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EduFatecie E D I T O R A História Antiga Professor Esp. Cleber Henrique Sanitá Kojo Reitor Prof. Ms. Gilmar de Oliveira Diretor de Ensino Prof. Ms. Daniel de Lima Diretor Financeiro Prof. Eduardo Luiz Campano Santini Diretor Administrativo Prof. Ms. Renato Valença Correia Secretário Acadêmico Tiago Pereira da Silva Coord. de Ensino, Pesquisa e Extensão - CONPEX Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza Coordenação Adjunta de Ensino Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo Coordenação Adjunta de Pesquisa Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme Coordenação Adjunta de Extensão Prof. Esp. Heider Jeferson Gonçalves Coordenador NEAD - Núcleo de Educação à Distância Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal Web Designer Thiago Azenha Revisão Textual Beatriz Longen Rohling Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante Kauê Berto Projeto Gráfico, Design e Diagramação André Dudatt 2021 by Editora Edufatecie Copyright do Texto C 2021 Os autores Copyright C Edição 2021 Editora Edufatecie O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correçao e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permi- tidoo download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP K79h Kojo, Cleber Sanitá História antiga / Cleber Sanitá Kojo. Paranavaí: EduFatecie, 2020. 91 p.: il. Color. ISBN 978-65-87911-89-2 1. História antiga. 2. Civilização antiga. I. Centro Universitário UniFatecie. II. Núcleo de Educação a Distância. III Título. CDD: 23 ed. 930 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 UNIFATECIE Unidade 1 Rua Getúlio Vargas, 333 Centro, Paranavaí, PR (44) 3045-9898 UNIFATECIE Unidade 2 Rua Cândido Bertier Fortes, 2178, Centro, Paranavaí, PR (44) 3045-9898 UNIFATECIE Unidade 3 Rodovia BR - 376, KM 102, nº 1000 - Chácara Jaraguá , Paranavaí, PR (44) 3045-9898 www.unifatecie.edu.br/site As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir dos sites Shutterstock e Pixabay. AUTOR Professor Cleber Henrique Sanitá Kojo ● Licenciatura Plena em História pela UNESPAR – FAFIPA, Paranavaí. ● Licenciatura Plena em Sociologia pela UNAR - Centro Universitário de Araras “Dr. Edmundo Ulson”. ● Especialista em História e Geografia pela Faculdade Integrada do Vale do Ivaí. ● Especialista em Gestão Escolar, Supervisão e Orientação pela ESAP - Faculdades Integradas do Vale do Ivaí. ● Especialista em Educação de Jovens e Adultos pela ESAP – Faculdades Integradas do Vale do Ivaí. ● Docente da educação básica (Fundamental e Médio) da SEED, PR. ● Docente do ensino superior na UniFatecie. ● Coordenador Pedagógico da educação básica (Médio) do Colégio Fatecie Premium. ● Supervisor de tutoria e Tutor da EAD UniFatecie. Ampla experiência como docente da educação básica (Fundamental e Médio), Pro- fessor de cursinhos pré-vestibulares em história e filosofia e prática docente na educação a distância. Endereço para acessar este CV: http://lattes.cnpq.br/7716876167354361 APRESENTAÇÃO DO MATERIAL Seja muito bem-vindo(a)! Prezado(a) acadêmico(a), que bom que está iniciando seu estudo na História Antiga. Preste muita atenção, pois, se em você ocorreu um fascínio sobre assunto desta disciplina, é o início de uma grande viagem histórica que vamos realizar juntos. Proponho uma construção conjunta sobre a formação da história e a ideia de história antiga. Gostaria de desenvolver esse estudo junto com você, construindo nosso conheci- mento sobre os conceitos fundamentais que norteiam a história na antiguidade, começando pela evolução do homem e seu convívio inicial em sociedade, passando pelas primeiras so- ciedades antigas, as sociedades ribeirinhas, e entendendo toda sua importância na história. Na Unidade I começaremos a nossa jornada pela introdução histórica e os conceitos que norteiam esse período histórico. Assim, entenderemos também a formação da história antiga, que nós chamamos de Pré-História. Vale ressaltar que essa noção é necessária para que possamos trabalhar a segunda unidade, em que introduziremos as primeiras sociedades antigas, as chamadas sociedades ribeirinhas. Já na Unidade II vamos ampliar nossos conhecimentos sobre as sociedades anti- gas, fazendo uma viagem sobre a Mesopotâmia, passando pela importância dos rios Tigre e Eufrates, pela religião, economia, cultura e tudo que cerca seu legado, como a invenção da escrita cuneiforme e pelo primeiro código de leis escrito no mundo. Vale ressaltar ainda que nessa unidade conheceremos também o Egito antigo e todo o seu fascínio com o legado histórico, cultural, entre outros. As Unidades III e IV serão compostas pela Grécia e Roma antiga, com todos seus feitos históricos e políticos e, assim, entenderemos o porquê de o chamarmos de berço da nossa civilização. Ao fim dessa apostila espero que seu horizonte histórico seja modificado e am- pliado, entendo que muita coisa existente em nossa sociedade atual é herança do legado desses povos antigos. Aproveito também para reforçar o pedido a você, para percorrer essa jornada de construção do conhecimento observando, estudando e avaliando todos os assuntos abordados em nosso material. Esperamos contribuir para seu crescimento pessoal e profissional. Muito obrigado e bom estudo! SUMÁRIO UNIDADE I ...................................................................................................... 3 História Antiga UNIDADE II ................................................................................................... 24 O Estudo das Antigas Civilizações UNIDADE III .................................................................................................. 45 O Mundo Grego UNIDADE IV .................................................................................................. 66 Roma Antiga 3 Plano de Estudo: ● Introdução e Conceitos: História Antiga; ● A Pré-história. Objetivos da Aprendizagem: ● Conhecer a introdução e os conceitos que envolvem o estudo de história; ● Entender os calendários através dos tempos; ● Contextualizar todo o processo histórico que envolve a história antiga; ● Compreender as transformações ao longo da pré-história. UNIDADE I História Antiga Professor Esp. Cleber Henrique Sanitá Kojo 4UNIDADE I História Antiga INTRODUÇÃO Seja muito bem-vindo (a)! Prezado(a) educando(a), sinta-se abraçado(a) e cheio(a) de entusiasmo para iniciar a nossa disciplina de História Antiga. Agora preste muita atenção, pois acredito que estamos iniciando um caminho repleto de conhecimento que você precisa compreender para o desenrolar da unidade a seguir. A partir de agora, partimos para uma jornada no tempo em busca das nossas experiências históricas, viajando para as mais remotas civilizações da antiguidade. Para que isso ocorra, iremos iniciar nossa viagem através de uma leve introdução histórica e partiremos ao ponto de conhecer alguns conceitos que norteiam o estudo da história. Nesta unidade vamos fazer uma viagem no tempo em todos os sentidos, pois iremos conhecer o tempo e a história, passando pelo tempo cronológico e, por fim, conhecendo alguns calendários criados pelos homens durante seu processo de desenvolvimento. Vale destacar que, durante essa viagem, vamos conhecer também a divisão eurocêntrica da história, partindo da pré-história e passando por idade antiga, idade média, idade moderna e idade contemporânea. No entanto, o foco principal de estudo entre esses períodos histó- ricos abordados será a pré-história. Dentro da pré-história abordaremos o surgimento do homem moderno, seu conceito e produções durante o tempo, passando pelos períodos do Paleolítico,Neolítico e Idade dos metais. Por fim, desejamos que esta unidade possa fortalecer seu desenvolvimento pessoal através do conhecimento sobre os conceitos de história e, principalmente, da pré-história. Muito obrigado e bom estudo! 5UNIDADE I História Antiga 1. INTRODUÇÃO E CONCEITOS: HISTÓRIA ANTIGA Em pleno século XXI, ainda nos perguntamos o porquê de estudar história. Por que falar de civilizações tão antigas? O que isso soma na nossa vida? Talvez você já tenha se deparado com essas perguntas por várias vezes durante sua vida, pois elas têm tomado conta de nosso cotidiano e nos conduzem ao senso comum. Vale ressaltar que uma simples frase, como: “Papai, me explica para que serve a história”, pode trazer um grande feito no estudo e no entendimento da história em si. Vale ressaltar que essa frase foi realizada pelo filho do historiador Marc Bloch, que fez com que ele escrevesse o livro Apologia da História ou O Ofício de Historiador, com mais de 200 páginas em 5 capítulos, sendo que o último não foi concluído, pois o autor foi fuzilado por nazistas, deixando sua obra incompleta. Talvez esse pequeno relato sobre a história de Marc Bloch possa demonstrar a importância de se estudar e compreender a história como um todo. A história não é simplesmente o estudo do passado, como muitos acreditam. A história é o estudo do passado para compreender o presente e, quem sabe, mudar o futuro. Com essa afirmação podemos começar a entender a importância da chamada história antiga e toda sua interpretação e construção da história. Assim, começamos a falar do chamado “pai da história”, ou seja, começamos a falar do grego Heródoto, que viveu no século V a.C. e batizou de história o estudo que realizou das civilizações com a qual seu povo mantinha contato comercial. Por que a batizou de história? Qual o significado dessa palavra? 6UNIDADE I História Antiga Vale ressaltar que “história” é uma palavra grega, que significa investigação, e que, por sua vez, deve ser imparcial, deixando seu preconceito de lado, abordando basicamente o fato, sem ideologias, sem interesses individuais ou de um grupo. O historiador deve ter um grande cuidado para não cometer anacronismo. Vale destacar que essa neutralidade temporal do historiador é quase impossível de ser atingida. Com isso, devemos analisar do- cumentos, relatos, objetos arqueológicos, pinturas, utensílios, monumentos arquitetônicos e escritos literários. Assim, podemos afirmar que a história se constrói através das fontes e do posi- cionamento do historiador em relação a seu tempo, pois temos que construi-la como se estivéssemos montando um grande quebra-cabeça, como afirma Redfield (1994, p. 147). [...] a história não são as fontes. A história é uma interpretação das realidades de que as fontes são “sinais indicativos ou fragmentos”. É certo que partimos de um exame das fontes, mas através delas tentamos observar a realidade que apresentam ou que, por vezes, não conseguem representar, deturpam e até dissimulam. Após analisarmos as fontes históricas, devemos iniciar sua interpretação com pesquisas e cautela. Temos que analisar também a cultura do povo, pois cada um tem uma determinação cultural em um determinado fato histórico. Como exemplo podemos destacar a chegada dos portugueses no Brasil, em que temos a visão eurocêntrica, ou seja, da cultura europeia que despreza o nativo americano. Observe o trecho da carta de Pero Vaz de Caminha a seguir: Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e quartejados, assim pe- los corpos como pelas pernas, que, certo, assim pareciam bem. Também andavam entre eles quatro ou cinco mulheres, novas, que assim nuas, não pareciam mal. Entre elas andava uma, com uma coxa, do joelho até o qua- dril e a nádega, toda tingida daquela tintura preta; e todo o resto da sua cor natural. Outra trazia ambos os joelhos com as curvas assim tintas, e também os colos dos pés; e suas vergonhas tão nuas, e com tanta inocência assim descobertas, que não havia nisso desvergonha nenhuma (BERUTTI; FARIA; MARQUES, 2001, p. 27). Ainda em sua carta, que é uma das principais fontes históricas da descoberta do Brasil, Caminha diz: Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares [...]. Porém o melhor fruto que dela se pode tirar me parece que será salvar esta gente (BERUTTI; FARIA; MARQUES, 2001, p. 27-28). Quando analisamos trechos dessa fonte histórica, percebemos o choque do encon- tro e o etnocentrismo escancarado, pois, para os portugueses, sua chegada é para trazer o desenvolvimento para os pobres coitados que andam com suas vergonhas de fora, quando, na verdade, foi uma imposição da cultura portuguesa, desprezando a dos nativos. 7UNIDADE I História Antiga Podemos, então, afirmar que a influência de cada povo em sua história está em todos os lugares, como vemos a cultura Greco-Romana em nosso dia a dia ou, até mesmo, na contagem do tempo de cada povo. Você sabe como se chama o nosso calendário? Por que tem o nome de calendário gregoriano cristão? Cada civilização aponta um marco cultural para apontar o início de sua contagem de tempo. Normalmente utiliza-se a sua origem, a origem do mundo e até mesmo marcos religiosos. No nosso caso, dividimos o tempo cronológico em anos, décadas, séculos, mi- lênios e assim por diante. Vale ressaltar que, no final do século XVIII, quando se inventou o relógio mecânico, houve a contagem do tempo também em segundos, minutos e horas. Que tal se perguntar, por exemplo, quantas horas tem o dia? A resposta mais comum seria de 24 horas, mas, na verdade, ele tem o total de 23 horas, 56 minutos e 4 segundos. É por isso que de quatro em quatro anos ocorre, em nosso calendário, o ano bissexto, quando se aumenta um dia no mês de fevereiro. Nossa! Mas por que o ano tem 365 dias? Por que na contagem do tempo existem os calendários lunares, que observam o ciclo da lua, e os calendários solares, que observam o tempo que a terra demora para realizar a circunferência do sol? A palavra calendário vem do latim calendarium, que significa “livro das calendas”, utilizado para contar os dias das festas religiosas marcadas no início de cada mês lunar, na Roma Antiga. Agora vamos conhecer alguns calendários, com a questão cultural associada ao tempo. Observe com atenção. ● Calendário Gregoriano Cristão: é o calendário mais adotado nas sociedades atuais, pois é um calendário solar e tem como marco inicial o nascimento de Cristo. Vale ressaltar que a partir desse marco contamos o que ocorreu antes e depois, ou seja, todos os fatos históricos ocorridos antes do nascimento de Cristo ficaram conhecido como a.C e, como d.c os acontecimentos históricos depois de Cristo. ● Calendário Judeu: esse é um calendário solar que tem como marco inicial a criação do mundo, ou seja, outro calendário com marco cultural religioso, baseado no calendário egípcio. ● Calendário Islâmico: é um calendário lunar que tem como marco inicial e cul- tural a chamada Hégira, ou seja, a fuga do profeta Maomé da cidade de Meca para cidade de Medina. ● Calendário Chinês: esse calendário é considerado um dos mais antigos do mundo, tem como marco cultural o nascimento do patriarca Huang-ti. Vale des- tacar que é uma mistura de calendário solar e lunar, ou seja, é um calendário “lunisolar”. 8UNIDADE I História Antiga Como seria a contagem em outras civilizações da antiguidade? Que tal falarmos do berço de nossa civilização? Por exemplo, a contagem do tempo na Grécia antiga, pois eram utilizados os termos “kronos” e “kairós” para se referir ao tempo. Utilizavam o kronos para medir o tempo dos homens, tempo cronológico, medido em unidades. Já o kairós era o tempo dos deuses, podendo ser alterado de acordo com o humor dos deuses, desde o infinito ao rápido. Na contagem do tempo em Roma podemos destacaro calendário Juliano e o con- cílio de Niceia, que é a base para o calendário gregoriano, cristão. Outros historiadores assumem a questão do tempo de maneira variada, por exemplo o historiador Fernand Braudel (1969) afirmou que a pesquisa histórica deveria ser adaptada ao tempo histórico. Deve-se classificar como tempo de curta, média e longa duração, ou seja, curta duração são eventos históricos que duram anos, média duração, em torno de um século, enquanto longa duração, tempo maior que um século. Por fim, alguns historiadores fazem a divisão do tempo através de rupturas históricas e classificam a história em Pré-história, Idade antiga, Idade média, Idade moderna e Idade contemporânea, cada um com um marco de ruptura. Vale ressaltar que nossa disciplina vai abordar a Pré-história e a Idade antiga. Você pode estar se perguntando quais são as rupturas de cada período histórico, por isso vamos apresentar cada ponto com sua ruptura na tabela a seguir. TABELA 1 - DIVISÃO DO TEMPO E HISTÓRIA Início Término PRÉ- HISTÓRIA Surgimento do homem moderno. Invenção da escrita. IDADE ANTIGA Invenção da escrita. Queda do império romano. IDADE MÉDIA Queda do império romano. Queda de Constantinopla. IDADE MODERNA Queda de Constantinopla. Revolução francesa. IDADE CONTEMPORÂNEA Revolução francesa. Atualidade. Fonte: o autor. Com o apoio demonstrativo da Tabela 1, podemos afirmar que a Pré-história começa a ser contada a partir da evolução do homem segundo Darwin. Tem início com o surgimento do homem moderno ou das cavernas e vai até o aparecimento da escrita, iniciando a história antiga. Assim, podemos entrar, de fato, no nosso conteúdo de história antiga, pois até agora estávamos estudando conceitos e definições de história. 9UNIDADE I História Antiga Que tal começarmos com a ideia de história antiga? Agora você vai conhecer o conceito da “criação do antigo” que surgiu no século XII. Vale destacar que não havia uma disciplina a ser estudada e sim o que podemos chamar de noção de herança. Essa ideia de antigo passa a se desenvolver organizando e reconstruindo a história, reconstruindo o que chamamos de memória. Nos séculos XV e XVI, já se falava no estudo da história antiga, assim como Gua- rinello (2003, p. 51) nos afirma: A ideia da existência de uma História antiga foi desenvolvida por pensado- res do Renascimento [...]. Pressupunha, ao mesmo tempo, uma ruptura e uma recuperação, religiosa e cultural, entre dois mundos. Uma ruptura que dava um certo sentido à História, como recuperação de algo perdido, como a restauração de um laço que tinha sido rompido durante a assim chamada História do Meio, a História Medieval. Deste modo, associava seu mundo contemporâneo, a Europa dos séculos XV-XVI, com um certo passado. Para eles, era a História Antiga do seu mundo. Já nos séculos XVII e XVIII temos a criação da disciplina de história antiga e o desen- volvimento proposto pelo iluminismo. Somente no século XIX temos um olhar mais apurado a História Antiga, pois esta recebe influências das ciências sociais em si e da própria arqueo- logia. Com isso, temos uma absorção maior pela sociedade, pela família e pelo indivíduo, tornando-a mais acessível a diferentes culturas que passaram e entender e compreender melhor a influência do “antigo” em sua vida e seu desenvolvimento social. A história antiga se torna uma espécie de memória social, essencial para as sociedades modernas. Assim, vamos dar partida na viagem pela história antiga. Preparado(a)? 10UNIDADE I História Antiga 2. A PRÉ-HISTÓRIA Para que você comece a se interessar pela pré-história, temos que retornar às pá- ginas anteriores e à tabela, entendendo que utilizamos esse termo para designar o período que se estende desde o aparecimento do homem moderno na Terra até a invenção da escrita. Assim, começamos a identificar alguns equívocos da história, pois quando falamos em escrita parece que estamos falando de uma coisa uniforme, perfeita e, na realidade, isso não ocorreu. A escrita não apareceu de forma igual em diferentes locais, em diferentes civilizações. Para que você entenda melhor, é só comparar a pré-história europeia e a americana. Você perceberá enormes diferenças! No entanto faremos uma abordagem tradicional, ou seja, começaremos através da abordagem do surgimento do homem, até a escrita. Vale ressaltar que iniciamos desde sua interpretação de mundo, descobertas e soluções, até a agricultura e a sedentarização humana, o surgimento de estratificação social, entre outros. Vamos começar nosso estudo sobre a pré-história delimitando nossa área de abordagem, pois precisamos compreender o tempo cronológico das páginas anteriores e parágrafo anterior. Como assim, tempo cronológico? Do surgimento do homem ao apare- cimento da escrita. Mas que tal começarmos com uma pergunta simples: o que se entende por homem? O que é o homem? Sabemos que o homem ou a espécie humana é uma evolução de longo período, que nos remete aos mamíferos e, posteriormente, aos primatas. Vale ressaltar 11UNIDADE I História Antiga que utilizaremos a questão evolutiva de Charles Darwin e peço, por gentileza, que, em nossos estudos, seja abandonado qualquer conceito de teor religioso, pois abordaremos somente o científico. Vale apontar ainda que para que não ocorra um conflito interpessoal, partiremos da espécie humana conhecida como homo sapiens/sapiens, pois aqui temos o desenvolvimento humano e pré-histórico. Você já parou pra pensar que, nesse período, o homem convivia com animais muito maiores que ele, mais rápidos, mais agressivos e mais fortes? E que nesse tempo o homem utilizava de sua habilidade de adaptação para produzir uma força que vai além do corpo humano, ou seja, tudo que pudesse produzir para superar seus inimigos mais fortes, como armas, ferramentas, utensílios e tudo que pudesse ajudá-lo nesse processo? Para que isso ocorresse, o homem necessitou de capacidade mental, que, de acordo com estudiosos, ainda temos de sobra, e, principalmente, mãos e a postura ereta. O homem sapiens/sapiens passou a se destacar, aperfeiçoando suas habilidades mentais, físicas, motoras e se sobressaindo aos animais existentes no período; mas sem desprezar os antigos hominídeos, que também possuíam algumas capacidades semelhan- tes ao homo sapiens/sapiens. Agora vamos refletir um pouco se o homem vai conquistar essa destreza automati- camente ou se vai evoluindo e transformando seu meio ambiente. A pré-história é algo fascinante, pois através deste estudo conseguimos compreen- der a evolução humana ou a evolução histórica do homem em si e em sociedade. Vale ressaltar que a pré-história ocupa um espaço extremamente longo na história em relação ao tempo cronológico. Trabalhamos toda a pré-história em um único período, mas dividido em fases, para que possamos nos situar nos diferentes níveis da evolução cultural humana. Nesse momento iremos atuar observando essa divisão e nos colocando no processo de ab- sorção dos termos Paleolítico e Neolítico. Tomaremos como base determinante de estudo o grau de elaboração dos objetos, instrumentos, utilizados pelo hominídeo e sua evolução. 