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CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 1 Conceito de Hemorragia: Saída de sangue dos vasos sanguíneos ou do coração para: ◦ Exterior (superfície) ◦ Interstícios (espaços tecidulares) ◦ Cavidades Hemorragia ◦ Externa ◦ Interna CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 2 Hemorragia e Hemostasia Hemorragia Externa: • Hemoptise • Epistáxis • Hematúria • Otorragia • Metrorragia • Hematemese • Melena CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 3 Hemorragia e Hemostasia Hemorragia Interna: • Hemotórax • Hemorragia intraventricular • Hemopericárdio • Hemoperitoneu • Petéquia • Sufusão ou equimose • Hematoma CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 4 Hemorragia e Hemostasia Hemorragia e Hemostasia petéquias CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 5 Principais complicações das hemorragias na cirurgia: Atraso na cicatrização Falta de oxigenação Aumento do risco de infeção (meio ideal para crescimento bacteriano) Diminuição da visibilidade do campo Má coaptação dos bordos da ferida Conspurcação das luvas e instrumentos Choque hipovolémico, hipoxémia progressiva e morte Prevenção das hemorragias: Fisiologia da coagulação Conhecimentos anatómicos Métodos cirúrgicos de hemostasia CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 6 Hemorragia e Hemostasia Hemorragia 1. Com solução de continuidade ◦ Rutura Traumática Espontânea ◦ Erosão (ou digestão da parede celular) Passagem de sangue por uma descontinuidade da parede dos vasos Hemorragia SÉRICA CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 7 Hemorragia e Hemostasia Hemorragia 2. Sem solução de continuidade ◦ Por aumento da pressão no interior dos vasos (congestão pulmonar) ◦ Distúrbios na hemostasia Passagem de sangue através da parede dos vasos que podem apresentar-se intactos Hemorragia DIAPEDÉSICA CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 8 Hemorragia e Hemostasia Causas que provocam hemorragias 1. Produção defeituosa de fatores hemostáticos: a) Deficiências na coagulação Hepática (produção de fatores de coagulação) Irradiações (alterações na linha eritrocitária) Envenenamento químicos/medicamentos b) Distúrbios sanguíneos Hemofilia Trombocitopénia Anafilaxia 2. Diluição dos fatores hemostáticos 3. Uso de anticoagulantes 4. Coagulação intravascular disseminada (consumo dos fatores de coagulação) 5. Traumatismos vasculares • Feridas penetrantes • Incisões • Contusões • Traumatismos diversos CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 9 Hemorragia e Hemostasia Tipos de Hemorragia 1. Quanto à origem a) Arteriais b) Venosas c) Capilares 2. Quanto ao momento de aparecimento a) Primárias: segue-se imediatamente à rutura traumática dos vasos b) Intermédias ou retardadas: surgem nas 24 h posteriores (< 24hs) c) Secundárias: resultam de um tratamento ineficaz da hemorragia primária 3. Quanto à extensão a) Petequial b) Equimótica c) Sufusão (profunda) CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 10 Hemorragia e Hemostasia Reação do organismo face à hemorragia 1. Reação local no momento de aparecimento ◦ Hemostasia espontânea (coágulo) 2. Reação geral ◦ Opondo-se às consequências da hemorragia há uma “reação oscilante pós-agressão” ◦ Reação do organismo em conformidade com a gravidade da hemorragia Rins Pâncreas Fígado Pulmão Coração CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 11 Hemorragia e Hemostasia Hemostasia Conjunto de mecanismos que impedem a extravasão de sangue e procedimentos que têm por objetivo evitar a hemorragia Sistema hemostático: ◦ Mantém fluidez do sangue (evitar CID) ◦ Evita perda de sangue (para o exterior dos vasos qd ocorre uma agressão) ◦ Fatores pró- e anti-coagulantes ◦ Interação com a parede dos vasos sanguíneos CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 12 Hemorragia e Hemostasia Hemostasia Mecanismo de defesa fisiológico e espontâneo para deter a hemorragia. Depende de fatores: ◦ Vasculares ◦ Extravasculares ◦ Intravasculares que em conjunto vão formar coágulos no local e evitar a hemorragia, fornecer fibrina para reparação tecidular e, remover a fibrina quando ou onde já não for necessária. . CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 13 Hemorragia e Hemostasia Hemostasia Cirurgia ◦ São usados vários métodos para aumentar, facilitar ou impedir o mecanismo fisiológico da coagulação. ◦ E qual é o objetivo? ….evitar a perda de sangue e suas complicações! CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 14 Hemorragia e Hemostasia Hemostasia Qual a importância da hemostasia na cirurgia? 