar com a multa de mora, por causa do descumprimento da lei, que determinava o recolhimento da contribuição em determinado tempo. A expressão “de mora” resulta do fato do recolhimento do atraso das contribuições, em razão da “demora” do mesmo. De acordo com a legislação, as contribuições sociais e outras importâncias arrecadadas pela Receita Federal do Brasil, incluídas ou não em auto-de-infração, pagas com atraso, objeto ou não de parcelamento, ficam sujeitas aos juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia - SELIC, a que se refere o art. 13 da Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995, incidentes sobre o valor devido, e multa de mora, todos de caráter irrelevável. Perceba que há previsão de cobrança de acréscimos legais em razão de pagamento de valores em atraso “incluídos ou não em auto-de- infração”, ou seja, objeto ou não de lançamento de ofício. A idéia é que mesmo um recolhimento espontâneo dará azo à cobrança de juros e multa. A questão é problemática, vacilando o Judiciário sobre o tema. Mais recentemente, o STJ editou súmula dispondo que o benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a lançamento por homologação regularmente declarados, mas pagos a destempo (súmula 360). Ou seja, é reforçada a posição do Fisco, que não admite a dispensa da multa demora, ainda que recolhido espontaneamente. Naturalmente, tal interpretação deve ser flexibilizada em algumas hipóteses, em especial na situação de “consulta fiscal”, quando feita antes do vencimento do tributo, a qual suspende a cobrança de eventuais acréscimos legais. Entendidas estas premissas teóricas, podemos então verificar como são calculados os juros de mora e a multa de mora. Começaremos pelos juros. 1.1 – Juros de Mora CURSO ON-LINE - DIREITO PREVIDENCIÁRIO P/ MINISTÉRIO DA FAZENDA E AFRFB PROFESSOR: FÁBIO ZAMBITTE www.pontodosconcursos.com.br 3 De acordo com o art. 35 da Lei nº. 8.212/91, com a redação dada pela MP nº. 449/08, as contribuições sociais previdenciárias em atraso, incluindo as instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei nº. 9.430, de 1996. Ou seja, a nova redação legal acaba com as regras diferenciadas de consectários legais para as contribuições previdenciárias, que seguem a regra geral para os tributos federais como um todo, previstas na Lei nº. 9.430/96. Na parte referente aos juros, o dispositivo legal citado prevê que a contribuição em atraso arcará com juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC, para títulos federais, acumulada mensalmente, calculados a partir do primeiro dia do segundo mês subseqüente ao do encerramento do período de apuração até o último dia do mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês do pagamento. A SELIC é a central de negociação de títulos públicos em mercado secundário, sendo sua taxa parâmetro para a fixação de todas as demais taxas de juros. Por isso, foi adotada como referencial para a cobrança de juros de mora. Por exemplo, estando em atraso a competência de janeiro, recolhida até 20/02, caso não haja pagamento, haverá a incidência da SELIC a partir de 01/03. Caso a competência janeiro somente seja paga em 15/12, teremos a SELIC acumulada de março a novembro, mais 1% referente a dezembro. 1.2 – Multa de Mora As multas de mora, para fins de contribuições previdenciárias recolhidas em atraso, eram fixadas em regra próprias da Lei nº. 8.212/91, mas foram também derrogadas pela MP nº. 449/08, aplicando-se a sistemática geral da Lei nº. 9.430, de 1996. Assim, a atual redação legal muda, por completo, a sistemática de multa de mora das contribuições previdenciárias, que agora se submete ao art. 61 da Lei nº. 9.430, de 1996, assim como os demais tributos federais. Realmente, não fazia sentido tributos arrecadados pelo mesmo órgão terem sistemáticas de acréscimo legal diferenciadas. A regra citada prevê uma multa de 0,33% por dia de atraso, calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o CURSO ON-LINE - DIREITO PREVIDENCIÁRIO P/ MINISTÉRIO DA FAZENDA E AFRFB PROFESSOR: FÁBIO ZAMBITTE www.pontodosconcursos.com.br 4 seu pagamento. O percentual máximo, neste caso, de recolhimento voluntário, fica limitado a 20%. Já nos casos de lançamento de ofício, aplica-se o disposto no