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1. Normas Tributárias Básicas 3 2. Imposto de Renda da Pessoa Física 18 3. Tributação de Aplicações Financeiras 43 4. Tributação de investimentos em imóveis 57 5. Conceitos básicos da tributação da Pessoa Jurídica (Holding Imobiliária e PJ prestador de serviços) 63 6. Tributação de rendimentos recebidos no exterior por residentes no Brasil 66 7. Penalidades pelo descumprimento de obrigações 74 8. Planejamento Tributário 77 CONTEÚDO MÓDULO IV 1. NORMAS TRIBUTÁRIAS BÁSICAS 1.1 Conceito de tributo De acordo com o artigo 3º do Código Tributário Nacional (“CTN”): “Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”. Facilitando: 1. Tributo é toda prestação pecuniária compulsória... 2. em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir... 3. que não constitua sanção de ato ilícito... (“pecunia non olet” – quer dizer “o dinheiro não cheira1) 4. instituída em lei... 5. cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. É uma prestação pecuniária, ou seja, TEM que ser em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, NÃO pode constituir sanção de ato ilícito, TEM que ser instituído em lei (princípio da legalidade, que veremos adiante), e por fim, tem que ser cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada (pelo Fisco). Caso falte algum desses requisitos, pode-se afirmar que essa prestação não tem natureza tributária. Somente é tributo aquela prestação que preencha todos os requisitos do CTN. 1.1.1 Características Os tributos se caracterizam pelos seguintes aspectos, os quais chamamos de “Regra Matriz de Incidência Tributária”. 1.1.1.1 Fato gerador O fato gerador tributário é um acontecimento que, por força de uma lei, faz nascer uma obrigação de pagar tributo. 1 Embora tributo não seja um a sanção de ato ilícito, isso deve ser adotado como uma verdade, na medida que o direito tributário despreza ilicitudes que existam por detrás do fato gerador. O fato gerador de qualquer tributo em abstrato é um a situação lícita e permitida pelo direito. Porém, se no concreto existe algum a ilicitude no fato gerador, o direito tributário permite que essa ilicitude seja desconsiderada e a tributação ocorrerá normalmente. Um exemplo clássico é da renda ilícita quando o sujeito aufere renda vendendo drogas ilícitas. É possível a Receita Federal autuar o traficante por não ter declarado a renda que recebeu vendendo as drogas? É possível e é dever da Receita Federal, mas não como punição por ter vendido drogas. Tributa-se aquela renda auferida por ela ser renda, não como punição. Isso, porque, com o visto, tributo não é sanção por ato ilícito. MÓDULO VI | CFP | EA BANKING SHOOL 4 Ex.: Quem “aufere renda”, está obrigado por lei a recolher Imposto de Renda, portanto, “auferir renda” é o fato gerador do Imposto de Renda. A tributação somente ocorrerá quando alguém efetivamente “auferir renda”. Quando o fato exposto na lei se materializar como um fato concreto, ocorre o fato gerador. Essa descrição hipotética do fato é a chamada “hipótese de incidência”, pois ainda não se materializou. Ou seja, são as coordenadas de tempo e espaço, assim como os elementos quantitativos e pessoais descritos pela lei para que ocorra determinado fato gerador do tributo. É necessário, portanto, haver referências de (i) quando e (ii) onde esse acontecimento será verificado, assim como critérios para (iii) identificação do contribuinte (sujeito passivo) e do (iv) ente público (sujeito ativo) que é titular do direito de cobrar o tributo e, por fim, (v) o valor do imposto devido (base de cálculo x alíquota). Ex.: Hipótese de incidência do Imposto de Renda Critério material: auferir renda na alienação de um imóvel Critério temporal: no momento do pagamento do valor referente a venda do imóvel (caso não seja parcelado) Critério espacial: em qualquer lugar do mundo (princípio da universalidade) Critério pessoal: sujeito ativo (União Federal) e sujeito passivo (Contribuinte) Critério quantitativo: de 15% a 22,5% (alíquotas progressivas de ganho de capital) Definidos todos esses aspectos em lei, há a instituição do tributo. Assim, sempre que ocorrido o fato gerador previsto na hipótese de incidência, uma obrigação tributária será originada e, ao ser lançada, dará lugar a um crédito do Estado contra o contribuinte. MÓDULO VI | CFP | EA BANKING SHOOL 5 Lançamento Tributário A partir do nascimento da obrigação tributária, começa a ser contado o prazo de 5 anos para: • Decadência: para lançar o tributo. Nos casos de decadência, a pessoa perde o direito material caso não o solicite no tempo determinado por lei. • Prescrição: para cobrar o tributo lançado. É a perda de pretensão da reparação do direito violado por inércia do titular do direito no prazo legal. O início do prazo prescricional ocorre com o surgimento da pretensão. 1.1.1.2 Base de cálculo A base de cálculo do tributo deve confirmar o critério material da hipótese de incidência2. Do mesmo modo, os critérios utilizados para se determinar a base de cálculo dos tributos não devem ser similares a ponto de, na prática, torna-los iguais e fazer com que onerem duplamente um mesmo fato econômico (fato gerador). Ex.: Sabendo que o critério material do imposto de renda é auferir renda, sua base de cálculo deve corresponder, necessariamente, a um rendimento novo no patrimônio do contribuinte. Assim, a base de cálculo é todo o aumento patrimonial que ele teve em determinado período (01/01/XX à 31/12/XX) ou em uma operação de venda específica. 1.1.1.3 Alíquota Alíquota é o percentual ou valor fixo aplicado sobre a base de cálculo, para que o tributo seja calculado. A alíquota poderá ser: • Percentual3, quando a base de cálculo se tratar de valor econômico; • Valor fixo4, quando a base de cálculo se tratar de unidade não monetária. 1.1.1.4 Sujeito da relação tributária: contribuinte e fisco Contribuinte é o sujeito passivo de uma obrigação tributária, sujeito, por lei, ao pagamento de tributos ao fisco, que é o sujeito ativo da relação tributária. 2 Conforme exposto no art. 145, §2º, da Constituição Federal. 3 Mais comuns em impostos. 4 Mais comuns nos empréstimos compulsórios, taxas e contribuições. https://blog.sajadv.com.br/prazo-processual/ MÓDULO VI | CFP | EA BANKING SHOOL 6 Por outro lado, a lei pode atribuir a condição de responsável tributário a um terceiro que tenha alguma relação com o fato gerador do tributo. O responsável tributário pode ocorrer por: • Substituição: quando a lei, ao expor uma conduta praticada pelo contribuinte como hipótese tributária, determina que, verificada aquela conduta, outra pessoa (substituto) terá de recolher o tributo. • Transferência: quando a lei define que, cumpridas determinadas condições, terceiro passará a ser responsável (solidariamente ou não) pelo recolhimento do tributo devido pelo contribuinte. 1.1.1.5 Obrigação tributária Quando se aborda acerca de obrigação5, é necessário pensar em um vínculo que une um credor a um devedor. É a vinculação entre ambos, de modo que o devedor tem de dar, fazer ou não fazer em favor do credor. A obrigação tributária não admite outra fonte que não a lei, diferente do que ocorre com as obrigações de direito privado. A obrigação tributária principal tem por objeto o pagamento do tributo ou da penalidade pecuniária. Ex.: suponha que Marcelo praticou uma sonegação e deixou de pagar o tributo no valor de R$ 100,00. Foi descoberto pela fiscalização tributária que lhe aplicou um a multa de R$ 50,00 de acordo com a legislação que rege a matéria. Portanto, há um a dívida de R$ 150,00. O que é o crédito tributário para inscrição em dívida ativa ou para qualquer finalidade como grande regra geral? O crédito tributário é R$ 150,00, é o tributo propriamente dito somado à multa. Já a obrigação tributária acessória6 trata-se de um fazerou não fazer imposto pela legislação tributária, não necessariamente a lei em sentido estrito, mas por qualquer tipo de norma jurídica, que obriga a uma conduta ou omissão no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. Ex.: emissão de uma nota fiscal é um fazer no interesse da arrecadação e fiscalização dos tributos. Apresentar um a declaração de imposto de renda é uma obrigação imposta no interesse da administração tributária. 1.1.2 Espécies de tributos Para a doutrina mais tradicional – classificação constante no artigo 145 da Constituição Federal (“CF”) – os tributos se organizam em: a) Impostos: são tributos cujo fato gerador corresponde a um fato lícito qualquer, desvinculado de uma atuação estatal. b) Taxas: são tributos cujo fato gerador é uma determinada atuação estatal: a prestação de serviço público ou o exercício do poder de polícia (artigo 78 do CTN). A taxa é um tributo vinculado a uma atividade estatal. 5 Versa o artigo 113 §1º do CTN que: “Obrigação tributária principal é aquela que surge com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto o pagamento do tributo ou da penalidade pecuniária, e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente.” 6 CTN expõe em artigo 113, § 2º que: “Obrigação tributária dita acessória são prestações positivas ou negativas impostas ao sujeito no interesse da arrecadação ou fiscalização dos tributos”. MÓDULO VI | CFP | EA BANKING SHOOL 7 c) Contribuições de melhoria: são tributos cujo fato gerador é um determinado benefício – a valorização imobiliária – auferido pelo particular como resultado de uma atuação estatal – a realização de obra pública. Já o Supremo Tribunal Federal entendeu que também são espécies tributárias, além dos tributos supracitados: d) Empréstimos Compulsórios: são tributos cujo fato gerador pode se confundir com os fatos geradores de impostos, taxas ou contribuições de melhoria, sendo-lhes aplicáveis as mesmas regras à subespécie adotada, mas que dependem para sua implementação de uma justificativa constitucionalmente privilegiada e são sujeitos à restituição: • Despesas extraordinárias decorrentes de calamidade pública, guerra externa ou sua iminência; • Investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional. e) Contribuições: são tributos afetados a uma determinada finalidade (tributos com destinação, porém sem vinculação). Podem sem classificadas em: • Contribuições Sociais, quando destinadas a financiar a atuação da União Federal na área social; e • Contribuições Especiais, quando destinadas a sua atuação no interesse de categorias profissionais, econômicas ou intervir no Direito Econômico. 