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Contabilidade gerencial como instrumento da administração Apresentação O cenário globalizado e de alta competitividade acentua a necessidade de reunir profissionais cada vez mais preparados para os desafios empresariais nas áreas da administração. O profissional da contabilidade está inserido nesse contexto. Este, entre diversas características, deve ser detentor de uma visão ampla e sistêmica do negócio, observando os impactos causados por elementos, como os custos no processo decisório nas organizações. Cabe ressaltar a grande importância desse profissional na gestão de custos para as organizações, pois por meio de um controle adequado de gastos, os gestores podem ser mais ágeis no processo decisório, minimizando, assim, as ameaças do competitivo mundo empresarial. Nesta Unidade de Aprendizagem, você estudará o objetivo e as principais atividades da gestão de custos na contabilidade gerencial, no sentido de minimizar a possibilidade de riscos e incertezas com a elaboração de cenários. Além disso, verá as funções desempenhadas pelo profissional em contabilidade e as principais habilidades para esse exercício. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Descrever as funções desempenhadas e respectivas habilidades requeridas do profissional de contabilidade. • Identificar o papel da gestão de custos na contabilidade gerencial.• Avaliar riscos e incertezas a partir da simulação de cenários.• Desafio A compreensão e a análise de cenários é indispensável para manter a saúde financeira de uma empresa. Assim, é necessário estar atento aos riscos e às incertezas do negócio para tomar as melhores decisões. Imagine que você é um profissional da área de contabilidade de uma empresa de médio porte. Para estar preparado para as imprevisibilidades do mercado, você deve: a) calcular o ponto de equilíbrio para cada um desses cenários. b) antecipar a situação e indicar possíveis ações para um cenário pessimista. Infográfico A análise de cenários na contabilidade de custos voltados a decisões gerenciais permite que sejam elaboradas distintas perspectivas, tendo em vista a compreensão de diferentes realidades de uma organização, possibilitando, assim, que a partir do processo decisório possam ser antecipados possíveis acontecimentos relacionados à saúde financeira de uma empresa. Neste Infográfico, você vai ver diferentes possibilidades de cenários a partir do orçamento de uma empresa. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/0bfbca62-663e-469f-a96c-167dce96bdf4/0a4a7b70-e076-4bfa-bff3-ccda22f88c3e.png Conteúdo do livro O profissional da área de contabilidade tem uma série de responsabilidades e atividades. Tendo em vista a possibilidade de desempenhar essas atividades da melhor forma possível, é necessário que este desenvolva as habilidades e competências requeridas para seu melhor desempenho. Em relação às atividades e às tarefas desempenhadas por profissionais da contabilidade está a gestão de custos, objetivando fornecer informação que irão subsidiar o processo decisório nas empresas, avaliando os principais riscos inerentes à tomada de decisão. No Capítulo Contabilidade gerencial como instrumento da administração, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar o objetivo e as principais atividades da gestão de custos na contabilidade gerencial, no sentido de minimizar a possibilidade de riscos e incertezas com a elaboração de cenários. Além disso, vai ver as funções desempenhadas pelo profissional em contabilidade e as principais habilidades para esse exercício. Boa leitura. CONTABILIDADE GERENCIAL OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Descrever as funções desempenhadas e respectivas habilidades requeridas do profissional de contabilidade. > Identificar o papel da gestão de custos na contabilidade gerencial. > Avaliar riscos e incertezas a partir da simulação de cenários. Introdução Os profissionais da área da contabilidade devem reunir uma série de habilidades, visando à realização de suas atividades da melhor forma possível. Entre o rol de atividades realizadas pelo profissional da área contábil estão aquelas relacionadas ao gerenciamento de custos para subsidiar gestores no processo decisório das organizações, fazendo com que a tomada de decisão seja mais assertiva. Neste capítulo, você vai estudar o objetivo e as principais atividades da gestão de custos na contabilidade gerencial, no sentido de minimizar a possibilidade de riscos e incertezas com a elaboração de cenários. O capítulo destaca também as funções desempenhadas pelo profissional em contabilidade e as principais habilidades para esse exercício. Contabilidade gerencial como instrumento da administração Ricardo da Silva e Silva Perfil