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Problema 25 - Aborto

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Carla Bertelli – 4° Período 
– Compreender a classificação e epidemiologia do Aborto 
– Entender o quadro clínico do aborto (completo, retido, 
incompleto, infectado e inevitável) 
– Analisar o tratamento mecânico e farmacológico do aborto 
– Discutir as condutas para o aborto previstas na Legislação 
 
é çã
A OMS, na CID-11, define abortamento como a 
interrupção da gestação com menos de 20 semanas ou 
com produto da concepção (embrião ou feto), pesando 
menos de 500g. Levando-se em conta a viabilidade do 
produto conceptual, considera-se abortamento a 
interrupção da gestação antes do feto ser capaz de 
sobreviver fora do útero. No Brasil, o Ministério da Saúde 
define como abortamento a interrupção da gravidez até 
a 20° ou 22° semana e com produção da concepção 
menor de 500g. 
 
Quanto à intenção e cronologia o abortamento pode ser 
classificado em: 
• à çã : pode ser espontâneo, se ocorrer 
sem ação deliberada de qualquer natureza, ou 
induzido/provocado, caso a interrupção antes de 
alcançadas as condições mínimas de sobrevivência 
extrauterina 
 
• à : é denominado como precoce 
quando a perda ocorre até 12 semanas, e tardio se 
ocorrer entre 12 e 20 semanas. 
A perda precoce da gravidez, que ocorre no primeiro 
trimestre, é o tipo mais comum. Os sintomas 
inespecíficos de sangramento vaginal e cólicas uterinas 
associados à perda gestacional podem ocorrer em 
gestações normais, ectópicas e molares, o que pode ser 
uma fonte de frustração para as pacientes e confusão 
clínica para os profissionais de saúde. 
 
 
O abortamento representa a complicação mais 
frequente da gravidez. Aproximadamente uma em cada 
4 mulheres terá um abortamento espontâneo durante 
sua vida reprodutiva. Ainda que a real incidência de 
abortamento seja desconhecida, entre 15 e 20% das 
gestações clinicamente diagnosticadas terminarão em 
abortamento. 
Etiologia do Aborto – Alterações cromossômicas, 
alterações endócrinas (lútea, diabetes, tireopatias, ovários 
policísticos), causas uterinas (mioma, sinequias 
intrauterinas, incompetência cervical), fatores 
imunológicos, trombofilias hereditárias, drogas/agentes 
nocivos e traumas. 
 
ç – É uma complicação frequente que 
ocorre em 15 a 20% das gestações. O quadro clínico 
caracteriza-se por sangramento vaginal em pequena 
quantidade, acompanhada ou não de dor em cólica na 
região hipogástrica. No exame ginecológico o colo 
uterino encontra-se fechado e o tamanho do útero é 
compatível com o atraso menstrual. A USG evidencia 
atividade cardíaca do produto conceptual, ou em idade 
<6 semanas, evidencia a presença de saco gestacional. 
Pode ter presença de hematoma subcoriônico observada 
à ultrassonografia entre 4 e 40% dos casos de ameaça 
de abortamento. Estudos mostram que hematomas 
subcoriônicos estão mais relacionados a risco de perda 
fetal. 
Aproximadamente 40 a 50% das mulheres que 
apresentam sangramento vaginal no início da gestação 
irão abortar. A taxa de abortamento cai 
consideravelmente, para 4 a 10%, se a ameaça de 
abortamento ocorrer após a visualização de atividade 
cardíaca do produto conceptual à ultrassonografia. 
Ainda que muito utilizada na prática clínica, não há 
evidências de alta qualidade que recomendações como 
repouso no leito, administração de gonadotrofina 
coriônica humana (hCG), uso de relaxantes musculares e 
suplementação com vitaminas, melhore o prognóstico 
das gestações com ameaça de abortamento. 
 
