Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS W B A 03 92 _v 1. 0 2 Bárbara Almeida Souza Londrina Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2020 ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS 1ª edição 3 2020 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Presidente Rodrigo Galindo Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada Paulo de Tarso Pires de Moraes Conselho Acadêmico Carlos Roberto Pagani Junior Camila Braga de Oliveira Higa Carolina Yaly Giani Vendramel de Oliveira Juliana Caramigo Gennarini Nirse Ruscheinsky Breternitz Priscila Pereira Silva Tayra Carolina Nascimento Aleixo Coordenador Nirse Ruscheinscky Breternitz Revisor Ana Cobalchini Editorial Alessandra Cristina Fahl Beatriz Meloni Montefusco Gilvânia Honório dos Santos Hâmila Samai Franco dos Santos Mariana de Campos Barroso Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) __________________________________________________________________________________________ Souza, Bárbara Almeida S729p Análise e avaliação de impactos ambientais/ Bárbara Almeida Souza, – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2020. 43 p. ISBN 978-65-86461-16-9 1. Impactos Ambientais. 2. Poluíção. I. Souza, Bárbara Almeida. Título. CDD 304.2 ____________________________________________________________________________________________ Thamiris Mantovani CRB 8/8753 © 2020 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. 4 SUMÁRIO Conceitos e introdução à avaliação de impacto ambiental __________ 05 Etapas e quadro legal da avaliação de impacto ambiental __________ 20 Metodologias em avaliação de impactos ambiental e a participação pública _____________________________________________________________ 34 Estudo de impacto ambiental e o processo de licenciamento ambiental ______________________________________________________________________ 51 ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS 5 Conceitos e introdução à avaliação de impacto ambiental Autoria: Barbara Almeida Souza Leitura crítica: Ana Beatriz Ulhoa Cobalchini Objetivos • Apresentar e discutir conceitos fundamentais para compreensão da prática de Avaliação de Impactos Ambientais (AIA). • Compreender como é feita a classificação e categorização de impactos ambientais. • Iniciar a discussão sobre a valoração de impactos ambientais, etapa fundamental para os estudos de impactos ambientais. 6 1. Introdução e conceitos fundamentais A Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) se insere no âmbito do planejamento ambiental como um mecanismo preventivo para subsidiar a tomada de decisão do poder público acerca de projetos de desenvolvimento, segundo Sánchez (2013). A implementação da AIA decorre da busca por soluções para conciliar o desenvolvimento econômico e social com as preocupações frente às condições de degradação dos ecossistemas e da biodiversidade. Tal abordagem requer a inserção das dimensões ambiental, social e econômica, nas relações de apropriação dos recursos naturais e modo de vida visando a sustentabilidade, ou seja, consideração dos pilares de proteção ambiental, justiça social e viabilidade econômica no planejamento de atividades econômicas, segundo Souza (2019). Para compreender o processo de AIA é fundamental que os profissionais conheçam os termos utilizados. Apesar de o termo impacto ambiental e outros correlatos serem amplamente utilizados e encontrados com frequência nas mídias, é necessário compreender as definições da literatura técnica para sua correta aplicação. Sob esta perspectiva, há uma série de termos de grande importância para compreensão da prática de AIA, que você conhecerá nos itens a seguir. 1.1 Degradação ambiental É frequente a utilização do termo degradação quando há referência às paisagens alteradas pelas atividades antrópicas. A degradação ambiental pode ser entendida como um processo de redução da qualidade ambiental, em um nível que possa causar estresse significativo à sociedade por meio das restrições físicas e sociais 7 que exerce sobre as opções produtivas disponíveis. Portanto, está relacionada a uma mudança ou perturbação de causa humana onde são verificadas a redução das condições naturais ou do estado de um ambiente, de acordo com Johnson et al. (1997). A legislação brasileira, por meio da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (BRASIL, 1981) considera degradação ambiental como “alteração adversa das características do meio ambiente” (art. 3°, inciso II). Tal definição é considerada muito ampla, abrangendo também a noção de poluição, já que considera prejuízo à saúde, à segurança, ao bem-estar das populações, às atividades sociais e econômicas, à biosfera e às condições estéticas ou sanitárias do meio, segundo Sánchez (2013). Sob a perspectiva prática, degradação ambiental corresponde ao impacto ambiental negativo e é utilizado para qualificar áreas que se apresentam alterações adversas dos processos, funções ou componentes ambientais. Por exemplo, uma área utilizada por atividades de silvicultura, como apresenta a Figura 1, pode possui áreas em que o solo foi intensamente alterado e gerando degradação do corpo hídrico, podendo ser classificada como área degradada. 8 Figura 1 – Exemplo de área degradada pela silvicultura Fonte: blew_i/ iStock.com. 1.2 Risco ambiental O conceito de risco é utilizado em diversas áreas, sendo adaptado de acordo com seu contexto de aplicação, como investimentos financeiros, segurança do trabalho e geotécnicos, por exemplo. Portanto, de forma geral, o termo é associado ao potencial, susceptibilidade, vulnerabilidade, sensibilidade ou danos potenciais de um evento. O risco ambiental remete à possibilidade de ocorrência de eventos danosos ao ambiente. Consideram-se riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde humana e dos ecossistemas. https://www.istockphoto.com/br/portfolio/blew_i?mediatype=photography 9 1.3 Acidente ambiental Segundo a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB, 2003), o conceito de acidente é compreendido como um evento anormal e indesejado, com potencial para causar danos diretos ou indiretos à saúde humana, ao meio ambiente ou a outro bem a proteger. Os acidentes podem ser divididos em duas categorias: I) naturais, ocorrências causadas por fenômenos da natureza, como por exemplo, terremotos, maremotos e furacões, entre outros; e II) tecnológicos, ocorrências geradas pelas atividades potencialmente impactantes desenvolvidas pelo homem, como vazamento ou lançamento inadequado de substâncias (gases, líquidos ou sólidos) para a atmosfera, solo ou corpos d’água, incêndios florestais ou em instalações industriais. Há casos emblemáticos de acidentes decorrentes da ação antrópica, ou seja, daquelas realizadas pela ação humana. Citam-se os casos dos acidentes: Minamata (1954, Japão) – onde o despejo de mercúrio e outros metais pesados por uma indústria muito influente da região, causou a contaminação da fauna aquática e provocou doenças na comunidade local; Bhopal (1984, Índia) – um vazamento em uma fábrica de agrotóxicos gerou emissão atmosférica de mais de quarenta toneladas de gases tóxicos, causando mortes de habitantes; Exxon Valdez (1989, Alasca) – a colisãode um navio petroleiro provocou um derramamento de óleo (cerca de quarenta milhões de litros de petróleo), contaminando mais de dois mil quilômetros de praias e causando a impactos na fauna aquática e prejuízos econômicos, segundo Souza (2019). Mais recentemente, dois acidentes ambientais provenientes do setor de mineração marcaram a história brasileira, o rompimento das barragens de rejeitos de mineração de ferro, ambos no estado de Minas Gerais: as barragens de Fundão, em Mariana (2015); e do Córrego do Feijão, em Brumadinho (2019). Tais acidentes ambientais causaram significativos 10 impactos socioambientais em diversos municípios, conforme percorria o trajeto da massa de rejeitos provocado pelo rompimento da barragem e da ação da gravidade. Tais acidentes foram considerados os maiores acidentes ambientais brasileiros até o momento. 1.4 Impacto ambiental Antes de conceituar o termo impacto ambiental, que é foco desta disciplina, perceba o valor que a palavra impacto possui. Em uma consulta a um dicionário de Língua Portuguesa, você pode verificar que impacto assume o significado proveniente da física, que seria choque, ou seja, o efeito de uma ação e de forma mais ampla, ato ou efeito de embater. Assim, expandindo este entendimento, pode-se admitir que o termo impacto ambiental seja o efeito que uma ação produz sobre o meio ambiente. Essa interpretação pode ajudar no esclarecimento geral que ajuda leigos, porém, é necessário que você compreenda em uma perspectiva científica e técnica. Parte-se das seguintes premissas: a primeira é que os ambientes são dinâmicos, ou seja, estão sujeitos a mudanças nos parâmetros ambientais; outra premissa é que determinadas atividades humanas têm potencial de alterar os parâmetros ambientais. Considerando o exposto, o impacto ambiental pode ser entendido a partir da comparação de duas situações, de acordo com Wathern (1988): a primeira é como a área se comportaria se a atividade não tivesse sido iniciada; já a segunda situação, considera a implantação da atividade. A partir disso, autores consideram que impacto é a diferença entre o que aconteceria com a ação e o que aconteceria sem ela. Cabe esclarecer que impactos ambientais são resultantes das atividades humanas. Portanto, as alterações decorrentes de fenômenos naturais 11 não são consideradas impactos ambientais. No entanto, os impactos das ações antropogênicas, como o aumento das emissões de gases de efeito estufa, tem potencial de alterar fenômenos naturais climatológicos, como maior incidência de eventos extremos, sejam de seca ou de tempestades e furacões, segundo Souza (2019). A presente disciplina adota a definição de impacto ambiental como a alteração da qualidade ambiental que resulta da modificação de processos naturais ou sociais provocada por ação humana, segundo Sánchez (2013). Assim, a AIA pode ser entendida, como processo de identificar as consequências futuras de uma ação presente ou proposta pela comunidade humana. A noção de impacto ambiental abrange os efeitos adversos (negativos) e também os benéficos (positivos). De forma prática, um impacto ambiental é produzido quando uma ação ou atividade implica na alteração do ambiente ou de algum de seus componentes. Essa ação ou atividade pode ser um programa, um projeto de engenharia, um plano, uma lei ou uma disposição administrativa com repercussões ambientais. Importante destacar que impacto ambiental é diferente de poluição ambiental. Existe confusão entre os termos, mas poluição é a emissão de matéria ou energia além da capacidade assimilativa do meio. Portanto, toda poluição causa impacto ambiental, mas nem todo impacto ambiental tem a poluição como causa, de acordo com Sánchez (2013). 