2.1 O Paleolítico Caro(a) aluno(a), nosso estudo dará continuidade ao conhecimento do primeiro período da pré-história, o chamado Paleolítico ou também conhecido como Idade da Pedra Lascada. Esse período da história é o momento em que homem dá seus primeiros passos ao desenvolvimento, pois se encontra no estágio mais primitivo de organização social, mas já aparece com o homem Neandertal. 12UNIDADE I História Antiga Esse período vai até a descoberta da agricultura, ou seja, o Paleolítico é o período anterior ao aparecimento da agricultura, quando o homem vivia basicamente do que a natureza podia lhe oferecer. Assim, o homem é simplesmente o coletor e não um produtor de alimentos. Vale ressaltar que as comunidades humanas se alimentavam além da coleta dealimentos, da caça e da pesca, que fornecia a proteína necessária para o desenvolvimento humano. O homem passou a desenvolver objetos para caça e pesca, pois o hominídeo era muito frágil em relação a tudo que o cercava e isso fez com que os homens se agrupassem com outros de sua espécie para uma melhor proteção e fortalecimento da caça. Mas você pode se perguntar: quais são os elementos para o vínculo humano? Como eles se uniam? Para responder essas perguntas, os historiadores colocam a forma mais primitiva e ele- mentar de vínculos, ou seja, os laços sanguíneos. Assim, podemos entender a formação da maior parte das comunidades paleolíticas, que, por sua vez, se apresentava no formato familiar, gerando o que iremos chamar de clãs, gens ou tribos. Depois de conhecermos algumas características comuns no paleolítico, damos seguimento a uma particularidade muito importante para o desenvolvimento do período, que é a questão da aquisição de recursos gerados pela natureza. Vale destacar que o homem era incapaz de repor esse alimento coletado e caçado em seu ambiente, pro- movendo, assim, o que chamamos de nomadismo, que nada mais é que a mudança constante de lugar. Os homens não tinham uma habitação fixa e ficavam procurando sempre o melhor ambiente para seu grupo. Será que existia a divisão sexual do trabalho nesse período? Com certeza não, tanto homens quanto mulheres eram responsáveis por adquirir alimentos. No entanto, os homens se distanciavam mais do acampamento em busca da caça, enquanto as mulheres geralmente permaneciam nas proximidades, coletando frutas, raízes, grãos e defendendo o acampamento de ataques de animais. Podemos perceber isso na afirmação de Leakey (1995, p. 120): Na maioria das sociedades de caçadores-coletores que os antropólogos es- tudaram, há uma clara divisão de trabalho, com os machos responsáveis pela caça e as fêmeas pela coleta de alimentos de origem vegetal. O acam- pamento é um lugar de intensa interação social, e o lugar onde a comida é partilhada; quando há carne vermelha disponível, esta partilha muitas vezes envolve um ritual elaborado, governado por regras sociais estritas (LEAKEY, 1995, p. 120). Ainda sobre a divisão do trabalho, Leakey (1995, p. 146) afirma que, 13UNIDADE I História Antiga Mais cedo, antes do nascer do Sol, quatro machos adultos do grupo haviam partido em busca de carne. O papel das fêmeas é coletar alimentos vegetais, que todos percebem ser o principal produto econômico em suas vidas. Os machos caçam, as fêmeas coletam; é um sistema que funciona espetacu- larmente bem para o nosso grupo e por tanto tempo quanto qualquer um é capaz de lembrar-se. Com as constantes mudanças para a obtenção de alimentos, os homens passa- ram a se preocupar cada vez mais com seu grupo. A temperatura baixa os obrigava a se recolher em cavernas e, assim, temos a chamada domesticação do fogo. Este permitiu ao homem uma maior habilidade de defesa, aquecimento, alimentação e iluminação. Vale ressaltar que existem alguns estudos recentes, como o dos pesquisadores Wil Roebroeks, da Universidade de Leiden na Holanda, e Paola Villa, curadora do museu da Universidade do Colorado, apontam o domínio, de fato, do fogo somente no período Neolítico. Entretanto não desmentem estudos históricos do primeiro grupo de historiadores que apontam, atra- vés da arqueologia, o domínio do fogo com o atrito das pedras. Vale destacar ainda que o fogo trouxe um bem-estar biológico, pois, com ele, os alimentos eram cozidos e, com isso, ficavam mais brandos para mastigação e de melhor digestão. Mesmo com a vida difícil no período, o homem precisava de um território gerador de sustento para sua sobrevivência. Isso fez com que os grupos humanos utilizassem as terras na coletividade, sem estabelecer o vínculo de posse da terra, ou seja, proprietários e não proprietários. Vale ressaltar que isso demonstra outra característica do paleolítico: a ausência de classes sociais, em que os indivíduos viviam de forma igualitária em relação à apropriação das riquezas. Outra característica importante do paleolítico é o início do desenvolvimento de uma linguagem oral, pois o homem necessitava de diálogo para a articulação e execução da caça. Vale ressaltar que essa comunicação não foi como conhecemos hoje, e não foi em um único lugar. Ela se desenvolveu por muito tempo, talvez por milhares de anos. Destacando ainda que a comunicação foi um importante instrumento para transmissão de experiências e conhecimento entre as gerações humanas. Com isso temos outras características da cultura humana, como as alianças entre homens para sua sobrevivência, até mesmo o início de rituais mágicos, que demonstraram o aparecimento de uma espiritualidade, uma religiosidade. As mulheres também apreciam nas pinturas rupestres, muitas vezes ocupando lugar de destaque, como as apontadas pela Fundação Museu do Homem Americano (FUM- DHAM), no sítio arqueológico em São Raimundo Nonato no Piauí. Além da religiosidade, apresenta a presença do feminino no período. 14UNIDADE I História Antiga Nas pinturas rupestres do Parque Nacional Serra da Capivara, existem cenas rupestres de “mulheres” aparentando gravidez, em posições de parto, parecen- do amamentar ou em relações de sexo. Existem também as cenas de danças que podem ser remetidas a coparticipação das mulheres juntamente aos ho- mens, visto que as cenas de dança, em sua maioria, não apresentam as geni- tálias dos partícipes. Há ainda indícios etnológicos de que algumas cenas de humanos dançando são representações das mulheres indígenas em um ritual e ou cerimonial, como se faz ainda hoje (BASTOS, 2010, p. 64-65). As pinturas nas cavernas, realizadas nesse período, foram conhecidas como pin- turas rupestres, que são, na verdade, representações do cotidiano, da religiosidade na pré-história. Eram aplicadas nas paredes, nos tetos das cavernas ou abrigos humanos desse período. A pesquisadora Matilde Muzquiz Pérez-Seoane, em sua tese de doutorado, publi- cada em 1988, na Universidade de Complutense de Madri, apresentou estudos sobre as pinturas rupestres encontradas nas cavernas de Altamira na Espanha, que remontam o cotidiano pré-histórico, como caçadas e danças; também apresenta na tese os pigmentos utilizados nas paredes das cavernas. Outro exemplo a ser apresentado é a imagem da Vênus de Willendorf, relaciona a religiosidade. Através dessa imagem, que traz a fertilidade da mulher associada à fertilidade da terra. Vale ressaltar que, essa imagem foi produzida, com detalhamento, uma mulher e a fertilidade da gravidez humana, para celebrar a fertilidade, o alimento, a terra. Com isso, podemos afirmar a postura mística do homem nesse período. Sabemos que nosso planeta já passou por enormes transformações e degelos de eras glaciais, obrigando o homem a fazer intensas migrações em busca de alimentos. Vale ressaltar que, mesmo com essas mudanças, o homem pré-histórico passou a desenvolver cada vez mais instrumentos para regrar e melhorar sua vida. O homem buscou intenso melhoramento dos instrumentos que utilizava para adquirir alimentos. Com toda a evolução dos instrumentos de trabalho na pré-história, temos o cres- cimento de grandes agrupamentos humanos nessa região, que passaram a ser aldeias e comunidades em si, com o início de estruturas sociais e promovendo o próximo período, que chamamos de Neolítico. 2.2 O Neolítico O marco inicial para o Neolítico é a criação, pelo homem, da agricultura e da domesticação de animais, pois o homem passa a produzir seu próprio alimento, transfor- mando a natureza. 15UNIDADE I História Antiga Para começar nossos estudos desse período, vamos tentar trazer à mente a impor- tância da criação da agricultura, pois o homem deixa de ser nômade, mudando constante- mente de lugar, passando à sedentarização, principalmente em regiões ribeirinhas, ou seja, às margens de rios e obtendo, assim, umcontrole maior da produção e do bem estar humano. Outro ponto a ser discutido é a sedentarização ribeirinha. No período neolítico essa é a preocupação humana que passa a dominar o ambiente, controlando os benefícios e os problemas dos rios, ou seja, as cheias que poderiam destruir as plantações, até os canais de irrigação que poderiam levar água até as plantações. Assim, os homens passaram a desenvolver obras hidráulicas, e a observar e estudar a natureza, entendendo que existiam períodos de cheias e de secas, escolhendo, assim, a melhor época para o plantio. Assim, o homem começou a desenvolver calendários através de suas observações aos astros, e a criação de técnicas de cálculos, desenvolvendo cada vez mais a agricultura. As inovações foram surgindo, o homem foi se aprimorando, a população aumen- tando e todo aquele antigo sistema de aldeias, comunidades sem estratificação social, foi sendo superado. Surgiu, então, a necessidade de criar algo que suportasse as grandes aglomerações humanas. Dessa forma, temos o que chamamos de revolução urbana, ou seja, as primeiras civilizações. Uma característica importante da revolução urbana é o surgimento de algumas ne- cessidades, como instrumentos de trabalho com maior desenvolvimento, exigindo dos ho- mens uma certa especialização para a criação e manuseio desses objetos. Nasce também a necessidade de proteção do que foi criado, pois temos uma disputa entre os homens pela posse das terras férteis, promovendo a criação de uma defesa armada – grupos armados e prontos a cederem a vida pelo seu território. Vale ressaltar que, com esse desenvolvimento forçado, tivemos o início de divisão de classes sociais dentro desses aglomerados humanos. No entanto, o mais importante desse desenvolvimento técnico e forçado foi o aumento na produção de alimentos, gerando um excedente alimentício que não servia mais só para sua subsistência e sim para contatos com outros aglomerados humanos. A produção desse excedente alimentar fez com que nascesse a necessidade de uma nova liderança, que pudesse administrar a vida em comunidade e soubesse gerir esse alimento. Quem pode governar? O que precisaria ter ou ser para governar? A resposta está ligada à religiosidade pré-histórica, pois o homem utilizou-se de explicações físicas e naturais para aliar-se ao sobrenatural e dominar-se entre si. 16UNIDADE I História Antiga As lideranças das comunidades neolíticas estiveram ligadas diretamente à religiosi- dade e ao poder divino. Vale destacar que muitos historiadores apontaram que o mesmo lugar que seria um templo religioso também era usado para armazenar alimentos nesse período. Só como caráter de imaginação, podemos até visualizar os indivíduos do neolítico gritando: “Viva os Sacerdotes! Viva a ligação que eles têm com os deuses! Viva sua liderança!”. Assim, a camada superior no neolítico seria a dos sacerdotes, que iniciaram a ideia de nobreza, de privilégio, de riqueza, de tudo que era superior aos homens. Assim, pode- mos destacar, com toda veemência, que não se trata de uma simples divisão do trabalho humano e sim de uma grande estratificação social, com níveis superiores e níveis inferiores. Já o final do período neolítico (palavra derivada do grego, em que néos significa novo e lithicos significa pedra), a agricultura foi a base da revolução urbana. Temos o que cha- mamos de idade dos metais, período marcado pela intensificação do uso dos metais, como cobre, bronze e ferro. As técnicas de fundição de metais, em que se derretia e misturava uns com os outros, fizeram com que os produtos ficassem cada vez mais fortes, pois temos produção de instrumentos de trabalho e principalmente de armas potentes que fortaleceram o poder da elite, que tinha acesso aos metais e o controle de distribuição de alimentos. Temos, então, o domínio baseado na força militar, com metais em suas armas, so- mada com o poder religioso, tudo ligado à uma pequena parte da sociedade. Vale ressaltar que alguns historiadores colocam aqui a ideia de criação de estado e sociedade, nascendo, até mesmo, com alguns impérios. Com tanto desenvolvimento, seja alimentício, militar ou social, surge a necessidade de se controlar cada vez mais o que era produzido com o que era consumido, sobrando o que chamamos de excedente. Parece matemática e é matemática pura! Mas como controlar isso com tanta gente envolvida? Como se comunicar com os outros? Para que houvesse harmonia nessa conta matemática e administrativa, foram cria- das, entre 4.000 e 3.000 a.C., marcas, sinais como fruta, grão, para sinalizar ou referir-se a diversos produtos comercializados. Esse foi o primeiro passo para criação da escrita, que, além da utilização dos metais, fez com que mudasse muito a relação entre todos os homens, ou seja, a invenção da escrita mudou as relações humanas. Enfim, para melhor fixação do conteúdo, gostaria que observasse a tabela da cro- nologia geral, apresentada a seguir. 17UNIDADE I História Antiga TABELA 2 - CRONOLOGIA GERAL DA PRÉ-HISTÓRIA PERÍODOS CARACTERÍSTICAS SOCIEDADES Paleolítico Coup de poing (Machado manual sem cabo). Coup de poing (aperfeiçoamento). Ossos utilizados para confecção de objetos. Nascimento da arte: Arte rupestre. Início de uma religiosidade. Pequenas esculturas (Vênus de Willendorf). Sociedade Comunitária. Nascimento da família. Domínio do fogo. Rituais funerários. Famílias, Clãs. Redução do nomadismo. Aparecimento e linguagem. Neolítico Agricultura. Domesticação de animais. Teares Simples. Cerâmicas. Formação de consciência em grupos. Vida humana organizada em aldeias. Sedentarismo. Idade dos Metais Utilização do cobre, bronze e ferro. Desenvolvimento da agricultura. Escrita. Vida urbana. Sociedade estratificada. Surgimento de estado e religião. Fonte: o autor. 18UNIDADE I História Antiga SAIBA MAIS Que tal conhecer um pouco mais sobre o sagrado na pré-história? Manifestações do sagrado na Pré-História do Ocidente peninsular: A “síndrome das placas loucas” As placas de xisto gravadas do III milénio, no Centro e Sul de Portugal, são componen- tes votivos de deposições em antas, tholoi, grutas naturais e artificiais ou mesmo em deposições funerárias não estruturadas. Apresentam, por vezes, uma perturbação na composição, normalmente muito regular e normalizada, dos seus motivos principais. O autor designa essa particularidade, extremamente rara, por “síndrome das placas loucas” e procura explicar a razão desta ruptura do conceito de simetria. Essa ruptura regista-se em duas categorias diversas, ainda que partilhando a mesma designação: a Variante 1 agrupa as placas em que apenas a Cabeça regista a assimetria de compo- nentes específica de esta situação; a Variante 2 agrupa as placas cujo Corpo, resultante de segmentação da placa ou construído com um mesmo tratamento geral dado à su- perfície do suporte, é “decorado” assimetricamente. Esta primeira aproximação parte do Grupo megalítico de Reguengos de Monsaraz, para um enquadramento mais geral da questão, alargada a outros grupos megalíticos e a outras manifestações simbólicas das antigas sociedades camponesas. Fonte: Gonçalves (2003). Online. REFLITA Você já pensou como era a vida sem uma linguagem? Qual a diferença entre homens e os animais? Leia o texto a seguir e reflita sobre o tema. “Ao tecer comentários sobre aqueles que defendem a singularidade da linguagem hu- mana, a psicóloga da Universidade do Texas Kathleen Gibson escreveu recentemente: “Embora científica em seus postulados e discussão [esta perspectiva] encaixa-se firme- mente na longa tradição filosófica ocidental, que remonta pelo menos aos autores do Gênesis e aos escritos de Platão e Aristóteles, que sustentam que a mentalidade e o comportamento humanos [são] qualitativamente diferentes daqueles dos animais”. Fonte: Leakey (1995, p.127 ). 19UNIDADE I História Antiga CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro(a) acadêmico(a), chegamos ao finaldessa unidade. No decorrer dela contem- plamos diversas temáticas sobre as mais remotas civilizações da antiguidade; isso ocorreu através de uma introdução histórica, abordando alguns conceitos que norteiam o estudo da história. Você consegue se lembrar? Espero que nesse momento do processo de ensino/ aprendizagem você esteja encantado(a) ou fascinado(a), sabendo um pouco sobre o tempo e a história, o tempo cronológico e sobre os calendários lunares e solares. Se lembra qual é o nosso calendário? Espero que sim. Que bom foi conhecer a divisão eurocêntrica da história, partimos da pré-história e passamos por idade antiga, idade média, idade moderna e idade contemporânea. Vale ressaltar que nosso foco principal de estudo foi a pré-história. Na pré-história abordamos o surgimento do homem moderno, seu conceito e produções durante o tempo, passamos pelos períodos Paleolítico, Neolítico e Idade dos metais. Por fim, quero agradecer você por esse tempo de estudos que passamos juntos, com a certeza de que o conhecimento adquirido sobre alguns conceitos históricos e da pré-história vão promover em você uma corrente de expansão desse conhecimento, pois durante o pro- cesso foi descortinada toda beleza e riqueza desse processo de formação do homem. Enfim, sucesso e nos vemos na próxima unidade. Obrigado! 20UNIDADE I História Antiga WEB OKUMURA, M. Dardo ou flecha? Testes e reflexões sobre a tecnologia de uso de pontas de projétil no Sudeste e Sul do Brasil durante a pré-história. Cadernos do LE- PAARQ, v. XII, n. 24, 2015. Disponível em: https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/lepaarq/article/view/5623/4487 21UNIDADE I História Antiga MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: A Pré-história - Coleção Desafios Autor: Rosicler Martins Rodrigues Editora: Moderna Edição: 3 Sinopse: Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? Essas são perguntas que os seres humanos se fazem há muito tempo, procurando respostas na Religião, na Arte, na Filosofia e na Ciência. Os caminhos da Ciência são recentes. Foi somente no século XX que a interpretação dos fósseis se aliou ao estudo dos povos primitivos e do comportamento dos chimpanzés, formando uma história fascinante sobre as origens da espécie humana. Este livro percorre um caminho de milhões de anos para contar essa história. A narrativa e as ilustrações se unem para recriar a vida na Pré-história e nos levam a reflexões que ajudam a compreender o presente. LIVRO 2 Título: Pré-história: uma breve introdução Autor: Rosicler Martins Rodrigues Editora: L&PM Sinopse: As pessoas se definiam socialmente por meio dos obje- tos que confeccionavam e usavam, descobrindo novas dimensões de humanidade. A pré-história é o período em que muitas dimen- sões foram exploradas e expandidas. O imenso escopo de tempo em que a pré-história está inserida e, especialmente, a falta de registros devido à ausência da escrita neste período nos leva a formular grandes perguntas acerca do que nos torna humanos. Mas o que há de fascinante em um tempo que remonta a 6 milhões de anos? Escrever a pré-história é uma questão de aliar a análise arqueológica das tecnologias e ferramentas utilizadas por nossos antepassados à reconstrução majoritariamente imaginária de como viviam e de que maneira evoluíram. É esse delicado equilí- brio entre fatos e inferências que encontramos nas esclarecedoras páginas deste volume. 22UNIDADE I História Antiga LIVRO 3 Título: As Religiões da Pré-história Autor: André Leroi-Gourhan Editora: Edições 70 Edição: 1 Sinopse: Publicado pela primeira vez em 1964, numa prestigiada coleção dirigida por Georges Dumézil, este pequeno grande livro, do autor de O Gesto e a Palavra, continua a ser uma obra de consulta indispensável para todos os estudiosos da Pré-história e da Antropologia. FILME / VÍDEO Título: 10.000 a.C. Ano: 2008 Diretor: Roland Emmerich Roteirista: Roland Emmerich e Harold Kloser. Sinopse: Num período em que homens e feras pré-históricas lutavam pela sobrevivência na Terra, D’Leh é um jovem caçador que lidera um exército ao longo de um vasto e perigoso deserto. Enfrentando mamutes e tigres dente-de-sabre, ele segue caminho rumo a uma civilização perdida para salvar sua amada Evolet das mãos de um maligno e poderoso guerreiro determinado a possuí- -la. FILME / VÍDEO 2 Título: A Guerra do Fogo Ano: 1981 Diretor: Jean-Jacques Annaud Roteirista: Gerard Brach Sinopse: Na pré-história, a pouco desenvolvida tribo Ulam é com- posta por membros que se comunicam por gestos e grunhidos e acreditam que o fogo é sobrenatural. Quando a fonte única de calor se apaga após um ataque, três guerreiros saem numa jornada em busca de outra chama e acabam conhecendo os Ivaka, grupo com hábitos avançados e comunicação complexa, além de domínio da produção do mítico fogo. 23UNIDADE I História Antiga FILME / VÍDEO 3 Título: O Elo Perdido Ano: 2005 Diretor: Régis Wargnier Roteirista: Régis Wargnier Sinopse: África central, 1870. Acompanhado por um grupo de caçadores indígenas, o antropólogo escocês Jamie Dodd (Joseph Fiennes) atravessa a floresta tropical à procura de uma nova espé- cie. Ao encontrar uma tribo de pigmeus, Jamie acredita ter achado o “elo perdido” que faria a ponte evolucionária entre o homem e o primata. Ele captura dois pigmeus chamados Toko (Lomama Bo- seki) e Likola (Cécile Bayiha) para apresentá-los na Academia de Ciência de Edimburgo. A amizade que surge entre os três termina colocando em risco a carreira do cientista. 