1.1.2.1 Impostos O seu conceito está disposto no artigo 16 do CTN, que define de uma forma bastante adequada: “Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte”. O imposto serve para custear aqueles serviços públicos indivisíveis (uti universi), ou mesmo para a construção de um posto de saúde ou um a escola. Ou seja, ele não tem destinação específica. Abaixo uma planilha com as diferenças entre imposto e taxa: IMPOSTO TAXA Tributo não vinculado a qualquer atividade estatal específica em relação ao sujeito passivo Tributo que depende de uma atividade estatal específica em relação ao sujeito passivo (prestação de um serviço público ou exercício do poder de polícia) Fato gerador: ato, fato ou situação em que se encontra o sujeito passivo Fato gerador: atividade pública prestada ao sujeito passivo Financia atividades públicas indivisíveis Financia atividades públicas divisíveis MÓDULO VI | CFP | EA BANKING SHOOL 8 1.1.2.2 Taxas: pelo exercício do poder de polícia e pela utilização de serviços públicos Taxa é um tributo cuja contraprestação são serviços públicos ou benefícios feitos, postos à disposição ou custeados pelo Estado, em favor de quem paga ou por este provocado. Ou seja, é uma quantia obrigatória em dinheiro paga em troca de algum serviço público fundamental (ou para o exercício do poder de polícia), oferecido diretamente pelo Estado. Taxas também são vinculadas a um destino: à manutenção e desenvolvimento do próprio serviço prestado. A taxa é um tributo vinculado a uma atividade da administração pública, atrelando-se à atividade pública. As taxas podem ser divididas em dois tipos: • Taxa de polícia (fiscalização), quando a mesma é usada para fiscalização. Será exigida em virtude de atos de polícia realizados pela administração pública. • Taxa de serviço ou de utilização: será cobrada mediante prestação estatal de um serviço público específico e divisível. Sob pena de se configurar a proibida bitributação, não pode ser cobrada taxa dos serviços ou circunstâncias que servem como ‘base de cálculo’ de qualquer outro tributo. 1.1.2.3 Contribuição de melhoria A contribuição de melhoria tem por fato gerador o acréscimo no valor da propriedade privada, acréscimo esse causado por obra pública. A contribuição de melhoria, assim como a taxa, pressupor uma atividade estatal. No caso da taxa, o serviço público ou o exercício do poder de polícia. No caso da contribuição de melhoria, a realização de uma obra pública. Assim sendo, tanto a taxa como a contribuição de melhoria são consideradas tributos vinculados, vinculados à um a atividade estatal, ou seja, exige uma atividade estatal. As grandes características da Contribuição de Melhoria são: • Obra pública que cause valorização imobiliária; • Relação de causa (obra pública) e efeito (valorização na propriedade imobiliária de alguém); • Fato gerador – acréscimo do valor do imóvel; • Tributo vinculado à realização da obra pública. Ex.: contribuinte possuía imóvel com valor 100 mil, após a realização da obra pública, o mesmo imóvel passa a valer 110 mil. Nesse caso, 10 mil é o limite individual que poderá ser cobrado através da contribuição de melhoria. https://pt.wikipedia.org/wiki/Tributo https://pt.wikipedia.org/wiki/Servi%C3%A7o_p%C3%BAblico https://pt.wikipedia.org/wiki/Exerc%C3%ADcio_do_poder_de_pol%C3%ADcia https://pt.wikipedia.org/wiki/Administra%C3%A7%C3%A3o_p%C3%BAblica https://pt.wikipedia.org/wiki/Bitributa%C3%A7%C3%A3o MÓDULO VI | CFP | EA BANKING SHOOL 9 1.1.2.4 Contribuições sociais (seguridade social; intervenção no domínio econômico; interesse de categorias profissionais) A ideia de contribuição é de que ela é um tributo atrelado à uma finalidade prevista na Constituição. Nesse aspecto, se aproxima da taxa, visto que essa última existe para fazer frente ao exercício prestado pela Administração, seja em um serviço público ou no exercício do poder de polícia. A contribuição, contudo, é um a finalidade genérica, não específica. Quando cogitar em contribuição, deve-se automaticamente pensar que contribuição sem finalidade não é contribuição. Abaixo segue planilha com as devidas identificações: Contribuições Sociais A contribuição para seguridade social compreende saúde, previdência e assistência. Contribuições De Intervenção no Domínio Econômico São as chamadas CIDEs. Toda vez que se justificar a intervenção da União em determinado setor da economia, ela pode, para custear essa intervenção, criar uma CIDE. Há uma CIDE famosa vigorando no país atualmente, denominada CIDE-combustíveis. Contribuições no Interesse de Categorias Profissionais ou Econômicas Também são denominadas contribuições corporativas, existem para custear o sistema de representação e fiscalização das determinadas profissões, como o engenheiro que se submete ao CREA, pagando uma anuidade. 1.1.2.5 Empréstimos compulsórios Empréstimo compulsório consiste na tomada compulsória de certa quantidade de dinheiro, pelo Estado ao contribuinte, a título de "empréstimo", a ser resgatado em determinado prazo estabelecido por lei. O empréstimo compulsório serve para atender a situações excepcionais, e só pode ser instituído pela União. Empréstimos compulsórios paraatender às despesas extraordinárias decorrentes de calamidade pública, guerra externa ou sua iminência. https://pt.wikipedia.org/wiki/Uni%C3%A3o MÓDULO VI | CFP | EA BANKING SHOOL 10 Abaixo, resumo com as principais características das espécies tributárias: 1.2 Princípios constitucionais tributários 1.2.1 Princípio da legalidade Conforme disposto na CF, nenhuma pessoa jurídica de direito público pode instituir ou majorar tributos sem lei que o estabeleça. Assim, é necessária disposição legal da hipótese de incidência do fato gerador do tributo para sua validade. Exceção: tributos extrafiscais, como exemplo o IOF, que tem por finalidade regular o sistema de câmbio. 1.2.2 Princípio da anterioridade Tratam-se de dois princípios distintos: (i) anterioridade de exercício ou (ii) anterioridade nonagesimal. A anterioridade de exercício veda a cobrança de tributo no mesmo exercício em que tenha sido publicada a lei que o instituiu ou majorou. Exceção: IPI – só aplica a anterioridade nonagesimal. Já a anterioridade nonagesimal7 veda a cobrança de tributos antes de decorridos 90 dias da lei o tiver instituiu ou majorou. Exceção: Imposto de Renda, que segue somente a anterioridade de exercício. Os princípios da anterioridade se aplicam às taxas, às contribuições de melhoria e aos impostos. A exceção ocorre nos tributos extrafiscais, que foram tratados de forma distinta, pois possuem um condão extrafiscal, ou seja, motivação econômica ou político-social. Nesses casos, o Poder Executivo pode elevar suas alíquotas a qualquer momento, respeitando os limites fixados em lei. 7 Instituída pela Emenda Constitucional nº 42/2003. MÓDULO VI | CFP | EA BANKING SHOOL 11 Ex: empréstimos compulsórios, instituídos na iminência de guerra externa, pela sua natureza emergencial. A função extrafiscal é a de regular determinada atividade. Os principais tributos extrafiscais são: o Imposto de Importação (II), o Imposto de Exportação (IE), o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Importante destacar que as contribuições parafiscais sujeitam-se apenas ao princípio da anterioridade nonagesimal. 1.2.3 Princípio da irretroatividade É um princípio aplicável a todos os tributos, que veda a cobrança de tributo sobre fato gerador ocorrido antes do início da vigência da lei que o instituiu. Ou seja, é necessário que lei seja instituída para que, posteriormente, ocorra a cobrança do tributo sobre aquele fato gerador instituído pela lei, não sendo possível cobrar sobre fatos geradores anteriores a lei. 1.2.4 Princípio da isonomia ou igualdade tributária Assegurada pela CF8 em seu artigo 5, igualdade é um princípio assegurado a todos. No campo da tributação, se trata da equivalência entre os contribuintes, condicionando o regular exercício das competências tributárias. A isonomia tributária, aplicável a todos os tributos, permite tratamento desigual aos contribuintes em suas condições individuais, de forma a reduzir desigualdades. Seria o mesmo que dizer “igualdade para os iguais, desigualdade para os desiguais”. Ex.: Alíquotas de Imposto de Renda progressivas. Quem aufere mais renda, deverá aplicar uma alíquota maior sobre essa renda. 