Buscar

Livro 4 - Atenção e Intervenção Clínica

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

PROCESSOS 
PSICOLÓGICOS 
BÁSICOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 > Mapear o histórico do diagnóstico do transtorno de déficit de atenção e 
hiperatividade.
 > Relacionar transtornos mentais e atenção.
 > Identificar tratamentos para transtorno de déficit de atenção e hiperati-
vidade.
Introdução
A atenção é uma das funções superiores do ser humano, sendo considerada um 
dos componentes mais importantes do desenvolvimento cognitivo. Tem um papel 
fundamental na vida dos indivíduos, pois reflete a sua capacidade de selecionar e 
extrair o estímulo mais importante em um dado momento. Assim, pode-se ressaltar 
que a atenção está relacionada à qualidade com que os indivíduos desempenham 
as tarefas no seu dia a dia. 
O transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é considerado um 
transtorno do neurodesenvolvimento, pois seus principais sintomas ocorrem 
ainda na infância. No TDAH, os sintomas são classificados em três categorias: 
desatenção, hiperatividade e impulsividade. Pode-se caracterizar o TDAH como 
um transtorno em que o indivíduo apresenta dificuldade no nível de atenção em 
relação ao que se espera para a sua idade. 
Neste capítulo, você vai estudar o contexto histórico que envolve o TDAH e seu 
diagnóstico ao longo dos anos, além da sua relação com os demais transtornos 
mentais e as possibilidades de tratamento. 
Atenção e 
intervenção clínica
Maria Mabel Nunes de Morais
Diagnóstico e contexto histórico do TDAH
Crianças com sinais parecidos com o que hoje chamamos de TDAH foram 
observadas desde meados de 1900. Alguns médicos, como Alexander Crichton 
e George Still, começaram a perceber comportamentos diferentes em algumas 
crianças e se preocuparam em estudar mais a fundo os aspectos que levavam 
aquelas crianças a agirem de tal forma. 
O médico escocês Alexander Crichton foi o primeiro a descrever sintomas 
semelhantes aos que hoje consideramos sintomas de TDAH, como a dificuldade 
que as crianças tinham em prestar atenção a qualquer objeto, assim como 
dificuldades em atender às demandas escolares. No entanto, os estudos 
de Crichton não apresentaram a observação de sintomas relacionados à 
hiperatividade. Em 1902, George Still, um pediatra inglês, começou a estudar 
crianças inquietas, impulsivas e desatentas. Após a epidemia de encefalite que 
ocorreu entre os anos de 1919 e 1920, muitos médicos pediatras perceberam 
o aumento no número de pacientes com sintomas hiperativos. A partir disso, 
com o aumento de estudos na área, começou-se a pensar que tais dificuldades 
apresentavam alguma conexão com lesões cerebrais, sendo enfatizada a 
importância do entendimento sobre os fatores neurológicos ligados a esses 
sintomas. Por isso, começaram a ser estudados os fármacos que poderiam 
ser úteis para controlar esses sintomas, como a benzedrina para reduzir a 
inquietude e melhorar a capacidade de concentração e motivação das crianças 
(VALENÇA; NARDI, 2015).
Já na década de 1970, alguns estudos acabaram apontando, além da difi-
culdade de atenção, problemas para controlar os impulsos, como principais 
sintomas para essa síndrome. O CID-9 nomeou a síndrome que tinha essas 
características como Síndrome Hipercinética da Infância e descreveu os 
seguintes sintomas: curto período de atenção, distraibilidade, hiperatividade 
e extrema impulsividade, alterações do humor e agressividade. Foi apenas 
em 1980 que surgiu o termo transtorno de déficit de atenção (TDA) no DSM-III 
(APA, 1980). 
