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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFIPMOC Medicina 4o Período - Turma XXVIII - 2023.1 Acadêmico (a): Bianca Thays Gonçalves Cardoso 1. Quais os tipos de aborto? É possível classificar os tipos de aborto em: • Ameaça de abortamento: caracterizado por todo sangramento via vaginal que ocorra até a 20ª semana, independentemente da intensidade, associado a colo uterino fechado e sem critérios de ultrassonografia (USG) para definir abortamento. O quadro clínico se caracteriza por sangramento vaginal em pouca quantidade, acompanhado ou não de dor do tipo cólica na região hipogástrica. Geralmente a etiologia é indefinida. Esse quadro aumenta a chance de abortamento espontâneo, além de estar associado a complicações obstétricas como hemorragias de terceiro trimestre. ruptura prematura de membranas pré-termo, parto pré-termo e restrição de crescimento fetal. A presença de hematoma subcoriônico é observada em USG em cerca de 4-40% dos casos. Diante desse quadro, a conduta é expectante, mesmo na presença de hematoma; tem-se ainda a prescrição de sintomáticos caso necessário. É importante orientar a gestante a evitar relação sexual e retornar ao serviço de saúde caso perceba aumento do sangramento. • Gestação anembrionada: presença de saco gestacional com diâmetro de 25mm ou mais e que não contém embrião em seu interior. Pode ser diagnosticada por USG ou apresentar-se como um abortamento em curso. • Abortamento retido: quando há ocorrência de morte embrionária fetal antes de 20ª semana de gestação. Trata-se da retenção do conteúdo do abortamento de uma gestação interrompida por 8 semanas ou mais. O quadro geralmente é associado a diminuição ou ausência dos sintomas habituais do início da gestação (náuseas, vômitos, regurgitamento mamário). A conduta é expectante se o mesmo ocorre durante o primeiro trimestre, pois em ate três semanas o ovo costuma ser expulso: se o abortamento ocorrer tardiamente (segundo trimestre ou > 12 semanas), recomenda-se a conduta de expulsão imediata por meio de misoprostol e curetagem uterina. • Abortamento inevitável: se caracteriza por quadro de sangramento vaginal e dor abdominal associada a dilatação cervical, podendo ocorrer saída de líquido amniótico, indicando ruptura da bolsa amniótica. Na maioria dos casos evolui para abortamento completo ou incompleto em algumas horas após o início dos sintomas. A conduta adotada é misoprostol e curetagem. • Abortamento incompleto: mais comum após a 10ª semana de gravidez, com eliminação abrupta parcial do material intrauterino. A paciente apresenta sangramento via vaginal e dor abdominal significativa e pode haver repercussão hemodinâmica devido a grande perda de volume sanguíneo. Ao exame ginecológico, pode-se visualizar a saída de tecido ovular pelo colo uterino, o qual se encontra aberto. O USG é importante para definição do quadro. O tratamento se baseia em esvaziamento cirúrgico do colo uterino por meio de curetagem ou aspiração manual intrauterina. A conduta adotada em casos de < 12 semanas é a utilização de misoprostol ou realização de aspiração manual intrauterina; se > 12 semanas, é indicado a realização da curetagem. • Abortamento completo: acontece geralmente nos primeiros trem meses de gestação, majoritariamente nas 10 semanas iniciais. Quando há eliminação total do conteúdo gestacional, com útero involuído ao exame físico e colo uterino podendo já estar fechado. O sangramento pode ser leve ou ausente. A avaliação por meio de USG pode confirmar a ausência de restos ovulares intrauterinos. A conduta é expectante, devendo haver apenas monitoramento da hemorragia. • Abortamento habitual: denominado de abortamento recorrente, caracteriza-se pela ocorrência consecutiva de 3 abortamentos espontâneos ou mais. As causas são várias e podem ser classificadas em: genéticas, anatômicas, endócrinas, infecciosas e imunológicas. • Abortamento infectado/séptico: corresponde a maioria dos abortos provocados intencionalmente e está associado a infecção uterina. O quadro clínico é heterogêneo, algumas vezes sendo detectada apenas por meio de exames laboratoriais, variando de quadro febril e doloroso, até casos mais graves de choque séptico e óbito, devido a infecção intra-abdominal grave. Podem estar presentes durante o exame físico: febre, dor abdominal intensa, sangramento vaginal com odor fétido e eliminação de secreção piossanguinolenta pelo colo do útero. O colo se apresenta como dilatado e amolecido ao exame físico, com dor durante a realização do exame. É importante se atentar ao sinais vitais para detecção de sinais de sepse como taquicardia, taquipneia, febre e hipotensão. A infecção geralmente envolve microrganismos da flora vaginal como Staphylococcus aureus, gram-negativos e anaeróbios, mas também pode estar associado a patógenos sexualmente transmissíveis como Chlamydia trachomattis e neisseria gonorrhoeae. Infecções por Clostridium perfringens são comumente associadas ao abortamento ilegal, se apresentando semelhantemente a síndrome do choque tóxico, com aumento da permeabilidade vascular, que leva a falência orgânica múltipla, sendo necessário suporte intensivo para tratamento. O tratamento consiste no uso de antibióticos (ampicilina + gentamicina + clindamicina) e remoção do foco infeccioso por meio de curetagem. Se houver suspeita de abcesso pélvico/perfuração uterina, deve-se proceder laparotomia exploratória. REFERÊNCIAS: • ZUGAIB, Marcelo; FRANCISCO, Rossana Pulcineli V. Zugaib obstetrícia 4a ed.: Editora Manole, 2020. E-livro. ISBN 9788520458105. Disponível em: https:// integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788520458105. • MARTINS-COSTA, Sérgio. Rotinas em Obstetrícia. [Digite o Local da Editora]: Grupo A , 2 0 1 8 . B - i v r o . I S B N 9 7 8 8 5 8 2 7 1 4 1 0 2 . D i s p o n í v e l e m : h t t p s : / / integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582714102.
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