e atividades do profissional de contabilidade Toda a área de atuação profissional exige uma série de competências e ha- bilidades para seu exercício. Na área da contabilidade não é diferente, pois o profissional contábil precisa organizar uma série de rotinas, muitas rela- cionadas à elaboração e à análise de relatórios financeiros, ao controle de impostos e ao gerenciamento de custos. No decorrer dos anos, a área da contabilidade passou por diversos avanços relacionados à globalização, que acarretou extrema competitividade. Deixou de ser uma área apenas de registros de informações financeiras para fornecer informações e análises que auxiliam a tomada de decisão, além de tornar empresas mais competitivas por meio de diversas atividades, inclusive o controle de custos. Para acompanhar as alterações dos últimos anos, o profissional na área da contabilidade também passou por várias transformações. Ott et al. (2011) afirmam que as atuais demandas da sociedade e do mercado requerem um profissional mais preparado para os novos desafios das organizações. Habilidades e competências do profissional de contabilidade As habilidades e competências necessárias ao profissional contábil são de- finidas pelas empresas contratantes e pelos cursos técnicos e de graduação da área da contabilidade. As competências são compostas por uma série de habilidades. As habilidades, por sua vez, representam as características necessárias para que o profissional de uma área possa exercer as ativida- des de sua área de atuação. Perrenoud (1999) afirma que a habilidade pode ser definida como uma sequência de operações que permite ao indivíduo a utilização de seus conhecimentos para resolver problemas. O mesmo autor define competência como “[…] uma capacidade de agir eficazmente em um determinado tipo de situação, apoiada em conhecimentos, mas sem limitar-se a eles” (PERRENOUD, 1999, p. 7). O Quadro 1 aponta as competências e habilidades necessárias ao profissio- nal de contabilidade, indicando de que forma contribuem para a constituição desse profissional. Contabilidade gerencial como instrumento da administração2 Quadro 1. Habilidade e competências do profissional contábil Habilidades e competências Contribuição para a área de atuação Intelectuais Solução de problemas e apoio ao processo decisório. Julgamento de situações complexas e cotidianas. Técnicas e funcionais Realização das atividades gerais da contabilidade, domínio da matemática, da estatística e das novas tecnologias. Pessoais Atitudes e comportamentos que permitem o aperfeiçoamento contínuo do profissional da área, além de uma conduta ética. Interpessoais e de comunicação Adequada interação com outras áreas e departamentos, assim como o trabalho em equipe. Organizacionais e de gerenciamento Visão sistêmica e capacidade de pensamento e planejamento estratégico, além da capacidade de gerenciar projetos. Fonte: Adaptado de IAESB (2014). O desenvolvimento das habilidades e competências ressaltadas no Quadro 1 é indispensável e, para que seja possível, é necessário,além da experiência profissional, a educação formal e continuada com a realização de cursos que possibilitem a ampliação de tais competências e habilidades. Atividades do profissional de contabilidade A área da contabilidade possui diversas ramificações, cada uma delas cum- prindo importante papel para uma empresa, conforme a seguir. � Contabilidade financeira: responsável pela geração de informações e relatórios que irão subsidiar o público externo das empresas de informações relativas à sua situação financeira. Crepaldi (2012) a define como a área que atende autoridades com documentos legalmente exigidos por normas contábeis. � Contabilidade gerencial: dá suporte ao processo decisório com a análise de indicadores que indicam a saúde financeira da empresa. Para Atkin- son et al. (2011, p. 36), “[…] é o processo de identificar, mensurar, relatar e analisar informações sobre os eventos econômicos das organizações”. Contabilidade gerencial como instrumento da administração 3 � Contabilidade de custos: gerencia os custos em uma empresa. Para Santos (2018), a contabilidade de custos fornece informação tanto para a contabilidade financeira quanto para a contabilidade gerencial, além de mensurar e avaliar custos de acordo com as normas de contabilidade. Com base nessas ramificações, da contabilidade e o escopo de cada uma delas, a Resolução nº. 560, do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), no capítulo I, indica o rol de áreas de atuação do profissional da área da contabilidade: O contabilista pode exercer as suas atividades na condição de profissional liberal ou autônomo, de empregado regido pela CLT, de servidor público, de militar, de sócio de qualquer tipo de sociedade, de diretor