De acordo com o DSM-III, o TDA era classificado em dois tipos: com hi-
peratividade e sem hiperatividade, mas todos com componente atencional 
presente (APA, 1980). Já em 1987, foi lançado o DSM-III revisado, e todos os 
sintomas do transtorno foram considerados igualmente importantes. Surgiu, 
além disso, o novo termo: transtorno de déficit de atenção/hiperatividade 
(TDAH). Nessa nova descrição, eliminou-se o subtipo “sem hiperatividade” e 
substitui-se pelo subtipo “indiferenciado” (APA, 1987). 
Atenção e intervenção clínica2
Os estudos sobre o transtorno foram avançando e suas definições também. 
Hoje, o TDAH é descrito no DSM-5, que apresenta uma lista de 18 sintomas: 
nove relacionados à desatenção, seis relacionados a hiperatividade, e três 
relacionados à impulsividade. Nessa nova versão, o termo “subtipo” foi re-
tirado, optando-se por usar o termo “apresentação”. Dessa forma, temos 
apresentação com predomínio da desatenção, apresentação com predomínio 
da hiperatividade/impulsividade e apresentação combinada (APA, 2014). 
Confira no Quadro 1 todos os critérios para o diagnóstico do TDAH de acordo 
com as recomendações do Manual diagnóstico e estatístico de transtornos 
mentais (DSM-5).
Quadro 1. Critérios para o diagnóstico do TDAH
Desatenção
Seis (ou mais) dos seguintes sintomas persistem por pelo menos seis meses 
em um grau que é inconsistente com o nível do desenvolvimento e têm impacto 
negativo diretamente nas atividades sociais e acadêmicas/profissionais:
frequentemente não presta atenção em detalhes ou comete erros por descuido 
em tarefas escolares, no trabalho ou durante outras atividades, como negligên-
cia, não atenção aos detalhes, trabalho impreciso;
frequentemente tem dificuldade de manter a atenção em tarefas ou atividades 
lúdicas, como dificuldade de manter o foco durante aulas, conversas ou leituras 
prolongadas;
frequentemente parece não escutar quando alguém lhe dirige a palavra direta-
mente, como parecer estar com a cabeça longe, mesmo na ausência de qualquer 
distração óbvia;
frequentemente não segue instruções até o fim e não consegue terminar 
trabalhos escolares, tarefas ou deveres no local de trabalho, como começar as 
tarefas, mas rapidamente perder o foco e facilmente perder o rumo;
frequentemente tem dificuldade para organizar tarefas e atividades, como 
dificuldade em gerenciar tarefas sequenciais, dificuldade em manter materiais 
e objetos pessoais em ordem, apresentar trabalho desorganizado e desleixado, 
mau gerenciamento do tempo, dificuldade em cumprir prazos;
frequentemente evita, não gosta ou reluta em se envolver em tarefas que exijam 
esforço mental prolongado, como trabalhos escolares ou lições de casa, pre-
paro de relatórios, preenchimento de formulários, revisão de trabalhos longos;
frequentemente perde coisas necessárias para tarefas ou atividades, como 
materiais escolares, lápis, livros, instrumentos, carteiras, chaves, documentos, 
óculos, celular;
(Continuação)
Atenção e intervenção clínica 3
Desatenção
com frequência é facilmente distraído por estímulos externos, como por pensa-
mentos não relacionados;
com frequência se esquece de atividades cotidianas, como realizar tarefas e 
obrigações, retornar ligações, pagar contas, manter horários agendados.