1.2.5 Princípio da competência Possuem competências tributárias, instituídas pela CF, a União, os Estados (e Distrito Federal) e Municípios. As taxas e as contribuições de melhoria podem ser instituídas pela União, Estados e Municípios, caso ocorra a atuação desses entes para a atividade. • A União pode instituir taxas vinculadas aos serviços públicos por ela prestados; • A União possui competência para instituir os empréstimos compulsórios e contribuições parafiscais; • A União pode criar os impostos previstos, bem como outros que sejam necessários, desde que não invada as competências reservadas aos Estados e Municípios e respeitados os aspectos formais; • A União possui uma competência chamada “competência residual da União”; 8 Dispõe o artigo 150, II, que “é vedado à União, aos Estados e aos Municípios instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos”. MÓDULO VI | CFP | EA BANKING SHOOL 12 • O Município pode instituir contribuição de melhoria quando a valorização imobiliária decorrer de obra pública por ele realizada; • A competência para instituir impostos foi distribuída entre União e Estados, e Municípios, de forma taxativa, e para a União de forma exemplificativa; e • Estados e Municípios somente podem criar impostos já previstos pelo Constituinte. A CF expõe a competência de cada ente, sendo: IMPOSTOS DE COMPETÊNCIA DA UNIÃO: • Imposto sobre Importação (II); • Imposto sobre Exportação (IE); • Imposto sobre a Renda (IR); • Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI); • Imposto sobre Operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos e valores mobiliários (IOF); • Imposto sobre a propriedade Territorial Rural (ITR) – com a EC 42/2003, passa a ser cobrado pelos Municípios (parafiscalidade); • Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF); e • Outros Impostos (competência residual). IMPOSTOS DE COMPETÊNCIA DOS ESTADOS: • Imposto sobre Transmissão Causa mortis e Doação (ITCMD); • Imposto sobre operações de Circulação de Mercadorias e prestações de Serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação; e • Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA). IMPOSTOS DE COMPETÊNCIA DOS MUNICÍPIOS: • Imposto sobre Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU); • Imposto sobre a Transmissão “inter vivos”, a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis e de direitos reais sobre bens imóveis (ITBI); • Imposto sobre a Prestação de Serviços (ISS), exceto os tributados pelo ICMS; e • Imposto sobre a propriedade Territorial Rural9 (ITR). Apesar de possuir competência tributária para a instituição dos tributos supracitados, os entes podem não exercer tal competência e isso não trará prejuízo ao seu direito de, posteriormente, institui-lo, desde que respeitados os princípios constitucionais aplicáveis, dependendo da edição de lei pelo respectivo ente público. 9 EC 42/2003 MÓDULO VI | CFP | EA BANKING SHOOL 13 1.2.6 Princípio da capacidade contributiva (progressividade e essencialidade) Também conhecido pelas características da progressividade e essencialidade, tal princípio deve ser compreendido em sentido objetivo (existência de uma riqueza passível de tributação) e em sentido subjetivo (qual parcela da riqueza pode ser tributada em virtude das condições individuais). É a busca por uma sociedade mais justa, determinando que o contribuinte deve pagar tributos, desde que esta cobrança não se torne abusiva, prejudicando o seu sustento ou o do exercício de suas demais atividades. Apesar da legislação fazer referência à aplicação deste princípio apenas para a subespécie dos impostos (art. 145, §1º, da CF), a capacidade contributiva é aplicável a todos os tributos, sendo seus critérios observados individualmente para cada subespécie tributária: • Impostos: possuem caráter pessoal e ser estabelecidos conforme a capacidade contributiva do contribuinte, devendo sua alíquota e a base de cálculo serem estabelecidas visando a arrecadação SEM prejudicar o contribuinte. • Taxas: o estabelecimento das taxas deve buscar a remuneração dos gastos dispendidos pelo Estado para o estabelecimento de sua atividade ou do poder de polícia prestado, não devendo ser excessivo a ponto de dificultar que o contribuinte goze do serviço ou poder de polícia essencial para o exercício de suas atividades ou defesa de direitos. • Contribuições: similares as taxas, as contribuições também não podem ser onerar excessivamente o contribuinte, impedindo o desenvolvimento de suas atividades ou a sua subsistência.1.2.7 Imunidade Imunidade é uma a limitação do poder de tributar determinada pela CF e se caracteriza pela não incidência de um tributo pela ausência de competência para sua instituição. Se caracteriza como delimitações das competências tributárias, ou seja, uma negativa ao poder de tributar. Ex.: imunidade dos templos; imunidade dos livros, jornais, periódicos e papel destinado à sua impressão (art. 150, VI, CF). 1.2.8 Isenção Diferentemente da imunidade, que é instituída pela ausência de competência para a instituição de um tributo, a isenção é instituída por meio de lei e caracteriza-se pela não incidência do tributo por opção do próprio ente federativo, que apesar de possuir competência, decidiu não o cobrar, seja por questões sociais, políticas ou econômicas. Após a instituição da isenção, sua revogação deverá respeitar as regras aplicáveis à criação ou majoração do tributo, ou seja, princípio da irretroatividade, da anterioridade e da legalidade. Abaixo, segue resumo comparativo: MÓDULO VI | CFP | EA BANKING SHOOL 14 1.3 Tributos relevantes para o planejamento fiscal 1.3.1 ITCMD – Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis e Doações O ITCMD incide sobre a aquisição de patrimônio a título gratuito (não oneroso), ou seja, herança e doação. Assim sendo, toda a transmissão de patrimônio não oneroso será fato gerador do ITCMD. Tanto em uma sucessão, quanto em doações de qualquer natureza, o beneficiário/donatário deverá apurar e recolher esse tributo, que é extremamente importante em planejamentos sucessórios Competência: Estados e do Distrito Federal. Fato Gerador: doação ou herança, excluindo-se eventual meação do cônjuge. Base de Cálculo: a base de cálculo do ITCMD é o valor venal do bem ou direito transmitido, expresso em moeda nacional ou em UFESP (Unidades Fiscais do Estado de São Paulo). Deve ser considerado o valor venal ou valor de mercado do bem ou direito na data da abertura da sucessão (dia do falecimento) ou da realização do ato ou contrato de doação. O Estado de São Paulo, por exemplo, determina-se que as participações em empresas devem ser avaliadas de acordo com o valor negociado na Bolsa de Valores na data do evento e, em hipótese de não existir cotação em Bolsa de Valores, a base de cálculo deve corresponder ao valor proporcional da participação societária transmitida sobre o patrimônio líquido da empresa. Usufruto: a base de cálculo em hipótese de doação da nua propriedade, com reserva de usufruto para o doador é de 2/3 no estado de São Paulo. Alíquota: A alíquota é de 4% para todas as transmissões na maioria dos estados brasileiros: SP, RJ, PR. A alíquota máxima é de 8%. Contribuinte: herdeiro ou o legatário, na proporção do seu quinhão, sendo cada herdeiro responsável pelo pagamento do imposto relativo ao bem por ele recebido, ou o donatário. Exceção: caso o donatário seja residente no exterior, o ITCMD será devido pelo doador. MÓDULO VI | CFP | EA BANKING SHOOL 15 São solidariamente responsáveis pelo imposto devido pelo donatário ou herdeiro: • Os tabeliães, escrivães, e demais serventuários de Cartórios e Tabelionatos; • As empresas e instituições financeiras a quem caiba responsabilidade na transmissão de bens; • O doador, quando da inadimplência do donatário. Recolhimento: a data de recolhimento do tributo será instituída pelo Estado competente. Para fins de exemplo, será transcrita a legislação do Estado de São Paulo. O Estado de São no artigo 17 da Lei 10.705/2000 expõe os prazos de recolhimento em hipótese de “causa mortis”: • Na transmissão "causa mortis", o imposto será pago até o prazo de 30 (trinta) dias após a decisão homologatória do cálculo ou do despacho que determinar seu pagamento, observado o disposto no artigo 15 desta lei. • § 1º- O prazo de recolhimento do imposto não poderá ser superior a 180 (cento e oitenta) dias da abertura da sucessão, sob pena de sujeitar-se o débito à taxa de juros prevista no artigo 20, acrescido das penalidades cabíveis, ressalvado, por motivo justo, o caso de dilação desse prazo pela autoridade judicial. Já na doação, o artigo 18 da lei supracitada expõe que o imposto será recolhido antes da celebração do ato ou contrato correspondente, sendo: § 1º – Na partilha de bem ou divisão de patrimônio comum, quando devido, o imposto será pago no prazo de 15 (quinze) dias do trânsito em julgado da sentença ou antes da lavratura da escritura pública. § 2º – Os tabeliães e serventuários, responsáveis pela lavratura de atos que importem em doação de bens, ficam obrigados a exigir dos contratantes a apresentação da respectiva guia de recolhimento do imposto, cujos dados devem constar do instrumento de transmissão. § 3º – No contrato de doação por instrumento particular, os contratantes também ficam obrigados a efetuar o recolhimento antes da celebração e mencionar, em seu contexto, a data, valor e demais dados da guia respectiva. § 4º – À doação ajustada verbalmente, aplicam-se, no que couber, as disposições deste artigo, devendo os contratantes, na forma estabelecida em regulamento, fazer constar da guia de recolhimento dados suficientes para identificar o ato jurídico efetivado. § 5º – Todo aquele que praticar, registrar ou intervier em ato ou contrato, relativo à doação de bem, está obrigado a exigir dos contratantes a apresentação da respectiva guia de recolhimento do imposto. Isenções: A Lei do Estado de São Paulo prevê as seguintes isenções: Doação: • Bens cujo valor não ultrapassar 2.500 UFESPs; • Bem imóvel vinculado a programa de habitação de interesse social; • Bem imóvel doado por particular para o Poder Público. MÓDULO VI | CFP | EA BANKING SHOOL 16 “Causa Mortis”: • Imóvel de residência, urbano ou rural, cujo valor não ultrapassar 5.000 UFESPs e os familiares beneficiados nele residam e não tenham outro imóvel; • Imóvel cujo valor não ultrapassar 2.500 UFESPs, desde que seja o único transmitido; • Ferramenta e equipamento agrícola de uso manual, roupas, aparelho de uso doméstico e demais bens móveis de pequeno valor que guarneçam os imóveis referidos nas alíneas anteriores, cujo valor total não ultrapassar 1.500 UFESPs; • Depósitos bancários e aplicações financeiras, cujo valor total não ultrapassar 1.000 