ou de conselheiro de quaisquer entidades, ou, em qualquer outra situação jurídica definida pela legislação, exer- cendo qualquer tipo de função. Essas funções poderão ser as de analista, assessor, assistente, auditor, interno e externo, conselheiro, consultor, controlador de arre- cadação, controller, educador, escritor ou articulista técnico, escriturador contábil ou fiscal, executor subordinado, fiscal de tributos, legislador, organizador, perito, pesquisador, planejador, professor ou conferencista, redator, revisor (CFC, 1983, documento on-line). Dependendo da área de atuação, o profissional em contabilidade pode realizar cálculos, controle de custos, despesas e receitas da empresa com o acompanhamento de fluxo de capitais, realizar análises da saúde financeira de uma empresa, cuidar de questões patrimoniais e tributárias, gerar relatórios para controle de custos e orçamentos, além de auditar aspectos financeiros de uma organização. Gestão de custos na contabilidade gerencial Entre as diversas responsabilidades e atividades de um profissional de con- tabilidade, destaca-se o gerenciamento de custos, que visa classificar e organizar os gastos de uma empresa. Essa organização permite a definição de informações como o preço de venda de produtos e serviços e de indicadores contábeis, como o ponto de equilíbrio. Para Martins (2010), a contabilidade de custos fornece informações para o nível gerencial de uma organização, auxiliando no planejamento, controle e tomada de decisão. Contabilidade gerencial como instrumento da administração4 Classificação de gastos de uma empresa A gestão de custos permite tipificar todos os gastos de uma empresa, sendo possível reduzir riscos financeiros e gastos desnecessários e tornar as organi- zações mais competitivas. É necessário, para isso, classificar detalhadamente todos os gastos. Essa organização permite definir se uma empresa gasta muito com mão de obra ou matéria-prima, impostos, publicidade e propaganda. Isso permite, também, tomar uma série de decisões estratégicas. Os gastos de uma organização podem ser classificados em custos e despesas, divididos, em seguida, em despesas e custos fixos ou variáveis, conforme a Figura 1. Figura 1. Classificação dos gastos empresariais. Fonte: Adaptada de Martins (2010). Contabilidade gerencial como instrumento da administração 5 A classificação destacada na Figura 2 apresenta a tipificação de gastos em custos e despesas. Os custos são aqueles que possuem relação com o processo produtivo. Já as despesas possuem relação com as atividades de vendas, ou seja, a geração de receitas. Martins (2010) distingue os tipos de custos e despesas conforme a seguir. � Custos variáveis: associados à produção — quanto maior o volume produzido, maior a quantidade de insumos e, consequentemente, maiores os custos variáveis. � Custos fixos: ocorrem independentemente da produção. � Despesas fixas: ocorrem independentemente dos índices de comer- cialização da empresa. � Despesas variáveis: variam conforme o volume de vendas — se aumen- tam as vendas, consequentemente aumentam as despesas variáveis. Como já destacado, a classificação dos gastos de uma empresa permite definir o preço de venda, o ponto de equilíbrio e a possibilidade de redução ou ampliação dos investimentos em demais áreas. O controle de custo é tão importante que a lucratividade de uma empresa está diretamente relacionada ao adequado planejamento e à organização de seus custos. Métodos de custeio Para que seja possível gerenciar gastos, são utilizados métodos de separação e organização dos custos e despesas de uma empresa, denominados métodos de custeio. Com eles, é possível compreender o percentual do custo de cada produto ou serviço e realizar uma leitura dos produtos que geram maiores ou menores custos, além de determinar mais adequadamente preços, avaliar os estoques e definir os custos unitários para a produção da unidade de um produto. Martins e Rocha (2010) afirmam que o método de custeio visa aprimorar ou reduzir atividades que não geram valor ao produto, bem como analisar quais custos devem ser computados na mensuração dos custos de produção individual. Há diversos métodos de custeio, com características distintas que visam à adequação na organização e no controle de custos, conforme o Quadro 2. Contabilidade gerencial como instrumento da administração6 Quadro 2. Métodos de custeio Método Característica Conceito Por absorção Torna possível que cada produto fabricado por uma empresa absorva uma fatia dos custos produzidos. São considerados todos os custos. Consiste na observância de todos os custos envolvidos na produção de um bem. Todos esses custos são divididos nos custos dos produtos. Variável São considerados apenas os custos de fabricação, ou