24 Plano de Estudo: ● Estudo das Antigas Civilizações; ● A Mesopotâmia; ● O Egito Antigo. Objetivos da Aprendizagem: ● Conhecer as antigas civilizações e sua ligação com a Mesopotâmia e o Egito; ● Conhecer a formação da Mesopotâmia; ● Conhecer os principais pontos do Egito antigo. UNIDADE II O Estudo das Antigas Civilizações Professor Esp. Cleber Henrique Sanitá Kojo 25UNIDADE I História Antiga 25UNIDADE II O Estudo das Antigas Civilizações INTRODUÇÃO Seja muito bem-vindo(a)! Prezado(a) educando(a), que bom que estamos nos encontrando em mais uma etapa de nosso estudo. Espero que esteja cheio(a) de entusiasmo para continuar nossa disciplina de História Antiga. Vamos partir para uma nova viagem histórica, começando os estudos das civiliza- ções antigas. Nesse caminho repleto de conhecimento, espero que você compreenda o desenrolar dessas civilizações e seu desenvolvimento ribeirinho. A partir de agora, iniciamos uma jornada pela civilização mesopotâmica e seu le- gado histórico. Nesta unidade vamos conhecer seu desenvolvimento e a experiência que transformou nossa história, pois iremos entender desde a primeira escrita conhecida na história, a escrita “cuneiforme”, suas características que puderam iniciar o primeiro código de leis escrita na história, conhecido como código de Hamurabi, baseado na lei do talião (olho por olho e dente por dente). Nesta unidade vamos visualizar a importância dos rios Tigre, Eufrates e Nilo, pois várias civilizações cresceram às margens deles. Tais civilizações foram conhecidas como civilizações hidráulicas, ou seja, dependentes dos rios e dessas águas. Vamos entender que temos a criação de estados despóticos e burocratizados e principalmente teocráticos que praticavam a corveia real. Então, vamos abordar o Egito antigo com todas suas maravilhas históricas e sua organização, conheceremos sua divisão histórica, começando pelo antigo império, médio e novo império. Por fim, desejo que esta unidade possa fortalecer seu desenvolvimento educacio- nal e de compreensão dessas civilizações através do conhecimento sobre os conceitos deixados ao longo da história. Muito obrigado e bom estudo! 26UNIDADE I História Antiga 26UNIDADE II O Estudo das Antigas Civilizações 1. ESTUDO DAS ANTIGAS CIVILIZAÇÕES Quando entramos no estudo da antiguidade, da história antiga, ouvimos, através do senso comum, que é um período histórico em que conhecemos as primeiras civilizações. Vale ressaltarque é isso mesmo, mas não podemos colocar uma civilização superior à outra, pois temos diferenças culturais entre esses povos e, ao mesmo tempo, caraterísticas comuns. Geralmente, afirmamos que uma civilização ou um povo é melhor que outro e nem nos preocupamos com essa afirmação. Vale ressaltar que desde as competências e habilidades propostas pelo MEC, no Enem e na BNCC, deixam claro que não existe cul- tura melhor que a outra, mas simplesmente diferenças culturais. Partindo desse princípio, iremos demonstrar as primeiras civilizações antigas e suas características específicas de maneira cuidadosa, como um historiador deve agir e trabalhar. Não podemos apontar que uma civilização se desenvolveu primeiro que a outra, pois, na maioria das primeiras civilizações, o processo de fixação no território foi simultâneo em vá- rias regiões, isso falando do pós pré-história. A característica básica das primeiras civilizações foi a dependência dos rios, pois a água foi fator determinante para renovação do solo, criando nessas sociedades a necessidade da criação de grandes obras hidráulicas de irrigação e drenagem. Com isso, poderiam produzir um excedente e estruturar seus mecanismos de poder, tendo como base a religião, o poder no divino, assim como estudamos na unidade anterior. Para confirmar isso, destacamos o estudioso e historiador Karl Wittfogel que pode ser considerado um dos criadores da expressão “civilizações hidráulicas: 27UNIDADE I História Antiga 27UNIDADE II O Estudo das Antigas Civilizações O escritor e pensador teuto-americano Karl Wittfogel cunhou a expressão “civilizações hidráulicas” para se referir às sociedades em que a necessidade de controlar a água requeria uma ação coletiva, estimulando, com isso, o de- senvolvimento de uma burocracia organizadora, o que, a seu ver, levou inevi- tavelmente ao típico domínio despótico oriental (KRIWACZEC, 2018, p. 26). Então podemos afirmar que as primeiras civilizações surgiram às margens de gran- des rios da região chamada de médio oriente, ou seja, as margens do rio Tigre, Eufrates e Nilo. Assim, vamos abordar, nesse momento, alguns pontos da civilização do antigo Egito, da Mesopotâmia, que cresceu às margens dos rios Tigre e Eufrates, e também civilizações como a persa, hebraica e fenícia. Vale ressaltar que essa grande região onde essas civili- zações surgiram ficou conhecida como crescente fértil. De forma geral, essas sociedades se estruturaram através da produção asiática, com escravidão, estruturas econômicas rigidamente fixas, prática de escrita, facilitando o controle da produção, cobrança de impostos, entre outros. Embora essas características fiquem expressas claramente na Mesopotâmia e no Egito, outras civilizações próximas também se estruturaram nesse contexto com carac- terísticas parecidas. Assim, todas as vezes que estudarmos a primeiras civilizações na história, iremos apresentar e compreender a forma mais primitiva de organização, além dos conceitos de cidades-estados, teocracia e modo de produção (nesse caso, o asiático). Ao citarmos o mundo oriental, podemos apontar civilizações como a chinesa, a indiana, os persas, os hebreus, além dos greco-romanos, ou seja, de forma rápida iremos destacar algumas das civilizações para depois adentrarmos na Mesopotâmia e Egito antigo. Que tal começarmos pelos Hebreus? Vamos lá. Se você já ouviu falar no cris- tianismo, com certeza conhece algo dos hebreus, ou seja, se você ouviu falar em “bíblia sagrada”, você já conhece algo sobre os hebreus. Pois quando utilizamos a Torá como fonte histórica, podemos entender que os judeus surgiram, aproximadamente, nos anos 2 mil a.C. Podemos perceber também a questão da confirmação da data na afirmação de Pinsk (2011, p. 138): A questão da historicidade dos patriarcas tem a ver com a própria questão de quem teria sido o primeiro hebreu, isto é, de quando poderíamos datar a existência dos hebreus como povo. As opiniões são muitas. Ouve-se, com frequência, a data de 2000 para Abrahão, seguido de seus descendentes. Isso em uma região em que hoje se encontra a Síria, tiveram contato também com os Fenícios, que são considerados os maiores comerciantes da antiguidade. Quanto aos hebreus, podemos afirmar que eram um povo de pastores nômades, que surgiram na Caldeia e, por não conseguirem combater os povos mesopotâmicos, iniciaram sua peregri- nação. Antes da chegada dos hebreus, ali moravam os Filisteus, Cananeus (que deram o 28UNIDADE I História Antiga 28UNIDADE II O Estudo das Antigas Civilizações nome de Canaã), arameus, moabitas, edomitas entre outros. Vale ressaltar que o próprio nome hebreu provém da língua aramaica e significa “o povo do outro lado do rio”, assim, afirmamos que são de origem mesopotâmica e migrante. Podemos apresentar um breve resumo sobre sua divisão histórica, começando através do período dos patriarcas, quando Abraão recebe de Iavé a promessa da terra prometida que jorrará “leite e mel”, também conhecida como Maná. Com isso passaram a ser monoteístas, marco diferencial dos povos existentes. Assim se desenvolveram e, quando Abraão morreu, ocorreu uma sucessão até Jacó, também conhecido como Israel, e esse teve 12 descendentes, originando-se as 12 tribos de Israel. Acredita-se, através de estudos históricos na Torá judaica e na Bíblia cristã, que vários motivos levaram esse povo a fuga da região, entre eles podemos citar invasões estrangeiras, escassez de terras férteis, além da influência egípcia na antiguidade que provavelmente os atraiu até lá, onde permaneceram por um longo período, como trabalha- dores, servindo através da corveia real até o conhecido êxodo em torno de 1250 a.C. Podemos destacar que, com o êxodo, temos fatores marcantes para essa civili- zação, como o Decálogo (dez mandamentos), que norteou a vida dos hebreus, além de confirmar que eram o povo escolhido por Deus e iriam receber a terra prometida. Assim que termina o período dos patriarcas, temos a era dos juízes que vai de 1200 a.C. a 1010 a.C. Esse foi o período de guerra com os cananeus, que já possuíam carros de guerra e armas de ferro; com essas necessidades bélicas, temos uma liderança entre os hebreus, que foram conhecidos como juízes, entre eles podemos citar Josué, Gideão, Sansão entre outros. Em seguida temos o período conhecido como a era dos Reis, em que temos um líder que assume esse papel guerreiro. O primeiro foi Saul, que não conseguiu dominar os filisteus e nem unificar as tribos de Israel e de Judá, como podemos perceber na citação: Com Saul, instaura-se a monarquia entre os hebreus. Mas já nessa ocasião havia uma divisão entre as tribos do norte (Israel) e as do sul (Judá) e Saul fracassa na tentativa de atrair Judá ao seu reino. Morre nessa tentativa fra- cassada (PINSKI, 2011, p. 141). Em seguida temos o rei Davi, que derrota os inimigos e amplia seu território e unifica as tribos. Davi tem mais sucesso. Começa organizando o pequeno reino de Judá, constituído de hebreus da tribo de Judá e de cineus, iemareus e outros povos não hebreus, sediados na cidade de Hebron. Bom soldado e líder carismáti- co, Davi estende seu poderio derrotando os arqui-inimigos filisteus e conquis- tando a cidade de Jerusalém, a qual transforma em capital do reino. Manda construir um palácio e verifica que falta algo muito importante ao seu reino e a Jerusalém: o prestígio religioso. Descobre, ou manda fazer, em algum local o que afirma ser a arca da aliança e a traz, com muita pompa. Com isso, le- gitima o seu poder “pela graça de deus”, fortalecendo-o mais e mais (PINSK, 2011, p. 142). 29UNIDADE I História Antiga 29UNIDADE II O Estudo das Antigas Civilizações Por fim, Salomão que se beneficiou de um período de paz e enriqueceu-se explo- rando seu território, passagem de rotas comerciais que ligavam o Egito à Mesopotâmia, além de construir o famoso templo de Jerusalém. Salomão foi um soldado inferior a seu pai,Davi, mas compensou essa defi- ciência com uma grande habilidade política. Logo que subiu ao poder, perdeu algumas terras. Compensou-as com acordos e casamentos em que recebia como dote cidades inteiras. Foi amigo de faraós e reis fenícios, possuiu um enorme harém, construiu palácios e fortalezas (PINSK, 2001, p. 143). Vale ressaltar que estamos passando brevemente por esses povos como os he- breus, para compreender melhor a grande influência da Mesopotâmia e do Egito. Assim, iremos parar por aqui o estudo dos hebreus, uma grande civilização que todo cristão conhece através da maior fonte histórica do seu povo – a Bíblia sagrada –, pois o antigo testamento do livro sagrado cristão é a Torá, ou seja, o pentateuco hebraico, sua história em si. Vamos falar agora de um povo que era vizinho dos hebreus, os chamados fenícios. Vale ressaltar que esse povo tinha um solo pobre e montanhoso, então os fenícios passa- ram a buscar rotas comerciais pelo mar. Utilizando-se de seu artesanato e até mesmo com o comércio da “púrpura”, que era extraída de um molusco comum em suas terras, o múrex. O corante púrpura era utilizado para tingir tecidos com tons rosa e roxo, tornando-se uma das mercadorias mais caras da antiguidade. Assim, podemos afirmar que os fenícios foram os grandes navegadores e comerciantes da antiguidade, passando a realizar comércio com a Mesopotâmia e com o Egito antigo. Para concluir a citação dessa civilização em nossos estudos, vamos afirmar que desenvolveram a matemática e a astronomia, que os ajudou muito na arte da navegação pelas estrelas, além de criarem um alfabeto fonético com 22 letras. Outro povo ligado a essa região foi o Persa, que se situava ao leste da Mesopotâmia, um território que necessitou de complexas obras de irrigação. Foi composto pelo reino dos “Medos” e reino do Persas. Foi sob o dominio de Ciro I que os persas se unificaram politica- mente, mas seu auge foi no reinado de Dario I com evolução das cidades de Susa, Persópolis e Passárgada, terras onde possuía os fiéis considerados os “olhos e ouvidos” do rei, pois eram extremamente fiéis. Povo esse também importante nas relações mesopotâmicas. Agora vamos entrar na civilização que se destacou nesse período, a grande Meso- potâmia. Pronto(a) para nossa viagem? 30UNIDADE I História Antiga 30UNIDADE II O Estudo das Antigas Civilizações 2. A MESOPOTÂMIA Para falar da Mesopotâmia, temos que argumentar que ela foi composta por várias civilizações que se sucedem na região e ficaram conhecidas como civilizações mesopo- tâmicas; situavam-se onde, hoje, é o atual Iraque. Recebeu esse nome justamente por ficar entre os rios Tigre e Eufrates, ou seja, Mesopotâmia significa terra entre rios. Vale ressaltar que essa civilização foi basicamente o berço das primeiras civilizações do antigo oriente, abrangendo uma extensa região que passa pelo Irã, Síria e pelo golfo pérsico. A Mesopotâmia se difere do Egito pela relação com os rios, pois se o Nilo tem cheias altamente regulares, a Mesopotâmia é extremamente desuniforme, obrigando uma ação bem mais intensa e complexa em relação ao domínio dos rios através da irrigação. Assim, partimos de uma divisão geográfica da Mesopotâmia, classificando-a como Alta Mesopotâmia e Baixa Mesopotâmia. A Alta Mesopotâmia era formada por terras com muitas montanhas e menos férteis. Já a Baixa Mesopotâmia era formada por terras compostas por planícies, possuía solos em que ocorria transporte de minerais, extremamente férteis, com uma grande quantidade de água, promovendo em seus ha- bitantes a obrigatoriedade da criação de canais de irrigação e drenagem. Vale ressaltar que esse domínio do território foi um dos fatores para seu desenvolvimento precoce e de grande densidade demográfica. 31UNIDADE I História Antiga 31UNIDADE II O Estudo das Antigas Civilizações Destacamos ainda que a Baixa Mesopotâmia não tinha uma questão bem definida em relação à precipitação das chuvas, e isso provocava inundações; as cheias de seus rios eram irregulares, necessitando de grandes obras hidráulicas, esse desarranjo climático levou os primeiros povos mesopotâmicos, como os sumérios, a deixarem escritos com versões sobre o “dilúvio”, chamado de “Epopeia de Gilgamesh”. A seguir encontra-se um pequeno pedaço desse legado: Por seis dias e seis noites os ventos sopraram; enxurradas, inundações e torrentes assolaram o mundo; a tempestade e o dilúvio explodiam em fúria como dois exércitos em guerra. Na alvorada do sétimo dia o temporal vindo do sul amainou; os mares se acalmaram, o dilúvio serenou. Eu olhei a face do mundo e o silêncio imperava; toda a humanidade havia virado argila. A superfície do mar se estendia plana como um telhado. Eu abri uma janelinha e a luz bateu em meu rosto. Eu então me curvei, sentei e chorei. As lágrimas rolavam pois estávamos cercados por uma imensidade de água. Procurei em vão por um pedaço de terra. A quatorze léguas de distância, porém, surgiu uma montanha, e ali o barco encalhou (SIN-LEQI-UNNINNI, 2017, p. 82). Assim que conhecemos a Epopeia de Gilgamesh, somos levados a comparar com o dilúvio descrito pelo judaísmo em sua torá e pelos cristãos em sua bíblia, ou seja, podemos afirmar que a fertilidade do solo mesopotâmico e suas chuvas são coisas que deixaram marcas em todos os povos que ali passaram. A Mesopotâmia é a civilização pioneira da antiguidade e tem grandes diferenças en- tre o Egito antigo. Uma dessas diferenças citamos anteriormente, pois se aqui no crescente Fértil as chuvas são irregulares, no Egito antigo era bem definida em épocas de seca e de cheia. Já um dos fatores marcantes da Mesopotâmia que diferencia do Egito foi o papel do deserto, pois se era uma barreira natural para as invasões no território egípcio, na Mesopo- tâmia era uma passagem aos povos invasores, fazendo com que os povos mesopotâmicos desenvolvessem um aparato militar para proteção, formando, assim, grandes exércitos. Podemos afirmar, então, que essa sociedade militarizada promoveu uma sucessão de povos que formou a identidade mesopotâmica. Vamos conhecê-las? 2.1 Sumérios e Acádios Os Sumérios deram o pontapé inicial na história dessa região, pois foram os pio- neiros em desenvolver uma organização nesse território, eram oriundos da região do Irã e se fixaram na Baixa Mesopotâmia, fundando cidades importantes como Ur, Uruk, Lagash, Nipur entre outras. Buscaram desenvolver uma sociedade em que as terras eram consideradas dos deuses, para prover o sustento dos homens e, em troca, eles deveriam servir aos deuses. Essa é a explicação das grandes construções conhecidas como “Zigurates”, que eram 32UNIDADE I História Antiga 32UNIDADE II O Estudo das Antigas Civilizações grandes templos religiosos, onde os deuses ficavam sempre que desciam à Terra. Claro que o acesso era restrito aos homens capazes de ter contato direto com os deuses. Assim, esses homens passaram a ter um domínio total da população, estruturando um governo ligado à religião, tal como vimos na transição da pré-história para antiguidade, no final da primeira unidade. Podemos afirmar uma outra diferença entre os egípcios, pois, se o faraó no Egito era visto como um deus vivo, os sumérios apresentavam o chamado Patesi ou Ensi, que era o representante, o interlocutor dos deuses com os homens. Com o domínio religioso ficou fácil o desenvolvimento da agricultura e do comércio pelos sumérios, os forçando a tentar controlar todo o processo, enfim desenvolvendo a pri- meira escrita conhecida no mundo, a chamada escrita cuneiforme. Esse nome foi dado por cunhar a escrita em tabuletas de argila, facilitando os registos, os cálculos e as transações co- merciais. Ainda sobre a importância da escrita cuneiforme, Jaime Pinsky (2011, p. 55) afirma: A complexidade e a objetividade das relações econômicas que se estabele- cem, decorrentes de sua amplitude em termos de espaço e tempo, vão exigir cálculos precisose anotações claras, enfim, registros inteligíveis não apenas para quem os fazia como para outros participantes ou coordenadores do pro- jeto comum. Ainda sobre a escrita cuneiforme: [...] os primeiros símbolos são praticamente auto-explicativos, são pictogra- mas. A escrita pictográfica não se constitui, contudo, numa exaustiva repro- dução naturalista do objeto a ser representado; para falar de boi, não havia necessidade de mostrar seus pelos ou seus cascos ou o comprimento exato da cauda. bastava traçar sua figura de forma esquemática para se saber a que se queria referir. De início, essa simplificação encontrava vários caminhos: para um bastava re- presentar a cabeça de boi para saber do que se tratava; para outro seria melhor rascunhar o conjunto do seu corpo e assim por diante. Aos poucos, convencio- nalmente, decidia-se por uma das versões ou pela síntese de algumas delas, de acordo com o interesse e o consenso do grupo (PINSK, 2011, p. 56). Vale ressaltar que, com o desenvolvimento da escrita e de suas cidades, houve uma disputa entre elas, que favoreceu um povo de origem semita, conhecido como Acádios. Os Acádios têm como grande nome o rei Sargão I, que unificou a Mesopotâmia no período e proclamou-se “O Rei dos quatro cantos da Terra”, apesar de ser uma frase exagerada. Sargão I criou um império na região, adotando a absorção da cultura suméria e utilizando-se da escrita cuneiforme. Vale ressaltar que ele enfrentou várias revoltas inter- nas, não conseguindo uma estabilidade governamental e, com isso, abriu espaço para o domínio Babilônico. 33UNIDADE I História Antiga 33UNIDADE II O Estudo das Antigas Civilizações 2.2 Amoritas ou Império Babilônico I A invasão mais importante da região mesopotâmica, que destruiu os assírios, foi a do povo amorita, de origem semita, que implantaram sua capital na cidade de Babel, também chamada de Babilônia. Vale ressaltar que os amoritas eram um povo guerreiro e lutaram em toda a Mesopotâmia para que ocorresse um domínio total. Foi o famoso rei Hamurabi que conseguiu esse domínio que se estendia da Caldeia até a Assíria. Por que será que Hamurabi se tornou famoso? Você já ouviu esse nome? O rei Hamurabi instituiu algo muito inovador para o período e para a história, pois criou o primeiro código de leis escritas do mundo. Uma vez que a escrita cuneiforme foi absorvida, o rei Hamurabi utilizou-se dela para desenvolver e espalhar suas regras. Vale ressaltar que esse código foi escrito em colunas, 3600 linhas e trazia 282 cláusulas ba- seadas na lei do Talião, ou seja, “olho por olho e dente por dente”. Assim, chegamos à conclusão de que a punição seria equivalente ao ato cometido pela pessoa, respeitando a posição social na sociedade babilônica. Artigo 200: Se um homem arrancou um dente de um outro homem livre igual a ele, arrancarão o seu dente. Artigo 201: Se ele arrancou o dente de um homem vulgar pagará um terço de uma mina de prata. Artigo 202: Se um homem agrediu a face de um outro homem que lhe é supe- rior, será golpeado sessenta vezes diante da assembleia com um chicote de couro de boi (VICENTINO, 2001, p. 47). Mas qual foi a inovação de tal código? Será que não existiam essas regras/leis antes de Hamurabi? Para responder essas perguntas, Pinsk (2011, p. 62) afirma: De início, imaginou-se estar diante de um grande legislador, autor de uma série de leis básicas para o mundo civilizado, novas e até revolucionárias. Seu código, a partir do momento de sua divulgação, há 37 séculos, vem merecendo sucessivas reedições em todas as línguas civilizadas. Depois, verificou-se que Hamurábi não criará novas leis e que seu código não era propriamente inovador, já que revelava apenas práticas sociais co- muns, encontradas em documentos de outros povos da região. E passou-se a minimizar sua importância. Um ponto muito importante sobre esse código é que, apesar de decifrado, preci- samos estudá-lo cada vez mais, pois seu achado é relativamente novo. O código só foi descoberto em 1901, pela expedição de Jacques de Morgan na região que corresponde ao Irã. Hoje, se encontra exposto no museu do Louvre na França. O rei Hamurabi trouxe desenvolvimento para a região mesopotâmica, pois, com seu código e com a capital definida, temos uma Babilônia exemplar, que se tornou um grande centro comercial e cultural do povo ali existente. A concentração humana era muito grande para o período, havia adorações ao deus Marduk e visitações ao gigantesco zigura- te, conhecido como torre de Babel – a tentativa do homem chegar ao céu. A morte de Hamurabi trouxe a desestruturação política e grandes revoltas internas, que abriram espaço para novas invasões e domínio dos assírios. 