UFESPs; • Quantia devida pelo empregador ao empregado, por Institutos de Seguro Social e Previdência, oficiais ou privados, verbas e prestações de caráter alimentar decorrentes de decisão judicial em processo próprio e o montante de contas individuais do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e do Fundo de Participações PIS-PASEP, não recebido em vida pelo respectivo titular; • Extinção do usufruto, quando o nu-proprietário tiver sido o instituidor; 1.3.2 ITBI – Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis O ITBI incide sobre a transmissão onerosa e “inter vivos” de bem imóvel e de direitos a eles relacionados (ex.: alienação, direito de compra e venda, permuta, integralização de bens imóveis em sociedades de atividade preponderantemente imobiliárias etc.) Competência: Município de localização do imóvel. Fato Gerador: a transmissão onerosa e “inter vivos” de bem imóvel e de direitos a eles relacionados. Nesse sentido, verifica-se que uma mesma operação nunca terá a incidência de ITBI (transmissão onerosa e “inter vivos”) e ITCMD (transmissão não onerosa e “causa mortis”). Base de Cálculo: por se tratar de tributo de competência dos Municípios, é necessário verificar os textos legislativos específicos de cada município. Usualmente a base de cálculo é o valor venal do bem ou de mercado (ou o maior deles). Alíquota: cada município estipular, por lei, a alíquota do ITBI que tem o limite máximo de 5%. No Município de São Paulo, a alíquota corresponde a 3%. Contribuinte: O Município de São Paulo10 expõe que são contribuintes do tributo: • Os adquirentes de bens ou direitos transmitidos; • Os cedentes nas cessões de direitos decorrentes de compromissos de compra e venda; • Os transmitentes, nas transmissõesexclusivamente de direitos à aquisição de bens imóveis, quando o adquirente tiver como atividade preponderante a compra e venda desses bens ou direitos, a sua locação ou seu arrendamento mercantil. Recolhimento: a data de recolhimento do tributo será instituída pelo Município competente. Para fins de exemplo, será transcrita a legislação do Município de São Paulo. 10 Lei 11.154/1991. MÓDULO VI | CFP | EA BANKING SHOOL 17 • O imposto será pago antes de se efetivar o ato ou contrato sobre o qual incide, se por instrumento público e, no prazo de 10 dias de sua data, se por instrumento particular. • Na arrematação, adjudicação ou remição o imposto será pago dentro de 15 dias desses atos, antes da assinatura da respectiva carta. Caso oferecidos embargos, o prazo será de 10 dias, a contar do trânsito em julgado da sentença que os rejeitar. • Nas transmissões realizadas por termo judicial, em virtude de sentença judicial, o imposto será pago dentro de 10 dias, contados do trânsito em julgado da sentença ou da data da homologação de seu cálculo, o que primeiro ocorrer. Isenções: A Lei do Município de São Paulo prevê as seguintes isenções: • Sobre a transmissão de bem imóvel, quando este voltar ao domínio do antigo proprietário por força de retrovenda, de retrocessão ou pacto de melhor comprador; • Sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio de pessoas jurídicas em realização de capital; • Sobre a transmissão de bens ou direitos aos mesmos alienantes, em decorrência de sua desincorporação do patrimônio da pessoa jurídica a que foram conferidos; • Sobre a transmissão de bens ou direitos decorrentes de fusão, incorporação, cisão ou extinção da pessoa jurídica; • Sobre a constituição e a resolução da propriedade fiduciária de coisa imóvel, prevista na Lei Federal nº 9.514, de 20 de novembro de 1997. 1.3.3 IR – Imposto de Renda O imposto sobre a renda, por natureza e definição, incide sobre o conceito jurídico de renda. A maior parte da literatura especializada a define como acréscimo patrimonial. Não é, contudo, qualquer acréscimo de patrimônio que se coloca como objeto de IR – por exemplo, as doações e heranças têm tributação própria como vimos, o ITCMD –, mas também há várias hipóteses de incidência para esse tributo. http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/leis/L9514.htm MÓDULO VI | CFP | EA BANKING SHOOL 18 2. IMPOSTO DE RENDA DA PESSOA FÍSICA 2.1 Fundamentos do Imposto de Renda O imposto de Renda é de competência federal, da União e, conforme determinado na CF, deve respeitar os critérios (i) universalidade, (ii) generalidade e (iii) progressividade. (i) Universalidade: também chamado de renda universal. Para nossa legislação, todos os rendimentos – com exceção àqueles isentos – são tributáveis. Neste sentido, independentemente do local em que rendimento ou ganho for auferido, da forma em que foi obtido, da nacionalidade de sua fonte pagadora ou até mesmo de sua denominação, haverá tributação com base neste critério. É utilizado no direito internacional como “conceito de renda universal”, por ser aplicado independentemente do local em que a renda for auferida para os residentes no Brasil. (ii) Generalidade: tal critério busca tributar todos, não permitindo que exista qualquer distinção tributária em razão de função ou profissão. Assim sendo, a tributação será para todos, sendo o contribuinte médico, advogado ou magistrado, por exemplo. Tal critério é aplicado ao contribuinte em si. (iii) Progressividade: busca dar um tratamento isonômico aos contribuintes, uma vez que sua aplicação se dá progressivamente, sendo a alíquota do imposto majorada a medida que a base de cálculo aumenta. Em outras palavras, paga mais quem ganha mais. O critério busca a função social do tributo, tributando aqueles que possuem maior capacidade contributiva com maiores alíquotas, e diminuir a desigualdade entre os contribuintes, uma vez que aqueles que ganham menos pagarão menos. 2.1.1 Princípios constitucionais aplicáveis ao Imposto de Renda O Imposto de Renda é de competência federal, da União e, conforme determinado na CF, deve respeitar os critérios (i) universalidade, (ii) generalidade e (iii) progressividade. 2.1.1.1 Generalidade O critério da generalidade tem por objeto garantir que ninguém seja excluído da tributação, ou seja, que não sejam instituídos privilégios. Tal critério busca tributar todos, não permitindo que exista qualquer distinção tributária em razão de função ou profissão. Assim sendo, a tributação será para todos, sendo o contribuinte médico, advogado ou magistrado, por exemplo. Tal critério é aplicado ao contribuinte em si. 2.1.1.2 Universalidade Também chamado de renda universal. Para nossa legislação, todos os rendimentos – com exceção àqueles isentos – são tributáveis. Neste sentido, independentemente do local em que rendimento ou ganho for auferido, da forma em que foi obtido, da nacionalidade de sua fonte pagadora ou até mesmo de sua denominação, haverá tributação com base neste critério. É utilizado no direito internacional como “conceito de renda universal”, por ser aplicado independentemente do local em que a renda for auferida para os residentes no Brasil. MÓDULO VI | CFP | EA BANKING SHOOL 19 2.1.1.3 Progressividade Busca dar um tratamento isonômico aos contribuintes, uma vez que sua aplicação se dá progressivamente, sendo a alíquota do imposto majorada a medida que a base de cálculo aumenta. Em outras palavras, paga mais quem ganha mais. O critério busca a função social do tributo, tributando aqueles que possuem maior capacidade contributiva com maiores alíquotas, e diminuir a desigualdade entre os contribuintes, uma vez que aqueles que ganham menos pagarão menos. 2.1.2 Conceito de renda 2.1.2.1 Renda O CTN, em seu artigo 43, define como fato gerador do Imposto de Renda a “aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I – de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II – de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior”. O fato gerador deste imposto é abrangente, alcançando a renda advinda do capital ou do trabalho, ou da sua combinação de ambos, e os proventos de qualquer natureza, definidos por lei como qualquer acréscimo ao patrimônio do contribuinte, ainda que não enquadrado ao conceito de renda do inciso I. Apesar do conceito abrangente de renda exposto pelo CTN, cada tipo de renda será tributado conforme sua natureza, existindo uma distinção entre rendimentos e os ganhos de capital. 2.1.2.2 Rendimentos Os rendimentos são o fruto periódico de uma fonte permanente. Ex.: salário ou aluguel recebido, que são pagos todos os meses sem a destruição da fonte pagadora (o empregador ou o imóvel alugado, respectivamente). A tributação sobre rendimentos é a tributação dos ‘frutos da árvore’, como por exemplo, o recebimento dos aluguéis periódicos, diferentemente da venda de um imóvel, que seria a ‘venda da árvore em si’, pois nessa hipótese, não há fonte permanente (o imóvel não estará mais na propriedade do alienante depois da venda) e os valores percebidos não poderiam ser considerados “frutos”. O Imposto de Renda alcançará tais acréscimos, não contemplados pelo conceito de “rendimentos” por meio dos de ganho de capital. Seria a alienação da árvore que dá os frutos. 