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<p>EduFatecie</p><p>E D I T O R A</p><p>História</p><p>Antiga</p><p>Professor Esp. Cleber Henrique Sanitá Kojo</p><p>Reitor</p><p>Prof. Ms. Gilmar de Oliveira</p><p>Diretor de Ensino</p><p>Prof. Ms. Daniel de Lima</p><p>Diretor Financeiro</p><p>Prof. Eduardo Luiz</p><p>Campano Santini</p><p>Diretor Administrativo</p><p>Prof. Ms. Renato Valença Correia</p><p>Secretário Acadêmico</p><p>Tiago Pereira da Silva</p><p>Coord. de Ensino, Pesquisa e</p><p>Extensão - CONPEX</p><p>Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza</p><p>Coordenação Adjunta de Ensino</p><p>Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman</p><p>de Araújo</p><p>Coordenação Adjunta de Pesquisa</p><p>Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme</p><p>Coordenação Adjunta de Extensão</p><p>Prof. Esp. Heider Jeferson Gonçalves</p><p>Coordenador NEAD - Núcleo de</p><p>Educação à Distância</p><p>Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal</p><p>Web Designer</p><p>Thiago Azenha</p><p>Revisão Textual</p><p>Beatriz Longen Rohling</p><p>Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante</p><p>Kauê Berto</p><p>Projeto Gráfico, Design e</p><p>Diagramação</p><p>André Dudatt</p><p>2021 by Editora Edufatecie</p><p>Copyright do Texto C 2021 Os autores</p><p>Copyright C Edição 2021 Editora Edufatecie</p><p>O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correçao e confiabilidade são de responsabilidade</p><p>exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permi-</p><p>tidoo download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem</p><p>a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.</p><p>Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP</p><p>K79h Kojo, Cleber Sanitá</p><p>História antiga / Cleber Sanitá Kojo. Paranavaí: EduFatecie,</p><p>2020.</p><p>91 p.: il. Color.</p><p>ISBN 978-65-87911-89-2</p><p>1. História antiga. 2. Civilização antiga. I. Centro Universitário</p><p>UniFatecie. II. Núcleo de Educação a Distância. III Título.</p><p>CDD: 23 ed. 930</p><p>Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577</p><p>UNIFATECIE Unidade 1</p><p>Rua Getúlio Vargas, 333</p><p>Centro, Paranavaí, PR</p><p>(44) 3045-9898</p><p>UNIFATECIE Unidade 2</p><p>Rua Cândido Bertier</p><p>Fortes, 2178, Centro,</p><p>Paranavaí, PR</p><p>(44) 3045-9898</p><p>UNIFATECIE Unidade 3</p><p>Rodovia BR - 376, KM</p><p>102, nº 1000 - Chácara</p><p>Jaraguá , Paranavaí, PR</p><p>(44) 3045-9898</p><p>www.unifatecie.edu.br/site</p><p>As imagens utilizadas neste</p><p>livro foram obtidas a partir</p><p>dos sites Shutterstock e</p><p>Pixabay.</p><p>AUTOR</p><p>Professor Cleber Henrique Sanitá Kojo</p><p>● Licenciatura Plena em História pela UNESPAR – FAFIPA, Paranavaí.</p><p>● Licenciatura Plena em Sociologia pela UNAR - Centro Universitário de Araras</p><p>“Dr. Edmundo Ulson”.</p><p>● Especialista em História e Geografia pela Faculdade Integrada do Vale do Ivaí.</p><p>● Especialista em Gestão Escolar, Supervisão e Orientação pela ESAP -</p><p>Faculdades Integradas do Vale do Ivaí.</p><p>● Especialista em Educação de Jovens e Adultos pela ESAP – Faculdades</p><p>Integradas do Vale do Ivaí.</p><p>● Docente da educação básica (Fundamental e Médio) da SEED, PR.</p><p>● Docente do ensino superior na UniFatecie.</p><p>● Coordenador Pedagógico da educação básica (Médio) do Colégio Fatecie</p><p>Premium.</p><p>● Supervisor de tutoria e Tutor da EAD UniFatecie.</p><p>Ampla experiência como docente da educação básica (Fundamental e Médio), Pro-</p><p>fessor de cursinhos pré-vestibulares em história e filosofia e prática docente na educação</p><p>a distância.</p><p>Endereço para acessar este CV: http://lattes.cnpq.br/7716876167354361</p><p>APRESENTAÇÃO DO MATERIAL</p><p>Seja muito bem-vindo(a)!</p><p>Prezado(a) acadêmico(a), que bom que está iniciando seu estudo na História</p><p>Antiga. Preste muita atenção, pois, se em você ocorreu um fascínio sobre assunto desta</p><p>disciplina, é o início de uma grande viagem histórica que vamos realizar juntos. Proponho</p><p>uma construção conjunta sobre a formação da história e a ideia de história antiga.</p><p>Gostaria de desenvolver esse estudo junto com você, construindo nosso conheci-</p><p>mento sobre os conceitos fundamentais que norteiam a história na antiguidade, começando</p><p>pela evolução do homem e seu convívio inicial em sociedade, passando pelas primeiras so-</p><p>ciedades antigas, as sociedades ribeirinhas, e entendendo toda sua importância na história.</p><p>Na Unidade I começaremos a nossa jornada pela introdução histórica e os conceitos</p><p>que norteiam esse período histórico. Assim, entenderemos também a formação da história</p><p>antiga, que nós chamamos de Pré-História. Vale ressaltar que essa noção é necessária</p><p>para que possamos trabalhar a segunda unidade, em que introduziremos as primeiras</p><p>sociedades antigas, as chamadas sociedades ribeirinhas.</p><p>Já na Unidade II vamos ampliar nossos conhecimentos sobre as sociedades anti-</p><p>gas, fazendo uma viagem sobre a Mesopotâmia, passando pela importância dos rios Tigre</p><p>e Eufrates, pela religião, economia, cultura e tudo que cerca seu legado, como a invenção</p><p>da escrita cuneiforme e pelo primeiro código de leis escrito no mundo. Vale ressaltar ainda</p><p>que nessa unidade conheceremos também o Egito antigo e todo o seu fascínio com o</p><p>legado histórico, cultural, entre outros.</p><p>As Unidades III e IV serão compostas pela Grécia e Roma antiga, com todos seus</p><p>feitos históricos e políticos e, assim, entenderemos o porquê de o chamarmos de berço da</p><p>nossa civilização.</p><p>Ao fim dessa apostila espero que seu horizonte histórico seja modificado e am-</p><p>pliado, entendo que muita coisa existente em nossa sociedade atual é herança do legado</p><p>desses povos antigos. Aproveito também para reforçar o pedido a você, para percorrer</p><p>essa jornada de construção do conhecimento observando, estudando e avaliando todos os</p><p>assuntos abordados em nosso material.</p><p>Esperamos contribuir para seu crescimento pessoal e profissional.</p><p>Muito obrigado e bom estudo!</p><p>SUMÁRIO</p><p>UNIDADE I ...................................................................................................... 3</p><p>História Antiga</p><p>UNIDADE II ................................................................................................... 24</p><p>O Estudo das Antigas Civilizações</p><p>UNIDADE III .................................................................................................. 45</p><p>O Mundo Grego</p><p>UNIDADE IV .................................................................................................. 66</p><p>Roma Antiga</p><p>3</p><p>Plano de Estudo:</p><p>● Introdução e Conceitos: História Antiga;</p><p>● A Pré-história.</p><p>Objetivos da Aprendizagem:</p><p>● Conhecer a introdução e os conceitos que envolvem o estudo de história;</p><p>● Entender os calendários através dos tempos;</p><p>● Contextualizar todo o processo histórico que envolve a história antiga;</p><p>● Compreender as transformações ao longo da pré-história.</p><p>UNIDADE I</p><p>História Antiga</p><p>Professor Esp. Cleber Henrique Sanitá Kojo</p><p>4UNIDADE I História Antiga</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Seja muito bem-vindo (a)!</p><p>Prezado(a) educando(a), sinta-se abraçado(a) e cheio(a) de entusiasmo para iniciar</p><p>a nossa disciplina de História Antiga.</p><p>Agora preste muita atenção, pois acredito que estamos iniciando um caminho repleto</p><p>de conhecimento que você precisa compreender para o desenrolar da unidade a seguir.</p><p>A partir de agora, partimos para uma jornada no tempo em busca das nossas</p><p>experiências históricas, viajando para as mais remotas civilizações da antiguidade. Para</p><p>que isso ocorra, iremos iniciar nossa viagem através de uma leve introdução histórica e</p><p>partiremos ao ponto de conhecer alguns conceitos que norteiam o estudo da história.</p><p>Nesta unidade vamos fazer uma viagem no tempo em todos os sentidos, pois iremos</p><p>conhecer o tempo e a história, passando pelo tempo cronológico e, por fim, conhecendo</p><p>alguns calendários criados pelos homens durante seu processo de desenvolvimento. Vale</p><p>destacar que, durante essa viagem, vamos conhecer também a divisão eurocêntrica da</p><p>história, partindo da pré-história e passando por idade antiga, idade média, idade moderna</p><p>e idade contemporânea. No entanto, o foco principal de estudo entre esses períodos histó-</p><p>ricos abordados será a pré-história.</p><p>Dentro da pré-história abordaremos o surgimento do homem moderno, seu conceito</p><p>e produções durante o tempo, passando pelos períodos do Paleolítico,</p><p>povoamento do Egito antigo começou antes mesmo do fim da revolução neolítica,</p><p>pois povos de origem hamita já habitavam a região, criando as primeiras aldeias neolíticas</p><p>que foram crescendo e se tornando o que, na história, chamamos de nomos, que eram</p><p>nada mais que a primeira forma de organização centralizada, pois ocorre a união de várias</p><p>aldeias na região que era governada pelo nomarca.</p><p>36UNIDADE I História Antiga 36UNIDADE II O Estudo das Antigas Civilizações</p><p>Com o desenvolvimento da agricultura e o aumento populacional, tivemos o sur-</p><p>gimento dos primeiros grandes grupos humanos, dando origem às primeiras cidades que</p><p>já possuíam uma espécie de divisão de trabalho e controle do excedente da produção</p><p>agrícola, exigindo, então, um maior controle sobre o Nilo e sobre suas margens, ocorrendo,</p><p>assim, a centralização do poder. Vale ressaltar que tivemos os primeiros reinos, conhecidos</p><p>como o Alto Egito, ao sul, e o Baixo Egito, ao norte.</p><p>A divisão entre os reinos do Alto e Baixo Egito terminam quando o rei do Alto Egito,</p><p>chamado Menés, conquistou o Baixo e unificou a região, se tornando o primeiro Faraó do</p><p>Egito. Com isso, ele passou a ter todo o poder administrativo e divino, pois o faraó passou a</p><p>ser considerado uma divindade na terra. O faraó exercia um poder considerado despótico,</p><p>acumulando todo o poder em suas mãos.</p><p>Em torno do faraó temos uma grande burocracia, repleta de escribas, funcionários</p><p>e sacerdotes, aumentando ainda mais a divindade citada, pois o faraó passou a ser consi-</p><p>derado um deus vivo, que dominava cada vez mais a população através das gigantescas</p><p>obras. Vale ressaltar que o faraó tinha um papel importantíssimo na organização do estado,</p><p>ele controlava praticamente tudo. Segundo Kemp (2003, p. 73),</p><p>Em última instância, os dogmas serviam para reforçar o processo histórico</p><p>através do qual uma autoridade central apareceu para exercer seu controle</p><p>sobre uma rede há muito estabelecida de política de comunidades, e era</p><p>continuamente reforçada nas províncias pelo ritual e iconografia do ritual que</p><p>fizeram, por exemplo, do rei o responsável pelas cerimônias nos templos pro-</p><p>vinciais.</p><p>Os egípcios acreditavam que o faraó era uma divindade encarnada, que era des-</p><p>cendente direto do deus Amon-Rá e, ao mesmo tempo, encarnação de Hórus, ou seja, era</p><p>a junção do deus-sol e do deus falcão. Percebemos esse poder na citação a seguir:</p><p>Levantai vossas faces, ó deuses que estão no outro mundo, porque o rei veio</p><p>para vós possais vê-lo, ele se tornou o grande deus. O Rei é anunciado] com</p><p>temor, o rei é vestido. Guardai-vos, todos, porque o rei governa os homens,</p><p>o Rei julga os vivos no domínio de Rá, o Rei fala a sua região pura à qual</p><p>fez sua morada com aquele que julgou entre os dois deuses. O rei tem poder</p><p>em sua cabeça, o rei porta o seu cetro e Thot mostra respeito pelo rei. O Rei</p><p>senta com aqueles que remam a barca de Rá, o rei ordena o que é bom e Rá</p><p>o faz, porque o Rei é o grande deus (FAULKNER, 1969, p. 252).</p><p>Ainda sobre o poder do faraó, podemos afirmar que sua divindade ajudava a domi-</p><p>nar todo o povo, assim como explana Gralha (2002, p. 173):</p><p>Como a religião permeava toda a sociedade egípcia, a legitimidade garanti-</p><p>da através da esfera divina deveria ser o primeiro passo para a consecução</p><p>do projeto político-religioso do rei. Tal legitimidade seria alcançada pelo de-</p><p>senvolvimento da parte divina da natureza dual do monarca, entendendo os</p><p>egípcios tal natureza ao mesmo tempo divina e humana, e pelo estreitamento</p><p>da relação do faraó com o deus (neste caso, uma divindade dinástica com</p><p>atributos de deus primordial), e que tal abrangência estivesse presente em</p><p>todo o reino.</p><p>Para exemplificar melhor o desenvolvimento do Egito antigo, dividimos sua história em</p><p>impérios, começando pelo antigo, passando pelo médio e novo império. Vamos conhecê-los?</p><p>37UNIDADE I História Antiga 37UNIDADE II O Estudo das Antigas Civilizações</p><p>3.1 O Antigo Império</p><p>O antigo império ocorre entre 3200 a 2300 a.C., para ser mais exato, com a unifica-</p><p>ção proporcionada por Menés, pois ele criou uma burocracia e a ideia de divindade faraônica,</p><p>assumindo todo o papel de liderança. Logo após, ele mudou a capital para Tinis, por isso</p><p>alguns historiadores classificam esse período como Tinita, mas depois temos outra cidade</p><p>chamada de Mênfis, também chamado de período Menfita. Vale ressaltar que foi nesse pe-</p><p>ríodo que ocorreu a construção das três pirâmides de Gizé, chamadas de Quéfren, Queóps e</p><p>Miquerinos, que simbolizavam o grande poder faraônico e sua ligação com os deuses.</p><p>Foi nesse período que os egípcios começaram a comercializar com outras regiões</p><p>e graças à burocracia formada passou-se a ter uma arrecadação de impostos, que susten-</p><p>tava o Estado, conseguindo renda para construção de projetos de irrigação e, até mesmo,</p><p>das pirâmides citadas. Essas construções conhecidas como pirâmides eram monumentos</p><p>que tinham a função de túmulo dos faraós e seus subalternos próximos.</p><p>Resumidamente, podemos afirmar sobre o Antigo Império que</p><p>Durante o Reino Antigo, o Egito experimentou um longo e ininterrupto pe-</p><p>ríodo de prosperidade econômica e estabilidade política, como continuação</p><p>do Período Pré-Dinástico. O país rapidamente cresceu em um Estado cen-</p><p>tralizado governado por um rei que se acreditava estar dotado com poderes</p><p>sobrenaturais. Era administrado por uma elite letrada selecionada, ao menos</p><p>em parte, por mérito. O Egito atingiu quase que uma completa autossuficiên-</p><p>cia e segurança em suas fronteiras naturais; nenhum rival externo ameaçou</p><p>seu domínio no nordeste da África e nas áreas imediatamente adjacentes da</p><p>Ásia Ocidental. Avanços nas ideias religiosas foram refletidos nas estupen-</p><p>das conquistas na arte e arquitetura (MÁLEK, 2003, p. 84).</p><p>3.2 O Médio Império</p><p>O médio império foi um período em que os poderes do faraó não foram debatidos</p><p>e a unidade política foi fortalecida. Houve uma nova capital chamada de Tebas, em que os</p><p>faraós da XII dinastia ordenaram a construção de novas obras de irrigação, aumentando a</p><p>área agricultável no Egito, desenvolvendo e trazendo prosperidade para o império.</p><p>O professor Arnoldo Walter Doberstein (2010), da PUC do Rio Grande do Sul,</p><p>aponta que o Médio Império foi um período de evolução artística, um período em que se</p><p>desenvolveram muitas tumbas do Vale dos Reis. Ocorreu também a construção de grandes</p><p>templos, além de contatos com povos como os hebreus, fenícios entre outros.</p><p>Foi nesse período que ocorreu a invasão dos hicsos, oriundos da Ásia menor, fa-</p><p>zendo com que os egípcios fossem dominados, pela primeira vez, por povos estrangeiros.</p><p>Isso se deu principalmente pelo desenvolvimento militar dos hicsos, que utilizavam cavalos,</p><p>carros de guerra e armas de ferro, instrumentos inovadores para toda região do Nilo. Assim,</p><p>o Médio Império chega ao fim por sua instabilidade e a invasão dos guerreiros hicsos.</p><p>38UNIDADE I História Antiga 38UNIDADE II O Estudo das Antigas Civilizações</p><p>3.3 O Novo Império</p><p>Logo após a invasão dos hicsos, os egípcios começaram e se organizar e a criar</p><p>uma espécie de sentimento nacionalista e principalmente militarista, isso sob a liderança de</p><p>faraó Amósis I, que organizou o exército e recuperou o território, fazendo o Egito ser ainda</p><p>mais respeitado. Vale ressaltar que a confirmação dessa liderança vem logo a seguir, com</p><p>a escravização dos hebreus, que conseguiram sua liberdade muitos anos depois através</p><p>do episódio, conhecido hoje em dia como êxodo.</p><p>O Novo Império nada mais é que o período em que ocorreu o auge do Egito antigo,</p><p>pois o faraó Tutmés III conseguiu a maior expansão territorial dos egípcios, chegando até a</p><p>Mesopotâmia, bem às margens do rio Eufrates. Vale ressaltar que a expansão é aumentada</p><p>por Ramsés II, com a conquista do território palestino.</p><p>Com tanta força militar, os egípcios acumularam cada vez mais riquezas, podendo</p><p>construir os extraordinários templos de Luxor e Karnac. Infelizmente o império começa a</p><p>decair com a</p><p>morte de Ramsés II, pois os conflitos internos aumentaram, enfraquecendo</p><p>cada vez mais a centralização do poder egípcio, abrindo espaço para seu término.</p><p>39UNIDADE I História Antiga 39UNIDADE II O Estudo das Antigas Civilizações</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Religião no Egito antigo</p><p>Você sabia que a religião no Egito Antigo era politeísta, ou seja, cultuavam vários deu-</p><p>ses com funções diferentes na sociedade?</p><p>Os deuses egípcios tinham muita coisa em comum com os humanos, pois, além de</p><p>nomes, eles tinham sentimentos, desejos e vontades. Apesar dessas coisas comuns a</p><p>todos os deuses, eles tinham características próprias, desde corpo humano e, na maio-</p><p>ria das vezes, cabeças de animais, mas poderiam ser também totalmente humanos ou</p><p>inteiramente animais.</p><p>Tinham poderes extremamente fortes, como exemplo: as lágrimas derramadas por eles</p><p>poderiam gerar homens, minerais entre outros.</p><p>Conheça os principais deuses egípcios e seus significados acessando o link:</p><p>https://super.abril.com.br/mundo-estranho/quais-sa%CC%83o-os-principais-deuses-e-</p><p>gipcios/</p><p>REFLITA</p><p>“As águas do Nilo provêm do Nilo azul, que nasce nas terras altas da etiópia, e do Nilo</p><p>branco, que se divide num emaranhado de regatos no Sudão meridional e se origina no</p><p>lago vitória, no centro da África […] no Egito a água do Nilo alcançava o nível mais bai-</p><p>xo de abril a junho. já em julho o nível subia e a inundação começava normalmente em</p><p>agosto, cobrindo a maior parte do vale desde aproximadamente meados de agosto até o</p><p>final de setembro, lavando os sais do chão e depositando um estrato de sedimentos que</p><p>crescia a um ritmo de vários centímetros por século. depois que o nível da água baixava,</p><p>eram semeados os plantios principais em outubro e novembro, que, segundo a espécie,</p><p>amadureciam de janeiro a abril.”</p><p>Fonte: Baines e Malik (2008) On line.</p><p>40UNIDADE I História Antiga 40UNIDADE II O Estudo das Antigas Civilizações</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>Caro(a) acadêmico(a), chegamos ao final da Unidade II. No decorrer dela contem-</p><p>plamos diversas temáticas sobre as mais remotas civilizações da antiguidade e, para que</p><p>isso ocorresse, fizemos uma introdução histórica, abordando algumas civilizações que nor-</p><p>teiam a antiguidade. Você consegue se lembrar? Espero que nesse momento do processo</p><p>de ensino/aprendizagem você esteja encantado(a) e fascinado(a), sabendo um pouco mais</p><p>sobre as antigas civilizações. Se lembra quais nós estudamos? Espero que sim.</p><p>Que bom foi conhecer um pouco das antigas civilizações, como a persa, a hebraica</p><p>entre outras. Entendemos, através dessas civilizações, a transição da pré-história que</p><p>estudamos na primeira unidade e sua ligação para a Mesopotâmia e o Egito.</p><p>Anseio que nosso foco principal de estudo, a Mesopotâmia e o Egito, foram sur-</p><p>preendentes para você, pois abordamos o aparecimento da primeira escrita conhecida no</p><p>mundo, a cuneiforme, e passamos pelo primeiro código de leis escrita do mundo, o código</p><p>de Hamurabi, baseado na lei do talião (olho por olho, dente por dente), passando pela</p><p>sucessão de povos que formaram a Mesopotâmia.</p><p>Por fim, abordamos um pouco do Egito antigo, conhecendo sua divisão histórica, a</p><p>sociedade, a economia e a cultura.</p><p>Enfim, foi gratificante conhecer essas incríveis civilizações. Nos vemos na próxima</p><p>unidade.</p><p>Obrigado!</p><p>41UNIDADE I História Antiga 41UNIDADE II O Estudo das Antigas Civilizações</p><p>WEB</p><p>DOBERSTEIN, A. W. O Egito antigo. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2010. Disponível</p><p>em: http://www.pucrs.br/edipucrs/oegitoantigo.pdf. Acesso em: 20 ago. 2021.</p><p>42UNIDADE I História Antiga 42UNIDADE II O Estudo das Antigas Civilizações</p><p>MATERIAL COMPLEMENTAR</p><p>LIVRO</p><p>Título: Babilônia: A mesopotâmia e o nascimento da civilização</p><p>Autor: Paul Kriwaczek</p><p>Editora: Zahar</p><p>Edição: 1ª</p><p>Sinopse: Em Babilônia, Paul Kriwaczek conta a história da antiga</p><p>Mesopotâmia, desde as primeiras povoações, em torno de 5400</p><p>a.C., até a chegada dos persas no século VI a.C. O autor faz a</p><p>crônica da ascensão e queda do reino babilônico durante esse</p><p>período e analisa suas numerosas inovações materiais, sociais e</p><p>culturais. O povo da Mesopotâmia lançou as bases do que hoje</p><p>conhecemos como civilização – com o nascimento da escrita, do</p><p>estado centralizado, da divisão do trabalho, da religião organizada,</p><p>da matemática e da lei, entre muitas outras coisas fundamentais</p><p>que nos servem até hoje. Nas cidades que construíram se desen-</p><p>rolou metade da história humana. No cerne da magistral narrativa</p><p>de Kriwaczek está a glória da Babilônia ― “o portal dos deuses”</p><p>―, que teve seu apogeu no reinado do soberano amorita Hamurá-</p><p>bi, que unificou a cidade entre 1800 e 1750 a.C. Embora o poder</p><p>babilônico viesse a crescer e depois declinar nos séculos seguin-</p><p>tes, a Babilônia preservou sua importância como centro cultural,</p><p>religioso e político por mais de 4 mil anos.</p><p>LIVRO 2</p><p>Título: A mesopotâmia</p><p>Autor: Marcelo Rede</p><p>Editora: Saraiva</p><p>Sinopse: Utilizando documentos escritos e arqueológicos, o reno-</p><p>mado professor Marcelo Rede reconstrói a trajetória e o cotidiano</p><p>dos povos da antiga Mesopotâmia. O mundo dos sumérios, babi-</p><p>lônios e assírios revela-se ao leitor, que acompanha a formação</p><p>social e econômica, as relações políticas, a cultura e o modo de</p><p>vida desses povos, num texto fascinante e acessível.</p><p>43UNIDADE I História Antiga 43UNIDADE II O Estudo das Antigas Civilizações</p><p>LIVRO 3</p><p>Título: História do Egito Antigo</p><p>Autor: Nicolas Grimal</p><p>Editora: Forense Uni Profissional</p><p>Edição: 1ª</p><p>Sinopse: Escrever uma História do Egito dos faraós não apresen-</p><p>ta mais, nos nossos dias, o aspecto aventureiro que tal tentativa</p><p>ainda conservava na virada do século XX. Diante dos progressos</p><p>técnicos, novos métodos de trabalho provocaram a mudança do</p><p>pensamento dos pesquisadores, e surgiu a ideia de que um caco</p><p>de cerâmica pode ter um peso tão grande no entender um fato</p><p>quanto um grão de pólen ou um fragmento de papiro. A partir desta</p><p>multiplicação das fontes, o historiador vê-se obrigado a abrir seu</p><p>método a diversas disciplinas.</p><p>FILME / VÍDEO</p><p>Título: Babilônia - Passado, Presente e Futuro</p><p>Ano: 1996</p><p>Diretor: Linda Scobee</p><p>Roteirista: Linda Scobee</p><p>Sinopse: A história e as profecias bíblicas apresentam a Babi-</p><p>lônia como uma potência social, econômica e religiosa. A Bíblia</p><p>apresenta a Babilônia como uma mulher cavalgando uma besta</p><p>com 7 cabeças e 10 chifres. A Babilônia tem fascinado incontáveis</p><p>pessoas através dos séculos e sua história é importante para os</p><p>cristãos, hoje. Descubra o fio que liga o presente ao passado da</p><p>Babilônia.