art. 44 da mesma Lei nº. 9.430/96, que são de 75% sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata. Este percentual pode dobrar nas hipóteses de sonegação, fraude ou conluio, nos termos dos arts. 71 a 73 da Lei nº. 4.502/64. Pode também aumentar em 50% os casos de não atendimento pelosujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para prestar esclarecimentos; apresentar os arquivos ou sistemas ou apresentar a documentação técnica. Caso o sujeito passivo, notificado, efetue o pagamento, a compensação ou o parcelamento, será concedida redução da multa de lançamento de ofício nos seguintes percentuais: I - 50% se for efetuado o pagamento ou a compensação no prazo de trinta dias, contados da data em que o sujeito passivo foi notificado do lançamento; II – 40% se o sujeito passivo requerer o parcelamento no prazo de trinta dias, contados da data em que foi notificado do lançamento; III – 30%, se for efetuado o pagamento ou a compensação no prazo de trinta dias, contados da data em que o sujeito passivo foi notificado da decisão administrativa de primeira instância; e IV – 20%, se o sujeito passivo requerer o parcelamento no prazo de trinta dias, contados da data em que foi notificado da decisão administrativa de primeira instância. No caso de provimento a recurso de ofício interposto por autoridade julgadora de primeira instância, aplica-se a redução prevista no inciso III, para o caso de pagamento ou compensação, e no inciso IV, para o caso de parcelamento. A rescisão do parcelamento implica restabelecimento do montante da multa proporcionalmente ao valor da receita não satisfeita e que exceder o valor obtido com a garantia apresentada – sobre a diferença ainda devida, paga-se a multa sem a redução. Vejam que interessante: o percentual de multa “congela” em 20%, somente aumentando para a etapa seguinte se houve o auto-de- infração! Assim, se a empresa efetua o recolhimento anos depois, mas sem o mesmo estar incluído em auto-de-infração, ainda pagará, somente, 20% de multa. É óbvio que os juros continuarão “crescendo”, de modo que o valor devido será bem aumentado com o tempo. Mas a multa, salvo auto- de-infração, não avança. CURSO ON-LINE - DIREITO PREVIDENCIÁRIO P/ MINISTÉRIO DA FAZENDA E AFRFB PROFESSOR: FÁBIO ZAMBITTE www.pontodosconcursos.com.br 5 2 – Obrigações Acessórias V. Lei n° 8.212/91, art. 31 e 32. V. RPS, art. 225 a 228. São obrigações acessórias as prestações positivas ou negativas no interesse da fiscalização e/ou arrecadação. São também chamadas de “deveres instrumentais”. As obrigações acessórias aqui relacionadas são exigíveis somente de empresa, não incluindo o empregador doméstico. As obrigações acessórias, na maioria, são ligadas à área contábil, ou seja, lançamentos de pagamentos na contabilidade, elaboração de folhas de pagamento e da escrituração de todos os livros contábeis obrigatórios etc. São elas: 1 - preparar folha de pagamento da remuneração paga, devida ou creditada a todos os segurados a seu serviço, devendo manter, em cada estabelecimento, uma via da respectiva folha e recibos de pagamentos. A folha de pagamento deve ser elaborada mensalmente, de forma coletiva, por estabelecimento da empresa, por obra de construção civil e por tomador de serviços, com a correspondente totalização. Por exemplo, se a empresa possui três estabelecimentos distintos, cada um deles deve possuir sua folha de pagamento, relacionando os segurados que lá prestaram serviços, evidenciando todos os valores pagos a estes. A folha de pagamento deverá também discriminar o nome dos segurados, indicando cargo, função ou serviço prestado, agrupando os segurados por categoria, ou seja, segurado empregado, trabalhador avulso, contribuinte individual. Vejam, quem pode prestar serviços a empresa? Somente os segurados empregado, trabalhador avulso, contribuinte individual. Somente estes poderiam figurar numa folha de pagamento de empresa. O resto (doméstico, segurado especial e facultativo) não tem essa possibilidade. Excepcionalmente, o segurado especial, nos períodos de entressafra e defeso, poderiam prestar serviços a empresa, mas é uma situação bastante excepcional. CURSO ON-LINE - DIREITO PREVIDENCIÁRIO P/ MINISTÉRIO DA FAZENDA E AFRFB PROFESSOR: FÁBIO ZAMBITTE www.pontodosconcursos.com.br 6 A folha ainda deve destacar o nome das seguradas em gozo de salário- maternidade, pois tais valores, como vimos, integram o salário-de- contribuição, e ainda permite a fiscalização verificar se estão sendo corretamente pagos às seguradas. Também deve a folha destacar as parcelas integrantes e não integrantes da remuneração e os descontos legais, de modo que a fiscalização possa verificar se, de fato, aquela parcela realmente integra ou não o salário-de-contribuição, além de indicar o número de quotas de salário-família atribuídas a cada segurado empregado ou trabalhador avulso, para verificar se as mesmas estão sendo corretamente pagas. No que se refere ao trabalhador portuário avulso, o OGMO elaborará a folha de pagamento por navio, mantendo-a disponível para uso da fiscalização, indicando o operador portuário e os trabalhadores que participaram da operação, detalhando, com relação aos últimos: os correspondentes números de registro ou cadastro no OGMO; o cargo, função ou serviço prestado; os turnos em que trabalharam; e as remunerações pagas, devidas ou creditadas a cada um dos trabalhadores e a correspondente totalização. Para os avulsos terrestres, estes entram na folha de pagamento da empresa tomadora de serviços, junto com seus empregados e CI. 2 - lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições, o montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos. Observem bem: se toda empresa efetivamente colocasse na folha de pagamento todos os valores pagos a seus segurados, corretamente, nada mais seria necessário! Todavia, não é isso que ocorre em todas as hipóteses, sendo comum empresas que pagam valores “por fora” ou “camuflam” o salário-de- contribuição com outros nomes. Por exemplo, pode uma empresa perfeitamente pagar, além dos salários de seus empregados, o aluguel dos imóveis de seus supervisores e gerentes. Muito provavelmente esta empresa não irá colocar tais valores na folha de pagamento, mas deveria! São componentes do salário-de-contribuição. Assim, o que faz o Auditor-fiscal na contabilidade? Ele é um “caçador” de salário-de-contribuição, que pode estar “escondido” em todo tipo de conta contábil. Outro exemplo: empregado que tem carro à disposição (não para o trabalho, mas sim pelo trabalho).Tal benesse não é CURSO ON-LINE - DIREITO PREVIDENCIÁRIO P/ MINISTÉRIO DA FAZENDA E AFRFB PROFESSOR: FÁBIO ZAMBITTE www.pontodosconcursos.com.br 7 usualmente espelhada na folha de pagamento, mas deveria! Cabe ao Auditor localizá-lo na contabilidade e cobrar os valores devidos. As empresas também deverão manter à disposição da fiscalização os códigos ou abreviaturas que identifiquem as respectivas rubricas utilizadas na elaboração da folha de pagamento, bem como os utilizados na escrituração contábil. Tal regra fala o óbvio, pois se o Auditor não tem acesso aos códigos ou abreviaturas contidas na contabilidade, certamente não iria entender “patavina” do que está lá escriturado! São desobrigadas de apresentação de escrituração contábil: I - o pequeno comerciante, nas condições estabelecidas pelo Decreto-lei nº 486, de 3 de março de 1969, e seu Regulamento (com o novo Código Civil, melhor falar em pequeno empresário); II - a pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido, de acordo com a legislação tributária federal, desde que mantenha a escrituração do Livro Caixa e Livro de Registro de Inventário; e III - a pessoa jurídica que optar pela inscrição no SIMPLES Nacional, desde que mantenha escrituração do Livro Caixa e Livro de Registro de Inventário. Por fim, a empresa que utiliza sistema de processamento eletrônico de dados parao registro de negócios e atividades econômicas, escrituração de livros ou produção de documentos de natureza contábil, fiscal, trabalhista e previdenciária é obrigada a arquivar e conservar, devidamente certificados, os respectivos sistemas e arquivos, em meio digital ou assemelhado, até a prescrição dos créditos envolvidos, o que pode demorar muitos anos. 3 - prestar a Receita Federal do Brasil todas as informações cadastrais, financeiras e contábeis de interesse dos mesmos, na forma por eles estabelecida, bem como os esclarecimentos necessários à fiscalização. Vejam, se