1. Sangue encharca o campo cirúrgico e reduz a precisão e eficiência cirúrgica (obscurecimento do campo operatório) 2. Sangue no campo cirúrgico, luvas, instrumentos e panos de campo…meio ideal para o crescimento bacteriano… …aumenta o risco de infeções. 3. Hemorragia pós-operatória impede a correta cicatrização e favorece o risco de infeção. 4. Hemorragia grave: Choque Hipovolémia Hipoxémia Morte 5. Má oxigenação dos tecidos 6. Mau aspeto do campo cirúrgico 7. Luvas e instrumentos pegajosos CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 15 Hemorragia e Hemostasia Empregam-se diversos produtos e métodos cirúrgicos para aumentar ou facilitar o mecanismo fisiológico da coagulação (hemostasia espontânea) Hemostasia: ◦ Preventiva: praticada antes do seccionamento dos vasos sanguíneos, de modo a evitar hemorragias ◦ Provisória: utiliza-se por um período de tempo limitado (enquanto não se faz uma anastomose ou uma ligadura definitiva) ◦ Definitiva: tem como objetivo a interrupção permanente da circulação sanguínea no vaso CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 16 Hemorragia e Hemostasia Hemostase Função exercida por 4 sistemas distintos, mas funcionalmente interdependentes: ◦ Vaso – Componente vascular ◦ Plaquetas – Componente plaquetário ◦ Fatores Sistémicos da Coagulação ◦ Sistema Fibrinolítico CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 17 Hemorragia e Hemostasia Sistemas: 1. VASO – Componente vascular – vasoconstrição reflexa da parede vascular 2. PLAQUETAS – Componente plaquetário – agregação plaquetária 3. FACTORES SISTÉMICOS DA COAGULAÇÃO – componente plasmático – formação de uma malha de fibrina 4. SISTEMA FIBRINOLÍTICO – dissolução parcial ou completa do tampão hemostático com o objetivo de restabelecer a funcionalidade vascular CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 18 Hemorragia e Hemostasia Hemostasia primária Após lesão vascular: interação vaso-plaquetária até trombo branco 1. Fase Vascular ◦ Reflexo vasoconstritor (contração da parede) Diminui fluxo sanguíneo ◦ Libertação de componentes vasoativos das plaquetas: mantém a contração vascular ◦ A importância da vasoconstrição é pequena (sendo nula nos vasos de médio e grande calibre) CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 19 Hemorragia e Hemostasia 2. Fase plaquetária As plaquetas são ativadas pelo colagénio sub-endotelial do vaso lesionado ◦ Adesão plaquetária Plaquetas aderem ao endotélio vascular Este processo é mediado pelo Factor Von Willebrand (que se encontra ligado ao colagénio e outros componentes da matriz subendotelial) Plaquetas transformam-se, ficam tumefactas, são ativadas e, libertam substâncias (fatores quimiotáticos) que estão nos grânulos citoplasmáticos e, que atraem mais plaquetas CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 20 Hemorragia e Hemostasia 2. Fase plaquetária Agregação plaquetária ◦ Os mecanismos anteriormente descritos ativam mais plaquetas e promovem a agregação ROLHÃO INSTÁVEL TROMBO BRANCO Ou seja, esta adesão depende de: Mecanismo físico (contacto entre plaquetas e as fibras de colagénio) Mecanismo químico (desencadeia a reação de libertaçãoque é irreversível – histamina, serotonina, cálcio, nucleótidos) CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 21 Hemorragia e Hemostasia FORMAÇÃO DO AGREGADO PLAQUETÁRIO PERDA DA INTEGRIDADE DO ENDOTÉLIO + EXPOSIÇÃO DE COLAGÉNIO PLAQUETAS ALTERAÇÃO DAS CARACTERISTICAS ADESÃO ACTIVAÇÃO AGREGADO PLAQUETÁRIO REVERSÍVEL ALTERAÇÃO FORMA; CONTRAÇÃO; LIBERTAÇÃO(ADP, TROMB A2) AGREGAÇÃO ( RECRUTAMENTO DE OUTRAS PQTS E AGREGADO PQT IRREVERSÍVEL) CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 22 Hemorragia e Hemostasia Cálcio O rolhão plaquetário tem de ser reforçado por fibrina para que haja estabilidade O trombo diminui o fluxo sanguíneo A estase sanguínea Favorece a formação de Fibrina TROMBO VERMELHO ENTÃO: CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 23 Hemorragia e Hemostasia Hemostasia secundária coagulação