</p><p>FILME / VÍDEO 2</p><p>Título: As 10 Maiores Descobertas Do Egito Antigo</p><p>Ano: 2007</p><p>Diretor: Ben Mole</p><p>Sinopse: Durante mais de 200 anos, o Egito abrigou os maiores</p><p>descobrimentos do mundo. O Egito na História é um especial de</p><p>90 minutos que transporta os telespectadores até o mundo da ar-</p><p>queologia moderna e das análises científicas para descobrir seus</p><p>incríveis e inexplorados segredos. Acompanhado por uma equipe</p><p>de importantes cientistas, o prestigiado arqueólogo Zahi Hawass</p><p>viaja por todo o país, guiando os telespectadores pelas histórias</p><p>de dez importantes descobrimentos: desde o barco solar de Khufu</p><p>até o Obelisco inacabado. Juntamente com estas construções im-</p><p>pressionantes, as batalhas, a religião e a magia revelam exóticas e</p><p>complexas histórias sobre a vida de reis, rainhas e de milhares de</p><p>egípcios comuns, decifrando suas extraordinárias conquistas. Ao</p><p>longo desta jornada, os especialistas do programa descobrem as</p><p>pessoas que desenvolveram grande parte da arquitetura, crenças</p><p>e disciplinas que regulam o mundo moderno</p><p>44UNIDADE I História Antiga 44UNIDADE II O Estudo das Antigas Civilizações</p><p>FILME / VÍDEO</p><p>Título: Os Grandes Egípcios</p><p>Ano: 1998</p><p>Diretor: Peter Spry-Leverton</p><p>Sinopse: Exibida pelo Discovery Civilization, do Discovery Channel,</p><p>a série documental Os Grandes Egípcios, narrada pelo egiptólogo</p><p>Bob Brier, desvenda mistérios e esclarece equívocos, apontando</p><p>novas descobertas sobre a verdadeira história das personalidades</p><p>mais notáveis</p><p>do Antigo Egito. Dividida em 6 Episódios:</p><p>1º E.: Rei das Pirâmides (King of the Pyramids): Sneferu, cujo nome</p><p>não é amplamente reconhecido, mas a contribuição para a cultura</p><p>egípcia e mundial é a mais duradoura, foi o faraó que deu ao mundo</p><p>as pirâmides. O egiptólogo Bob Brier mostra como essas grandes rea-</p><p>lizações arquitetônicas foram construídas e que obstáculos tiveram</p><p>de ser superados para tal feito. Abordando segredos e discussões</p><p>acerca dos simbolismos desses magníficos monumentos em uma</p><p>visita dentro de uma das pirâmides do Sneferu para explorar seus</p><p>conceitos, agitando história. 2º E.: A Verdadeira Cleópatra (The Real</p><p>Cleópatra): Como uma grega, sem uma gota de sangue egípcio, se</p><p>tornou um dos mais importantes egípcios de todos os tempos? Uma</p><p>volta a Alexandre, o Grande, que estabeleceu a dinastia ptolomaica</p><p>do Egito, onde Cleópatra nasceu. Explorando a verdadeira fonte do</p><p>poder sedutor e inteligência dessa grande mulher, simbolizada pela</p><p>restauração de sua magnífica biblioteca de Alexandria. Seu papel</p><p>como governante, mãe e consorte são examinados, revelando uma</p><p>mulher muito diferente de sua reputação como cruel e promíscua.</p><p>Revivendo seus finais, dramáticos dias após a derrota de Marco</p><p>Antônio, em Actium, e descobrindo sua influência duradoura sobre</p><p>o Império Romano. 3º E.: O Mistério de Tutankamon (The Mystery</p><p>of Tutankhamen): O nome do faraó mais famoso que a rei Tut, o</p><p>garoto rei, que só viveu até os 20 anos de idade. Os tesouros de</p><p>seu túmulo foram exibidos em todo o mundo. O egiptólogo Bob Brier</p><p>investiga o mistério que envolve a morte prematura do jovem rei. Ele</p><p>foi vítima de uma trama de assassinato? E o que dizer da misteriosa</p><p>morte de sua jovem viúva e o rei hitita, a quem posteriormente se</p><p>tornou noivo? Sua história é contada por meio de dramatizações. 4º</p><p>E.: A Rainha que foi Rei (The Queen who Would be King): Primeira</p><p>e única mulher a se tornar faraó, posição mais poderosa no Egito</p><p>Antigo, dominada apenas por homens através da sucessão heredi-</p><p>tária. Hatshepsut (c. 1479 a.C. - 1458 a.C.), da XVIII Dinastia, após a</p><p>morte de seu pai, Tutmés I, se casou, aos 12 anos de idade, com seu</p><p>meio-irmão, Tutmés II; seguindo um costume que existia no Antigo</p><p>Egito, em que membros da família real deveriam casar entre si. Após</p><p>Tutmés II falecer, segundo a hierarquia egípcia, apenas seu filho</p><p>poderia sucedê-lo, no caso, Tutmés III, gerado com uma de suas</p><p>concubinas. Como o sucessor ainda era uma criança, Hatshepsut,</p><p>em uma atitude ousada e inédita, assume o poder. Anos após a</p><p>sua posse decide ser faraó e governar em seu direito até o fim de</p><p>sua vida. Seu reinado durou cerca de vinte anos, sendo um dos</p><p>mais prósperos. O egiptólogo Bob Brier explica porque a soberana</p><p>rainha-faraó teve sua história vinda à tona apenas recentemente,</p><p>expondo uma conspiração que tentou apagar das gerações futuras</p><p>sua notável existência. 5º E.: Akhenaton - O Faraó Rebelde (Akhe-</p><p>naton - The Rebel Pharaoh): O faraó mais radical da história egípcia,</p><p>Akhenaten, era um visionário e revolucionário. Nascido Amenhotep</p><p>IV, mudou seu nome para Akhenaton para refletir sua crença em</p><p>Aten, como um deus monoteísta, rejeitando a tradição politeísta do</p><p>Egito. Também foi um artista, que rompeu com as formas de arte do</p><p>passado, criando esculturas e pinturas estilizadas.6º E.: Ramsés, O</p><p>Grande (Ramses the Great): Ramsés, o faraó que ficou conhecido</p><p>por sua longevidade, governou o Egito por 67 anos. Mas fez muito</p><p>mais do que sentar-se no trono há mais de seis décadas e gerar</p><p>mais de 200 crianças. Algumas das grandes realizações arquitetô-</p><p>nicas do Egito eram a visão de Ramsés. Um guerreiro de renome,</p><p>exemplificado pela derrota das forças hititas superiores, em Cades.</p><p>Mas há uma derrota pela qual é lembrado, evidências históricas e</p><p>arqueológicas apontam que Ramsés perdeu a batalha com Moisés,</p><p>liderado pelo Deus dos israelitas.</p><p>45</p><p>Plano de Estudo:</p><p>● A Grécia;</p><p>● A Grécia Antiga.</p><p>Objetivos da Aprendizagem:</p><p>● Conhecer a Grécia Antiga;</p><p>● Conhecer os períodos da história grega: Pré-Homérico;</p><p>● Conhecer os períodos da história grega: Homérico;</p><p>● Conhecer os períodos da história grega: Arcaico;</p><p>● Conhecer os períodos da história grega: Clássico;</p><p>● Conhecer os períodos da história grega: Helenístico.</p><p>UNIDADE III</p><p>O Mundo Grego</p><p>Professor Esp. Cleber Henrique Sanitá Kojo</p><p>46UNIDADE III O Mundo Grego</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Seja muito bem-vindo(a)!</p><p>Prezado(a) educando(a), é com muita alegria que iniciamos uma nova etapa em</p><p>nossos estudos. Espero que esteja entusiasmado(a) com tudo que vimos até o momento</p><p>em nossa disciplina de História Antiga.</p><p>Até agora passamos pela pré-história e seguimos pelas primeiras civilizações da</p><p>antiguidade, percebendo que todas eram de origem ribeirinha, desde os judeus, chineses,</p><p>mesopotâmicos e egípcios.</p><p>A partir de agora iniciamos uma nova viagem histórica, começando os estudos</p><p>com os povos que são considerados o berço de nossa civilização atual. Vale ressaltar que,</p><p>nesse caminho repleto de conhecimento, vamos saborear poemas que narram a história</p><p>da primeira civilização que vamos estudar, ou seja, a grande Grécia Antiga. Talvez você se</p><p>pergunte quais são esses poemas e qual sua importância. Espero que você compreenda o</p><p>desenrolar dessas civilizações e seu desenvolvimento ribeirinho.</p><p>Iniciaremos uma jornada nessa maravilhosa civilização, conhecendo os períodos que a</p><p>formaram, desde o período Homérico até o período de dominação macedônica, ou seja, o hele-</p><p>nístico, que traz um dos personagens mais importantes da história, chamado de “O Grande”.</p><p>Nessa unidade vamos saborear a importância da democracia grega e comparar ao</p><p>nosso dia-a-dia. Vamos entender que muita coisa que fazemos hoje, que faz parte de nossa</p><p>civilização, teve origem nesse povo repleto de história. Abordaremos um pouco de sua</p><p>sociedade, economia e cultura, trazendo os principais conflitos desse povo e seu resultado.</p><p>Por fim, desejo que esta unidade possa fortalecer seu desenvolvimento educacional</p><p>e que você entenda tudo que nos cerca em relação à sociedade e cultura, pois é de extrema</p><p>importância a relação do ontem e o hoje.</p><p>Muito obrigado e bom estudo!</p><p>47UNIDADE III O Mundo Grego</p><p>1. A GRÉCIA</p><p>É importante relatar que trazemos dentro de nós um conhecimento prévio sobre</p><p>esse povo, pois sempre ao redor de nossa história, temos algo que vem da Grécia antiga.</p><p>Quando falamos sobre, logo de imediato, vem em nossa cabeça o termo “berço de nossa</p><p>civilização” e esse termo nos traz vários significados. O mais importante é o que vem com</p><p>ela, ou seja, a ideia de influência em nossa formação como sociedade.</p><p>Vale ressaltar que a ideia de “Grécia” como unidade territorial vem com o renasci-</p><p>mento artístico e cultural. Esse movimento é uma tentativa de resgate à cultura greco-roma-</p><p>na, ou seja, queriam resgatar a forma de pensamento e de organização social que norteia</p><p>a partir daí nosso mundo moderno.</p><p>Se é conhecido que a ideia de Grécia como unidade é moderna, como devemos</p><p>chamá-los em nossos estudos? Já que não conheciam a ideia de estado único, vamos</p><p>chamá-los de mundo grego. Isso baseado na afirmação Finley (1985), que aponta enfati-</p><p>camente que os gregos nunca tentaram criar uma noção de nação. Então, usaremos esse</p><p>termo, simplesmente por uma adequação pedagógica, pois podemos chamar de Grécia</p><p>antiga sem problema algum.</p><p>Vamos prosseguir nossos estudos falando da geografia do mundo grego, que tem</p><p>um território que se prolonga do sul da península Balcânica até as ilhas dos mares Jônio</p><p>e Egeu. Vale destacar que o território dos gregos era composto por regiões peninsulares e</p><p>de território não muito favorável à agricultura, além do clima que era considerado árido em</p><p>relação ao resto da Europa.</p><p>48UNIDADE III O Mundo Grego</p><p>Assim, a posição geográfica favorável em relação aos demais povos, aliada à ques-</p><p>tão peninsular e à dificuldade da prática da agricultura, levou o mundo grego a produzir</p><p>técnicas para o desenvolvimento de</p><p>portos e aventuras no mundo marítimo.</p><p>Segundo Funari, (2002), o mundo grego também é uma das sociedades pioneiras</p><p>oriundas da pré-história e tiveram uma longa duração até o aparecimento dos gregos.</p><p>Estabelecimentos neolíticos existiam desde 4500 a.C., fundada por popu-</p><p>lações originárias ou influenciadas pelo Oriente Próximo asiático que foram</p><p>evoluindo e, entre 3000-2600 a.C., já constituíam organizações monárquicas</p><p>e desenvolviam, por meio de instrumentos primitivos, uma economia agrícola</p><p>e pastoril. A invasão de povos vindos da Anatólia trouxe novas técnicas à re-</p><p>gião (início da Idade do Bronze), assim como conhecimentos adquiridos em</p><p>contatos anteriores com outros povos, em especial orientais: continuou-se a</p><p>prática pastoril e agrícola, agora com a utilização do arado, e o comércio no</p><p>Mediterrâneo oriental ampliou-se. Entre os anatólios, predominava a organi-</p><p>zação monárquica forte em reinos independentes, com a existência de palá-</p><p>cios em algumas cidades mais importantes. Entretanto, no fim do segundo</p><p>milênio, entre 2000 e 1950 a.C., a civilização anatólica da Hélade entra em</p><p>declínio devido à chegada de povos que falavam um grego primitivo, apa-</p><p>recendo, pela primeira vez, os gregos na história daquela região (FUNARI,</p><p>2002, p. 14).</p><p>No entanto, você pode se perguntar onde encontrar fontes históricas datadas para</p><p>contar, descrever e desvendar a história dos gregos. Mesmo com a exemplificação de Fu-</p><p>nari (2002) sobre a origem dos gregos desde a pré-história, devemos buscar outras fontes</p><p>que narram o legado desse povo. Assim, podemos construir a história do mundo grego.</p><p>Mas quais são essas fontes? Temos grandes achados arqueológicos em particular</p><p>que narram a origem do mundo grego. Para ser exato, duas obras magníficas, atribuídas</p><p>ao poeta Homero, a Ilíada e a Odisséia. O poema Ilíada vem da palavra Ilion, que significa</p><p>Tróia no vocabulário grego, ou seja, narra a guerra de Tróia. Já a Odisseia vem de Ulisses,</p><p>também conhecido como Odisseu, e narra o retorno para casa do herói da guerra de Tróia.</p><p>Mas o que podemos tirar de história dos poemas Ilíada e Odisseia? Através delas podemos</p><p>entender toda a história inicial dos gregos, desde suas vestes, alimentação, cultura, socie-</p><p>dade entre outros.</p><p>Podemos afirmar que a importância dos poemas foi de uma imensidão para a</p><p>história dos gregos, por isso, para facilitar o estudo do mundo grego, utiliza-se o poeta Ho-</p><p>mero como o marco inicial para o aprendizado de sua história. Com isso, temos, então, os</p><p>períodos históricos marcados como: Pré-homérico, Homérico, Arcaico, Clássico e o período</p><p>de dominação Macedônica, conhecido como Helenístico.</p><p>Vamos iniciar nossa viagem sobre o período pré-homérico. Preparado(a)?</p><p>49UNIDADE IV Roma Antiga</p><p>1.1 Período Pré-Homérico (século XX a.C. ao século XII a.C.)</p><p>As nações que iniciaram o povoamento do mundo grego ficaram conhecidos como</p><p>pelágios ou pelasgos, isso porque os termos citados vêm do grego e significam “ligados ao</p><p>mar”. Confirmando esses termos no trecho de Arruda (1993, p. 52): “Nesse processo de</p><p>ocupação, assimilaram povos mais antigos existentes na Grécia, os pelágios ou pelasgos,</p><p>de origem desconhecida”.</p><p>No início eles eram coletores, praticavam a agricultura rudimentar e a pesca em si,</p><p>passando pela exploração do mar para completar sua subsistência. Com a expansão eco-</p><p>nômica e o domínio sobre o mar, um desses povos se destacou criando uma organização</p><p>política que fez com que dominassem os outros povos nativos, nascendo, assim, o que</p><p>Chamamos de civilização cretense. Segundo Funari (2002, p. 15), muitos outros aspectos</p><p>existiram para o domínio dos cretenses sobre os outros povos, pois</p><p>A civilização cretense origina-se no final do terceiro milênio antes de Cristo</p><p>e em 1800 a.C. já havia construído grandes palácios com depósitos monu-</p><p>mentais de alimentos e arquivos contábeis. Os cretenses mantinham muitos</p><p>contatos com o Egito faraônico, o que foi muito importante para a difusão da</p><p>cultura egípcia no Mediterrâneo oriental. A escrita cretense, hieroglífica, com-</p><p>punha-se de sinais que marcavam sílabas, mas a língua usada pelos creten-</p><p>ses ainda não foi decifrada pelos pesquisadores até hoje, o que deixa muitas</p><p>perguntas no ar. Sabe-se que a principal cidade de Creta, Cnossos, era um</p><p>centro administrativo monumental. Creta foi a diretriz da região da Grécia na</p><p>época do Bronze. Em meados do segundo milênio, Creta conheceu o apogeu</p><p>da chamada Talassocrassia minoense, ou seja, o poder marítimo de Creta</p><p>influenciava toda a região.</p><p>Com a afirmação de Funari (2002) podemos destacar que a civilização cretense</p><p>cresceu dedicando-se ao comércio e ao intenso artesanato que desenvolvia, ajudando o</p><p>comércio. Vale destacar ainda que a palavra Talassocrassia deriva do termo grego “talas-</p><p>sos”, que significa mar, ou seja, reforça o poder dos cretenses sobre os demais povos.</p><p>A civilização cretense era muito organizada e esse mérito pode ser atribuído ao rei</p><p>Minos, que incentivou cada vez mais o comércio, se destacando também pela criação da</p><p>capital na cidade do Cnossos e da construção do palácio gigantesco de Cnossos. O palácio</p><p>de Cnossos construído pelo rei Minos despertou um fascínio nos gregos, fazendo nascer</p><p>lendas como a do “Minotauro e seu labirinto (no caso, o enorme palácio de cnossos)”.</p><p>Funari (2002, p. 15) descreveu a lenda da seguinte forma:</p><p>Segundo a lenda, o rei Minos, de Creta, em vingança pela morte de seu fi-</p><p>lho Andrógeos na Ática, começou a exigir como tributo sete meninos e sete</p><p>meninas atenienses, que eram oferecidos, de tempos em tempos, ao Mino-</p><p>tauro, uma criatura assustadora, meio homem, meio touro, que os devorava.</p><p>A fera vivia no Labirinto, um local cheio de aposentos e caminhos (tal como</p><p>os imensos palácios de Cnossos) até que Teseu, um personagem heróico</p><p>grego, o matou, encontrando depois o caminho de saída — o que ninguém</p><p>ainda havia conseguido fazer — graças à estratégia de amarrar a ponta de</p><p>um novelo na porta de entrada e ir desenrolando conforme caminhava, para,</p><p>assim, saber como voltar. Esta famosa lenda demonstra o quanto a civiliza-</p><p>ção cretense impressionou os antigos gregos.</p><p>50UNIDADE III O Mundo Grego</p><p>A capital Cnossos e seu palácio despertou tanto fascínio que sua arquitetura foi</p><p>elogiada por todo mundo grego e até hoje. A capital também, que abrigou uma população</p><p>numerosa, chegando a mais de 100 mil habitantes, algo sensacional para a antiguidade.</p><p>Essa região recebeu muitos povos indo-europeus, que se transformaram nos futu-</p><p>ros gregos. Os primeiros foram os Aqueus, que se estabeleceram na região do Peloponeso.</p><p>Em seguida vieram as imigrações dos eólios, Jônios que se estabeleceram na região da</p><p>península Ática. Vale ressaltar que tanto o Peloponeso quanto a Ática foram importantes</p><p>em outros períodos da história do mundo grego.</p><p>Os Aqueus eram guerreiros treinados e, como os cretenses, se voltaram para o</p><p>comércio. Foi uma conquista fácil, saqueando toda a capital e o palácio de Cnossos, que</p><p>foi incendiado ao término da invasão. No entanto, os cretenses deixaram uma grande</p><p>influência sobre seus dominadores, desde a cultura até mesmo no desenvolvimento da</p><p>escrita. A partir desse momento os Aqueus mudaram a capital para Micenas e passaram a</p><p>ser chamados de civilização Micênica.</p><p>A expansão dos Aqueus prosseguiu e voltou-se a um grande adversário de</p><p>nome Tróia, pois essa cidade controlava todo o comércio da região do mar Egeu até as</p><p>proximidades do mar Negro. Aproximadamente em 1200 a.C., os Aqueus destruíram a</p><p>cidade de Tróia e passaram a controlar todo o comércio da região. Vale ressaltar que</p><p>esse acontecimento ficou conhecido como a guerra de Tróia, em que temos o episódio</p><p>do imenso presente dado aos troianos pelos gregos. Um gigantesco cavalo de madeira,</p><p>cheio de homens escondidos nele, que esperaram anoitecer, saíram do cavalo e tomaram</p><p>a cidade de Tróia. É por isso que atualmente, quando ganhamos um presente duvidoso/</p><p>ruim, utilizamos o termo “presente</p><p>de grego”.</p><p>Um ponto interessante da história da civilização Micênica é que, no auge de seu</p><p>expansionismo, os Aqueus sentiram um pouco de seu próprio veneno, pois sofreram in-</p><p>vasões do povo Dório, um povo tradicionalmente e extremamente guerreiro. Estes eram</p><p>militaristas, utilizavam de inovações como armas de ferro e faziam da guerra sua principal</p><p>atividade econômica. Vale ressaltar que o terror ocasionado pelos Dórios provocou uma</p><p>fuga em massa da população para o continente, esse fato é descrito na história como a</p><p>“Primeira Diáspora” do mundo grego. Ela praticamente dizimou a escrita grega, dificultando</p><p>ainda mais o trabalho dos arqueólogos e historiadores, alguns classificam esse período</p><p>como a época das trevas, pois não se sabe exatamente o que ocorreu nesse período. No</p><p>entanto, também ocorreram coisas boas, e assim nascia o mundo grego.</p><p>51UNIDADE III O Mundo Grego</p><p>Escapando aos invasores, numerosos aqueus se refugiaram na costa da Ásia</p><p>Menor onde se instalaram seguidos por alguns dórios. Lá, aos pés do platô de</p><p>Anatólia, no desembocar das grandes rotas que levavam ao centro do Oriente</p><p>Próximo, formou-se então a Grécia da Ásia, onde sobreviveram certos traços</p><p>da civilização creto-micênica, que, no contato com o Oriente, desenvolveu-se</p><p>ainda mais: os gregos da Ásia, em suas relações com os mesopotâmicos e os</p><p>egípcios, enriqueceram-se com os conhecimentos tecnológicos dessas duas</p><p>civilizações mais antigas e sofisticadas (FUNARI, 2002, p. 18).</p><p>Com isso, podemos afirmar que a invasão dória é o marco que separa o Período</p><p>Pré-Homérico do Período Homérico.</p><p>52UNIDADE III O Mundo Grego</p><p>2. A GRÉCIA ANTIGA</p><p>As invasões Dórias, somadas com a primeira Diáspora grega, fez com que nascesse</p><p>uma mistura das contribuições deixadas pela civilização creto-micênica com as indo-europeias</p><p>e orientais, nascendo, assim, a Grécia clássica e, com isso, um novo período do mundo grego.</p><p>Vale ressaltar que o estudo dessa continuação da história do mundo grego clássico</p><p>se dá através dos períodos posteriores ao Pré-homérico. Assim, vamos começar nossa</p><p>viagem sobre o período Homérico.</p><p>2.1 Período Homérico (século XII a.C. ao século VIII a.C.)</p><p>Como você estudou na unidade anterior, a invasão Dórica acabou com qualquer</p><p>forma de evolução na questão da organização política e social do mundo grego. Por exem-</p><p>plo, ocorreu o fim das grandes cidades através do crescimento das comunidades gentílicas,</p><p>ou chamado também de genos, que existia desde o período Pré-Homérico.</p><p>Podemos descrever as comunidades gentílicas como grandes núcleos familiares</p><p>que controlavam a questão política, econômica, social e até mesmo religiosa. Vale destacar</p><p>que, nas unidades dos genos, não havia propriedade privada e sim um sistema coletivista</p><p>familiar, ocorrendo igualdade em termos econômicos. A liderança dos genos ficava a cargo</p><p>dos “pater” famílias, ou também chamados de patriarcas, que se relacionava com os mais</p><p>próximos, fazendo com que a posição social dentro dos genos fossem aplicadas, e sua</p><p>colocação estava de acordo com o parentesco do pater famílias.</p><p>53UNIDADE III O Mundo Grego</p><p>A estrutura das comunidades gentílicas permaneceram durante todo o período Homéri-</p><p>co. Logo após ocorre a reconstrução do mundo grego e com isso temos o aumento populacional</p><p>que faz parte de todos seus territórios. Esses territórios eram de pouca fertilidade, provocando</p><p>uma crescente falta de alimentos e levando a uma crise dentro dos genos. Provocando lutas so-</p><p>ciais que levaram ao aparecimento da propriedade privada, formando assim, uma nova classe</p><p>social intitulada de “eupátridas”, ou bem nascidos, que também eram os parentes próximos</p><p>do pater. Funari (2002, p. 32) afirma que “Atenas viveu sob o regime aristocrático, a terra estava</p><p>nas mãos de poucos, os eupátridas (‘bem nascidos’) ou nobres”.</p><p>Vale ressaltar que Arruda (1993) aponta ainda as classes periféricas como a dos paren-</p><p>tes mais distantes do pater, que foram chamados de “georgóis” ou agricultores. Por fim, havia</p><p>uma grande parte da população que vivia às margens da sociedade, intitulada de “thetas”.</p><p>Com essa divisão em sua formação, temos o surgimento de uma classe privilegiada,</p><p>os eupátridas, que intensificou o processo de colonização e resultou em uma nova disper-</p><p>são de povos gregos por um longo território. Dessa forma, ocorreu a segunda diáspora, que</p><p>promoveu uma evolução significativa na formação da pólis gregas.</p><p>As lutas dentro dos genos promoveu um processo de união entre vários genos</p><p>para se protegerem uns dos outros. Com isso nasce o que chamamos de fátrias, ou seja,</p><p>a soma de vários genos. Quando temos a união de várias fátrias nascem as tribos e com</p><p>a união de várias tribos temos as pólis, ou cidades gregas. Percebemos toda essa divisão</p><p>na afirmação de Funari (2002, p. 25):</p><p>Em geral uma cidade, ao formar-se, compreende várias tribos; a tribo está</p><p>dividida em diversas fátrias e estas em clãs, estes, por sua vez, compostos</p><p>de muitas famílias no sentido estrito do termo (pai, mãe e filhos). A cada ní-</p><p>vel, os membros desses agrupamentos acreditam descender de um ancestral</p><p>comum, e se encontram ligados por estreitos laços de solidariedade. As pes-</p><p>soas que não fazem parte destes grupos são estrangeiros na cidade, e não</p><p>lhes cabe nem direitos, nem proteção.</p><p>Assim, podemos afirmar que a segunda diáspora grega favoreceu o fim das co-</p><p>munidades gentílicas e o início da formação das pólis gregas, ou seja, o surgimento das</p><p>cidades-estados que nortearam o período Arcaico que estudaremos a seguir.</p><p>2.2 Período Arcaico (século VIII a.C. ao século VI a.C.)</p><p>No período Arcaico é que surgiram as cidades-estados no mundo grego, cidades</p><p>essas que nasceram, cresceram e se desenvolveram de maneiras diferentes, desde a or-</p><p>ganização social, deuses, leis, política entre outros. Vale ressaltar que em comum as pólis</p><p>gregas possuíam a cultura e as construções.</p><p>54UNIDADE III O Mundo Grego</p><p>Segundo Funari (2002), nas cidades-estados ocorriam características comuns na</p><p>área da arquitetura, pois havia a construção da acrópole ou a parte alta, onde se construí-</p><p>ram os templos religiosos, as fortificações militares e as residências dos cidadãos com a</p><p>mais elevada classe social.