2.1.2.3 Ganho de capital O ganho de capital é o ganho auferido na diferença entre o custo de aquisição e o valor da alienação do bem ou direito. O termo “alienação” tem sentido amplo e compreende qualquer transmissão de um bem ou direito para o patrimônio de outra pessoa, podendo ser a título gratuito ou oneroso. Portando, além da alienação ocorrida nas operações de compra e venda, também são espécies de alienação: MÓDULO VI | CFP | EA BANKING SHOOL 20 • Permuta; • Adjudicação; • Desapropriação; • Dação em pagamento; • Doação; ou • Cessão de direitos. Para a determinaçãodo ganho de capital de uma pessoa física, soma-se os ganhos auferidos no mês, decorrentes de alienação de bens ou direitos de qualquer natureza, considerando-se como ganho a diferença positiva entre o valor de transmissão do bem ou direito e o respectivo custo de aquisição. Exemplo do cálculo de ganho de capital: uma ação adquirida por R$1,00 (custo de aquisição) e alienada por R$10,00 (valor de alienação), terá um ganho de capital de R$9,00, que é a base de cálculo para aplicação da alíquota de Imposto de Renda. De acordo com a Lei nº 13.259/2016, as alíquotas aplicáveis sobre o ganho de capital são: • 15% sobre ganhos até R$5 milhões; • 17,5% sobre ganhos que excederem R$5 milhões até R$10 milhões; • 20% sobre ganhos que excederem R$10 milhões até R$30 milhões; e • 22,5% sobre ganhos que ultrapassarem R$30 milhões. Nas operações de day trade11, a alíquota aplicada sobre o ganho de capital é de 20%. Já no ganho de capital auferido por não residente em paraíso fiscal, a alíquota de 25%. Tendo em vista que a alienação é um termo amplo, sempre que ocorrer a venda, doação, permuta ou partilha, de qualquer bem em que ocorra ganho de capital (o valor da alienação for maior que o valor de custo), é necessário apurar o ganho de capital e pagar o imposto sobre esse valor positivo. O custo de aquisição será aquele informado na Declaração de Imposto de renda e todos os bens, sendo imóveis ou móveis, como por exemplo, jóias, obras de arte, participações societárias, carros, motos, etc, podem ser passíveis de ganho de capital. A transferência, a pessoas jurídicas, a título de integralização de bens e direitos realizada por valor superior àquele constante na declaração de imposto de renda da pessoa física, também está sujeita à tributação definitiva, na condição de ganho de capital tributável. A base de cálculo é idêntica de uma venda, como já explicado anteriormente, ou seja, o ganho auferido na subtração entre o valor da integralização e valor declarado (custo de aquisição). 11 Operação de compra e venda realizadas no mesmo dia e pela mesma instituição financeira. Ou seja, a compra de uma ação da empresa X por R$1,00 no Banco Y, e a alienação, no mesmo dia, da ação da empresa X por R$10,00, adquirida no Banco Y. MÓDULO VI | CFP | EA BANKING SHOOL 21 2.1.2.4 Proventos de qualquer natureza Como vimos, o fato gerador do Imposto de Renda é abrangente, recaindo sobre qualquer acréscimo patrimonial de rendimentos ou proventos de qualquer natureza (frutos da árvore). Entretanto, o artigo 43 do CTN ressalva: poderá haver a tributação desde que a renda ou os proventos de qualquer natureza estejam disponíveis (juridicamente ou economicamente). 2.1.3 Disponibilidade econômica ou jurídica da renda O fato gerador do imposto de renda é “a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica” da renda ou de proventos de qualquer natureza. ‘ Portanto, pata que seja tributável, não basta a existência de uma riqueza nova, é necessária sua disponibilidade ao contribuinte para que possa ser tributada. E isso não ocorre, necessariamente, com o ingresso financeiro da renda. O direito incontestável à renda considerada dá ensejo à cobrança do imposto sobre a renda e a renda estará disponível quando o contribuinte puder emprega-la para aquilo que quiser. Ex: o “recebimento” do depósito judicial em um processo em que o contribuinte não é fato gerador. Apenas ou final do processo, após transito em julgado ou recebimento da renda, quando o contribuinte tiver certeza que terá seu patrimônio majorado, é que o tributo é devido. Outro exemplo é valorização de ações. Não haverá tributação de valorização de ações pela pessoa física, comente haverá tributação de ganho na ALIENAÇÃO das ações, uma vez que a oscilação de valor não significa disponibilidade de renda para a pessoa física. A disponibilidade da renda, econômica ou juridicamente, configura-se como um dos elementos temporais observados para que haja a incidência do imposto de renda. A regra que é aplicada às pessoas físicas é o critério da disponibilidade econômica de renda (regime de caixa), enquanto que, para as pessoas jurídicas, aplica-se o critério da disponibilidade jurídica. 2.2 Regime básico de tributação da renda da Pessoa Física 2.2.1 Formas de recolhimento do imposto 2.2.1.1 Retenção na fonte O Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) incide sobre rendimentos auferidos por pessoas físicas ou jurídicas: • Residentes no Brasil; • Domiciliadas no exterior. A responsabilidade pelo pagamento do IRRF é da fonte pagadora dos rendimentos e o imposto é devido no momento do pagamento ou crédito dos rendimentos (daquele que ocorrer primeiro) ao seu beneficiário. Para as pessoas físicas residentes fiscais no País, o IRRF é uma antecipação do IRPF devido, que pode ser definitivo ou ajustado na Declaração de Ajuste Anual. MÓDULO VI | CFP | EA BANKING SHOOL 22 Ex.: é antecipação o IRRF incidente sobre salários, e rendimentos de aluguel recebidos de pessoas jurídicas. É definitivo o IRRF sobre rendimentos de aplicações financeiras de renda fixa e renda variável. Na antecipação, o IRRF é calculado com a aplicação da tabela progressiva mensal, publicada pela Receita Federal, sobre os rendimentos mensalmente atribuídos à pessoa física pela pessoa jurídica contratante. Exemplo: Recebimento de salário de R$10.000,00 R$10.000,00 x 27,5%= 2.750 R$2.750 – R$869,36 = R$1.880,64 Pessoas jurídicas domiciliadas no Brasil O IRRF é SEMPRE uma antecipação do IRPJ devido pela pessoa jurídica. Todos os rendimentos auferidos pela pessoa jurídica, sujeitos ao IRRF, serão incluídos na apuração da base de cálculo do IRPJ (Lucro Real ou Presumido). O IRRF, nestes casos, será utilizado como crédito tributário, e será utilizado pela pessoa jurídica para compensação do IRPJ devido e, na falta deste, outros tributos federais administrados pela Receita Federal (CSLL, por exemplo). MÓDULO VI | CFP | EA BANKING SHOOL 23 Pessoas físicas ou jurídicas domiciliadas no exterior Os rendimentos auferidos por pessoas físicas ou jurídicas não residentes ou domiciliadas no País, se sujeitam à incidência do IRRF. A alíquota do IRRF pode variar, ou mesmo haver isenção, dependendo da natureza do rendimento atribuído ao não residente fiscal. Entretanto, o domicilio do beneficiário também pode afetar a alíquota do IRRF: • Se o beneficiário não residente tiver domicilio em jurisdição considerada Paraíso Fiscal pela RFB (25%); • Se o beneficiário não residente tiver domicílio em país com o qual o Brasil tenha formalizado tratado internacional tributário (compensação). 2.2.1.2 Auto recolhimento (recolhimento mensal obrigatório carnê-leão) O auto recolhimento, ou recolhimento mensal obrigatório é um recolhimento mensal que deve ser realizado pela pessoa física residente no Brasil, quando receber rendimentos de outra pessoa física sem vínculo empregatício, ou rendimentos do exterior, com ou sem vínculo empregatício. Nesses termos, a pessoa física está sujeita ao “carnê leão”, que se trata do recolhimento realizado pelo próprio contribuinte que auferiu ganhos ou acréscimos patrimoniais não justificáveis por outros rendimentos. Se o contratante é pessoa física, não há retenção na fonte e, logo, a responsabilidade de recolher o imposto de renda recai sobre o próprio beneficiário, que deve recolher o carnê-leão nos meses em que obteve rendimentos, utilizando a tabela progressiva mensal. Exemplos de rendimentos sujeitos ao recolhimento mensal (carnê-leão): • Rendimentos de locação ou sublocação de bens móveis ou imóveis; • Trabalho sem vínculo empregatício (não assalariado); • Pensão alimentícia; ou • Qualquer acréscimo ao patrimônio não justificado. Livro Caixa: O profissional autônomo é pode deduzir, na apuração do carnê-leão e na declaração de ajuste anual, despesas escrituradas no chamado Livro Caixa, consideradas necessárias para o desenvolvimento de suas atividades (ex.: despesas de aluguel, material de escritório,etc). Assim sendo, após a apuração da receita auferida pelo autônomo deduzida das despesas necessárias taxadas na legislação do imposto de renda, haverá o recolhimento do carnê leão mensal. MÓDULO VI | CFP | EA BANKING SHOOL 24 2.2.2 Rendimentos tributáveis recebidos de pessoa jurídica 2.2.2.1 Rendimentos do trabalho assalariado O salário, remuneração paga pelo empregador ao empregado, está sujeita à incidência do IRPF, calculado de acordo com a tabela progressiva mensal. Na entrega da Declaração de Ajuste Anual do ano seguinte, o empregado é obrigado a declarar (i) o total do salário recebido no ano anterior, outros rendimentos tributáveis que tiver auferido, assim como (ii) o total de imposto de renda retido na fonte pelo empregador e outras fontes. Com a informação do total de rendimentos tributáveis e do total de imposto retido na fonte, o programa gerador da Declaração de Ajuste Anual, aplicando a tabela progressiva anual12, também publicada pela Receita Federal, apurará eventual saldo a pagar ou a restituir em favor do contribuinte. Além do Imposto de Renda, o pagamento de salário também é fato gerador das contribuições previdenciárias do empregado e do empregador. 12 Se trata da tabela progressiva mensal multiplicada pelos 12 meses do ano. MÓDULO VI | CFP | EA BANKING SHOOL 25 A contribuição do empregado incidirá sobre seu ‘salário de contribuição’, que é a soma total dos rendimentos pagos, devidos ou creditados pelo empregador, destinados a retribuição de seu trabalho como, por exemplo, salário, gorjeta, ganhos habituais, etc. Até fevereiro de 2020, a contribuição do empregado era calculada por meio da aplicação de uma tabela cuja alíquota era aplicada de acordo com o salário de contribuição e limitada ao teto máximo de R$ 6.101,07, cujo pagamento máximo era R$671,12: Houve uma alteração e, a partir de 1 de março de 2020 e atualmente, a contribuição dos segurados empregados está sujeita a uma tabela progressiva, cujo pagamento máximo é de R$ 713,09: Já a contribuição do empregador utiliza a alíquota de 20% sobre o montante pago ao empregado e não possui teto para pagamento. Participação nos Lucros e Resultados (PLR) O empregado também pode receber PLR13, que se trata de uma verba calculada sobre os lucros e resultados da empresa, cuja natureza não é salarial. Tal pagamento busca incentivar a produtividade do empregado e usualmente é paga quando metas14 estipuladas pela empresa são atingidas. Diferentemente do salário, a PLR não constitui base de cálculo para contribuições previdenciárias. Acerca do tratamento tributário para a pessoa jurídica que paga o PLR, está poderá deduzir os valores pagos como despesa operacional para fins de cálculo do IRPJ. Já para os empregados, a PLR tem tributação exclusiva/definitiva. Isso quer dizer que haverá retenção na fonte realizada pelo empregador responsável pelo pagamento da PLR, utilizando uma tabela progressiva anual específica de PLR, sem haver ajuste da Declaração de Ajuste Anual. 