1.5 Aspecto ambiental O termo aspecto ambiental é muito empregado no contexto de Sistema de Gestão Ambiental (SGA) e, apesar de ser prático, muitas vezes, se confunde na sua aplicação. 12 Sua clássica definição vem das normas da ISO 14.001 (ISO, 2015), que explica que aspecto ambiental, é o elemento das atividades, produtos ou serviços de uma organização, que pode interagir com o meio ambiente. Para fixar o conceito, considere que as ações desenvolvidas para a implantação de um loteamento podem alterar os processos ambientais da área, por exemplo, atividade de uso de água pressupõe um consumo de recursos naturais (hídricos), este é considerado um aspecto ambiental, que, por sua vez, provoca impactos adversos, como a redução da disponibilidade de recursos. Nesse contexto, um aspecto ambiental também pode causar mais de um impacto ambiental, no exemplo citado, o consumo de recursos hídricos, pode levar a alteração da biota aquática. 2. Processo de identificação, classificação, categorização e valoração dos impactos ambientais Considerando os conceitos básicos apresentados, a AIA é o processo de identificação, previsão, avaliação e mitigação dos efeitos biofísicos, sociais e outros efeitos relevantes das propostas de desenvolvimento antes da tomada de decisão e estabelecimentos de compromissos. De forma convergente, Canter (1996) conceitua AIA como a identificação e a avaliação sistemática do impacto potencial (efeitos) dos projetos propostos, planos, programas ou medidas legislativas sobre os componentes físico-químicos, biológicos, culturais e socioeconômicos do ambiente. Em complemento, Erickson (1994), postula que a AIA pode ser vista como um processo de identificação e avaliação das consequências das ações humanas no meio ambiente e, quando apropriado, apresenta medidas mitigadoras para essas consequências. 13 Nessa perspectiva, as atividades seguintes fazem parte do processo de AIA: de I) identificação; II) previsão da magnitude; III) avaliação da importância, ou seja, valoração dos impactos. 2.1 Identificação e classificação de impactos Em uma adequada AIA, a identificação de impactos ocorre em diferentes fases: I) preliminar ao detalhamento do estudo ambiental, que identifica os impactos prováveis do projeto analisado; II) após o estudo ambiental, que identifica os impactos potenciais; III) após a implantação/operação do projeto, que identifica os impactos reais de um projeto. A identificação preliminar de impactos é considerada uma atividade importante para o direcionamento de um estudo ambiental, ou seja, o foco que se pretende dar nas investigações dos meios físico (solo, água e ar), biótico (flora e fauna) e social (aspectos antrópicos). Sua realização parte da formulação de hipóteses acerca das modificações ambientais a serem direta ou indiretamente induzidas pelo projeto em análise, de acordo com Sánchez (2013). Utiliza-se a consulta de estudos anteriores, conhecimento acumulado dos profissionais da área e também a literatura científica, manuais e publicações especializadas em avaliação de impacto. A identificação dos impactos decorrentes da implantação do empreendimento deve ser sistemática, correlacionando cada ação (ou atividade) componente do empreendimento com um ou mais impactos ambientais, segundo Souza (2019). Quando o estudo ambiental é realizado, há mais informações acerca das condições ambientais e sociais (diagnóstico) das áreas em que se insere o projeto, em razão da apresentação dos projetos ou escopos de instalação serem definidos com maior exatidão. E dessa forma, é 14 possível revisitar os impactos preliminares, a fim de constatar se a lista de impactos está condizente com as informações geradas. Nesse mesmo contexto, na operação do projeto, em que é conduzida a fase de acompanhamento da AIA, o empreendedor deve revisar e avaliar os impactos reais, incluindo outros que surjam ou suprimindo os que não tenha confirmada sua ocorrência. Assim, é possível avaliar se há impactos que não foram previstos nos estudos ambientais e, consequentemente, implantar medidas de mitigação destes. Após identificados, os impactos deverão ser classificados. Há uma série de critérios amplamente difundidos ediscutidos na literatura, como, Erickson (1994): probabilidade de ocorrência; magnitude; duração; reversibilidade; relevância com respeito a determinações legais e distribuição social dos riscos e benefícios. A Tabela 1 apresenta alguns exemplos de critérios para a classificação de impactos. Outros autores, segundo Sánchez (2013) também consideram critérios: possibilidade de recuperação do ambiente afetado; importância do ambiente afetado; nível de preocupação pública e repercussões políticas. A prática local recomenda que, na composição dos critérios para atribuição da importância dos impactos ambientais, também se observe os dispositivos legais sobre os biomas brasileiros, bens tombados (considerando-se as premissas de patrimônio estabelecidas por órgãos como o Instituto do Patrimônio Humano e Natural – IPHAN ou a Fundação Nacional do Índio–FUNAI, seja pelas áreas ocupadas por comunidades tradicionais) e outros recursos ambientais valorizados. Quadro 1 – Exemplos de critérios para a classificação de impactos Critério para classificação Descrição 15 Tipo Refere-se à consequência do impacto, podendo direto, aqueles decorrentes da implantação ou operação do empreendimento; ou indireto, que são decorrentes de desdobramentos dos impactos diretos. Categoria Considera sua classificação em negativo, quando há efeito adverso; ou positivo, quando há efeito benéfico. Área de abrangência Refere-se sua abrangência espacial, de acordo com as escalas estabelecidas pelo estudo de impacto ambiental, que pode ser: local, quando o impacto ocorre ou se manifesta na área diretamente afetada pelo empreendimento ou na área de influência direta definida para o empreendimento; regional, quando o impacto ocorre ou se manifesta na área de influência indireta definida para o empreendimento; ou estratégico, quando o impacto se manifesta em áreas que extrapolam as áreas de influência definidas para o empreendimento. 16 Duração ou temporalidade Refere-se ao tempo de duração do impacto na área, variando como: temporário, quando o impacto cessa a manifestação de seus efeitos em um horizonte temporal definido ou conhecido; ou permanente, quando um impacto se estende além de um horizonte temporal definido ou conhecido. Fonte: Ecoconservation (2017). 2.2 Previsão da magnitude e avaliação da importância Um projeto pode ter uma lista grande e variada de impactos ambientais. Diante da complexidade dos projetos e também da disponibilidade de recursos financeiros e humanos, questiona-se: todos devem ser tratados da mesma forma? A prática orienta que não, cada impacto possui características e comportamentos distintos e o processo de AIA deve ser conduzido para identificar, analisar, prevenir, reduzir ou compensar os impactos significativos. A definição do que é impacto, significativo ou não, é complexa e está sujeita a grande subjetividade. Admite-se a consideração das características ecológicas e valores culturais e também a percepção do público em geral, ou seja, está ligado a subjetividade. A previsão da magnitude em um processo de AIA significa atribuir um grau da importância ou significância dos impactos ambientais, visando valorar, classificar ou hierarquizar os impactos identificados. 17 Essa atividade condicionada à qualidade da etapa de previsão de impactos, em que ocorre o levantamento de hipóteses sobre a magnitude e a intensidade dos potenciais impactos, na qual o embasamento técnico tende a reduzir a subjetividade. A etapa de avaliação da importância dos impactos visa distinguir os impactos mais significativos dos demais, pois exatamente sobre os significativos se direciona a análise para a demonstração da viabilidade ambiental do projeto. Um exemplo de determinação da importância dos impactos ambientais pode ser a partir da relação entre sua magnitude e a sensibilidade do ecossistema ou do meio social afetado. O Quadro 2 demonstra essa relação: a magnitude (caracterizada como forte, média e fraca) constitui-se na avaliação da intensidade com que a ação altera o meio afetado, além da combinação e do balanço dos demais atributos de classificação. Já a sensibilidade, da área onde se manifesta um determinado impacto, pode ser determinada a partir das informações da área, apresentada no diagnóstico de uma área no estudo ambiental. Quadro 2 – Exemplo de relação para avaliação do Grau de Importância dos impactos Magnitude Sensibilidade Forte Média Fraca Alta Grande Grande Média Média Grande Média Pequena Baixa Média Pequena Pequena Fonte: elaborado pela autora. 