</p><p>Assim, percebemos um certo “desenvolvimento” na parte alta, mas a parte baixa</p><p>possuía também seus encantos, começando pela ágora ou praça, em que havia um comér-</p><p>cio forte, com todas as mercadorias, desde o artesanato até produtos oriundos de outras</p><p>regiões. Ainda na ágora, aconteciam todas as assembleias do povo, as festas ou festivais</p><p>e onde se aplicava-se a leis.</p><p>Analisar todas as cidades-estados gregas seria impossível neste momento, por</p><p>isso vamos abordar as duas que mais se destacaram no mundo grego, ou seja, Esparta e</p><p>Atenas. Entre elas há diferenças básicas que podem demonstrar sua importância dentro da</p><p>história. Vamos conhecê-las?</p><p>2.2.1 Esparta: “a pólis dos guerreiros”</p><p>Esparta foi fundada na península do Peloponeso, pelos dórios, povo guerreiro que</p><p>foi responsável pela primeira diáspora grega. Vale ressaltar que essa região era desfavo-</p><p>rável à prática da agricultura, pois era um território montanhoso e seu solo era fraco para</p><p>se produzir alimentos. Por isso os espartanos foram levados a se preparar para a arte da</p><p>guerra desde o nascimento, assim poderiam conquistar regiões férteis para sua subsistên-</p><p>cia. Temos, então, uma ligação constante entre liderança e guerra, ou seja, os líderes de</p><p>Esparta eram os militares.</p><p>Todo cidadão de Esparta vivia para a guerra e eram chamados, na história, de</p><p>espartanos, espartíatas ou esparciatas. Todas essas denominações eram para designar</p><p>a pequena parte de seus cidadãos que exerciam a liderança da cidade, pois somente eles</p><p>tinham o direito de participação política. Segundo Funari (2002, p. 30), “Todos os homens</p><p>de Esparta, chamados de esparciatas, eram guerreiros, sendo proibidos por lei de exercer</p><p>atividades que entrassem em conflito com a carreira</p><p>militar”.</p><p>Ainda na divisão social de Esparta, havia os periecos, que eram os agricultores</p><p>livres que cultivavam as terras menos férteis ou dedicavam-se ao artesanato e ao comércio.</p><p>Os hilotas eram a maioria da população, além de serem vistos como propriedade</p><p>do estado, com a função de cultivar a terra e o sustento da classe mais elevada.</p><p>Politicamente, a Esparta era dirigida pelos esparciatas, que exerciam a exclusivi-</p><p>dade de se chamar de cidadãos. Entre esses cidadãos que governavam estava o conselho</p><p>dos anciãos, chamados de gerúsia. Esse conselho era composto por 28 pessoas mais</p><p>velhas que detinham o cargo de forma vitalícia.</p><p>55UNIDADE III O Mundo Grego</p><p>O próximo ponto governamental de Esparta eram os cinco éforos, indicados pela</p><p>Gerúsia e detinham o poder executivo. Já a participação dos outros membros esparciatas</p><p>era por meio da assembleia dos cidadãos, conhecida como apela.</p><p>Para concluir a questão política, tínhamos uma diarquia, composta por dois reis que</p><p>dividiam e exerciam entre si os poderes militares e religiosos, tudo garantido pelo código de</p><p>leis conhecido pelo nome do criador Licurgo. Vale ressaltar que esse código tinha um caráter</p><p>sagrado, portanto era imutável, ou seja, não existia uma mobilidade social dentro de Esparta.</p><p>Sobre a educação espartana, podemos afirmar que era totalmente militar. As crian-</p><p>ças eram selecionadas desde o seu nascimento, pois se possuísse alguma deficiência</p><p>era descartada, sacrificada logo depois de nascer. Toda criança do sexo masculino ficava</p><p>com sua família até os sete anos, quando deixava sua casa e era entregue ao estado para</p><p>receber o treinamento militar.</p><p>Vejamos um pouco dessa educação, segundo Funari (2002, p. 31),</p><p>Nesta sociedade de ferro, desde a mais tenra infância, os garotos eram cria-</p><p>dos como futuros guerreiros, submetidos a condições muito duras, tanto para</p><p>seu corpo como para seu espírito, de maneira a se tornarem pessoas ex-</p><p>tremamente resistentes e, por isso, se usa, até hoje, o adjetivo “espartano”</p><p>para designar a sobriedade, o rigor e a severidade. Ficavam todo o tempo</p><p>treinando para a guerra. Para aprenderem a suportar a dor, os meninos eram</p><p>chicoteados até sangrarem e eram ensinados a serem cruéis, desde garotos,</p><p>caçando e matando hilotas.</p><p>Ainda sobre a educação, Funari (2002, p. 31-32) complementa:</p><p>Conforme cresciam, suas provações aumentavam: eram obrigados a andar</p><p>descalços e nus, de modo que adquiriam uma pele grossa, só se banhavam</p><p>com água fria e dormiam em camas de junco, feitas por eles mesmos. Aos</p><p>vinte anos de idade, o homem espartano adquiria uns poucos direitos políti-</p><p>cos; aos trinta, casava-se, adquiria mais alguns outros e uma certa indepen-</p><p>dência. Entretanto, apenas aos sessenta estaria liberado de suas obrigações</p><p>para com o Estado e seu esquema de mobilização militar constante.</p><p>2.2.2 Atenas: “A Pólis da política”</p><p>A cidade de Atenas foi fundada na península Ática pelos Jônios que desenvolveram</p><p>uma cidade-estado de origem política. Sua estrutura social está ligada à agricultura e, por</p><p>isso, sua divisão social começa com a classe dominante conhecida como eupátridas ou</p><p>bem-nascidos, oriundos diretos das comunidades gentílicas e do pater famílias. Sobre isso,</p><p>Funari (2002, p. 24-25) nos diz que</p><p>Atenas — muito mais dinâmica que Esparta — é bem mais conhecida por</p><p>historiadores e arqueólogos. Atenas estava na Ática, a sudeste da península</p><p>grega central; com solo pouco fértil, a produção de trigo e cevada nem sem-</p><p>pre bastava para alimentar sua população.</p><p>[...] Durante muitos séculos (ix-vi a.C.), Atenas viveu sob o regime aristocrá-</p><p>tico, a terra estava nas mãos de poucos, os eupátridas (“bem nascidos”) ou</p><p>nobres.</p><p>56UNIDADE III O Mundo Grego</p><p>Sua primeira forma de governo era a monarquia, exercida pelo basileu, um chefe</p><p>militar e administrativo, que sofria a influência dos eupátridas, que por sua vez, se organiza-</p><p>vam retirando o basileu do poder e implantando o regime oligárquico, ou seja, um governo</p><p>somente deles, pois a palavra oligarquia tem seu significado como “governo de poucos”.</p><p>Dentro da oligarquia havia nove magistrados chamados de arcontes, que tinham,</p><p>no início, mandatos decenais e posteriormente anuais. Vale destacar que os arcontes con-</p><p>centravam os poderes políticos, religiosos, militares, legislativos e judiciários, isso com o</p><p>apoio de um conselho de eupátridas intitulados de arópago.</p><p>A economia ateniense era voltada para a agricultura com o plantio da vinha e da oli-</p><p>veira, que se adaptaram à região, produzindo, assim, o vinho e o azeite. Vale ressaltar que</p><p>o território forneceu um amplo sistema de mineração de prata exercido pelos atenienses.</p><p>Com isso, Atenas tinha tudo para expandir sua economia para o comércio e assim foi feito.</p><p>As colinas favoreciam o plantio de oliveiras e uvas, do que resultou uma in-</p><p>dústria de azeite, vinho, desde o século VIII a.C. Ao sul da península, os ate-</p><p>nienses desenvolveram a mineração de prata e o excelente porto do Pireu fa-</p><p>voreceu o destaque de Atenas no comércio marítimo (FUNARI, 2002, p. 32).</p><p>Assim, Atenas desenvolveu uma economia mercantil que necessitava de mão de</p><p>obra escrava e essa força motriz era adquirida através de guerras e dívidas.</p><p>Paralelamente ao poder dos eupátridas, crescia a influência dos comerciantes po-</p><p>pulares, chamados de demiurgos, que pretendiam uma participação política direta. Para</p><p>realizar seu pedido junto aos bem-nascidos, buscaram apoio das camadas mais periféricas</p><p>e pobres, nascendo, assim, o chamado demos (povo), iniciando uma espécie de lutas</p><p>sociais que perduraram em todo o período arcaico da história grega.</p><p>Com toda a pressão exercida pelos demos, apareceram, em Atenas, alguns legisla-</p><p>dores e, com suas leis, mudam o que se conhecia na Pólis até então. Vamos conhecê-los?</p><p>O primeiro legislador a ser destacado é Drácon, que, segundo Funari (2002, p. 25),</p><p>é lembrado até a atualidade, graças a suas reformas.</p><p>Segundo a tradição, as lutas entre as classes populares descontentes e as</p><p>oligarquias levaram a que Drácon, um personagem lendário, cujo nome signi-</p><p>ficava “serpente”, tivesse atuado como legislador, encarregado de redigir as</p><p>leis e torná-las conhecidas por todos. (Nos dias de hoje, folheando o jornal,</p><p>não é raro ler algo sobre uma medida “draconiana”, como um racionamento</p><p>rígido de água. A fama desta “cobra” ateniense chega até os dias de hoje!) O</p><p>Código de Drácon teria sido feito por volta de 620 a.C., ainda que dele só te-</p><p>nha sido encontrada uma reprodução bem posterior. Representou um avanço</p><p>pois tornou as leis públicas e aplicáveis a todos.</p><p>No entanto, sua ação não acabou com o domínio econômico da aristocracia, que</p><p>continuou dominando a vida política de Atenas. Com isso, temos um novo legislador, cha-</p><p>mado de Sólon, que tentou amenizar os ânimos.</p><p>57UNIDADE III O Mundo Grego</p><p>Para acalmar os ânimos, Sólon, arconte ateniense, em 594 a.C., favoreceu</p><p>o desenvolvimento econômico da indústria e do comércio, cancelou dívidas</p><p>dos cidadãos pobres e acabou com o sistema de escravidão por endivida-</p><p>mento, segundo o qual os atenienses pobres deviam pagar suas dívidas com</p><p>o trabalho escravo. Sólon conferiu mais poderes à assembléia popular dos</p><p>cidadãos (Eclésia) e vinculou os direitos políticos às fortunas e não mais aos</p><p>privilégios de sangue ou às ligações familiares. Se, por um lado, somente os</p><p>cidadãos mais ricos podiam se tornar arcontes, por outro, todos os cidadãos</p><p>passaram a ter direito de participar da Eclésia. Sólon instituiu também um</p><p>novo conselho, a Bulé (FUNARI, 2002, p. 33).</p><p>Para facilitar sua compreensão sobre os legisladores, elaborei uma tabela explica-</p><p>tiva. Observe:</p><p>TABELA 1 - OS LEGISLADORES DE ATENAS</p><p>Drácon: Sólon:</p><p>● Elaborou o “código de Drácon”,</p><p>que organizou e criou a implan-</p><p>tação das leis escritas, que até</p><p>então eram realizadas de manei-</p><p>ra oral, facilitando a manipulação</p><p>pelos eupátridas. Em contraponto</p><p>às conquistas, os eupátridas ga-</p><p>rantiam a propriedade privada e</p><p>sua</p><p>manutenção, se preciso, atra-</p><p>vés da força.</p><p>● Esse código trouxe também uma</p><p>novidade, que foi o princípio da</p><p>igualdade jurídica.</p><p>● Faz reformas importantes em</p><p>Atenas, entre essas reformas</p><p>podemos citar o critério</p><p>censitário para a participação</p><p>política, ou seja, a participação</p><p>política está condicionada ao</p><p>grau de riqueza do indivíduo.</p><p>● Decretou também o fim das</p><p>hipotecas sobre os pequenos</p><p>proprietários, ou seja,</p><p>teoricamente acabou com a</p><p>escravidão por dívidas.</p><p>● Criou também regras para</p><p>organizar a política, entre eles</p><p>temos:</p><p>9 O Bulé, que era o conselho</p><p>dos 400.</p><p>9 A Eclésia, ou assembleia</p><p>popular.</p><p>Fonte: o autor.</p><p>Mesmo com tantas reformas políticas, as agitações se avolumaram, pois tínhamos</p><p>um demos descontente com o cenário social encontrado e uma aristocracia infeliz com sua</p><p>perda de poder. Com isso, temos o aparecimento das chamadas “tiranias”. Vale ressaltar</p><p>que para os gregos a palavra tirania tem um significado diferente do que conhecemos hoje,</p><p>pois se, para nós, tirano é sinônimo de opressor, dominador, cruel, para os gregos era um</p><p>grande homem que governou Atenas em casos específicos e necessários. Assim, podemos</p><p>dizer que, na Grécia antiga, o tirano nem sempre foi cruel e opressor.</p><p>58UNIDADE III O Mundo Grego</p><p>O primeiro tirano de Atenas foi Pisístrato, que assumiu o poder através de golpe</p><p>popular e realizou grandes obras públicas, empregando as camadas mais pobres. Ele tam-</p><p>bém otimizou o comércio, melhorando também a vida da aristocracia, ou seja, governou</p><p>para todos, sendo querido em todas as classes sociais de Atenas.</p><p>Após sua morte, seus filhos Hiparco e Hípias assumiram o poder, dividindo entre</p><p>eles a responsabilidade de governar Atenas. Porém fizeram um governo frustrante, que</p><p>resultou em uma reação aristocrática que os derrubaram, colocando Iságoras no poder.</p><p>Vale destacar ainda que Iságoras governou por um curto tempo, pois ocorreu uma reação</p><p>popular que abriu espaço para que Clístenes assumisse o poder.</p><p>O governo de Clístenes representou uma mudança extrema na história de Atenas,</p><p>em que ele implantou reformas que resultaram na democracia. Como Clístenes fez essas</p><p>mudanças tão grande? Como controlou o povo? Simples, ele começou dividindo a península</p><p>Ática em três regiões: a cidade, o litoral e o interior. Dentro dessas três regiões ele classificou</p><p>a população em dez tribos diferentes, chamando-se de demos, dispensando-os por todas as</p><p>três regiões de forma uniforme, garantindo a igualdade entre todos os cidadãos atenienses.</p><p>Ainda sobre a reforma Clístenes, podemos afirmar que outros pontos importantes</p><p>foram modificados em Atenas, entre eles a mudança da Bulé, que passou de 400 para 500</p><p>membros, escolhidos por sorteio. Por fim, temos a criação do Ostracismo, que era o exílio</p><p>da cidade, por um tempo de dez anos, caso quebrasse as regras da democracia.</p><p>Com a apresentação dessas duas grandes cidades-estados da Grécia antiga, te-</p><p>mos a transição ideal para um novo período da história, conhecido como período clássico.</p><p>2.3 Período Clássico (século V a.C. ao século IV a.C.)</p><p>Como já estudamos nesta unidade, o surgimento e o desenvolvimento de Atenas e</p><p>Esparta promoveu a aparição de novas formas de organização social, econômica e cultural,</p><p>promovendo uma rivalidade entre as pólis gregas, provocando a desagregação do mundo</p><p>grego, assim, entrando em decadência.</p><p>Entretanto, historicamente, o marco inicial do período clássico foi a guerra gre-</p><p>co-pérsica, ou Guerras Médicas. Vale ressaltar que o termo médica é um derivado dos</p><p>“medos”, povo pertencente aos persas.</p><p>Um ponto importante a ser lembrado é a origem da guerra, pois o conflito está</p><p>ligado à intensa relação das colônias gregas com o expansionismo Persa. Destacamos que</p><p>essa expansão teve auge no governo de Dario I, que, por sua vez, entra em choque com o</p><p>imperialismo ateniense. O conflito inicia-se, de fato, quando as cidades gregas da Jônia se</p><p>59UNIDADE III O Mundo Grego</p><p>rebelaram contra o domínio persa, lideradas pela cidade de Mileto e apoiadas por Atenas,</p><p>contra-atacam o exército persa. O resultado inicial foi a destruição de Mileto e exigência</p><p>persa de submissão grega. Então, Esparta e Atenas se negam a se submeter ao domínio</p><p>persa, que evidentemente ocasiona a grande explosão do conflito em si.</p><p>Os Persas atacaram primeiramente Atenas, que se defendeu na planície de Marato-</p><p>na, conseguindo derrotar o exército Persa, estabelecendo uma trégua provisória. Enquanto</p><p>isso ocorreu a união das cidades gregas para um possível novo conflito com os Persas.</p><p>Sob o comando de Xerxes I, os Persas marcharam sob a Grécia para conquistá-la.</p><p>No entanto, o exército de 300 guerreiros espartanos, liderado pelo rei Leônidas, atrapalhou</p><p>os planos dos persas na batalha do desfiladeiro de Termópilas. Ao mesmo tempo, na penín-</p><p>sula Ática, ocorreu a famosa batalha marítima de Salamina, em que os gregos destruíram</p><p>os suprimentos persas, enfraquecendo seu exército. Com todo o atraso ocasionado por</p><p>Esparta e Atenas, os planos de Xerxes foram destruídos e os persas foram, enfim, derro-</p><p>tados na batalha de Plateia.</p><p>Com o fim das guerras Médicas, o domínio de Esparta e Atenas ficou evidente</p><p>e procuraram fazer alianças com as cidades-estados, buscando a hegemonia do mundo</p><p>grego. Nasceu, assim, a confederação de Delos, liderada por Atenas, e a confederação do</p><p>Peloponeso, liderada por Esparta. Começa, então, uma disputa de liderança que resultou</p><p>na guerra do Peloponeso, em que Atenas e Esparta entram em conflito real, com a vitória</p><p>espartana. Mas como começou a guerra?</p><p>O imperialismo Ateniense começou a provocar reações de várias cidades. A cidade</p><p>de Corinto era aliada da confederação do Peloponeso e decidiu por influência de Atenas se</p><p>rebelar contra Esparta. Então veio a reação esmagadora espartana, que iniciou a guerra</p><p>que durou intensos dez anos, em que Esparta vencia por terra e Atenas pelo mar. Foi</p><p>realizado um acordo de paz intitulado de Paz de Nícias, que durou mais 50 anos, quando</p><p>Atenas quebrou o acordo e tentou invadir a colônia espartana de Siracusa. Enfim, a guerra</p><p>retornou com a vitória de Esparta, na batalha de Egos Potamos. Vale ressaltar que esses</p><p>intensos combates dizimaram grande parte do mundo grego e abriram espaço para Domi-</p><p>nação Macedônica.</p><p>2.4 Período Helenístico (século IV a.C. ao século II a.C.)</p><p>A Macedônia sempre cresceu às margens da cultura grega e, aproveitando-se do</p><p>desgaste do mundo grego após a guerra do Peloponeso, decidiu avançar sobre o território</p><p>alheio. Vale Ressaltar que Felipe II iniciou o processo de expansão Macedônica influen-</p><p>60UNIDADE III O Mundo Grego</p><p>ciado, principalmente, pela cidade de Tebas, montando um exército forte e organizado,</p><p>marchando para o litoral da Trácia, sua primeira conquista de fato. Seu domínio se tornou</p><p>completo na batalha de Queroneia, dominando Tebas e Atenas de uma única vez.</p><p>Para ampliar seu domínio, Felipe II utilizou-se da aversão dos gregos sobre os</p><p>persas e criou a Liga de Corinto, sob liderança macedônica, isso foi basicamente o fim do</p><p>domínio grego e o auge da Macedônio no quesito domínio territorial.</p><p>Com a Morte de Felipe II, em 336 a.C., Alexandre Magno, herdeiro direto ao posto do</p><p>pai, tomou o poder sobre o mundo grego. Vale ressaltar que Alexandre teve uma formação</p><p>cultural grega, sendo aluno direto do filósofo Aristóteles e essa formação foi extremamente im-</p><p>portante para evolução do domínio grego pelo mundo, ou seja, a grande miscigenação cultural</p><p>implantada por Alexandre, ou ainda podemos dizer que é o grande legado no quesito cultural.</p><p>Alexandre conseguiu ampliar o domínio territorial no mundo grego, avançando e</p><p>derrotando os temidos persas, anexando o Egito e grande parte do território em que hoje</p><p>se situa a Índia, criando um império até então inimaginável.</p><p>Com seu domínio territorial, Alexandre conseguiu aproximar Oriente do Ocidente,</p><p>promovendo uma miscigenação cultural que foi intitulada</p><p>de helenística.</p><p>Infelizmente esse período da história de dominação macedônica não teve uma</p><p>longa duração, pois não resistiu à morte de Alexandre, “O Grande”, apelido adquirido ao</p><p>longo da história pelos seus grandes feitos, destruindo o legado grego e abrindo espaço</p><p>para a dominação romana.</p><p>61UNIDADE III O Mundo Grego</p><p>SAIBA MAIS</p><p>A vida na Grécia antiga</p><p>Podemos dizer que as principais etapas da vida de um grego eram o nascimento, in-</p><p>fância, a adolescência, a idade adulta, com o casamento, a velhice e a morte. Isto pode</p><p>parecer óbvio: todos nascemos, crescemos e morremos! Mas não é nada disso. Embora</p><p>falemos em “infância” ou “adolescência”, a maneira de viver essas fases varia, de so-</p><p>ciedade a sociedade e de época a época. Na Grécia, os recém-nascidos eram lavados,</p><p>com água, vinho ou outro líquido e, em alguns lugares, se fosse menino pendurava-se</p><p>um ramo de oliveira, se menina, uma fita de lã. Os meninos eram apresentados à frátria</p><p>(o conjunto de todos os familiares). Por ocasião dos nascimentos, as famílias abastadas</p><p>faziam festas, as pobres contentavam-se apenas em dar nome à criança, sempre se-</p><p>gundo a fórmula “fulano, filho de cicrano”: “Mégacles, filho de Hipócrates”.</p><p>Fonte: (Funari, 2002, p. 42).</p><p>REFLITA</p><p>Mas liberdade para quê?</p><p>Liberdade para participar da vida pública e para refletir sobre o mundo, para flanar, para</p><p>dedicar-se a discussões estimulantes. A palavra que os gregos usavam, skholé, originou</p><p>“escola” e o nexo entre nossa escola e o ócio grego está, justamente, nessa oportunidade</p><p>de se refletir, que deveria estar no centro da escola (deveria, pois a palavra escola, hoje,</p><p>está longe de significar “espaço de reflexão”, não é?) Para os gregos, essa importância da</p><p>oportunidade de reflexão pode ser avaliada por um texto de Aristóteles:</p><p>convém considerar que a felicidade não está na posse de muitas coisas, mas no estado</p><p>em que a alma se encontra. Poder-se-ia dizer que é feliz não um corpo com uma bela</p><p>roupa, mas aquele que é saudável e está em bom estado, ainda que despido. Da mesma</p><p>forma, a uma alma, se está educada, a tal alma e a tal homem se há de chamar de feliz,</p><p>não se ele está com adornos externos, não sendo digno de nada (FUNARI, 2002, p. 51).</p><p>Felicidade, eis uma palavra que pouco associamos à escola, mas que estavano centro da</p><p>skholé dos antigos.</p><p>Fonte: Funari, 2002.</p><p>62UNIDADE III O Mundo Grego</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>Caro(a) acadêmico (a), chegamos ao final da Unidade III, nela contemplamos o berço</p><p>de nossa civilização através da viagem sobre a origem dos gregos e suas realizações. Você</p><p>consegue se lembrar? Espero que nesse momento do processo de ensino/aprendizagem</p><p>você esteja encantado(a) ou fascinado(a), sabendo um pouco mais sobre o mundo grego.</p><p>Que bom foi conhecer um pouco dos poemas da Ilíada e da Odisseia e entender</p><p>que a história de um povo pode ser contada pela cultura deixada ao longo tempo. En-</p><p>tendemos a origem da civilização cretense, passando pela lenda do Minotauro e do rei</p><p>Minos, conhecendo um pouco sobre a civilização Micênica e, por fim, chegamos à primeira</p><p>diáspora, dispersão dos gregos pelo mundo.</p><p>Passamos pelas grandes cidades-estados gregas, conhecendo um pouco sobre</p><p>Esparta e Atenas, compreendendo a educação militar de uma e toda política da outra.</p><p>Conhecemos os principais legisladores e suas ideias que norteiam nosso código de leis na</p><p>atualidade. Você se lembra?</p><p>Anseio que o estudo das Guerras Médicas, dos Medos, dos temíveis Persas, tenha</p><p>sido surpreendente para você, pois, nessa guerra, conhecemos a união do mundo grego</p><p>em torno de um inimigo poderoso. Mas essa união terminou quando conhecemos a guerra</p><p>interna do Peloponeso. Você compreendeu como a disputa de poder sobe à cabeça dos</p><p>dominantes? Espero que sim.</p><p>Por fim, abordamos rapidamente um grande nome da cultura grega, que nos ensi-</p><p>nou que o respeito e miscigenação cultural é algo encantador e que pode ser levado até os</p><p>dias atuais, em todos os setores de nossa vida.</p><p>Enfim, foi gratificante conhecer o mundo grego e toda sua magia e reflexão do</p><p>ontem e hoje. Nos vemos na próxima unidade.</p><p>Obrigado!</p><p>63UNIDADE III O Mundo Grego</p><p>MATERIAL COMPLEMENTAR</p><p>LIVRO</p><p>Título: Grécia e Roma</p><p>Autor: Pedro Paulo Funari</p><p>Editora: Contexto</p><p>Edição: 6ª</p><p>Sinopse: Qual o sentido de estudarmos a Antiguidade em pleno</p><p>século XXI? O que a cultura clássica tem a ver com a gente? A res-</p><p>posta reside no fato de a Antiguidade estar muito presente no nosso</p><p>cotidiano: no Direito, na estrutura de pensamento dos intelectuais</p><p>modernos, na estética, na língua, na política. Enfim, culturas, que</p><p>poderiam estar circunscritas a uma época longínqua, atravessaram</p><p>séculos, forneceram subsídios e matéria-prima para tantas outras</p><p>culturas. O historiador e arqueólogo Pedro Paulo Funari nos brinda</p><p>com um painel amplo, instigante e claro dos principais temas das</p><p>civilizações clássicas, da mitologia grega à escravidão, das formas</p><p>de pensar as relações homem-mulher às estruturas políticas,</p><p>das manifestações artísticas aos espetáculos de violência, das</p><p>primeiras colônias gregas ao surgimento do cristianismo. Sendo o</p><p>passado dos antigos gregos e romanos componentes inevitáveis</p><p>de nossas instituições, valores e padrões atuais, a leitura deste</p><p>livro é fundamental para todos os que pretendem se situar como</p><p>membros da comunidade humana.