Hiperatividade e impulsividade
Seis (ou mais) dos seguintes sintomas persistem por pelo menos seis meses 
em um grau que é inconsistente com o nível do desenvolvimento e têm impacto 
negativo diretamente nas atividades sociais e acadêmicas/profissionais:
frequentemente remexe ou batuca as mãos ou os pés ou se contorce na cadeira;
frequentemente se levanta da cadeira em situações em que se espera que 
permaneça sentado, como sair do seu lugar em sala de aula, no escritório ou em 
outro local de trabalho ou em outras situações que exijam que se permaneça 
em um mesmo lugar;
frequentemente corre ou sobe nas coisas em situações em que isso é 
inapropriado;
com frequência é incapaz de brincar ou se envolver em atividades de lazer 
calmamente;
com frequência apresenta muito agitação, agindo como se estivesse “com o 
motor ligado”, como se sentir desconfortável em ficar parado por muito tempo, 
por exemplo, em restaurantes e reuniões (outros podem ver o indivíduo como 
inquieto ou difícil de acompanhar);
frequentemente fala demais;
frequentemente deixa escapar uma resposta antes que a pergunta tenha sido 
concluída, como terminar frases dos outros, não conseguir aguardar a vez de 
falar;
frequentemente tem dificuldade para esperar a sua vez, como aguardarem uma 
fila;
frequentemente interrompe ou se intromete, como meter-se nas conversas, 
jogos ou atividades, começar a usar as coisas de outras pessoas sem pedir ou 
receber permissão, intrometer-se ou assumir o controle no que outros estão 
fazendo.
Fonte: Adaptado de American Psychiatric Association (APA, 2014).
(Continua)
Atenção e intervenção clínica4
O contexto histórico científico do TDAH se faz importante para entender 
melhor como chegamos ao processo de diagnóstico que fazemos atualmente. 
É importante ressaltar que o diagnóstico do TDAH é essencialmente clínico, 
tendo apoio dos critérios de diagnóstico do DSM-5 que foram apresentados 
no Quadro 1. No entanto, alguns fatores podem estar influenciando o compor-
tamento das crianças e devem ser considerados como fatores de risco para 
TDAH, tais como: mudança no ambiente familiar, grande número de crianças 
em sala de aula e o avanço tecnológico. Esses fatores podem influenciar 
para o diagnóstico de TDAH de forma precipitada. Por isso, é necessária uma 
avaliação ampla e multiprofissional (MEDEIROS et al., 2012). Deve-se ampliar 
a discussão sobre o diagnóstico do TDAH para além dos critérios clínicos 
apresentados no DSM-5, considerando os contextos histórico, social, familiar 
e cultural em que a criança está se desenvolvendo. Só assim será possível 
compreendermos o transtorno em sua completude e alinhar a melhor forma 
de intervenção para a criança.
TDAH e outros transtornos mentais
Estima-se que o TDAH seja uma das principais fontes de encaminhamento das 
crianças em idade escolar para consultas com neuropediatras. Por muitas 
vezes, essa condição do neurodesenvolvimento é acompanhada de algum 
outro transtorno, seja de aprendizagem, seja psiquiátrico (ROTTA; OHLWEILER; 
RIESGO, 2016). 
O TDAH inicia na primeira infância e pode permanecer na idade adulta, 
ocorrendo em 10–60% dos casos (ROTTA; OHLWEILER; RIESGO, 2016). Há, além 
disso, maior probabilidade de estar atrelado a outros transtornos mentais. 
Sendo o TDAH o transtorno principal, os demais transtornos que apresentam 
manifestação comportamental junto aos sintomas do TDAH são considera-
dos comorbidades clínicas. As mais comuns são os seguintes: transtorno 
de aprendizagem, transtorno opositor desafiador, transtorno da conduta, 
transtorno de ansiedade, transtornos de humor e transtorno relacionado ao 
abuso de substâncias (COSMO; SENA; ARAÚJO, 2015). Por isso, é importante 
que sejam realizados diagnósticos precisos, em relação tanto ao TDAH quanto 
à comorbidade que o indivíduo possa apresentar, para que o planejamento 
do manejo terapêutico consiga alcançar todas suas esferas e dificuldades 
(ROTTA; OHLWEILER; RIESGO, 2016).
O Quadro 2 apresenta as principais comorbidades que podem ser encon-
tradas no TDAH.
Atenção e intervenção clínica 5
Quadro 2. TDAH: comorbidades
Comorbidade Prevalência
Transtorno de aprendizagem 19 a 26% dos casos
Transtorno opositor desafiador Em torno de 60% dos casos
Transtorno da conduta 30 a 50% dos casos 
Transtorno de ansiedade 25 a 40% dos casos
Transtorno do humor 50% dos casos
Abuso de substâncias 11,1% dos casos
Fonte: Adaptado de Cosmo, Sena e Araújo (2015).