seja, os custos variáveis na composição dos custos do produto. Os custos fixos e as despesas são considerados apenas no resultado final das operações da empresa. Consiste na ideia de que os custos e as despesas inventariáveis (debitados aos produtos em processamento e acabados) são apenas aqueles diretamente identificados com a atividade produtiva. ABC Há separação dos custos por atividades de produção de cada produto de uma empresa. Combina pessoas, tecnologias, materiais, métodos e seu ambiente para produzir produtos, projetos, serviços e ações de suporte a esses processos. UEP Separa apenas os custos associados à transformação de um produto, visando à melhoria do processo produtivo e desconsiderando aqueles relacionados à matéria-prima. Devem ser analisados separadamente. Baseia-se no foco nas atividades produtivas diretas da empresa (todas as atividades diretamente envolvidas na fabricação dos produtos). Os esforços das atividades auxiliares são repassados às atividades produtivas e, daí, aos produtos. Assim, a fábrica é dividida em postos operativos, que se caracterizam por se envolverem diretamente com os produtos. Fonte: Adaptado de Nakagawa (2001), Bornia (2010), Leone (1997) e Martins (2010). Martins e Rocha (2010, p. 166) explicam que: […] nenhum método de custeio atende a todas as necessidades informativas dos gestores, dada a complexidade do processo de administração dasorganizações; nenhuma informação de custos, qualquer que seja o método de custeio, substitui o julgamento e o bom senso das pessoas que analisam e das que decidem. o melhor será aquele que melhor ajude a resolver o problema que se apresente em determi- nada situação, induzindo os gestores a tomar decisões adequadas em cada caso. Contabilidade gerencial como instrumento da administração 7 Cada organização tem suas particularidades e deve, portanto, observar a melhor forma de gerenciar seus custos com algum dos métodos de custeio. Riscos e incertezas com a simulação de cenários O gerenciamento de custos é indispensável, pois, a partir dos custos, pode ser definido o êxito de uma empresa em relação às suas finanças. Uma empresa que tem dificuldade em controlar adequadamente seus custos pode não obter lucratividade e, dessa forma, não poderá honrar com suas obrigações. Empresas que controlam adequadamente seus gastos tendem a estar mais preparadas para os desafios do mercado e, principalmente, conseguem traçar estratégias para lidar com os impactos, riscos e incertezas. Riscos e incertezas financeiras O risco empresarial é decorrente das várias situações enfrentadas por um negócio, que podem gerar lucro ou prejuízo, e estão fora do controle da gestão. Já a incerteza é fruto do desconhecimento de todas as informações necessárias para o processo decisório. Andrade (2009) afirma que o risco representa a estimativa da incerteza, através das projeções de estados futuros. O empreendedor deve compreender os riscos, formulando estratégias de negócio, analisando as possíveis consequências positivas ou negativas para o negócio. Na gestão de riscos negativos, uma organização analisa suas fontes de risco de forma a identificar os eventos (ameaças) com consequências negativas (perdas) sobre os resultados da organização. Em oposição, na gestão de riscos positivos, as mesmas fontes de risco deverão ser analisadas. Mas dessa vez, o foco deverá ser a busca de eventos (oportunidades) com consequências positivas (ganhos) que levem a organização a alcançar resultados superiores aos obtidos atualmente (MACIEIRA, 2008, p. 5). Uma série de riscos pode influenciar diretamente nos gastos de uma orga- nização, como aumento dos salários ou encargos sobre a mão de obra, perdas nos estoques ou variações nos valores de matéria-prima, além dos custos de depreciação de equipamentos, taxas de juros, entre outros. O empreendedor deve estar atento aos diferentes cenários, que podem influenciar no preço de venda e, consequentemente, no ponto de equilíbrio. Para compreender como elaborar cenários para avaliar riscos e incertezas do mercado e suas Contabilidade gerencial como instrumento da administração8 relações com a gestão de custos, é necessário entender como são formados o preço de venda e os diferentes tipos de ponto de equilíbrio de uma empresa. Formação do preço de venda O gerenciamento de custos influencia a formação do preço de venda. Imagine o processo de fabricação de um produto: quanto maiores os custos envolvidos na fabricação ou na aquisição desse produto, maior será o preço de venda. Santos (2018) apresenta os elementos que formam o preço de venda, os custos e despesas, fatores determinantes no preço oferecido ao consumidor. � Custos e despesas variáveis: matéria-prima, comissão de venda e outras variáveis. � Impostos sobre as