</p><p>LIVRO 2</p><p>Título: Grécia Antiga: A História Completa - Desde a Idade das</p><p>Trevas Grega até o Fim da Antiguidade</p><p>Autor: Peter Scott</p><p>Editora: Editora Book Brothers</p><p>Sinopse: A cultura e os eventos da Grécia foram tão influentes que</p><p>têm um efeito significativo sobre as pessoas, em todo o mundo, até</p><p>hoje. Os antigos gregos deram origem à democracia, um sistema</p><p>político frequentemente usado e considerado por alguns como</p><p>a melhor forma de governo. Grandes mentes da Grécia também</p><p>fizeram descobertas incríveis e vitais, como o moinho de água, a</p><p>geometria e o uso de remédios para curar doenças. Os filósofos</p><p>gregos antigos lançaram as bases para todo um novo campo de</p><p>pensamento e estudo. A Grécia Antiga ofereceu a fundação dos</p><p>Jogos Olímpicos, que ainda acontecem regularmente hoje. Figuras</p><p>históricas particularmente famosas como Alexandre, o Grande e</p><p>Cleópatra também tiveram laços e papéis durante a história grega,</p><p>durante o curso das guerras e expansão do império.</p><p>Dada a influência da Grécia Antiga, ao aprender sobre esse tem-</p><p>po e lugar, você aprenderá sobre sua história e as origens das</p><p>pessoas, lugares e instituições que provavelmente desconhecia.</p><p>Começando na Idade das Trevas, este livro o levará a uma jornada</p><p>cativante pelas trevas, democracia, descoberta e desenvolvimento</p><p>da civilização ocidental.</p><p>64UNIDADE III O Mundo Grego</p><p>LIVRO 3</p><p>Título: História da Grécia</p><p>Autor: José Fernandes Costa</p><p>Editora: Quickebook</p><p>Sinopse: Os primeiros gregos chegaram à Europa pouco antes de</p><p>1 500 a.C., e durante seu apogeu, a civilização grega governara</p><p>tudo o que se incluía entre a Grécia, o Egito e o Indocuche. Os</p><p>gregos estabeleceram tradições de justiça e liberdade individual,</p><p>que viriam a se estabelecer como as bases da democracia contem-</p><p>porânea. A sua arte, filosofia e ciência tornaram-se fundamentos</p><p>do pensamento e da cultura ocidentais. Os gregos da antiguidade</p><p>chamavam a si próprios de helenos (todos que falavam grego,</p><p>mesmo que não vivessem na Grécia), e davam o nome de Hélade</p><p>à sua terra. Os que não falavam grego eram chamados de bárba-</p><p>ros. Durante a antiguidade, nunca chegaram a formar um governo</p><p>nacional, ainda que estivessem unidos pela mesma cultura, religião</p><p>e língua.</p><p>FILME / VÍDEO</p><p>Título: Tróia</p><p>Ano: 2004</p><p>Diretor: Wolfgang Petersen.</p><p>Sinopse: Em 1193 a.C., Paris (Orlando Bloom) é um príncipe que</p><p>provoca uma guerra da Messência contra Tróia, ao afastar Helena</p><p>(Diane Kruger) de seu marido, Menelaus (Brendan Gleeson). Tem</p><p>início, então, uma sangrenta batalha, que dura mais de uma déca-</p><p>da. A esperança do Priam (Peter O’Toole), rei de Tróia, em vencer</p><p>a guerra está nas mãos de Aquiles (Brad Pitt),</p><p>o maior herói da</p><p>Grécia, e seu filho Hector (Eric Bana).</p><p>FILME / VÍDEO 2</p><p>Título: 300</p><p>Ano: 2006</p><p>Diretor: Zack Snyder</p><p>Sinopse: 300 é um relato sangrento da Batalha das Termópilas,</p><p>da Antiguidade, na qual o Rei Leônidas (Gerard Butler) e mais</p><p>299 espartanos (300, no total) lutaram contra Xerxes (Rodrigo</p><p>Santoro) e seu numeroso exército persa. Enfrentando dificuldades</p><p>insuperáveis, o sacrifício desses homens levou toda a Grécia a se</p><p>unir contra o inimigo persa, traçando um marco no caminho para a</p><p>democracia. Inspirada pela obra de Frank Miller, criador da graphic</p><p>novel Sin City, o filme é uma aventura épica, que fala de paixão,</p><p>coragem, liberdade e sacrifício, incorporados pelos guerreiros</p><p>espartanos que lutaram em uma das maiores batalhas da história.</p><p>65UNIDADE III O Mundo Grego</p><p>FILME / VÍDEO 3</p><p>Título: Alexandre: “O Grande”</p><p>Ano: 2004</p><p>Diretor: Oliver Stone</p><p>Sinopse: Junho de 323 a.C., Babilônia, Pérsia. Quando faltava</p><p>um mês para completar 33 anos, morre precocemente Alexandre,</p><p>o Grande (Colin Farrell), que tinha conquistado 90% do mundo</p><p>conhecido. Alexandria, Egito, 40 anos depois. Ptolomeu (Anthony</p><p>Hopkins), um general de Alexandre que o conhecia bem, narra</p><p>para Cadmo, um escriba que se tornou o guardião do corpo de Ale-</p><p>xandre, que ali está embalsamado à moda egípcia (Ptolomeu se</p><p>tornou faraó, pois ficou com o Egito quando o império foi dividido).</p><p>Tristemente Ptolomeu frisa que as grandes vitórias dos exércitos</p><p>de Alexandre foram esquecidas e diz para Cadmo que Alexandre</p><p>era um deus, ou a pessoa mais perto disso, que já vira. Apesar de</p><p>ser chamado de tirano, Ptolomeu diz que só os fortes governam,</p><p>mas Alexandre era mais, pois mudou o mundo. Antes dele havia</p><p>tribos e depois dele tudo passou a ser possível. Surgiu a ideia que</p><p>o mundo poderia ser governado por um só rei. Era um império</p><p>não de terras e de ouro, mas da mente, uma civilização helênica</p><p>aberta a todos. No oriente, o vasto império persa dominava quase</p><p>todo o mundo conhecido. No ocidente, as outrora cidades-estados</p><p>gregas, Tebas, Atenas, Esparta, haviam perdido o orgulho. Os</p><p>reis persas subornavam os gregos com ouro, para usá-los como</p><p>mercenários. O pai de Alexandre, Felipe, o Caolho (Val Kilmer),</p><p>começou a mudar tudo isso, unindo tribos de pastores ignorantes</p><p>das terras altas e baixas. Com sua coragem e seu sangue criou</p><p>um exército profissional, que subjugou os traiçoeiros gregos.</p><p>Então voltou-se para a Pérsia, onde se dizia que o rei Dario, em</p><p>seu trono na Babilônia, temia Felipe. Foi dessa viril guerreira que</p><p>nasceu Alexandre, em Pela, Macedônia. A mãe, a rainha Olímpia</p><p>(Angelina Jolie), era chamada por alguns de feiticeira e diziam que</p><p>Alexandre era filho de Dionísio ou Zeus. Mas não havia um homem</p><p>na Macedônia que, vendo pai e filho juntos, não tivesse dúvidas,</p><p>mas nenhum poderia imaginar o fabuloso destino de Alexandre.</p><p>66</p><p>Plano de Estudo:</p><p>● A Roma Antiga;</p><p>● A Monarquia Romana;</p><p>● A República Romana;</p><p>● O Império Romano.</p><p>Objetivos da Aprendizagem:</p><p>● Conhecer a Roma Antiga;</p><p>● Conhecer os períodos da história romana: Monarquia;</p><p>● Conhecer os períodos da história romana: República;</p><p>● Conhecer os períodos da história romana: Monarquia.</p><p>UNIDADE IV</p><p>Roma Antiga</p><p>Professor Esp. Cleber Henrique Sanitá Kojo</p><p>67UNIDADE IV Roma Antiga</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Seja muito bem-vindo(a)!</p><p>Prezado(a) acadêmico(a), estamos chegando ao fim de nossa disciplina, mas é</p><p>com muita alegria que iniciamos o estudo da última unidade, com uma das civilizações</p><p>consideradas o berço de nossa história. Espero encontrar em você um grande desejo e</p><p>curiosidade de conhecer esse povo e os fatores que norteiam nossa história até hoje. Em</p><p>nossa disciplina passamos pela pré-história, pelas primeiras civilizações da antiguidade,</p><p>e seguimos para o mundo grego, onde saboreamos a origem e as etapas de sua História.</p><p>Chegou a hora de iniciarmos nossa viagem pelos romanos e seu legado. Você está</p><p>preparado(a)?</p><p>Iniciaremos uma jornada nessa maravilhosa civilização, conhecendo os períodos</p><p>que a formaram, desde a Monarquia romana, passando pela República e concluindo com o</p><p>Império, ou seja, nossa viagem parte do início, auge e decadência de Roma.</p><p>No início da unidade passaremos pelas origens lendárias e históricas de Roma,</p><p>pois tentaremos compreender a mágica dos irmãos Rômulo e Remo e a relacionamos com</p><p>a formação histórica. Seguindo com os primeiros reis de Roma e seus legados.</p><p>Nesta unidade vamos decifrar a divisão de classes em Roma e a origem do poder</p><p>que levou à formação da famosa República Romana, berço da política atual e toda sua crise</p><p>e disputa de poder. Ainda na República, conheceremos o conflito que ameaçou a unidade ro-</p><p>mana com Cartago, uma guerra cheia de táticas inovadoras e surpreendentes para a história.</p><p>Então vamos conhecer um pouco do império romano e os motivos que levaram a</p><p>sua queda.</p><p>Por fim, desejo que esta unidade possa concluir nossa disciplina com chave de</p><p>ouro e possa fortalecer seu desenvolvimento educacional e entender tudo que nos cerca</p><p>em relação à sociedade e cultura e a relação do ontem e o hoje.</p><p>Muito obrigado e bom estudo!</p><p>68UNIDADE IV Roma Antiga</p><p>1. A ROMA ANTIGA</p><p>Com a decadência da Grécia antiga temos o aparecimento dos romanos que eram</p><p>herdeiros diretos da cultura helenística, construíram, através de sua história, um estado</p><p>autoritário, dominante, centralizador e fascinante. Vamos, a partir desse momento, viajar</p><p>nessa civilização considerada berço de nossa história. Está preparado(a)?</p><p>Para iniciar nossos estudos, vamos nos voltar à questão geográfica de Roma, pois é</p><p>favorecida por regiões territoriais cercadas pelo mar Mediterrâneo. Vale destacar que Roma</p><p>surgiu na planície central da península Ática, chamada de Lácio e toda essa conjuntura</p><p>geográfica facilitou a expansão romana que vamos estudar. Suas conquistas são imensas</p><p>e, por isso, temos alguns termos para explicar sobre essa magnífica civilização.</p><p>O primeiro é o termo “mare nostrum” ou nosso mar e também o termo que diz que</p><p>“todos os caminhos levam a Roma”. Mas como surgiu Roma? Alguns historiadores, como</p><p>Block (1970), Funari (2002) e Pinsk (2012), afirmam que Roma nasceu da união de sete</p><p>aldeias de pastores de origem etrusca, um povo latino. No entanto vamos nos atentar,</p><p>nesse momento, à origem lendária de Roma, ou seja, vamos debater a lenda que aparece</p><p>na obra chamada Eneida, do poeta Virgílio, a famosa lenda de Rômulo e Remo.</p><p>Conta a lenda que o deus da guerra, Marte, desceu à Terra e se apaixonou por uma</p><p>mulher de nome Réia Sílvia, filha do rei Numitor. Este foi destronado pelo seu irmão Amúlio,</p><p>que obrigou sua sobrinha a se tornar uma sacerdotisa. O fruto da relação entre o deus Marte</p><p>e Réia Sílvia foi a gravidez de gêmeos, os bebês Rômulo e Remo. Assim, para proteger</p><p>69UNIDADE IV Roma Antiga</p><p>seus filhos do tio, Réia Sílvia abandonou-os em um cesto no rio Tibre, e esse objeto com</p><p>os gêmeos se deslocou por suas águas até se enroscar nas margens. Vale ressaltar que</p><p>os bebês foram encontrados por uma loba, que os amamentou e cuidou deles até serem</p><p>encontrados por um casal de pastores, Fáustulo e sua esposa, que os criaram como filhos.</p><p>Ao se tornarem adultos, eram respeitados por todos, tornando-se líderes e fundando uma</p><p>cidade às margens do próprio rio Tibre. Após o grande crescimento da cidade, ocorre uma</p><p>briga entre os irmãos pela liderança da cidade, em meio a briga, Rômulo acaba matando</p><p>seu irmão Remo. Tomado pelo remorso, Rômulo, o primeiro rei, resolve homenagear seu</p><p>irmão dando nome a cidade de “Roma”, a versão feminina do nome Remo. Concluímos,</p><p>ainda, que, ao morrer, Rômulo foi levado aos céus e adorado como o deus Quirino.</p><p>Ainda sobre a lenda da formação de Roma, Funari (2002, p. 80-81) acrescenta:</p><p>Pois outra lenda romana conta que Enéias era um troiano filho da Deusa</p><p>Vênus e de Anquises, rei troiano de Dárdano. Após a vitória dos gregos so-</p><p>bre os troianos, Enéias vagou pelo Mediterrâneo, até chegar ao Lácio, onde</p><p>reinou por alguns</p><p>anos. Depois de morto, foi adorado como Júpiter Indiges.</p><p>Seu filho Ascânio fundou Alba Longa e seu descendente Numitor, pai de Réia</p><p>Sílvia, foi, pois, avô de Rômulo. Por essas lendas, Roma ligava-se ao deus da</p><p>guerra, Marte, e à deusa da fertilidade, Vênus. Para os romanos era impor-</p><p>tante considerar que seu destino estava ligado aos deuses, pois estas nobres</p><p>origens legitimavam seu poder sobre outros povos e servia como propaganda</p><p>de suas qualidades.</p><p>Funari (2002) também aponta para outras fontes que podem demonstrar o surgi-</p><p>mento de Roma, sejam objetos, pinturas, moedas, esculturas entre outras. Esse é o papel</p><p>da arqueologia, que fornece a descoberta de fontes históricas, ajudando o historiador na</p><p>construção de seu trabalho.</p><p>Podemos afirmar que estudos arqueológicos apontam construções e outros vestí-</p><p>gios, que fazem com que a lenda e a formação histórica se encontrem. Pois a lenda afirma</p><p>que o primeiro rei foi Rômulo e a história inicial de Roma aponta sete reis, sendo o primeiro</p><p>um etrusco, chamado Rômulo. Observe o que Funari (2002, p. 51) diz sobre isso:</p><p>Os arqueólogos encontraram vestígios de cabanas dos primeiros moradores</p><p>de Roma e alguns aspectos das lendas puderam ser comprovados. Este é o</p><p>caso do domínio dos etruscos, um povo que vivia ao norte de Roma, e cuja</p><p>influência na cultura romana foi muito grande.</p><p>Logo, podemos entender essa junção entre lenda e história. Mas para compreen-</p><p>der ou facilitar o estudo da história de Roma, dividiremos em períodos clássicos, para sua</p><p>compreensão. Esses períodos são a Monarquia (o início), a República (o auge) e o Império</p><p>(a decadência). Assim você compreenderá de maneira mais simples.</p><p>70UNIDADE IV Roma Antiga</p><p>2. A MONARQUIA ROMANA</p><p>A concentração humana na região das aldeias provocou uma espécie de agrupa-</p><p>mentos intitulados de gens, ou seja, um conjunto de pessoas que seguiam um indivíduo</p><p>mais velho – um patriarca –, forma muito parecida com a estudada no mundo grego. Vale</p><p>ressaltar que esses parentes próximos ao líder passaram a ser donos das terras, gerando</p><p>uma divisão de classes em Roma.</p><p>Funari (2002) afirma que os proprietários das terras, que dominavam Roma, foram</p><p>chamados de Patrícios, palavra que deriva de pater, conhecido na Grécia antiga. Em</p><p>seguida, tínhamos uma massa de pequenos agricultores que eram chamados de Plebeus</p><p>ou Plebe, o povo em si, que eram, em sua maioria, pobres. Por fim, tínhamos uma classe</p><p>intermediária chamada de Clientes, que eram os parentes distantes do pater famílias, essa</p><p>classe recebia a proteção dos patrícios em troca de servi-los ou realizar certas obrigações.</p><p>Assim, a força dos patrícios torna-se em supremacia e temos, então, construção</p><p>e implementação de uma monarquia, em que o rei assumia o poder executivo, judiciário e</p><p>religioso. Vale ressaltar que ao lado do rei tínhamos o conselho dos anciãos, também de</p><p>origem patrícia, que aconselhava o rei em suas decisões.</p><p>Apesar de pouco material para conhecer esse período, estudos históricos apontam</p><p>a existência de sete reis, sendo os quatro primeiros de origem latina e os três últimos de</p><p>origem estrusca. Outro ponto a ser destacado é que o primeiro rei seria Rômulo e o último</p><p>seria Tarquínio, “o soberbo”.</p><p>71UNIDADE IV Roma Antiga</p><p>Dentro desse período da história romana temos o início de grandes obras públicas,</p><p>como a construção das muralhas da cidade de Roma. Além disso, temos a criação de um</p><p>novo órgão político que foi chamado de assembleia centuriata. Composta por 193 centúrias,</p><p>com direito a 1 voto cada. Vale destacar que essas centúrias foram criadas através de uma</p><p>questão censitária, ou seja, de acordo com as posses e os bens de cada um. Ressaltamos</p><p>ainda que esse poder financeiro ocasionou o nascimento das centúrias militares, composta</p><p>de infantaria, cavalaria e um grande número de soldados. Com isso, vamos ter um novo</p><p>poder, o chamado de oligárquico ou oligarquias, que significa, poder de poucos.</p><p>Para completar esse período histórico, Tarquínio, “o soberbo”, decidiu confrontar a</p><p>elite patrícia, os isolando de suas decisões, provocando uma violenta revolta. Os patrícios</p><p>passaram a dominar Roma e a dividir o poder entre eles, dando origem à chamada Repú-</p><p>blica romana.</p><p>72UNIDADE IV Roma Antiga</p><p>3. A REPÚBLICA ROMANA</p><p>Assim que os patrícios tomaram o poder, decidiram dividir entre os mais ricos. Para</p><p>isso, deram o nome de República, que tem sua origem na palavra, res + pública, ou seja,</p><p>coisa pública, administração do Estado por pessoas contra a monarquia romana, ou ainda</p><p>um domínio e controle social e governamental patrício em Roma.</p><p>Após a eliminação da figura do rei com o poder centralizado, chegou a hora da divi-</p><p>são dos poderes entre os patrícios, gerando o aparecimento de estruturas governamentais,</p><p>como as magistraturas, em que os patrícios se organizavam para governar, dividindo em</p><p>várias outras categorias. Vamos conhecê-las:</p><p>TABELA 1 - AS MAGISTRATURAS ROMANAS</p><p>Cônsules A mais alta magistratura, era composta por dois cônsules que</p><p>eram considerados os chefes da República, tinham o mandato</p><p>de um ano, além de comandar o exército, também possuía atri-</p><p>buições jurídicas e religiosas.</p><p>Senado Tinham a função de supervisionar todas as magistraturas, che-</p><p>gando a ter o número de 300 senadores com o cargo vitalício.</p><p>Vale destacar que para ser senador romano era preciso ter par-</p><p>ticipado de alguma outra função dentro da magistratura ou ter</p><p>realizado algo importante para a República.</p><p>Pretor Eram responsáveis por administrar a Justiça da República.</p><p>Questor Cuidavam das finanças do Estado, arrecadavam os impostos.</p><p>Censor Eram responsáveis por fazer o censo, ou seja, contar a popu-</p><p>lação romana, além de vigiar a conduta moral dos cidadãos.</p><p>Edis Eram responsáveis pela conservação da cidade e por realizar</p><p>a fiscalização do comércio.</p><p>Fonte: o autor.</p><p>73UNIDADE IV Roma Antiga</p><p>Com o fim do poder centralizado nas mãos do rei, o senado passou a ser a maior</p><p>posição almejada por um patrício, pois se tornou o órgão máximo da república romana. Vale</p><p>relembrar da força que tinham os senadores patrícios, principalmente por causa do cargo</p><p>vitalício que garantia o controle do poder, elegendo todos os membros de toda a magistra-</p><p>tura romana. Só perdia o poder por um tempo determinado quando ocorria uma crise muito</p><p>grande, e eles indicavam um patrício para o cargo de ditador, que assumia o poder por um</p><p>período máximo de seis meses, podendo ser prorrogado por mais seis. Assim, o ditador</p><p>passava a ter todo o poder sem consultar o senado nesse período.</p><p>Um dos órgãos governamentais mantidos foi a assembleia centuriata, que mera-</p><p>mente reafirmava as decisões do senado, pois os patrícios também tinham o controle da</p><p>maioria das centúrias.</p><p>Funari (2002) diz que o poder exercido pelos patrícios decidia todas as deliberações</p><p>voltadas, exclusivamente, para eles, excluindo a plebe de qualquer tomada de decisão e de</p><p>inclusão em relação aos direitos. Por sua vez, a plebe que era a maioria romana, promove</p><p>grandes reações, começando um conflito, ou seja, uma luta plebeia contra a elite romana.</p><p>3.1 As Conquistas da Plebe Romana</p><p>A reação da plebe inicia-se 16 anos após a implantação da república romana, com</p><p>a reação em um confronto armado em Roma, seguido de uma espécie de greve social por</p><p>vários motivos, além da política. O poder patrício estudado até aqui e o início desse conflito</p><p>com os plebeus é descrito por Funari (2002, p. 83):</p><p>O poder dos patrícios vinha da posse e exploração da terra, trabalhada por</p><p>camponeses, às vezes escravizados por dívidas. Os patrícios romanos go-</p><p>vernavam a cidade principalmente em benefício próprio, aplicavam as leis</p><p>conforme seus interesses pessoais e procuravam reduzir à servidão plebeus</p><p>camponeses que não conseguiam pagar suas dívidas.</p><p>Somente depois de mais de dois séculos de luta entre plebeus insatisfeitos e</p><p>patrícios poderosos, é que os plebeus conseguiram progressivamente obter</p><p>direitos políticos iguais</p><p>Neolítico e Idade</p><p>dos metais.</p><p>Por fim, desejamos que esta unidade possa fortalecer seu desenvolvimento pessoal</p><p>através do conhecimento sobre os conceitos de história e, principalmente, da pré-história.</p><p>Muito obrigado e bom estudo!</p><p>5UNIDADE I História Antiga</p><p>1. INTRODUÇÃO E CONCEITOS: HISTÓRIA ANTIGA</p><p>Em pleno século XXI, ainda nos perguntamos o porquê de estudar história. Por que</p><p>falar de civilizações tão antigas? O que isso soma na nossa vida? Talvez você já tenha se</p><p>deparado com essas perguntas por várias vezes durante sua vida, pois elas têm tomado</p><p>conta de nosso cotidiano e nos conduzem ao senso comum. Vale ressaltar que uma simples</p><p>frase, como: “Papai, me explica para que serve a história”, pode trazer um grande feito no</p><p>estudo e no entendimento da história em si. Vale ressaltar que essa frase foi realizada pelo</p><p>filho do historiador Marc Bloch, que fez com que ele escrevesse o livro Apologia da História</p><p>ou O Ofício de Historiador, com mais de 200 páginas em 5 capítulos, sendo que o último</p><p>não foi concluído, pois o autor foi fuzilado por nazistas, deixando sua obra incompleta.</p><p>Talvez esse pequeno relato sobre a história de Marc Bloch possa demonstrar a importância</p><p>de se estudar e compreender a história como um todo.</p><p>A história não é simplesmente o estudo do passado, como muitos acreditam. A</p><p>história é o estudo do passado para compreender o presente e, quem sabe, mudar o futuro.</p><p>Com essa afirmação podemos começar a entender a importância da chamada história</p><p>antiga e toda sua interpretação e construção da história.</p><p>Assim, começamos a falar do chamado “pai da história”, ou seja, começamos a falar</p><p>do grego Heródoto, que viveu no século V a.C. e batizou de história o estudo que realizou</p><p>das civilizações com a qual seu povo mantinha contato comercial. Por que a batizou de</p><p>história? Qual o significado dessa palavra?</p><p>6UNIDADE I História Antiga</p><p>Vale ressaltar que “história” é uma palavra grega, que significa investigação, e que,</p><p>por sua vez, deve ser imparcial, deixando seu preconceito de lado, abordando basicamente</p><p>o fato, sem ideologias, sem interesses individuais ou de um grupo. O historiador deve ter</p><p>um grande cuidado para não cometer anacronismo. Vale destacar que essa neutralidade</p><p>temporal do historiador é quase impossível de ser atingida. Com isso, devemos analisar do-</p><p>cumentos, relatos, objetos arqueológicos, pinturas, utensílios, monumentos arquitetônicos</p><p>e escritos literários.</p><p>Assim, podemos afirmar que a história se constrói através das fontes e do posi-</p><p>cionamento do historiador em relação a seu tempo, pois temos que construi-la como se</p><p>estivéssemos montando um grande quebra-cabeça, como afirma Redfield (1994, p. 147).</p><p>[...] a história não são as fontes. A história é uma interpretação das realidades</p><p>de que as fontes são “sinais indicativos ou fragmentos”. É certo que partimos</p><p>de um exame das fontes, mas através delas tentamos observar a realidade</p><p>que apresentam ou que, por vezes, não conseguem representar, deturpam e</p><p>até dissimulam.</p><p>Após analisarmos as fontes históricas, devemos iniciar sua interpretação com</p><p>pesquisas e cautela. Temos que analisar também a cultura do povo, pois cada um tem uma</p><p>determinação cultural em um determinado fato histórico. Como exemplo podemos destacar</p><p>a chegada dos portugueses no Brasil, em que temos a visão eurocêntrica, ou seja, da</p><p>cultura europeia que despreza o nativo americano. Observe o trecho da carta de Pero Vaz</p><p>de Caminha a seguir:</p><p>Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e quartejados, assim pe-</p><p>los corpos como pelas pernas, que, certo, assim pareciam bem. Também</p><p>andavam entre eles quatro ou cinco mulheres, novas, que assim nuas, não</p><p>pareciam mal. Entre elas andava uma, com uma coxa, do joelho até o qua-</p><p>dril e a nádega, toda tingida daquela tintura preta; e todo o resto da sua cor</p><p>natural. Outra trazia ambos os joelhos com as curvas assim tintas, e também</p><p>os colos dos pés; e suas vergonhas tão nuas, e com tanta inocência assim</p><p>descobertas, que não havia nisso desvergonha nenhuma (BERUTTI; FARIA;</p><p>MARQUES, 2001, p. 27).</p><p>Ainda em sua carta, que é uma das principais fontes históricas da descoberta do</p><p>Brasil, Caminha diz:</p><p>Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa</p><p>alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons</p><p>ares [...]. Porém o melhor fruto que dela se pode tirar me parece que será</p><p>salvar esta gente (BERUTTI; FARIA; MARQUES, 2001, p. 27-28).</p><p>Quando analisamos trechos dessa fonte histórica, percebemos o choque do encon-</p><p>tro e o etnocentrismo escancarado, pois, para os portugueses, sua chegada é para trazer o</p><p>desenvolvimento para os pobres coitados que andam com suas vergonhas de fora, quando,</p><p>na verdade, foi uma imposição da cultura portuguesa, desprezando a dos nativos.