De acordo com os estudos atuais sobre os transtornos, a apresentação 
clínica e sintomática de mais de um transtorno no indivíduo não tem ocor-
rência rara. Na verdade, a ocorrência de transtornos isolados, ou seja, sem 
comorbidades, é que não é tão comum. De fato, o transtorno de atenção mais 
prevalente em crianças em idade escolar é o TDAH. Por isso, é comum que 
essas crianças apresentem dificuldades de aprendizagem, já que o TDAH afeta 
o desenvolvimento de várias habilidades cognitivas, como atenção, memória, 
planejamento, autorregulação e controle inibitório. Sendo esse transtorno 
acompanhado de uma comorbidade, a dificuldade no desenvolvimento pode 
ser ainda maior (ROTTA; OHLWEILER; RIESGO, 2016).
Nas subseções seguintes, você vai acompanhar a relação do TDAH com 
diversos outros transtornos, entendendo como pode aparecer nas crianças 
em forma de comorbidades e compreender como ocorre um diagnóstico 
diferencial.
TDAH e transtorno opositor desafiante
O transtorno opositor desafiante (TOD) é caracterizado por apresentar padrões 
de oposição desafiantes na idade pré-escolar que se prolongam durante o 
ensino fundamental. As crianças desenvolvem relacionamentos difíceis com 
os professores, pais e outras figuras de autoridade. Além disso, o indivíduo 
pode apresentar humor instável, com irritabilidade fácil, podendo ter crises 
de raiva incontroláveis (COSMO; SENA; ARAÚJO, 2015; ROTTA; OHLWEILER; 
RIESGO, 2016). 
Atenção e intervenção clínica6
O TDAH pode ser confundido com o TOD, mas, no TDAH, o indivíduo 
evita a escola ou atividades laborais por apresentar dificuldades 
em manter sua atenção sustentada na realização de tarefas e não por não se 
adequar ou se ajustar às demandas das pessoas que o cercam, como ocorre no 
TOD (VALENÇA; NARDI, 2015).
TDAH e transtorno de ansiedade
A associação do transtorno de ansiedade com o TDAH ocorre de uma forma 
bem específica. As crianças com TDAH e ansiedade tendem a apresentar pior 
desempenho escolar, pior autoestima e menor capacidade de memória de 
trabalho quando comparadas às crianças sem a comorbidade da ansiedade 
(FERREIRA-GARCIA, 2015). Além disso, “[…] os sintomas de ansiedade parecem 
estar correlacionados com características clínicas menos impulsivas, mas não 
indicam menor interferência nas atividades cotidianas ou melhor prognóstico” 
(FERREIRA-GARCIA, 2015, p. 110).
Para que seja possível um tratamento adequado diante desse quadro 
combinado, é importante que, na avaliação, sejam realizadas perguntas 
que remetam a situações que deixem a criança assustada, preocupada ou 
ansiosa em diversos contextos. É importante realizar entrevistas com os pais 
e professores da criança (FERREIRA-GARCIA, 2015).
TDAH e transtornos de humor
Os transtornos de humor (THs) aparecem como comorbidades no TDAH em 
50% dos casos, sendo mais comum os seguintes: transtorno depressivo maior, 
transtorno bipolar, transtorno ciclotímico e transtorno distímico. Apesar 
de ter uma ocorrência frequente, essas comorbidades, muitas vezes, são 
subestimadas. Isso ocorre porque, na maioria dos casos, não é realizado o 
diagnóstico preciso, e o indivíduo acaba sendo diagnosticado apenas com 
TDAH ou com algum dos THs. Isso dificulta o tratamento adequado para o 
caso (COSMO; SENA; ARAÚJO, 2015).