as empresas informarem todos os fatos geradores na folha de pagamento e/ou contabilidade, o auditor terá todas as informações necessárias para a quantificação do valor devido. Infelizmente, isso nem sempre acontece, pois a empresa que visa sonegar a contribuição pode, perfeitamente, “montar” uma folha de pagamento e contabilidade fora da realidade, com valores bem inferiores ao que é efetivamente pago. CURSO ON-LINE - DIREITO PREVIDENCIÁRIO P/ MINISTÉRIO DA FAZENDA E AFRFB PROFESSOR: FÁBIO ZAMBITTE www.pontodosconcursos.com.br 8 Nestas hipóteses, o Auditor poderá utilizar-se de mecanismos outros, como a solicitação de informação de todo tipo, como inquirir diretamente empregados, verificando se os mesmos estão na folha de pagamento, se a remuneração lá contida é real, etc. 4 - encaminhar ao sindicato representativo da categoria profissional mais numerosa entre seus empregados, até o dia dez de cada mês (e não dia 20), cópia da Guia da Previdência Social relativamente à competência anterior. O propósito desta obrigação acessória é possibilitar aos sindicatos que exerçam algum controle sobre os recolhimentos da empresa para a previdência social. Como o sindicato deve tutelar os interesses de seus integrantes, incluindo a previdência social, a falta de recolhimento, como prejudica o sistema protetivo, igualmente prejudica o trabalhador, e por isso o sindicato pode mesmo oferecer denúncia a Receita Federal do Brasil se o recolhimento não está adequado. Como a guia de recolhimento é enviada ao sindicato representativo da categoria mais numerosa da empresa, este tem uma razoável idéia do quantitativo de empregados na mesma, além de ter uma idéia aproximada do valor da folha de pagamento. Por isso pode este sindicato facilmente identificar indícios de sonegação. Caso a empresa possua mais de um estabelecimento localizado em base geográfica diversa (diferentes Municípios, por exemplo), a cópia a Guia da Previdência Social será encaminhada ao sindicato representativo da categoria profissional mais numerosa entre os empregados de cada estabelecimento. Se a empresa recolhe suas contribuições em mais de uma Guia da Previdência Social, encaminhará cópia de todas as guias. A remessa das cópias poderá ser efetuada por qualquer meio que garanta a reprodução integral do documento (incluindo fax), cabendo à empresa manter, em seus arquivos, prova do recebimento pelo sindicato. Isto é, cabe à empresa a comprovação, perante a fiscalização, do cumprimento de sua obrigação frente ao sindicato. Por isso a empresa deve ter cuidado com o meio escolhido para a remessa das cópias das guias. Evidenciando falha de recolhimento ou qualquer outro problema, os sindicatos poderão apresentar denúncia contra a empresa, nas seguintes hipóteses: I - falta de envio da Guia da Previdência Social para o sindicato,; CURSO ON-LINE - DIREITO PREVIDENCIÁRIO P/ MINISTÉRIO DA FAZENDA E AFRFB PROFESSOR: FÁBIO ZAMBITTE www.pontodosconcursos.com.br 9 II - não afixação da Guia da Previdência Social no quadro de horário; III - existência de evidentes indícios de recolhimento a menor das contribuições devidas, constatados pela comparação com dados disponíveis sobre quantidade de empregados e de rescisões de contrato de trabalho homologadas pelo sindicato. As denúncias formuladas pelos sindicatos deverão identificar com precisão a empresa infratora e serão encaminhadas por seu representante legal, especificando nome, número no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica e endereço da empresa denunciada, o item infringido e outros elementos indispensáveis à análise dos fatos. 5 - afixar cópia da Guia da Previdência Social, relativamente à competência anterior, durante o período de um mês, no quadro de horário de que trata o art. 74 da Consolidação das Leis do Trabalho. O art. 74 da CLT trata do quadro de horário, prevendo que o “horário do trabalho constará de quadro, organizado conforme modelo expedido pelo Ministro do Trabalho, Industria e Comercio, e afixado em lugar bem visível. Esse quadro será discriminativo no caso de não ser o horário único para todos os empregados de uma mesma seção ou turma”. Neste mesmo quadro, a empresa deverá fixar uma cópia da GPS recolhida. A idéia é que os próprios empregados possam, também, efetuar um controle sobre o recolhimento previdenciário da empresa. São dispensadas desta obrigação acessória, assim como a anterior (remessa da GPS para o sindicato), o contribuinte individual, em relação a segurado que lhe presta serviço, isto é, o equiparado à empresa é dispensado das obrigações acessórias 4 e 5. 