34UNIDADE I História Antiga 34UNIDADE II O Estudo das Antigas Civilizações 2.3 Os Assírios Os Assírios transformaram a cidade de Assur na nova capital, absorvendo uma grande quantidade de madeira, ferro, cobre e retomaram a caça e a agricultura, mantendo uma estrutura militar e tornando a Mesopotâmia um estado militarista de dominação. Foi o povo que tornou ou criou o primeiro exército organizado da Mesopotâmia, pois trazia para si agrupamentos dentro do exército, como o grupo dos carros de guerra, cavalaria, infantaria, divisões de armas de arremesso entre outros. Assim, os Assírios dominavam pelo medo e pelo terror, não tinham piedade dos povos conquistados, sendo considerados ferozes. O apogeu dos Assírios ocorreu no governo de Senaqueribe, que transferiu a capital para a cidade de Nínive e, posteriormente, o rei Assurbanipal, que conquistou o Egito e criou a famosa biblioteca de Nínive, com muitas obras, acervos de toda a cultura mesopotâ- mica. Vale ressaltar que com a morte de Assurbanipal, houve disputas internas que abriram espaço para dominação dos Caldeus. 2.4 Os Caldeus ou Império Babilônico II Temos a ascensão dos Caldeus, povo de origem semita, que, percebendo o colapso dos Assírios, se organizou e trouxe novamente o império babilônico sob a liderança do rei Nabucodonosor, que aparece algumas vezes na bíblia cristã. Esse rei dominou o reino de Judá e levou muitos escravos para a Babilônia, o famoso “cativeiro da Babilônia”. O grande Nabucodonosor fez obras gigantescas, como os chamados jardins suspensos da Babilônia, além da criação de terraços para praticar a agricultura. Vale ressaltar que os jardins suspensos possuíam uma grande diversidade de plantas em toda sua extensão. Não é possível afirmar com exatidão sua existência, pois os únicos vestígios encontrados sobre ele são de origem escrita, deixando dúvidas arqueoló- gicas até os dias atuais. O fim do segundo império babilônico ocorreu quando tivemos a morte de Nabuco- donosor e seu filho, que herdou seu lugar, fez um governo fracassado, entrando em declínio e abrindo espaço para invasão do Persas, liderados pelo rei Ciro. 35UNIDADE I História Antiga 35UNIDADE II O Estudo das Antigas Civilizações 3. O EGITO ANTIGO Com a revolução Neolítica percebemos que o processo de sedentarização dos homens começou principalmente às margens dos rios. O Rio Nilo absorveu uma grande concentração humana em suas margens, tornando sua população dependente. Vale res- saltar que o “pai da história”, como é conhecido o historiador grego Heródoto, afirmava que “o Egito é uma dádiva do Nilo”, ou seja, o Egito só existe devido à abundância das águas do Nilo, pois suas cheias proporcionaram áreas férteis para a agricultura, além do rio ser gigantesco, com mais de 1200 quilômetros, facilitando o transporte de excedente para comercialização. Vale ressaltar que as cheias geraram uma área de aproximadamente 20 quilômetros de largura, em que, em período de seca, com os húmus ali depositados, se praticava a agricultura. Podemos destacar ainda que a regularidade das cheias do Nilo favoreceu seu domínio pelo homem, pois ali foram criados canais de irrigação, facilitando a agricultura e o povoamento da região. Opovoamento do Egito antigo começou antes mesmo do fim da revolução neolítica, pois povos de origem hamita já habitavam a região, criando as primeiras aldeias neolíticas que foram crescendo e se tornando o que, na história, chamamos de nomos, que eram nada mais que a primeira forma de organização centralizada, pois ocorre a união de várias aldeias na região que era governada pelo nomarca. 36UNIDADE I História Antiga 36UNIDADE II O Estudo das Antigas Civilizações Com o desenvolvimento da agricultura e o aumento populacional, tivemos o sur- gimento dos primeiros grandes grupos humanos, dando origem às primeiras cidades que já possuíam uma espécie de divisão de trabalho e controle do excedente da produção agrícola, exigindo, então, um maior controle sobre o Nilo e sobre suas margens, ocorrendo, assim, a centralização do poder. Vale ressaltar que tivemos os primeiros reinos, conhecidos como o Alto Egito, ao sul, e o Baixo Egito, ao norte. A divisão entre os reinos do Alto e Baixo Egito terminam quando o rei do Alto Egito, chamado Menés, conquistou o Baixo e unificou a região, se tornando o primeiro Faraó do Egito. Com isso, ele passou a ter todo o poder administrativo e divino, pois o faraó passou a ser considerado uma divindade na terra. O faraó exercia um poder considerado despótico, acumulando todo o poder em suas mãos. Em torno do faraó temos uma grande burocracia, repleta de escribas, funcionários e sacerdotes, aumentando ainda mais a divindade citada, pois o faraó passou a ser consi- derado um deus vivo, que dominava cada vez mais a população através das gigantescas obras. Vale ressaltar que o faraó tinha um papel importantíssimo na organização do estado, ele controlava praticamente tudo. Segundo Kemp (2003, p. 73), Em última instância, os dogmas serviam para reforçar o processo histórico através do qual uma autoridade central apareceu para exercer seu controle sobre uma rede há muito estabelecida de política de comunidades, e era continuamente reforçada nas províncias pelo ritual e iconografia do ritual que fizeram, por exemplo, do rei o responsável pelas cerimônias nos templos pro- vinciais. Os egípcios acreditavam que o faraó era uma divindade encarnada, que era des- cendente direto do deus Amon-Rá e, ao mesmo tempo, encarnação de Hórus, ou seja, era a junção do deus-sol e do deus falcão. Percebemos esse poder na citação a seguir: Levantai vossas faces, ó deuses que estão no outro mundo, porque o rei veio para vós possais vê-lo, ele se tornou o grande deus. O Rei é anunciado] com temor, o rei é vestido. Guardai-vos, todos, porque o rei governa os homens, o Rei julga os vivos no domínio de Rá, o Rei fala a sua região pura à qual fez sua morada com aquele que julgou entre os dois deuses. O rei tem poder em sua cabeça, o rei porta o seu cetro e Thot mostra respeito pelo rei. O Rei senta com aqueles que remam a barca de Rá, o rei ordena o que é bom e Rá o faz, porque o Rei é o grande deus (FAULKNER, 1969, p. 252). Ainda sobre o poder do faraó, podemos afirmar que sua divindade ajudava a domi- nar todo o povo, assim como explana Gralha (2002, p. 173): Como a religião permeava toda a sociedade egípcia, a legitimidade garanti- da através da esfera divina deveria ser o primeiro passo para a consecução do projeto político-religioso do rei. Tal legitimidade seria alcançada pelo de- senvolvimento da parte divina da natureza dual do monarca, entendendo os egípcios tal natureza ao mesmo tempo divina e humana, e pelo estreitamento da relação do faraó com o deus (neste caso, uma divindade dinástica com atributos de deus primordial), e que tal abrangência estivesse presente em todo o reino. Para exemplificar melhor o desenvolvimento do Egito antigo, dividimos sua história em impérios, começando pelo antigo, passando pelo médio e novo império. Vamos conhecê-los? 37UNIDADE I História Antiga 37UNIDADE II O Estudo das Antigas Civilizações 3.1 O Antigo Império O antigo império ocorre entre 3200 a 2300 a.C., para ser mais exato, com a unifica- ção proporcionada por Menés, pois ele criou uma burocracia e a ideia de divindade faraônica, assumindo todo o papel de liderança. Logo após, ele mudou a capital para Tinis, por isso alguns historiadores classificam esse período como Tinita, mas depois temos outra cidade chamada de Mênfis, também chamado de período Menfita. Vale ressaltar que foi nesse pe- ríodo que ocorreu a construção das três pirâmides de Gizé, chamadas de Quéfren, Queóps e Miquerinos, que simbolizavam o grande poder faraônico e sua ligação com os deuses. Foi nesse período que os egípcios começaram a comercializar com outras regiões e graças à burocracia formada passou-se a ter uma arrecadação de impostos, que susten- tava o Estado, conseguindo renda para construção de projetos de irrigação e, até mesmo, das pirâmides citadas. Essas construções conhecidas como pirâmides eram monumentos que tinham a função de túmulo dos faraós e seus subalternos próximos. Resumidamente, podemos afirmar sobre o Antigo Império que Durante o Reino Antigo, o Egito experimentou um longo e ininterrupto pe- ríodo de prosperidade econômica e estabilidade política, como continuação do Período Pré-Dinástico. O país rapidamente cresceu em um Estado cen- tralizado governado por um rei que se acreditava estar dotado com poderes sobrenaturais. Era administrado por uma elite letrada selecionada, ao menos em parte, por mérito. O Egito atingiu quase que uma completa autossuficiên- cia e segurança em suas fronteiras naturais; nenhum rival externo ameaçou seu domínio no nordeste da África e nas áreas imediatamente adjacentes da Ásia Ocidental. Avanços nas ideias religiosas foram refletidos nas estupen- das conquistas na arte e arquitetura (MÁLEK, 2003, p. 84). 3.2 O Médio Império O médio império foi um período em que os poderes do faraó não foram debatidos e a unidade política foi fortalecida. Houve uma nova capital chamada de Tebas, em que os faraós da XII dinastia ordenaram a construção de novas obras de irrigação, aumentando a área agricultável no Egito, desenvolvendo e trazendo prosperidade para o império. O professor Arnoldo Walter Doberstein (2010), da PUC do Rio Grande do Sul, aponta que o Médio Império foi um período de evolução artística, um período em que se desenvolveram muitas tumbas do Vale dos Reis. Ocorreu também a construção de grandes templos, além de contatos com povos como os hebreus, fenícios entre outros. Foi nesse período que ocorreu a invasão dos hicsos, oriundos da Ásia menor, fa- zendo com que os egípcios fossem dominados, pela primeira vez, por povos estrangeiros. Isso se deu principalmente pelo desenvolvimento militar dos hicsos, que utilizavam cavalos, carros de guerra e armas de ferro, instrumentos inovadores para toda região do Nilo. Assim, o Médio Império chega ao fim por sua instabilidade e a invasão dos guerreiros hicsos. 38UNIDADE I História Antiga 38UNIDADE II O Estudo das Antigas Civilizações 3.3 O Novo Império Logo após a invasão dos hicsos, os egípcios começaram e se organizar e a criar uma espécie de sentimento nacionalista e principalmente militarista, isso sob a liderança de faraó Amósis I, que organizou o exército e recuperou o território, fazendo o Egito ser ainda mais respeitado. Vale ressaltar que a confirmação dessa liderança vem logo a seguir, com a escravização dos hebreus, que conseguiram sua liberdade muitos anos depois através do episódio, conhecido hoje em dia como êxodo. O Novo Império nada mais é que o período em que ocorreu o auge do Egito antigo, pois o faraó Tutmés III conseguiu a maior expansão territorial dos egípcios, chegando até a Mesopotâmia, bem às margens do rio Eufrates. Vale ressaltar que a expansão é aumentada por Ramsés II, com a conquista do território palestino. Com tanta força militar, os egípcios acumularam cada vez mais riquezas, podendo construir os extraordinários templos de Luxor e Karnac. Infelizmente o império começa a decair com amorte de Ramsés II, pois os conflitos internos aumentaram, enfraquecendo cada vez mais a centralização do poder egípcio, abrindo espaço para seu término. 39UNIDADE I História Antiga 39UNIDADE II O Estudo das Antigas Civilizações SAIBA MAIS Religião no Egito antigo Você sabia que a religião no Egito Antigo era politeísta, ou seja, cultuavam vários deu- ses com funções diferentes na sociedade? Os deuses egípcios tinham muita coisa em comum com os humanos, pois, além de nomes, eles tinham sentimentos, desejos e vontades. Apesar dessas coisas comuns a todos os deuses, eles tinham características próprias, desde corpo humano e, na maio- ria das vezes, cabeças de animais, mas poderiam ser também totalmente humanos ou inteiramente animais. Tinham poderes extremamente fortes, como exemplo: as lágrimas derramadas por eles poderiam gerar homens, minerais entre outros. Conheça os principais deuses egípcios e seus significados acessando o link: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/quais-sa%CC%83o-os-principais-deuses-e- gipcios/ REFLITA “As águas do Nilo provêm do Nilo azul, que nasce nas terras altas da etiópia, e do Nilo branco, que se divide num emaranhado de regatos no Sudão meridional e se origina no lago vitória, no centro da África […] no Egito a água do Nilo alcançava o nível mais bai- xo de abril a junho. já em julho o nível subia e a inundação começava normalmente em agosto, cobrindo a maior parte do vale desde aproximadamente meados de agosto até o final de setembro, lavando os sais do chão e depositando um estrato de sedimentos que crescia a um ritmo de vários centímetros por século. depois que o nível da água baixava, eram semeados os plantios principais em outubro e novembro, que, segundo a espécie, amadureciam de janeiro a abril.” Fonte: Baines e Malik (2008) On line. 40UNIDADE I História Antiga 40UNIDADE II O Estudo das Antigas Civilizações CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro(a) acadêmico(a), chegamos ao final da Unidade II. No decorrer dela contem- plamos diversas temáticas sobre as mais remotas civilizações da antiguidade e, para que isso ocorresse, fizemos uma introdução histórica, abordando algumas civilizações que nor- teiam a antiguidade. Você consegue se lembrar? Espero que nesse momento do processo de ensino/aprendizagem você esteja encantado(a) e fascinado(a), sabendo um pouco mais sobre as antigas civilizações. Se lembra quais nós estudamos? Espero que sim. Que bom foi conhecer um pouco das antigas civilizações, como a persa, a hebraica entre outras. Entendemos, através dessas civilizações, a transição da pré-história que estudamos na primeira unidade e sua ligação para a Mesopotâmia e o Egito. Anseio que nosso foco principal de estudo, a Mesopotâmia e o Egito, foram sur- preendentes para você, pois abordamos o aparecimento da primeira escrita conhecida no mundo, a cuneiforme, e passamos pelo primeiro código de leis escrita do mundo, o código de Hamurabi, baseado na lei do talião (olho por olho, dente por dente), passando pela sucessão de povos que formaram a Mesopotâmia. Por fim, abordamos um pouco do Egito antigo, conhecendo sua divisão histórica, a sociedade, a economia e a cultura. Enfim, foi gratificante conhecer essas incríveis civilizações. Nos vemos na próxima unidade. Obrigado! 41UNIDADE I História Antiga 41UNIDADE II O Estudo das Antigas Civilizações WEB DOBERSTEIN, A. W. O Egito antigo. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2010. Disponível em: http://www.pucrs.br/edipucrs/oegitoantigo.pdf. Acesso em: 20 ago. 2021. http://www.pucrs.br/edipucrs/oegitoantigo.pdf 42UNIDADE I História Antiga 42UNIDADE II O Estudo das Antigas Civilizações MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Babilônia: A mesopotâmia e o nascimento da civilização Autor: Paul Kriwaczek Editora: Zahar Edição: 1ª Sinopse: Em Babilônia, Paul Kriwaczek conta a história da antiga Mesopotâmia, desde as primeiras povoações, em torno de 5400 a.C., até a chegada dos persas no século VI a.C. O autor faz a crônica da ascensão e queda do reino babilônico durante esse período e analisa suas numerosas inovações materiais, sociais e culturais. O povo da Mesopotâmia lançou as bases do que hoje conhecemos como civilização – com o nascimento da escrita, do estado centralizado, da divisão do trabalho, da religião organizada, da matemática e da lei, entre muitas outras coisas fundamentais que nos servem até hoje. Nas cidades que construíram se desen- rolou metade da história humana. No cerne da magistral narrativa de Kriwaczek está a glória da Babilônia ― “o portal dos deuses” ―, que teve seu apogeu no reinado do soberano amorita Hamurá- bi, que unificou a cidade entre 1800 e 1750 a.C. Embora o poder babilônico viesse a crescer e depois declinar nos séculos seguin- tes, a Babilônia preservou sua importância como centro cultural, religioso e político por mais de 4 mil anos. LIVRO 2 Título: A mesopotâmia Autor: Marcelo Rede Editora: Saraiva Sinopse: Utilizando documentos escritos e arqueológicos, o reno- mado professor Marcelo Rede reconstrói a trajetória e o cotidiano dos povos da antiga Mesopotâmia. O mundo dos sumérios, babi- lônios e assírios revela-se ao leitor, que acompanha a formação social e econômica, as relações políticas, a cultura e o modo de vida desses povos, num texto fascinante e acessível. 43UNIDADE I História Antiga 43UNIDADE II O Estudo das Antigas Civilizações LIVRO 3 Título: História do Egito Antigo Autor: Nicolas Grimal Editora: Forense Uni Profissional Edição: 1ª Sinopse: Escrever uma História do Egito dos faraós não apresen- ta mais, nos nossos dias, o aspecto aventureiro que tal tentativa ainda conservava na virada do século XX. Diante dos progressos técnicos, novos métodos de trabalho provocaram a mudança do pensamento dos pesquisadores, e surgiu a ideia de que um caco de cerâmica pode ter um peso tão grande no entender um fato quanto um grão de pólen ou um fragmento de papiro. A partir desta multiplicação das fontes, o historiador vê-se obrigado a abrir seu método a diversas disciplinas. FILME / VÍDEO Título: Babilônia - Passado, Presente e Futuro Ano: 1996 Diretor: Linda Scobee Roteirista: Linda Scobee Sinopse: A história e as profecias bíblicas apresentam a Babi- lônia como uma potência social, econômica e religiosa. A Bíblia apresenta a Babilônia como uma mulher cavalgando uma besta com 7 cabeças e 10 chifres. A Babilônia tem fascinado incontáveis pessoas através dos séculos e sua história é importante para os cristãos, hoje. Descubra o fio que liga o presente ao passado da Babilônia. FILME / VÍDEO 2 Título: As 10 Maiores Descobertas Do Egito Antigo Ano: 2007 Diretor: Ben Mole Sinopse: Durante mais de 200 anos, o Egito abrigou os maiores descobrimentos do mundo. O Egito na História é um especial de 90 minutos que transporta os telespectadores até o mundo da ar- queologia moderna e das análises científicas para descobrir seus incríveis e inexplorados segredos. Acompanhado por uma equipe de importantes cientistas, o prestigiado arqueólogo Zahi Hawass viaja por todo o país, guiando os telespectadores pelas histórias de dez importantes descobrimentos: desde o barco solar de Khufu até o Obelisco inacabado. Juntamente com estas construções im- pressionantes, as batalhas, a religião e a magia revelam exóticas e complexas histórias sobre a vida de reis, rainhas e de milhares de egípcios comuns, decifrando suas extraordinárias conquistas. Ao longo desta jornada, os especialistas do programa descobrem as pessoas que desenvolveram grande parte da arquitetura, crenças e disciplinas que regulam o mundo moderno 44UNIDADE I História Antiga 44UNIDADE II O Estudo das Antigas Civilizações FILME / VÍDEO Título: Os Grandes Egípcios Ano: 1998 Diretor: Peter Spry-Leverton Sinopse: Exibida pelo Discovery Civilization, do Discovery Channel, a série documental Os Grandes Egípcios, narrada pelo egiptólogo Bob Brier, desvenda mistérios e esclarece equívocos, apontando novas descobertas sobre a verdadeirahistória das personalidades mais notáveis do Antigo Egito. Dividida em 6 Episódios: 1º E.: Rei das Pirâmides (King of the Pyramids): Sneferu, cujo nome não é amplamente reconhecido, mas a contribuição para a cultura egípcia e mundial é a mais duradoura, foi o faraó que deu ao mundo as pirâmides. O egiptólogo Bob Brier mostra como essas grandes rea- lizações arquitetônicas foram construídas e que obstáculos tiveram de ser superados para tal feito. Abordando segredos e discussões acerca dos simbolismos desses magníficos monumentos em uma visita dentro de uma das pirâmides do Sneferu para explorar seus conceitos, agitando história. 2º E.: A Verdadeira Cleópatra (The Real Cleópatra): Como uma grega, sem uma gota de sangue egípcio, se tornou um dos mais importantes egípcios de todos os tempos? Uma volta a Alexandre, o Grande, que estabeleceu a dinastia ptolomaica do Egito, onde Cleópatra nasceu. Explorando a verdadeira fonte do poder sedutor e inteligência dessa grande mulher, simbolizada pela restauração de sua magnífica biblioteca de Alexandria. Seu papel como governante, mãe e consorte são examinados, revelando uma mulher muito diferente de sua reputação como cruel e promíscua. Revivendo seus finais, dramáticos dias após a derrota de Marco Antônio, em Actium, e descobrindo sua influência duradoura sobre o Império Romano. 3º E.: O Mistério de Tutankamon (The Mystery of Tutankhamen): O nome do faraó mais famoso que a rei Tut, o garoto rei, que só viveu até os 20 anos de idade. Os tesouros de seu túmulo foram exibidos em todo o mundo. O egiptólogo Bob Brier investiga o mistério que envolve a morte prematura do jovem rei. Ele foi vítima de uma trama de assassinato? E o que dizer da misteriosa morte de sua jovem viúva e o rei hitita, a quem posteriormente se tornou noivo? Sua história é contada por meio de dramatizações. 4º E.: A Rainha que foi Rei (The Queen who Would be King): Primeira e única mulher a se tornar faraó, posição mais poderosa no Egito Antigo, dominada apenas por homens através da sucessão heredi- tária. Hatshepsut (c. 1479 a.C. - 1458 a.C.), da XVIII Dinastia, após a morte de seu pai, Tutmés I, se casou, aos 12 anos de idade, com seu meio-irmão, Tutmés II; seguindo um costume que existia no Antigo Egito, em que membros da família real deveriam casar entre si. Após Tutmés II falecer, segundo a hierarquia egípcia, apenas seu filho poderia sucedê-lo, no caso, Tutmés III, gerado com uma de suas concubinas. Como o sucessor ainda era uma criança, Hatshepsut, em uma atitude ousada e inédita, assume o poder. Anos após a sua posse decide ser faraó e governar em seu direito até o fim de sua vida. Seu reinado durou cerca de vinte anos, sendo um dos mais prósperos. O egiptólogo Bob Brier explica porque a soberana rainha-faraó teve sua história vinda à tona apenas recentemente, expondo uma conspiração que tentou apagar das gerações futuras sua notável existência. 