Transtorno bipolar
O transtorno bipolar (TB) caracteriza-se por ser uma condição crônica em 
que ocorre um período de baixa do humor (depressão) e outro de elevação 
do humor (mania ou hipomania). Ocorre também a irritabilidade e o descon-
trole de impulsos diante de frustrações (APA, 2014). Entre TDAH e TB, temos 
Atenção e intervenção clínica 7
alguns sintomas em comum, como falar em excesso, agitação, labilidade 
afetiva, distração e impulsividade. No entanto, é possível diferenciá-los, 
pois o indivíduo com TB pode apresentar humor elevado, grandiosidade, 
pensamento acelerado, diminuição da necessidade do sono (quando na mania 
ou na hipomania) e irritabilidade (quando na fase da depressão) (APA, 2014; 
COSMO; SENA; ARAÚJO, 2015). 
Transtorno depressivo maior
O transtorno depressivo maior (TDM) é uma condição em que o indivíduo 
apresenta diminuição do interesse em fazer as coisas, humor deprimido, perda 
ou ganho de peso, insônia ou hipersonia, agitação ou retardo psicomotor, 
fadiga ou perda de energia e sentimentos de inutilidade ou culpa (APA, 2014). 
O TDM e o TDAH apresentam alguns sintomas em comum, como diminuição da 
atenção, da memória e concentração (APA, 2014; COSMO; SENA; ARAÚJO, 2015). 
Para efeitos do diagnóstico diferencial entre os THs e o TDAH deve-se 
considerar a capacidade atencional e o controle motor, observando 
a frequência, a duração, a persistência e a constância dos sintomas (COSMO; 
SENA; ARAÚJO, 2015). O diagnóstico correto é imprescindível para o tratamento 
adequado. 
Não há dúvidasde que as comorbidades psiquiátricas em doenças neu-
robiológicas são eventos comuns. Por isso, devem ser avaliadas com clareza, 
sendo complementares na avaliação da psiquiatria infantil à neuropediátrica. 
Tratamento para o TDAH
Na presente seção, serão apresentadas as principais formas de tratamento 
e intervenção para o TDAH. Para tanto, abordaremos o quadro clínico desse 
transtorno, sua principal apresentação neuropsicológica e, por fim, os métodos 
de tratamento considerados eficazes atualmente. 
O quadro do TDAH é caracterizado por alterações comportamentais sig-
nificativas. O indivíduo vai apresentar fragilidade no componente atencional 
e terá dificuldades para prestar atenção nos detalhes, tendo uma maior 
probabilidade de apresentar erros nas atividades escolares, bem como di-
ficuldades para acompanhar instruções longas e para permanecer atento 
até o final da tarefa (ROTTA; OHLWEILER; RIESGO, 2016). Em relação ao perfil 
Atenção e intervenção clínica8
neuropsicológico do indivíduo, uma discussão ampla vem sendo o foco de 
muitos estudiosos. Algumas dificuldades relacionadas às funções executivas 
têm sido documentadas, principalmente nos componentes de planejamento, 
organização, flexibilidade cognitiva e controle inibitório. Além disso, também 
é comum que o sujeito apresente dificuldades relacionadas à memória de 
trabalho (operacional) (MEDEIROS, et al., 2012; ROTTA; OHLWEILER; RIESGO, 
2016). Além das dificuldades cognitivas, o indivíduo pode apresentar com-
portamento hiperativo, sendo observada atividade motora intensa durante a 
maior parte do tempo. Apresenta comportamento de agitar as mãos ou pés, 
remexer-se na cadeira, não conseguir permanecer sentado e falar muito. Já os 
comportamentos gerados pela impulsividade podem aparecer na dificuldade 
de aguardar a sua vez, responder à pergunta antes do término ou intrometer-se 
na conversa do outro (APA, 2014; ROTTA; OHLWEILER; RIESGO, 2016).