13 Lei 10.101/2000 e Lei nº 12.832/2013. 14 O sindicato deverá homologar o acordo e as metas estipuladas entre as empresas e o representante dos funcionários caso não exista convenção coletiva. MÓDULO VI | CFP | EA BANKING SHOOL 26 O empregador aplicará a alíquota conforme tabela abaixo, deduzindo a parcela referente a coluna ‘parcela a deduzir do IRPF’: 2.2.2.2 Rendimentos do trabalho sem vínculo empregatício A pessoa física que presta serviços sem vínculo empregatício é o chamado AUTÔNOMO. A existência de vínculo empregatício não é uma opção das partes. Ela é determinada por características entre a relação de emprego, descritos pela lei trabalhistas, como por exemplo a habitualidade e subordinação. Assim, quando ausentes os traços que caracterizem a relação de emprego, tem-se a contratação de profissional autônomo para a prestação de determinado serviço. O prestador pessoa física contratado por tomador pessoa física estará obrigado a recolher o seu INSS, imposto de renda próprio do mês, de acordo com a tabela progressiva mensal, descontadas as deduções do Livro-Caixa, mais o Imposto Sobre Serviços15 (ISS) municipal, de acordo com a legislação de cada Município. Se o tomador que contratou o serviço é uma pessoa jurídica e o contratado uma pessoa física, a empresa contratante deverá reter e recolher o imposto de renda devido (de acordo com a tabela progressiva mensal, na modalidade antecipação) e a pessoa física realizará o ajuste na Declaração de Ajuste Anual. 2.2.2.3 Tributação da Pessoa Física (autônomo) x Pessoa Jurídica (prestadora de serviço) A contratação de prestação de serviços de pessoa jurídica tem tratamento tributário próprio, havendo a incidência, sobre tais operações, os tributos corporativos (PIS, a COFINS, o Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e o ISS). Quando a contratante também é pessoa jurídica, esta deverá realizar retenções na fonte. Todos esses tributos, uma vez retidos na fonte, são passíveis de aproveitamento pela prestadora de serviços para a compensação dos tributos por ela devidos, apurados sobre suas receitas (PIS e COFINS), seu lucro (IRPJ e CSLL) e sua folha de pagamento (contribuição previdenciária). 15 O ISS é tributo municipal, portanto suas alíquotas podem varias de 2% a 5%, a depender da atividade desenvolvida e do Município. O município de São Paulo aplica a Lei Complementar 116/2003. MÓDULO VI | CFP | EA BANKING SHOOL 27 Retenções na fonte: • IRRF: (i) 1,5% para serviços de natureza profissional ou (ii) 1% para serviços de conservação, limpeza, segurança, vigilância e por locação de mão de obra. • PIS/COFINS e CSLL: alíquota conjunta de 4,65%, nos mesmos serviços tributados pelo IRRF, desde que a remuneração total do prestados seja superior a R$5.000,00 ao mês. • Contribuição previdenciária: 11% para prestação de serviços que envolva cessão de mão de obra ou serviços de limpeza, conservação, vigilância, construção civil, segurança, digitação, processamento de dados e serviços de natureza rural. 2.2.2.4 Aluguéis e royalties Se tratam de rendimentos tributados na fonte os valores mensais pagos por pessoa jurídica a pessoa física a título de aluguéis e royalties, e deverão ser ajustados na antecipação da Declaração de Ajuste Anual. Se pagos por pessoa física a pessoa física, estarão sujeitos ao carnê-leão mensalmente. Na mesma natureza de rendimento se inclui a sublocação, o aforamento, o arrendamento, o direito de uso ou passagem de terrenos, os direitos autorais, o pagamento por exploração de películas cinematográficas, os juros pelo atraso no pagamento dos royalties, e as demais espécies de rendimentos percebidos em virtude da ocupação, uso, fruição ou exploração de bens e direitos pagos. 2.2.2.5 Resgates de planos de previdência A depender do plano de previdência, serão tributados mediante utilização da tabela progressiva ou regressiva os resgates de contribuições de entidade de previdência privada, em virtude de desligamento do plano ou do fundo, pagos a pessoa física residente no Brasil. Não se configura como fato gerador do imposto de renda a transferência direta de reserva (portabilidade) entre entidades de previdência privada, desde que não haja mudança de titularidade e que os recursos correspondentes não sejam disponibilizados para o participante ou para o beneficiário do plano. Alíquota aplicável: • Regime geral: no momento do resgate, há retenção de 15% a título de IRRF (antecipação), que deverá ser ajustado na Declaração de Imposto de renda (alíquota progressiva de até 27,5%), aproveitando o os valores retidos na fonte. • Regime regressivo: alíquotas de 35% a 10%, a depender do tempo entre aplicação e resgate. É tributação definitiva/exclusiva. Base de Cálculo: • VGBL: base de cálculo do IR serão os rendimentos. • PGBL: base de cálculo será o valor total, considerando os aportes, uma vez que se trata de despesa dedutível para fins de apuraçãodo IR. MÓDULO VI | CFP | EA BANKING SHOOL 28 2.2.3 Rendimentos recebidos de pessoa física Os rendimentos tributáveis recebidos de outras pessoas físicas sofrem incidência do imposto de renda (carnê leão), que deverá ser recolhido pelo beneficiário mensalmente e calculado de acordo com a tabela progressiva. Abaixo segue resumo dos principais rendimentos tributáveis sujeitos a carnê leão e a retenção na fonte (quando pagos por pessoa jurídica): 2.3 Rendimentos isentos ou não tributáveis 2.3.1 Indenizações por rescisão do contrato de trabalho Recebe tratamento diverso os ganhos meramente indenizatórios decorrentes de uma rescisão de contrato de trabalho. Na hipótese da realização de acordo entre empregado e empregador no âmbito da judicial, deverão ser discriminadas as naturezas de cada verba a ser recebida, para que seja possível identificar os fatos geradores ou não de diferentes tributos. São isentos do imposto de renda os seguintes rendimentos recebidos pela pessoa física: (i) a indenização e o aviso prévio pagos por despedida ou rescisão de contrato de trabalho, até o limite garantido por lei; (ii) o montante recebido pelos empregados e diretores, ou respectivos beneficiários, referente aos depósitos, juros e correção monetária creditados em contas vinculadas, nos termos da legislação do FGTS; (iii) indenizações por acidente de trabalho; (iv) ajuda de custo destinada a despesa com transporte, frete e locomoção do empregado e seus familiares, em razão a remoção de um município para outro; (v) vale cultura; (vi) diárias destinadas a pagamento de despesas (alimentação e pouso) por serviço realizado em município distinto do da sede de trabalho; e (vii) alimentação, transporte e uniforme de trabalho, fornecidos gratuitamente pelo empregador. MÓDULO VI | CFP | EA BANKING SHOOL 29 2.3.2 Lucro de alienação de bens ou direitos de pequeno valor A Lei 9.250/1195 expõe: Art. 22. Fica isento do imposto de renda o ganho de capital auferido na alienação de bens e direitos de pequeno valor, cujo preço unitário de alienação, no mês em que esta se realizar, seja igual ou inferior a: I – R$ 20.000,00 (vinte mil reais), no caso de alienação de ações negociadas no mercado de balcão; II – R$ 35.000,00 (trinta e cinco mil reais), nos demais casos. Parágrafo único. No caso de alienação de diversos bens ou direitos da mesma natureza, será considerado, para os efeitos deste artigo, o valor do conjunto dos bens alienados no mês. Portanto, o ganho de capital auferido na alienação de bens e direitos de pequeno valor, cujo preço unitário de alienação, no mês em ocorrer, seja igual ou inferior a R$35.000,00, será considerado isento para fins de importo de renda. Para fins de aplicação da isenção, é necessário que se considere o valor do bem ou do conjunto dos bens ou direitos da mesma natureza alienados em um mesmo mês. Como a própria legislação expõe, em caso de alienação de ações negociadas no mercado de balcão, a isenção será aplicável apenas para valores de alienação de até R$20.000,00 e o valor da isenção é o valor de alienação, e não o ganho de capital. 2.3.3 Lucro de alienação de imóvel único O ganho de capital auferido na alienação do único imóvel que o contribuinte possua, cujo valor de alienação seja de até R$ 440.000,00, será isento de imposto de renda desde que o contribuinte não tenha realizado qualquer outra alienação de imóvel nos últimos cinco anos, tributada ou não. 2.3.4 Lucro de alienação de imóvel para compra de outro imóvel em 180 dias Também é isento do imposto de renda o ganho auferido por pessoa física residente no Brasil na venda de imóveis residenciais, desde que o alienante, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias contado da celebração do contrato, aplique o produto da venda na aquisição de imóveis residenciais localizados no País, benefício que somente poderá ser usufruído pelo contribuinte uma vez a cada cinco anos. 2.3.5 Lucros e dividendos Desde 1996, os lucros e dividendos calculados com base nos resultados, pagos ou creditados pelas pessoas jurídicas residentes ou domiciliados no país, não estão sujeitos à incidência do imposto na fonte, nem integram a base de cálculo do imposto do beneficiário, pessoa física ou jurídica, domiciliado no País ou no exterior. Assim, todos os valores recebidos pelo sócio ou acionista a título de distribuição de lucros e dividendos devem ser considerados como rendimentos isentos. É importante destacar que àquele beneficiário que auferir rendimentos isentos acima de R$40.000,00 por ano-calendário está obrigado a entregar a Declaração Anual de Ajuste do Imposto de Renda. MÓDULO VI | CFP | EA BANKING SHOOL 30 Em contrapartida, os lucros e dividendos recebidos de fonte situada no exterior serão considerados rendimentos tributáveis pelo imposto de renda, por meio da tabela progressiva (carnê-leão), cujas alíquotas podem varias de 0 a 27,5%. 