18 Assim, o grau de importância é baseado nas relações possíveis de ocorrerem, conforme as classificações de magnitude e sensibilidade. Por exemplo, um impacto considerado como forte magnitude, incidindo sobre um fator ambiental de alta ou média sensibilidade, apresenta grau de importância grande. Já quando há o cruzamento entre forte magnitude e baixa sensibilidade, ou vice-versa, indica grau de importância médio para o impacto. Por fim, impactos de fraca magnitude, incidindo sobre fatores de baixa ou média sensibilidade, são considerados como grau de Importância pequeno. Referências Bibliográficas BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/LEIS/L6938.htm. Acesso em: 28 abr. 2020. CANTER, L. W. Environmental impact assessment. 2. ed. New York: McGraw-Hill, 1996. COMPANHIA DE TECNOLOGIA E SANEAMENTO AMBIENTAL (CETESB). Manual (P4.261)–Orientação para a elaboração de estudos de análise de riscos. São Paulo, 2003. ECOCONSERVATION. EDP. RCA da Linha de Transmissão 230 kV Linhares 2 – São Mateus 2 e Subestação 230/138-13,8 kV São Mateus 2. 2017. Disponível em: https://iema.es.gov.br/Media/iema/Downloads/Relatorios_Tecnicos/2017.10.26%20 -%20Sum%C3%A1rio.pdf. Acesso em: 28 abr. 2020. ERICKSON, P. A. A practical guide to environmental impact assessment. San Diego: Academic Press, 1994. GLASSON, J.; THERÍVEL, R.; CHADWICK, A. Introduction to environmental impact assessment. London: Spon Press, 2012. INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION (ISO). ISO 14001. Environmental management systems: requirements with guidance for use. Geneva, 2015. JOHNSON, D. L. et al. Meanings of environmental terms. Journal of environmental quality, 26(3), 581-589, 1997. 19 SÁNCHEZ, L. E. Avaliação de impacto ambiental. São Paulo: Oficinade Textos, 2013. SOUZA, B. A. EIA-RIMA: estrutura geral e relações. Editora Senac São Paulo, 2019. WATHERN, P. Environmental impact assessment: theory and practice. Londres: Unwin Hyman, 1988. 20 Etapas e quadro legal da avaliação de impacto ambiental Autoria: Barbara Almeida Souza Leitura crítica: Ana Beatriz Ulhoa Cobalchini Objetivos • Descrever o processo da Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) e o contexto internacional de sua aplicação. • Compreender que a institucionalização da AIA atendeu a demandas sociais relativas à proteção da qualidade do ambiente para as atuais e as futuras gerações. • Apresentar o quadro legal brasileiro para Avaliação de Impacto Ambiental e discutir suas principais características. • Compreender os procedimentos do processo de AIA e a finalidade de cada uma de suas etapas. 21 1. Processo da Avaliação de Impacto Ambiental A Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) originou-se com a finalidade de ser um instrumento de planejamento ambiental, com o objetivo de examinar as consequências futuras de uma ação presente ou proposta, segundo Sánchez (2013). Pode-se afirmar que a AIA busca viabilizar o uso dos recursos naturais nos processos de desenvolvimento. Na prática, tal instrumento, por promover a inserção da dimensão ambiental na fase de planejamento de projetos, pode prever as consequências futuras advindas da instalação e da operação dos empreendimentos e influência nas decisõesenvolvidas no planejamento e na tomada de decisões. A implementação adequada de um processo de AIA proporciona uma prévia discussão e uma análise dos impactos ambientais positivos e negativos de determinada proposta e possibilita pensar em rearranjos de projetos para evitar impactos negativos, bem como maximizar os benefícios, ou seja, os impactos positivos. A AIA também envolve a elaboração e execução de programas de monitoramento, compensação e mitigação dos impactos ambientais, resultantes de um empreendimento ou atividade, podendo ser colocados em prática durante todo seu ciclo de vida. A AIA, por discutir a viabilidade socioambiental das atividades econômicas, introduz uma postura proativa no processo de planejamento de projetos e também de sua implantação e desativação. 1.1 Contexto internacional Foi a partir da década de 1960, diante do crescimento da percepção das consequências das ações humanas, que se constatou que o modelo 22 de avaliação de projetos clássicos, que deixavam de lado os aspectos ambientais, era insatisfatório e insuficiente. A AIA, portanto, vem da necessidade de identificar e incorporar, nos processos de planejamento e de tomada de decisão, as possíveis consequências ou efeitos ambientais de determinadas atividades humanas, aptas a ocasionar degradações ao meio ambiente. Foi nesse contexto que, em 1970, entrou em vigor, nos Estados Unidos, a Lei de Política Ambiental Nacional (National Environmental Policy Act – Nepa). Essa foi a primeira lei a estabelecer a obrigação do instrumento de AIA para avaliar os impactos ambientais decorrentes de planos, programas e projetos que podem gerar efeitos nocivos ao meio ambiente, segundo Jay et al. (2007). Seguindo essa iniciativa, países como o Canadá, a Nova Zelândia e a Austrália, que apresentam similaridade ao modelo de desenvolvimento e do sistema jurídico e político dos Estados Unidos, incorporaram o instrumento de AIA, no início dos anos 1970, em suas legislações. A partir da instituição da AIA em países precursores, a difusão internacional se deu por muitas razões, como a existência de problemas de degradação ambiental, comum em vários países, somado ao fato dos acidentes ambientais de grandes proporções, resultantes do modelo de desenvolvimento adotado até aquele momento. No continente europeu, a França foi pioneira introduzindo a AIA, em 1976, em seu sistema de licenciamento. Os demais países a instituíram, em 1985, quando a Comissão Europeia passou a exigir que os países- membros da então Comunidade Econômica Europeia (atual União Europeia) adotassem os procedimentos formais de AIA. Já os países em desenvolvimento, tiveram grande influência da atuação de agências bilaterais de fomento ao desenvolvimento, como a U.S. 23 (Agency for International Development–USAID), e agências multilaterais, como o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), uma vez que esses bancos passaram a exigir a adoção de procedimentos da AIA como condicionantes em seus financiamentos, segundo Sánchez (2013). O Banco Mundial teve um papel importante, na década de 1990, pois consolidou procedimentos relativos às considerações ambientais na análise de solicitação de empréstimos, que passaram a observar as políticas operacionais, orientações que são próximas aos padrões internacionais de avaliação de impacto atuais. Os procedimentos de AIA são, atualmente, empregados em pelo menos 181 países e seu estabelecimento é atrelado aos mecanismos legais, sendo, portanto, um instrumento de governança ambiental que agrega aspectos de caráter político e institucional e as particularidades econômicas, sociais e culturais de cada país, de acordo com Morgan (2012). 1.2 Quadro legal brasileiro para avaliação de impacto ambiental No Brasil, a institucionalização da AIA ocorreu na década de1980 a partir da publicação da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), pela Lei Federal n. 6.938/81, cujo principal objetivo é a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana. O artigo 9º da Lei estabelece a AIA como um dos instrumentos da PNMA. A Constituição Federal de 1988 faz referência à AIA, em seu artigo 225, que estabelece que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de 24 defendê-lo e preserva-lo para as presentes e futuras gerações (BRASIL, 1988). O capítulo IV, da Constituição Federal de 1988, traz que: Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público, dentre outras providências, exigir, na forma de lei, para a instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade. (BRASIL, 1988, Art. 225, IV) As orientações da implementação da AIA vêm com a Resolução CONAMA n. 01/1986, que traz definições, responsabilidades, critérios básicos e diretrizes gerais para a implementação da AIA, e também a vincula ao sistema de licenciamento. A resolução do CONAMA passa a exigir Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e respectivo Relatório de impacto ambiental (Rima) para o licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente, bem como as diretrizes e atividades técnicas para sua execução. A citada legislação apresenta, ainda, uma listagem que indica os tipos de atividades modificadoras do ambiente cuja instalação e operação dependem da aprovação por um processo de AIA. Sendo de caráter exemplificativo, os órgãos ambientais podem exigir a realização de AIA para outros tipos de empreendimentos não explicitamente citados na lista da Resolução CONAMA n. 01/1986, durante o processo de licenciamento ambiental (CONAMA, 1986). Vale destacar que o art. 24, da Constituição Federal de 1988, estabeleceu a competência concorrente entre a União e os Estados para legislar em matéria ambiental. Dessa forma, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios podem estabelecer normas específicas para a realização de AIA, desde que atendam às suas peculiaridades e não difiram das normas gerais federais. Aos Municípios cabe o estabelecimento de normas específicas que atendam o interesse local e suplementem a legislação federal e estadual no que couber (BRASIL, 1988). 