</p><p>7UNIDADE I História Antiga</p><p>Podemos, então, afirmar que a influência de cada povo em sua história está em</p><p>todos os lugares, como vemos a cultura Greco-Romana em nosso dia a dia ou, até mesmo,</p><p>na contagem do tempo de cada povo. Você sabe como se chama o nosso calendário? Por</p><p>que tem o nome de calendário gregoriano cristão?</p><p>Cada civilização aponta um marco cultural para apontar o início de sua contagem</p><p>de tempo. Normalmente utiliza-se a sua origem, a origem do mundo e até mesmo marcos</p><p>religiosos. No nosso caso, dividimos o tempo cronológico em anos, décadas, séculos, mi-</p><p>lênios e assim por diante. Vale ressaltar que, no final do século XVIII, quando se inventou</p><p>o relógio mecânico, houve a contagem do tempo também em segundos, minutos e horas.</p><p>Que tal se perguntar, por exemplo, quantas horas tem o dia? A resposta mais</p><p>comum seria de 24 horas, mas, na verdade, ele tem o total de 23 horas, 56 minutos e 4</p><p>segundos. É por isso que de quatro em quatro anos ocorre, em nosso calendário, o ano</p><p>bissexto, quando se aumenta um dia no mês de fevereiro.</p><p>Nossa! Mas por que o ano tem 365 dias? Por que na contagem do tempo existem os</p><p>calendários lunares, que observam o ciclo da lua, e os calendários solares, que observam</p><p>o tempo que a terra demora para realizar a circunferência do sol? A palavra calendário vem</p><p>do latim calendarium, que significa “livro das calendas”, utilizado para contar os dias das</p><p>festas religiosas marcadas no início de cada mês lunar, na Roma Antiga.</p><p>Agora vamos conhecer alguns calendários, com a questão cultural associada ao</p><p>tempo. Observe com atenção.</p><p>● Calendário Gregoriano Cristão: é o calendário mais adotado nas sociedades</p><p>atuais, pois é um calendário solar e tem como marco inicial o nascimento de</p><p>Cristo. Vale ressaltar que a partir desse marco contamos o que ocorreu antes</p><p>e depois, ou seja, todos os fatos históricos ocorridos antes do nascimento de</p><p>Cristo ficaram conhecido como a.C e, como d.c os acontecimentos históricos</p><p>depois de Cristo.</p><p>● Calendário Judeu: esse é um calendário solar que tem como marco inicial</p><p>a criação do mundo, ou seja, outro calendário com marco cultural religioso,</p><p>baseado no calendário egípcio.</p><p>● Calendário Islâmico: é um calendário lunar que tem como marco inicial e cul-</p><p>tural a chamada Hégira, ou seja, a fuga do profeta Maomé da cidade de Meca</p><p>para cidade de Medina.</p><p>● Calendário Chinês: esse calendário é considerado um dos mais antigos do</p><p>mundo, tem como marco cultural o nascimento do patriarca Huang-ti. Vale des-</p><p>tacar que é uma mistura de calendário solar e lunar, ou seja, é um calendário</p><p>“lunisolar”.</p><p>8UNIDADE I História Antiga</p><p>Como seria a contagem em outras civilizações da antiguidade? Que tal falarmos do</p><p>berço de nossa civilização? Por exemplo, a contagem do tempo na Grécia antiga, pois eram</p><p>utilizados os termos “kronos” e “kairós” para se referir ao tempo. Utilizavam o kronos para medir</p><p>o tempo dos homens, tempo cronológico, medido em unidades. Já o kairós era o tempo dos</p><p>deuses, podendo ser alterado de acordo com o humor dos deuses, desde o infinito ao rápido.</p><p>Na contagem do tempo em Roma podemos destacar</p><p>aos nobres.</p><p>Para amenizar o conflito, os patrícios interessados na mão de obra da plebe, deci-</p><p>diram fazer algumas concessões. Entre elas o direito de escolher um tribuno da plebe, ou</p><p>seja, um representante no senado. O tribuno da plebe tinha a função clara de representar</p><p>os interesses da plebe em meio aos patrícios.</p><p>A primeira conquista veio seguida de outras, como a lei das doze tábuas, que</p><p>Funari (2002, p. 83) descreve assim:</p><p>74UNIDADE IV Roma Antiga</p><p>Por volta de 450 a.C., os plebeus conseguiram que as leis segundo as quais</p><p>as pessoas seriam julgadas fossem registradas por escrito, numa tentativa</p><p>de evitar injustiças do tempo em que as leis não eram escritas e os côn-</p><p>sules, sempre da nobreza de sangue, administravam a justiça como bem</p><p>entendiam, conforme suas conveniências. O conjunto de normas finalmente</p><p>redigidas foi chamado “A Lei das Doze Tábuas”, que se tornou um dos textos</p><p>fundamentais do Direito romano, uma das principais heranças romanas que</p><p>chegaram até nós.</p><p>Essa lei teve importância para os dois lados, tanto patrícios como plebeus. O signi-</p><p>ficado para a Plebe era que, a partir daquele momento, as leis escritas garantiriam que não</p><p>seriam manipuladas pelos patrícios, os prejudicando. Já para os patrícios significava uma</p><p>garantia de seu poder sobre a plebe.</p><p>Podemos citar, ainda, a lei chamada de Canuleia, que permitia uma espécie de</p><p>igualdade entre patrícios e plebeus, pois essa leia suspendeu a proibição do casamento</p><p>entre eles, ou seja, essa lei permitiu o casamento entre patrícios e plebeus.</p><p>Uma grande conquista da plebe foi a lei Licínia, que garantiu que um dos cônsules</p><p>fosse plebeu, além do fim da escravidão por dívidas e também o chamado ager publicus,</p><p>ou seja, garantia a posse das terras conquistadas do estado para a plebe.</p><p>Enfim, podemos afirmar que esses direitos da plebe, aliados à ideia de conquista</p><p>patrícia, promoveu a expansão da república romana, nascendo, assim, o que chamamos de</p><p>SPQR (Senatus Populusque Romantis), ou seja, o senado e o povo romano. A expansão</p><p>romana tornou-se a maior fonte de renda da república, pois ali se conseguia mão de obra</p><p>escrava para os patrícios e terras agricultáveis.</p><p>Então, os romanos partem em direção aos povos vizinhos, os conquistando ou rea-</p><p>lizando alianças, fornecendo títulos de cidadão romano. Vale ressaltar que a vitória sobre</p><p>os gauleses garantiu todo o domínio da região da península itálica e partiram, então, para</p><p>região da Sicília, expondo a força do exército romano.</p><p>Durante essa expansão territorial republicana, vamos ter o conflito com uma cidade</p><p>rica e com um comércio muito forte, promovendo uma famosa guerra conhecida como</p><p>Guerra Púnica, pois todo patrício sonhava com o domínio da famosa cidade de Cartago.</p><p>3.2 As Guerras Púnicas</p><p>Cartago era uma cidade próspera situada onde hoje fica a atual Tunísia no conti-</p><p>nente africano. Foi fundada pelos grandes navegadores e comerciantes do mundo antigo,</p><p>os fenícios. Vale ressaltar que Cartago aprendeu muito bem a arte da negociação, logo,</p><p>preocupou-se com a segurança, se desenvolvendo militarmente e passando a dominar</p><p>todo o comércio do continente.</p><p>75UNIDADE IV Roma Antiga</p><p>Então, durante o processo de expansão da república romana, essas duas forças se</p><p>chocaram pela ambição hegemônica do mar Mediterrâneo, provocando as famosas guerras</p><p>Púnicas, chamadas assim, pelos romanos, pelo simples fato de conhecerem a região de</p><p>Cartago por Púnis.</p><p>A primeira guerra entre cartagineses e romanos ocorreu quando Roma partiu com</p><p>seu exército sobre as ilhas da Sicília, Córsega e Sardenha, dominando todo o território que</p><p>antes era gerido pelos cartagineses.</p><p>Já a segunda guerra representou uma ameaça à república romana, pois o grande</p><p>general cartaginês Aníbal, considerado um dos maiores líderes militares da antiguidade,</p><p>resolveu contrariar todas as ideias de guerra até então conhecidas e contra-atacar Roma</p><p>de uma maneira inesperada. Vale ressaltar que o exército romano, liderado por Cipião</p><p>Africano, estava esperando o contra-ataque de Aníbal nas ilhas conquistadas, com toda</p><p>a força militar. Então Aníbal optou por um ataque desconcertante, conduzindo seu exército</p><p>direto para Roma, passando pela península ibérica, sul da França, e cruzando o inesperado</p><p>Alpes italianos. Os romanos não esperavam nenhuma invasão pelos congelantes alpes e</p><p>não mantinham uma força militar expressiva na região.</p><p>Os cartagineses, liderados por Aníbal, sofreram muito durante o processo de traves-</p><p>sia, pois muitos homens e elefantes de guerra morreram congelados, acredita-se que metade</p><p>do exército de Aníbal morreu nos alpes. No entanto, ao sair de lá, Aníbal marchou para Roma,</p><p>vencendo o poderoso exército e libertando povos dominados pelo caminho. Ao chegar pró-</p><p>ximo a Roma, por motivos desconhecidos, Aníbal tentou separar os romanos, sitiando uma</p><p>parte, e ficou esperando reforços e suprimentos para seu exército, que nunca chegaram.</p><p>Então, o general Cipião Africano, percebendo a força de Aníbal, contra-atacou de</p><p>maneira inesperada, pois não marchou para defender o território romano conquistado por</p><p>Aníbal e sim para dominar a cidade de Cartago, forçando Aníbal a se retirar, retornando</p><p>para defender sua terra natal, sofrendo uma esmagadora derrota na batalha de Zama.</p><p>Essa vitória representou o domínio imediato de todo o mar Mediterrâneo, por isso</p><p>da frase “mare nostrum” ou nosso mar. Vale apontar que Cartago foi condenada também a</p><p>intensos impostos a Roma, complicando intensamente seu dia a dia e sua economia.</p><p>Arrasada após a segunda guerra, Cartago tentou se reerguer entrando em um novo</p><p>conflito com os romanos, a chamada terceira guerra púnica. Assim, os romanos destroem</p><p>de vez Cartago, arrasando tudo que ali existia, declarando aquele território maldito, jogando</p><p>sal por todos os lados, para que nada voltasse a nascer ali.</p><p>76UNIDADE IV Roma Antiga</p><p>3.3 A Crise da República</p><p>Após a guerra de Cartago, a República romana se destacou, pois existia um</p><p>acúmulo de riqueza ainda maior dos patrícios, com uma enorme mão de obra escrava</p><p>que sustentava a economia do Estado. No entanto, a grande oferta de alimentos oriundos</p><p>das terras conquistadas, fez com que aumentasse expressivamente o número de plebeus</p><p>dependentes do Estado, que perderam seu sustento em suas pequenas propriedades,</p><p>provocando o início de novas revoltas da Plebe.</p><p>A miséria que grande parte da plebe enfrentava promoveu, em 133 a.C., a criação</p><p>de uma lei que adaptamos na atualidade, lei essa criada pelos irmãos Graco. O Tribuno</p><p>da Plebe Tibério Graco propôs a lei da reforma agrária, que limitava a posse de terras do</p><p>estado em 500 juggera ou 310 hectares por indivíduo, assim, parte da plebe conseguiria</p><p>terras. No entanto, os patrícios reagiram a essa lei, derrubando-a e assassinando Tibério</p><p>Graco. Vale destacar que dez anos depois, seu irmão, Caio Graco se tornou Tribuno da</p><p>Plebe e conseguiu implantar a lei definitivamente, além de implementar a chamada Lei</p><p>Frumentária, que determinava a venda de trigo por preços baixos a toda plebe. Assim,</p><p>Caio Graco também foi morto, despertando uma intensa revolta plebeia que ocorreu pa-</p><p>ralelamente às intensas revoltas de escravos, abrindo espaço para os generais militares</p><p>tomarem o poder.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Dentre a revolta de escravos mais famosa, podemos citar a rebelião liderada por Spar-</p><p>tacus, um simples agricultor que nasceu na Trácia. Ele foi capturado por romanos e</p><p>vendido como escravo, na cidade de Cápua, a um treinador de Gladiadores chamado de</p><p>Batiatus. Este forneceu todo o aparato a Spartacus, que se tornou famoso e respeitado</p><p>entre todos os escravos gladiadores.</p><p>Spartacus rebelou-se e fugiu com seus companheiros de lutas, iniciando uma revolta</p><p>que chegou a ameaçar a unidade romana, pois seu grupo ganhou um enorme número</p><p>de escravos que aderiram à luta pela liberdade, chegando ao número de aproximada-</p><p>mente 79 mil pessoas.</p><p>O fascínio por Spartacus levou à produção</p><p>de muitos filmes, séries e livros que contam</p><p>sua história.</p><p>Fonte: o autor.</p><p>77UNIDADE IV Roma Antiga</p><p>A instabilidade provocada pelas revoltas plebeias levou ao poder um homem cha-</p><p>mado Caio Mário, considerado o homem mais rico de Roma, mesmo sendo de origem da</p><p>plebe. Vale destacar que Caio Mário juntou fortuna através do comércio e a utilizou sabia-</p><p>mente, ajudando patrícios com dificuldades, financiando campanhas militares e, assim, foi</p><p>ganhando prestígio dentro de Roma, chegando ao cargo de general do exército romano.</p><p>Todos esses pontos elencados o levaram ao cargo de cônsul durantes seis anos, sendo</p><p>que o próprio senado lhe forneceu o cargo de ditador.</p><p>Caio Mário quebrou a regra de seis meses prorrogados por mais seis, ficando no</p><p>poder por três anos consecutivos, eliminando grande parte do poder do senado. Vale res-</p><p>saltar que foi Caio Mário quem implementou o exército profissional em Roma, pois passou</p><p>a fornecer salário aos soldados, que passaram a ser fiéis ao seu general e não a Roma.</p><p>Foi com a morte de Caio Mário que Sila, um grande general romano, chegou ao po-</p><p>der, implantando uma ditadura. Mas, em seguida, devolveu o prestígio e a força ao senado,</p><p>eliminando, quase que na totalidade, a participação plebeia. No entanto, ao término de seu</p><p>período ditatorial, Sila entregou o cargo e deixou o poder, surpreendendo a todos e abrindo</p><p>espaço para dominação de outros generais.</p><p>Então, houve a eleição de dois novos cônsules, Pompeu, grande general romano, e</p><p>Crasso, general responsável por derrotar a revolta de Spartacus. Vale ressaltar que esses</p><p>dois generais se aliaram ao sobrinho de Caio Mário, chamado de Caio Júlio César (Júlio</p><p>César), derrotando o senado e criando o Primeiro Triunvirato (três homens governando).</p><p>Será que deu certo?</p><p>O primeiro triunvirato chegou a dar certo no início, mas Júlio César foi se fortalecen-</p><p>do militarmente e esperando a hora de tomar o poder.</p><p>Temos então a Morte de Crasso, quando Pompeu se apoiou no senado tentando</p><p>derrubar Júlio César, que disse: “Alea Jacta est”, ou seja, a sorte está lançada. Assim,</p><p>Júlio César marchou sobre Roma com seu exército, tomando o poder e derrotando Pompeu.</p><p>Dessa forma nasceu a saudação “Ave César”, além de ser aclamado como o pai da pátria.</p><p>No entanto, seu governo foi curto, pois foi apunhalado pelas costas na saída de</p><p>uma reunião do senado. A história narra que César recebeu 28 punhaladas, sendo que</p><p>uma delas foi desferida pelo seu filho adotivo, chamado de Bruto, daí a frase dita por ele,</p><p>pouco antes da morte: “Até Tu Bruto?”. Após sua morte, houve o espaço livre para o</p><p>aparecimento do Segundo Triunvirato.</p><p>78UNIDADE IV Roma Antiga</p><p>O Segundo triunvirato foi composto por Otávio, Lépido e Marco Antônio, todos ge-</p><p>nerais do exército, ou seja, o poder ficou na mão dos militares. Logo começou a perseguição</p><p>a todo o senado que foi praticamente dizimado e enfim, decidiram dividir o governo em três</p><p>partes, começando a disputa entre os três. Vale ressaltar que Lépido abriu mão do governo</p><p>e saiu do cenário político, deixando o conflito acontecer entre Otávio e Marco Antônio.</p><p>A crise final do segundo triunvirato ocorreu por causa de uma crise envolvendo o</p><p>Egito, que era dominado por Roma. Vale ressaltar que a rainha era Cleópatra, que tinha</p><p>um filho de Júlio César. Sabendo disso, Marco Antônio se aproximou do Egito para ter mais</p><p>forças, pois prometeu à Cleópatra que ela seria rainha de Roma e, assim, se casou com</p><p>ela. Otávio atacou o Egito antigo, resultando no suicídio de Marco Antônio e Cleópatra.</p><p>Então, Otávio voltou para Roma com muitos alimentos egípcios fornecendo</p><p>alimentos a plebe romana e os acalmando. Trouxe também grande parte do tesouro</p><p>egípcio reunido por milênios, permitindo a criação de um exército ainda maior, fortale-</p><p>cendo ainda mais seu poder.</p><p>Com todo esse poder, Otávio passou a dominar toda política romana e ganhou</p><p>vários títulos, como Princeps Senatus (primeiro senador), que lhe dava poder sobre todo</p><p>o senado, Tribuno da Plebe, que lhe dava o poder de falar em nome do povo, Procônsul,</p><p>que lhe fornecia autoridade sobre todas as províncias, Pontífice Máximo, garantia o domí-</p><p>nio da religião e, com isso, veio o título de Augustus, que significa semelhante a Deus. Por</p><p>fim, ele recebeu o título de Imperador, que lhe dava poder sobre toda Roma, nascendo o</p><p>período histórico que vamos estudar: Império Romano.</p><p>79UNIDADE IV Roma Antiga</p><p>4. O IMPÉRIO ROMANO</p><p>Para estudar esse período da história romana, vamos dividir o chamado Império</p><p>Romano em Alto Império e Baixo Império. Nos prenderemos à chegada de Otávio, ao</p><p>auge histórico do Império e à decadência que levou ao final da história da Roma antiga.</p><p>O império romano tinha duas bases principais, a escravidão e os impostos. Vale</p><p>ressaltar que toda economia romana dependia do trabalho escravo, desde a força braçal</p><p>cotidiana, até a mineração, agricultura entre outros, promovendo a busca constante de</p><p>novas terras para suprir toda Roma antiga.</p><p>No cenário político tínhamos toda a organização de Roma nas mãos do Imperador,</p><p>desde as funções executivas, legislativas e judiciárias, até mesmo o domínio do exército</p><p>romano e a política externa. Vale ressaltar que essa centralização política provocou enor-</p><p>mes conflitos com o senado e fortaleceu o poder do Imperador, que, por sua vez, procurou</p><p>aumentar cada vez mais o número de soldados no exército criando as chamadas Legiões.</p><p>As legiões cuidavam das fronteiras romanas para evitar as invasões dos povos</p><p>bárbaros. Destacamos ainda que Otávio Augustus foi o primeiro governante de Roma a</p><p>criar um poderio de elite dentro do exército, chamado de Guarda Pretoriana, que cuidava</p><p>especialmente da proteção do Imperador e dos casos principais de Roma.</p><p>80UNIDADE IV Roma Antiga</p><p>Para controlar a plebe romana, foi criada a liberação de alimentos e diversão aos</p><p>mesmos, através das lutas de Gladiadores (escravos que lutavam até a morte em uma</p><p>arena). Essa política de fornecer alimentos e diversão recebeu o apelido de política do Pão</p><p>e Circo, sendo que tudo ocorreu no alto Império.</p><p>A sucessão imperial foi conturbada, passando por nomes como Nero, Cômodo,</p><p>Cláudio, Trajano, Adriano e Marco Aurélio, conhecido como o “Imperador Filósofo”,</p><p>que defendeu as fronteiras romanas das invasões bárbaras, suspendendo novas invasões</p><p>e mantendo as fronteiras romanas, fazendo com que Roma vivesse um período de Pax</p><p>romana, ou seja, paz em Roma.</p><p>No entanto, se o dinheiro que era investido nas guerras, ajudando a paz no início,</p><p>a falta dele pelo fim de novas invasões provocou a crise no segundo império, causando</p><p>a decadência do Império Romano e uma crise econômica, que causou alta nos preços e</p><p>desabastecimento das cidades. Houve também uma crise do escravismo que era a força</p><p>motriz de Roma. Por fim, uma crise financeira por falta de moedas produzidas com metais</p><p>saqueados das invasões durante a guerra.</p><p>Vale ressaltar que todas essas crises romanas foram reunidas com outros proble-</p><p>mas, como a corrupção que assolou todo mundo romano, seguida de sucessivos golpes</p><p>que enfraqueceram o exército romano e abriram espaço para as invasões Bárbaras, que</p><p>destruíram todo o império romano.</p><p>REFLITA</p><p>A Felicidade para o Imperador Marco Aurélio.</p><p>“Se concentras teus esforços no presente, seguindo a reta razão seriamente, vigorosa-</p><p>mente, calmamente, sem permitir que nada mais te distraia e mantendo puro seu gênio</p><p>interior, como se tivesses de devolvê-lo imediatamente; se te aplicares a isso, nada</p><p>esperando, nada temendo e satisfeito com sua atividade presente conforme à natureza</p><p>e com uma verdade heroica em cada palavra e manifestação, viverás feliz. E ninguém</p><p>será capaz de impedir isso” (AURÉLIO, 2019, p. 77, tradução nossa).</p><p>Qual o seu motivo de Felicidade?</p><p>81UNIDADE IV Roma Antiga</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>Caro(a) acadêmico(a), chegamos ao final da Unidade IV. Nela contemplamos o ber-</p><p>ço de nossa civilização</p><p>através da viagem sobre a origem dos romanos e suas realizações.</p><p>Você consegue se lembrar? Espero que sim.</p><p>Que bom foi conhecer um pouco da história dos romanos através da lenda de</p><p>Rômulo e Remo e que a história pode se confundir com lendas e, por isso, não podemos</p><p>descartar nem mesmo o senso comum. Vale ressaltar que conhecemos além da origem da</p><p>civilização romana, pois compreendemos o quanto ela é importante para o presente.</p><p>Passamos pela monarquia romana, conhecendo as origens e divisões de classes</p><p>com a disputa de poder e a origens dos reis romanos.</p><p>Passamos também pela República romana, de sua origem até seu auge, conhe-</p><p>cendo as guerras Púnicas que tornaram Roma dominante em toda a região, nascendo o</p><p>chamado Mare Nostrum. Você se lembra?</p><p>Por fim, abordamos rapidamente a decadência do império romano, abordando</p><p>sempre sua relação entre o ontem e o hoje.</p><p>Enfim, foi gratificante conhecer a história romana e toda sua magia e reflexão para</p><p>entendermos o passado e o presente.</p><p>Muito obrigado!</p><p>82UNIDADE IV Roma Antiga</p><p>WEB</p><p>SILVA, N. O. da. Os mitos de Espártaco. 2018. 171 f. Tese (Doutorado em Histó-</p><p>ria) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2018.</p><p>Spartacus foi o líder de uma revolta de escravos que ameaçou a unidade política da</p><p>Roma Antiga, que é apresentada em um número de séries variadas que você pode encon-</p><p>trar em todo o mundo virtual em diferentes anos. Para desmistificar a mitologia criada em</p><p>sua figura, indicamos a tese de doutorado em história social de Neemias Oliveira da Silva,</p><p>publicada em 2018, que se encontra neste link: https://tede2.pucsp.br/handle/handle/21104</p><p>83UNIDADE IV Roma Antiga</p><p>MATERIAL COMPLEMENTAR</p><p>LIVRO</p><p>Título: Os portões de Roma (Vol. 1 O imperador)</p><p>Autor: Conn Iggulden</p><p>Editora: Record</p><p>Edição: 18ª</p><p>Sinopse: O primeiro volume da trilogia O imperador. Em sua es-</p><p>treia na literatura, Conn Iggulden captura a essência de uma terra,</p><p>um povo, uma lenda. O imperador — Os portões de Roma trazem</p><p>à vida uma das mais fascinantes eras da história da humanidade.</p><p>Neste impressionante romance histórico, Iggulden é o guia de</p><p>uma empolgante viagem pela Antiga Roma, um reino de tiranos e</p><p>escravos, de sórdidas intrigas e paixões avassaladoras. Uma saga</p><p>que está para Roma como a série Ramsés para o Antigo Egito.</p><p>Primeiro título da trilogia O imperador, sobre a vida de Júlio César</p><p>e livro que o prestigiado Bernard Cornwell (autor das trilogias</p><p>Crônicas de Arthur e Em busca do Graal) expressou o desejo de</p><p>ter escrito. O mais lendário de todos os monarcas, figura dominan-</p><p>te dos últimos anos da república romana, Júlio César ascendeu</p><p>de chefe político a chefe militar, e de chefe militar a ditador. Para</p><p>contar essa história, o inglês Iggulden acompanha a trajetória de</p><p>dois jovens, criados como irmãos, embora um deles seja ilegítimo,</p><p>no colapso da república e ascensão de Julio César. Na luxuriante</p><p>península italiana, um novo império está tomando forma. Em seu</p><p>coração, a cidade de Roma, um lugar de glória e decadência, be-</p><p>leza e sangue derramado. As aventuras e desventuras de Gaius e</p><p>Marcus até a vida adulta, seus sonhos de batalhas, fama e glória</p><p>a serviço do poderoso império funcionam como um microcosmos</p><p>da Antiga Roma. Um é filho de um poderoso senador, nascido num</p><p>ambiente de grande privilégio e ambição. Um menino ao qual muito</p><p>se dá e muito se espera em retorno. O outro é seu irmão adotivo,</p><p>um bastardo de grande força e esperteza, cujo amor pela família</p><p>adotiva e principalmente pelo irmão, será a força motriz de toda</p><p>sua vida. Conforme os caminhos dos dois se separam e o desejo</p><p>por uma bela escrava se interpõe entre os dois, Gaius e Marcus</p><p>conhecerão amor, perda e violência. E a terra que tanto amam per-</p><p>de a inocência e mergulha num conflito civil que colocará romano</p><p>contra romano. E a amizade entre os dois em xeque.</p><p>84UNIDADE IV Roma Antiga</p><p>LIVRO 2</p><p>Título: Meditações</p><p>Autor: Marco Aurélio</p><p>Editora: Edipro</p><p>Sinopse: Estas são anotações pessoais do imperador romano</p><p>Marco Aurélio escritas entre os anos de 170 a 180. Também</p><p>conhecidas como Meditações a mim mesmo, reúnem aforismos</p><p>que orientaram o governante pela perspectiva do estoicismo – o</p><p>controle das emoções para que se evitem os erros de julgamento.