vendas: IPI, ICMS, PIS e COFINS. � Custos e despesas fixas: salários gerais, encargos sociais, depreciação, pró-labore e manutenção em geral. � Lucro: remuneração do capital. Além dos custos envolvidos, outros elementos devem considerados no momento de definir o preço de venda, como motivos, objetivos, estruturas de mercado e foco na determinação dos preços (PADOVEZE, 2006). A construção do preço de venda é um elemento estratégico nas organizações, pois, além de necessitar cobrir os gastos da empresa, apresenta a margem de lucro definida pelos empreendedores. A margem de lucro, por sua vez, é “[…] a diferença entre o preço de venda e o custo por unidade” (CREPALDI, 2012, p. 326) e representa a capacidade de uma organização em ser lucrativa. Na formação do preço de venda, deve ser considerado o método de custeio utilizado pela empresa, de modo a definir quais gastos impactam no preço oferecido para o consumidor. Uma das técnicas mais utilizadas na formação do preço de venda é o markup, que agrega ao valor do preço de venda as despesas fixas e variáveis, além da margem de lucro presumida pelo empreendedor. Crepaldi (2012, p. 325) define o markup como o “[…] valor acrescentado ao custo de um produto para determinar o preço de venda final”. O cálculo do markup gera um índice, que torna possível descobrir o preço ideal, cobrindo despesas e alcançando a margem de lucro presumida. Contabilidade gerencial como instrumento da administração 9 Ponto de equilíbrio Com o ponto de equilíbrio, é possível definir a quantidade de vendas necessária para cobrir todos os gastos de uma empresa. O ponto de equilíbrio identifica a partir de que momento a empresa passa a ter lucro, considerando as vendas realizadas. Martins (2010) salienta que o ponto de equilíbrio representa a capacidade mínima necessária de operação de uma empresa para que não tenha prejuízo. O ponto de equilíbrio é um importante indicador do risco de operações de um negócio, envolvendo os custos de produção e considerando a demanda pelo produto. Esse importante indicador pode ser compreendido por três distintas perspectivas: financeira, econômica e contábil. O Quadro 3 apresenta a conceituação dessas três perspectivas do ponto de equilíbrio, a fórmula para encontrá-los e o índice resultante. Quadro 3. Tipos de ponto de equilíbrio Perspectiva Conceito Fórmula Contábil A receita total iguala-se aos custos e despesas totais, não havendo, contabilmente, nem lucro nem prejuízo. Financeira (PEF) Informa o quanto a empresa terá de vender para não ficar sem dinheiro para cobrir suas necessidades de desembolso. Econômica Diferencia-se do contábil por considerar que, além de suportar os custos e despesas fixos, a margem de contribuição deve cobrir o custo de oportunidade do capital investido na empresa. Fonte: Adaptado de Ribeiro (2015), Bornia (2010) e Megliorini (2012). Contabilidade gerencial como instrumento da administração10 O ponto de equilíbrio e o preço de venda indicam a viabilidade financeira de um negócio, sendo indispensáveis na avaliação de riscos de mercado. Simulação de cenários Os riscos em uma empresa podem ser relacionados a aspectos internos, como gerenciamento e organização, mas, em geral, estão relacionados a fatores externos, não controlados pela vontade dos empreendedores. É de extrema importância acompanhar tais fatores visando antecipar situações que possam pôr em risco a saúde financeira de uma organização. Como vimos, para uma adequada avaliação de riscos e redução de incer- tezas, é indispensável o controle de custos. O processo orçamentário é uma ferramenta de grande valia para esse controle, já que permite maior margem de lucro e, consequentemente, de lucratividade. Com o orçamento dos custos, é possível descobrir a margem de contribuição, definir o preço de venda e o ponto de equilíbrio. Lunkes (2007) define o orçamento como a expressão quantitativa dos planos e estratégias de uma empresa, contingenciando, organizando e controlando os gastos. Para Schwartz (2003, p. 15), projetar cenários é “[…] uma ferramenta para nos ajudar a adotar uma visão de longo prazo num mundo de grande incerteza”. Marcial e Grumbach (2002, p. 35) afirmam que “[…] os estudos de cenários prospectivos são uma das ferramentas mais adequadas para a definição de estratégias em ambientes turbulentos”. Portanto, visando a uma análise deta- lhada das variações, riscos e incertezas de um negócio, a projeção e a análise de cenários é uma ferramenta de grande importância para a organização empresarial. Permite compreendere analisar os contextos interno e externo das organizações, projetando alternativas para uso dos recursos financeiros. É possível que os profissionais de uma organização projetem uma grande quantidade de cenários, analisando diferentes