25 2. Etapas do processo de AIA A AIA deve ser entendida como um processo concatenado, pois abrange atividades e procedimentos estruturados para que se incorporemos impactos ambientais no planejamento de projetos e durante sua tomada de decisão. Sánchez (2013) afirma que a AIA tem as seguintes características: • Conjunto estruturado de procedimentos. • Condução por regulamentações específicas. • Registro documental. • Pluralidade de participantes. • Direcionado à demonstração da viabilidade ambiental de uma proposta. Ainda que existam diferentes regulamentações para a aplicação da AIA entre os países, a literatura internacional define um procedimento com atividades obrigatórias para a condução do processo de avaliação. O sucesso da avaliação está condicionado à sua aplicação, contemplando todas as suas etapas. Sánchez (2013) e Noble (2009) dividem o processo da AIA em três etapas, conforme apresentado na Figura 1. 26 Figura 1 – Etapas de um processo de Avaliação de Impacto Ambiental Fonte: adaptado de Sánchez (2013). 2.1 Etapa inicial ou etapa de triagem Essa etapa é comumente denominada de triagem ou avaliação/ consulta prévia; na literatura internacional, adota-se o nome screening (pré- seleção ou triagem). É definido, nessa etapa, se o projeto em análise deve ser submetido ou não ao procedimento da AIA por apresentar potenciais impactos ao meio ambiente. A triagem, no processo, é utilizada para selecionar os projetos que, pela incerteza de seus possíveisimpactos, requeiram um estudo de maior detalhe e que precisem de maior atenção na tomada de decisão pública. 27 Portanto, segundo Gallardo (2018), é a partir da etapa de triagem do processo de AIA serão definidos os projetos que demandarão: I. Elaboração de estudos técnicos aprofundados. II. Participação pública intensa. III. Reflexão detalhada e rigorosa sobre as consequências ambientais desse projeto. IV. Capacidade técnica e institucional na comprovação de que o projeto é viável ambientalmente. A decisão sobre o enquadramento considera a possibilidade do projeto ter um efeito significativo sobre o meio ambiente, usando julgamento profissional, que é obtido por conhecimento e experiência na aplicação da AIA. Considera: I. Valores, sensibilidade e qualidade do ambiente a ser potencialmente impactado. II. Extensão dos prováveis impactos (intensidade, duração, magnitude e área geográfica diretamente afetada). III. Consequência dos prováveis impactos. IV. Resiliência do ambiente para absorver os impactos. V. Impacto cumulativo com outros projetos. VI. Nível de confiança na previsão de impactos e no sucesso da mitigação proposta. VII. Preocupação pública sobre o efeito provável do projeto. No Brasil, essa etapa considera a lista da Resolução CONAMA n. 01/1986. São exemplos de categorias de empreendimentos sujeitos à AIA e, portanto, a elaboração de estudo de impacto ambiental: estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento; portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos; linhas de transmissão de energia 28 elétrica acima de 230 kV; extração mineral de grande e médio porte etc (BRASIL, 1986). Os projetos classificados como não potencialmente causadores de impacto ambiental, bem como para os que, dada sua repetitividade, têm já conhecidos os seus principais impactos, não necessitam serem submetidos a um processo de AIA para atestar sua viabilidade ambiental. Ao invés disso, podem ter seus impactos ambientais gerenciados por outros regramentos existentes na legislação ambiental ou estudos ambientais mais simplificados. Ainda que alguma atividade não esteja na lista, os empreendedores podem realizar uma consulta com o órgão ambiental. Essa análise é feita a partir de uma apresentação geral do projeto, em que o órgão ambiental avalia se as atividades descritas são potenciais de causar impacto e se o ambiente da área a ser ocupado possui fragilidades ambientais. 2.2 Etapa detalhada Esta etapa apresenta procedimentos que são aplicados apenas nos casos que tenham potencial de causar impactos significativos, ou seja, que tenham sido classificados de tal maneira na etapa de triagem. Como o próprio nome sugere, a etapa detalhada apresenta um maior detalhamento do projeto, contemplando uma série de atividades, concentrando grande parte dos esforços na elaboração do Estudo de Impacto Ambiental (EIA). De forma geral, a etapa detalhada engloba: a) Estabelecimento dos objetivos e do escopo: Essa subfase é chamada de fase de escopo (ou scoping, na literatura internacional) e sua finalidade é especificar quais são os aspectos 29 relevantes a serem considerados na avaliação de impacto. É nessa fase que são definidos quais serão os critérios para a realização dos EIAs, bem como seu conteúdo mínimo. Segundo Sánchez (2013) e Gallardo (2017), esse conteúdo deve: I. Direcionar os estudos para responder questões sobre as relações entre o projeto de engenharia e meio. II. Identificar os temas prioritários decorrentes dessas relações projeto e meio. III. Estabelecer limites espaciais, ou seja, em termos de áreas e abrangência, para a coleta de dados necessários para o entendimento dessas relações. IV. Identificar as alternativas para realização desse projeto, que devem resultar da análise da não realização do projeto até detalhada discussão de distintas opções técnicas e de localização para esse projeto. Em termos práticos, o produto dessa etapa representam os termos de referência, específicos para determinados tipos de empreendimentos, cuja responsabilidade de expedição é dos órgãos ambientais durante o processo de licenciamento ambiental dos empreendimentos potencialmente poluidores. Nesse documento, é apresentado um roteiro com a delimitação dos recortes temáticos a serem contemplados nos estudos e nas avaliações de impactos de um projeto em particular. O termo de referência pode ser entendido como uma lista de especificação do que precisa ter no EIA e, logicamente, esta atividade deve anteceder o início dos estudos ambientais. No Brasil, o Termo de Referência é previsto nos artigos 5º e 10º da Resolução CONAMA n. 237/1997 (BRASIL, 1997). b) Elaboração do estudo de impacto (análise de impacto): 30 Consiste na fase em que se analisa a significância desses impactos no contexto no qual o empreendimento, plano ou programa está inserido. Trata-se de atividade que possui o maior conteúdo técnico-científico e a que consome maior quantidade de tempo e recursos. É o procedimento que estabelece as atividades de predição e avaliação dos potenciais impactos da proposta. A elaboração do EIA e do Rima é realizada nesta etapa. O EIA é considerado a parte central do processo de AIA, por ser um conjunto de atividades que engloba o diagnóstico ambiental, a identificação, a medição, a interpretação e a quantificação dos impactos, a proposição de medidas mitigadoras, os programas de monitoramento e o acompanhamento dos resultados das medidas mitigadoras propostas, segundo Sánchez (2008). O EIA é um estudo que alia investigação científica multi e interdisciplinar com técnicas de avaliação. No Brasil, as diretrizes gerais estão previstas na Resolução CONAMA n. 01/86, que define a necessidade de se realizar um diagnóstico ambiental das áreas de influência de um projeto, numa perspectiva histórica, que sirva de base à previsão e avaliação dos impactos e à proposição, no mesmo documento, de medidas de mitigação e compensação cabíveis (CONAMA, 1986). c) Análise técnica: Consiste na análise técnica dos estudos, principalmente o EIA, pelas autoridades ambientais. Ao órgão ambiental, cabe avaliar tecnicamente a qualidade dos estudos ambientais apresentados, subsidiando-o no que diz respeito à tomada de decisão sobre dado empreendimento. Em uma fase preliminar, cabe às autoridades ambientais averiguar a consistência do conteúdo conforme as diretrizes legais estabelecidas, como também o pleno atendimento aos termos de referência ou escopo definido previamente. 31 d) Consulta pública: Realiza-se, após a conclusão do EIA/RIMA, auxiliando o processo de instrução do processo decisório. A participação pública pode ser feita de duas formas: indireta, quando há conselhos representativos de vários segmentos da sociedade; e direta, por meio de audiências públicas que permitem que o público em geral manifeste sua opinião acerca do projeto. As opiniões expressas na consulta pública são consideradas na medida do possível, no processo de tomada de decisão. e) Decisão: Finaliza a etapa de análise detalhada. Algumas decisões podem ser tomadas pelo órgão ambiental, sendo: projeto aprovado; projeto aprovado com restrições; projeto rejeitado. A tomada de decisão ocorre após ser demonstrada a viabilidade ambiental do projeto apresentado no EIA, com as complementações, caso necessárias e com o referendo da participação pública. Quando o projeto é rejeitado, o processo de licenciamento é arquivado. Nessa condição, o proponente pode alterar o projeto, considerando- se outras alternativas técnicas e locacionais, visando sua viabilidade ambiental e submeter a um novo processo de licenciamento. A tomada de decisão no processo brasileiro de AIA é vinculada ao EIA e ao sistema de licenciamento ambiental, com os subsídios dos resultados da participação pública e da opinião técnica dos órgãos ambientais e outros relacionados, que devem se manifestar acerca do projeto em análise. É muito comum a necessidade decomplementação das informações apresentadas no EIA, que são, portanto, inseridos na sequência decisória após a apresentação do estudo de impacto ambiental. 