propriamente dita (ampliação das reações enzimáticas conduzindo à formação de fibrina, através da tradicionalmente chamada “cascata da coagulação”) FASE PLASMÁTICA ◦ Cascata de coagulação (via intrínseca e extrínseca) ◦ Formação de trombina ◦ PRO-TROMBINA TROMBINA fatores coagulação ◦ Formação de fibrina ◦ FIBROGÉNIO FIBRINA trombina ◦ Polimerização da fibrina trombo vermelho ◦ Estabilização fibrina CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 24 Hemorragia e Hemostasia Fatores de coagulação são ativados por: Colagénio exposto no local da agressão vascular Tromboplastina tissular libertada pelas células agredidas Fator plaquetário 3 libertado pelas plaquetas Resultado final da cascata da coagulação é a formação de fibrina polimerizada que se entrecruza entre as plaquetas e estabiliza o coágulo plaquetário. CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 25 Hemorragia e Hemostasia Hemorragia e Hemostasia CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 26 Hemorragia e Hemostasia CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 27 2. Hemostasia secundária Via extrínseca ◦ 1ª a ser ativada ◦ Inicia-se com a exposição do fator tissular (Fator III) do endotélio que entra em circulação e ligação do fator VII a este ◦ Libertação de tromboplastina Via intrínseca ◦ inicia-se por ativação do fator XII pelas estruturas subendoteliais após contacto com colagénio e fator plaquetário 3 Produto final: complexo ativador da protrombina As 2as vias terminam na ativação da via final comum Via final comum ◦ Nesta fase o fibrinogénio é transformado em fibrina que irá estabilizar o TROMBO BRANCO e torná-lo um TROMBO VERMELHO CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 28 Hemorragia e Hemostasia CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 29 Hemorragia e Hemostasia CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 30 Hemorragia e Hemostasia CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 31 Hemorragia e Hemostasia CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 32 Hemorragia e Hemostasia CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 33 Hemorragia e Hemostasia CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 34 Hemorragia e Hemostasia CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 35 Hemorragia e Hemostasia CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 36 Hemorragia e Hemostasia CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 37 Hemorragia e Hemostasia Paralelamente, há um sistema de inibidores que destroem cada um dos fatores ativados pouco depois do seu aparecimento. Sem estes inibidores, qualquer lesão mínima num vaso daria lugar a trombose e CID. Fibrinólise Conjunto de reações que conduzem à solubilização enzimática da rede de fibrina, ou seja, removem o coágulo logo que esteja garantida a integridade do vaso sanguíneo CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 38 Hemorragia e Hemostasia CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 39 Hemorragia e Hemostasia CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 40 Hemorragia e Hemostasia CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 41 Hemorragia e Hemostasia CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 42 Hemorragia e Hemostasia Biossíntese dos fatores de coagulação e o papel da vitamina K Fatores de coagulação produzidos no fígado: I, II, V, VII, IX, X, XI, XIII Vit. K é essencial para a ativação dos fatores II, VII, IX e X Inibidores de coagulação CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 43 Hemorragia e Hemostasia Conclusão Hemostase pode ser comparada a uma balança Necessário um equilíbrio correto entre os fatores de coagulação (ativadores) e os fatores anti-coagulantes (inibidores) para manter a fluidez sanguínea Qualquer desequilíbrio pode resultar em: ◦ Trombose ou ◦ hemorragia CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 44 Hemorragia e Hemostasia Métodos, meios e técnicas de hemostasia 1. Compressão ou pressão a) Compressão ◦ Compressão digital Apoiando o dedo diretamente sobre o vaso sangrante até hemóstase definitiva Ato reflexo do ajudante ◦ Compressas de pressão: exercer pressão com uma compressa sobre as superfícies capilares que sangram, não esfregar Porquê? CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 45 Hemorragia e