5º E.: Akhenaton - O Faraó Rebelde (Akhe- naton - The Rebel Pharaoh): O faraó mais radical da história egípcia, Akhenaten, era um visionário e revolucionário. Nascido Amenhotep IV, mudou seu nome para Akhenaton para refletir sua crença em Aten, como um deus monoteísta, rejeitando a tradição politeísta do Egito. Também foi um artista, que rompeu com as formas de arte do passado, criando esculturas e pinturas estilizadas.6º E.: Ramsés, O Grande (Ramses the Great): Ramsés, o faraó que ficou conhecido por sua longevidade, governou o Egito por 67 anos. Mas fez muito mais do que sentar-se no trono há mais de seis décadas e gerar mais de 200 crianças. Algumas das grandes realizações arquitetô- nicas do Egito eram a visão de Ramsés. Um guerreiro de renome, exemplificado pela derrota das forças hititas superiores, em Cades. Mas há uma derrota pela qual é lembrado, evidências históricas e arqueológicas apontam que Ramsés perdeu a batalha com Moisés, liderado pelo Deus dos israelitas. 45 Plano de Estudo: ● A Grécia; ● A Grécia Antiga. Objetivos da Aprendizagem: ● Conhecer a Grécia Antiga; ● Conhecer os períodos da história grega: Pré-Homérico; ● Conhecer os períodos da história grega: Homérico; ● Conhecer os períodos da história grega: Arcaico; ● Conhecer os períodos da história grega: Clássico; ● Conhecer os períodos da história grega: Helenístico. UNIDADE III O Mundo Grego Professor Esp. Cleber Henrique Sanitá Kojo 46UNIDADE III O Mundo Grego INTRODUÇÃO Seja muito bem-vindo(a)! Prezado(a) educando(a), é com muita alegria que iniciamos uma nova etapa em nossos estudos. Espero que esteja entusiasmado(a) com tudo que vimos até o momento em nossa disciplina de História Antiga. Até agora passamos pela pré-história e seguimos pelas primeiras civilizações da antiguidade, percebendo que todas eram de origem ribeirinha, desde os judeus, chineses, mesopotâmicos e egípcios. A partir de agora iniciamos uma nova viagem histórica, começando os estudos com os povos que são considerados o berço de nossa civilização atual. Vale ressaltar que, nesse caminho repleto de conhecimento, vamos saborear poemas que narram a história da primeira civilização que vamos estudar, ou seja, a grande Grécia Antiga. Talvez você se pergunte quais são esses poemas e qual sua importância. Espero que você compreenda o desenrolar dessas civilizações e seu desenvolvimento ribeirinho. Iniciaremos uma jornada nessa maravilhosa civilização, conhecendo os períodos que a formaram, desde o período Homérico até o período de dominação macedônica, ou seja, o hele- nístico, que traz um dos personagens mais importantes da história, chamado de “O Grande”. Nessa unidade vamos saborear a importância da democracia grega e comparar ao nosso dia-a-dia. Vamos entender que muita coisa que fazemos hoje, que faz parte de nossa civilização, teve origem nesse povo repleto de história. Abordaremos um pouco de sua sociedade, economia e cultura, trazendo os principais conflitos desse povo e seu resultado. Por fim, desejo que esta unidade possa fortalecer seu desenvolvimento educacional e que você entenda tudo que nos cerca em relação à sociedade e cultura, pois é de extrema importância a relação do ontem e o hoje. Muito obrigado e bom estudo! 47UNIDADE III O Mundo Grego 1. A GRÉCIA É importante relatar que trazemos dentro de nós um conhecimento prévio sobre esse povo, pois sempre ao redor de nossa história, temos algo que vem da Grécia antiga. Quando falamos sobre, logo de imediato, vem em nossa cabeça o termo “berço de nossa civilização” e esse termo nos traz vários significados. O mais importante é o que vem com ela, ou seja, a ideia de influência em nossa formação como sociedade. Vale ressaltar que a ideia de “Grécia” como unidade territorial vem com o renasci- mento artístico e cultural. Esse movimento é uma tentativa de resgate à cultura greco-roma- na, ou seja, queriam resgatar a forma de pensamento e de organização social que norteia a partir daí nosso mundo moderno. Se é conhecido que a ideia de Grécia como unidade é moderna, como devemos chamá-los em nossos estudos? Já que não conheciam a ideia de estado único, vamos chamá-los de mundo grego. Isso baseado na afirmação Finley (1985), que aponta enfati- camente que os gregos nunca tentaram criar uma noção de nação. Então, usaremos esse termo, simplesmente por uma adequação pedagógica, pois podemos chamar de Grécia antiga sem problema algum. Vamos prosseguir nossos estudos falando da geografia do mundo grego, que tem um território que se prolonga do sul da península Balcânica até as ilhas dos mares Jônio e Egeu. Vale destacar que o território dos gregos era composto por regiões peninsulares e de território não muito favorável à agricultura, além do clima que era considerado árido em relação ao resto da Europa. 48UNIDADE III O Mundo Grego Assim, a posição geográfica favorável em relação aos demais povos, aliada à ques- tão peninsular e à dificuldade da prática da agricultura, levou o mundo grego a produzirtécnicas para o desenvolvimento de portos e aventuras no mundo marítimo. Segundo Funari, (2002), o mundo grego também é uma das sociedades pioneiras oriundas da pré-história e tiveram uma longa duração até o aparecimento dos gregos. Estabelecimentos neolíticos existiam desde 4500 a.C., fundada por popu- lações originárias ou influenciadas pelo Oriente Próximo asiático que foram evoluindo e, entre 3000-2600 a.C., já constituíam organizações monárquicas e desenvolviam, por meio de instrumentos primitivos, uma economia agrícola e pastoril. A invasão de povos vindos da Anatólia trouxe novas técnicas à re- gião (início da Idade do Bronze), assim como conhecimentos adquiridos em contatos anteriores com outros povos, em especial orientais: continuou-se a prática pastoril e agrícola, agora com a utilização do arado, e o comércio no Mediterrâneo oriental ampliou-se. Entre os anatólios, predominava a organi- zação monárquica forte em reinos independentes, com a existência de palá- cios em algumas cidades mais importantes. Entretanto, no fim do segundo milênio, entre 2000 e 1950 a.C., a civilização anatólica da Hélade entra em declínio devido à chegada de povos que falavam um grego primitivo, apa- recendo, pela primeira vez, os gregos na história daquela região (FUNARI, 2002, p. 14). No entanto, você pode se perguntar onde encontrar fontes históricas datadas para contar, descrever e desvendar a história dos gregos. Mesmo com a exemplificação de Fu- nari (2002) sobre a origem dos gregos desde a pré-história, devemos buscar outras fontes que narram o legado desse povo. Assim, podemos construir a história do mundo grego. Mas quais são essas fontes? Temos grandes achados arqueológicos em particular que narram a origem do mundo grego. Para ser exato, duas obras magníficas, atribuídas ao poeta Homero, a Ilíada e a Odisséia. O poema Ilíada vem da palavra Ilion, que significa Tróia no vocabulário grego, ou seja, narra a guerra de Tróia. Já a Odisseia vem de Ulisses, também conhecido como Odisseu, e narra o retorno para casa do herói da guerra de Tróia. Mas o que podemos tirar de história dos poemas Ilíada e Odisseia? Através delas podemos entender toda a história inicial dos gregos, desde suas vestes, alimentação, cultura, socie- dade entre outros. Podemos afirmar que a importância dos poemas foi de uma imensidão para a história dos gregos, por isso, para facilitar o estudo do mundo grego, utiliza-se o poeta Ho- mero como o marco inicial para o aprendizado de sua história. Com isso, temos, então, os períodos históricos marcados como: Pré-homérico, Homérico, Arcaico, Clássico e o período de dominação Macedônica, conhecido como Helenístico. Vamos iniciar nossa viagem sobre o período pré-homérico. Preparado(a)? 49UNIDADE IV Roma Antiga 1.1 Período Pré-Homérico (século XX a.C. ao século XII a.C.) As nações que iniciaram o povoamento do mundo grego ficaram conhecidos como pelágios ou pelasgos, isso porque os termos citados vêm do grego e significam “ligados ao mar”. Confirmando esses termos no trecho de Arruda (1993, p. 52): “Nesse processo de ocupação, assimilaram povos mais antigos existentes na Grécia, os pelágios ou pelasgos, de origem desconhecida”. No início eles eram coletores, praticavam a agricultura rudimentar e a pesca em si, passando pela exploração do mar para completar sua subsistência. Com a expansão eco- nômica e o domínio sobre o mar, um desses povos se destacou criando uma organização política que fez com que dominassem os outros povos nativos, nascendo, assim, o que Chamamos de civilização cretense. Segundo Funari (2002, p. 15), muitos outros aspectos existiram para o domínio dos cretenses sobre os outros povos, pois A civilização cretense origina-se no final do terceiro milênio antes de Cristo e em 1800 a.C. já havia construído grandes palácios com depósitos monu- mentais de alimentos e arquivos contábeis. Os cretenses mantinham muitos contatos com o Egito faraônico, o que foi muito importante para a difusão da cultura egípcia no Mediterrâneo oriental. A escrita cretense, hieroglífica, com- punha-se de sinais que marcavam sílabas, mas a língua usada pelos creten- ses ainda não foi decifrada pelos pesquisadores até hoje, o que deixa muitas perguntas no ar. Sabe-se que a principal cidade de Creta, Cnossos, era um centro administrativo monumental. Creta foi a diretriz da região da Grécia na época do Bronze. Em meados do segundo milênio, Creta conheceu o apogeu da chamada Talassocrassia minoense, ou seja, o poder marítimo de Creta influenciava toda a região. Com a afirmação de Funari (2002) podemos destacar que a civilização cretense cresceu dedicando-se ao comércio e ao intenso artesanato que desenvolvia, ajudando o comércio. Vale destacar ainda que a palavra Talassocrassia deriva do termo grego “talas- sos”, que significa mar, ou seja, reforça o poder dos cretenses sobre os demais povos. A civilização cretense era muito organizada e esse mérito pode ser atribuído ao rei Minos, que incentivou cada vez mais o comércio, se destacando também pela criação da capital na cidade do Cnossos e da construção do palácio gigantesco de Cnossos. O palácio de Cnossos construído pelo rei Minos despertou um fascínio nos gregos, fazendo nascer lendas como a do “Minotauro e seu labirinto (no caso, o enorme palácio de cnossos)”. Funari (2002, p. 15) descreveu a lenda da seguinte forma: Segundo a lenda, o rei Minos, de Creta, em vingança pela morte de seu fi- lho Andrógeos na Ática, começou a exigir como tributo sete meninos e sete meninas atenienses, que eram oferecidos, de tempos em tempos, ao Mino- tauro, uma criatura assustadora, meio homem, meio touro, que os devorava. A fera vivia no Labirinto, um local cheio de aposentos e caminhos (tal como os imensos palácios de Cnossos) até que Teseu, um personagem heróico grego, o matou, encontrando depois o caminho de saída — o que ninguém ainda havia conseguido fazer — graças à estratégia de amarrar a ponta de um novelo na porta de entrada e ir desenrolando conforme caminhava, para, assim, saber como voltar. Esta famosa lenda demonstra o quanto a civiliza- ção cretense impressionou os antigos gregos. 50UNIDADE III O Mundo Grego A capital Cnossos e seu palácio despertou tanto fascínio que sua arquitetura foi elogiada por todo mundo grego e até hoje. A capital também, que abrigou uma população numerosa, chegando a mais de 100 mil habitantes, algo sensacional para a antiguidade. Essa região recebeu muitos povos indo-europeus, que se transformaram nos futu- ros gregos. Os primeiros foram os Aqueus, que se estabeleceram na região do Peloponeso. Em seguida vieram as imigrações dos eólios, Jônios que se estabeleceram na região da península Ática. Vale ressaltar que tanto o Peloponeso quanto a Ática foram importantes em outros períodos da história do mundo grego. Os Aqueus eram guerreiros treinados e, como os cretenses, se voltaram para o comércio. Foi uma conquista fácil, saqueando toda a capital e o palácio de Cnossos, que foi incendiado ao término da invasão. No entanto, os cretenses deixaram uma grande influência sobre seus dominadores, desde a cultura até mesmo no desenvolvimento da escrita. A partir desse momento os Aqueus mudaram a capital para Micenas e passaram a ser chamados de civilização Micênica. A expansão dos Aqueus prosseguiu e voltou-se a um grande adversário de nome Tróia, pois essa cidade controlava todo o comércio da região do mar Egeu até as proximidades do mar Negro. Aproximadamente em 1200 a.C., os Aqueus destruíram a cidade de Tróia e passaram a controlar todo o comércio da região. Vale ressaltar que esse acontecimento ficou conhecido como a guerra de Tróia, em que temos o episódio do imenso presente dado aos troianos pelos gregos. Um gigantesco cavalo de madeira, cheio de homens escondidos nele, que esperaram anoitecer, saíram do cavalo e tomaram a cidade de Tróia. É por isso que atualmente, quando ganhamos um presente duvidoso/ ruim,utilizamos o termo “presente de grego”. Um ponto interessante da história da civilização Micênica é que, no auge de seu expansionismo, os Aqueus sentiram um pouco de seu próprio veneno, pois sofreram in- vasões do povo Dório, um povo tradicionalmente e extremamente guerreiro. Estes eram militaristas, utilizavam de inovações como armas de ferro e faziam da guerra sua principal atividade econômica. Vale ressaltar que o terror ocasionado pelos Dórios provocou uma fuga em massa da população para o continente, esse fato é descrito na história como a “Primeira Diáspora” do mundo grego. Ela praticamente dizimou a escrita grega, dificultando ainda mais o trabalho dos arqueólogos e historiadores, alguns classificam esse período como a época das trevas, pois não se sabe exatamente o que ocorreu nesse período. No entanto, também ocorreram coisas boas, e assim nascia o mundo grego. 51UNIDADE III O Mundo Grego Escapando aos invasores, numerosos aqueus se refugiaram na costa da Ásia Menor onde se instalaram seguidos por alguns dórios. Lá, aos pés do platô de Anatólia, no desembocar das grandes rotas que levavam ao centro do Oriente Próximo, formou-se então a Grécia da Ásia, onde sobreviveram certos traços da civilização creto-micênica, que, no contato com o Oriente, desenvolveu-se ainda mais: os gregos da Ásia, em suas relações com os mesopotâmicos e os egípcios, enriqueceram-se com os conhecimentos tecnológicos dessas duas civilizações mais antigas e sofisticadas (FUNARI, 2002, p. 18). Com isso, podemos afirmar que a invasão dória é o marco que separa o Período Pré-Homérico do Período Homérico. 52UNIDADE III O Mundo Grego 2. A GRÉCIA ANTIGA As invasões Dórias, somadas com a primeira Diáspora grega, fez com que nascesse uma mistura das contribuições deixadas pela civilização creto-micênica com as indo-europeias e orientais, nascendo, assim, a Grécia clássica e, com isso, um novo período do mundo grego. Vale ressaltar que o estudo dessa continuação da história do mundo grego clássico se dá através dos períodos posteriores ao Pré-homérico. Assim, vamos começar nossa viagem sobre o período Homérico. 2.1 Período Homérico (século XII a.C. ao século VIII a.C.) Como você estudou na unidade anterior, a invasão Dórica acabou com qualquer forma de evolução na questão da organização política e social do mundo grego. Por exem- plo, ocorreu o fim das grandes cidades através do crescimento das comunidades gentílicas, ou chamado também de genos, que existia desde o período Pré-Homérico. Podemos descrever as comunidades gentílicas como grandes núcleos familiares que controlavam a questão política, econômica, social e até mesmo religiosa. Vale destacar que, nas unidades dos genos, não havia propriedade privada e sim um sistema coletivista familiar, ocorrendo igualdade em termos econômicos. A liderança dos genos ficava a cargo dos “pater” famílias, ou também chamados de patriarcas, que se relacionava com os mais próximos, fazendo com que a posição social dentro dos genos fossem aplicadas, e sua colocação estava de acordo com o parentesco do pater famílias. 53UNIDADE III O Mundo Grego A estrutura das comunidades gentílicas permaneceram durante todo o período Homéri- co. Logo após ocorre a reconstrução do mundo grego e com isso temos o aumento populacional que faz parte de todos seus territórios. Esses territórios eram de pouca fertilidade, provocando uma crescente falta de alimentos e levando a uma crise dentro dos genos. Provocando lutas so- ciais que levaram ao aparecimento da propriedade privada, formando assim, uma nova classe social intitulada de “eupátridas”, ou bem nascidos, que também eram os parentes próximos do pater. Funari (2002, p. 32) afirma que “Atenas viveu sob o regime aristocrático, a terra estava nas mãos de poucos, os eupátridas (‘bem nascidos’) ou nobres”. Vale ressaltar que Arruda (1993) aponta ainda as classes periféricas como a dos paren- tes mais distantes do pater, que foram chamados de “georgóis” ou agricultores. Por fim, havia uma grande parte da população que vivia às margens da sociedade, intitulada de “thetas”. Com essa divisão em sua formação, temos o surgimento de uma classe privilegiada, os eupátridas, que intensificou o processo de colonização e resultou em uma nova disper- são de povos gregos por um longo território. Dessa forma, ocorreu a segunda diáspora, que promoveu uma evolução significativa na formação da pólis gregas. As lutas dentro dos genos promoveu um processo de união entre vários genos para se protegerem uns dos outros. Com isso nasce o que chamamos de fátrias, ou seja, a soma de vários genos. Quando temos a união de várias fátrias nascem as tribos e com a união de várias tribos temos as pólis, ou cidades gregas. Percebemos toda essa divisão na afirmação de Funari (2002, p. 25): Em geral uma cidade, ao formar-se, compreende várias tribos; a tribo está dividida em diversas fátrias e estas em clãs, estes, por sua vez, compostos de muitas famílias no sentido estrito do termo (pai, mãe e filhos). A cada ní- vel, os membros desses agrupamentos acreditam descender de um ancestral comum, e se encontram ligados por estreitos laços de solidariedade. As pes- soas que não fazem parte destes grupos são estrangeiros na cidade, e não lhes cabe nem direitos, nem proteção. Assim, podemos afirmar que a segunda diáspora grega favoreceu o fim das co- munidades gentílicas e o início da formação das pólis gregas, ou seja, o surgimento das cidades-estados que nortearam o período Arcaico que estudaremos a seguir. 2.2 Período Arcaico (século VIII a.C. ao século VI a.C.) No período Arcaico é que surgiram as cidades-estados no mundo grego, cidades essas que nasceram, cresceram e se desenvolveram de maneiras diferentes, desde a or- ganização social, deuses, leis, política entre outros. Vale ressaltar que em comum as pólis gregas possuíam a cultura e as construções. 54UNIDADE III O Mundo Grego Segundo Funari (2002), nas cidades-estados ocorriam características comuns na área da arquitetura, pois havia a construção da acrópole ou a parte alta, onde se construí- ram os templos religiosos, as fortificações militares e as residências dos cidadãos com a mais elevada classe social. Assim, percebemos um certo “desenvolvimento” na parte alta, mas a parte baixa possuía também seus encantos, começando pela ágora ou praça, em que havia um comér- cio forte, com todas as mercadorias, desde o artesanato até produtos oriundos de outras regiões. Ainda na ágora, aconteciam todas as assembleias do povo, as festas ou festivais e onde se aplicava-se a leis. Analisar todas as cidades-estados gregas seria impossível neste momento, por isso vamos abordar as duas que mais se destacaram no mundo grego, ou seja, Esparta e Atenas. Entre elas há diferenças básicas que podem demonstrar sua importância dentro da história. Vamos conhecê-las? 2.2.1 Esparta: “a pólis dos guerreiros” Esparta foi fundada na península do Peloponeso, pelos dórios, povo guerreiro que foi responsável pela primeira diáspora grega. Vale ressaltar que essa região era desfavo- rável à prática da agricultura, pois era um território montanhoso e seu solo era fraco para se produzir alimentos. Por isso os espartanos foram levados a se preparar para a arte da guerra desde o nascimento, assim poderiam conquistar regiões férteis para sua subsistên- cia. Temos, então, uma ligação constante entre liderança e guerra, ou seja, os líderes de Esparta eram os militares. Todo cidadão de Esparta vivia para a guerra e eram chamados, na história, de espartanos, espartíatas ou esparciatas. Todas essas denominações eram para designar a pequena parte de seus cidadãos que exerciam a liderança da cidade, pois somente eles tinham o direito de participação política. Segundo Funari (2002, p. 30), “Todos os homens de Esparta, chamados de esparciatas, eram guerreiros, sendo proibidos por lei de exercer atividades que entrassemem conflito com a carreira militar”. Ainda na divisão social de Esparta, havia os periecos, que eram os agricultores livres que cultivavam as terras menos férteis ou dedicavam-se ao artesanato e ao comércio. Os hilotas eram a maioria da população, além de serem vistos como propriedade do estado, com a função de cultivar a terra e o sustento da classe mais elevada. Politicamente, a Esparta era dirigida pelos esparciatas, que exerciam a exclusivi- dade de se chamar de cidadãos. Entre esses cidadãos que governavam estava o conselho dos anciãos, chamados de gerúsia. Esse conselho era composto por 28 pessoas mais velhas que detinham o cargo de forma vitalícia. 55UNIDADE III O Mundo Grego O próximo ponto governamental de Esparta eram os cinco éforos, indicados pela Gerúsia e detinham o poder executivo. Já a participação dos outros membros esparciatas era por meio da assembleia dos cidadãos, conhecida como apela. Para concluir a questão política, tínhamos uma diarquia, composta por dois reis que dividiam e exerciam entre si os poderes militares e religiosos, tudo garantido pelo código de leis conhecido pelo nome do criador Licurgo. Vale ressaltar que esse código tinha um caráter sagrado, portanto era imutável, ou seja, não existia uma mobilidade social dentro de Esparta. Sobre a educação espartana, podemos afirmar que era totalmente militar. As crian- ças eram selecionadas desde o seu nascimento, pois se possuísse alguma deficiência era descartada, sacrificada logo depois de nascer. Toda criança do sexo masculino ficava com sua família até os sete anos, quando deixava sua casa e era entregue ao estado para receber o treinamento militar. Vejamos um pouco dessa educação, segundo Funari (2002, p. 31), Nesta sociedade de ferro, desde a mais tenra infância, os garotos eram cria- dos como futuros guerreiros, submetidos a condições muito duras, tanto para seu corpo como para seu espírito, de maneira a se tornarem pessoas ex- tremamente resistentes e, por isso, se usa, até hoje, o adjetivo “espartano” para designar a sobriedade, o rigor e a severidade. Ficavam todo o tempo treinando para a guerra. Para aprenderem a suportar a dor, os meninos eram chicoteados até sangrarem e eram ensinados a serem cruéis, desde garotos, caçando e matando hilotas. Ainda sobre a educação, Funari (2002, p. 31-32) complementa: Conforme cresciam, suas provações aumentavam: eram obrigados a andar descalços e nus, de modo que adquiriam uma pele grossa, só se banhavam com água fria e dormiam em camas de junco, feitas por eles mesmos. Aos vinte anos de idade, o homem espartano adquiria uns poucos direitos políti- cos; aos trinta, casava-se, adquiria mais alguns outros e uma certa indepen- dência. Entretanto, apenas aos sessenta estaria liberado de suas obrigações para com o Estado e seu esquema de mobilização militar constante. 