32 f) Etapa pós-aprovação (quando a resposta for favorável à implantação): Trata-se da etapa após o planejamento do projeto, abrangendo a continuidade com a implantação e operação do projeto. Caso o projeto seja aprovado, isso se dá por meio da aplicação das medidas de gestão estabelecidas no EIA, com as quais o empreendedor deve assumir um compromisso. Tais medidas devem reduzir, eliminar ou compensar os impactos negativos causados pela atividade, ou potencializar os impactos positivos. A etapa de acompanhamento vem sendo recomendada pela literatura científica, segundo Cashmore et al. (2007) para que a AIA cumpra seu papel de ferramenta de garantir a viabilidade ambiental de um projeto, uma vez que o acompanhamento possibilita o reconhecimento da intrínseca competência preventiva e da capacidade contínua. Os resultados da fase de acompanhamento contribuem para melhoria da prática de AIA. Gallardo et al. (2016) mostram resultados positivos da fase de acompanhamento ambiental do processo de AIA na manutenção da qualidade ambiental em ambientes frágeis modificados por grandes empreendimentos de engenharia. Os autores mostram o exemplo da construção do trecho sul do Rodoanel Mario Covas, em São Paulo, no período de 2007 a 2010. Os estudos mostram que a avaliação e aprimoramento contínuo, das medidas mitigadoras para controle de sedimentos em obras civis e uso de áreas de apoio, foi importante para evitar impactos de elevada significância sobre a qualidade dos recursos hídricos superficiais das represas Billings e Guarapiranga, que abastecem parte da Região Metropolitana de São Paulo. 33 Referências Bibliográficas BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 21. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/LEIS/L6938.htm. Acesso em: 28 abr. 2020. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Resolução Conama n. 01, de 23 de janeiro de 1986. Disponível em: http://www2.mma.gov.br/port/conama/legislacao/ CONAMA_RES_CONS_1986_001.pdf. Acesso em: 28 abr. 2020. CASHMORE, M.; BOND, A.; COBB, D. The contribution of environmental assessment to sustainable development: toward a richer empirical understanding. Environmental management, v. 40, n. 3, p. 516-530, 2007. GALLARDO, Amarilis Lúcia Casteli Figueiredo. Avaliação de Impacto: Instrumentos de suporte à decisão. São José dos Campos: GEOEduc 2018. GALLARDO, Amarilis Lúcia Casteli Figueiredo; DE OLIVEIRA E AGUIAR, Alexandre; SÁNCHEZ, Luis Enrique. Linking environmental assessment and management of highway construction in Southeastern Brazil. Journal of Environmental Assessment Policy and Management, 18(01), 2016. MORGAN, Richard K. Environmental impact assessment: the state of the art. Impact Assessment and Project Appraisal, v. 30, n. 1, p. 5–14, 2012. NOBLE, Bram F. Introduction to environmental impact assessment. A guide to principles and practice. 2. ed. Oxford University Press, 2009. STEPHEN Jay et al. Environmental impact assessment: retrospect and prospect. Environmental Impact Assessment Review, v. 27, p. 287-300, 2007. SÁNCHEZ, L. E. Avaliação de Impacto Ambiental. São Paulo: Oficina de Textos, 2013. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6938.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6938.htm http://www2.mma.gov.br/port/conama/legislacao/CONAMA_RES_CONS_1986_001.pdf http://www2.mma.gov.br/port/conama/legislacao/CONAMA_RES_CONS_1986_001.pdf 34 Metodologias em avaliação de impactos ambiental e a participação pública Autoria: Barbara Almeida Souza Leitura crítica: Ana Beatriz Ulhoa Cobalchini Objetivos • Apresentar exemplos de metodologias utilizadas na análise de impacto ambiental para as atividades de integração de informações, identificação e valoração de impactos. • Compreender como está inserida a participação pública na avaliação de impacto ambiental no Brasil. • Apresentar a função dos programas ambientais contidos no estudo de impacto ambiental. • Discutir a hierarquia de mitigação preconizada na avaliação de impacto ambiental. 35 1. Instrumentos e metodologias da análise de impacto ambiental A Avaliação de Impacto Ambiental (AIA), em que se insere o Estudo de Impacto Ambiental (EIA), é uma ferramenta preventiva da gestão ambiental. Tem como finalidade inserir a análise socioambiental no processo de tomada de decisão, por meio de uma avaliação dos impactos de um projeto, antes da implementação da atividade proposta. Para cumprir essa proposta, a AIA dispõe de algumas ferramentas e metodologias que auxiliam sua elaboração e análise, seja no momento da consolidação do diagnóstico ambiental, com ferramentas de integração de informações dos meios físico, biótico e socioeconômico, seja na fase de identificação e na avaliação da importância dos impactos. O objetivo, aqui, não é esgotar todas as metodologias existentes em AIA, mas apresentar de forma breve alguns métodos utilizados na prática de elaboração de EIA, no Brasil. Salienta-se que diversas metodologias podem ser aplicáveis ao caso em análise e estas são recorrentemente atualizadas ou melhoradas pela comunidade técnica e científica. 1.1 Metodologias e integração dos meios físico, biótico e socioeconômico Para avaliar a viabilidade ambiental de uma atividade ou empreendimento proposto, a AIA requer que o EIA reúna informações e dados dos meios físico, biótico e socioeconômico. Cabe ressaltar que os itens a serem abordados foram definidos na etapa de escopo pelo órgão ambiental. Assim, durante a etapa de elaboração do EIA é esperado que seja produzida uma grande e variada quantidade de informações de diferentes áreas do conhecimento. 36 Diante da intrínseca relação entre os meios, para a adequada avaliação de impacto, é fundamental que as análises do EIA sejam realizadas de forma a refletir a complexidade do meio, consideran do a integração dos diversos temas abrangidos pelo projeto proposto (GLASSON; THÉRIVEL, 2013; SÁNCHEZ, 2013). Portanto, a integração dessas informações torna-se um dos desafios da prática de AIA, pois somente a partir de uma análise interdisciplinar e integrada é possível relatar um quadro confiável da dinâmica ambiental da área em estudo. Para isso, um método comumente utilizado é o conhecido como superposição de cartas ou overlay. O termo carta vem da utilização de cartas com informações geográficas, que são representações planas, geralmente, em escala média ou grande, dos aspectos artificiais e naturais de uma área. Esse método pressupõe que diferentes informações sejam integradas para compor a análise de uma característica da área, por exemplo: analisando conjuntamente as cartas (ou mapas) do tipo de solo, de cobertura vegetal, hidrografia, relevo e declividade, é possível que se possa aferir informações sobre a susceptibilidade da área aos processos erosivos. Esse método está associado a utilização de Sistemas de Informações Geográficas (SIG). O SIG é uma ferramenta computacional imprescindível para armazenagem e manipulação de dados em diferentes escalas espaciais e temporais e para geração de mapas temáticos, muito utilizadas na confecção do diagnóstico ambiental e permitem subsidiar análises integradas. O SIG dispõe de softwares, que podem se utilizar de informações espaciais, dados de campo e imagens obtidas por satélites, radares ou fotografias digitalizadas, que permitem a avaliação simultânea de diferentes dados. Ainda que o método de superposição de cartas não permita avaliar a magnitude do impacto, essa ferramenta produz mapas temáticos 37 utilizados na análise e discussão de questões de conflitos de uso e ocupação do solo, comparação de alternativas de projeto etc. Outro método utilizado para aintegração de informações é o uso de indicadores ambientais, que por meio da utilização de parâmetros, permitem mensurar a dinâmica ambiental. Gallardo (2018) aponta um exemplo utilizado para informações sobre a avaliação da qualidade da água, que pode ser expressa por meio de um indicador ambiental, na medida em que agrega parâmetros que representam condições intrínsecas da qualidade desse recurso natural, como pH, cor, temperatura, coliformes fecais e outros. Isso significa que esses parâmetros combinados são descritos como indicadores da qualidade da água. 1.2 Metodologias de identificação dos impactos ambientais A identificação dos prováveis impactos ambientais é a primeira tarefa do procedimento de avaliação, que resulta em uma relação de prováveis impactos que serão avaliados, segundo diversos atributos para que se interprete suas escalas de importância. Dessa forma, para se identificar os impactos ambientais, é necessário conhecer suas causas ou fontes geradoras, que são as atividades, obras, intervenções e demais elementos que compõem o empreendimento, nas três principais fases de seu ciclo de vida: implantação, operação e desativação. Na identificação de impactos também podem ser utilizadas metodologias para auxiliar a determinação dos impactos previstos, considerando-se as diferentes fases do empreendimento. A adequada e precisa identificação de impactos auxilia no processo de determinação do potencial que um projeto tem de afetar a qualidade ambiental. 38 Uma das metodologias é a Ad hoc, que consiste na realização de reuniões entre especialistas de diversas áreas, que possuam conhecimento e prática para debater e opinar no projeto proposto. A partir do conhecimento acumulado, pode-se utilizar informações integrantes de seu acervo técnico de estudos anteriores e empreendimentos similares. Tal método é utilizado, frequentemente, no início da elaboração do EIA, visando direcionar os esforços, otimizar os recursos para sua realização e reunir diferentes pontos de vista. Objetiva-se, por fim, balizar opiniões e eventuais divergências a respeito do projeto e a área afetada. Outro método utilizado é a elaboração de listas de verificação (checklist), prática em que são reunidos, de forma genérica, os prováveis impactos ambientais que ocorrem em cada fase do empreendimento. Esse método produz um quadro geral de possíveis impactos, que podem direcionar às recomendações de alterações no projeto. As matrizes de impacto ambiental, por sua vez, representam as associações entre as ações (ou atividades) de cada fase do empreendimento a cada componente ambiental afetado. Tal método permite identificar as relações causa e efeito de um projeto sobre o meio afetado. De forma geral, utiliza-se método do raciocínio dedutivo, em que as consequências de cada ação decorrem de uma relação de causa e efeito. Uma das mais conhecidas e utilizadas na prática de AIA, no Brasil, é a Matriz de Leopold, criada em 1971, com o objetivo de avaliar os impactos associados a quase todos os tipos de implantação de projetos. Na literatura técnica, existem várias aplicações de matrizes com diferentes enfoques e objetivos. Um exemplo é o apresentado na Figura 1, uma matriz de impactos na implantação de uma mineração. 