6 – Comunicação dos Municípios de alvarás para construção civil e documentos de habite-se concedidos. O Município, como sabemos, pode perfeitamente ser enquadrado como empresa para fins previdenciários, devendo, se for o caso, cumprir todas as obrigações previdenciárias, incluindo as acessórias. Todavia, temos aqui uma obrigação exclusiva dos Municípios, independente das demais. Os Municípios, por intermédio do órgão competente, devem fornecer à Receita Federal do Brasil, para fins de fiscalização, mensalmente, até o dia dez do mês seguinte àquele a que CURSO ON-LINE - DIREITO PREVIDENCIÁRIO P/ MINISTÉRIO DA FAZENDA E AFRFB PROFESSOR: FÁBIO ZAMBITTE www.pontodosconcursos.com.br 10 se referirem os documentos (e não dia 20), relação de todos os alvarás para construção civil e documentos de habite-se concedidos. A idéia é a seguinte: sabemos que uma obra de construção civil não “sobe” sozinha, ou seja, há mão-de-obra, que em geral é remunerada. Se há mão-de-obra remunerada, sabemos que haverá contribuição social a ser recolhida. Daí a idéia: se alguém (pessoa física ou jurídica) tira alvará para fazer obra, deve também matricular a obra na RFB. Se não o faz, fica fácil identificar pela comunicação do Município, cabendo aí uma inscrição de ofício, mais a multa. Da mesma forma, se alguém pede habite-se ao Município, é sinal que uma obra foi feita. Se foi, certamente temos contribuição devida. Se o Município comunica a concessão do habite-se para determinada obra, a RFB irá verificar se o recolhimento foi feito. Caso não tenha sido, fará a cobrança sobre a cobrança mediante aferição. No passado, o Município somente poderia conceder o habite-se após o interessado obter a certidão negativa, mas hoje isso não mais existe. 7 – Comunicação dos óbitos pelo Cartório ao INSS (Registrador Civil de Pessoas Naturais). O titular de cartório de registro civil e de pessoas naturais é obrigado a comunicar, até o dia dez de cada mês, o registro dos óbitos ocorridos no mês imediatamente anterior, devendo da comunicação constar o nome, a filiação, a data e o local de nascimento da pessoa falecida. Para que o INSS quer saber quem morreu? É evidente que isto tem como propósito o controle da concessão de benefícios. Se chegar a informação de que determinado segurado faleceu, o INSS irá cancelar o benefício, evitando que alguém o receba em seu lugar. Mesmo no caso de não haver sido registrado nenhum óbito, a comunicação ainda assim será feita. CURSO ON-LINE - DIREITO PREVIDENCIÁRIO P/ MINISTÉRIO DA FAZENDA E AFRFB PROFESSOR:FÁBIO ZAMBITTE www.pontodosconcursos.com.br 11 8 - informar mensalmente a RFB, por intermédio da Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social - GFIP, na forma por eles estabelecida, dados cadastrais, todos os fatos geradores de contribuição previdenciária e outras informações de interesse; Com o objetivo principal de abastecer o CNIS (Cadastro Nacional de Informações Sociais) com as informações relativas aos segurados da previdência social, criou-se um documento no qual as empresas informam dados de todos os segurados que lhe prestem serviço, tais como nome, remuneração, categoria (empregado, avulso ou CI), exposição a agentes nocivos, etc. Para evitar o custo extra para o Poder Público e para as empresas de terem de trabalhar com mais um documento, optou-se por transformar uma guia já existente, para também atender aos interesses da previdência. Foi o que aconteceu. O governo federal alterou a guia de recolhimento do FGTS para, além de continuar cumprindo essa função, prestar também informações à previdência social (por isso o nome tão grande!). Assim, cuidado! Para a previdência, a GFIP é mera obrigação acessória, sendo que o recolhimento previdenciário continua sendo feito em GPS (guia de recolhimento da previdência). Tal base de dados irá subsidiar a concessão de benefícios, pois todas as informações relativas ao