Hemostasia Hemorragia e Hemostasia CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 46 Compressão dos tecidos para deter hemorragia capilar b) Pinçamento (Pinças hemostáticas - Kelly, Halstead, Oschner) ◦ Pinçar o vaso sangrante para o comprimir ◦ Ao apertar o vaso lesão no tecido vascular: esta lesão também vai ativar o mecanismo da coagulação ◦ Só se deve pinçar um vaso após localização exata do ponto que sangra ◦ Pinçar somente a quantidade necessária e suficiente de tecido ◦ Na hora de utilizar pinças hemostáticas ter sempre em atenção: Selecionar a pinça de < diâmetro possível Pinças curvas dão + visibilidade que as retas O pinçamento de deve ser sempre perpendicular à superfície sangrante ◦ A hemóstase definitiva por uso de pinças hemostáticas só em vasos de pequeno calibre e com certo tempo de pinçamento Em vasos maiores tem de se fazer ligadura ou cauterização do vaso ◦ Utilizar só as pontas das mandíbulas ◦ Para a ligadura é melhor usar as mandíbulas e não as pontas CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 47 Hemorragia e Hemostasia CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 48 Hemorragia e Hemostasia Hemorragia e Hemostasia CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 49 Maneira correta de colocar a pinça hemostática num vaso seccionado, uma vez localizado o ponto exato da hemorragia Métodos, meios e técnicas de hemostasia c) Garrote ou torniquete ◦ Fita ◦ Banda elástica Objetivo? ◦ Interromper a circulação sanguínea na região na qual se vai realizar a intervenção cirúrgica Membros, apêndices Devem-se aliviar de 30 em 30 minutos (porquê?) Evitar usar material com pouca largura Antes de iniciar a sutura deve-se aliviar o torniquete (para ver se há alguma hemorragia) CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 50 Hemorragia e Hemostasia d) Ligaduras, grampos ou agrafos vasculares ◦ Método mais seguro ◦ Vasos de calibre médio a grande (> 1,5 a 2 mm de diâmetro) ◦ Encerramento definitivo de um vaso por meio de um fio de sutura (absorvível ou não) que é aplicado ao redor do vaso ◦ Espessura do fio adequada ao calibre do vaso ◦ Vaso deve estar isolado e identificado ◦ A pressão deve ser a suficiente para controlar a hemorragia Agrafos vs ligaduras? ◦ Podem ser utilizadas em locais mais inacessíveis ◦ Soltam-se mais facilmente que as ligaduras (ligaduras muito mais seguras) ◦ Demoram menos tempo a serem aplicados CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 51 Hemorragia e Hemostasia Hemorragia e Hemostasia CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 52Técnica para ligar um vaso Métodos, meiose técnicas de hemostasia Ligaduras ◦ Ligaduras simples ou duplas: vasos isolados e pedículos vasculares ◦ Ligaduras por transfixação simples: + segura ◦ Ligaduras por transfixação modificada ◦ Ligadura de tecido: quando não se conseguem isolar os vasos ◦ Ligaduras em pedículos vasculares CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 53 Hemorragia e Hemostasia Hemorragia e Hemostasia CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 54 Ligadura de transfixação num vaso Métodos, meios e técnicas de hemostasia Ligaduras ◦ Ligadura de tecido: quando não se conseguem isolar os vasos ◦ Ligadura em pedículos vasculares Atenção ao tamanho do pedículo! A ligadura tem que ser dividida CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 55 Hemorragia e Hemostasia Métodos, meios e técnicas de hemostasia e) sutura da ferida ◦ Exerce uma função hemostática pela compressão exercida sobre os tecidos ao nível dos capilares CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 56 Hemorragia e Hemostasia Métodos, meios e técnicas de hemostasia 2. Electrocoagulação – Bisturi elétrico ◦ Hemóstase definitiva ◦ Bisturi elétrico (calor é gerado no tecido à medida que uma corrente elétrica de elevada frequência passa por este) Coagulação monopolar: corrente passa através do paciente desde o cabo até uma placa na base do paciente Coagulação bipolar: são dois pólos (~= pinças de dissecção) entre os quais se coloca o tecido a cauterizar CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 57 Hemorragia e Hemostasia Métodos, meios e técnicas de hemostasia 3. Cauterização ◦ Utilizado em regiões onde não é possível o pinçamento ou ligadura ◦ Hemóstase definitiva ◦ Segurança hemostática dos vasos