39 Figura 1 – Exemplo de matriz de impacto na fase de implantação de um projeto Fonte: Prominer Projetos (2016). Para finalizar, cita-se a rede ou diagrama de interação que consiste em uma representação gráfica em formato de fluxograma, que demonstra uma sequência de as ações/ atividades do projeto e seus impactos associados. Um exemplo pode ser observado na Figura 2. 40 Figura 2 – Diagrama de interação da atividade de implantação de pecuária Fonte: elaborada pela autora. 1.3 Metodologias para valoração dos impactos ambientais A atividade de avaliação de impacto de um EIA ocorre em três etapas encadeadas: identificação, que tratamos na seção anterior; previsão de impactos que traz estimativas da magnitude ou intensidade dos impactos previstos, usando, quando apropriado, indicadores quantitativos ou qualitativos; e, por fim, uma interpretação da importância dos impactos previstos, que é feito por meio da valoração dos impactos. Conhecido o potencial de mudança na qualidade ambiental preexistente, os impactos devem ser avaliados segundo um conjunto de atributos ou critérios de importância, que permitirão a classificação de sua magnitude. Os métodos para valoração dos impactos ambientais subsidiam a atribuição da importância de cada impacto identificado. Segundo Sánchez (2013), essa fase da AIA permite: • Interpretar o significado dos impactos ambientais identificados. • Facilitar a comparação de alternativas para o projeto. 41 • Determinar a necessidade de medidas adicionais de mitigação ou compensação dos impactos apresentados. • Identificar medidas de valorização dos impactos positivos. • Determinar a necessidade de alteração ou modificação do design do projeto. Para classificar a significância dos impactos, devem ser seleciona dos os critérios e os respectivos atributos, a partir do estabelecimento de uma escala de atribuição de grandeza ou valor. Ressalta-se que é de extrema importância estabelecer a proposição de uma regra lógica de combi- nação entre os mesmos, que pode ser apenas de associação qualitativa ou com atribuição de pesos. A interpretação dos impactos propõe estabelecer a importância de cada um deles em relação aos fatores ambientais afetados, o que dependerá do projeto que se analisa e de sua localização. A avaliação da importância ou significância dos impactos identi- ficados é, geralmente, definida com base em critérios variados, como abrangência (pontual, local, regional), duração (temporário, permanen- te), reversibilidade (total, parcial, nula), segundo Erickson (1994). Além desses critérios, Glasson, Thérivel e Chadwick (2012) defendem a utilização de outros parâmetros, como possibilidade de recuperação do ambiente afetado; importância do ambiente afetado; nível de preocupação públi ca e repercussões políticas. A conjugação entre a importância do recurso ambiental, ou cultural afetado, e a magnitude do impacto é a principal diretriz para a realização da valoração do impacto. Entretanto, como afirma Sánchez (2013), não existe uma fórmula universal para realizar essa tarefa. A literatura técnica de AIA apresenta vários exemplos e recomendações para a seleção e combinação de atributos, visando avaliar a importância dos impactos. 42 A valoração dos impactos propõe estabelecer a importância de cada um deles em relação aos fatores ambientais afetados, o que dependerá do contexto do projeto e de sua localização. Constitui, portanto, uma tarefa subjetiva, que implica juízo de valor, o que dificulta sua realização. Considerando os métodos apresentados nas seções 1.2 e 1.3, o Quadro 1 reúne, de forma sucinta, a descrição e a aplicação de cada método. Quadro 1 – Descrição e aplicação dos métodos apresentados Método Descrição Aplicação Superposição de cartas. Mapas geradas por superposição de mapas de recursos e usos. Elaboração de mapas temáticos e análises espaciais. Ad hoc. Reunião de especialistas. Etapa inicial de realização do EIA. Listagem. Listagens de fatores e impactos ambientais. Identificação de impactos de forma genérica. Matrizes. Listagem de controle bidimensional (fatores versus ações). Identificação de impactos e a relação com outras características (atividade, aspecto). Rede de integração. Gráfico ou diagrama da cadeia de impacto. Identificação de impactos e a relação com fatores geradores. Combinação e ponderação de atributos. Reunião de atributos e estabelecimento de premissas para considerar o grau de importância de cada impacto. Determinação da importância/ valoração dos impactos. Fonte: elaborado pela autora. 43 2. Participação pública no processo de tomada de decisão A AIA, invariavelmente, está baseada na discussãode impactos sobre bens coletivos e sobre o capital natural, o que pressupõem a necessidade de uma discussão ampla e aberta sobre o projeto em análise, envolvendo as partes interessadas. Segundo Gallardo (2018), a participação pública é o principal diferencial do instrumento de AIA comparado a outros instrumentos de planejamento, em função de seu formato que preconiza a ampla publicidade e discussão com o público. Dentre os objetivos da participação pública, destacam-se: • Permitir manifestação pública dos cidadãos e garantir mecanismos para que estes possam influenciar resultados. • Aprimorar o projeto com a percepção do público, bem como refletir sobre as medidas mitigadoras propostas. • Transparência com relação à divulgação dos locais, datas e livre acesso aos representantes da sociedade civil e moradores. • Ampla comunicação prévia às comunidades afetadas pelo empreendimento pretendido. • Esclarecer a população local sobre suas inquietações acerca do projeto. • Estabelecer uma via de comunicação entre partes interessadas e legitimar o processo de decisão, posteriormente à audiência. A consulta pública, no Brasil, ocorre por meio das audiências públicas ambientais, que são eventos formais, convocados e conduzidos por 44 um ente governamental, cuja dinâmica segue regras previamente estabelecidas e tem como finalidade realizar um debate público, aberto a todos os cidadãos, sobre um projeto e seus impactos, segundo Sánchez (2013). Em geral, as audiências públicas ambientais brasileiras são realiza- das na fase de escopo e/ou na fase de tomada de decisão quanto à viabilidade ambiental do empreendimento. As formalidades, a dinâmica e duração das audiências variam de acordo com a jurisdição, porém, há características em comum em todas as audiências. Em âmbito federal, sua regulamentação é pautada pela Resolução CONAMA n. 09/1987, que disciplina as audiências públicas previstas na Resolução CONAMA n. 01/86, abrindo um importante canal para a parti cipação (BRASIL, 1986, 1987). Nos termos da legislação ambiental federal, a audiência pública não é sempre exigida. O órgão ambiental competente deverá promover sua realização quando for julgado necessário, ou quando for solicitado por entidade civil, pelo Ministério Público, ou por cinquenta ou mais cidadãos. A realização de audiências públicas pode ser considerada uma prática democrática, já que a consulta popular se refere a uma atividade de democratização das relações do Estado para com o cidadão. Duarte, Ferreira e Sánchez (2016) discutem que a audiência pública é um espaço formal para participação, que traz a oportunidade aos atores de expressar suas visões e contribuições que po dem orientar a imposição de condicionantes para emissão das licen ças ambientais. De maneira complementar, tal evento técnico também objetiva a solicitação de estudos complementares, no sentido de mitigar impactos negativos e garantir que os impactos positivos ocorram da forma esperada. Para compreender como funciona o processo de tomada de decisão na AIA, é necessário esclarecer que há diferentes atores envolvidos: o tomador de decisão (órgão público licenciador); o empreendedor 45 (acompanhado de seus consultores), e a sociedade civil. Este último é formado por diferentes grupos que com põem a sociedade civil, como fundações, associações, redes, fóruns, grupos, ONGs e movimentos sociais, que podem ser representantes se toriais, de grupos empresariais, de agendas específicas, como direitos humanos, ambiental, ou mesmo de moradores de bairro. As sugestões e discussões resultantes da participação pública nos processos brasileiros de AIA devem ser explicitamente consideradas ou refutadas no processo decisório, embasadas por justificativas técnicas e legais. Cabe ressaltar que a tomada de decisão ocorre após a conclusão da etapa de análise técnica e consulta pública, esta última em caráter consultivo e não deliberativo. Assim, pode ser demonstrada a viabilidade ambiental do projeto apresentado no EIA, com as complementações caso necessárias. Nesse modelo de tomada de decisão, os órgãos governamentais envolvidos no licenciamento ambiental assumem um poder importante. Após a decisão de aprovação de um projeto, se estabelece o compromisso firmado entre o Estado e o empreendedor (público ou privado) que a execução do projeto (e as outras fases do seu ciclo de vida, operação e desativação para alguns casos) deverá ocorrer conforme previsto. Caso tais premissas não sejam seguidas, o empreendedor está sujeito à processos fiscalizatórios, assim como à penalidades previstas em lei em caso de descumprimento. 