2.2.2 Atenas: “A Pólis da política” A cidade de Atenas foi fundada na península Ática pelos Jônios que desenvolveram uma cidade-estado de origem política. Sua estrutura social está ligada à agricultura e, por isso, sua divisão social começa com a classe dominante conhecida como eupátridas ou bem-nascidos, oriundos diretos das comunidades gentílicas e do pater famílias. Sobre isso, Funari (2002, p. 24-25) nos diz que Atenas — muito mais dinâmica que Esparta — é bem mais conhecida por historiadores e arqueólogos. Atenas estava na Ática, a sudeste da península grega central; com solo pouco fértil, a produção de trigo e cevada nem sem- pre bastava para alimentar sua população. [...] Durante muitos séculos (ix-vi a.C.), Atenas viveu sob o regime aristocrá- tico, a terra estava nas mãos de poucos, os eupátridas (“bem nascidos”) ou nobres. 56UNIDADE III O Mundo Grego Sua primeira forma de governo era a monarquia, exercida pelo basileu, um chefe militar e administrativo, que sofria a influência dos eupátridas, que por sua vez, se organiza- vam retirando o basileu do poder e implantando o regime oligárquico, ou seja, um governo somente deles, pois a palavra oligarquia tem seu significado como “governo de poucos”. Dentro da oligarquia havia nove magistrados chamados de arcontes, que tinham, no início, mandatos decenais e posteriormente anuais. Vale destacar que os arcontes con- centravam os poderes políticos, religiosos, militares, legislativos e judiciários, isso com o apoio de um conselho de eupátridas intitulados de arópago. A economia ateniense era voltada para a agricultura com o plantio da vinha e da oli- veira, que se adaptaram à região, produzindo, assim, o vinho e o azeite. Vale ressaltar que o território forneceu um amplo sistema de mineração de prata exercido pelos atenienses. Com isso, Atenas tinha tudo para expandir sua economia para o comércio e assim foi feito. As colinas favoreciam o plantio de oliveiras e uvas, do que resultou uma in- dústria de azeite, vinho, desde o século VIII a.C. Ao sul da península, os ate- nienses desenvolveram a mineração de prata e o excelente porto do Pireu fa- voreceu o destaque de Atenas no comércio marítimo (FUNARI, 2002, p. 32). Assim, Atenas desenvolveu uma economia mercantil que necessitava de mão de obra escrava e essa força motriz era adquirida através de guerras e dívidas. Paralelamente ao poder dos eupátridas, crescia a influência dos comerciantes po- pulares, chamados de demiurgos, que pretendiam uma participação política direta. Para realizar seu pedido junto aos bem-nascidos, buscaram apoio das camadas mais periféricas e pobres, nascendo, assim, o chamado demos (povo), iniciando uma espécie de lutas sociais que perduraram em todo o período arcaico da história grega. Com toda a pressão exercida pelos demos, apareceram, em Atenas, alguns legisla- dores e, com suas leis, mudam o que se conhecia na Pólis até então. Vamos conhecê-los? O primeiro legislador a ser destacado é Drácon, que, segundo Funari (2002, p. 25), é lembrado até a atualidade, graças a suas reformas. Segundo a tradição, as lutas entre as classes populares descontentes e as oligarquias levaram a que Drácon, um personagem lendário, cujo nome signi- ficava “serpente”, tivesse atuado como legislador, encarregado de redigir as leis e torná-las conhecidas por todos. (Nos dias de hoje, folheando o jornal, não é raro ler algo sobre uma medida “draconiana”, como um racionamento rígido de água. A fama desta “cobra” ateniense chega até os dias de hoje!) O Código de Drácon teria sido feito por volta de 620 a.C., ainda que dele só te- nha sido encontrada uma reprodução bem posterior. Representou um avanço pois tornou as leis públicas e aplicáveis a todos. No entanto, sua ação não acabou com o domínio econômico da aristocracia, que continuou dominando a vida política de Atenas. Com isso, temos um novo legislador, cha- mado de Sólon, que tentou amenizar os ânimos. 57UNIDADE III O Mundo Grego Para acalmar os ânimos, Sólon, arconte ateniense, em 594 a.C., favoreceu o desenvolvimento econômico da indústria e do comércio, cancelou dívidas dos cidadãos pobres e acabou com o sistema de escravidão por endivida- mento, segundo o qual os atenienses pobres deviam pagar suas dívidas com o trabalho escravo. Sólon conferiu mais poderes à assembléia popular dos cidadãos (Eclésia) e vinculou os direitos políticos às fortunas e não mais aos privilégios de sangue ou às ligações familiares. Se, por um lado, somente os cidadãos mais ricos podiam se tornar arcontes, por outro, todos os cidadãos passaram a ter direito de participar da Eclésia. Sólon instituiu também um novo conselho, a Bulé (FUNARI, 2002, p. 33). Para facilitar sua compreensão sobre os legisladores, elaborei uma tabela explica- tiva. Observe: TABELA 1 - OS LEGISLADORES DE ATENAS Drácon: Sólon: ● Elaborou o “código de Drácon”, que organizou e criou a implan- tação das leis escritas, que até então eram realizadas de manei- ra oral, facilitando a manipulação pelos eupátridas. Em contraponto às conquistas, os eupátridas ga- rantiam a propriedadeprivada e sua manutenção, se preciso, atra- vés da força. ● Esse código trouxe também uma novidade, que foi o princípio da igualdade jurídica. ● Faz reformas importantes em Atenas, entre essas reformas podemos citar o critério censitário para a participação política, ou seja, a participação política está condicionada ao grau de riqueza do indivíduo. ● Decretou também o fim das hipotecas sobre os pequenos proprietários, ou seja, teoricamente acabou com a escravidão por dívidas. ● Criou também regras para organizar a política, entre eles temos: 9 O Bulé, que era o conselho dos 400. 9 A Eclésia, ou assembleia popular. Fonte: o autor. Mesmo com tantas reformas políticas, as agitações se avolumaram, pois tínhamos um demos descontente com o cenário social encontrado e uma aristocracia infeliz com sua perda de poder. Com isso, temos o aparecimento das chamadas “tiranias”. Vale ressaltar que para os gregos a palavra tirania tem um significado diferente do que conhecemos hoje, pois se, para nós, tirano é sinônimo de opressor, dominador, cruel, para os gregos era um grande homem que governou Atenas em casos específicos e necessários. Assim, podemos dizer que, na Grécia antiga, o tirano nem sempre foi cruel e opressor. 58UNIDADE III O Mundo Grego O primeiro tirano de Atenas foi Pisístrato, que assumiu o poder através de golpe popular e realizou grandes obras públicas, empregando as camadas mais pobres. Ele tam- bém otimizou o comércio, melhorando também a vida da aristocracia, ou seja, governou para todos, sendo querido em todas as classes sociais de Atenas. Após sua morte, seus filhos Hiparco e Hípias assumiram o poder, dividindo entre eles a responsabilidade de governar Atenas. Porém fizeram um governo frustrante, que resultou em uma reação aristocrática que os derrubaram, colocando Iságoras no poder. Vale destacar ainda que Iságoras governou por um curto tempo, pois ocorreu uma reação popular que abriu espaço para que Clístenes assumisse o poder. O governo de Clístenes representou uma mudança extrema na história de Atenas, em que ele implantou reformas que resultaram na democracia. Como Clístenes fez essas mudanças tão grande? Como controlou o povo? Simples, ele começou dividindo a península Ática em três regiões: a cidade, o litoral e o interior. Dentro dessas três regiões ele classificou a população em dez tribos diferentes, chamando-se de demos, dispensando-os por todas as três regiões de forma uniforme, garantindo a igualdade entre todos os cidadãos atenienses. Ainda sobre a reforma Clístenes, podemos afirmar que outros pontos importantes foram modificados em Atenas, entre eles a mudança da Bulé, que passou de 400 para 500 membros, escolhidos por sorteio. Por fim, temos a criação do Ostracismo, que era o exílio da cidade, por um tempo de dez anos, caso quebrasse as regras da democracia. Com a apresentação dessas duas grandes cidades-estados da Grécia antiga, te- mos a transição ideal para um novo período da história, conhecido como período clássico. 2.3 Período Clássico (século V a.C. ao século IV a.C.) Como já estudamos nesta unidade, o surgimento e o desenvolvimento de Atenas e Esparta promoveu a aparição de novas formas de organização social, econômica e cultural, promovendo uma rivalidade entre as pólis gregas, provocando a desagregação do mundo grego, assim, entrando em decadência. Entretanto, historicamente, o marco inicial do período clássico foi a guerra gre- co-pérsica, ou Guerras Médicas. Vale ressaltar que o termo médica é um derivado dos “medos”, povo pertencente aos persas. Um ponto importante a ser lembrado é a origem da guerra, pois o conflito está ligado à intensa relação das colônias gregas com o expansionismo Persa. Destacamos que essa expansão teve auge no governo de Dario I, que, por sua vez, entra em choque com o imperialismo ateniense. O conflito inicia-se, de fato, quando as cidades gregas da Jônia se 59UNIDADE III O Mundo Grego rebelaram contra o domínio persa, lideradas pela cidade de Mileto e apoiadas por Atenas, contra-atacam o exército persa. O resultado inicial foi a destruição de Mileto e exigência persa de submissão grega. Então, Esparta e Atenas se negam a se submeter ao domínio persa, que evidentemente ocasiona a grande explosão do conflito em si. Os Persas atacaram primeiramente Atenas, que se defendeu na planície de Marato- na, conseguindo derrotar o exército Persa, estabelecendo uma trégua provisória. Enquanto isso ocorreu a união das cidades gregas para um possível novo conflito com os Persas. Sob o comando de Xerxes I, os Persas marcharam sob a Grécia para conquistá-la. No entanto, o exército de 300 guerreiros espartanos, liderado pelo rei Leônidas, atrapalhou os planos dos persas na batalha do desfiladeiro de Termópilas. Ao mesmo tempo, na penín- sula Ática, ocorreu a famosa batalha marítima de Salamina, em que os gregos destruíram os suprimentos persas, enfraquecendo seu exército. Com todo o atraso ocasionado por Esparta e Atenas, os planos de Xerxes foram destruídos e os persas foram, enfim, derro- tados na batalha de Plateia. Com o fim das guerras Médicas, o domínio de Esparta e Atenas ficou evidente e procuraram fazer alianças com as cidades-estados, buscando a hegemonia do mundo grego. Nasceu, assim, a confederação de Delos, liderada por Atenas, e a confederação do Peloponeso, liderada por Esparta. Começa, então, uma disputa de liderança que resultou na guerra do Peloponeso, em que Atenas e Esparta entram em conflito real, com a vitória espartana. Mas como começou a guerra? O imperialismo Ateniense começou a provocar reações de várias cidades. A cidade de Corinto era aliada da confederação do Peloponeso e decidiu por influência de Atenas se rebelar contra Esparta. Então veio a reação esmagadora espartana, que iniciou a guerra que durou intensos dez anos, em que Esparta vencia por terra e Atenas pelo mar. Foi realizado um acordo de paz intitulado de Paz de Nícias, que durou mais 50 anos, quando Atenas quebrou o acordo e tentou invadir a colônia espartana de Siracusa. Enfim, a guerra retornou com a vitória de Esparta, na batalha de Egos Potamos. Vale ressaltar que esses intensos combates dizimaram grande parte do mundo grego e abriram espaço para Domi- nação Macedônica. 2.4 Período Helenístico (século IV a.C. ao século II a.C.) A Macedônia sempre cresceu às margens da cultura grega e, aproveitando-se do desgaste do mundo grego após a guerra do Peloponeso, decidiu avançar sobre o território alheio. Vale Ressaltar que Felipe II iniciou o processo de expansão Macedônica influen- 60UNIDADE III O Mundo Grego ciado, principalmente, pela cidade de Tebas, montando um exército forte e organizado, marchando para o litoral da Trácia, sua primeira conquista de fato. Seu domínio se tornou completo na batalha de Queroneia, dominando Tebas e Atenas de uma única vez. Para ampliar seu domínio, Felipe II utilizou-se da aversão dos gregos sobre os persas e criou a Liga de Corinto, sob liderança macedônica, isso foi basicamente o fim do domínio grego e o auge da Macedônio no quesito domínio territorial. Com a Morte de Felipe II, em 336 a.C., Alexandre Magno, herdeiro direto ao posto do pai, tomou o poder sobre o mundo grego. Vale ressaltar que Alexandre teve uma formação cultural grega, sendo aluno direto do filósofo Aristóteles e essa formação foi extremamente im- portante para evolução do domínio grego pelo mundo, ou seja, a grande miscigenação cultural implantada por Alexandre, ou ainda podemos dizer que é o grande legado no quesito cultural. Alexandre conseguiu ampliar o domínio territorial no mundo grego, avançando e derrotando os temidos persas, anexando o Egito e grande parte do território em que hoje se situa a Índia, criando um império até então inimaginável. Com seu domínio territorial, Alexandre conseguiu aproximar Oriente do Ocidente, promovendo uma miscigenação cultural quefoi intitulada de helenística. Infelizmente esse período da história de dominação macedônica não teve uma longa duração, pois não resistiu à morte de Alexandre, “O Grande”, apelido adquirido ao longo da história pelos seus grandes feitos, destruindo o legado grego e abrindo espaço para a dominação romana. 61UNIDADE III O Mundo Grego SAIBA MAIS A vida na Grécia antiga Podemos dizer que as principais etapas da vida de um grego eram o nascimento, in- fância, a adolescência, a idade adulta, com o casamento, a velhice e a morte. Isto pode parecer óbvio: todos nascemos, crescemos e morremos! Mas não é nada disso. Embora falemos em “infância” ou “adolescência”, a maneira de viver essas fases varia, de so- ciedade a sociedade e de época a época. Na Grécia, os recém-nascidos eram lavados, com água, vinho ou outro líquido e, em alguns lugares, se fosse menino pendurava-se um ramo de oliveira, se menina, uma fita de lã. Os meninos eram apresentados à frátria (o conjunto de todos os familiares). Por ocasião dos nascimentos, as famílias abastadas faziam festas, as pobres contentavam-se apenas em dar nome à criança, sempre se- gundo a fórmula “fulano, filho de cicrano”: “Mégacles, filho de Hipócrates”. Fonte: (Funari, 2002, p. 42). REFLITA Mas liberdade para quê? Liberdade para participar da vida pública e para refletir sobre o mundo, para flanar, para dedicar-se a discussões estimulantes. A palavra que os gregos usavam, skholé, originou “escola” e o nexo entre nossa escola e o ócio grego está, justamente, nessa oportunidade de se refletir, que deveria estar no centro da escola (deveria, pois a palavra escola, hoje, está longe de significar “espaço de reflexão”, não é?) Para os gregos, essa importância da oportunidade de reflexão pode ser avaliada por um texto de Aristóteles: convém considerar que a felicidade não está na posse de muitas coisas, mas no estado em que a alma se encontra. Poder-se-ia dizer que é feliz não um corpo com uma bela roupa, mas aquele que é saudável e está em bom estado, ainda que despido. Da mesma forma, a uma alma, se está educada, a tal alma e a tal homem se há de chamar de feliz, não se ele está com adornos externos, não sendo digno de nada (FUNARI, 2002, p. 51). Felicidade, eis uma palavra que pouco associamos à escola, mas que estavano centro da skholé dos antigos. Fonte: Funari, 2002. 62UNIDADE III O Mundo Grego CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro(a) acadêmico (a), chegamos ao final da Unidade III, nela contemplamos o berço de nossa civilização através da viagem sobre a origem dos gregos e suas realizações. Você consegue se lembrar? Espero que nesse momento do processo de ensino/aprendizagem você esteja encantado(a) ou fascinado(a), sabendo um pouco mais sobre o mundo grego. Que bom foi conhecer um pouco dos poemas da Ilíada e da Odisseia e entender que a história de um povo pode ser contada pela cultura deixada ao longo tempo. En- tendemos a origem da civilização cretense, passando pela lenda do Minotauro e do rei Minos, conhecendo um pouco sobre a civilização Micênica e, por fim, chegamos à primeira diáspora, dispersão dos gregos pelo mundo. Passamos pelas grandes cidades-estados gregas, conhecendo um pouco sobre Esparta e Atenas, compreendendo a educação militar de uma e toda política da outra. Conhecemos os principais legisladores e suas ideias que norteiam nosso código de leis na atualidade. Você se lembra? Anseio que o estudo das Guerras Médicas, dos Medos, dos temíveis Persas, tenha sido surpreendente para você, pois, nessa guerra, conhecemos a união do mundo grego em torno de um inimigo poderoso. Mas essa união terminou quando conhecemos a guerra interna do Peloponeso. Você compreendeu como a disputa de poder sobe à cabeça dos dominantes? Espero que sim. Por fim, abordamos rapidamente um grande nome da cultura grega, que nos ensi- nou que o respeito e miscigenação cultural é algo encantador e que pode ser levado até os dias atuais, em todos os setores de nossa vida. Enfim, foi gratificante conhecer o mundo grego e toda sua magia e reflexão do ontem e hoje. Nos vemos na próxima unidade. Obrigado! 63UNIDADE III O Mundo Grego MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Grécia e Roma Autor: Pedro Paulo Funari Editora: Contexto Edição: 6ª Sinopse: Qual o sentido de estudarmos a Antiguidade em pleno século XXI? O que a cultura clássica tem a ver com a gente? A res- posta reside no fato de a Antiguidade estar muito presente no nosso cotidiano: no Direito, na estrutura de pensamento dos intelectuais modernos, na estética, na língua, na política. Enfim, culturas, que poderiam estar circunscritas a uma época longínqua, atravessaram séculos, forneceram subsídios e matéria-prima para tantas outras culturas. O historiador e arqueólogo Pedro Paulo Funari nos brinda com um painel amplo, instigante e claro dos principais temas das civilizações clássicas, da mitologia grega à escravidão, das formas de pensar as relações homem-mulher às estruturas políticas, das manifestações artísticas aos espetáculos de violência, das primeiras colônias gregas ao surgimento do cristianismo. Sendo o passado dos antigos gregos e romanos componentes inevitáveis de nossas instituições, valores e padrões atuais, a leitura deste livro é fundamental para todos os que pretendem se situar como membros da comunidade humana. LIVRO 2 Título: Grécia Antiga: A História Completa - Desde a Idade das Trevas Grega até o Fim da Antiguidade Autor: Peter Scott Editora: Editora Book Brothers Sinopse: A cultura e os eventos da Grécia foram tão influentes que têm um efeito significativo sobre as pessoas, em todo o mundo, até hoje. Os antigos gregos deram origem à democracia, um sistema político frequentemente usado e considerado por alguns como a melhor forma de governo. Grandes mentes da Grécia também fizeram descobertas incríveis e vitais, como o moinho de água, a geometria e o uso de remédios para curar doenças. Os filósofos gregos antigos lançaram as bases para todo um novo campo de pensamento e estudo. A Grécia Antiga ofereceu a fundação dos Jogos Olímpicos, que ainda acontecem regularmente hoje. Figuras históricas particularmente famosas como Alexandre, o Grande e Cleópatra também tiveram laços e papéis durante a história grega, durante o curso das guerras e expansão do império. Dada a influência da Grécia Antiga, ao aprender sobre esse tem- po e lugar, você aprenderá sobre sua história e as origens das pessoas, lugares e instituições que provavelmente desconhecia. Começando na Idade das Trevas, este livro o levará a uma jornada cativante pelas trevas, democracia, descoberta e desenvolvimento da civilização ocidental. 64UNIDADE III O Mundo Grego LIVRO 3 Título: História da Grécia Autor: José Fernandes Costa Editora: Quickebook Sinopse: Os primeiros gregos chegaram à Europa pouco antes de 1 500 a.C., e durante seu apogeu, a civilização grega governara tudo o que se incluía entre a Grécia, o Egito e o Indocuche. Os gregos estabeleceram tradições de justiça e liberdade individual, que viriam a se estabelecer como as bases da democracia contem- porânea. A sua arte, filosofia e ciência tornaram-se fundamentos do pensamento e da cultura ocidentais. Os gregos da antiguidade chamavam a si próprios de helenos (todos que falavam grego, mesmo que não vivessem na Grécia), e davam o nome de Hélade à sua terra. Os que não falavam grego eram chamados de bárba- ros. Durante a antiguidade, nunca chegaram a formar um governo nacional, ainda que estivessem unidos pela mesma cultura, religião e língua. FILME / VÍDEO Título: Tróia Ano: 2004 Diretor: Wolfgang Petersen. Sinopse: Em 1193 a.C., Paris (Orlando Bloom) é um príncipe que provoca uma guerra da Messência contra Tróia, ao afastar Helena (Diane Kruger) de seu marido, Menelaus (Brendan Gleeson). Tem início, então, uma sangrenta batalha, que dura mais de uma déca- da. A esperança do Priam (Peter O’Toole), rei de Tróia, em vencer a guerra está nas mãos de Aquiles(Brad Pitt), o maior herói da Grécia, e seu filho Hector (Eric Bana). FILME / VÍDEO 2 Título: 300 Ano: 2006 Diretor: Zack Snyder Sinopse: 300 é um relato sangrento da Batalha das Termópilas, da Antiguidade, na qual o Rei Leônidas (Gerard Butler) e mais 299 espartanos (300, no total) lutaram contra Xerxes (Rodrigo Santoro) e seu numeroso exército persa. Enfrentando dificuldades insuperáveis, o sacrifício desses homens levou toda a Grécia a se unir contra o inimigo persa, traçando um marco no caminho para a democracia. Inspirada pela obra de Frank Miller, criador da graphic novel Sin City, o filme é uma aventura épica, que fala de paixão, coragem, liberdade e sacrifício, incorporados pelos guerreiros espartanos que lutaram em uma das maiores batalhas da história. 