Após realizar o diagnóstico de TDAH, é importante deixar claro para o 
paciente e familiares que esse é um problema crônico (ROTTA; OHLWEILER; 
RIESGO, 2016) e que o objetivo do tratamento não é curá-lo, mas melhorar sua 
qualidade de vida e ajudar a diminuir o sofrimento. Além disso, os tratamentos 
podem contribuir para reorganizar o seu comportamento e possibilitar um 
rendimento satisfatório no meio familiar, na escola e na sociedade (ROTTA; 
OHLWEILER; RIESGO, 2016). O diagnóstico e o tratamento devem ser realiza-
dos por uma equipe multidisciplinar. Cada tratamento deve ser planejado 
individualmente levando em consideração os sintomas predominantes, as 
comorbidades, o nível de desenvolvimento, sexo, idade, ambiente familiar 
e ambiente escolar. 
O tratamento farmacológico pode ser necessário. O que irá justificar o uso 
de medicamentos em crianças com TDAH é se há prejuízos no desempenho 
escolar e/ou dificuldades nos relacionamentos interpessoais. Vale ressaltar 
que o tratamento farmacológico se diferencia dependendo da presença ou 
não de comorbidades como as citadas anteriormente (BARBIRATO et al., 
2015; ROTTA; OHLWEILER; RIESGO, 2016). Quando há TDAH sem comorbidade, 
inicia-se o tratamento com psicoestimulantes com o objetivo de diminuir a 
impulsividade e a atividade motora, aumentar a vigilância, melhorar o de-
sempenho da memória e, consequentemente, os desempenhos acadêmico e 
social (ROTTA; OHLWEILER; RIESGO, 2016). A prescrição dos fármacos, quando 
houver necessidade, deve ser realizada pelos neuropediatras e/ou psiquiatras.
Confira no Quadro 3 os principais fármacos utilizados no tratamento do 
TDAH. 
Atenção e intervenção clínica 9
Quadro 3. TDAH: tratamento farmacológico
Fármacos Doses usadas em crianças
Mentilfenidato 0,25–2 mg/kg/dia
D-anfetamina 0,2–0,5 mg/kg/dia
Imipramina 1–2 mg/kg/dia
Pemoline 37,5 mg/kg/dia
Deanol 15–20 mg/kg/dia
Nortriptilina 1–3 mg/kg/dia
Amitriptilina 0,5–2 mg/kg/dia
Clorimipramina 1–3 mg/kg/dia
Fluoxetina 0,5–2 mg/kg/dia
Bupropiona 1–5 mg/kg/dia
Atomexetina 1,2–1,9 mg/kg/dia
Fonte: Adaptado de Rotta, Ohlweiler e Riesgo (2016).
 É imprescindível que o tratamento farmacológico seja associado ao trata-
mento psicoterápico. O psicólogo pode contribuir no processo de adesão ao 
tratamento medicamentoso, além de apresentar intervenções associadas aos 
demais transtornos psiquiátricos, como ansiedade, depressão e bipolaridade. 
Além disso, deve haver intervenção com outros profissionais, como neurop-
sicólogo, professores e psicopedagogos. O intuito do acompanhamento com 
a equipe é repensar as estratégias de aprendizagem diante das dificuldades 
apresentadas pela criança. Por isso, esse acompanhamento deve ser pensado 
de forma individualizada. 
Acompanhe o exemplo de caso a seguir para que você possa com-
preender como o TDAH aparece na prática clínica.
H., oito anos de idade, sexo masculino, atualmente cursa o 4º ano do ensino 
fundamental em uma escola pública. A criança foi trazida pela mãe para uma 
avaliação neuropsicológica com objetivo de identificar áreas de maior compro-
metimento, especificamente com relação às funções executivas. À época da 
avaliação, H. já tinha o diagnóstico de TDAH, dado por uma equipe multidisciplinar 
Atenção e intervenção clínica10
quando tinha sete anos de idade. As queixas principais relatadas pela mãe 
do paciente referem-se à desatenção e a constantes brigas na escola, além 
de comportamentos de enfrentamento dentro de casa. H. também apresenta 
dificuldades escolares (SEABRA; DIAS, 2012).