 Carla Bertelli – 4° Período 
 
 – Caracterizado clinicamente 
por sangramento moderado ou intenso, acompanhado 
de dor abdominal em cólica, geralmente de forte 
intensidade. No exame físico, dependendo da intensidade 
da hemorragia, pode-se evidenciar anemia, taquicardia e 
hipotensão arterial. No exame especular, observa-se 
sangramento ativo proveniente do canal cervical, 
geralmente com presença de restos dos produtos da 
concepção. O orifício interno do colo uterino encontra-
se dilatado no exame de toque vaginal. A ultrassonografia 
pode evidenciar o descolamento ovular com saco 
gestacional em posição baixa e dilatação cervical. 
 – Quando ocorre no primeiro 
trimestre da gravidez, principalmente nas 10 semanas 
iniciais, é comum a expulsão completa dos produtos da 
concepção. Rapidamente o útero se contrai e o 
sangramento, juntamente com as cólicas, diminui de 
intensidade. O orifício interno do colo uterino tende a 
fechar-se em poucas horas. Ao exame ultrassonográfico, 
pode não haver evidência de conteúdo uterino; algumas 
vezes, porém, observa-se mínima quantidade de 
conteúdo heterogêneo e líquido. A ultrassonografia 
transvaginal tem sido considerada indicativa de 
abortamento completo por vários autores 
 
 - O abortamento incompleto é 
mais frequente após 10 semanas de gravidez. Nesses 
casos, ocorre a eliminação parcial dos produtos da 
concepção. O sangramento vaginal persiste e, por vezes, 
torna-se intermitente. O volume uterino é menor que o 
esperado para a idade gestacional e, no exame de toque, 
o orifício interno do colo uterino geralmente se encontra 
pérvio; contudo, algumas vezes pode se apresentar 
fechado, sendo o diagnóstico realizado pelos achados 
ultrassonográficos. À ultrassonografia, observa-se a 
presença de conteúdo intrauterino de aspecto amorfo e 
heterogêneo, com presença ou não de líquido. A medida 
da espessura endometrial ao corte longitudinal mediano 
do útero à ultrassonografia acima de 15 mm tem sido 
considerada indicativa de abortamento incompleto. 
Classicamente, o tratamento de escolha é o 
esvaziamento cirúrgico do conteúdo uterino, por 
curetagem ou aspiração manual intrauterina. 
Curetagem é um procedimento médico utilizado para a 
raspagem da cavidade uterina. 
 
 – Ocorrência de morte embrionária 
ou fetal antes de 20 semanas de gravidez, associada à 
retenção do produto conceptual por período prolongado 
de tempo, por vezes dias ou semanas. Geralmente, as 
pacientes relatam cessação dos sintomas associados à 
gravidez (náuseas, vômitos, ingurgitamento mamário). 
Pode ocorrer sangramento vaginal, na maioria das vezes 
em pequena quantidade, de forma semelhante ao 
observado nos casos de ameaça de abortamento. O 
volume uterino é menor que o esperado para a idade 
gestacional e o colo uterino encontra-se fechado ao 
exame de toque. Atualmente, por meio de 
ultrassonografia transvaginal, denomina--se morte do 
produto conceptual a ausência de atividade cardíaca em 
embriões com comprimento cabeça-nádegas maior ou 
igual a 7 mm. Em alguns casos, ocorre a reabsorção do 
embrião antes da confirmação ultrassonográfica ou o 
desenvolvimento deste não chega a ocorrer. Essa 
 Carla Bertelli – 4° Período 
situação recebe o nome de çã . Os 
principais critérios, por meio de ultrassonografia 
transvaginal, são: não visualização de embrião com 
diâmetro interno médio do saco gestacional maior ou 
igual a 25 mm 
 