</p><p>Suas meditações formam um manual de comportamento ainda</p><p>atual sobre como podemos melhorar nosso comportamento e o</p><p>relacionamento com o próximo.</p><p>Marco Aurélio trava um diálogo interior em busca de verdades fun-</p><p>damentais por meio da razão sem deixar de lado a sensibilidade.</p><p>Sem inclinação a qualquer crença religiosa, Meditações apela para</p><p>ordens universais nas quais até mesmo os acontecimentos ruins</p><p>ocorrem para o bem de todos. O imperador assume o papel do fi-</p><p>lósofo que instrui o aluno e dá conselhos ao amigo. Por seu caráter</p><p>íntimo, Meditações tornou-se um dos escritos mais reveladores e</p><p>inspiradores a respeito do pensamento de um grande líder.</p><p>Apresenta ensinamentos sobre as virtudes, a felicidade, a morte,</p><p>as paixões e a harmonia com a natureza e a aceitação de suas</p><p>leis. Figura ainda entre as obras fundamentais para os estudiosos</p><p>da filosofia estoica, mesmo milênios depois de sua composição.</p><p>LIVRO 3</p><p>Título: Declínio e queda do império romano.</p><p>Autor: Edward Gibbon</p><p>Tradutor: José Paulo Paes</p><p>Editora: Companhia de Bolso</p><p>Sinopse: Publicada em seis volumes, entre 1776 e 1778, esta</p><p>obra, imediatamente reconhecida como clássica e que se tornaria</p><p>a mais famosa da historiografia inglesa, abrange três grandes</p><p>períodos: da época de Trajano e dos Antoninos (c. 100 d.C.) à</p><p>extinção do império romano do Ocidente, com a conquista de</p><p>Roma por Alarico em 410; do reinado de Justiniano no Oriente ao</p><p>estabelecimento do Sacro Império Germânico por Carlos Magno;</p><p>e, por fim, do renascimento do império no Ocidente à tomada de</p><p>Constantinopla. Abreviada e editada pelo renomado especialista</p><p>Dero A. Saunders, esta edição aborda principalmente o período</p><p>inicial, o do progressivo enfraquecimento do império romano no</p><p>Ocidente. Com isso, o leitor brasileiro tem a oportunidade de</p><p>acompanhar, na prosa cadenciada de um dos maiores estilistas</p><p>da literatura inglesa, o “triunfo da barbárie e da religião” sobre as</p><p>nobres virtudes romanas que Gibbon tanto admirava. E, sempre</p><p>presente neste modelo de narrativa histórica, a irresistível ironia de</p><p>Gibbon, exemplificada em sua famosa definição da história como</p><p>“pouco mais do que o registro dos crimes, loucuras e desventuras</p><p>da humanidade”.</p><p>85UNIDADE IV Roma Antiga</p><p>FILME/VÍDEO</p><p>Título: Spartacus</p><p>Ano: 2004</p><p>Diretor: Robert Dornhelm</p><p>Sinopse: Gália, 72 a.C. Varínia (Rhona Mitra) é uma bela jovem</p><p>que nascera livre, mas vira uma escrava quando sua pacífica</p><p>aldeia é atacada pelos romanos, pois nada nem ninguém poderia</p><p>detê-los. Há vários anos Roma se debatia em guerras civis entre</p><p>os plebeus e seus aristocráticos rivais, os patrícios, liderados pelo</p><p>senador Marcus Crassus (Angus Macfadyen), o homem mais rico</p><p>do mundo, que quando criança tinha presenciado o assassinato</p><p>do pai no Fórum. Crassus renascerá das cinzas da desgraça de</p><p>sua família e é possuidor de uma ambição desmedida, ambição</p><p>está só refreada por rivais como o senador Antonius Agrippa (Alan</p><p>Bates). As guerras civis findaram e os homens sorriam uns aos</p><p>outros, mas as inimizades não tinham fim. A fortuna de Crassus se</p><p>percebia pelo ouro e pela prata, mas era medida pela carne de mi-</p><p>lhares de escravos que viviam sua curta existência em um mundo</p><p>de sofrimento, sob o capricho de seus amos. Paralelamente, em</p><p>uma mina do Egito de onde saía o ouro que adornavam as mulhe-</p><p>res dos aristocratas, escravos de várias partes do mundo viviam</p><p>um inferno constante, onde o mais simples ato se torna doloroso.</p><p>Lá havia um escravo trácio, Spartacus (Goran Visnjic), que não</p><p>se dobrava ao chicote e estava para ser crucificado, assim como</p><p>também acontecera com seu pai. É quando foi comprado por um</p><p>lanista, Lentulus Batiatus (Ian McNeice), dono da maior escola de</p><p>gladiadores da Itália, que coincidentemente</p><p>também comprara</p><p>Varínia. Os dois logo se sente atraídos e Batiatus os faz ficarem</p><p>juntos para “cruzarem”, pois não passavam de animais para os</p><p>romanos. Mas Spartacus e Varínia tem um comportamento muito</p><p>diferente do esperado, pois se respeitavam como humanos. Duran-</p><p>te o início dos treinamentos ficou claro que ele não sabia lutar, mas</p><p>Spartacus aprende depressa e logo se torna o gladiador preferido</p><p>nos combates em Cápua. Ele gostava desta fama, mas tudo muda</p><p>quando Marcus Crassus chega na escola de gladiadores com</p><p>sua mulher e outro casal de patrícios. Os dois casais foram até lá</p><p>pedindo dois combates até a morte. Isto era fora do convencional</p><p>e poderia causar um clima tenso na escola. Batiatus estipulou</p><p>para a realização dos combates uma enorme quantia e Crassus</p><p>concordou. Os visitantes escolheram os gladiadores e as lutas co-</p><p>meçaram. A primeira luta logo terminou, então chegou o momento</p><p>de Spartacus ter de lutar com Draba (Henry Simmons), um etíope</p><p>que após alguns minutos derrotou Spartacus e recebeu a ordem</p><p>de dar o golpe fatal. Em vez de cumprir o ordenado, Draba tentou</p><p>atacar os patrícios e foi morto. Após refletir, Spartacus entendeu</p><p>que Draba preferiu morrer como um homem do que viver como um</p><p>animal. Isto seria o ponto de partida para Spartacus liderar uma</p><p>rebelião de escravos, que abalaria todo o Império Romano.</p><p>86UNIDADE IV Roma Antiga</p><p>FILME / VÍDEO 2</p><p>Título: O Gladiador</p><p>Ano: 2000</p><p>Diretor: Ridley Scott</p><p>Sinopse: Nos dias finais do reinado de Marcus Aurelius (Richard</p><p>Harris), o imperador desperta a ira de seu filho Commodus (Joa-</p><p>quin Phoenix) ao tornar pública sua predileção em deixar o trono</p><p>para Maximus (Russell Crowe), o comandante do exército romano.</p><p>Sedento pelo poder, Commodus mata seu pai, assume a coroa e</p><p>ordena a morte de Maximus, que consegue fugir antes de ser pego</p><p>e passa a se esconder sob a identidade de um escravo e gladiador</p><p>do Império Romano.</p><p>FILME / VÍDEO 3</p><p>Título: Pompeia</p><p>Ano: 2014</p><p>Diretor: Paul W. S. Anderson</p><p>Sinopse: Milo é um escravo que se tornou um gladiador e se en-</p><p>contra em uma corrida contra o tempo. Após a erupção do Monte</p><p>Vesúvio, ele precisa salvar seu grande amor, a bela Cassia, filha</p><p>de um rico comerciante e que foi prometida a um corrupto senador</p><p>romano, em meio a destruição da cidade.</p><p>87</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ARAÚJO, E. Escrito para a eternidade. A literatura no Egito faraônico. Brasília: UnB, 2000.</p><p>ARRUDA, J. J. A. História antiga e medieval. 16. ed. São Paulo: Editora Ática, 1993.</p><p>BASTOS, S. O paraíso é no Piauí. A descoberta da arqueóloga Niède Guidon. Rio de</p><p>Janeiro: Família Bastos, 2010.</p><p>BERUTTI; FARIA; MARQUES. História moderna através de textos. São Paulo. Editora</p><p>Contexto, 2001.</p><p>BETTENCOURT, A. M. S. A Pré-História do Minho: do Neolítico à Idade do Bronze. In:</p><p>PEREIRA, P. (Coord.). Minho: Traços de Identidade. Braga: Universidade de Minho, 2009.</p><p>p. 70-118. Disponível em: https://repositorium.sdum.uminho.pt/handle/1822/16902. Acesso</p><p>em: 17 jun. 2020.</p><p>BINI, E. Meditações – Marco Aurélio. São Paulo: Edipro, 2019.</p><p>BLOCH, R. Os etruscos. Lisboa: Verbo, 1970.</p><p>BRAUDEL, F. Escritos sobre História. Editora: Perspectiva; 1964. Edição: 3ª (4 de julho de</p><p>2019).</p><p>CARDOSO, C. F. S. A cidade-estado antiga. São Paulo: Ática, 1986.</p><p>DOBERSTEIN, A. W. O Egito antigo. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2010. Disponível em: http://</p><p>www.pucrs.br/edipucrs/oegitoantigo.pdf.</p><p>EYLER, F. M. S. História antiga: Grécia e Roma: Formação do ocidente. Petrópolis: Vozes,</p><p>2014.</p><p>FAULKNER, R. O. Encantamento, 252 dos Textos das Pirâmides. The Ancient Egyptian</p><p>Pyramid Texts. Warminster: Arris & Phillips, 1969.</p><p>FINLEY, M. I. Uso e abuso da história. São Paulo: Martins Fontes, 1985.</p><p>88UNIDADE IV Roma Antiga</p><p>FUNARI, P. P. A Antiguidade Clássica, História e cultura a partir dos documentos. Campinas:</p><p>Editora da Unicamp, 1995.</p><p>FUNARI, P. P. Grécia e Roma. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2002.</p><p>GONÇALVES, V. S. Manifestações do sagrado na Pré-História do Ocidente peninsular: 4.</p><p>A “síndrome das placas loucas”. Revista Portuguesa de Arqueologia, n. 6, v. 1, p. 131-157,</p><p>2003.</p><p>GRALHA, J. Deuses, faraó e o poder. Legitimidade e imagem do deus dinástico e do mo-</p><p>narca no Antigo Egito – 1550 a.C.-1070 a.C. Rio de Janeiro: Barroso Produções Editoriais,</p><p>2002.</p><p>GUARINELLO, N. L. História Antiga. São Paulo: contexto, 2013</p><p>GUARINELLO, N. L. Uma morfologia da História: as formas da História Antiga. Politeia:</p><p>História e Sociedade, Vitoria da Conquista, v. 3, n. 1, 2003, p. 41-61.</p><p>KEMP, B. Old Kingdom, Middle Kingdom and Second Intermediate Period c. 2686-1552</p><p>b.C. In: TRIGGER, B.; KEMP, B.; O’CONNOR, D.; LLOYD, A. Ancient Egypt: a social history.</p><p>Cambridge: Cambridge University Press, 2003.</p><p>KRIWACZEC, P. Babilônia: a Mesopotâmia e o nascimento da civilização. Rio de Janeiro:</p><p>Zahar, 2018.</p><p>LEAKEY, R. E. A origem da espécie humana. Rio de Janeiro: Rocco, 1995.</p><p>MÁLEK, J. The Old Kingdom (c.2686-2160 BC). In: SHAW, I. The Oxford History of Ancient</p><p>Egypt. New York: Oxford University Press, 2003.</p><p>MENDES, N. M. Roma republicana. São Paulo: Ática, 1988.</p><p>PÉREZ-SEOANE, M. M. Análisis artístico de las pinturas rupestres del gran techo de la</p><p>cueva de altamira: materiales y técnicas: comparación con otras muestras de arte rupestre.</p><p>Madrid: Universidad Complutense de Madrid, 1988.</p><p>PINSK, J. 100 textos de história antiga. 10 ed. São Paulo: Contexto, 2012.</p><p>89UNIDADE IV Roma Antiga</p><p>PINSK, J. As primeiras civilizações. 25. ed. São Paulo: Contexto, 2011.</p><p>REDFIELD, J. O homem e a vida doméstica. In: VERNANT, Jean-Pierre. (org.) O homem</p><p>grego. Lisboa: Presença, 1994.</p><p>SILVA, L. P. da. Antiguidade clássica: grécia, roma e seus reflexos nos dias atuais. Curitiba:</p><p>Intersaberes, 2017.</p><p>SILVA, N. O. da. Os mitos de Espártaco. 2018. 171 f. Tese (Doutorado em História) - Ponti-</p><p>fícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2018.</p><p>SIN-LEQI-UNNINNI. Epopeia de Gilgámesh. São Paulo. Editora: Autêntica, 2017.</p><p>VICENTINO, D. História para o Ensino Médio. São Paulo: Scipione, 2001.</p><p>90</p><p>CONCLUSÃO GERAL</p><p>Prezado(a) aluno(a),</p><p>Chegamos ao final de nosso estudo. No decorrer deste, contemplamos diversas</p><p>temáticas sobre as mais remotas civilizações da antiguidade e, para que isso ocorresse,</p><p>busquei a introdução histórica, abordando alguns conceitos que norteiam o estudo da</p><p>história. Você consegue se lembrar? Espero que nesse momento do processo de ensino/</p><p>aprendizagem você esteja encantado(a) e fascinado(a), conhecendo o tempo e a história,</p><p>o tempo cronológico e também os calendários lunares e solares. Se lembra qual é o nosso</p><p>calendário? Espero que sim.</p><p>Que bom foi conhecer a divisão eurocêntrica da história, partindo da pré-história,</p><p>em que abordamos o surgimento do homem moderno, seu conceito e produções durante o</p><p>tempo, passamos pelos períodos do Paleolítico, Neolítico e Idade dos metais.</p><p>Destacamos na Unidade II duas grandes civilizações, começando pela mesopo-</p><p>tâmica e seu legado histórico. Entendemos seu desenvolvimento, sua experiência que vai</p><p>transformar nosso presente, que é a primeira escrita conhecida na história, a escrita “cunei-</p><p>forme”, além do primeiro código de leis escrito, ou seja, o código de Hamurabi, baseado na</p><p>lei do talião (olho por olho e dente por dente).</p><p>Conhecemos também a importância dos rios Tigre, Eufrates e Nilo, e várias</p><p>outras civilizações que cresceram em suas margens, civilizações hidráulicas, ou seja,</p><p>dependentes dos rios.</p><p>Apresentei o Egito antigo com todas suas maravilhas históricas e sua organização,</p><p>conhecemos sua divisão histórica, começando pelo antigo império, médio e novo império.</p><p>Demonstrei também o seu legado relacionando o ontem e o hoje.</p><p>Na Unidade III presenciamos a importância dos poemas da Ilíada e da Odisseia</p><p>como fonte histórica, apresentando a cultura grega deixada ao longo do tempo. Vale res-</p><p>saltar que entendemos a origem da civilização cretense, passando pela lenda do Minotauro</p><p>e do rei Minos, conhecendo um pouco sobre a civilização Micênica e, por fim, chegamos</p><p>à</p><p>primeira diáspora, dispersão dos gregos pelo mundo. Passamos pelas grandes cidades-es-</p><p>tados gregas, conhecendo um pouco sobre Esparta e Atenas, compreendendo a educação</p><p>91</p><p>militar de uma e toda política da outra. Conhecemos os principais legisladores e suas ideias</p><p>que norteiam nosso código de leis na atualidade. Você se lembra? Apontamos também as</p><p>Guerras Médicas, dos Medos, dos temíveis Persas e a guerra interna do Peloponeso.</p><p>A Unidade IV foi uma jornada pela Roma antiga. Apresentei os períodos que a</p><p>formaram, desde a Monarquia romana, passando pela República e concluindo com o Im-</p><p>pério, ou seja, nossa viagem parte do início, auge e decadência de Roma. Passamos pelas</p><p>origens lendárias e históricas de Roma, você se lembra dos irmãos Rômulo e Remo?</p><p>Deciframos a divisão de classes em Roma e a origem do poder da República Romana</p><p>que é o berço de nossa civilização. Você conheceu o conflito que ameaçou a unidade romana</p><p>contra Cartago, uma guerra cheia de táticas inovadores e surpreendentes para a história. Vale</p><p>ressaltar que terminamos nossos estudos através do Império romano até sua decadência.</p><p>Por fim, desejo que este material tenha sido de grande aproveitamento em seu</p><p>estudo e que tenha ajudado a fortalecer seu desenvolvimento educacional e entender tudo</p><p>que nos cerca em relação à sociedade e à cultura, além da relação do ontem e do hoje.</p><p>A partir de agora acredito que você já está preparado(a) para seguir em frente,</p><p>desenvolvendo ainda mais suas habilidades históricas. Te desejo todo o sucesso do mundo</p><p>em seu futuro próximo e que possa realizar a diferença na história.</p><p>Até uma próxima oportunidade.</p><p>Muito obrigado!</p><p>+55 (44) 3045 9898</p><p>Rua Getúlio Vargas, 333 - Centro</p><p>CEP 87.702-200 - Paranavaí - PR</p><p>www.unifatecie.edu.br/editora-edufatecie</p><p>edufatecie@fatecie.edu.br</p><p>EduFatecie</p><p>E D I T O R A</p><p>o calendário Juliano e o con-</p><p>cílio de Niceia, que é a base para o calendário gregoriano, cristão.</p><p>Outros historiadores assumem a questão do tempo de maneira variada, por exemplo</p><p>o historiador Fernand Braudel (1969) afirmou que a pesquisa histórica deveria ser adaptada</p><p>ao tempo histórico. Deve-se classificar como tempo de curta, média e longa duração, ou</p><p>seja, curta duração são eventos históricos que duram anos, média duração, em torno de um</p><p>século, enquanto longa duração, tempo maior que um século.</p><p>Por fim, alguns historiadores fazem a divisão do tempo através de rupturas históricas</p><p>e classificam a história em Pré-história, Idade antiga, Idade média, Idade moderna e Idade</p><p>contemporânea, cada um com um marco de ruptura. Vale ressaltar que nossa disciplina vai</p><p>abordar a Pré-história e a Idade antiga.</p><p>Você pode estar se perguntando quais são as rupturas de cada período histórico,</p><p>por isso vamos apresentar cada ponto com sua ruptura na tabela a seguir.</p><p>TABELA 1 - DIVISÃO DO TEMPO E HISTÓRIA</p><p>Início Término</p><p>PRÉ- HISTÓRIA Surgimento do homem</p><p>moderno.</p><p>Invenção da escrita.</p><p>IDADE ANTIGA Invenção da escrita. Queda do império</p><p>romano.</p><p>IDADE MÉDIA Queda do império</p><p>romano.</p><p>Queda de</p><p>Constantinopla.</p><p>IDADE MODERNA Queda de</p><p>Constantinopla.</p><p>Revolução francesa.</p><p>IDADE CONTEMPORÂNEA Revolução francesa. Atualidade.</p><p>Fonte: o autor.</p><p>Com o apoio demonstrativo da Tabela 1, podemos afirmar que a Pré-história</p><p>começa a ser contada a partir da evolução do homem segundo Darwin. Tem início com</p><p>o surgimento do homem moderno ou das cavernas e vai até o aparecimento da escrita,</p><p>iniciando a história antiga. Assim, podemos entrar, de fato, no nosso conteúdo de história</p><p>antiga, pois até agora estávamos estudando conceitos e definições de história.</p><p>9UNIDADE I História Antiga</p><p>Que tal começarmos com a ideia de história antiga? Agora você vai conhecer o</p><p>conceito da “criação do antigo” que surgiu no século XII. Vale destacar que não havia uma</p><p>disciplina a ser estudada e sim o que podemos chamar de noção de herança. Essa ideia de</p><p>antigo passa a se desenvolver organizando e reconstruindo a história, reconstruindo o que</p><p>chamamos de memória.</p><p>Nos séculos XV e XVI, já se falava no estudo da história antiga, assim como Gua-</p><p>rinello (2003, p. 51) nos afirma:</p><p>A ideia da existência de uma História antiga foi desenvolvida por pensado-</p><p>res do Renascimento [...]. Pressupunha, ao mesmo tempo, uma ruptura e</p><p>uma recuperação, religiosa e cultural, entre dois mundos. Uma ruptura que</p><p>dava um certo sentido à História, como recuperação de algo perdido, como</p><p>a restauração de um laço que tinha sido rompido durante a assim chamada</p><p>História do Meio, a História Medieval. Deste modo, associava seu mundo</p><p>contemporâneo, a Europa dos séculos XV-XVI, com um certo passado. Para</p><p>eles, era a História Antiga do seu mundo.</p><p>Já nos séculos XVII e XVIII temos a criação da disciplina de história antiga e o desen-</p><p>volvimento proposto pelo iluminismo. Somente no século XIX temos um olhar mais apurado</p><p>a História Antiga, pois esta recebe influências das ciências sociais em si e da própria arqueo-</p><p>logia. Com isso, temos uma absorção maior pela sociedade, pela família e pelo indivíduo,</p><p>tornando-a mais acessível a diferentes culturas que passaram e entender e compreender</p><p>melhor a influência do “antigo” em sua vida e seu desenvolvimento social. A história antiga se</p><p>torna uma espécie de memória social, essencial para as sociedades modernas.</p><p>Assim, vamos dar partida na viagem pela história antiga. Preparado(a)?</p><p>10UNIDADE I História Antiga</p><p>2. A PRÉ-HISTÓRIA</p><p>Para que você comece a se interessar pela pré-história, temos que retornar às pá-</p><p>ginas anteriores e à tabela, entendendo que utilizamos esse termo para designar o período</p><p>que se estende desde o aparecimento do homem moderno na Terra até a invenção da</p><p>escrita. Assim, começamos a identificar alguns equívocos da história, pois quando falamos</p><p>em escrita parece que estamos falando de uma coisa uniforme, perfeita e, na realidade,</p><p>isso não ocorreu. A escrita não apareceu de forma igual em diferentes locais, em diferentes</p><p>civilizações. Para que você entenda melhor, é só comparar a pré-história europeia e a</p><p>americana. Você perceberá enormes diferenças!</p><p>No entanto faremos uma abordagem tradicional, ou seja, começaremos através</p><p>da abordagem do surgimento do homem, até a escrita. Vale ressaltar que iniciamos desde</p><p>sua interpretação de mundo, descobertas e soluções, até a agricultura e a sedentarização</p><p>humana, o surgimento de estratificação social, entre outros.</p><p>Vamos começar nosso estudo sobre a pré-história delimitando nossa área de</p><p>abordagem, pois precisamos compreender o tempo cronológico das páginas anteriores e</p><p>parágrafo anterior. Como assim, tempo cronológico? Do surgimento do homem ao apare-</p><p>cimento da escrita.</p><p>Mas que tal começarmos com uma pergunta simples: o que se entende por homem?</p><p>O que é o homem? Sabemos que o homem ou a espécie humana é uma evolução de longo</p><p>período, que nos remete aos mamíferos e, posteriormente, aos primatas. Vale ressaltar</p><p>11UNIDADE I História Antiga</p><p>que utilizaremos a questão evolutiva de Charles Darwin e peço, por gentileza, que, em</p><p>nossos estudos, seja abandonado qualquer conceito de teor religioso, pois abordaremos</p><p>somente o científico. Vale apontar ainda que para que não ocorra um conflito interpessoal,</p><p>partiremos da espécie humana conhecida como homo sapiens/sapiens, pois aqui temos o</p><p>desenvolvimento humano e pré-histórico.</p><p>Você já parou pra pensar que, nesse período, o homem convivia com animais muito</p><p>maiores que ele, mais rápidos, mais agressivos e mais fortes? E que nesse tempo o homem</p><p>utilizava de sua habilidade de adaptação para produzir uma força que vai além do corpo</p><p>humano, ou seja, tudo que pudesse produzir para superar seus inimigos mais fortes, como</p><p>armas, ferramentas, utensílios e tudo que pudesse ajudá-lo nesse processo? Para que isso</p><p>ocorresse, o homem necessitou de capacidade mental, que, de acordo com estudiosos,</p><p>ainda temos de sobra, e, principalmente, mãos e a postura ereta.</p><p>O homem sapiens/sapiens passou a se destacar, aperfeiçoando suas habilidades</p><p>mentais, físicas, motoras e se sobressaindo aos animais existentes no período; mas sem</p><p>desprezar os antigos hominídeos, que também possuíam algumas capacidades semelhan-</p><p>tes ao homo sapiens/sapiens.</p><p>Agora vamos refletir um pouco se o homem vai conquistar essa destreza automati-</p><p>camente ou se vai evoluindo e transformando seu meio ambiente.</p><p>A pré-história é algo fascinante, pois através deste estudo conseguimos compreen-</p><p>der a evolução humana ou a evolução histórica do homem em si e em sociedade. Vale</p><p>ressaltar que a pré-história ocupa um espaço extremamente longo na história em relação</p><p>ao tempo cronológico. Trabalhamos toda a pré-história em um único período, mas dividido</p><p>em fases, para que possamos nos situar nos diferentes níveis da evolução cultural humana.</p><p>Nesse momento iremos atuar observando essa divisão e nos colocando no processo de ab-</p><p>sorção dos termos Paleolítico e Neolítico. Tomaremos como base determinante de estudo</p><p>o grau de elaboração dos objetos, instrumentos, utilizados pelo hominídeo e sua evolução.</p><p>2.1 O Paleolítico</p><p>Caro(a) aluno(a), nosso estudo dará continuidade ao conhecimento do primeiro</p><p>período da pré-história, o chamado Paleolítico ou também conhecido como Idade da Pedra</p><p>Lascada. Esse período da história é o momento em que homem dá seus primeiros passos</p><p>ao desenvolvimento, pois se encontra no estágio mais primitivo de organização social, mas</p><p>já aparece com o homem Neandertal.</p><p>12UNIDADE I História Antiga</p><p>Esse período vai até a descoberta da agricultura, ou seja, o Paleolítico é o período</p><p>anterior ao aparecimento da agricultura, quando o homem vivia basicamente do que a natureza</p><p>podia lhe oferecer. Assim, o homem é simplesmente o coletor e não um produtor de alimentos.</p><p>Vale ressaltar que as comunidades humanas se alimentavam além da coleta de</p><p>alimentos, da</p><p>caça e da pesca, que fornecia a proteína necessária para o desenvolvimento humano.</p><p>O homem passou a desenvolver objetos para caça e pesca, pois o hominídeo era</p><p>muito frágil em relação a tudo que o cercava e isso fez com que os homens se agrupassem</p><p>com outros de sua espécie para uma melhor proteção e fortalecimento da caça. Mas você</p><p>pode se perguntar: quais são os elementos para o vínculo humano? Como eles se uniam?</p><p>Para responder essas perguntas, os historiadores colocam a forma mais primitiva e ele-</p><p>mentar de vínculos, ou seja, os laços sanguíneos. Assim, podemos entender a formação</p><p>da maior parte das comunidades paleolíticas, que, por sua vez, se apresentava no formato</p><p>familiar, gerando o que iremos chamar de clãs, gens ou tribos.</p><p>Depois de conhecermos algumas características comuns no paleolítico, damos</p><p>seguimento a uma particularidade muito importante para o desenvolvimento do período,</p><p>que é a questão da aquisição de recursos gerados pela natureza. Vale destacar que o</p><p>homem era incapaz de repor esse alimento coletado e caçado em seu ambiente, pro-</p><p>movendo, assim, o que chamamos de nomadismo, que nada mais é que a mudança</p><p>constante de lugar. Os homens não tinham uma habitação fixa e ficavam procurando</p><p>sempre o melhor ambiente para seu grupo.