2.3.6 Aposentadoria, reserva remunerada, reforma, pensão ou pecúlio 2.3.6.1 Acima de 65 anos A pensão e os proventos da inatividade pagos pela Previdência Social ou por entidade de previdência privada, a partir do mês em que o pensionista ou inativo completar 65 anos, até o valor de R$1.903,98, por mês, sem prejuízo da parcela isenta prevista na tabela de incidência mensal do imposto, serão isentos. Caso exista valor excedente ao limite de R$ 1.903,98 mensal, este será sujeito à incidência do IRRF e ao ajuste na Declaração de Ajuste Anual. Os demais rendimentos recebidos pela pessoa física que tenha mais de 65 anos estão sujeitos à tributação pelo imposto de renda de forma similar aos demais contribuintes. 2.3.6.2 Decorrente de morte ou invalidez permanente Os seguros (pecúlio) recebidos de entidade de previdência privada decorrente de morte ou invalidez permanente do participante são isentos de imposto de renda, pois possuem natureza de verba indenizatória. De forma distinta, não é isenta a parcela única paga em razão de morte ou invalidez permanente do participante, que correspondente à devolução das contribuições efetuadas ao plano, acrescida ou não de rendimentos financeiros, pois não caracteriza pagamento de seguro. Esta parcela, também chamada de “reversão”, será tributada na fonte, como antecipação, e será ajustada na Declaração de Ajuste Anual da pessoa física, ou será tributada de forma exclusiva, nos casos em que houve opção por aquele regime de tributação. 2.3.6.3 Doença grave ou acidente de trabalho São isentos de imposto de renda os rendimentos auferidos portadores de doenças graves desde que: • Os rendimentos sejam relativos à aposentadoria, pensão ou reforma, incluindo complementação de entidade privada e pensão alimentícia ou aposentadoria por acidente de trabalho; e • Seja portador de uma doença grave (ex.: tuberculose ativa, AIDS, doença de Parkinson, esclerose múltipla, etc.) Não gozam de isenção: • Os rendimentos se o contribuinte for portador de uma moléstia, mas ainda não se aposentou; e • Os rendimentos decorrentes de atividade empregatícia ou de atividade autônoma, recebidos concomitantemente com os de aposentadoria, reforma ou pensão. • Demais rendimentos (ex: aluguéis, royalties, arrendamento) MÓDULO VI | CFP | EA BANKING SHOOL 31 2.3.7 Rendimentos e ganho de capital de aplicações financeiras Os rendimentos de aplicações financeiras estão sujeitos à tributação exclusiva/definitiva, sendo suas alíquotas aplicáveis conforme sua natureza (renda fixa ou renda variável). Já o ganho de capital de ações está sujeito a alíquota de 15%. 2.3.8 Transferências patrimoniais (doação, herança, legado, meação, separação) Os bens recebidos a título de doação, herança, legado, meação e separação são isentos da tributação do imposto de renda, desde que a transferência patrimonial seja realizada utilizando o valor de custo do bem (valor constante na Declaração de Imposto de Renda do doador ou de cujus). O valor constante na declaração de bens e direitos de ambas partes (doador e donatário, porexemplo) deverá ser manter sempre o custo de aquisição, que em regra não pode ser atualizado. Apenas é possível incorporar ao bem despesas com construção, reforma ou ampliação, desde que comprovadas por documentação hábil e idônea, como por exemplo, notas fiscais e recibos, que deverão ser mantidos em guarda durante pelo menos 5 anos após alienação do imóvel. Caso a doação, herança ou meação seja feita utilizando o valor de mercado, superior ao custo de aquisição, haverá incidência de imposto de renda sobre o eventual ganho de capital (alíquotas progressivas de 15% a 22,5%). 2.3.8.1 Situações em que doações ou herança geram ganho de capital Para fins de apuração de imposto de renda, existe a opção do bem ser transmitido a valor de mercado e tal opção pode ser exercida pelo doador ou inventariante. Por exemplo: a mãe doa a um filho um imóvel de R$100.000,00 de custo pelo seu valor de mercado de R$500.000,00. Para fins de ITCMD, deverá haver o recolhimento sobre R$500.000,00. Já para fins de imposto de renda, o filho receberá em sua declaração R$500.000,00 como rendimentos isentos e a mãe deverá recolher o ganho de capital (15% a 22,5%) sobre a diferença entre o custo de aquisição e o valor de mercado, o que totalizaria, neste caso, 15% sobre R$400.000,00. Em hipótese de transação com valor maior do que o custo de aquisição, imposto de renda será recolhido: • Doação ou adiantamento da legitima: pelo doador, no dia em que a doação até o último dia do mês subsequente ao da doação; • Transmissão “causa mortis”: pelo inventariante, até a entrega da declaração final de espólio; e • Separação (dissolução da sociedade conjugal ou unidade familiar): pelo ex-cônjuge titular do bem ou direito transmitido, até o último dia útil do mês subsequente ao da sentença homologatória da partilha. MÓDULO VI | CFP | EA BANKING SHOOL 32 2.4 Rendimentos sujeitos à tributação exclusiva de fonte ou definitiva Alguns rendimentos estão sujeitos à tributação de modo exclusivo, ou seja, o imposto de renda retido na fonte na modalidade exclusiva, sem a necessidade de ajuste na Declaração de Ajuste Anual. Nesses casos, após a retenção pela fonte pagadora, o rendimento não será submetido a um novo cálculo (ajuste) na entrega de Declaração de Ajuste anual, o que não implicará nenhum efeito tanto sobre a complementação anual obrigatória ou sobre o valor a ser restituído. Os lançamentos desses rendimentos ocorrem na Declaração de Ajuste Anual apenas a título de informação. A tributação exclusiva na fonte do imposto de renda pode ser proporcional, como no caso de rendimentos de aplicações financeiras (renda fixa ou variável), ou progressiva, como no caso do 13º salário. Os não residentes que percebem rendimentos de fonte brasileira também estão sujeitos à tributação exclusiva, uma vez que não entregam de Declaração de Ajuste Anual, e a fonte pagadora do rendimento realiza tal retenção por meio de alíquotas que podem variar de 15% a 25%. Estão isentos do imposto de renda exclusivo na fonte: • Rendimentos de cadernetas de poupança e juros de letras hipotecárias; • Juros produzidos por Bônus do Tesouro Nacional e Notas do Tesouro Nacional; • Rendimentos produzidos por Títulos da Dívida Agrária; e • Rendimentos do Fundo Nacional de Desenvolvimento. 2.4.1 Décimo terceiro salário e PLR (participação nos lucros e resultados) O 13º salário é tributado na modalidade exclusiva, portanto deverá ele ser tributado de maneira exclusiva na fonte e separada dos demais rendimentos que o contribuinte venha a receber no mês. Ex.: no mês de dezembro, a empresa (fonte pagadora), deverá realizar dois cálculos separados: • relativo ao pagamento do mês (salário), calculando o imposto devido por antecipação; • Segundo, para o 13º salário, apurando o imposto devido na modalidade exclusiva na fonte. Observação: tanto o cálculo como também as deduções destas duas modalidades de rendimento serão as mesmas, entretanto o rendimento relativo ao salário será tributado na modalidade antecipação, enquanto que o relativo ao 13º salário na modalidade exclusiva. Para os empregados, a PLR tem tributação exclusiva/definitiva. Isso quer dizer que haverá retenção na fonte realizada pelo empregador responsável pelo pagamento da PLR, utilizando uma tabela progressiva anual específica de PLR, sem haver ajuste da Declaração de Ajuste Anual. 2.4.2. Rendimentos de aplicações financeiras Os rendimentos de aplicações financeiras estão sujeitos à tributação exclusiva, em conformidade com a natureza exposta nos informes de rendimentos emitidos pela instituição financeira, aplicando-se alíquotas diversas conforme a natureza de cada aplicação. MÓDULO VI | CFP | EA BANKING SHOOL 33 2.4.3 Juro sobre capital próprio creditado a acionistas Diferentemente dos dividendos, que são os pagamentos dos lucros da sociedade, o JCP é pago ao sócio a título de remuneração do capital investido na sociedade. Os juros sobre capital próprio (JCP) quando distribuídos a uma pessoa física (ou pessoa jurídica não tributada pelo lucro real), serão tributados pelo imposto de renda retido na fonte de modo definitivo (tributação exclusiva) a alíquota de 15%, devido na data do pagamento ou crédito ao beneficiário e, ao mesmo tempo, serão reconhecidos como uma despesa dedutível para a sociedade. Não estão sujeitos ao ajuste na Declaração de Ajuste Anual e não representam fato gerador da contribuição previdenciária. A dedutibilidade do JCP para a sociedade que os pagou é limitada a maior das referências: (i) 50% dos lucros acumulados ou (ii) 50% do lucro líquido do exercício antes da dedução dos JCP. Ademais, para efeito da apuração do lucro real, serão dedutíveis os JCP distribuídos até o limite da TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo) aplicada sobre o patrimônio líquido da sociedade. 