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APG - SOI IV Bianca Cardoso - Medicina 4 o Período MORFOFISIOLOGIA DOS GLOMÉRULOS Glomérulos são tufos de capilares situados entre as arteríolas aferentes e eferentes. Esses capilares estão dispostos em lóbulos e são sustentados por pedículos formados por células mesangiais e matriz extracelular semelhante à membrana basal. O primeiro passo para a formação da urina é a filtração do plasma para dentro dos túbulos renais. As substâncias que deixam o plasma precisam passar por meio de 3 barreiras de filtração antes de entrarem no lúmen tubular. a) Endotélio capilar - os capilares glomerulares possuem poros (são fenestrados) que permitem que a maioria dos componentes plasmáticos sejam filtrados através do endotélio. b) Lâmina basal - Camada acelular de matriz extracelular que separa o endotélio do capilar do epitélio da cápsula de Bowman; possui colágeno e glicoproteínas negativas. - Impede a passagem de proteínas do líquido filtrado. c) Epitélio da cápsula de Bowman - A porção epitelial da cápsula é formada por células (podócitos), que se subdividem em pedicelos; responsáveis por envolver os capilares glomerulares e se entrelaçarem, formando fendas de filtração, impedindo a passagem de proteínas. Há 3 pressões que determinam a filtração glomerular: pressão do capilar sanguíneo, pressão coloidosmótica do capilar e a pressão do fluido capsular. 1. Pressão hidrostática (PH): flui por meio dos capilares glomerulares forçando a passagem de fluido através do endotélio fenestrado. - A pressão sanguínea nos capilares é em média de 55mmHg, o que favorece a filtração para dentro da cápsula de Bowman 2. Pressão coloidosmótica: é maior no interior dos capilares glomerulares. - Possui gradiente de pressão de 30mmHg; - Favorece o movimento de líquido de volta para os capilares, se opondo à filtração. 3. Pressão hidrostática do fluido: a cápsula de Bowman é um espaço fechado, de forma que a presença de fluido no interior dessa cápsula cria uma pressão hidrostática do fluido, que se opõe ao fluxo de fluido para o interior da cápsula. - O líquido filtrado para fora dos capilares deve deslocar o líquido já presente no lúmen da cápsula. - A pressão hidrostática capsular é, em média, de 15 mmHg, opondo-se à filtração. No final, resta uma força de 10mmHg, que favorece a filtração. GLOMERULOPATIAS As Glomerulopatias são doenças que afetam os glomérulos (responsáveis pela filtração do sangue e produção da urina) e podem ser secundárias a doenças sistêmicas ou primárias. Existem dois tipos básicos de lesão do glomérulo: glomerulonefrite (síndrome nefrítica) e síndrome nefrótica. • Glomerulopatias primárias: quando a causa da doença glomerular se restringe ao rim, atinge de forma direta o glomérulo.. • Glomerulopatias secundárias: quando uma doença sistêmica ataca várias partes do corpo, incluindo, os glomérulos. Tanto as glomerulopatias primárias quanto as secundárias podem causar síndrome nefrítica e nefrótica. Mecanismos imunológicos Os agentes ou eventos causadores de lesão glomerular incluem mecanismos imunológicos, não imunológicos (metabólicos, hemodinâmicos e tóxicos) e hereditários (síndrome de Alport - APG - SOI IV Bianca Cardoso - Medicina 4 o Período caracterizada pela perda progressiva da função renal e sua transmissão). Existem dois tipos de mecanismos imunes na patogênese da doença glomerular: 1. Quando a lesão é resultante de anticorpos que reagem com antígenos glomerulares fixos ou antígenos depositados dentro do glomérulo. 2. Quando a lesão é resultante da deposição de complexos ant ígeno-ant icorpo circulantes no glomérulo. Os antígenos encarregados do desenvolvimento da reação imune podem ter origem endógena (anticorpos contra o DNA) ou exógenos (antígenos na membrana dos estreptococos na GN pós-estreptocócica). A s a l t e r a ç õ e s c e l u l a re s n a d o e n ç a glomerular: • Aumentam as con tagens de cé lu las glomerulares ou inflamatórias (proliferativas ou hipercelulares) - proliferação das células endoteliais ou mesangiais; - infiltração de leucócitos (neutrófilos, monócitos e linfócitos); • Causam espessamento da membrana basal: deposição de material acelular denso nas superfícies endoteliais e epitelial da MB ou dentro da própria membrana. • Acarretam alterações dos componentes não celulares do glomérulo. - esclerose: aumento da quantidade