perspectivas envolvendo custos, despesas e demanda de consumo, visto que, para que seja atingido o ponto de equilíbrio, é necessária a comercialização de uma série de unidades de um bem de consumo. Uma das metodologias para a criação de cenários é o método Delphi, que permite mensurar a opinião de especialistas de uma área para projetar diferentes realidades. Conforme Marcial e Grumbach (2002), o método consiste em consultar uma série de especialistas, projetando eventos futuros com base em suas respostas, para, a partir disso, definir se tais eventos são favoráveis ou não para a empresa. Contabilidade gerencial como instrumento da administração 11 Em seguida, são propostos cenários otimistas, realistas e pessimistas. O cenário otimista contempla eventos favoráveis à empresa, com redução de gastos e/ou alta previsibilidade de demanda. O cenário realista é aquele com maiores probabilidades de ocorrência. Já o cenário pessimista indica eventos desfavoráveis a uma organização. Nesse caso, pode haver uma elevação de custos, impactando na formação do preço de venda ou dificuldade na comercialização de produtos, dificultando o alcance do ponto de equilíbrio. O Quadro 4 apresenta a prospecção de diferentes cenários, analisando o impacto nos custos, despesas e faturamento da empresa em decorrência das variações ambientais de um negócio. Quadro 4. Prospecção de cenários Controle do fluxo de capitais em uma empresa Cenário 1 (Realista) Cenário 2 (Pessimista) Cenário 3 (Otimista) Saídas Custos fixos e variáveis R$ 20.000,00 R$ 35.000,00 R$ 15.000,00 Despesas fixas e variáveis R$ 8.00,00 R$ 8.000,00 R$ 6.000,00 Entradas Faturamento R$ 60.000,00 R$ 40.000,00 R$ 55.000,00 SALDO R$ 32.000,00 (R$ 3.000,00) R$ 34.000,00 Como vimos, as habilidades e competências do profissional da área de con- tabilidade devem estar alinhadas às necessidades das organizações, princi- palmente em relação ao gerenciamento de custos, possibilitando que esse controle e essa organização possam subsidiar empreendedores no processo decisório e minimizar os riscos de um negócio. Referências ANDRADE, E. L. de. Introdução à pesquisa operacional: métodos e modelos para análise de decisões. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009. ATKINSON, A. A. et al. Contabilidade gerencial. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2011. BORNIA, A. C. Análise gerencial de custos: aplicação em empresas modernas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2010. CFC. Resolução CFC nº. 560/83. Dispõe sobre as prerrogativas profissionais de que trata o artigo 25 do Decreto-lei nº 9.295, de 27 de maio de 1946. Rio de Janeiro: CFC, 1983. Contabilidade gerencial como instrumento da administração12 Disponível em: https://www.crcam.org.br/docs/RESOLU%c3%87%c3%83O-CFC-N560. pdf. Acesso em: 13 dez. 2020. CREPALDI, S. A. Contabilidade gerencial: teoria e prática. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2012. IAESB. International Education Standard (IES) 3: initial professional development: pro- fessional skills (revised). New York: IAESB, 2014. Disponível em: https://www.ifac.org/ system/files/publications/files/IAESB-IES-3-(Revised)_0.pdf. Acesso em: 6 nov. 2020. LEONE, G. S. G. Curso de contabilidade de custos. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1997. LUNKES, R. J. Manual de orçamento. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2007. MACIEIRA, A. Gestão baseada em riscos: reinventando o papel da gestão de riscos integrada ao negócio. Rio de Janeiro: Elo Group, 2008. MARCIAL, E. C.; GRUMBACH, R. J. dos S. Cenários prospectivos: como construir um futuro melhor. Rio de Janeiro: FGV, 2002. MARTINS, E. Contabilidade de custos. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010. MARTINS, E.; ROCHA, W. Métodos de custeio comparados: custos e margens analisados sob diferentes perspectivas. São Paulo: Atlas, 2010. MEGLIORINI, E. Custos: análise e gestão. 3. ed. São Paulo: Pearson, 2012. NAKAGAWA, M. ABC: custeio baseado em atividades. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2001. OTT, E. et al. Relevância dos conhecimentos, habilidades e métodos instrucionais na perspectiva de estudantes e profissionais da área contábil: estudo comparativo internacional. Revista Contabilidade e Finanças, v. 22, n. 57, 2011. Disponível em: http:// www.revistas.usp.br/rcf/article/view/34343/37075. Acesso em: 22 dez. 2020. PADOVEZE, C. L. Curso básico gerencial de custos. 2. ed. 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Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Contabilidade gerencial como instrumento da administração 13 Dica do professor A gestão e o controle de custos influenciam diretamente na competitividade e saúde financeira das organizações. Esse controle pode auxiliar na determinação de uma série de importantes decisões da empresa, como as definições sobre o preço de venda. Nesta Dica do Professor, você vai ver a influência da gestão de custos na formação do preço de venda. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/d2cf531f498ceaf12cdbe40f2ab7fae6 Exercícios 1) A classificação e separação dos custos em uma empresa é fundamental para analisar quais são os principais gastos de uma organização, dessa forma, é possível realizar um adequado gerenciamento de custos e despesas. Considerando a classificação dos tipos de custos, é correto afirmar que custos fixos são: A) gastos que ocorrem independentemente do volume de produção. B) gastos que não variam de acordo com o volume de produção. C) gastos relacionados a impostos e taxas. D) gastos que variam de acordo com o nível de lucro da empresa. E) gastos que não variam de acordo com a lucratividade da empresa. 2) Um profissional da área de contabilidade reúne uma série de habilidades e competências para que possa melhor exercer suas atividades e rotinas profissionais. As habilidades e competências pessoais são aquelas que contribuem para: A) solucionar problemas relativos ao processo decisório. B) a adequada interação entre setores e o trabalho em equipe. C) a postura ética e as atitudes de comportamento. D) a visão sistêmica e a capacidade de gerenciamento. E) o domínio da matemática para a realização de atividades técnicas. 3) Margem de contribuição é um indicador que sinaliza se a receita de uma empresa é suficiente para obter lucro após o pagamento de todas as despesas e os custos fixos. Em relação a esse índice, é correto afirmar que ele é: A) o indicador que aponta com precisão se um produto pode gerar lucro ou não. B) o indicador que apresenta quantos produtos precisam ser vendidos para cobrir os custos de uma empresa. C) o indicador que torna possível controlar todos os custos de uma empresa. D) o indicador que aponta o valor mais adequado do preço de venda. E) o indicador que considera a análise da concorrência para a definição do preço de venda. 4)Um produto foi adquirido por R$ 50,00. A porcentagem de despesas variáveis correspondentes a esse produto é de 10%; as despesas fixas totalizam 15%. A margem de lucro presumida é de 30%. De acordo com essas informações e utilizando o markup como técnica para a formação do preço de venda, defina qual o preço de venda desse produto. A) R$ 31,50. B) R$ 315,00. C) R$ 40,00. D) R$ 111,00. E) R$ 11,10. 5) Segundo Martins (2010), os métodos de custeio permitem aprimorar ou reduzir atividades que não geram valor ao produto, além de analisar que custos devem ser computados na mensuração da produção. Um dos métodos de custeio mais utilizado é o ABC. O que é correto afirmar em relação a esse método? A) Não considera nenhum tipo de custo. B) Considera todos os custos envolvidos na produção. C) Considera apenas os custos de fabricação. D) Separa os custos por atividades. E) Considera apenas os custos relacionados à transformação de um produto. Na prática Para que seja possível a organização dos custos em uma empresa. é indispensável que sejam utilizados métodos de separação de gastos, permitindo, assim, a gestão do custo unitário de um produto, além de possibilitar a definição de preços, da análise de desempenho financeiro e demais informações. Neste Na Prática, você vai conhecer um estudo de caso sobre a importância da separação e da classificação dos gastos. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/015f7396-fac7-4a8e-812e-e138eb768260/0cbd8f70-3574-40a8-bba3-1ede47402fdd.png Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Análise do perfil do profissional contábil requerido pelas empresas do Vale do Taquari/RS A temática deste artigo é centrada nas definições do perfil do profissional de contabilidade, requerido por empresas da região do vale do Taquari/RS. O estudo foi realizado a partir de análise qualitativa e quantitativa, aplicada em mais de 100 gestores responsáveis por contratações na área. Veja a seguir. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. A relevância da gestão dos custos como estratégia para formação do preço de vendas: um estudo de caso em uma indústria no ramo de laticínios de médio porte O presente artigo apresenta os principais elementos que indicam a importância da gestão de custos como ferramenta estratégica nas organizações. O estudo aborda a formação dos preços de venda como fator diferencial e de competitividade. Confira. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. http://www.meep.univates.br/revistas/index.php/destaques/article/download/1258/1114 https://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos18/13126157.pdf
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