cauterizados é menor que nos vasos ligados ◦ Termo-coagulação: por aplicação direta de calor nos tecidos e, sem haver passagem de corrente elétrica através do corpo, o efeito destrutivo resulta de uma coagulação térmica: Electrocauterização Termocauterização ◦ Crio-cautério: aplicação direta ou indireta de produtos refrigerantes (óxido de azoto, azoto líquido) para congelar os tecidos, provocando coagulação de proteínas e destruição celular ◦ Laser coagulação CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 58 Hemorragia e Hemostasia Hemorragia e Hemostasia CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 59 Cautérios cirúrgicos Hemorragia e Hemostasia CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 60Electro-cautério Métodos, meios e técnicas de hemostasia 3. Cauterização Vantagens da cauterização: ◦ Boa coagulação ◦ Simples de utilizar e económica Inconvenientes da cauterização: ◦ Extensa destruição dos tecidos ◦ Atrasos na cicatrização Utilização: ◦ Pequenas intervenções cirúrgicas (amputação de cauda, descorna, remoção de unhas CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 61 Hemorragia e Hemostasia Métodos, meios e técnicas de hemostasia 4. Causticação ◦ Ação adstringente de alguns químicos ◦ Alguns produtos cáusticos produzem a coagulação das proteínas tecidulares e, consequentemente, a hemóstase ◦ Devem ser usadas só em áreas superficiais e com muito cuidado ◦ Inconveniente: destruição tecidular excessiva (atraso na cicatrização) ◦ Produtos Sólidos: AgNO3, alúmen, tanino ◦ Produtos Líquidos: AgNO3, percloreto de Ferro, ácido acético glacial CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 62 Hemorragia e Hemostasia Métodos, meios e técnicas de hemostasia 5. Fulguração ◦ Provoca-se uma desidratação e uma destruição superficial dos tecidos por meio de uma corrente elétrica de alta frequência ◦ Destruição dos tecidos é profunda, sendo a energia elétrica transmitida por uma faísca ou arco elétrico a uma distância > 1 mm ◦ Forma-se um “cicatriz” no tecido que se encontra entre os ramos da pinça ◦ Indicado em alguns procedimentos (ex. fístulas perianais) CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 63 Hemorragia e Hemostasia Métodos, meios e técnicas de hemostasia 6. Agentes Hemostáticos ◦ São auxiliares da hemostasia definitiva, não devem utilizar-se para substitui-la ◦ Anomalias de coagulação devem ser corrigidas antes da intervenção cirúrgica, após detecção prévia, devendo evitar-se correções durante a intervenção ◦ Intervenções que se sabe serem muito hemorrágicas, deverá recorrer-se a produtos que reforçam os mecanismos fisiológicos da coagulação ou que provoquem a contração dos vasos ou da musculatura CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 64 Hemorragia e Hemostasia Métodos, meios e técnicas de hemostasia 6. Agentes Hemostáticos ◦ Via parentérica / sistémica Estimulantes da coagulação Vitamina K – necessária para a síntese hepática de alguns fatores de coagulação – II, VII, IX e X CaCl2 Transfusões de plasma, sangue Globulina anti-hemofílica (factor XIII) Fibrinogénio Vasoconstritores Occitocina; Ergometrina; Pituitrina; Carbamazocromo CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 65 Hemorragia e Hemostasia Métodos, meios e técnicas de hemostasia 6. Agentes Hemostáticos ◦ Aplicação tópica Em hemorragias que não sejam controláveis por compressão como por ex. hemorragias de baixa pressão (em toalha) ou em órgãos parenquimatosos (baço e fígado) Adrenalina Vasocontritor local diluição 1/1000 por infiltração direta na zona que sangra, Compressas de colagénio CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 66 Hemorragia e Hemostasia Métodos, meios e técnicas de hemostasia 6. Agentes Hemostáticos ◦ Aplicação tópica Compressas de gelatina absorvível proporciona uma rede similar à fibrina permitindo a proliferação de tecido de granulação, mas sem propriedades antibacterianas, corta-se no tamanho desejado e aplica-se seca ou saturada com solução de Ringer, mantendo-a na superfície hemorrágica por 10 a 15 seg, até se fixar, pode-se utilizar embebida em solução de trombina, degradada por fagocitose ao fim de 3 a 5 sem após a sua implantação) CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 67 Hemorragia e Hemostasia Métodos, meios e técnicas de hemostasia 6. Agentes