de MEC nos tecidos mesagiais, subendoteliais ou subepiteliais do glomérulo. - fibrose: deposição de fibras de colágeno. Essas a l t e rações podem se r d i fusas (envolvendo todo o glomérulo); focais (apenas alguns glomérulos); segmentares (um segmento de determinado glomérulo); mesangiais (células mesangiais são afetadas). MECANISMOS CELULARES DA LESÃO O aumento da pressão do capilar glomerular: • Induz lesão esclerótica progressiva. - As células mesangiais, possuem como uma de suas funções, a capacidade de contrair, afim de regular o fluxo sanguíneo. Quando são submetidas a estiramento, se proliferam e aumentam a produção de elementos da matriz (colágeno, laminina e fibronectina). • Acarreta alterações do podócito (responsável pela fenda de filtração), causando sua disfunção, perda de vitalidade, apoptose e perda de adesão à membrana basal. - Como as fendas não irão se formar corretamente, áreas da membrana ficarão desnudas, facilitando a passagem de proteínas, predispondo à lesão histológica (dilatações aneurismáticas, sinequiais e esclerose). - Devido à esclerose, a célula mesangial ficará endurecida, ocasionado perda de funções (ex : cont ra t i l idade) , logo, diminuição da TGF. G L O M E R U L O N E F R I T E ( S Í N D R O M E NEFRÍTICA) Processo inflamatório que envolve estruturas glomerulares. Quando um processo inflamatório causa lesão e reduz a capacidade dos glomérulos filtrarem o sangue, provocando uma resposta inflamatória proliferativa. Quando alguma condição leva a inflamação do glomérulo, ocasionando o recrutamento de leucócitos e macrófagos para o glomérulo -> obstrução glomerular -> diminuição da função do glomérulo -> diminuição excreção de sal e água -> oligúria (adulto < 400ml/dia; criança 0,5ml/kg/hora); congestão volêmica (HAS); aumento da pressão hidrostática do LEC (líquido intravascular passa para o espaço intersticial, causando edema). - Glomerulonefrite primária: atinge de forma direta o glomérulo. Podem ocorrer por alteração imunológica decorrente de infecção viral ou bacteriana. - Glomerulonefrite secundária: se originam no glomérulo, mas estão associadas a doenças como, HAS, DM, LÊS, hepatites Be C,.. Etiologia - GNPE: glomérulo nefrite pós-estreptocócica - LES: lúpus eritematoso sistêmico - Doença de Berger - Endocardite - Vasculites A glomerulonefrite pode ser: - Aguda: se desenvolve após um curto período. - Crônica: se desenvolve e progride lentamente. Além disso, ela pode ser: - Primária: se origina nos rins. - Secundária: causada por distúrbios. Patogênese GLOMERULONEFRITE PÓS-ESTREPTOCÓCICA • Glomerulonefrite aguda mais comum. APG - SOI IV Bianca Cardoso - Medicina 4 o Período • Acomete potencialmente crianças, em especial a faixa etária de 5-15 anos e com predomínio no sexo masculino. • Causada pelo streptococos pyogenes (B- hemolitico do grupo A. Ocorrem aproximadamente 1-3 semanas após um quadro de faringite ou 2-6 semanas após uma piodermite ( infecção na pele) por determinadas cepas do estreptococo-beta- hemolítico do grupo A (streptococos pyogenes). - esse streptococos produz antígenos (proteína M nefritogênica), que ativa o sistema imune, quevai produzir anticorpos que vão atacar os antígenos dos streptococos e o próprio glomérulo. O glomérulo será atacado por esses anticorpos de 2 formas: in situ e - in situ: o antígeno se liga ao anticorpo in situ (no glomérulo), o imunocomplexo que está no glomérulo chama as células de defesa ( leucócitos, macrófagos), que irão se acumular, formando um “tapete” no glomérulo, que irá desencadear todas as manifestações clínicas. Como o glomérulo vai es ta r “obs t ru ído” , sua f unção se rá comprometida, então, haverá acúmulo de líquido no vaso, acarretando congestão volêmica, edema, ol igúr ia, hematúr ia dismórfica. Esse acúmulo de líquido ira “avisar” para o sistema renina-angiotensina- aldosterona que não precisa reter mais sódio e água, uma vez que já tem muito no vaso. O SRA será desativado, ocasionado uma hipercalemia, já que, a aldosterona é responsável reabsorver sódio e água e excretar hidrogênio e potássio, logo, se tem pouca aldosterona, haverá o acúmulo de potássio. Q u a d ro c l í n i c o c l á s s i c o : h e m a t ú r i a macroscópica, edema, hipertensão, oligúria e dor lombar. - Uma das primeiras manifestações é a oligúria, que ocorre à medida que o TGF diminui. - A proteinúria e a hematúria decorrem