 
 – O abortamento infectado, 
principalmente em países em que a lei proíbe a 
interrupção da gestação, muitas vezes encontra-se 
intimamente ligado à ilegalidade, sendo sua prática 
realizada em condições inadequadas. Cerca de 13% das 
mortes maternas que ocorrem no mundo são 
decorrentes do abortamento induzido de forma 
clandestina. As bactérias envolvidas no abortamento 
infectado são aeróbias e anaeróbias, e merecem 
destaque: estreptococos beta-hemolíticos, Enterococcus 
spp., Escherichia coli, Peptostreptococcus spp., 
Bacteroides fragilis e Clostridium spp. A infecção que se 
inicia no útero (endomiometrite) pode se propagar para 
os anexos (anexite), peritônio pélvico (pelviperitonite), 
cavidade peritoneal (peritonite generalizada) e, ainda, 
disseminar-se por via hematogênica (sepse). 
Situação em que há restos intrauterinos e infecção. Na 
maioria das vezes é resultado de abortamentos 
provocados de forma ilegal. A paciente apresenta quadro 
clínico de aborto incompleto associado a sinais de 
infecção, como dor local importante, útero amolecido,eliminação de material com odor fétido, 
comprometimento do estado geral, febre e taquicardia. 
Nos casos não complicados a infecção está restrita ao 
útero. Nos casos complicados, a infecção pode se 
estender aos anexos, peritônio ou se generalizar e evoluir 
para septicemia. Geralmente são infecções 
polimicrobianas a partir da ascensão de germes que 
fazem parte da flora vaginal e intestinal, como cocos 
anaeróbios, gram-negativos, bacteroides e Clostriduim 
perfingrens (ou welchii). Nesse último caso, a paciente 
evolui rapidamente com quadro de icterícia cianótica e 
hemoglobinúria. Os índices de mortalidade são altos. 
á – Definido quando o produto 
conceptual perde a vitalidade e não existe possibilidade 
de evolução da gestação. A sintomatologia é mais intensa 
quanto à hemorragia e à dor. O colo do útero pode estar 
dilatado, embora o produto gestacional possa ou não ter 
sido eliminado total ou parcialmente. Os sinais da gravidez 
costumam sofrer atenuação. Pode ser completo ou 
incompleto. Nas amenorreias de curta duração em que 
o ovo é pequeno, o processo pode ser confundido com 
menstruação, diferenciando-se dela pela maior 
quantidade de sangue pela presença de embrião e 
decídua ao exame do material eliminado. 
Esse mecanismo é raro após 8 semanas. O cório 
frondoso bem desenvolvido fixa o ovo à decídua. A partir 
de 8 semanas, o processo de abortamento adquire, 
progressivamente, as características do trabalho de parto. 
O diagnóstico não oferece dificuldades. O episódio é, 
quase sempre, precedido por período de ameaça de 
abortamento; excepcionalmente, pode manifestar-se 
pela primeira vez no estágio de iminente expulsão. As 
hemorragias tendem a ser mais abundantes que as da 
fase de ameaça, e o sangue apresenta cor viva. O 
volume do útero corresponde à data da amenorreia, 
exceto quando a morte do ovo é antiga. O colo mostra-
se permeável, notando-se as membranas herniadas pelo 
orifício externo na cavidade uterina. O quadro clínico 
inconfundível dispensa exames complementares. 
 
 
 
 Carla Bertelli – 4° Período 
 
 – A conduta expectante tem 
sido utilizada em casos selecionados de perda gestacional 
precoce, com taxas variadas de sucesso, dependendo 
principalmente do tipo de abortamento e dos sintomas 
das pacientes. Em casos de abortamento incompleto, 
esse tipo de conduta tem sido empregado há alguns 
anos e mostra resultados estimulantes. A conduta 
expectante tem sido bem tolerada pelas mulheres, desde 
que devidamente esclarecidas sobre os riscos e 
benefícios desse tipo de tratamento. Geralmente, a 
eliminação do produto conceptual ocorre nas primeiras 
semanas de acompanhamento. 
 – O misoprostol, um 
análogo sintético de prostaglandina E1, foi originalmente 
comercializado para tratamento e prevenção de úlcera 
péptica em pacientes que fazem uso crônico de anti-
inflamatórios não hormonais. Entretanto, por seus efeitos 
na contratilidade uterina e no esvaecimento cervical, esse 
medicamento tem sido utilizado na prática obstétrica em 
várias situações, como no esvaecimento cervical pré-
curetagem, no tratamento medicamentoso do 
abortamento e do óbito fetal, na indução do trabalho de 
parto e na hemorragia pós-parto 
Após a absorção, o misoprostol é transformado em seu 
metabólito farmacologicamente ativo, o misoprostol ácido. 
O pico máximo plasmático, quando aplicado na vagina, é 
inferior ao da administração oral; porém, a concentração 
plasmática do misoprostol é sustentada por período 
superior a 4 horas 
 – A mifepristona é um antagonista do 
receptor de progesterona que resulta em necrose 
decidual, separação placentária, amolecimento e dilatação 
do colo do útero e sensibilização do miométrio a 
uterotônicos, como o misoprostol . Quando usado junto 
com o misoprostol para o aborto medicamentoso no 
primeiro trimestre, o efeito combinado resulta em 
expulsão aprimorada e rápida dos produtos da 
concepção 
Como resultado, a combinação de mifepristone-
misoprostol é mais eficaz do que qualquer uma das 
drogas isoladamente 
A mifepristona é uma antiprogestina, é um antagonista 
da progesterona com atividade agonista parcial. Sua 
administração em mulheres no início da gestação 
geralmente resulta em aborto do feto devido à 
interferência na progesterona necessária para manter a 
gestação. A mifepristona em geral é combinada com 
misoprostol, um análogo de prostaglandina (administrado 
por via oral ou intravaginal), para induzir contrações 
uterinas. O principal efeito adverso é o sangramento 
uterino significativo e a possibilidade de aborto 
incompleto. 
 – O tratamento clássico para 
abortamentos, tanto de primeiro quanto de segundo 
trimestres, é a curetagem uterina. A complicação mais 
frequente é a infecção, atingindo até 10% dos casos, 
seguida de esvaziamento uterino incompleto (2 a 3%). 
Complicações com menos de 1% incluem laceração 
cervical, perfuração uterina, lesão de órgãos pélvicos e 
hemorragia. A conduta cirúrgica é indicada nas situações 
de urgência, como nos casos de sangramento moderado 
https://www.uptodate.com/contents/mifepristone-drug-information?search=F%C3%A1rmacos%20usados%20para%20aborto&topicRef=3296&source=see_link
https://www.uptodate.com/contents/progesterone-drug-information?search=F%C3%A1rmacos%20usados%20para%20aborto&topicRef=3296&source=see_link
https://www.uptodate.com/contents/misoprostol-drug-information?search=F%C3%A1rmacos%20usados%20para%20aborto&topicRef=3296&source=see_link
https://www.uptodate.com/contents/mifepristone-and-misoprostol-united-states-not-available-drug-information?search=F%C3%A1rmacos%20usados%20para%20aborto&topicRef=3296&source=see_link
https://www.uptodate.com/contents/mifepristone-and-misoprostol-united-states-not-available-drug-information?search=F%C3%A1rmacos%20usados%20para%20aborto&topicRef=3296&source=see_link
 Carla Bertelli – 4° Período 
ou intenso, na presença de infecção e ainda para aquelas 
mulheres que não desejam esperar a eliminação 
espontânea ou medicamentosa dos produtos da 
concepção. 
Nas últimas décadas, como tratamento alternativo à 
curetagem uterina e à aspiração elétrica a vácuo, tem-
se preconizado a aspiração manual intrauterina em casos 
de abortamento de primeiro trimestre. 
 