3.1 Pós-aprovação: implantação das medidas mitigadoras e compensatórias Caso o projeto seja aprovado, o empreendedor (seja do setor público ou privado) pode conduzir a implantação/ operação do projeto e iniciar a aplicação das medidas de ges tão estabelecidas no EIA. 46 Tais medidas devem ser planejadas com vistas à atenuação da magnitude dos impactos ambientais e, consequentemente, garantir a viabilidade ambiental demonstrada em que se fundamenta a tomada de decisão. A definição das medidas que comporão os programas de gestão ambiental são feitas no EIA, após a finalização da discussão dos impactos do projeto em análise. Essa atividade pressupõe a realização da hierarquização e a seleção dos impactos ambientais mais significativos, que servirão de base à etapa seguinte, de elaboração dos programas ambientais ou do plano de gestão ambiental. Essa etapa consiste na elaboração das medidas a serem executadas no empreendimento com a finalidade de minimizar ou eliminar os impactos negativos ou reduzir sua magnitude, bem como na apresentação de providências a serem adotadas para o acompanhamento da eficiência e evolução dessas medidas. A elaboração das medidas ocorre após a finalização das análises das interações entre a ação proposta e o meio ambiente e a definição dos impactos mais significativos. Com esses resultados, a equipe multidisciplinar possui elementos para nortear as recomendações para a redução dos impactos adversos e para a potencialização dos impactos benéficos de um projeto. O conjunto de medidas dos programas pode ser dividido em três categorias: I) medidas de capacitação e de gestão; II) medidas mitigadoras que visam reduzir a magnitude e a importância dos impactos adversos; III) medidas compensatórias para compensar a perda de recursos ambientais que não possam ser evitados ou adequadamente mitigados; IV) plano de monitoramento ambiental. Essas medidas não são previstas aleatoriamente, mas definidas a partir da correlação dos impactos ambientais identificados e analisados no EIA. A garantia da eficácia das medidas deve ser acompanhada de programas 47 de monitoramento, que possam aferir o andamento das ações e seus resultados, utilizando-se, para isso, indicadores ambientais e/ou outras ferramentas. O plano de monitoramento ambiental deve verificar a eficácia das medidas e identificar a necessidade das mesmas serem reavaliadas ao longo da vida útil do empreendimento e após seu encerramento. O monitoramento pode indicar: se a área alcançou a estabilidade ambiental esperada; alertar para a necessidade de ações corretivas, caso os impactos ultrapassem certos limites baseados nos padrões normativos; pode determinar a eventual necessidade de manutenção das medidas de controle ambiental na área; verificar o atendimento às condições da licença ambiental ou limites estabelecidos, seja voluntariamente ou em decorrência de negociações. Diante disso, o programa de monitoramento e acompanhamento ambiental se configura como uma das principais ferramentas para a gestão ambiental do empreendimento. A execução do monitoramento deve seguir um plano inicial, mas que estará sujeito a correções, ajustes e modificações pelos resultados do próprio monitoramento. O órgão pode incluir ou modificar os planos de monitoramento ambiental, caso seja convenienteem razão de risco de poluição ou outras condições técnicas. 4. Prioridades na adoção das medidas mitigadoras ou compensatórias No trabalho de AIA, é comum usar o termo mitigação, que é utilizado com as funções descritas a seguir: • Eliminar elementos prejudiciais para o meio ambiente de um pro- jeto proposto. 48 • Minimizar os efeitos adversos reduzindo ou redesenhando um projeto. • Reparar, reabilitar ou restaurar as partes do meio ambiente afe- tadas negativamente por um projeto, criando ou adquirindo am- bientes semelhantes. Sob essa ótica, devem-se realizar esforços para prevenir ou evitar impactos após essas ações; devem-se concentrar esforços para minimizar e reduzir e, posteriormente, reparar ou restaurar, efeitos adversos. Somente depois de considerados esses passos é que quaisquer impactos residuais devem ser tratados pela compensação. Além dessas medidas, há ainda medidas potencializadoras, que consistem em ações com o propósito de maximizar o efeito de um impacto positivo. A Figura 3 mostra a ordem preferencial de controle dos impactos ambientais e o Quadro 2, alguns exemplos de práticas. Figura 3 – Ordem preferencial de controle dos impactos ambientais Fonte: adaptado de Sánchez (2013). 49 Quadro 2 – Exemplos de aplicação da hierarquia de mitigação Etapa de hierarquia de mitigação Exemplos Evitar. Em um projeto de gasoduto, modificação do traçado para proteger uma nascente, vegetação ou qualquer outro elemento relevante do ambiente. Reduzir ou minimizar. Desviar a estrada de acesso de uma instalação industrial para contornar um fragmento de vegetação nativa e reduzir a necessidade de supressão dessa vegetação. Corrigir. Plantio de vegetação nativa em uma área lavrada, que havia vegetação preteritamente. Compensar. Estabelecimento de plantio de vegetação nativa em áreas maiores do que foi suprimida. Fonte: elaborado pela autora. Referências Bibliográficas BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Resolução CONAMA n. 01 de 23 de janeiro de 1986. Disponível em: http://www2.mma.gov.br/port/conama/legislacao/ CONAMA_RES_CONS_1986_001.pdf. Acesso em: 29 abr. 2020. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Resolução CONAMA n. 09 de 03 de dezembro de 1987. Disponível em: http://www2.mma.gov.br/port/conama/legiabre. cfm?codlegi=60. Acesso em: 29 abr. 2020. DUARTE, Carla Grigoletto; FERREIRA, Victoria Helena; SÁNCHEZ, Luís Enrique. Analisando audiências públicas no licenciamento ambiental: quem são e o que dizem os participantes sobre projetos de usinas de cana-de-açúcar. Saúde e Sociedade, v. 25, n. 4, p. 1.075-1.094, 2016. ERICKSON, Paul A. A practical guide to environmental impact assessment. San Diego: Academic Press, 1994. http://www2.mma.gov.br/port/conama/legislacao/CONAMA_RES_CONS_1986_001.pdf http://www2.mma.gov.br/port/conama/legislacao/CONAMA_RES_CONS_1986_001.pdf http://www2.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=60 http://www2.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=60 50 GALLARDO, Amarilis Lúcia Casteli Figueiredo. Avaliação de Impacto Ambiental. Ebook Geo Educ, 2018. GLASSON, John; THÉRIVEL, Riki. Introduction to environmental impact assessment. Nova York: Routledge, 2013. PROMINER PROJETOS. Plano Diretor da Mineração de Itapecerica da Serra da Votorantim Cimentos. São Paulo, 2016. SÁNCHEZ, Luis Enrique. Avaliação de Impacto Ambiental. São Paulo: Oficina de Textos, 2013. 51 Estudo de impacto ambiental e o processo de licenciamento ambiental Autoria: Barbara Almeida Souza Leitura crítica: Ana Beatriz Ulhoa Cobalchini Objetivos • Apresentar os estudos ambientais requeridos no processo de avaliação de impacto e detalhar a estrutura do Estudo de Impacto Ambiental (EIA). • Compreender o processo de licenciamento ambiental. • Conhecer as atribuições dos órgãos ambientais licenciadores. • Discutir as principais deficiências do licenciamento ambiental. 52 1. Estudos ambientais Os estudos ambientais são aqueles que objetivam a análise da viabilidade ambiental de um empreendimento ou projeto de desenvolvimento proposto e, portanto, diretamente relacionados ao processo de licenciamento ambiental, conforme constata-se na transcrição abaixo da Resolução CONAMA n. 237/1997: Estudos ambientais são todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos ambientais relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentados como subsídio para a análise da licença requerida, tais como relatório ambiental, plano e projeto de controle ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de recuperação de área degradada e análise preliminar de risco (BRASIL, 1986). Dentre os estudos ambientais, existentes no Brasil, o Estudo de Impacto Ambiental (EIA), é o destinado às atividades com potencial de causar significativo impacto ambiental. O EIA reúne os elementos previstos na Avaliação de Impacto Ambiental (AIA), e é o estudo ambiental mais conhecido e discutido. Tendo em vista a sua importância, o item 1.1 tratará dele com maior profundidade. Apesar do EIA ser mais difundido, há outros tipos de estudos que também subsidiam a análise de viabilidade ambiental, conforme apresentado no Quadro 1. 53 Quadro 1 - Estudos ambientais mais frequentes no processo de licenciamento Nome do estudo Aplicação Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). Destinados a atividades modificadoras do meio ambiente e exemplificadas no artigo 2, da resolução CONAMA n. 01/1986. O estudo apresenta uma avaliação sistemática dos impactos ambientais, conforme previsto no processo de AIA. Em geral, é requerido que o estudo seja apresentado de forma adequada ao público e aos responsáveis pela tomada de decisão, mediante a realização de uma audiência pública com a comunidade a ser afetada pelo projeto. Estudo Ambiental Simplificado (EAS) ou Relatório Ambiental Simplificado (RAS). Definido pela legislação de muitos estados brasileiros, destinado a analisar e avaliar as consequências ambientais de atividades e empreendimentos considerados de impacto pequeno ou de impacto não significativo. Em âmbito federal, foi definido pela Resolução CONAMA n. 279/2001. 