65UNIDADE III O Mundo Grego FILME / VÍDEO 3 Título: Alexandre: “O Grande” Ano: 2004 Diretor: Oliver Stone Sinopse: Junho de 323 a.C., Babilônia, Pérsia. Quando faltava um mês para completar 33 anos, morre precocemente Alexandre, o Grande (Colin Farrell), que tinha conquistado 90% do mundo conhecido. Alexandria, Egito, 40 anos depois. Ptolomeu (Anthony Hopkins), um general de Alexandre que o conhecia bem, narra para Cadmo, um escriba que se tornou o guardião do corpo de Ale- xandre, que ali está embalsamado à moda egípcia (Ptolomeu se tornou faraó, pois ficou com o Egito quando o império foi dividido). Tristemente Ptolomeu frisa que as grandes vitórias dos exércitos de Alexandre foram esquecidas e diz para Cadmo que Alexandre era um deus, ou a pessoa mais perto disso, que já vira. Apesar de ser chamado de tirano, Ptolomeu diz que só os fortes governam, mas Alexandre era mais, pois mudou o mundo. Antes dele havia tribos e depois dele tudo passou a ser possível. Surgiu a ideia que o mundo poderia ser governado por um só rei. Era um império não de terras e de ouro, mas da mente, uma civilização helênica aberta a todos. No oriente, o vasto império persa dominava quase todo o mundo conhecido. No ocidente, as outrora cidades-estados gregas, Tebas, Atenas, Esparta, haviam perdido o orgulho. Os reis persas subornavam os gregos com ouro, para usá-los como mercenários. O pai de Alexandre, Felipe, o Caolho (Val Kilmer), começou a mudar tudo isso, unindo tribos de pastores ignorantes das terras altas e baixas. Com sua coragem e seu sangue criou um exército profissional, que subjugou os traiçoeiros gregos. Então voltou-se para a Pérsia, onde se dizia que o rei Dario, em seu trono na Babilônia, temia Felipe. Foi dessa viril guerreira que nasceu Alexandre, em Pela, Macedônia. A mãe, a rainha Olímpia (Angelina Jolie), era chamada por alguns de feiticeira e diziam que Alexandre era filho de Dionísio ou Zeus. Mas não havia um homem na Macedônia que, vendo pai e filho juntos, não tivesse dúvidas, mas nenhum poderia imaginar o fabuloso destino de Alexandre. 66 Plano de Estudo: ● A Roma Antiga; ● A Monarquia Romana; ● A República Romana; ● O Império Romano. Objetivos da Aprendizagem: ● Conhecer a Roma Antiga; ● Conhecer os períodos da história romana: Monarquia; ● Conhecer os períodos da história romana: República; ● Conhecer os períodos da história romana: Monarquia. UNIDADE IV Roma Antiga Professor Esp. Cleber Henrique Sanitá Kojo 67UNIDADE IV Roma Antiga INTRODUÇÃO Seja muito bem-vindo(a)! Prezado(a) acadêmico(a), estamos chegando ao fim de nossa disciplina, mas é com muita alegria que iniciamos o estudo da última unidade, com uma das civilizações consideradas o berço de nossa história. Espero encontrar em você um grande desejo e curiosidade de conhecer esse povo e os fatores que norteiam nossa história até hoje. Em nossa disciplina passamos pela pré-história, pelas primeiras civilizações da antiguidade, e seguimos para o mundo grego, onde saboreamos a origem e as etapas de sua História. Chegou a hora de iniciarmos nossa viagem pelos romanos e seu legado. Você está preparado(a)? Iniciaremos uma jornada nessa maravilhosa civilização, conhecendo os períodos que a formaram, desde a Monarquia romana, passando pela República e concluindo com o Império, ou seja, nossa viagem parte do início, auge e decadência de Roma. No início da unidade passaremos pelas origens lendárias e históricas de Roma, pois tentaremos compreender a mágica dos irmãos Rômulo e Remo e a relacionamos com a formação histórica. Seguindo com os primeiros reis de Roma e seus legados. Nesta unidade vamos decifrar a divisão de classes em Roma e a origem do poder que levou à formação da famosa República Romana, berço da política atual e toda sua crise e disputa de poder. Ainda na República, conheceremos o conflito que ameaçou a unidade ro- mana com Cartago, uma guerra cheia de táticas inovadoras e surpreendentes para a história. Então vamos conhecer um pouco do império romano e os motivos que levaram a sua queda. Por fim, desejo que esta unidade possa concluir nossa disciplina com chave de ouro e possa fortalecer seu desenvolvimento educacional e entender tudo que nos cerca em relação à sociedade e cultura e a relação do ontem e o hoje. Muito obrigado e bom estudo! 68UNIDADE IV Roma Antiga 1. A ROMA ANTIGA Com a decadência da Grécia antiga temos o aparecimento dos romanos que eram herdeiros diretos da cultura helenística, construíram, através de sua história, um estado autoritário, dominante, centralizador e fascinante. Vamos, a partir desse momento, viajar nessa civilização considerada berço de nossa história. Está preparado(a)? Para iniciar nossos estudos, vamos nos voltar à questão geográfica de Roma, pois é favorecida por regiões territoriais cercadas pelo mar Mediterrâneo. Vale destacar que Roma surgiu na planície central da península Ática, chamada de Lácio e toda essa conjuntura geográfica facilitou a expansão romana que vamos estudar. Suas conquistas são imensas e, por isso, temos alguns termos para explicar sobre essa magnífica civilização. O primeiro é o termo “mare nostrum” ou nosso mar e também o termo que diz que “todos os caminhos levam a Roma”. Mas como surgiu Roma? Alguns historiadores, como Block (1970), Funari (2002) e Pinsk (2012), afirmam que Roma nasceu da união de sete aldeias de pastores de origem etrusca, um povo latino. No entanto vamos nos atentar, nesse momento, à origem lendária de Roma, ou seja, vamos debater a lenda que aparece na obra chamada Eneida, do poeta Virgílio, a famosa lenda de Rômulo e Remo. Conta a lenda que o deus da guerra, Marte, desceu à Terra e se apaixonou por uma mulher de nome Réia Sílvia, filha do rei Numitor. Este foi destronado pelo seu irmão Amúlio, que obrigou sua sobrinha a se tornar uma sacerdotisa. O fruto da relação entre o deus Marte e Réia Sílvia foi a gravidez de gêmeos, os bebês Rômulo e Remo. Assim, para proteger 69UNIDADE IV Roma Antiga seus filhos do tio, Réia Sílvia abandonou-os em um cesto no rio Tibre, e esse objeto com os gêmeos se deslocou por suas águas até se enroscar nas margens. Vale ressaltar que os bebês foram encontrados por uma loba, que os amamentou e cuidou deles até serem encontrados por um casal de pastores, Fáustulo e sua esposa, que os criaram como filhos. Ao se tornarem adultos, eram respeitados por todos, tornando-se líderes e fundando uma cidade às margens do próprio rio Tibre. Após o grande crescimento da cidade, ocorre uma briga entre os irmãos pela liderança da cidade, em meio a briga, Rômulo acaba matando seu irmão Remo. Tomado pelo remorso, Rômulo, o primeiro rei, resolve homenagear seu irmão dando nome a cidade de “Roma”, a versão feminina do nome Remo. Concluímos, ainda, que, ao morrer, Rômulo foi levado aos céus e adorado como o deus Quirino. Ainda sobre a lenda da formação de Roma, Funari (2002, p. 80-81) acrescenta: Pois outra lenda romana conta que Enéias era um troiano filho da Deusa Vênus e de Anquises, rei troiano de Dárdano. Após a vitória dos gregos so- bre os troianos, Enéias vagou pelo Mediterrâneo, até chegar ao Lácio, ondereinou por alguns anos. Depois de morto, foi adorado como Júpiter Indiges. Seu filho Ascânio fundou Alba Longa e seu descendente Numitor, pai de Réia Sílvia, foi, pois, avô de Rômulo. Por essas lendas, Roma ligava-se ao deus da guerra, Marte, e à deusa da fertilidade, Vênus. Para os romanos era impor- tante considerar que seu destino estava ligado aos deuses, pois estas nobres origens legitimavam seu poder sobre outros povos e servia como propaganda de suas qualidades. Funari (2002) também aponta para outras fontes que podem demonstrar o surgi- mento de Roma, sejam objetos, pinturas, moedas, esculturas entre outras. Esse é o papel da arqueologia, que fornece a descoberta de fontes históricas, ajudando o historiador na construção de seu trabalho. Podemos afirmar que estudos arqueológicos apontam construções e outros vestí- gios, que fazem com que a lenda e a formação histórica se encontrem. Pois a lenda afirma que o primeiro rei foi Rômulo e a história inicial de Roma aponta sete reis, sendo o primeiro um etrusco, chamado Rômulo. Observe o que Funari (2002, p. 51) diz sobre isso: Os arqueólogos encontraram vestígios de cabanas dos primeiros moradores de Roma e alguns aspectos das lendas puderam ser comprovados. Este é o caso do domínio dos etruscos, um povo que vivia ao norte de Roma, e cuja influência na cultura romana foi muito grande. Logo, podemos entender essa junção entre lenda e história. Mas para compreen- der ou facilitar o estudo da história de Roma, dividiremos em períodos clássicos, para sua compreensão. Esses períodos são a Monarquia (o início), a República (o auge) e o Império (a decadência). Assim você compreenderá de maneira mais simples. 70UNIDADE IV Roma Antiga 2. A MONARQUIA ROMANA A concentração humana na região das aldeias provocou uma espécie de agrupa- mentos intitulados de gens, ou seja, um conjunto de pessoas que seguiam um indivíduo mais velho – um patriarca –, forma muito parecida com a estudada no mundo grego. Vale ressaltar que esses parentes próximos ao líder passaram a ser donos das terras, gerando uma divisão de classes em Roma. Funari (2002) afirma que os proprietários das terras, que dominavam Roma, foram chamados de Patrícios, palavra que deriva de pater, conhecido na Grécia antiga. Em seguida, tínhamos uma massa de pequenos agricultores que eram chamados de Plebeus ou Plebe, o povo em si, que eram, em sua maioria, pobres. Por fim, tínhamos uma classe intermediária chamada de Clientes, que eram os parentes distantes do pater famílias, essa classe recebia a proteção dos patrícios em troca de servi-los ou realizar certas obrigações. Assim, a força dos patrícios torna-se em supremacia e temos, então, construção e implementação de uma monarquia, em que o rei assumia o poder executivo, judiciário e religioso. Vale ressaltar que ao lado do rei tínhamos o conselho dos anciãos, também de origem patrícia, que aconselhava o rei em suas decisões. Apesar de pouco material para conhecer esse período, estudos históricos apontam a existência de sete reis, sendo os quatro primeiros de origem latina e os três últimos de origem estrusca. Outro ponto a ser destacado é que o primeiro rei seria Rômulo e o último seria Tarquínio, “o soberbo”. 71UNIDADE IV Roma Antiga Dentro desse período da história romana temos o início de grandes obras públicas, como a construção das muralhas da cidade de Roma. Além disso, temos a criação de um novo órgão político que foi chamado de assembleia centuriata. Composta por 193 centúrias, com direito a 1 voto cada. Vale destacar que essas centúrias foram criadas através de uma questão censitária, ou seja, de acordo com as posses e os bens de cada um. Ressaltamos ainda que esse poder financeiro ocasionou o nascimento das centúrias militares, composta de infantaria, cavalaria e um grande número de soldados. Com isso, vamos ter um novo poder, o chamado de oligárquico ou oligarquias, que significa, poder de poucos. Para completar esse período histórico, Tarquínio, “o soberbo”, decidiu confrontar a elite patrícia, os isolando de suas decisões, provocando uma violenta revolta. Os patrícios passaram a dominar Roma e a dividir o poder entre eles, dando origem à chamada Repú- blica romana. 72UNIDADE IV Roma Antiga 3. A REPÚBLICA ROMANA Assim que os patrícios tomaram o poder, decidiram dividir entre os mais ricos. Para isso, deram o nome de República, que tem sua origem na palavra, res + pública, ou seja, coisa pública, administração do Estado por pessoas contra a monarquia romana, ou ainda um domínio e controle social e governamental patrício em Roma. Após a eliminação da figura do rei com o poder centralizado, chegou a hora da divi- são dos poderes entre os patrícios, gerando o aparecimento de estruturas governamentais, como as magistraturas, em que os patrícios se organizavam para governar, dividindo em várias outras categorias. Vamos conhecê-las: TABELA 1 - AS MAGISTRATURAS ROMANAS Cônsules A mais alta magistratura, era composta por dois cônsules que eram considerados os chefes da República, tinham o mandato de um ano, além de comandar o exército, também possuía atri- buições jurídicas e religiosas. Senado Tinham a função de supervisionar todas as magistraturas, che- gando a ter o número de 300 senadores com o cargo vitalício. Vale destacar que para ser senador romano era preciso ter par- ticipado de alguma outra função dentro da magistratura ou ter realizado algo importante para a República. Pretor Eram responsáveis por administrar a Justiça da República. Questor Cuidavam das finanças do Estado, arrecadavam os impostos. Censor Eram responsáveis por fazer o censo, ou seja, contar a popu- lação romana, além de vigiar a conduta moral dos cidadãos. Edis Eram responsáveis pela conservação da cidade e por realizar a fiscalização do comércio. Fonte: o autor. 73UNIDADE IV Roma Antiga Com o fim do poder centralizado nas mãos do rei, o senado passou a ser a maior posição almejada por um patrício, pois se tornou o órgão máximo da república romana. Vale relembrar da força que tinham os senadores patrícios, principalmente por causa do cargo vitalício que garantia o controle do poder, elegendo todos os membros de toda a magistra- tura romana. Só perdia o poder por um tempo determinado quando ocorria uma crise muito grande, e eles indicavam um patrício para o cargo de ditador, que assumia o poder por um período máximo de seis meses, podendo ser prorrogado por mais seis. Assim, o ditador passava a ter todo o poder sem consultar o senado nesse período. Um dos órgãos governamentais mantidos foi a assembleia centuriata, que mera- mente reafirmava as decisões do senado, pois os patrícios também tinham o controle da maioria das centúrias. Funari (2002) diz que o poder exercido pelos patrícios decidia todas as deliberações voltadas, exclusivamente, para eles, excluindo a plebe de qualquer tomada de decisão e de inclusão em relação aos direitos. Por sua vez, a plebe que era a maioria romana, promove grandes reações, começando um conflito, ou seja, uma luta plebeia contra a elite romana. 3.1 As Conquistas da Plebe Romana A reação da plebe inicia-se 16 anos após a implantação da república romana, com a reação em um confronto armado em Roma, seguido de uma espécie de greve social por vários motivos, além da política. O poder patrício estudado até aqui e o início desse conflito com os plebeus é descrito por Funari (2002, p. 83): O poder dos patrícios vinha da posse e exploração da terra, trabalhada por camponeses, às vezes escravizados por dívidas. Os patrícios romanos go- vernavam a cidade principalmente em benefício próprio, aplicavam as leis conforme seus interesses pessoais e procuravam reduzir à servidão plebeus camponeses que não conseguiam pagar suas dívidas. Somente depois de mais de dois séculos de luta entre plebeus insatisfeitos e patrícios poderosos, é que os plebeus conseguiram progressivamente obter direitospolíticos iguais aos nobres. Para amenizar o conflito, os patrícios interessados na mão de obra da plebe, deci- diram fazer algumas concessões. Entre elas o direito de escolher um tribuno da plebe, ou seja, um representante no senado. O tribuno da plebe tinha a função clara de representar os interesses da plebe em meio aos patrícios. A primeira conquista veio seguida de outras, como a lei das doze tábuas, que Funari (2002, p. 83) descreve assim: 74UNIDADE IV Roma Antiga Por volta de 450 a.C., os plebeus conseguiram que as leis segundo as quais as pessoas seriam julgadas fossem registradas por escrito, numa tentativa de evitar injustiças do tempo em que as leis não eram escritas e os côn- sules, sempre da nobreza de sangue, administravam a justiça como bem entendiam, conforme suas conveniências. O conjunto de normas finalmente redigidas foi chamado “A Lei das Doze Tábuas”, que se tornou um dos textos fundamentais do Direito romano, uma das principais heranças romanas que chegaram até nós. Essa lei teve importância para os dois lados, tanto patrícios como plebeus. O signi- ficado para a Plebe era que, a partir daquele momento, as leis escritas garantiriam que não seriam manipuladas pelos patrícios, os prejudicando. Já para os patrícios significava uma garantia de seu poder sobre a plebe. Podemos citar, ainda, a lei chamada de Canuleia, que permitia uma espécie de igualdade entre patrícios e plebeus, pois essa leia suspendeu a proibição do casamento entre eles, ou seja, essa lei permitiu o casamento entre patrícios e plebeus. Uma grande conquista da plebe foi a lei Licínia, que garantiu que um dos cônsules fosse plebeu, além do fim da escravidão por dívidas e também o chamado ager publicus, ou seja, garantia a posse das terras conquistadas do estado para a plebe. Enfim, podemos afirmar que esses direitos da plebe, aliados à ideia de conquista patrícia, promoveu a expansão da república romana, nascendo, assim, o que chamamos de SPQR (Senatus Populusque Romantis), ou seja, o senado e o povo romano. A expansão romana tornou-se a maior fonte de renda da república, pois ali se conseguia mão de obra escrava para os patrícios e terras agricultáveis. Então, os romanos partem em direção aos povos vizinhos, os conquistando ou rea- lizando alianças, fornecendo títulos de cidadão romano. Vale ressaltar que a vitória sobre os gauleses garantiu todo o domínio da região da península itálica e partiram, então, para região da Sicília, expondo a força do exército romano. Durante essa expansão territorial republicana, vamos ter o conflito com uma cidade rica e com um comércio muito forte, promovendo uma famosa guerra conhecida como Guerra Púnica, pois todo patrício sonhava com o domínio da famosa cidade de Cartago. 3.2 As Guerras Púnicas Cartago era uma cidade próspera situada onde hoje fica a atual Tunísia no conti- nente africano. Foi fundada pelos grandes navegadores e comerciantes do mundo antigo, os fenícios. Vale ressaltar que Cartago aprendeu muito bem a arte da negociação, logo, preocupou-se com a segurança, se desenvolvendo militarmente e passando a dominar todo o comércio do continente. 75UNIDADE IV Roma Antiga Então, durante o processo de expansão da república romana, essas duas forças se chocaram pela ambição hegemônica do mar Mediterrâneo, provocando as famosas guerras Púnicas, chamadas assim, pelos romanos, pelo simples fato de conhecerem a região de Cartago por Púnis. A primeira guerra entre cartagineses e romanos ocorreu quando Roma partiu com seu exército sobre as ilhas da Sicília, Córsega e Sardenha, dominando todo o território que antes era gerido pelos cartagineses. Já a segunda guerra representou uma ameaça à república romana, pois o grande general cartaginês Aníbal, considerado um dos maiores líderes militares da antiguidade, resolveu contrariar todas as ideias de guerra até então conhecidas e contra-atacar Roma de uma maneira inesperada. Vale ressaltar que o exército romano, liderado por Cipião Africano, estava esperando o contra-ataque de Aníbal nas ilhas conquistadas, com toda a força militar. Então Aníbal optou por um ataque desconcertante, conduzindo seu exército direto para Roma, passando pela península ibérica, sul da França, e cruzando o inesperado Alpes italianos. Os romanos não esperavam nenhuma invasão pelos congelantes alpes e não mantinham uma força militar expressiva na região. Os cartagineses, liderados por Aníbal, sofreram muito durante o processo de traves- sia, pois muitos homens e elefantes de guerra morreram congelados, acredita-se que metade do exército de Aníbal morreu nos alpes. No entanto, ao sair de lá, Aníbal marchou para Roma, vencendo o poderoso exército e libertando povos dominados pelo caminho. Ao chegar pró- ximo a Roma, por motivos desconhecidos, Aníbal tentou separar os romanos, sitiando uma parte, e ficou esperando reforços e suprimentos para seu exército, que nunca chegaram. Então, o general Cipião Africano, percebendo a força de Aníbal, contra-atacou de maneira inesperada, pois não marchou para defender o território romano conquistado por Aníbal e sim para dominar a cidade de Cartago, forçando Aníbal a se retirar, retornando para defender sua terra natal, sofrendo uma esmagadora derrota na batalha de Zama. Essa vitória representou o domínio imediato de todo o mar Mediterrâneo, por isso da frase “mare nostrum” ou nosso mar. Vale apontar que Cartago foi condenada também a intensos impostos a Roma, complicando intensamente seu dia a dia e sua economia. Arrasada após a segunda guerra, Cartago tentou se reerguer entrando em um novo conflito com os romanos, a chamada terceira guerra púnica. Assim, os romanos destroem de vez Cartago, arrasando tudo que ali existia, declarando aquele território maldito, jogando sal por todos os lados, para que nada voltasse a nascer ali. 76UNIDADE IV Roma Antiga 3.3 A Crise da República Após a guerra de Cartago, a República romana se destacou, pois existia um acúmulo de riqueza ainda maior dos patrícios, com uma enorme mão de obra escrava que sustentava a economia do Estado. No entanto, a grande oferta de alimentos oriundos das terras conquistadas, fez com que aumentasse expressivamente o número de plebeus dependentes do Estado, que perderam seu sustento em suas pequenas propriedades, provocando o início de novas revoltas da Plebe. A miséria que grande parte da plebe enfrentava promoveu, em 133 a.C., a criação de uma lei que adaptamos na atualidade, lei essa criada pelos irmãos Graco. O Tribuno da Plebe Tibério Graco propôs a lei da reforma agrária, que limitava a posse de terras do estado em 500 juggera ou 310 hectares por indivíduo, assim, parte da plebe conseguiria terras. No entanto, os patrícios reagiram a essa lei, derrubando-a e assassinando Tibério Graco. Vale destacar que dez anos depois, seu irmão, Caio Graco se tornou Tribuno da Plebe e conseguiu implantar a lei definitivamente, além de implementar a chamada Lei Frumentária, que determinava a venda de trigo por preços baixos a toda plebe. Assim, Caio Graco também foi morto, despertando uma intensa revolta plebeia que ocorreu pa- ralelamente às intensas revoltas de escravos, abrindo espaço para os generais militares tomarem o poder. SAIBA MAIS Dentre a revolta de escravos mais famosa, podemos citar a rebelião liderada por Spar- tacus, um simples agricultor que nasceu na Trácia. Ele foi capturado por romanos e vendido como escravo, na cidade de Cápua, a um treinador de Gladiadores chamado de Batiatus. Este forneceu todo o aparato a Spartacus, que se tornou famoso e respeitado entre todos os escravos gladiadores. Spartacus rebelou-se e fugiu com seus companheiros de lutas, iniciando uma revolta que chegou a ameaçar a unidade romana, pois seu grupo ganhou um enorme número de escravos que aderiram à luta pela liberdade, chegando ao número de aproximada- mente 79 mil pessoas. O fascínio por Spartacuslevou à produção de muitos filmes, séries e livros que contam sua história. Fonte: o autor. 