Por ser uma prática ilegal, há escassez de dados sobre o 
tema no Brasil. Segundo a Organização Mundial da Saúde 
(OMS), são realizados cerca de 25 milhões de abortos 
inseguros por ano em todo o mundo. 
No Brasil, o aborto é considerado crime, previsto nos 
artigos 124 a 126 do Código Penal, que data de 1940. A lei 
fixa que uma mulher que provocar aborto em si mesma 
ou consentir que outra pessoa lhe provoque – um 
médico, por exemplo – pode ser condenada a um até 
três anos de prisão. 
Caso uma pessoa provoque aborto em uma gestante 
sem que ela autorize, também é considerado crime, com 
pena de um a quatro anos de prisão. Como é 
considerado um crime contra a vida, o aborto deve ser 
julgado pelo tribunal do Júri 
As únicas exceções previstas na lei são nos casos em 
que o aborto é necessário para salvar a vida da grávida, 
ou quando a gestação é fruto de um estupro. Nestes 
casos, o aborto é permitido e o Sistema Único de Saúde 
(SUS) deve disponibilizar o procedimento. 
Uma terceira exceção é quando o feto é anencéfalo. Em 
2012, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que a 
interrupção da gravidez de feto anencéfalo não pode ser 
criminalizada. 
 
 
 
 
 
 
 
Zugaib, Marcelo, and Rossana Pulcineli Vieira Francisco. 
Zugaib obstetrícia 4a ed. . Disponível em: Minha 
Biblioteca, (4ª edição). Editora Manole, [Inserir ano de 
publicação]. 
Montenegro, Carlos Antonio, B. e Jorge de Rezende 
Filho. Rezende Obstetrícia Fundamental, 14ª edição . 
Disponível em: Minha Biblioteca, Grupo GEN, 2017. 
Whalen, Karen, et ai. Farmacologia Ilustrada . Disponível 
em: Minha Biblioteca, (6ª edição). Grupo A, 2016. 
BARTZ, D. (2022). Interrupção da gravidez no primeiro 
trimestre: abortomedicamentoso. 
https://www.uptodate.com/contents/first-trimester-
pregnancy-termination-medication-
abortion?search=F%C3%A1rmacos%20usados%20para
%20aborto&source=search_result&selectedTitle=1~150&
usage_type=default&display_rank=1

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