</p><p>Será que existia a divisão sexual do trabalho nesse período? Com certeza não,</p><p>tanto homens quanto mulheres eram responsáveis por adquirir alimentos. No entanto, os</p><p>homens se distanciavam mais do acampamento em busca da caça, enquanto as mulheres</p><p>geralmente permaneciam nas proximidades, coletando frutas, raízes, grãos e defendendo</p><p>o acampamento de ataques de animais. Podemos perceber isso na afirmação de Leakey</p><p>(1995, p. 120):</p><p>Na maioria das sociedades de caçadores-coletores que os antropólogos es-</p><p>tudaram, há uma clara divisão de trabalho, com os machos responsáveis</p><p>pela caça e as fêmeas pela coleta de alimentos de origem vegetal. O acam-</p><p>pamento é um lugar de intensa interação social, e o lugar onde a comida é</p><p>partilhada; quando há carne vermelha disponível, esta partilha muitas vezes</p><p>envolve um ritual elaborado, governado por regras sociais estritas (LEAKEY,</p><p>1995, p. 120).</p><p>Ainda sobre a divisão do trabalho, Leakey (1995, p. 146) afirma que,</p><p>13UNIDADE I História Antiga</p><p>Mais cedo, antes do nascer do Sol, quatro machos adultos do grupo haviam</p><p>partido em busca de carne. O papel das fêmeas é coletar alimentos vegetais,</p><p>que todos percebem ser o principal produto econômico em suas vidas. Os</p><p>machos caçam, as fêmeas coletam; é um sistema que funciona espetacu-</p><p>larmente bem para o nosso grupo e por tanto tempo quanto qualquer um é</p><p>capaz de lembrar-se.</p><p>Com as constantes mudanças para a obtenção de alimentos, os homens passa-</p><p>ram a se preocupar cada vez mais com seu grupo. A temperatura baixa os obrigava a se</p><p>recolher em cavernas e, assim, temos a chamada domesticação do fogo. Este permitiu</p><p>ao homem uma maior habilidade de defesa, aquecimento, alimentação e iluminação. Vale</p><p>ressaltar que existem alguns estudos recentes, como o dos pesquisadores Wil Roebroeks,</p><p>da Universidade de Leiden na Holanda, e Paola Villa, curadora do museu da Universidade</p><p>do Colorado, apontam o domínio, de fato, do fogo somente no período Neolítico. Entretanto</p><p>não desmentem estudos históricos do primeiro grupo de historiadores que apontam, atra-</p><p>vés da arqueologia, o domínio do fogo com o atrito das pedras. Vale destacar ainda que o</p><p>fogo trouxe um bem-estar biológico, pois, com ele, os alimentos eram cozidos e, com isso,</p><p>ficavam mais brandos para mastigação e de melhor digestão.</p><p>Mesmo com a vida difícil no período, o homem precisava de um território gerador</p><p>de sustento para sua sobrevivência. Isso fez com que os grupos humanos utilizassem as</p><p>terras na coletividade, sem estabelecer o vínculo de posse da terra, ou seja, proprietários</p><p>e não proprietários. Vale ressaltar que isso demonstra outra característica do paleolítico: a</p><p>ausência de classes sociais, em que os indivíduos viviam de forma igualitária em relação à</p><p>apropriação das riquezas.</p><p>Outra característica importante do paleolítico é o início do desenvolvimento de uma</p><p>linguagem oral, pois o homem necessitava de diálogo para a articulação e execução da</p><p>caça. Vale ressaltar que essa comunicação não foi como conhecemos hoje, e não foi em um</p><p>único lugar. Ela se desenvolveu por muito tempo, talvez por milhares de anos. Destacando</p><p>ainda que a comunicação foi um importante instrumento para transmissão de experiências</p><p>e conhecimento entre as gerações humanas.</p><p>Com isso temos outras características da cultura humana, como as alianças entre</p><p>homens para sua sobrevivência, até mesmo o início de rituais mágicos, que demonstraram</p><p>o aparecimento de uma espiritualidade, uma religiosidade.</p><p>As mulheres também apreciam nas pinturas rupestres, muitas vezes ocupando</p><p>lugar de destaque, como as apontadas pela Fundação Museu do Homem Americano (FUM-</p><p>DHAM), no sítio arqueológico em São Raimundo Nonato no Piauí. Além da religiosidade,</p><p>apresenta a presença do feminino no período.</p><p>14UNIDADE I História Antiga</p><p>Nas pinturas rupestres do Parque Nacional Serra da Capivara, existem cenas</p><p>rupestres de “mulheres” aparentando gravidez, em posições de parto, parecen-</p><p>do amamentar ou em relações de sexo. Existem também as cenas de danças</p><p>que podem ser remetidas a coparticipação das mulheres juntamente aos ho-</p><p>mens, visto que as cenas de dança, em sua maioria, não apresentam as geni-</p><p>tálias dos partícipes. Há ainda indícios etnológicos de que algumas cenas de</p><p>humanos dançando são representações das mulheres indígenas em um ritual</p><p>e ou cerimonial, como se faz ainda hoje (BASTOS, 2010, p. 64-65).</p><p>As pinturas nas cavernas, realizadas nesse período, foram conhecidas como pin-</p><p>turas rupestres, que são, na verdade, representações do cotidiano, da religiosidade na</p><p>pré-história. Eram aplicadas nas paredes, nos tetos das cavernas ou abrigos humanos</p><p>desse período.</p><p>A pesquisadora Matilde Muzquiz Pérez-Seoane, em sua tese de doutorado, publi-</p><p>cada em 1988, na Universidade de Complutense de Madri, apresentou estudos sobre as</p><p>pinturas rupestres encontradas nas cavernas de Altamira na Espanha, que remontam o</p><p>cotidiano pré-histórico, como caçadas e danças; também apresenta na tese os pigmentos</p><p>utilizados nas paredes das cavernas.</p><p>Outro exemplo a ser apresentado é a imagem da Vênus de Willendorf, relaciona a</p><p>religiosidade. Através dessa imagem, que traz a fertilidade da mulher associada à fertilidade</p><p>da terra. Vale ressaltar que, essa imagem foi produzida, com detalhamento, uma mulher e</p><p>a fertilidade da gravidez humana, para celebrar a fertilidade, o alimento, a terra. Com isso,</p><p>podemos afirmar a postura mística do homem nesse período.</p><p>Sabemos que nosso planeta já passou por enormes transformações e degelos de</p><p>eras glaciais, obrigando o homem a fazer intensas migrações em busca de alimentos. Vale</p><p>ressaltar que, mesmo com essas mudanças, o homem pré-histórico passou a desenvolver</p><p>cada vez mais instrumentos para regrar e melhorar sua vida. O homem buscou intenso</p><p>melhoramento dos instrumentos que utilizava para adquirir alimentos.</p><p>Com toda a evolução dos instrumentos de trabalho na pré-história, temos o cres-</p><p>cimento de grandes agrupamentos humanos nessa região, que passaram a ser aldeias e</p><p>comunidades em si, com o início de estruturas sociais e promovendo o próximo período,</p><p>que chamamos de Neolítico.</p><p>2.2 O Neolítico</p><p>O marco inicial para o Neolítico é a criação, pelo homem, da agricultura e da</p><p>domesticação de animais, pois o homem passa a produzir seu próprio alimento, transfor-</p><p>mando a natureza.</p><p>15UNIDADE I História Antiga</p><p>Para começar nossos estudos desse período, vamos tentar trazer à mente a impor-</p><p>tância da criação da agricultura, pois o homem deixa de ser nômade, mudando constante-</p><p>mente de lugar, passando à sedentarização, principalmente em regiões ribeirinhas, ou seja,</p><p>às margens de rios e obtendo, assim, um</p><p>controle maior da produção e do bem estar humano.</p><p>Outro ponto a ser discutido é a sedentarização ribeirinha. No período neolítico essa</p><p>é a preocupação humana que passa a dominar o ambiente, controlando os benefícios e os</p><p>problemas dos rios, ou seja, as cheias que poderiam destruir as plantações, até os canais</p><p>de irrigação que poderiam levar água até as plantações.</p><p>Assim, os homens passaram a desenvolver obras hidráulicas, e a observar e estudar</p><p>a natureza, entendendo que existiam períodos de cheias e de secas, escolhendo, assim, a</p><p>melhor época para o plantio. Assim, o homem começou a desenvolver calendários através</p><p>de suas observações aos astros, e a criação de técnicas de cálculos, desenvolvendo cada</p><p>vez mais a agricultura.</p><p>As inovações foram surgindo, o homem foi se aprimorando, a população aumen-</p><p>tando e todo aquele antigo sistema de aldeias, comunidades sem estratificação social, foi</p><p>sendo superado. Surgiu, então, a necessidade de criar algo que suportasse as grandes</p><p>aglomerações humanas. Dessa forma, temos o que chamamos de revolução urbana, ou</p><p>seja, as primeiras civilizações.</p><p>Uma característica importante da revolução urbana é o surgimento de algumas ne-</p><p>cessidades, como instrumentos de trabalho com maior desenvolvimento, exigindo dos ho-</p><p>mens uma certa especialização para a criação e manuseio desses objetos. Nasce também</p><p>a necessidade de proteção do que foi criado, pois temos uma disputa entre os homens pela</p><p>posse das terras férteis, promovendo a criação de uma defesa armada – grupos armados</p><p>e prontos a cederem a vida pelo seu território.</p><p>Vale ressaltar que, com esse desenvolvimento forçado, tivemos o início de divisão</p><p>de classes sociais dentro desses aglomerados humanos. No entanto, o mais importante</p><p>desse desenvolvimento técnico e forçado foi o aumento na produção de alimentos, gerando</p><p>um excedente alimentício que não servia mais só para sua subsistência e sim para contatos</p><p>com outros aglomerados humanos.</p><p>A produção desse excedente alimentar fez com que nascesse a necessidade de</p><p>uma nova liderança, que pudesse administrar a vida em comunidade e soubesse gerir esse</p><p>alimento. Quem pode governar? O que precisaria ter ou ser para governar? A resposta</p><p>está ligada à religiosidade pré-histórica, pois o homem utilizou-se de explicações físicas e</p><p>naturais para aliar-se ao sobrenatural e dominar-se entre si.</p><p>16UNIDADE I História Antiga</p><p>As lideranças das comunidades neolíticas estiveram ligadas diretamente à religiosi-</p><p>dade e ao poder divino. Vale destacar que muitos historiadores apontaram que o mesmo lugar</p><p>que seria um templo religioso também era usado para armazenar alimentos nesse período.</p><p>Só como caráter de imaginação, podemos até visualizar os indivíduos do neolítico gritando:</p><p>“Viva os Sacerdotes! Viva a ligação que eles têm com os deuses! Viva sua liderança!”.</p><p>Assim, a camada superior no neolítico seria a dos sacerdotes, que iniciaram a ideia</p><p>de nobreza, de privilégio, de riqueza, de tudo que era superior aos homens. Assim, pode-</p><p>mos destacar, com toda veemência, que não se trata de uma simples divisão do trabalho</p><p>humano e sim de uma grande estratificação social, com níveis superiores e níveis inferiores.</p><p>Já o final do período neolítico (palavra derivada do grego, em que néos significa novo</p><p>e lithicos significa pedra), a agricultura foi a base da revolução urbana. Temos o que cha-</p><p>mamos de idade dos metais, período marcado pela intensificação do uso dos metais, como</p><p>cobre, bronze e ferro. As técnicas de fundição de metais, em que se derretia e misturava</p><p>uns com os outros, fizeram com que os produtos ficassem cada vez mais fortes, pois temos</p><p>produção de instrumentos de trabalho e principalmente de armas potentes que fortaleceram</p><p>o poder da elite, que tinha acesso aos metais e o controle de distribuição de alimentos.</p><p>Temos, então, o domínio baseado na força militar, com metais em suas armas, so-</p><p>mada com o poder religioso, tudo ligado à uma pequena parte da sociedade. Vale ressaltar</p><p>que alguns historiadores colocam aqui a ideia de criação de estado e sociedade, nascendo,</p><p>até mesmo, com alguns impérios.</p><p>Com tanto desenvolvimento, seja alimentício, militar ou social, surge a necessidade</p><p>de se controlar cada vez mais o que era produzido com o que era consumido, sobrando o</p><p>que chamamos de excedente. Parece matemática e é matemática pura!</p><p>Mas como controlar isso com tanta gente envolvida? Como se comunicar com os</p><p>outros? Para que houvesse harmonia nessa conta matemática e administrativa, foram cria-</p><p>das, entre 4.000 e 3.000 a.C., marcas, sinais como fruta, grão, para sinalizar ou referir-se</p><p>a diversos produtos comercializados. Esse foi o primeiro passo para criação da escrita,</p><p>que, além da utilização dos metais, fez com que mudasse muito a relação entre todos os</p><p>homens, ou seja, a invenção da escrita mudou as relações humanas.</p><p>Enfim, para melhor fixação do conteúdo, gostaria que observasse a tabela da cro-</p><p>nologia geral, apresentada a seguir.</p><p>17UNIDADE I História Antiga</p><p>TABELA 2 - CRONOLOGIA GERAL DA PRÉ-HISTÓRIA</p><p>PERÍODOS CARACTERÍSTICAS SOCIEDADES</p><p>Paleolítico Coup de poing (Machado manual</p><p>sem cabo).</p><p>Coup de poing</p><p>(aperfeiçoamento).</p><p>Ossos utilizados para confecção</p><p>de objetos.</p><p>Nascimento da arte: Arte</p><p>rupestre.</p><p>Início de uma religiosidade.</p><p>Pequenas esculturas (Vênus de</p><p>Willendorf).</p><p>Sociedade Comunitária.</p><p>Nascimento da família.</p><p>Domínio do fogo.</p><p>Rituais funerários.</p><p>Famílias, Clãs.</p><p>Redução do nomadismo.</p><p>Aparecimento e linguagem.</p><p>Neolítico Agricultura.</p><p>Domesticação de animais.</p><p>Teares Simples.</p><p>Cerâmicas.</p><p>Formação de consciência em</p><p>grupos.</p><p>Vida humana organizada em</p><p>aldeias.</p><p>Sedentarismo.</p><p>Idade dos</p><p>Metais</p><p>Utilização do cobre, bronze e</p><p>ferro.</p><p>Desenvolvimento da agricultura.</p><p>Escrita.</p><p>Vida urbana.</p><p>Sociedade estratificada.</p><p>Surgimento de estado e religião.</p><p>Fonte: o autor.</p><p>18UNIDADE I História Antiga</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Que tal conhecer um pouco mais sobre o sagrado na pré-história?</p><p>Manifestações do sagrado na Pré-História do Ocidente peninsular:</p><p>A “síndrome das placas loucas”</p><p>As placas de xisto gravadas do III milénio, no Centro e Sul de Portugal, são componen-</p><p>tes votivos de deposições em antas, tholoi, grutas naturais e artificiais ou mesmo em</p><p>deposições funerárias não estruturadas. Apresentam, por vezes, uma perturbação na</p><p>composição, normalmente muito regular e normalizada, dos seus motivos principais.</p><p>O autor designa essa particularidade, extremamente rara, por “síndrome das placas</p><p>loucas” e procura explicar a razão desta ruptura do conceito de simetria. Essa ruptura</p><p>regista-se em duas categorias diversas, ainda que partilhando a mesma designação: a</p><p>Variante 1 agrupa as placas em que apenas a Cabeça regista a assimetria de compo-</p><p>nentes específica de esta situação; a Variante 2 agrupa as placas cujo Corpo, resultante</p><p>de segmentação da placa ou construído com um mesmo tratamento geral dado à su-</p><p>perfície do suporte, é “decorado” assimetricamente. Esta primeira aproximação parte do</p><p>Grupo megalítico de Reguengos de Monsaraz, para um enquadramento mais geral da</p><p>questão, alargada a outros grupos megalíticos e a outras manifestações simbólicas das</p><p>antigas sociedades camponesas.</p><p>Fonte: Gonçalves (2003). Online.</p><p>REFLITA</p><p>Você já pensou como era a vida sem uma linguagem? Qual a diferença entre homens e</p><p>os animais?</p><p>Leia o texto a seguir e reflita sobre o tema.</p><p>“Ao tecer comentários sobre aqueles que defendem a singularidade da linguagem hu-</p><p>mana, a psicóloga da Universidade do Texas Kathleen Gibson escreveu recentemente:</p><p>“Embora científica em seus postulados e discussão [esta perspectiva] encaixa-se firme-</p><p>mente na longa tradição filosófica ocidental, que remonta pelo menos aos autores do</p><p>Gênesis e aos escritos de Platão e Aristóteles, que sustentam que a mentalidade e o</p><p>comportamento humanos [são] qualitativamente diferentes daqueles dos animais”.</p><p>Fonte: Leakey (1995, p.127 ).</p><p>19UNIDADE I História Antiga</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>Caro(a) acadêmico(a), chegamos ao final</p><p>dessa unidade. No decorrer dela contem-</p><p>plamos diversas temáticas sobre as mais remotas civilizações da antiguidade; isso ocorreu</p><p>através de uma introdução histórica, abordando alguns conceitos que norteiam o estudo da</p><p>história. Você consegue se lembrar? Espero que nesse momento do processo de ensino/</p><p>aprendizagem você esteja encantado(a) ou fascinado(a), sabendo um pouco sobre o tempo</p><p>e a história, o tempo cronológico e sobre os calendários lunares e solares. Se lembra qual</p><p>é o nosso calendário? Espero que sim.</p><p>Que bom foi conhecer a divisão eurocêntrica da história, partimos da pré-história</p><p>e passamos por idade antiga, idade média, idade moderna e idade contemporânea. Vale</p><p>ressaltar que nosso foco principal de estudo foi a pré-história. Na pré-história abordamos</p><p>o surgimento do homem moderno, seu conceito e produções durante o tempo, passamos</p><p>pelos períodos Paleolítico, Neolítico e Idade dos metais.</p><p>Por fim, quero agradecer você por esse tempo de estudos que passamos juntos, com</p><p>a certeza de que o conhecimento adquirido sobre alguns conceitos históricos e da pré-história</p><p>vão promover em você uma corrente de expansão desse conhecimento, pois durante o pro-</p><p>cesso foi descortinada toda beleza e riqueza desse processo de formação do homem.</p><p>Enfim, sucesso e nos vemos na próxima unidade.</p><p>Obrigado!</p><p>20UNIDADE I História Antiga</p><p>WEB</p><p>OKUMURA, M. Dardo ou flecha? Testes e reflexões sobre a tecnologia de uso</p><p>de pontas de projétil no Sudeste e Sul do Brasil durante a pré-história. Cadernos do LE-</p><p>PAARQ, v. XII, n. 24, 2015.</p><p>Disponível em:</p><p>https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/lepaarq/article/view/5623/4487</p><p>21UNIDADE I História Antiga</p><p>MATERIAL COMPLEMENTAR</p><p>LIVRO</p><p>Título: A Pré-história - Coleção Desafios</p><p>Autor: Rosicler Martins Rodrigues</p><p>Editora: Moderna</p><p>Edição: 3</p><p>Sinopse: Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos?</p><p>Essas são perguntas que os seres humanos se fazem há muito</p><p>tempo, procurando respostas na Religião, na Arte, na Filosofia e</p><p>na Ciência. Os caminhos da Ciência são recentes. Foi somente no</p><p>século XX que a interpretação dos fósseis se aliou ao estudo dos</p><p>povos primitivos e do comportamento dos chimpanzés, formando</p><p>uma história fascinante sobre as origens da espécie humana. Este</p><p>livro percorre um caminho de milhões de anos para contar essa</p><p>história. A narrativa e as ilustrações se unem para recriar a vida na</p><p>Pré-história e nos levam a reflexões que ajudam a compreender o</p><p>presente.</p><p>LIVRO 2</p><p>Título: Pré-história: uma breve introdução</p><p>Autor: Rosicler Martins Rodrigues</p><p>Editora: L&PM</p><p>Sinopse: As pessoas se definiam socialmente por meio dos obje-</p><p>tos que confeccionavam e usavam, descobrindo novas dimensões</p><p>de humanidade. A pré-história é o período em que muitas dimen-</p><p>sões foram exploradas e expandidas. O imenso escopo de tempo</p><p>em que a pré-história está inserida e, especialmente, a falta de</p><p>registros devido à ausência da escrita neste período nos leva a</p><p>formular grandes perguntas acerca do que nos torna humanos.</p><p>Mas o que há de fascinante em um tempo que remonta a 6 milhões</p><p>de anos? Escrever a pré-história é uma questão de aliar a análise</p><p>arqueológica das tecnologias e ferramentas utilizadas por nossos</p><p>antepassados à reconstrução majoritariamente imaginária de</p><p>como viviam e de que maneira evoluíram. É esse delicado equilí-</p><p>brio entre fatos e inferências que encontramos nas esclarecedoras</p><p>páginas deste volume.</p><p>22UNIDADE I História Antiga</p><p>LIVRO 3</p><p>Título: As Religiões da Pré-história</p><p>Autor: André Leroi-Gourhan</p><p>Editora: Edições 70</p><p>Edição: 1</p><p>Sinopse: Publicado pela primeira vez em 1964, numa prestigiada</p><p>coleção dirigida por Georges Dumézil, este pequeno grande livro,</p><p>do autor de O Gesto e a Palavra, continua a ser uma obra de</p><p>consulta indispensável para todos os estudiosos da Pré-história e</p><p>da Antropologia.</p><p>FILME / VÍDEO</p><p>Título: 10.000 a.C.</p><p>Ano: 2008</p><p>Diretor: Roland Emmerich</p><p>Roteirista: Roland Emmerich e Harold Kloser.</p><p>Sinopse: Num período em que homens e feras pré-históricas</p><p>lutavam pela sobrevivência na Terra, D’Leh é um jovem caçador</p><p>que lidera um exército ao longo de um vasto e perigoso deserto.</p><p>Enfrentando mamutes e tigres dente-de-sabre, ele segue caminho</p><p>rumo a uma civilização perdida para salvar sua amada Evolet das</p><p>mãos de um maligno e poderoso guerreiro determinado a possuí-</p><p>-la.</p><p>FILME / VÍDEO 2</p><p>Título: A Guerra do Fogo</p><p>Ano: 1981</p><p>Diretor: Jean-Jacques Annaud</p><p>Roteirista: Gerard Brach</p><p>Sinopse: Na pré-história, a pouco desenvolvida tribo Ulam é com-</p><p>posta por membros que se comunicam por gestos e grunhidos e</p><p>acreditam que o fogo é sobrenatural. Quando a fonte única de calor</p><p>se apaga após um ataque, três guerreiros saem numa jornada em</p><p>busca de outra chama e acabam conhecendo os Ivaka, grupo com</p><p>hábitos avançados e comunicação complexa, além de domínio da</p><p>produção do mítico fogo.</p><p>23UNIDADE I História Antiga</p><p>FILME / VÍDEO 3</p><p>Título: O Elo Perdido</p><p>Ano: 2005</p><p>Diretor: Régis Wargnier</p><p>Roteirista: Régis Wargnier</p><p>Sinopse: África central, 1870. Acompanhado por um grupo de</p><p>caçadores indígenas, o antropólogo escocês Jamie Dodd (Joseph</p><p>Fiennes) atravessa a floresta tropical à procura de uma nova espé-</p><p>cie. Ao encontrar uma tribo de pigmeus, Jamie acredita ter achado</p><p>o “elo perdido” que faria a ponte evolucionária entre o homem e o</p><p>primata. Ele captura dois pigmeus chamados Toko (Lomama Bo-</p><p>seki) e Likola (Cécile Bayiha) para apresentá-los na Academia de</p><p>Ciência de Edimburgo. A amizade que surge entre os três termina</p><p>colocando em risco a carreira do cientista.</p><p>24</p><p>Plano de Estudo:</p><p>● Estudo das Antigas Civilizações;</p><p>● A Mesopotâmia;</p><p>● O Egito Antigo.</p><p>Objetivos da Aprendizagem:</p><p>● Conhecer as antigas civilizações e sua ligação com a Mesopotâmia e o Egito;</p><p>● Conhecer a formação da Mesopotâmia;</p><p>● Conhecer os principais pontos do Egito antigo.</p><p>UNIDADE II</p><p>O Estudo das Antigas Civilizações</p><p>Professor Esp. Cleber Henrique Sanitá Kojo</p><p>25UNIDADE I História Antiga 25UNIDADE II O Estudo das Antigas Civilizações</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Seja muito bem-vindo(a)!</p><p>Prezado(a) educando(a), que bom que estamos nos encontrando em mais uma</p><p>etapa de nosso estudo. Espero que esteja cheio(a) de entusiasmo para continuar nossa</p><p>disciplina de História Antiga.</p><p>Vamos partir para uma nova viagem histórica, começando os estudos das civiliza-</p><p>ções antigas. Nesse caminho repleto de conhecimento, espero que você compreenda o</p><p>desenrolar dessas civilizações e seu desenvolvimento ribeirinho.</p><p>A partir de agora, iniciamos uma jornada pela civilização mesopotâmica e seu le-</p><p>gado histórico. Nesta unidade vamos conhecer seu desenvolvimento e a experiência que</p><p>transformou nossa história, pois iremos entender desde a primeira escrita conhecida na</p><p>história, a escrita “cuneiforme”, suas características que puderam iniciar o primeiro código</p><p>de leis escrita na história, conhecido como código de Hamurabi, baseado na lei do talião</p><p>(olho por olho e dente por dente).</p><p>Nesta unidade vamos visualizar a importância dos rios Tigre, Eufrates e Nilo, pois</p><p>várias civilizações cresceram às margens deles. Tais civilizações foram conhecidas como</p><p>civilizações hidráulicas, ou seja, dependentes dos rios e dessas águas.</p><p>Vamos entender que temos a criação de estados despóticos e burocratizados e</p><p>principalmente teocráticos que praticavam a corveia real.</p><p>Então, vamos abordar o Egito antigo com todas suas maravilhas históricas e sua</p><p>organização, conheceremos sua divisão histórica, começando pelo antigo império, médio</p><p>e novo império.</p><p>Por fim, desejo que esta unidade possa fortalecer seu desenvolvimento educacio-</p><p>nal e de compreensão dessas civilizações através do conhecimento sobre os conceitos</p><p>deixados ao longo da história.</p><p>Muito obrigado e bom estudo!</p><p>26UNIDADE I História Antiga 26UNIDADE II O Estudo das Antigas Civilizações</p><p>1. ESTUDO DAS ANTIGAS CIVILIZAÇÕES</p><p>Quando entramos no estudo da antiguidade, da história antiga, ouvimos, através do</p><p>senso comum, que é um período histórico em que conhecemos as primeiras civilizações. Vale</p><p>ressaltar</p><p>que é isso mesmo, mas não podemos colocar uma civilização superior à outra, pois</p><p>temos diferenças culturais entre esses povos e, ao mesmo tempo, caraterísticas comuns.</p><p>Geralmente, afirmamos que uma civilização ou um povo é melhor que outro e</p><p>nem nos preocupamos com essa afirmação. Vale ressaltar que desde as competências e</p><p>habilidades propostas pelo MEC, no Enem e na BNCC, deixam claro que não existe cul-</p><p>tura melhor que a outra, mas simplesmente diferenças culturais. Partindo desse princípio,</p><p>iremos demonstrar as primeiras civilizações antigas e suas características específicas de</p><p>maneira cuidadosa, como um historiador deve agir e trabalhar.