54 Relatório ambiental preliminar ou Relatório Ambiental Prévio (RAP). Visa instruir requerimentos que possam causar impactos significativos, podendo definir se um empreendimento precisa ou não apresentar um EIA para prosseguimento da análise. Estudo de Impacto De Vizinhança (EIV). Instituído pelo Estatuto das cidades, Lei n. 10.257/2001., é aplicado a áreas urbanas para empreendimentos definidos em lei municipal específica (BRASIL, 2001). Projeto Básico Ambiental (PBA): Apresenta, detalhadamente, todas as medidas de controle e os programas ambientais de um empreendimento. O PBA é determinado pela Resolução CONAMA n. 06/1987 e é aplicável a obras de grande porte, especialmente aquelas nas quais a União tenha interesse relevante como a geração de energia elétrica. Deverá apresentar um detalhamento de todos os programas e projetos ambientais previstos, ou seja, aqueles provenientes do EIA/ Rima, bem como os considerados pertinentes pelo órgão licenciador (BRASIL, 1987). http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2010.257-2001?OpenDocument 55 Relatório e Plano de Controle Ambiental (RCA/PCA). Tem o objetivo de identificar e propor medidas mitigadoras aos impactos gerados por empreendimentos de médio porte. O PCA foi instituído pela Resolução CONAMA n. 09/1990 para concessão da licença de instalação de atividades de extração mineral de pequeno porte (BRASIL, 1990). Fonte: elaborado pela autora. O órgão ambiental competente, verificando que a atividade ou empreendimento não é potencialmente causador de significativa degradação do meio ambiente, definirá os estudos ambientais pertinentes ao respectivo processo de licenciamento, de acordocom o princípio da precaução e proporcionalidade. Isso significa que, conforme o empreendimento ocasione menos impacto, poderá apresentar estudos ambientais menos elaborados. Contudo, caso o empreendimento seja de alta complexidade e potencial gerador de muitos impactos, deverá ser apresentado um estudo mais detalhado e com diagnóstico mais amplo. Segundo o parágrafo 1º, do artigo 12, da resolução CONAMA n. 237/1997 (BRASIL, 1997), poderão ser estabelecidos procedimentos simplificados para atividades e empreendimentos de pequeno potencial de degradação ambiental, conforme citado anteriormente. Embora não seja frequente sua utilização para fins de licenciamento, a Resolução CONAMA n. 237/1997 também cita as opções de apresentações de estudos como o plano de manejo, o Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD) e a Análise Preliminar de Risco (APR) (BRASIL, 1997). 56 O Plano de Manejo é um documento destinado à definir as utilizações passíveis dentro das unidades de conservação. A partir de um diagnóstico ambiental, estabelecem-se as normas, restrições para o uso, bem como plano de ação para manejo dos recursos naturais das unidades de conservação. Já o PRAD é um documento que traz orientações para recuperação ambiental de uma determinada área degradada, com aspectos operacionais (execução) e seu acompanhamento (monitoramento). Por fim, a Análise Preliminar de Risco consiste em um estudo que traz o levantamento de hipóteses sobre os potenciais riscos ambientais existentes de uma operação e traz plano de ação com o objetivo de minimizar, controlar e evitar possíveis danos. 1.1 Estudo de Impacto Ambiental O EIA é o relatório técnico elaborado por equipe especialista e multidisciplinar, que alia a investigação científica com a avaliação de impacto, sua proposta é subsidiar a tomada de decisão com relação à viabilidade de um empreendimento ou atividade, segundo Sánchez (2013). O EIA passou a ser exigência com a Resolução CONAMA n. 01/1986, que determinou a obrigatoriedade de elaboração nos casos cuja atividades propostas tenham potencial de causar significativos impactos ambientais (BRASIL, 1986). A elaboração do EIA ocorre na etapa de análise detalhada da avaliação de impacto ambiental, logo após a fase de escopo, que determina o conteúdo, abrangência e profundidade necessárias para a análise de viabilidade ambiental do empreendimento. O EIA consolida os resultados de avaliações técnicas sobre a área em que se pretende instalar os projetos de desenvolvimento, análise de alternativas para o projeto e programas ambientais, com ações de 57 mitigação dos impactos ambientais que não puderem ser evitados e seu respectivo monitoramento. Considerando os objetivos da AIA, a elaboração do EIA é uma etapa determinante, já que é por meio desse documento que é feita a identificação e avaliação das prováveis consequências de determinadas interferências do empreendimento. O EIA, se elaborado e comunicado adequadamente, direciona a tomada de decisão e promove o desenvolvimento sustentável no planejamento e na gestão de projetos de desenvolvimento. Nessa perspectiva, o conteúdo do EIA é determinado pelo artigo 5º da Resolução CONAMA n. 01/1986, devendo conter minimamente (BRASIL, 1986): • A caracterização do empreendimento, bem como o estudo de alternativas locacionais e tecnológicas. • A definição e o diagnóstico ambientais de suas áreas de influência, considerando aspectos dos meios físicos, biótico e socioeconômico. • A análise e avaliação dos impactos ambientais do projeto e suas alternativas. • As medidas mitigadoras dos impactos negativos e programas de acompanhamento, monitoramento e controle ambiental. 58 O conteúdo do EIA é apresentado na Figura 1 e explicado a seguir. Figura 1 – Resumo da estrutura de um EIA Fonte: elaborada pela autora. Como o próprio nome sugere, no item caracterização do projeto, o empreendimento é descrito nas fases de planejamento, de implantação, de operação e, se for o caso, de desativação. Quando a implantação do projeto ocorrer em etapas, ou quando forem previstas expansões, também devem ser descritas. Cabe ressaltar que as informações deverão ser detalhadas, sendo requerida a apresentação de todas as intervenções previstas para a implantação do empreendimento. Sempre que possível, tais dados devem ser apresentados de maneira quantitativa e contar com informações especializadas. Para subsidiar os órgãos no processo decisório, o EIA também deve explorar as alternativas de um projeto, visando a maximização dos benefícios e a minimização dos danos potenciais. Admite-se duas abordagens necessárias, uma de alternativas locacionais, relacionadas à localização das estruturas; e as alternativas tecnológicas, 59 relacionadas à possibilidade de substituição de técnicas dos processos operacionais. O objetivo da atividade análise de alternativas é assegurar que o proponente considere outras abordagens factíveis, de modo que se idealizem projetos ambientalmente menos agressivos e não simplesmente se decida se os impactos de cada projeto são aceitáveis ou não. Essa etapa é extremamente importante para que o órgão licenciador possa ter a visão de outras alternativas, as quais são propostas pelo empreendedor e, portanto, exequíveis. A atividade seguinte é a definição de áreas de influência, que são áreas geográficas nas quais são detectáveis os impactos de um projeto. Usualmente, e tal como prevê a legislação, a área de influência é delimitada em três âmbitos: Área de Influência Indireta (AII), Área de Influência Direta (AID) e Área Diretamente Afetada (ADA), que são detalhados a seguir: • Área Diretamente Afetada (ADA): é a área necessária para a implantação do empreendimento, onde ocorrerão todas as interferências iniciais e diretas do projeto, incluindo suas estruturas de apoio, vias de acesso, bem como todas as demais operações unitárias associadas exclusivamente à infraestrutura do projeto, ou seja, de uso privativo do empreendimento. • Área de Influência Direta (AID): é a área geográfica diretamente afetada pelos impactos decorrentes do empreendimento/ projeto e corresponde ao espaço territorial contíguo e ampliado da ADA, como esta deverá sofrer impactos, tanto positivos quanto negativos e, possivelmente, impactos primários e secundários. • Área de Influência Indireta (AII): abrange um território que é afetado pelo empreendimento, mas no qual os impactos e efeitos decorrentes deste são considerados menos significativos do que nos territórios das outras duas áreas de influência (ADA e AID). 60 Na prática, verifica-se que a delimitação de áreas de influência se confunde com a delimitação de áreas a serem estudadas no diagnóstico ambiental. Sánchez (2013) discute que a definição das áreas de influência seria concebível apenas após a previsão de impactos, pois, antes disso, a delimitação seria apenas uma hipótese a ser verificada. A atividade seguinte é o diagnóstico ambiental, que representa um retrato da situação prévia ao projeto e virá se contrapor um prognóstico ambiental, ou seja, uma projeção da provável situação futura do ambiente potencialmente afetado caso a proposta em análise seja implementada. Segundo o artigo 6º, da resolução CONAMA n. 01/1986 reúne: A descrição e análise dos recursos ambientais e suas interações, tal como existem, de modo a caracterizar a situação ambiental da área, antes da implantação do projeto, considerando: a. O meio físico: o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os recursos minerais, a topografia, os tipos e aptidões do solo, os corpos d’água, o regime hidrológico, as correntes marinhas, as correntes atmosféricas. b. O meio biológico e os ecossistemas naturais: a fauna e a flora, destacando as espécies indicadoras da qualidade ambiental, de valor científico e econômico, raras e ameaçadas de extinção e as áreas de preservação permanente. c. O meio socioeconômico: o uso e ocupação do solo,
Compartilhar