Nesse exemplo de caso, é possível perceber que, apesar de o TDAH ser 
um transtorno relacionado ao déficit na atenção, pode prejudicar também 
o desenvolvimento das funções executivas, principalmente planejamento, 
controle inibitório, flexibilidade cognitiva e memória de trabalho, como já foi 
mencionado neste capítulo. Por isso, é importante que se faça o mapeamento 
das funções cognitivas do indivíduo para termos um panorama para o processo 
de intervenção e tratamento.
Ao longo desse capítulo você pode amadurecer seu conhecimento sobre 
o TDAH. No decorrer do percurso histórico, foi possível entender como esse 
transtorno foi amadurecendo por meio de estudos científicos até chegar na 
nomenclatura e no quadro clínico que temos hoje, sendo parte fundamental 
para realizar o diagnóstico e o tratamento de forma adequada.
Considerando que o TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento 
e seu início se dá em idade escolar, é comum encontrarmos crian-
ças com TDAH que apresentam dificuldades nos processos de aprendizagem 
escolar. Os déficits na atenção de forma significativa podem comprometer o 
rendimento na escola. Por isso, é importante refletir sobre a importância de 
manter a criança na escola regular, com intuito de potencializar a educação 
inclusiva e a diversidade no estilo de aprendizagem de todos os alunos (ROTTA; 
OHLWEILER; RIESGO, 2016). 
 Referências 
APA. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-III. Porto Alegre: 
Artmed, 1980.
APA. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-III-R. Porto Alegre: 
Artmed, 1987.
APA. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5. ed. Porto 
Alegre: Artmed, 2014.
BARBIRATO, F. et al. Tratamento farmacológico com estimulantes no transtorno de déficit 
de atenção/hiperatividade. In: NARDI, A. E.; QUEVEDO, J.; SILVA, A. G. (org.). Transtorno de 
déficit de atenção/hiperatividade: teoria e clínica. Porto Alegre: Artmed, 2015. p. 171-176.
COSMO, C. S. A.; SENA, E. P.; ARAÚJO, A. N. Comorbidades no transtorno de déficit de 
atenção/hiperatividade: transtornos do humor. In: NARDI, A. E.; QUEVEDO, J.; SILVA, A. 
G. (org.). Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade: teoria e clínica. Porto Alegre: 
Artmed, 2015. cap. 5.
Atenção e intervenção clínica 11
FERREIRA-GARCIA, R. Comorbidades no transtorno de déficit de atenção/hiperatividade: 
transtornos de ansiedade, transtorno obsessivo-compulsivo e transtorno do estresse 
pós-traumático. In: NARDI, A. E.; QUEVEDO, J.; SILVA,A. G. (org.). Transtorno de déficit de 
atenção/hiperatividade: teoria e clínica. Porto Alegre: Artmed, 2015. cap. 11. 
MEDEIROS, N. A. et al. Transtorno do déficit de atenção/hiperatividade e funções 
executivas: estudos de casos. In: SEABRA, A. G.; DIAS, N. M. (org.). Avaliação neuropsi-
cológica cognitiva: atenção e funções executivas. São Paulo: Memnon, 2012. cap. 18.
ROTTA, N. T.; OHLWEILER, L.; RIESGO, R. S. (org.). Transtornos da aprendizagem: aborda-
gem neurobiológica e multidisciplinar. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.
SEABRA, A. G.; DIAS, N. M. (org.). Avaliação neuropsicológica cognitiva: atenção e funções 
executivas. São Paulo: Memnon, 2012.
VALENÇA, A. M.; NARDI, A. E. Histórico do diagnóstico do transtorno. In: NARDI, A. E.; 
QUEVEDO, J.; SILVA, A. G. (org.). Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade: teoria 
e clínica. Porto Alegre: Artmed, 2015. cap. 1.
Atenção e intervenção clínica12

Outros materiais