</p><p>Não podemos apontar que uma civilização se desenvolveu primeiro que a outra, pois,</p><p>na maioria das primeiras civilizações, o processo de fixação no território foi simultâneo em vá-</p><p>rias regiões, isso falando do pós pré-história. A característica básica das primeiras civilizações</p><p>foi a dependência dos rios, pois a água foi fator determinante para renovação do solo, criando</p><p>nessas sociedades a necessidade da criação de grandes obras hidráulicas de irrigação e</p><p>drenagem. Com isso, poderiam produzir um excedente e estruturar seus mecanismos de</p><p>poder, tendo como base a religião, o poder no divino, assim como estudamos na unidade</p><p>anterior. Para confirmar isso, destacamos o estudioso e historiador Karl Wittfogel que pode</p><p>ser considerado um dos criadores da expressão “civilizações hidráulicas:</p><p>27UNIDADE I História Antiga 27UNIDADE II O Estudo das Antigas Civilizações</p><p>O escritor e pensador teuto-americano Karl Wittfogel cunhou a expressão</p><p>“civilizações hidráulicas” para se referir às sociedades em que a necessidade</p><p>de controlar a água requeria uma ação coletiva, estimulando, com isso, o de-</p><p>senvolvimento de uma burocracia organizadora, o que, a seu ver, levou inevi-</p><p>tavelmente ao típico domínio despótico oriental (KRIWACZEC, 2018, p. 26).</p><p>Então podemos afirmar que as primeiras civilizações surgiram às margens de gran-</p><p>des rios da região chamada de médio oriente, ou seja, as margens do rio Tigre, Eufrates e</p><p>Nilo. Assim, vamos abordar, nesse momento, alguns pontos da civilização do antigo Egito,</p><p>da Mesopotâmia, que cresceu às margens dos rios Tigre e Eufrates, e também civilizações</p><p>como a persa, hebraica e fenícia. Vale ressaltar que essa grande região onde essas civili-</p><p>zações surgiram ficou conhecida como crescente fértil.</p><p>De forma geral, essas sociedades se estruturaram através da produção asiática,</p><p>com escravidão, estruturas econômicas rigidamente fixas, prática de escrita, facilitando o</p><p>controle da produção, cobrança de impostos, entre outros.</p><p>Embora essas características fiquem expressas claramente na Mesopotâmia e no</p><p>Egito, outras civilizações próximas também se estruturaram nesse contexto com carac-</p><p>terísticas parecidas. Assim, todas as vezes que estudarmos a primeiras civilizações na</p><p>história, iremos apresentar e compreender a forma mais primitiva de organização, além dos</p><p>conceitos de cidades-estados, teocracia e modo de produção (nesse caso, o asiático).</p><p>Ao citarmos o mundo oriental, podemos apontar civilizações como a chinesa, a</p><p>indiana, os persas, os hebreus, além dos greco-romanos, ou seja, de forma rápida iremos</p><p>destacar algumas das civilizações para depois adentrarmos na Mesopotâmia e Egito antigo.</p><p>Que tal começarmos pelos Hebreus? Vamos lá. Se você já ouviu falar no cris-</p><p>tianismo, com certeza conhece algo dos hebreus, ou seja, se você ouviu falar em “bíblia</p><p>sagrada”, você já conhece algo sobre os hebreus. Pois quando utilizamos a Torá como</p><p>fonte histórica, podemos entender que os judeus surgiram, aproximadamente, nos anos</p><p>2 mil a.C. Podemos perceber também a questão da confirmação da data na afirmação de</p><p>Pinsk (2011, p. 138):</p><p>A questão da historicidade dos patriarcas tem a ver com a própria questão</p><p>de quem teria sido o primeiro hebreu, isto é, de quando poderíamos datar a</p><p>existência dos hebreus como povo. As opiniões são muitas. Ouve-se, com</p><p>frequência, a data de 2000 para Abrahão, seguido de seus descendentes.</p><p>Isso em uma região em que hoje se encontra a Síria, tiveram contato também</p><p>com os Fenícios, que são considerados os maiores comerciantes da antiguidade. Quanto</p><p>aos hebreus, podemos afirmar que eram um povo de pastores nômades, que surgiram na</p><p>Caldeia e, por não conseguirem combater os povos mesopotâmicos, iniciaram sua peregri-</p><p>nação. Antes da chegada dos hebreus, ali moravam os Filisteus, Cananeus (que deram o</p><p>28UNIDADE I História Antiga 28UNIDADE II O Estudo das Antigas Civilizações</p><p>nome de Canaã), arameus, moabitas, edomitas entre outros. Vale ressaltar que o próprio</p><p>nome hebreu provém da língua aramaica e significa “o povo do outro lado do rio”, assim,</p><p>afirmamos que são de origem mesopotâmica e migrante.</p><p>Podemos apresentar um breve resumo sobre sua divisão histórica, começando</p><p>através do período dos patriarcas, quando Abraão recebe de Iavé a promessa da terra</p><p>prometida que jorrará “leite e mel”, também conhecida como Maná. Com isso passaram</p><p>a ser monoteístas, marco diferencial dos povos existentes. Assim se desenvolveram e,</p><p>quando Abraão morreu, ocorreu uma sucessão até Jacó, também conhecido como Israel, e</p><p>esse teve 12 descendentes, originando-se as 12 tribos de Israel.</p><p>Acredita-se, através de estudos históricos na Torá judaica e na Bíblia cristã, que</p><p>vários motivos levaram esse povo a fuga da região, entre eles podemos citar invasões</p><p>estrangeiras, escassez de terras férteis, além da influência egípcia na antiguidade que</p><p>provavelmente os atraiu até lá, onde permaneceram por um longo período, como trabalha-</p><p>dores, servindo através da corveia real até o conhecido êxodo em torno de 1250 a.C.</p><p>Podemos destacar que, com o êxodo, temos fatores marcantes para essa civili-</p><p>zação, como o Decálogo (dez mandamentos), que norteou a vida dos hebreus, além de</p><p>confirmar que eram o povo escolhido por Deus e iriam receber a terra prometida.</p><p>Assim que termina o período dos patriarcas, temos a era dos juízes que vai de</p><p>1200 a.C. a 1010 a.C. Esse foi o período de guerra com os cananeus, que já possuíam</p><p>carros de guerra e armas de ferro; com essas necessidades bélicas, temos uma liderança</p><p>entre os hebreus, que foram conhecidos como juízes, entre eles podemos citar Josué,</p><p>Gideão, Sansão entre outros.</p><p>Em seguida temos o período conhecido como a era dos Reis, em que temos um</p><p>líder que assume esse papel guerreiro. O primeiro foi Saul, que não conseguiu dominar os</p><p>filisteus e nem unificar as tribos de Israel e de Judá, como podemos perceber na citação:</p><p>Com Saul, instaura-se a monarquia entre os hebreus. Mas já nessa ocasião</p><p>havia uma divisão entre as tribos do norte (Israel) e as do sul (Judá) e Saul</p><p>fracassa na tentativa de atrair Judá ao seu reino. Morre nessa tentativa fra-</p><p>cassada (PINSKI, 2011, p. 141).</p><p>Em seguida temos o rei Davi, que derrota os inimigos e amplia seu território e</p><p>unifica as tribos.</p><p>Davi tem mais sucesso. Começa organizando o pequeno reino de Judá,</p><p>constituído de hebreus da tribo de Judá e de cineus, iemareus e outros povos</p><p>não hebreus, sediados na cidade de Hebron. Bom soldado e líder carismáti-</p><p>co, Davi estende seu poderio derrotando os arqui-inimigos filisteus e conquis-</p><p>tando a cidade de Jerusalém, a qual transforma em capital do reino. Manda</p><p>construir um palácio e verifica que falta algo muito importante ao seu reino e</p><p>a Jerusalém: o prestígio religioso. Descobre, ou manda fazer, em algum local</p><p>o que afirma ser a arca da aliança e a traz, com muita pompa. Com isso, le-</p><p>gitima o seu poder “pela graça de deus”, fortalecendo-o mais e mais (PINSK,</p><p>2011, p. 142).</p><p>29UNIDADE I História Antiga 29UNIDADE II O Estudo das Antigas Civilizações</p><p>Por fim, Salomão que se beneficiou de um período de paz e enriqueceu-se explo-</p><p>rando seu território, passagem de rotas comerciais que ligavam o Egito à Mesopotâmia,</p><p>além de construir o famoso templo de Jerusalém.</p><p>Salomão foi um soldado inferior a seu pai,</p><p>Davi, mas compensou essa defi-</p><p>ciência com uma grande habilidade política. Logo que subiu ao poder, perdeu</p><p>algumas terras. Compensou-as com acordos e casamentos em que recebia</p><p>como dote cidades inteiras. Foi amigo de faraós e reis fenícios, possuiu um</p><p>enorme harém, construiu palácios e fortalezas (PINSK, 2001, p. 143).</p><p>Vale ressaltar que estamos passando brevemente por esses povos como os he-</p><p>breus, para compreender melhor a grande influência da Mesopotâmia e do Egito. Assim,</p><p>iremos parar por aqui o estudo dos hebreus, uma grande civilização que todo cristão conhece</p><p>através da maior fonte histórica do seu povo – a Bíblia sagrada –, pois o antigo testamento</p><p>do livro sagrado cristão é a Torá, ou seja, o pentateuco hebraico, sua história em si.</p><p>Vamos falar agora de um povo que era vizinho dos hebreus, os chamados fenícios.</p><p>Vale ressaltar que esse povo tinha um solo pobre e montanhoso, então os fenícios passa-</p><p>ram a buscar rotas comerciais pelo mar. Utilizando-se de seu artesanato e até mesmo com</p><p>o comércio da “púrpura”, que era extraída de um molusco comum em suas terras, o múrex.</p><p>O corante púrpura era utilizado para tingir tecidos com tons rosa e roxo, tornando-se uma</p><p>das mercadorias mais caras da antiguidade. Assim, podemos afirmar que os fenícios foram</p><p>os grandes navegadores e comerciantes da antiguidade, passando a realizar comércio com</p><p>a Mesopotâmia e com o Egito antigo.</p><p>Para concluir a citação dessa civilização em nossos estudos, vamos afirmar que</p><p>desenvolveram a matemática e a astronomia, que os ajudou muito na arte da navegação</p><p>pelas estrelas, além de criarem um alfabeto fonético com 22 letras.</p><p>Outro povo ligado a essa região foi o Persa, que se situava ao leste da Mesopotâmia,</p><p>um território que necessitou de complexas obras de irrigação. Foi composto pelo reino dos</p><p>“Medos” e reino do Persas. Foi sob o dominio de Ciro I que os persas se unificaram politica-</p><p>mente, mas seu auge foi no reinado de Dario I com evolução das cidades de Susa, Persópolis</p><p>e Passárgada, terras onde possuía os fiéis considerados os “olhos e ouvidos” do rei, pois</p><p>eram extremamente fiéis. Povo esse também importante nas relações mesopotâmicas.</p><p>Agora vamos entrar na civilização que se destacou nesse período, a grande Meso-</p><p>potâmia. Pronto(a) para nossa viagem?</p><p>30UNIDADE I História Antiga 30UNIDADE II O Estudo das Antigas Civilizações</p><p>2. A MESOPOTÂMIA</p><p>Para falar da Mesopotâmia, temos que argumentar que ela foi composta por várias</p><p>civilizações que se sucedem na região e ficaram conhecidas como civilizações mesopo-</p><p>tâmicas; situavam-se onde, hoje, é o atual Iraque. Recebeu esse nome justamente por</p><p>ficar entre os rios Tigre e Eufrates, ou seja, Mesopotâmia significa terra entre rios. Vale</p><p>ressaltar que essa civilização foi basicamente o berço das primeiras civilizações do antigo</p><p>oriente, abrangendo uma extensa região que passa pelo Irã, Síria e pelo golfo pérsico.</p><p>A Mesopotâmia se difere do Egito pela relação com os rios, pois se o Nilo tem</p><p>cheias altamente regulares, a Mesopotâmia é extremamente desuniforme, obrigando uma</p><p>ação bem mais intensa e complexa em relação ao domínio dos rios através da irrigação.</p><p>Assim, partimos de uma divisão geográfica da Mesopotâmia, classificando-a</p><p>como Alta Mesopotâmia e Baixa Mesopotâmia. A Alta Mesopotâmia era formada por</p><p>terras com muitas montanhas e menos férteis. Já a Baixa Mesopotâmia era formada por</p><p>terras compostas por planícies, possuía solos em que ocorria transporte de minerais,</p><p>extremamente férteis, com uma grande quantidade de água, promovendo em seus ha-</p><p>bitantes a obrigatoriedade da criação de canais de irrigação e drenagem. Vale ressaltar</p><p>que esse domínio do território foi um dos fatores para seu desenvolvimento precoce e de</p><p>grande densidade demográfica.</p><p>31UNIDADE I História Antiga 31UNIDADE II O Estudo das Antigas Civilizações</p><p>Destacamos ainda que a Baixa Mesopotâmia não tinha uma questão bem definida</p><p>em relação à precipitação das chuvas, e isso provocava inundações; as cheias de seus rios</p><p>eram irregulares, necessitando de grandes obras hidráulicas, esse desarranjo climático</p><p>levou os primeiros povos mesopotâmicos, como os sumérios, a deixarem escritos com</p><p>versões sobre o “dilúvio”, chamado de “Epopeia de Gilgamesh”. A seguir encontra-se um</p><p>pequeno pedaço desse legado:</p><p>Por seis dias e seis noites os ventos sopraram; enxurradas, inundações e</p><p>torrentes assolaram o mundo; a tempestade e o dilúvio explodiam em fúria</p><p>como dois exércitos em guerra. Na alvorada do sétimo dia o temporal vindo</p><p>do sul amainou; os mares se acalmaram, o dilúvio serenou. Eu olhei a face</p><p>do mundo e o silêncio imperava; toda a humanidade havia virado argila. A</p><p>superfície do mar se estendia plana como um telhado. Eu abri uma janelinha</p><p>e a luz bateu em meu rosto. Eu então me curvei, sentei e chorei. As lágrimas</p><p>rolavam pois estávamos cercados por uma imensidade de água. Procurei em</p><p>vão por um pedaço de terra. A quatorze léguas de distância, porém, surgiu</p><p>uma montanha, e ali o barco encalhou (SIN-LEQI-UNNINNI, 2017, p. 82).</p><p>Assim que conhecemos a Epopeia de Gilgamesh, somos levados a comparar com o</p><p>dilúvio descrito pelo judaísmo em sua torá e pelos cristãos em sua bíblia, ou seja, podemos</p><p>afirmar que a fertilidade do solo mesopotâmico e suas chuvas são coisas que deixaram</p><p>marcas em todos os povos que ali passaram.</p><p>A Mesopotâmia é a civilização pioneira da antiguidade e tem grandes diferenças en-</p><p>tre o Egito antigo. Uma dessas diferenças citamos anteriormente, pois se aqui no crescente</p><p>Fértil as chuvas são irregulares, no Egito antigo era bem definida em épocas de seca e de</p><p>cheia. Já um dos fatores marcantes da Mesopotâmia que diferencia do Egito foi o papel do</p><p>deserto, pois se era uma barreira natural para as invasões no território egípcio, na Mesopo-</p><p>tâmia era uma passagem aos povos invasores, fazendo com que os povos mesopotâmicos</p><p>desenvolvessem um aparato militar para proteção, formando, assim, grandes exércitos.</p><p>Podemos afirmar, então, que essa sociedade militarizada promoveu uma sucessão de</p><p>povos que formou a identidade mesopotâmica. Vamos conhecê-las?</p><p>2.1 Sumérios e Acádios</p><p>Os Sumérios deram o pontapé inicial na história dessa região, pois foram os pio-</p><p>neiros em desenvolver uma organização nesse território, eram oriundos da região do Irã e</p><p>se fixaram na Baixa Mesopotâmia, fundando cidades importantes como Ur, Uruk, Lagash,</p><p>Nipur entre outras.</p><p>Buscaram desenvolver uma sociedade em que as terras eram consideradas dos</p><p>deuses, para prover o sustento dos homens e, em troca, eles deveriam servir aos deuses.</p><p>Essa é a explicação das grandes construções conhecidas como “Zigurates”, que eram</p><p>32UNIDADE I História Antiga 32UNIDADE II O Estudo das Antigas Civilizações</p><p>grandes templos religiosos, onde os deuses ficavam sempre que desciam à Terra. Claro</p><p>que o acesso era restrito aos homens capazes de ter contato direto com os deuses. Assim,</p><p>esses homens passaram a ter um domínio total da população, estruturando um governo</p><p>ligado à religião, tal como vimos na transição da pré-história para antiguidade, no final da</p><p>primeira unidade.</p><p>Podemos afirmar uma outra diferença entre os egípcios, pois, se o faraó no Egito</p><p>era visto como um deus vivo, os sumérios apresentavam o chamado Patesi ou Ensi, que</p><p>era o representante, o interlocutor dos deuses com os homens.</p><p>Com o domínio religioso ficou fácil o desenvolvimento da agricultura e do comércio</p><p>pelos sumérios, os forçando a tentar controlar todo o processo, enfim desenvolvendo a pri-</p><p>meira escrita conhecida no mundo, a chamada escrita cuneiforme. Esse nome foi dado por</p><p>cunhar a escrita em tabuletas de argila, facilitando os registos, os cálculos e as transações co-</p><p>merciais. Ainda sobre a importância da escrita cuneiforme, Jaime Pinsky (2011, p. 55) afirma:</p><p>A complexidade e a objetividade das relações econômicas que se estabele-</p><p>cem, decorrentes de sua amplitude em termos de espaço e tempo, vão exigir</p><p>cálculos precisos</p><p>e anotações claras, enfim, registros inteligíveis não apenas</p><p>para quem os fazia como para outros participantes ou coordenadores do pro-</p><p>jeto comum.</p><p>Ainda sobre a escrita cuneiforme:</p><p>[...] os primeiros símbolos são praticamente auto-explicativos, são pictogra-</p><p>mas. A escrita pictográfica não se constitui, contudo, numa exaustiva repro-</p><p>dução naturalista do objeto a ser representado; para falar de boi, não havia</p><p>necessidade de mostrar seus pelos ou seus cascos ou o comprimento exato</p><p>da cauda. bastava traçar sua figura de forma esquemática para se saber a que</p><p>se queria referir.</p><p>De início, essa simplificação encontrava vários caminhos: para um bastava re-</p><p>presentar a cabeça de boi para saber do que se tratava; para outro seria melhor</p><p>rascunhar o conjunto do seu corpo e assim por diante. Aos poucos, convencio-</p><p>nalmente, decidia-se por uma das versões ou pela síntese de algumas delas,</p><p>de acordo com o interesse e o consenso do grupo (PINSK, 2011, p. 56).</p><p>Vale ressaltar que, com o desenvolvimento da escrita e de suas cidades, houve</p><p>uma disputa entre elas, que favoreceu um povo de origem semita, conhecido como Acádios.</p><p>Os Acádios têm como grande nome o rei Sargão I, que unificou a Mesopotâmia</p><p>no período e proclamou-se “O Rei dos quatro cantos da Terra”, apesar de ser uma frase</p><p>exagerada. Sargão I criou um império na região, adotando a absorção da cultura suméria</p><p>e utilizando-se da escrita cuneiforme. Vale ressaltar que ele enfrentou várias revoltas inter-</p><p>nas, não conseguindo uma estabilidade governamental e, com isso, abriu espaço para o</p><p>domínio Babilônico.</p><p>33UNIDADE I História Antiga 33UNIDADE II O Estudo das Antigas Civilizações</p><p>2.2 Amoritas ou Império Babilônico I</p><p>A invasão mais importante da região mesopotâmica, que destruiu os assírios, foi</p><p>a do povo amorita, de origem semita, que implantaram sua capital na cidade de Babel,</p><p>também chamada de Babilônia. Vale ressaltar que os amoritas eram um povo guerreiro</p><p>e lutaram em toda a Mesopotâmia para que ocorresse um domínio total. Foi o famoso rei</p><p>Hamurabi que conseguiu esse domínio que se estendia da Caldeia até a Assíria. Por que</p><p>será que Hamurabi se tornou famoso? Você já ouviu esse nome?</p><p>O rei Hamurabi instituiu algo muito inovador para o período e para a história, pois</p><p>criou o primeiro código de leis escritas do mundo. Uma vez que a escrita cuneiforme foi</p><p>absorvida, o rei Hamurabi utilizou-se dela para desenvolver e espalhar suas regras. Vale</p><p>ressaltar que esse código foi escrito em colunas, 3600 linhas e trazia 282 cláusulas ba-</p><p>seadas na lei do Talião, ou seja, “olho por olho e dente por dente”. Assim, chegamos à</p><p>conclusão de que a punição seria equivalente ao ato cometido pela pessoa, respeitando a</p><p>posição social na sociedade babilônica.</p><p>Artigo 200: Se um homem arrancou um dente de um outro homem livre igual</p><p>a ele, arrancarão o seu dente.</p><p>Artigo 201: Se ele arrancou o dente de um homem vulgar pagará um terço de</p><p>uma mina de prata.</p><p>Artigo 202: Se um homem agrediu a face de um outro homem que lhe é supe-</p><p>rior, será golpeado sessenta vezes diante da assembleia com um chicote de</p><p>couro de boi (VICENTINO, 2001, p. 47).</p><p>Mas qual foi a inovação de tal código? Será que não existiam essas regras/leis</p><p>antes de Hamurabi? Para responder essas perguntas, Pinsk (2011, p. 62) afirma:</p><p>De início, imaginou-se estar diante de um grande legislador, autor de uma</p><p>série de leis básicas para o mundo civilizado, novas e até revolucionárias.</p><p>Seu código, a partir do momento de sua divulgação, há 37 séculos, vem</p><p>merecendo sucessivas reedições em todas as línguas civilizadas.</p><p>Depois, verificou-se que Hamurábi não criará novas leis e que seu código</p><p>não era propriamente inovador, já que revelava apenas práticas sociais co-</p><p>muns, encontradas em documentos de outros povos da região. E passou-se</p><p>a minimizar sua importância.</p><p>Um ponto muito importante sobre esse código é que, apesar de decifrado, preci-</p><p>samos estudá-lo cada vez mais, pois seu achado é relativamente novo. O código só foi</p><p>descoberto em 1901, pela expedição de Jacques de Morgan na região que corresponde ao</p><p>Irã. Hoje, se encontra exposto no museu do Louvre na França.</p><p>O rei Hamurabi trouxe desenvolvimento para a região mesopotâmica, pois, com</p><p>seu código e com a capital definida, temos uma Babilônia exemplar, que se tornou um</p><p>grande centro comercial e cultural do povo ali existente. A concentração humana era muito</p><p>grande para o período, havia adorações ao deus Marduk e visitações ao gigantesco zigura-</p><p>te, conhecido como torre de Babel – a tentativa do homem chegar ao céu.</p><p>A morte de Hamurabi trouxe a desestruturação política e grandes revoltas internas,</p><p>que abriram espaço para novas invasões e domínio dos assírios.</p><p>34UNIDADE I História Antiga 34UNIDADE II O Estudo das Antigas Civilizações</p><p>2.3 Os Assírios</p><p>Os Assírios transformaram a cidade de Assur na nova capital, absorvendo uma</p><p>grande quantidade de madeira, ferro, cobre e retomaram a caça e a agricultura, mantendo</p><p>uma estrutura militar e tornando a Mesopotâmia um estado militarista de dominação. Foi o</p><p>povo que tornou ou criou o primeiro exército organizado da Mesopotâmia, pois trazia para si</p><p>agrupamentos dentro do exército, como o grupo dos carros de guerra, cavalaria, infantaria,</p><p>divisões de armas de arremesso entre outros. Assim, os Assírios dominavam pelo medo e</p><p>pelo terror, não tinham piedade dos povos conquistados, sendo considerados ferozes.</p><p>O apogeu dos Assírios ocorreu no governo de Senaqueribe, que transferiu a capital</p><p>para a cidade de Nínive e, posteriormente, o rei Assurbanipal, que conquistou o Egito e</p><p>criou a famosa biblioteca de Nínive, com muitas obras, acervos de toda a cultura mesopotâ-</p><p>mica. Vale ressaltar que com a morte de Assurbanipal, houve disputas internas que abriram</p><p>espaço para dominação dos Caldeus.</p><p>2.4 Os Caldeus ou Império Babilônico II</p><p>Temos a ascensão dos Caldeus, povo de origem semita, que, percebendo o colapso</p><p>dos Assírios, se organizou e trouxe novamente o império babilônico sob a liderança do rei</p><p>Nabucodonosor, que aparece algumas vezes na bíblia cristã. Esse rei dominou o reino de</p><p>Judá e levou muitos escravos para a Babilônia, o famoso “cativeiro da Babilônia”. O grande</p><p>Nabucodonosor fez obras gigantescas, como os chamados jardins suspensos da Babilônia,</p><p>além da criação de terraços para praticar a agricultura.</p><p>Vale ressaltar que os jardins suspensos possuíam uma grande diversidade de</p><p>plantas em toda sua extensão. Não é possível afirmar com exatidão sua existência, pois os</p><p>únicos vestígios encontrados sobre ele são de origem escrita, deixando dúvidas arqueoló-</p><p>gicas até os dias atuais.</p><p>O fim do segundo império babilônico ocorreu quando tivemos a morte de Nabuco-</p><p>donosor e seu filho, que herdou seu lugar, fez um governo fracassado, entrando em declínio</p><p>e abrindo espaço para invasão do Persas, liderados pelo rei Ciro.</p><p>35UNIDADE I História Antiga 35UNIDADE II O Estudo das Antigas Civilizações</p><p>3. O EGITO ANTIGO</p><p>Com a revolução Neolítica percebemos que o processo de sedentarização dos</p><p>homens começou principalmente às margens dos rios. O Rio Nilo absorveu uma grande</p><p>concentração humana em suas margens, tornando sua população dependente. Vale res-</p><p>saltar que o “pai da história”, como é conhecido o historiador grego Heródoto, afirmava que</p><p>“o Egito é uma dádiva do Nilo”, ou seja, o Egito só existe devido à abundância das águas</p><p>do Nilo, pois suas cheias proporcionaram áreas férteis para a agricultura, além do rio ser</p><p>gigantesco, com mais de 1200 quilômetros, facilitando o transporte de excedente para</p><p>comercialização. Vale ressaltar que as cheias geraram uma área de aproximadamente 20</p><p>quilômetros de largura, em que, em período de seca, com os húmus ali depositados, se</p><p>praticava a agricultura. Podemos destacar ainda que a regularidade das cheias do Nilo</p><p>favoreceu seu domínio pelo homem, pois ali foram criados canais de irrigação, facilitando a</p><p>agricultura e o povoamento da região.</p><p>O</p>

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