do aumento da permeabilidade das membranas dos capilares glomerulares. - As substâncias na urina destroem as hemácias, e urina marrom-escura pode ser o primeiro sinal dessa síndrome. - A retenção de sódio e água causa edema (principalmente face e mãos) e hipertensão. Sua apresentação clínica pode variar de quadros leves até insuficiência renal grave. Exames complementares: - Obrigatório solicitar o complemento da via alternativa (C3 e CH50), vai estar diminuído na GNPE: hipocomplementemia - por 8 semanas. - Comprovação que o paciente teve uma faringite ou piodermite: ASLO (amigdalite e faringite) e anti-DNAse B (piodermite). - Microscopia ótica (biópsia renal) - Microscopia eletrônica (biópsia renal): vai apresentar gibas/ depósitos subendoteliais/ corcovas Possui bom prognóstico, com apenas 2 critérios para internação: - Edema agudo de pulmão; - Encefalopatia hipertensiva. Tratamento: erradicar a infecção estreptocócica com antibióticos e instituir medidas de suporte. Esse tipo de glomerulonefrite tem prognóstico excelente e raramente causa DRC. NEFROPATIA POR IGA - Doença de Berger; - Normalmente acomete crianças e adultos jovens; - Se in ic ia com quadro de hematúr ia macroscópica, 1-2 dias após infecção inespecífica do trato respiratório superior. - Se caracteriza pela deposição de IgA no mesângio. A nefropatia por IgA está associada a uma anormalidade na sua produção e depuração ou mesmo na produção anormal de anticorpos contra IgA glicosilada. Há aumento da concentração sérica de IgA em 50% dos pacientes. - 4-13% dos pacientes com a doença apresentam a tríade clássica de hematúria macroscópica, edema e HAS, acompanhados ou não de perda de função renal. Também pode se manifestar de forma insidiosa. GN MEMBRANOPROLIFERATIVA (GNMP) Padrão de lesão glomerular caracterizado por: - Proliferação mesangial e endocapilar; - Espessamento com duplicação de membrana basal do capilar glomerular. Acomete qualquer idade, porém a forma idiopática é mais encontrada em jovens. A causa secundária mais comum de GNMP é a infecção pelo vírus da hepatite C, associado ou não à crioglobulinemia. Exames: pesquisa de anti-DNA, crioglobulina, sorologias para hepatite B e C, enzimas hepáticas e, em idosos, avaliação de neoplasias, incluindo imunoeletroforese de proteínas sérica e urinária. A imunofluorescência geralmente apresenta depósito difuso ou granular de imunoglobulinas, além de presença de C3 em mesângio e em paredes capilares. APG - SOI IV Bianca Cardoso - Medicina 4 o Período GN RAPIDAMENTE PROGRESSIVA Terá uma doença “base” que produzirá anticorpo capaz de atacar o glomérulo. - Tipo I: antimembrana basal glomerular -> floresce de maneira linear. - Tipo II: imunocomplexos -> floresce de maneira descontínua; padrão granular, uma vez que ficam em estruturas descontínuas (epitélio ou endotélio do glomérulo). - TIPO III: ANCA -> não floresce no exame de imunofluorescencia indireta; ataca diretamente o glomérulo, não precisa de antígeno para formar o imunocomplexo. Fisiopatologia Todos os tipos de anticorpos atacam os glomérulos, sinalizando para a chegada de neutrófilos, fibroblastos, macrófagos e leucócitos. A junção de restos celulares formam os crescentes (correspondem a proliferação das células do folheto parietal da cápsula de Bowman, estimuladas por depósito de fibrina. São responsáveis por colapsar os glomérulos, acabando totalmente com sua função). Manifestações Clínicas: - Azotemia; - Edema pulmonar; - Edema de MMII; - Pericardite hemorrágica; - Anúria (menos de 100ml/dia; - Aumento de 50% dos glomérulos com crescentes. DOENÇA DE GOODPASTURE Forma rara e agressiva de glomerulonefrite causada por anticorpos contra as membranas basais dos glomérulos (MBG) e dos alvéolos. Os anticorpos anti-MBG têm reatividade cruzada com a membrana basal dos alvéolos pulmonares e são responsáveis pela síndrome de hemorragia pulmonar associada à insuficiência renal. - Doença autoimune que causa síndrome pulmão-rim. - Produz anticorpo anti-membrana basal glomerular (afeta 2 estruturas que possuem membrana basal: alvéolos e rins). - Não forma imunocomolexos. Manifestações Clínicas: síndrome pulmão-rim (a lveol i te com hemorragia pulmonar e glomerulonefrite rapidamente progressiva). REFERÊNCIAS: • Clínica Médica vol. 3 • Fisiopatologia- Porth • Patologia Básica - Robbins
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