Hemostáticos ◦ Aplicação tópica (cont.) Compressas de celulose regenerada oxidada tecido trançado tipo gaze, pode-se cortar e suturar sem desfiar dos bordos, promove o aparecimento do coágulo sem estimulação do mecanismo normal da coagulação não deve ser deixada de modo permanente no local de aplicação por interferir com a regeneração tecidular e a epitelização, não pode ser usada em associação com a trombina (interfere com a atividade desta) Não deve ser autoclavada (alteração física do material) Possui pH baixo, tendo por isso algum efeito antibacteriano (recomendado em feridas infetadas) Degradado e fagocitado ao fim de 1 a 5 semanas CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 68 Hemorragia e Hemostasia Técnicas auxiliares de hemostasia Absorção com compressas ◦ Absorvem sangue ◦ Promovem a hemostasia com pressão na zona hemorrágica ◦ Aplicar exercendo pressão prolongada ◦ Não friccionar (Porquê?) ◦ Retirar cuidadosamente Aspiração ◦ Tubo de vácuo CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 69 Hemorragia e Hemostasia Técnicas auxiliares de hemostasia Lavagem ◦ Eliminar coágulos e detritos orgânicos que dificultam a visibilidade ◦ Irrigar com solução isotónica de NaCl estéril e temperado ◦ Deve-se utilizar com a aspiração ◦ Humedece os tecidos compensando a desidratação por exposição ao ar e ao calor CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 70 Hemorragia e Hemostasia Testes hemostáticos: Indicados: ◦ Quando hemorragia excessiva ◦ Antes de uma cirurgia quando se suspeita de tendência hemorrágica ◦ Monitorização de intervenções terapêuticas ◦ Despiste genético em certas raças ou famílias com doença hemorrágica conhecida CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 71 Hemorragia e Hemostasia Testes hemostáticos: Esfregaço sanguíneo: ◦ Contagem de plaquetas (avalia hemóstase primária) ◦ Morfologia ◦ Tamanho (microtrombócitos e megatrombócitos) Tempo de hemorragia: ◦ Avalia hemóstase primária (tempo de formação de um agregado plaquetário) ◦ Instrumento standardizado Retração do coágulo: ◦ Teste grosseiro para a função plaquetária CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 72 Hemorragia e Hemostasia Testes hemostáticos: Tempo de coagulação ativada (ACT): ◦ Avalia sistema intrínseco e via comum (não é específico pq resultados também dependem do nº de plaquetas) Tempo de tromboplastina parcial ativada (APTT): ◦ Avalia sistema intrínseco e via comum ◦ Mais sensível que o anterior Tempo de protrombina (OSPT): ◦ Avalia sistema extrínseco e via comum Tempo de trombina (TT): ◦ Avalia apenas via comum (fibrinogénio fibrina) Produtos de degradação da fibrina (PDF`s): ◦ Avaliação do sistema fibrinolítico (úteis em situações de CID) CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 73 Hemorragia e Hemostasia Hemorragia e Hemostasia Teste Anomalia mais provável Contagem de plaquetas Trombocitopénia Tempo de hemorragia Trombocitopénia, trombocitopatia, defeciências no factor de Von Willbrand ACT Defeito no sistema intrínseco ou comum PDF`s CID, intoxicação por raticidas, aumento da fibrinólise CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 74 Alterações da hemostase Hemostase primária: ◦ Trombocitopénia ◦ Trombocitopatia ◦ Doença de von Willebrand Hemostase secundária: ◦ Deficiências de fatores coagulação CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 75 Hemorragia e Hemostasia Hemorragia e Hemostasia Defeito hemostático primário Defeito hemostático secundário Petéquias e equimoses comuns Petéquias e equimoses raras Hematomas raros Hematomas frequentes Hemorragias nas membranas mucosas Hemorragias musculares, articulações e cavidades corporais Hemorragia após venopunctura Hemorragia tardia após venipuntura CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 76 Bibliografia Fossum, T.W. (1997); “Small Animal Surgery”; Mosby Alexander H., A., (1989); “Técnica Quirurgica en animales y Temas de Terapeutica Quirurgica”; 6ª edición; McGraw-Hill Gardel, L. (1999) “Sebenta de Semiologia Cirúrgica do 3º Curso de Medicina Veterinária do ICBAS” Couto, C. G. (1998) “Disorders of hemostasis” In Nelson, R. e Couto, C.G.: Small Animal Internal Medicine; Mosby, S. Louis CTeSP Cuidados Veterinários - Drª Paula Caldeira 77 Hemorragia e Hemostasia
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