segurado já constarão do CNIS, podendo-se identificar seu status de segurado e o cumprimento de determinados requisitos, como, por exemplo, carência. Esta sistemática de concessão de benefícios, conhecida como inversão do ônus da prova, já foi implantada no art. 29-A da Lei n. 8213/91. Além deste objetivo, a GFIP também é documento a ser utilizado como confissão de dívida por parte da empresa, pois esta informará todas os valores pagos aos trabalhadores que lhe prestaram serviço, informando, inclusive, o valor total devido. A MP nº. 449/08 traz algumas mudanças também neste tema. Entre elas, atualiza a obrigação de declarar à Secretaria da Receita Federal do Brasil e ao Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS, na forma, prazo e condições estabelecidos por esses órgãos, dados relacionados a fatos geradores, base de cálculo e valores CURSO ON-LINE - DIREITO PREVIDENCIÁRIO P/ MINISTÉRIO DA FAZENDA E AFRFB PROFESSOR: FÁBIO ZAMBITTE www.pontodosconcursos.com.br 12 devidos da contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS ou do Conselho Curador do FGTS, que é a conhecida GFIP. Muito embora o INSS seja também beneficiado pelas informações da GFIP, haja vista sua função de prover o CNIS de dados, a disciplina normativa desta guia compete, exclusivamente, a SRFB e ao Conselho Curador do FGTS. Também fica claro na lei que a GFIP constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência do crédito tributário, e suas informações comporão a base de dados para fins de cálculo e concessão dos benefícios previdenciários. Como tem entendido os Tribunais, o valor declarado em GFIP pode ser diretamente inscrito em Dívida Ativa, como se fosse uma espécie de auto-lançamento, não obstante o descontentamento doutrinário com este ponto de vista. Da mesma forma, com a atual redação, a lei expressa, claramente, a possibilidade das informações do CNIS serem utilizadas para a concessão de benefícios, o que muito tende a melhorar a ação do INSS. Reproduzindo obrigação que já constava do manual da GFIP, agora prevê a lei que as empresas devem apresentar a guia ainda que não ocorram fatos geradores de contribuição previdenciária, que é a conhecida GFIP “Sem Movimento”, sob pena de multa. A ausência de GFIP, mesmo com a MP nº. 449/08, continua gerando impedimento à emissão de CND. Também há reformulação, por completo, da sistemática de multas para as empresas que deixam de elaborar GFIP. Agora, o contribuinte que deixar de apresentá-la no prazo fixado (dia 07 do mês subseqüente) ou que a apresentá-la com incorreções ou omissões, será intimado a apresentá-la ou a prestar esclarecimentos e sujeitar-se-á à multa de 2% ao mês-calendário ou fração, incidente sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a vinte por cento. Por exemplo, uma empresa deixa de fazer a GFIP do mês de janeiro de 2008. Ao entregar a GFIP em outubro do mesmo ano, submeter-se-ia a uma multa de 18% (2% x 9 – fevereiro, que seria o mês de apresentação, até outubro, mês do efetivo adimplemento da obrigação acessória). Caso não haja a apresentação da GFIP, a data fim para cálculo de multa é o mês da emissão do auto-de-infração. O percentual máximo é de 20%. Caso haja entrega de GFIP, mas com omissões ou erros, a multa é de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de dez informações incorretas ou omitidas. O valor mínimo da multa é de R$ 200,00, tratando-se de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária ou de R$ 500,00, nos demais casos. Desde que respeitados os valores mínimos de multas de GFIP, estas serão reduzidas à metade, quando a declaração for apresentada após o CURSO ON-LINE - DIREITO PREVIDENCIÁRIO P/ MINISTÉRIO DA FAZENDA E AFRFB PROFESSOR: FÁBIO ZAMBITTE www.pontodosconcursos.com.br 13 prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou a setenta e cinco por cento, se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. Interessante observar que a MP nº. 449/08 “aboliu” a denúncia espontânea para fins de GFIP sendo, obviamente, de constitucionalidade duvidosa. A entrega da Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social deverá ser efetuada na rede bancária até o dia 7 do mês seguinte àquele a que se referirem as informações. A GFIP exigida