77UNIDADE IV Roma Antiga A instabilidade provocada pelas revoltas plebeias levou ao poder um homem cha- mado Caio Mário, considerado o homem mais rico de Roma, mesmo sendo de origem da plebe. Vale destacar que Caio Mário juntou fortuna através do comércio e a utilizou sabia- mente, ajudando patrícios com dificuldades, financiando campanhas militares e, assim, foi ganhando prestígio dentro de Roma, chegando ao cargo de general do exército romano. Todos esses pontos elencados o levaram ao cargo de cônsul durantes seis anos, sendo que o próprio senado lhe forneceu o cargo de ditador. Caio Mário quebrou a regra de seis meses prorrogados por mais seis, ficando no poder por três anos consecutivos, eliminando grande parte do poder do senado. Vale res- saltar que foi Caio Mário quem implementou o exército profissional em Roma, pois passou a fornecer salário aos soldados, que passaram a ser fiéis ao seu general e não a Roma. Foi com a morte de Caio Mário que Sila, um grande general romano, chegou ao po- der, implantando uma ditadura. Mas, em seguida, devolveu o prestígio e a força ao senado, eliminando, quase que na totalidade, a participação plebeia. No entanto, ao término de seu período ditatorial, Sila entregou o cargo e deixou o poder, surpreendendo a todos e abrindo espaço para dominação de outros generais. Então, houve a eleição de dois novos cônsules, Pompeu, grande general romano, e Crasso, general responsável por derrotar a revolta de Spartacus. Vale ressaltar que esses dois generais se aliaram ao sobrinho de Caio Mário, chamado de Caio Júlio César (Júlio César), derrotando o senado e criando o Primeiro Triunvirato (três homens governando). Será que deu certo? O primeiro triunvirato chegou a dar certo no início, mas Júlio César foi se fortalecen- do militarmente e esperando a hora de tomar o poder. Temos então a Morte de Crasso, quando Pompeu se apoiou no senado tentando derrubar Júlio César, que disse: “Alea Jacta est”, ou seja, a sorte está lançada. Assim, Júlio César marchou sobre Roma com seu exército, tomando o poder e derrotando Pompeu. Dessa forma nasceu a saudação “Ave César”, além de ser aclamado como o pai da pátria. No entanto, seu governo foi curto, pois foi apunhalado pelas costas na saída de uma reunião do senado. A história narra que César recebeu 28 punhaladas, sendo que uma delas foi desferida pelo seu filho adotivo, chamado de Bruto, daí a frase dita por ele, pouco antes da morte: “Até Tu Bruto?”. Após sua morte, houve o espaço livre para o aparecimento do Segundo Triunvirato. 78UNIDADE IV Roma Antiga O Segundo triunvirato foi composto por Otávio, Lépido e Marco Antônio, todos ge- nerais do exército, ou seja, o poder ficou na mão dos militares. Logo começou a perseguição a todo o senado que foi praticamente dizimado e enfim, decidiram dividir o governo em três partes, começando a disputa entre os três. Vale ressaltar que Lépido abriu mão do governo e saiu do cenário político, deixando o conflito acontecer entre Otávio e Marco Antônio. A crise final do segundo triunvirato ocorreu por causa de uma crise envolvendo o Egito, que era dominado por Roma. Vale ressaltar que a rainha era Cleópatra, que tinha um filho de Júlio César. Sabendo disso, Marco Antônio se aproximou do Egito para ter mais forças, pois prometeu à Cleópatra que ela seria rainha de Roma e, assim, se casou com ela. Otávio atacou o Egito antigo, resultando no suicídio de Marco Antônio e Cleópatra. Então, Otávio voltou para Roma com muitos alimentos egípcios fornecendo alimentos a plebe romana e os acalmando. Trouxe também grande parte do tesouro egípcio reunido por milênios, permitindo a criação de um exército ainda maior, fortale- cendo ainda mais seu poder. Com todo esse poder, Otávio passou a dominar toda política romana e ganhou vários títulos, como Princeps Senatus (primeiro senador), que lhe dava poder sobre todo o senado, Tribuno da Plebe, que lhe dava o poder de falar em nome do povo, Procônsul, que lhe fornecia autoridade sobre todas as províncias, Pontífice Máximo, garantia o domí- nio da religião e, com isso, veio o título de Augustus, que significa semelhante a Deus. Por fim, ele recebeu o título de Imperador, que lhe dava poder sobre toda Roma, nascendo o período histórico que vamos estudar: Império Romano. 79UNIDADE IV Roma Antiga 4. O IMPÉRIO ROMANO Para estudar esse período da história romana, vamos dividir o chamado Império Romano em Alto Império e Baixo Império. Nos prenderemos à chegada de Otávio, ao auge histórico do Império e à decadência que levou ao final da história da Roma antiga. O império romano tinha duas bases principais, a escravidão e os impostos. Vale ressaltar que toda economia romana dependia do trabalho escravo, desde a força braçal cotidiana, até a mineração, agricultura entre outros, promovendo a busca constante de novas terras para suprir toda Roma antiga. No cenário político tínhamos toda a organização de Roma nas mãos do Imperador, desde as funções executivas, legislativas e judiciárias, até mesmo o domínio do exército romano e a política externa. Vale ressaltar que essa centralização política provocou enor- mes conflitos com o senado e fortaleceu o poder do Imperador, que, por sua vez, procurou aumentar cada vez mais o número de soldados no exército criando as chamadas Legiões. As legiões cuidavam das fronteiras romanas para evitar as invasões dos povos bárbaros. Destacamos ainda que Otávio Augustus foi o primeiro governante de Roma a criar um poderio de elite dentro do exército, chamado de Guarda Pretoriana, que cuidava especialmente da proteção do Imperador e dos casos principais de Roma. 80UNIDADE IV Roma Antiga Para controlar a plebe romana, foi criada a liberação de alimentos e diversão aos mesmos, através das lutas de Gladiadores (escravos que lutavam até a morte em uma arena). Essa política de fornecer alimentos e diversão recebeu o apelido de política do Pão e Circo, sendo que tudo ocorreu no alto Império. A sucessão imperial foi conturbada, passando por nomes como Nero, Cômodo, Cláudio, Trajano, Adriano e Marco Aurélio, conhecido como o “Imperador Filósofo”, que defendeu as fronteiras romanas das invasões bárbaras, suspendendo novas invasões e mantendo as fronteiras romanas, fazendo com que Roma vivesse um período de Pax romana, ou seja, paz em Roma. No entanto, se o dinheiro que era investido nas guerras, ajudando a paz no início, a falta dele pelo fim de novas invasões provocou a crise no segundo império, causando a decadência do Império Romano e uma crise econômica, que causou alta nos preços e desabastecimento das cidades. Houve também uma crise do escravismo que era a força motriz de Roma. Por fim, uma crise financeira por falta de moedas produzidas com metais saqueados das invasões durante a guerra. Vale ressaltar que todas essas crises romanas foram reunidas com outros proble- mas, como a corrupção que assolou todo mundo romano, seguida de sucessivos golpes que enfraqueceram o exército romano e abriram espaço para as invasões Bárbaras, que destruíram todo o império romano. REFLITA A Felicidade para o Imperador Marco Aurélio. “Se concentras teus esforços no presente, seguindo a reta razão seriamente, vigorosa- mente, calmamente, sem permitir que nada mais te distraia e mantendo puro seu gênio interior, como se tivesses de devolvê-lo imediatamente; se te aplicares a isso, nada esperando, nada temendo e satisfeito com sua atividade presente conforme à natureza e com uma verdade heroica em cada palavra e manifestação, viverás feliz. E ninguém será capaz de impedir isso” (AURÉLIO, 2019, p. 77, tradução nossa). Qual o seu motivo de Felicidade? 81UNIDADE IV Roma Antiga CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro(a) acadêmico(a), chegamos ao final da Unidade IV. Nela contemplamos o ber- ço de nossacivilização através da viagem sobre a origem dos romanos e suas realizações. Você consegue se lembrar? Espero que sim. Que bom foi conhecer um pouco da história dos romanos através da lenda de Rômulo e Remo e que a história pode se confundir com lendas e, por isso, não podemos descartar nem mesmo o senso comum. Vale ressaltar que conhecemos além da origem da civilização romana, pois compreendemos o quanto ela é importante para o presente. Passamos pela monarquia romana, conhecendo as origens e divisões de classes com a disputa de poder e a origens dos reis romanos. Passamos também pela República romana, de sua origem até seu auge, conhe- cendo as guerras Púnicas que tornaram Roma dominante em toda a região, nascendo o chamado Mare Nostrum. Você se lembra? Por fim, abordamos rapidamente a decadência do império romano, abordando sempre sua relação entre o ontem e o hoje. Enfim, foi gratificante conhecer a história romana e toda sua magia e reflexão para entendermos o passado e o presente. Muito obrigado! 82UNIDADE IV Roma Antiga WEB SILVA, N. O. da. Os mitos de Espártaco. 2018. 171 f. Tese (Doutorado em Histó- ria) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2018. Spartacus foi o líder de uma revolta de escravos que ameaçou a unidade política da Roma Antiga, que é apresentada em um número de séries variadas que você pode encon- trar em todo o mundo virtual em diferentes anos. Para desmistificar a mitologia criada em sua figura, indicamos a tese de doutorado em história social de Neemias Oliveira da Silva, publicada em 2018, que se encontra neste link: https://tede2.pucsp.br/handle/handle/21104 https://tede2.pucsp.br/handle/handle/21104 83UNIDADE IV Roma Antiga MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Os portões de Roma (Vol. 1 O imperador) Autor: Conn Iggulden Editora: Record Edição: 18ª Sinopse: O primeiro volume da trilogia O imperador. Em sua es- treia na literatura, Conn Iggulden captura a essência de uma terra, um povo, uma lenda. O imperador — Os portões de Roma trazem à vida uma das mais fascinantes eras da história da humanidade. Neste impressionante romance histórico, Iggulden é o guia de uma empolgante viagem pela Antiga Roma, um reino de tiranos e escravos, de sórdidas intrigas e paixões avassaladoras. Uma saga que está para Roma como a série Ramsés para o Antigo Egito. Primeiro título da trilogia O imperador, sobre a vida de Júlio César e livro que o prestigiado Bernard Cornwell (autor das trilogias Crônicas de Arthur e Em busca do Graal) expressou o desejo de ter escrito. O mais lendário de todos os monarcas, figura dominan- te dos últimos anos da república romana, Júlio César ascendeu de chefe político a chefe militar, e de chefe militar a ditador. Para contar essa história, o inglês Iggulden acompanha a trajetória de dois jovens, criados como irmãos, embora um deles seja ilegítimo, no colapso da república e ascensão de Julio César. Na luxuriante península italiana, um novo império está tomando forma. Em seu coração, a cidade de Roma, um lugar de glória e decadência, be- leza e sangue derramado. As aventuras e desventuras de Gaius e Marcus até a vida adulta, seus sonhos de batalhas, fama e glória a serviço do poderoso império funcionam como um microcosmos da Antiga Roma. Um é filho de um poderoso senador, nascido num ambiente de grande privilégio e ambição. Um menino ao qual muito se dá e muito se espera em retorno. O outro é seu irmão adotivo, um bastardo de grande força e esperteza, cujo amor pela família adotiva e principalmente pelo irmão, será a força motriz de toda sua vida. Conforme os caminhos dos dois se separam e o desejo por uma bela escrava se interpõe entre os dois, Gaius e Marcus conhecerão amor, perda e violência. E a terra que tanto amam per- de a inocência e mergulha num conflito civil que colocará romano contra romano. E a amizade entre os dois em xeque. 84UNIDADE IV Roma Antiga LIVRO 2 Título: Meditações Autor: Marco Aurélio Editora: Edipro Sinopse: Estas são anotações pessoais do imperador romano Marco Aurélio escritas entre os anos de 170 a 180. Também conhecidas como Meditações a mim mesmo, reúnem aforismos que orientaram o governante pela perspectiva do estoicismo – o controle das emoções para que se evitem os erros de julgamento. Suas meditações formam um manual de comportamento ainda atual sobre como podemos melhorar nosso comportamento e o relacionamento com o próximo. Marco Aurélio trava um diálogo interior em busca de verdades fun- damentais por meio da razão sem deixar de lado a sensibilidade. Sem inclinação a qualquer crença religiosa, Meditações apela para ordens universais nas quais até mesmo os acontecimentos ruins ocorrem para o bem de todos. O imperador assume o papel do fi- lósofo que instrui o aluno e dá conselhos ao amigo. Por seu caráter íntimo, Meditações tornou-se um dos escritos mais reveladores e inspiradores a respeito do pensamento de um grande líder. Apresenta ensinamentos sobre as virtudes, a felicidade, a morte, as paixões e a harmonia com a natureza e a aceitação de suas leis. Figura ainda entre as obras fundamentais para os estudiosos da filosofia estoica, mesmo milênios depois de sua composição. LIVRO 3 Título: Declínio e queda do império romano. Autor: Edward Gibbon Tradutor: José Paulo Paes Editora: Companhia de Bolso Sinopse: Publicada em seis volumes, entre 1776 e 1778, esta obra, imediatamente reconhecida como clássica e que se tornaria a mais famosa da historiografia inglesa, abrange três grandes períodos: da época de Trajano e dos Antoninos (c. 100 d.C.) à extinção do império romano do Ocidente, com a conquista de Roma por Alarico em 410; do reinado de Justiniano no Oriente ao estabelecimento do Sacro Império Germânico por Carlos Magno; e, por fim, do renascimento do império no Ocidente à tomada de Constantinopla. Abreviada e editada pelo renomado especialista Dero A. Saunders, esta edição aborda principalmente o período inicial, o do progressivo enfraquecimento do império romano no Ocidente. Com isso, o leitor brasileiro tem a oportunidade de acompanhar, na prosa cadenciada de um dos maiores estilistas da literatura inglesa, o “triunfo da barbárie e da religião” sobre as nobres virtudes romanas que Gibbon tanto admirava. E, sempre presente neste modelo de narrativa histórica, a irresistível ironia de Gibbon, exemplificada em sua famosa definição da história como “pouco mais do que o registro dos crimes, loucuras e desventuras da humanidade”. 85UNIDADE IV Roma Antiga FILME/VÍDEO Título: Spartacus Ano: 2004 Diretor: Robert Dornhelm Sinopse: Gália, 72 a.C. Varínia (Rhona Mitra) é uma bela jovem que nascera livre, mas vira uma escrava quando sua pacífica aldeia é atacada pelos romanos, pois nada nem ninguém poderia detê-los. Há vários anos Roma se debatia em guerras civis entre os plebeus e seus aristocráticos rivais, os patrícios, liderados pelo senador Marcus Crassus (Angus Macfadyen), o homem mais rico do mundo, que quando criança tinha presenciado o assassinato do pai no Fórum. Crassus renascerá das cinzas da desgraça de sua família e é possuidor de uma ambição desmedida, ambição está só refreada por rivais como o senador Antonius Agrippa (Alan Bates). As guerras civis findaram e os homens sorriam uns aos outros, mas as inimizades não tinham fim. A fortuna de Crassus se percebia pelo ouro e pela prata, mas era medida pela carne de mi- lhares de escravos que viviam sua curta existência em um mundo de sofrimento, sob o capricho de seus amos. Paralelamente, em uma mina do Egito de onde saía o ouro que adornavam as mulhe- res dos aristocratas, escravos de várias partes do mundo viviam um inferno constante, onde o mais simples ato se torna doloroso. Lá havia um escravo trácio, Spartacus (Goran Visnjic), que não se dobrava ao chicote e estava para ser crucificado, assim como também acontecera com seu pai. É quando foi comprado por um lanista, Lentulus Batiatus (Ian McNeice), donoda maior escola de gladiadores da Itália, que coincidentemente também comprara Varínia. Os dois logo se sente atraídos e Batiatus os faz ficarem juntos para “cruzarem”, pois não passavam de animais para os romanos. Mas Spartacus e Varínia tem um comportamento muito diferente do esperado, pois se respeitavam como humanos. Duran- te o início dos treinamentos ficou claro que ele não sabia lutar, mas Spartacus aprende depressa e logo se torna o gladiador preferido nos combates em Cápua. Ele gostava desta fama, mas tudo muda quando Marcus Crassus chega na escola de gladiadores com sua mulher e outro casal de patrícios. Os dois casais foram até lá pedindo dois combates até a morte. Isto era fora do convencional e poderia causar um clima tenso na escola. Batiatus estipulou para a realização dos combates uma enorme quantia e Crassus concordou. Os visitantes escolheram os gladiadores e as lutas co- meçaram. A primeira luta logo terminou, então chegou o momento de Spartacus ter de lutar com Draba (Henry Simmons), um etíope que após alguns minutos derrotou Spartacus e recebeu a ordem de dar o golpe fatal. Em vez de cumprir o ordenado, Draba tentou atacar os patrícios e foi morto. Após refletir, Spartacus entendeu que Draba preferiu morrer como um homem do que viver como um animal. Isto seria o ponto de partida para Spartacus liderar uma rebelião de escravos, que abalaria todo o Império Romano. 86UNIDADE IV Roma Antiga FILME / VÍDEO 2 Título: O Gladiador Ano: 2000 Diretor: Ridley Scott Sinopse: Nos dias finais do reinado de Marcus Aurelius (Richard Harris), o imperador desperta a ira de seu filho Commodus (Joa- quin Phoenix) ao tornar pública sua predileção em deixar o trono para Maximus (Russell Crowe), o comandante do exército romano. Sedento pelo poder, Commodus mata seu pai, assume a coroa e ordena a morte de Maximus, que consegue fugir antes de ser pego e passa a se esconder sob a identidade de um escravo e gladiador do Império Romano. FILME / VÍDEO 3 Título: Pompeia Ano: 2014 Diretor: Paul W. S. Anderson Sinopse: Milo é um escravo que se tornou um gladiador e se en- contra em uma corrida contra o tempo. Após a erupção do Monte Vesúvio, ele precisa salvar seu grande amor, a bela Cassia, filha de um rico comerciante e que foi prometida a um corrupto senador romano, em meio a destruição da cidade. 87 REFERÊNCIAS ARAÚJO, E. Escrito para a eternidade. A literatura no Egito faraônico. Brasília: UnB, 2000. ARRUDA, J. J. A. História antiga e medieval. 16. ed. São Paulo: Editora Ática, 1993. BASTOS, S. O paraíso é no Piauí. A descoberta da arqueóloga Niède Guidon. Rio de Janeiro: Família Bastos, 2010. BERUTTI; FARIA; MARQUES. História moderna através de textos. São Paulo. Editora Contexto, 2001. BETTENCOURT, A. M. S. 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Que bom foi conhecer a divisão eurocêntrica da história, partindo da pré-história, em que abordamos o surgimento do homem moderno, seu conceito e produções durante o tempo, passamos pelos períodos do Paleolítico, Neolítico e Idade dos metais. Destacamos na Unidade II duas grandes civilizações, começando pela mesopo- tâmica e seu legado histórico. Entendemos seu desenvolvimento, sua experiência que vai transformar nosso presente, que é a primeira escrita conhecida na história, a escrita “cunei- forme”, além do primeiro código de leis escrito, ou seja, o código de Hamurabi, baseado na lei do talião (olho por olho e dente por dente). Conhecemos também a importância dos rios Tigre, Eufrates e Nilo, e várias outras civilizações que cresceram em suas margens, civilizações hidráulicas, ou seja, dependentes dos rios. Apresentei o Egito antigo com todas suas maravilhas históricas e sua organização, conhecemos sua divisão histórica, começando pelo antigo império, médio e novo império. Demonstrei também o seu legado relacionando o ontem e o hoje. Na Unidade III presenciamos a importância dos poemas da Ilíada e da Odisseia como fonte histórica, apresentando a cultura grega deixada ao longo do tempo. Vale res- saltar que entendemos a origem da civilização cretense, passando pela lenda do Minotauro e do rei Minos, conhecendoum pouco sobre a civilização Micênica e, por fim, chegamos à primeira diáspora, dispersão dos gregos pelo mundo. Passamos pelas grandes cidades-es- tados gregas, conhecendo um pouco sobre Esparta e Atenas, compreendendo a educação 91 militar de uma e toda política da outra. Conhecemos os principais legisladores e suas ideias que norteiam nosso código de leis na atualidade. Você se lembra? Apontamos também as Guerras Médicas, dos Medos, dos temíveis Persas e a guerra interna do Peloponeso. A Unidade IV foi uma jornada pela Roma antiga. Apresentei os períodos que a formaram, desde a Monarquia romana, passando pela República e concluindo com o Im- pério, ou seja, nossa viagem parte do início, auge e decadência de Roma. Passamos pelas origens lendárias e históricas de Roma, você se lembra dos irmãos Rômulo e Remo? Deciframos a divisão de classes em Roma e a origem do poder da República Romana que é o berço de nossa civilização. Você conheceu o conflito que ameaçou a unidade romana contra Cartago, uma guerra cheia de táticas inovadores e surpreendentes para a história. Vale ressaltar que terminamos nossos estudos através do Império romano até sua decadência. Por fim, desejo que este material tenha sido de grande aproveitamento em seu estudo e que tenha ajudado a fortalecer seu desenvolvimento educacional e entender tudo que nos cerca em relação à sociedade e à cultura, além da relação do ontem e do hoje. A partir de agora acredito que você já está preparado(a) para seguir em frente, desenvolvendo ainda mais suas habilidades históricas. Te desejo todo o sucesso do mundo em seu futuro próximo e que possa realizar a diferença na história. Até uma próxima oportunidade. Muito obrigado! +55 (44) 3045 9898 Rua Getúlio Vargas, 333 - Centro CEP 87.702-200 - Paranavaí - PR www.unifatecie.edu.br/editora-edufatecie edufatecie@fatecie.edu.br EduFatecie E D I T O R A _heading=h.30j0zll _heading=h.1fob9te _heading=h.2et92p0 _heading=h.sjippcl26oah _heading=h.axw1i72xuchs _heading=h.3znysh7 UNIDADE I História Antiga UNIDADE II O Estudo das Antigas Civilizações UNIDADE III O Mundo Grego UNIDADE IV Roma Antiga