2.4.4 Prêmios obtidos em loterias, sorteios, títulos de capitalização Prêmios pagos em dinheiro pago por loterias, concursos desportivos em geral, bingos e títulos de capitalização, estão sujeitos ao imposto retido na fonte, na modalidade exclusiva, em regra a uma alíquota de 30%. Em contrapartida, os prêmios pagos em bens ou serviços em concursos e sorteios de qualquer natureza estarão sujeitos ao imposto de renda exclusivo na fonte a alíquota de 20%. A base de cálculo do tributo é o valor de mercado do prêmio na data da sua distribuição e, para fins de declaração de imposto de renda, este mesmo valor será considerado como o custo de aquisição do bem. Por fim, o responsável pela retenção na fonte será a pessoa jurídica que distribuir o prêmio. 2.4.5 Ganho de capital líquido em operações de renda variável Como regra geral, as alienações realizadas por pessoas físicas estão sujeitas ao imposto de renda definitivo à alíquota de 15% sobre o ganho de capital apurado (custo de alienação – custo de aquisição e despesas dedutíveis). Há isenção para alienações até R$20.000,00 ao mês e os prejuízos poderão ser compensados com ativos da mesma natureza. Já as operações “day trade” estão sujeitas a alíquota de 20% e não poderão ser compensadas. Por fim, as alienações de criptomoedas realizadas por pessoas físicas estão sujeitas ao ganho de capital sobre as alíquotas progressivas de 15% a 22,5%. Tal ativo se enquadra na isenção para alienações de bens de pequeno valor (até R$35.000,00 ao mês). Eventuais prejuízos não poderão ser compensados. 2.4.6 Ganho de capital na alienação de bens e direitos As alienações realizadas por pessoas físicas estão sujeitas ao imposto de renda definitivo à alíquota de 15% à 22,5% sobre o ganho de capital apurado (custo de alienação – custo de aquisição e despesas dedutíveis). MÓDULO VI | CFP | EA BANKING SHOOL 34 Ex.: Alienação à vista de imóvel: Custo: R$50.000 Alienação: R$1MM Ganho de capital: R$950.000 IR= R$950.000 x 15% = R$142.500 2.4.7 Alienações a prazo Conforme item acima, as alienações estão sujeitas ao imposto de renda definitivo à alíquota de 15% à 22,5% sobre o ganho de capitalapurado (custo de alienação – custo de aquisição e despesas dedutíveis), sendo este tributado na proporção das parcelas recebidas em cada mês (regime de caixa). O que se calcula, considerando-se a eventual correção monetária, é a relação percentual entre o ganho de capital sobre o valor de alienação. O percentual calculado deverá ser aplicado sobre cada parcela recebida. Ex.: Alienação à prazo de imóvel Custo: R$50.000 Alienação: R$1MM em 10 parcelas Ganho de capital: R$950.000 Proporção: 95% Ganho de cada parcela: R$95.000,00 15% sobre parcela: R$14.250,00 Importante lembrar das isenções de bens de pequeno valor (R$35.000,00). 2.5 Declaração de ajuste anual do imposto de renda da pessoa física (DIRPF) A declaração de ajuste é a obrigação acessória que verifica somatória dos rendimentos auferidos pelo contribuinte durante o ano-base anterior (1º de janeiro a 31 de dezembro), comparando o com o imposto recolhido durante o ano, a título de antecipação, decorrendo desta apuração a necessidade de: • Complementação anual obrigatória: identificação da existência de quantia de imposto pago a menor durante o ano, em comparação com os rendimentos auferidos, que deverá ser complementada pelo contribuinte; ou • Restituição: identificação de imposto pago a maior durante o ano, em comparação com os rendimentos auferidos, que deverá ser restituída ao contribuinte. As antecipações realizadas pelo contribuinte são aquelas provenientes de retenções de imposto de renda realizadas por pessoas jurídicas ou de carnê leão recolhido pelo contribuinte mensalmente. MÓDULO VI | CFP | EA BANKING SHOOL 35 Assim, após esse ajuste de contas de rendimentos auferidos e tributos antecipados, pode ser verificado se haverá complementação de pagamento ou restituição de imposto. No momento de preenchimento da DIRPF, o contribuinte poderá optar por dois modelos de tributação: • Completo: modelo que permite a dedutibilidade das despesas dedutíveis taxadas em lei (similar ao Lucro Real para a Pessoa Jurídica); ou • Simplificado: modelo que aplica um percentual de presunção, com um teto fixo (similar ao Lucro Presumido para a Pessoa Jurídica). Quem está obrigada a apresentar Declaração de Imposto de Renda? Estão obrigadas a apresentar a Declaração a pessoa física que, no ano calendário anterior: • Recebeu rendimentos tributáveis, sujeitos ao ajuste na declaração, cuja soma foi superior a R$ 28.559,70; • Recebeu rendimentos isentos, não tributáveis ou tributados exclusivamente na fonte, cuja soma foi superior a R$ 40.000,00; • Obteve, em qualquer mês, ganho de capital na alienação de bens ou direitos, sujeito à incidência do imposto, ou realizou operações em bolsas de valores, de mercadorias, de futuros e assemelhadas; Relativamente à atividade rural: • Obteve receita bruta em valor superior a R$ 142.798,50; • Pretenda compensar, no ano-calendário ou posteriores, prejuízos de anos-calendário anteriores ou do próprio ano-calendário; • Teve, em 31 de dezembro, a posse ou a propriedade de bens ou direitos, inclusive terra nua, de valor total superior a R$ 300.000,00; • Passou à condição de residente no Brasil em qualquer mês e nesta condição se encontrava em 31 de dezembro; ou • Optou pela isenção do imposto sobre a renda incidente sobre o ganho de capital auferido na venda de imóveis residenciais, cujo produto da venda seja destinado à aplicação na aquisição de imóveis residenciais localizados no País, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias contados da celebração do contrato de venda. 2.5.1 Declaração simplificada; desconto padrão Caso o contribuinte opte pelo modelo simplificado, poderá obter um desconto padrão, onde a dedução das despesas é presumida e corresponde a 20% dos rendimentos tributáveis, limitado a um teto de R$16.754,34 (o menor dos dois) estabelecido pela RFB. Esta opção é vantajosa para quem não possui muitas despesas dedutíveis a serem descontadas na apuração do IRPF. MÓDULO VI | CFP | EA BANKING SHOOL 36 2.5.2 Declaração completa; despesas dedutíveis Esta compensação é vantajosa para àqueles contribuintes que possuem mais de R$16.754,34 em despesas dedutíveis, taxadas em lei. Caso o contribuinte opte pelo modelo completo, poderá subtrair da soma dos seus rendimentos tributáveis as seguintes deduções: • Despesas com previdência • Despesas com dependentes; • Despesas com instrução; • Despesas médicas; • Pensão alimentícia; • Livro-caixa; • Contribuição patronal ao INSS referente a empregado doméstico. Despesas com previdência: São consideradas despesas dedutíveis as contribuições para previdência da União, Estados e municípios, assim como àquelas realizadas a entidades de previdência privada. Também são dedutíveis as contribuições para o FAPI – Fundo de Aposentadoria Programada Individual. Na previdência privada – facultativa ou complementar – deverá ser somada ao FAPI para o cálculo do teto, que deverá ser limitado a 12% do total dos rendimentos brutos, desde que o contribuinte tenha contribuído para o INSS. Despesas com dependentes: O valor dedutível por dependente na DIRPF é de R$ 2.275,08. Podem ser dependentes, para efeito do imposto sobre a renda: • companheiro(a) com quem o contribuinte tenha filho ou viva há mais de 5 anos, ou cônjuge; • filho(a) ou enteado(a), até 21 anos de idade, ou, em qualquer idade, quando incapacitado física ou mentalmente para o trabalho; filho(a) ou enteado(a), se ainda estiverem cursando estabelecimento de ensino superior ou escola técnica de segundo grau, até 24 anos de idade; • irmão(ã), neto(a) ou bisneto(a), sem arrimo dos pais, de quem o contribuinte detenha a guarda judicial, até 21 anos, ou em qualquer idade, quando incapacitado física ou mentalmente para o trabalho; • irmão(ã), neto(a) ou bisneto(a), sem arrimo dos pais, com idade de 21 anos até 24 anos, se ainda estiver cursando estabelecimento de ensino superior ou escola técnica de segundo grau, desde que o contribuinte tenha detido sua guarda judicial até os 21 anos; • pais, avós e bisavós que, em 2018, tenham recebido rendimentos, tributáveis ou não, até R$ 22.847,76; MÓDULO VI | CFP | EA BANKING SHOOL 37 • menor pobre até 21 anos que o contribuinte crie e eduque e de quem detenha a guarda judicial; e • pessoa absolutamente incapaz, da qual o contribuinte seja tutor ou curador. Importante destacar que a inclusão na declaração de um dependente que receba rendimentos tributáveis sujeitos ao ajuste anual, de qualquer valor, obriga a que sejam incluídos tais rendimentos na Declaração de Ajuste Anual do declarante. Despesas com instrução: São dedutíveis tanto as despesas com instrução do contribuinte quanto de seus dependentes relacionados na declaração, efetuados a estabelecimentos de ensino, relativamente: • Educação infantil, compreendendo as creches e as pré-escolas; • Ensino fundamental; • Ensino médio; • Educação superior, compreendendo os cursos de graduação e de pós-graduação (mestrado, doutorado e especialização); • Educação profissional, compreendendo o ensino técnico e o tecnológico; • Instrução no exterior, em estabelecimentos de ensino regular, comprovadas por documentação hábil e idônea. Também são dedutíveis as despesas de alimentandos, em decorrência de cumprimento de decisão judicial, ou de acordo homologado judicialmente ou de escritura pública. O limite para a dedução é de R$ 3.561,50, tanto das despesas com instrução do contribuinte quanto de seus dependentes relacionados na declaração. Despesas Médicas: Tanto as despesas médicas do contribuinte quanto de seus dependentes podem ser deduzidas, sem limitação, desde que comprovadas por documentação hábil e idônea (notas fiscais, transferências bancárias, etc). As despesas com plano de saúde e seguro de saúde, desde que os beneficiários sejam o contribuinte ou seus dependentes, também poderão ser deduzidas. Já as parcelas ressarcidas pelo plano de saúde, a título de reembolso do
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