a partir da competência janeiro de 1999, sendo atualmente elaborada e entregue, em regra, por meio eletrônico, por meio do programa SEFIP. EXERCÍCIOS: 1) Analise os itens. a) A cobrança da taxa SELIC em contribuições em atraso é inconstitucional, já que a referida taxa não se adequa ao fim proposto. b) O pagamento da multa de mora exclui qualquer responsabilidade penal do agente. c) Os juros de mora não poderão ser inferiores a 1%. d)No recolhimento a maior, a empresa não terá direito a juros na restituição, já que o erro foi culpa exclusiva desta. e) Um empregador doméstico poderá ter sua multa de mora reduzida pela metade se confeccionar a GFIP de acordo com a legislação em vigor. Gabarito: a) Errado. Apesar do próprio STJ já ter tido este entendimento, hoje a questão encontra-se superada, sendo amplamente admitida a utilização da taxa SELIC para cobrança de créditos previdenciários em atraso. b) Errado. Como ainda veremos nos crimes previdenciários, a pessoa responsável pelo recolhimento, ao deixar de fazê-lo, pode incorrer em CURSO ON-LINE - DIREITO PREVIDENCIÁRIO P/ MINISTÉRIO DA FAZENDA E AFRFB PROFESSOR: FÁBIO ZAMBITTE www.pontodosconcursos.com.br 14 algumas condutas tipificadas como crime, o que não tem qualquer relação com o ilícito tributário. Ou seja, o pagamento de multa de mora não traz a dispensa de outro tipo de pena, agora de natureza criminal, em razão de eventual ilícito. c) Errado. Esta regra já não mais existe. d) Errado. Por óbvio, a empresa ou segurado que façam recolhimento a maior terão direito à restituição ou compensação com juros, calculados a partir da data do pagamento indevido ou a maior até o mês anterior ao da compensação ou restituição e de um por cento relativamente ao mês em que estiver sendo efetuada (art. 247, § 2º, RPS). Assim como a Receita cobra SELIC no recolhimento em atraso, também paga SELIC para aqueles que recolhem a maior.Nada mais justo! e) Errado. Também errado, pois o empregador doméstico não tem de elaborar GFIP, que é obrigação exclusiva de empresa, salvo quando opta por recolher FGTS para sua doméstica. 2) Analise os itens. a) O recolhimento previdenciário é atualmente feito junto com o recolhimento do fundo de garantia por tempo serviço, até o dia 20 de cada mês. b) Todos os segurados que prestam serviços remunerados a empresas devem constar da folha de pagamento. c) Os registradores civis de pessoas naturais devem comunicar ao INSS os óbitos ocorridos mensalmente. d)A multa pela não apresentação da GFIP não dispensa o recolhimento da contribuição previdenciária devida. e) Todos os segurados que constam da folha de pagamento devem, também, ser declarados em GFIP. CURSO ON-LINE - DIREITO PREVIDENCIÁRIO P/ MINISTÉRIO DA FAZENDA E AFRFB PROFESSOR: FÁBIO ZAMBITTE www.pontodosconcursos.com.br 15 GABARITO: a) Errado. Como vimos, a GFIP, que é a guia de recolhimento do FGTS, funciona para a previdência social somente como uma mera obrigação acessória, prestando informações diversas, como os segurados que prestaram serviços durante o mês. O recolhimento previdenciário é feito em guia simplificada, que é a GPS, na qual somente há previsão do montante total a recolher, incluindo a parte de empresa e os valores descontados dos segurados, tudo junto. Somente na GFIP é que os dados são individualizados, e por isso sua importância. b) Certo. De fato, todo e qualquer segurado (e não empresa) que preste serviço a determinada empresa, deve figurar na folha de pagamento da mesma, ainda que a atividade seja eventual. c) Certo. Como vimos, esta obrigação visa evitar fraudes ao sistema, como pessoas que continuam retirando o benefício de pessoas já falecidas. d) Certo. A GFIP, por ser mera obrigação acessória para a previdência social, não tem qualquer relação com o descumprimento da obrigação principal, que é cumprida em GPS. Se a empresa também deixa de recolher sua contribuição social devida, arcará com juros e multa de mora. e) Certo. A GFIP, de fato, reproduz todos os segurados relacionados na folha de pagamento da empresa, sejam empregados, avulsos ou contribuintes individuais. Tais informações são de extrema relevância para o CNIS, que irá subsidiar a concessão de benefícios para estes segurados no futuro.
Compartilhar